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Sinopse

Belle nem sabe que lobisomens existem. Em um avião para


Paris, ela encontra o Alfa Grayson, que afirma que ela lhe
pertence. O possessivo Alfa marca Belle e a leva para sua
suíte, onde ela tenta desesperadamente lutar contra a
paixão que cresce dentro dela. Será que Belle irá sucumbir
aos seus desejos, ou será que ela é capaz de se segurar?

Título Original: Kidnapped by my Mate Classificação etária:


16+

E-book Produzido por: SBD e Os Lobos do Milênio

Sumário dos Livros

Livro 1

Livro 2 – Ainda não Lançado


Livro 1

Sumário
Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20
Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Capítulo 29

Capítulo 30

Capítulo 31

Capítulo 32

Capítulo 33

Capítulo 34

Capítulo 35

Capítulo 36

Capítulo 37

Capítulo 38

Capítulo 39

Capítulo 40
Capítulo 41

Capítulo 42

Capítulo 43

Capítulo 44

Capítulo 45

Capítulo 46

Capítulo 47

Capítulo 48

Capítulo 49

Capítulo 50

Capítulo 51

Capítulo 52

Capítulo 53

Capítulo 54

Capítulo 55

Capítulo 56

Capítulo 57

Capítulo 58

Capítulo 59

Capítulo 60
Capítulo 61

Capítulo 1

Belle

Respirei fundo enquanto atravessava o aeroporto, com a


bagagem em mãos. Não conseguia me acalmar, por mais
que tentasse.

Eu detestava voar.

E um voo de onze horas para Paris, era a última coisa que


eu queria fazer no dia anterior à véspera de Natal. Mas
minha mãe tinha implorado para eu vir passar as férias com
ela e seu marido.

Eu sabia que ela só tinha me convidado por culpa. Eu não


via minha mãe há mais de cinco anos, e ela parecia não se
incomodar em ter me deixado pra trás depois que meu pai
adoeceu.

Ela levou apenas um ano para se casar novamente e, mais


outro para ter um filho. Ela esqueceu completamente de
meu pai e eu, e começou a agir como se nunca tivéssemos
existido.

Então, o fato de ela ter me convidado para ir vê-la agora me


deixou muito irritada.

Mas eu não tinha mais ninguém. Paris era minha única


opção, se eu não quisesse passar o Natal sozinha.

Passar pela segurança foi mais fácil do que eu pensava, e


encontrei meu portão sem muitos problemas. Mas mesmo
com toda essa sorte, não pude deixar de me sentir inquieta.
Eu voei apenas duas outras vezes em toda a minha vida,
ambas por razões que eu gostaria de ter evitado.

A primeira vez foi para o funeral da minha avó na Flórida. A


segunda foi para o casamento de minha mãe em Paris com
um homem que eu nunca conheci antes — um homem que
não era meu pai.

Então, voar não só era absolutamente aterrorizante, como


sempre me levava a uma situação indesejada. Eu sabia que
este voo não seria diferente.

Esperei pelo embarque durante meia hora. Queria chegar


cedo para ter certeza de que não perderia o voo. Não queria
ter que pagar pelo

próximo.

Uma vez no avião, não consegui evitar que minhas mãos


começassem a tremer. Uma aeromoça sorriu para mim
enquanto eu passava por ela e, notando meu nervosismo,
acenou com a cabeça para me tranquilizar.

Fiz o melhor que pude para devolver o sorriso.

Quando finalmente consegui chegar ao meu lugar, bem na


parte de trás do avião, olhei para o homem que eu iria
sentar ao lado durante as próximas onze horas.

Seu olhar se movia para cima e para baixo no meu corpo,


parando no meu busto durante um momento antes de
encontrar meus olhos.

Ele sorriu.

— Bem, olá.
Ótimo. Simplesmente perfeito.

Vou ter que passar as próximas onze horas sendo secada


por um esquisitão.

— Oi, — murmurei.

Ignorando o Sr. Esquisito, peguei minha bagagem de mão e


a levantei acima de mim para colocá-la no compartimento
superior.

Percebendo que o idiota — que agora só me olhava


enquanto eu apanhava da bagagem — tinha colocado sua
mala no meio do compartimento, eu bufei, tentando movê-
la com uma mão enquanto eu lutava para enfiar a minha ao
lado dela.

Eu quase tinha conseguido encaixar minha bagagem


quando senti mãos se enrolarem em minha cintura, tocando
a pele nua do meu estômago onde minha camisa subiu.

Pensando que era o Sr. Esquisito, tentei me afastar, mas


parei enquanto as mãos se apertaram ao meu redor e
faíscas se espalharam pelo meu corpo.

Eu sacudi a cabeça para ver a quem pertenciam as mãos, e


senti meus olhos se arregalarem enquanto eu absorvia sua
imagem.

Ele era de tirar o fôlego. . Grande ao ponto de parecer


quase cômico dentro de nosso pequeno avião.

Seus músculos se tensionavam contra sua camisa preta e


seu jeans

azul, dizendo-me que ele devia ter passado muito tempo na


academia.
Ele tinha cabelo castanho chocolate, hipnotizantes olhos
verde-escuros, e uma mandíbula que parecia poder cortar
papel.

Seus lábios eram cheios e sensuais, e eu me inclinei


inconscientemente, imaginando como seria pressionar meus
lábios contra os dele.

Um súbito e profundo rosnado me colocou de volta à


posição vertical, e meus olhos encontraram os dele para
descobrir que estávamos nos observando. Minhas
bochechas ruborizaram imediatamente, mas antes que eu
pudesse me sentir muito envergonhada, ele disse.

— Minha companheira, — disse ele, sua voz profunda e


rouca sibilando em meus ouvidos. Ele apertou minha cintura
suavemente enquanto sua testa baixava para encontrar a
minha, e profundamente.

Eu provavelmente deveria tê-lo esbofeteado, mas em vez


disso deixei meus olhos se fecharem e me deliciei com a
sensação de seus braços em torno de mim enquanto faíscas
deliciosas se espalhavam pelo meu corpo.

Eu nem sabia que era possível me sentir tão bem.

Senti sua cabeça se afastar da minha enquanto ele se


curvava para se aninhar em meu pescoço. Inclinei minha
cabeça para dar-lhe melhor acesso, e ele soltou um
grunhido de aprovação.

E então eu o senti deixar um beijo suave bem no lugar onde


meu pescoço e meu ombro se encontravam. Primeiro meus
joelhos ficaram fracos, depois todo o meu corpo ficou
dormente e um suspiro fraco saiu da minha boca.
Ele sorriu contra meu pescoço, riu e tomou todo o meu peso
em seus braços enquanto eu me inclinava completamente
contra ele para que eu não caísse.

Eu estava nas nuvens.

Um pigarro me arrancou do meu transe, e eu soltei um


gritinho e tentei me afastar, lembrando de onde eu estava.

Infelizmente, ao tentar afastar de mim o homem misterioso


e incrivelmente bonito, esqueci a mão que ainda estava
segurando minha bagagem no compartimento superior.

Ouvi minha mala deslizando na minha direção e


rapidamente me

abaixei, esperando que o canto duro se chocasse contra


minha cabeça.

Mas nada aconteceu, e em vez disso ouvi:

— Cuidado, linda.

Olhei para o homem à minha frente, que ainda tinha uma


mão possessivamente descansando embaixo da minha
camisa, na minha lombar. Sua outra mão agora segurava
minha mala acima da minha cabeça.

Ele sorriu para mim e deu uma piscadela antes de empurrar


minha bolsa para dentro do compartimento e fechá-lo.

Ainda mantendo sua mão nas minhas costas, ele se virou


para olhar para a mulher atrás dele, que tinha tentado
chamar nossa atenção durante nosso momento intenso. A
mulher parecia chocada e, hesitante, limpou a garganta
mais uma vez.
— Desculpe, eu só preciso chegar ao meu lugar, e vocês
estão bloqueando o corredor. Eu não queria interromper a
sua reunião. Vocês dois claramente não se veem há algum
tempo. — Ela sorriu docemente.

Querendo corrigi-la, abri minha boca para dizer que nunca


havíamos nos encontrado antes, mas o homem que me
segurava chegou primeiro.

— Estávamos apenas procurando nossos assentos.


Estaremos fora do seu caminho em um segundo. — Sua voz
era suave e tranquilizadora.

A mulher acenou com a cabeça, agradecida.

Fui me afastar, ansiosa para escapar da situação


embaraçosa, mas o homem apenas me segurou mais
firmemente.

Ele se inclinou e sussurrou no meu ouvido:

— Não tão rápido. . Você não vai escapar tão facilmente. —


Depois ele olhou para o esquisitão que ficaria sentado ao
meu lado durante o voo. —

Mexa-se, — ele lhe disse.

O Sr. Esquisito acabou de sentar-se ali e nos olhou por um


segundo, provavelmente ainda processando todo o encontro
que tinha acabado de acontecer. Fiquei muito
desconfortável ao pensar que ele tinha nos observado.

— O quê? — perguntou ele.

— Fora, — repetiu o senhor atraente. — Estou sentado ali.

— Desculpa? Eu não vou trocar. Este é o meu lugar.


O homem que me segurava rosnou baixo.

— Aqui, pegue o meu. — Ele entregou o bilhete ao Sr.


Esquisito. — É

na primeira classe, — disse ele, observando o homem que


olhava para o bilhete com a sobrancelha levantada.

— Agora, mexa-se, — disse ele lentamente — quase


ameaçadoramente — como se estivesse desafiando o
homem a questionar suas ordens novamente.

O canalha olhou para nós mais uma vez antes de se


levantar e rapidamente agarrou sua bolsa, passando por
nós com pressa, sem fazer contato visual. Fiquei assistindo,
atônita.

Que diabos acabou de acontecer? Este tinha se tornado um


dia estranho.

— Continue, linda, — disse meu novo e misterioso vizinho,


empurrando-me gentilmente para o assento da janela
enquanto seguia próximo atrás de mim.

Sentei-me e assisti enquanto ele sentava ao meu lado. Não


tinha certeza do que dizer, ainda um pouco desnorteada e
envergonhada com o que havia acabado de acontecer.

— Hum, desculpe por antes, — murmurei, colocando uma


mecha de cabelo atrás da orelha e baixando o meu olhar. Eu
queria que esse cara gostasse de mim. — Eu geralmente
não ando por aí tocando estranhos assim, eu prometo.

Eu ri nervosamente. Quando ele não respondeu, eu limpei


minha garganta.
— Certo. . então por que você desistiu da sua passagem de
primeira classe para se sentar aqui atrás?

De repente, uma mão envolveu meu queixo e virou minha


cabeça.

Meus olhos encontraram os dele, e a mão dele se moveu


para segurar minha bochecha.

— Porque eu queria estar ao seu lado, — disse ele com a


voz rouca.

Ele acariciou minha maçã do rosto enquanto examinava


cada centímetro da minha face.

— Uau, como eu tive tanta sorte?

Eu me afastei dele, sem ter certeza de como responder.


Devo ter ouvido mal.

— Desculpe, o que você disse?

Ele apenas sorriu e balançou a cabeça.

— Nada. Não se preocupe com isso, linda. — Ele se inclinou


para mim por cima do descanso de braço. Estávamos
próximos para dois estranhos.

— Eu sou Grayson. Qual é o seu nome?

Quase como se estivesse atordoada, ouvi-me dizer:

— Belle.

Seu sorriso se alargou.

— Belle, — disse ele para si mesmo. — Minha Belle.


Seus olhos eram tão bonitos. Não pude deixar de me fixar
neles.

— Uh-huh. ., — eu disse distraidamente.

Ele soltou uma gargalhada gostosa. Eu disse algo


engraçado?

— Nosso laço é forte; eu consigo ver. — Sou só eu, ou nada


do que ele diz faz sentido?

— O quê? Nosso laço? — eu perguntei.

Ele empurrou um fio de cabelo solto para longe do meu


rosto.

— Não preocupe sua cabecinha com isso.

Mais uma vez, acordei do atordoamento em que ele parecia


continuar me colocando quando um bebê atrás de nós
gritou alto. Percebendo quão perto eu estava do homem —
Grayson — eu saltei de volta.

Eu tinha conseguido sentir sua respiração em meu rosto.

Mais uma vez soltei uma risada nervosa, depois coloquei


minhas mãos no colo, tentando parecer menos constrangida
do que me sentia.

Esse cara provavelmente pensa que sou maluca.

— Então, negócios ou prazer? — perguntou Grayson.

Capítulo 2

Belle

— O quê? — Eu olhei para Grayson mais uma vez.


— Você vai a Paris a negócios ou prazer?

Oh, certo. Eu quase esqueci completamente de onde eu


estava. Voltei a ficar ansiosa quando me lembrei que era
possível que o avião provavelmente decolasse a qualquer
minuto.

— Oh, nem um nem outro, eu acho. Vou visitar minha mãe e


o marido dela.

Eu devia estar fazendo careta porque Grayson perguntou:

— E você não está feliz em ver sua mãe e o marido?

Eu balancei a cabeça.

— Não. Não desde que ela abandonou a mim e meu pai


doente para fugir para Paris e casar com amante rico dela,
— eu me ouvi dizer.

Eu fiz uma pausa. Não acredito que acabei de dizer isso.

Eu não havia contado a ninguém sobre minha mãe, e agora


eu tinha acabado de falar tudo isso a um completo
estranho.

Eu olhei para ele. Sua expressão era pensativa.

— Sinto muito. Não sei por que disse isso. Prometo que não
sou aquele tipo de pessoa louca que compartilha toda sua
história de vida com o estranho sentado ao lado no avião.

Grayson olhou profundamente em meus olhos — quase


como se estivesse procurando algo — e então ele pegou o
descanso de braço entre nós e o levantou para que não
fosse mais uma barreira. Eu observei seus movimentos com
atenção.
— Um. . O que você está fazendo?

— Shh. . , — disse Grayson. Ele agarrou meus quadris, que


já estavam virados em sua direção, e me puxou de modo
que meus joelhos tocassem os dele.

As deliciosas faíscas se espalharam para cima e para baixo


novamente

enquanto sua mão encontrava um caminho sob minha


camisa e na superfície das minhas costas, onde seu polegar
começou a fazer círculos calmantes.

Eu soltei um suspiro vindo da parte de trás da minha


garganta. Sua outra mão subiu para acariciar meu rosto.

— Você não precisa se preocupar com nada agora, —


sussurrou Grayson. — Eu vou cuidar de você. — Ele se
curvou para que seus lábios tocassem minha orelha. — Você
é minha.

Inclinei-me para trás para poder ver seus olhos.

— O que você quer dizer com isso?

Ele sorriu.

— Quero dizer. . — Seu polegar tocou meu lábio inferior, e


eu ofeguei.

— Tudo — ele beijou minha pálpebra — que houver — ele


beijou minha outra pálpebra — com você — o topo do meu
nariz — é meu. —

Finalmente, os lábios dele encontraram os meus.

Meus olhos se fecharam com seu beijo. A sensação era de


euforia, parecida com fogos de artifício e explosões. Minhas
mãos se moveram até seus ombros enormes e musculosos
e os apertei.

Eu gemi suavemente.

Eu senti ele sorrir contra meus lábios, e parei por um


segundo. Não, não sorria. Sorrir significava que ele poderia
parar de me beijar, e eu não queria que isso acontecesse de
jeito nenhum.

Nunca tirando meus lábios dos dele, me ajoelhei e


pressionei meu peito junto ao dele, aproveitando as faíscas
que vinham de onde nossos corpos se encontravam.

Minhas mãos subiram até seus cabelos e puxaram seu rosto


para mais perto do meu.

Ele gemeu em aprovação.

De repente ele apertou meus quadris com firmeza, e me


colocou em seu colo para que meus joelhos ficassem de
cada lado dos dele. Empurrei meu peito contra o seu, e ele
aprofundou nosso beijo, mergulhando sua língua em minha
boca.

Suas mãos massagearam meus quadris e depois deslizaram


para cima sob minha camisa para segurar minha cintura,
seus polegares tocando o arame do meu sutiã.

Oh meu Deus, está ficando quente aqui?

Alguém limpou a garganta ao nosso lado, e foi como se


tivesse apertado um interruptor no meu cérebro: de repente
percebi o que estávamos fazendo.

Eu me joguei para trás, mas Grayson me segurou com mais


firmeza, mantendo-me em seu colo.
Olhei para a comissária de bordo que estava ao nosso lado.

— Desculpe, senhorita, mas vou ter que pedir que volte ao


seu lugar e coloque o cinto de segurança. O avião está
prestes a decolar.

Eu acenei com a cabeça rapidamente, sentindo meu rosto


ficar vermelho vivo. Eu me movi para sair do colo do
Grayson e, felizmente, ele me deixou ir desta vez. Sentei-
me em meu assento e coloquei rapidamente o cinto de
segurança.

A comissária de bordo viu que Grayson também estava


usando, e ela acenou com a cabeça e se afastou.

Ai meu Deus. Ai, meu Deus. Ai, meu Deus.

Coloquei minhas mãos sobre meu rosto para esfriar minhas


bochechas que queimavam de vergonha.

Não posso acreditar que acabei de fazer isso. O que há de


errado comigo?

Fiquei tão envergonhada, que nem consegui olhar para


Grayson. Eu tinha rastejado até o colo dele e me
pressionado contra ele como uma assanhada implorando
para que ele tirasse minha calcinha.

— Ei, ei, ei, — eu ouvi Grayson dizer. — O que foi? — Ele


tocou meu braço.

Afastei meu braço, ignorando o quanto eu queria que ele


mantivesse suas mãos em mim.

— Não encosta em mim, — eu retruquei.


Grayson fez um barulho assustador do fundo da garganta.
Eu olhei para ele e vi uma expressão carregada em seu
rosto.

Sua mandíbula estava cerrada e sua respiração era


profunda, seu peito

subia e descia rapidamente. E, oh sim, seus olhos estavam


negros como breu. As pupilas, íris e os brancos de seus
olhos estavam todos negros.

Eu me engasguei e me movi para trás até minhas costas


baterem na parede atrás de mim.

— Oh, meu Deus. Seus olhos.

Seus olhos se arregalaram e depois se fecharam.

Ele respirou fundo e, quando seus olhos se abriram


novamente, estavam de volta ao normal.

Eu estava ficando louca. Essa era a única explicação lógica.


A morte de meu pai e o medo de ver minha mãe novamente
estavam finalmente me afetando.

— Sinto muito, — disse ele. — É que. . você não pode me


dizer para não tocar em você.

Meu coração começou a bater mais rápido. Talvez ele fosse


o louco.

— O que você quer dizer com isso?

Ele se inclinou para frente, um olhar intenso em seus olhos.

— Oh, docinho, você já esqueceu? — Sua mão apertou meu


joelho e acariciou minha perna para cima e para baixo.
— Você é minha, lembra?

Meu sangue ferveu. Era a terceira vez que ele dizia que eu
era propriedade dele. Quem este cara achava que era?

Claro, ele era lindo. Eu tinha me jogado em cima dele e me


sentia extremamente atraída por ele, mas isso não
significava que eu pertencia a ele. Eu era minha própria
pessoa. Eu não pertencia a ninguém.

Eu não pertencia especialmente a um homem que eu tinha


acabado de conhecer e que desconhecia limites pessoais.

Abri minha boca para dizer o que realmente pensava, mas


parei quando senti o avião se mover de repente.

Devo ter perdido completamente a parte em que


explicaram onde estavam todas as saídas de emergência e
como afivelar o cinto de segurança. Mas foi provavelmente
melhor: isso só me teria deixado mais nervosa.

Quando o avião ganhou velocidade, meu coração bateu


forte contra

minhas costelas e minhas mãos começaram a tremer.


Agarrei a mão de Grayson que ainda estava ancorada à
minha perna e apertei meus olhos.

Tentei respirar fundo para me acalmar, mas acabou saindo


como uma série de arquejos rápidos e ofegantes.

Oh, meu Deus... Estou hiperventilando?...

— Belle, — ouvi Grayson dizer. — Belle, querida, o que há de


errado?

— Eu senti a mão dele subir para segurar meu ombro.


Sacudi a cabeça freneticamente, incapaz de encontrar
minha voz.

Tive medo de que, se falasse, choraria.

— Belle, — disse-me a voz de Grayson. Desta vez, ela


estava mais calma.

— Olhe para mim, Belle. Eu preciso que você olhe para mim,
linda.

Me deixe ver esses lindos olhos azuis.

Eu só sacudi a cabeça novamente. O avião saltou ao


levantar-se do chão. Eu soltei um gemido e me pressionei
ainda mais contra a parede.

— Belle, eu juro por Deus, se você não olhar para mim, eu


te beijarei novamente, e quem lá sabe aonde isso vai nos
levar. .

Ele realmente disse que...? Eu estava basicamente prestes a


ter um ataque cardíaco, e ele estava ameaçando me beijar?

Eu abri meus olhos. O rosto de Grayson estava a meio


metro de distância do meu. Ele sorriu.

— Aí estão esses olhos lindos.

Minha respiração se acalmou um pouco. Ele era tão


inacreditavelmente belo. Como alguém podia ser tão
bonito?

Fantástico, charmoso, doce e reconfortante, e um beijo tão


incrível...

O avião de repente tremeu de novo — desta vez a maioria


dos passageiros arfou.
A voz do piloto veio dos alto-falantes na parte de cima da
cabine para pedir desculpas pela turbulência, dizendo que o
clima parecia mais sério do que o esperado originalmente.

Olhei pela minha janela e vi que estava chovendo, e o céu


estava cheio de relâmpagos.

— Oh meu Deus, é assim que eu vou morrer, — disse eu.


Meu corpo

inteiro tremia.

O avião tremeu novamente no mesmo momento em que um


estrondo trovejante veio de fora. Eu soltei um grito
aterrorizado quando as lágrimas começaram a jorrar de
meus olhos.

— Belle, querida, venha aqui, — disse Grayson em tom


agitado. Eu olhei para ele e vi que ele estava oferecendo
seu braço, me encorajando a me apoiar nele.

— O quê? — perguntei com a voz tremida. — N-n-não!

Algo apertou minha mão com mais força. Olhei para baixo
para ver que segurava a mão dele entre as minhas.
Rapidamente a larguei e a empurrei para longe de mim.

Por que sou tão sensível com este cara?

Ele passou uma das mãos pelo cabelo enquanto me via


entrar em pânico. Parecia estar com dor.

— Por favor, Belle, deixe-me ajudá-la.

Agarrei-me à parede atrás de mim, esperando que ela


estabilizasse meu corpo trêmulo.
— Como? — Antes que eu pudesse obter minha resposta, o
avião foi sacudido por um forte trovão e um raio brilhante
que eu jurei ter nos atingido. As pessoas gritaram quando os
sacos caíram dos compartimentos aéreos.

Eu gritei desesperadamente e cobri meu rosto com minhas


mãos.

— Oh, meu Deus. Oh, meu Deus. Oh meu Deus, — eu


soluçava. Este era o meu pior pesadelo.

— Belle, — disse Grayson. Sua voz estava mais clara do que


antes e, de repente, todos os outros ruídos desapareceram.
— Olhe para mim.

Como se eu estivesse sob seu controle, retirei minhas mãos


do rosto e olhei para Grayson. Seus olhos estavam negros
novamente.

Mas desta vez, não foi assustador. Desta vez, foi quase
reconfortante.

— Venha aqui, — disse ele lentamente.

Eu acenei com a cabeça e praticamente mergulhei em seu


peito, indo até onde meu cinto de segurança me permitia.
Envolvi meus braços ao redor de seu tronco e agarrei sua
camisa em meus punhos.

Ele também envolveu seus braços ao meu redor, levantando


minha camisa para que sua pele nua tocasse minhas costas
e meu estômago.

— O que você está fazendo? — perguntei, tremendo pela


sensação de sua pele contra a minha, e as deliciosas faíscas
que desceram pela espinha mais uma vez.
Senti-o apertar meu cabelo.

— Desculpe, eu sei que isto deve ser estranho para você. É


que quanto mais contato pele com pele tivermos, mais
calma você vai se sentir.

Ele tirou meus braços de perto dele e, por um momento, eu


me senti decepcionada. Mas então ele levantou sua camisa
e colocou meus braços de volta onde eles estavam.

Eu podia sentir seus abdominais. .

— Vê? melhor, certo? Tocar-me ajuda. — Eu o senti beijar o


topo da minha cabeça.

Ele estava certo. Eu podia sentir meu ritmo cardíaco


diminuir e meus nervos começarem a se acalmar.

— Como isso está acontecendo? — eu perguntei. Eu estava


esmagadoramente confusa.

O que está acontecendo?

Antes que ele pudesse responder, houve outra explosão de


trovões. Eu chorei e empurrei meu rosto para o peito dele
até onde ele pudesse ir.

Seus braços se apertaram ao meu redor e suas mãos


massagearam minhas costas.

— Shh, garotinha. — Relaxa para mim. . — sussurrou ele,


sua boca tocando meu ouvido. Eu senti meus ombros
soltando lentamente a tensão deles. A voz dele era tão
suave, tão reconfortante — era como se ele tivesse poderes
mágicos.
Eu teria feito qualquer coisa que ele me dissesse para fazer,
desde que eu continuasse a ouvir sua voz.

— Lá vamos nós. Isso é o que eu gosto de ver.

Mais trovões sacudiram o avião. Eu pressionei meu rosto


mais profundamente em seu peito e ofeguei.

— Nuh-uh, — disse ele. — Nada disso. — Seus lábios


pressionados até

o meu ouvido, deixando um beijo.

— Preste atenção na minha voz. Tudo o que você pode ouvir


é a minha voz, querida. — Ele me beijou pelo pescoço
abaixo.

Ele estava certo. Mais uma vez, os outros ruídos se


desvaneceram. Os bebês chorando, os passageiros
gritando, os trovões rugindo, a chuva estrondosa — tudo o
mais ficou silencioso.

Tudo o que sobrou foi ele e eu.

— A única coisa que você pode ouvir é a minha voz. Não é


verdade?

Eu acenei com a cabeça.

— Bom. — Agora, abrande sua respiração.

Minha respiração passou de respirações rápidas e ofegantes


a suspiros lentos e profundos.

— Boa garota. — Seus lábios continuavam a se mover ao


longo do meu pescoço. — Não se assuste. Eu te peguei. Eu
cuidarei de você.
Seus beijos pareciam mágicos. Sua voz era como mágica.
Tudo nele era mágico. Eu não estava mais em um avião. Eu
não estava mais em nenhum lugar.

Era só eu e Grayson — seus braços ao meu redor, seus


lábios na minha pele. Eu estava calma.

E então seus lábios encontraram uma mancha em meu


pescoço que fez o fogo viajar por todo o meu corpo. Eu
engasguei.

Grayson sorriu contra a minha pele.

— Hmm. . — Ele começou a chupar na hora, a língua dele


correndo por cima da minha pele, deixando um
formigamento que ia para os dedos dos meus pés.

Seus dedos estavam cavando em minha cintura, e eu senti


algo se acumulando dentro de mim — uma sensação que eu
não tinha há muito tempo.

Meu corpo inteiro estremeceu, e eu inclinei minha cabeça


para o lado para lhe dar melhor acesso. Sua risada profunda
vibrou através do meu corpo.

— Hmm. . Assim, nós? — sussurrou ele contra a minha pele.

Eu não consegui nem mesmo responder. Parecia que eu


estava

drogada. Tudo estava se movendo tão lentamente.

Eu soltei uma respiração profunda que soava mais como um


choramingar porque ele havia parado de me beijar. Eu não
sabia exatamente o que queria, mas precisava de algo mais
— algo que eu sabia que Grayson poderia proporcionar.
Inclinei a cabeça um pouco mais, esperando que ele
continuasse me beijando.

Ele suspirou.

— Eu sei, linda, eu sei. Mas não aqui. Agora não. — Ele


colocou mais um beijo no local. — Mas eu prometo, eu te
farei minha. Em breve.

Eu não entendia o que ele queria dizer. Então eu me


aproximei dele, respirando seu cheiro celestial. — Que tipo
de colônia ele usa?

— É isso mesmo, — disse ele. — Estou aqui e você está a


salvo. Nada de mal voltará a acontecer com você. Vamos
criar juntos a vida mais incrível. Eu nunca mais vou deixar
você ir.

O que ele acabou de dizer?

— Mas por enquanto, — disse ele, — você precisa


descansar.

Eu olhei para ele. Seus olhos ainda estavam negros.

— Durma.

E meu mundo ficou escuro.

Capítulo 3

Belle

Acordei com a sensação de movimento. Eu estava


vagamente ciente do fato de que alguém estava
desafivelando meu cinto de segurança e, em seguida, me
levantando. Eu abri meus olhos.
Grayson me colocou em seu colo para que meus joelhos
caíssem de cada lado dele.

Ele encostou minha cabeça em seu peito e me envolveu em


seus braços novamente.

De repente, lembrei que estava em um avião e meu coração


disparou mais uma vez. Há quanto tempo estou dormindo?
Tentei me inclinar para trás para olhar para Grayson, mas
ele apenas estreitou seu aperto em mim.

— Nuh-uh. Não tão rápido. Você não vai a lugar nenhum, —


Grayson me disse calmamente. Ele beijou minha testa. —
Volte a dormir, Belle.

E mais uma vez, eu apagava como uma luz.

Sonhei com mãos se movendo ao longo de minhas costas e


cintura, brincando com meu cabelo, massageando meus
quadris. Sonhei com doces lábios pousando na minha
orelha, meu nariz, minha testa.

Eu sonhei que tocava em fogos de artifício e depois assisti


enquanto eles viajavam para cima e para baixo no meu
corpo, finalmente explodindo no meu peito, deixando um
brilho quente em volta do meu coração.

Mas principalmente, eu sonhei com seus olhos verde-


floresta.

Quando acordei pela segunda vez, a única coisa que percebi


foi que me sentia quente e em paz.

Tudo parecia tão. . certo.

Eu mergulhei mais profundamente naquele calor e foquei


nos pequenos fogos de artifício que continuavam viajando
para cima e para baixo em minhas costas. Foi incrível.
Suspirei profundamente.

E de repente, meu suspiro foi ecoado por outra pessoa e


senti um

beijo na minha testa. Meus olhos se abriram. Onde estou?

Eu olhei para cima e vi Grayson. Ele tinha um braço em


volta de mim, uma mão acariciando minhas costas de cima
a baixo e brincando com meu cabelo. A outra mão segurava
um celular, mandando uma mensagem de texto para
alguém.

Seu rosto se franziu enquanto ele se concentrava. Oh meu


Deus. Eu estava no colo dele.

Minhas costas se endireitaram e seus olhos de repente se


fixaram nos meus. Ele sorriu.

— Bom dia, linda.

Ele realmente gosta de apelidos carinhosos.

Eu me mexi para me afastar dele. Ele agarrou meus quadris.

— Onde você pensa que está indo?

Eu me lembrei dele me colocando em seu colo. Eu olhei


para ele fixamente.

— Por que estou no seu colo?

Ele encolheu os ombros.

— Você continuou vindo em minha direção durante o sono,


tentando colocar seu rosto no meu pescoço e
choramingando. Então, quando o sinal do cinto de
segurança apagou, eu te trouxe para onde você queria
estar.

Senti o sangue se esvair do meu rosto enquanto me


imaginava rastejando em direção a ele durante o sono; e
imediatamente ele correu de volta para minhas bochechas
quando me lembrei de seus lábios no meu pescoço.

Adivinhando para onde minha cabeça estava indo, ele disse:

— Não que eu me importe.

Ele sorriu.

Sorriu!

Eu bufei e tentei tirar suas mãos de mim para que eu


pudesse voltar ao meu assento.

— Você pode ficar aqui. Sério, está tudo bem. — disse ele.

— Não, realmente, não está, — eu disse, finalmente


escapando de seu aperto. Soltei um suspiro de alívio
quando deslizei de volta para meu assento. Eu estava
envergonhada além da conta.

Por que eu tenho que ser tão estranha na frente do primeiro


cara por quem me sinto atraída em anos?

— Eu sinto muito. Normalmente tenho limites pessoais. Eu


não sei o que há de errado comigo hoje.

Ele apenas dispensou minhas palavras, dizendo que não era


grande coisa.

— Por quanto tempo eu dormi?

Ele olhou para o relógio.


— Cerca de oito horas.

Eu suspirei.

— Eu dormi por oito horas?

Ele acenou com a cabeça, um sorriso crescendo em seu


rosto.

— Você me deixou dormir em cima de você por oito horas?


— Eu perguntei, completamente mortificada. Ele acenou
com a cabeça novamente. — Oh meu Deus. — Eu escondi
meu rosto em minhas mãos.

— Se ajudar, — disse ele, — também adormeci por um


tempo. Foi o melhor sono da minha vida.

Eu olhei para seu rosto sorridente e estreitei meus olhos.

— Sabe, quando você trocou de lugar com o cara que


deveria estar ao meu lado, fiquei muito aliviada.

— Mas, talvez tivesse sido melhor sentar ao lado do cara


assustador que olhou para meus seios. Talvez eu não
tivesse me arrastado para o seu colo durante o sono.

Era para ser uma piada engraçada, mas quando olhei para
Grayson, percebi que ele não entendeu dessa forma.

Seus olhos estavam de volta ao preto, sua mandíbula tinha


se cerrado e, havia veias saltando de seu pescoço e da
testa. Ele parecia um assassino.

— Oh meu Deus. Você está bem?

Ele não respondeu. Em vez disso, ele fechou os olhos,


agarrou as
laterais da cadeira com força e respirou fundo.

Comecei a ficar preocupada. Eu não tinha certeza do que


estava acontecendo, mas por algum motivo, queria que
Grayson ficasse bem. Eu queria confortá-lo.

— Posso fazer alguma coisa?

Ele não disse nada.

— Grayson? — Eu tentei de novo.

Quando eu disse seu nome, seus olhos se fixaram nos


meus, sua escuridão me assustando. Um estrondo veio do
fundo de seu peito quando ele agarrou minha nuca e trouxe
meu rosto para o dele.

Ele pressionou o nariz em meu pescoço e começou a


respirar profundamente. Seu corpo inteiro tremia.

— Eu adoro quando você diz meu nome, — eu o ouvi dizer.


Sua voz soava mais profunda agora, mais áspera — muito
diferente da ternura de antes.

Ele se inclinou para trás e olhou fundo nos meus olhos. Eu


sabia que deveria estar assustada com o quão negros
estavam seus olhos. Quer dizer, ele parecia possuído.

Mas de alguma forma gostei de seus olhos negros, quase


tanto quanto dos verdes.

— Fique aqui, — disse ele sombriamente. — Não se mova.

Eu acenei com a cabeça, não querendo ir contra suas


ordens quando ele parecia tão perigoso.

Eu o observei se levantar e abrir caminho para a frente do


avião e além da pequena porta que levava à primeira
classe.

Eu reclinei em meu assento. Talvez ele só precise ir ao


banheiro...

Mas então ouvi pessoas gritando, e a aeromoça correu pelo


corredor.

Os passageiros estavam saindo de seus assentos.

Eu pulei e corri para a seção de primeira classe, querendo


ver o que era aquela comoção toda.

Quando entrei, a cena diante de mim fez meu coração


parar.

Grayson estava segurando o Sr. Bizarro no ar pelo pescoço.

Ele está tentando matá-lo? Havia pessoas ao redor deles,


tentando

chamar a atenção de Grayson, puxando-o para fazê-lo parar


de estrangular o verme.

Mas Grayson não estava se movendo. Ele era como uma


estátua.

Ele estava tentando matá-lo.

Capítulo 4

Belle

A mão de Grayson no pescoço do Sr. Bizarro estava ficando


mais e mais apertada a cada segundo que passava.

De todos os que imploravam para que ele parasse, um dos


homens foi mais persistente. Ele gritava: — Alfa! Alfa! Pare!
Você vai matá-lo!

Grayson não lhe deu atenção e apenas pressionou o


pescoço do canalha com mais força. Eu empurrei a multidão
de pessoas, abrindo caminho até onde ele estava.

— Grayson! — Eu gritei quando finalmente o alcancei. Eu


parei bem na frente dele, tentando chamar sua atenção.

— O que você está fazendo?

Seus olhos encontraram os meus e eu dei um passo para


trás. Ele era assustador.

Seu pescoço tinha dobrado de tamanho e as veias corriam


pelo rosto e ao redor de seus olhos negros.

As presas saíam de seus lábios e a espuma se formava ao


redor de sua boca rosnante.

— Cara, saia, — ele disse para mim, sua expressão não


deixando espaço para discussão.

Com prazer.

Eu dei vários passos para trás, morrendo de medo, então


uma mão agarrou meu pulso e me puxou para mais perto
da porta. Eu me virei surpresa. Era o homem que havia
chamado Grayson de "Alfa" antes.

— Você é a companheira dele? — ele me perguntou


freneticamente.

Eu não sei o que ele quis dizer.

— O que? Não! — Eu disse, tentando escapar de seu aperto.


Ele não me soltava.
Mas então me lembrei vagamente de Grayson me
chamando assim antes.

— Não sei! — Eu gritei.

Ele ergueu o nariz e cheirou o ar.

Que diabos?

— Você é humana, — ele concluiu. — Mas você cheira a


companheira de Alfa.

— O que? — Eu guinchei.

— Olha, não há tempo para explicar. Se você não o acalmar,


ele vai matar aquele homem.

Olhei de volta para Grayson e o vi ainda estrangulando o Sr.


Bizarro, cujo rosto agora estava ficando roxo enquanto ele
engasgava e arranhava a mão de Grayson.

— Acalmá-lo? Como vou acalmá-lo? Ele está estrangulando


uma pessoa! — Eu gritei.

— Toque nele, fale com ele, qualquer coisa! Apenas faça


com que ele pare!

Eu olhei para o homem na minha frente. Sua expressão era


de puro pânico.

— Tocar nele? — Eu perguntei. Eu podia fazer isso. Eu podia


tocá-lo.

Inferno, eu o toquei durante todo o voo.

O homem acenou com a cabeça de forma encorajadora e


me puxou de volta para onde Grayson estava.
Os movimentos do homem sufocado estavam diminuindo,
sua cabeça começava a cair para o lado. Merda... eu tenho
que fazer algo.

Respirei fundo e, em seguida, levantei a mão trêmula e


coloquei no ombro de Grayson.

— Grayson? — Eu perguntei. Sua cabeça estalou ao olhar


para mim.

Engoli em seco. — Por favor pare. Você está machucando


ele.

Ele rosnou. . realmente rosnou.

— Não. — Seu olhar voltou para o verme.

Bem... isso não funcionou.

Eu me voltei para o homem atrás de mim.

— Continue tentando! — ele gritou.

Eu choraminguei, e me coloquei na frente de Grayson e


coloquei minhas mãos em cada lado de seu rosto lívido,
forçando-o a olhar para mim.

— Grayson, pare agora. Você está me assustando. — Isso o


fez parar.

Seus olhos se suavizaram um pouco. Seu aperto deve ter


afrouxado porquê de repente ouvi respirações frenéticas de
ar.

Estou conseguindo! Está funcionando!

Mas de repente sua expressão endureceu.


— Cara, mova-se, ou eu moverei você. Estou lidando com a
ameaça.

Estou protegendo você.

Sua voz era mortal.

Eu dei um passo para trás e me virei para o homem que


tinha me colocado nessa confusão. Eu poderia estar de
volta em meu assento agradável e aconchegante, sozinha,
sem lidar com nada disso.

Mas não! — Toque o homem demônio lívido, — ele disse. —


Fale com o psicótico que está estrangulando alguém! — ele
disse!

— E agora? — Eu perguntei a ele.

— Beije-o! — ele gritou.

— O que? — Eu gritei. — Não! Eu não vou fazer isso!

— Eu sei que é assustador, mas não temos outra opção! Ou


você o beija, ou aquele homem morre. Você decide.

Isso não fazia absolutamente nenhum sentido. Por que


beijar Grayson seria bom? Eu olhei para o homem que
Grayson estava segurando. O Sr.

Bizarro estava quase mole, com os pés se movendo apenas


um pouquinho. Grayson estava prestes a terminar o
trabalho.

Eu tinha que fazer alguma coisa.

— Foda-se, — eu disse. Eu agarrei o rosto de Grayson e


esmaguei meus lábios contra os dele.
No começo, ele não respondeu. Foi como beijar uma estátua
muito quente e macia. Mas então ele murmurou algo contra
meus lábios: —

Cara.

Grayson puxou meu corpo contra o dele e enfiou a língua na


minha boca, reivindicando domínio sobre mim
imediatamente.

Ele traçou as curvas do meu corpo com seus dedos


enormes, então agarrou minha bunda e me ergueu em seus
braços. Então ele envolveu minhas pernas em volta de sua
cintura e me carregou para fora da primeira classe.

Não, não, não, não! Isso não era o que eu queria. Eu pensei
que isso seria um beijo rápido nos lábios. Eu pensei que iria
impedi-lo de sufocar o verme, e então fugir para salvar
minha vida.

Eu não pensei que ele me guiaria para o meu desastre


iminente.

Tirei meus lábios dos dele, esperando que ele parasse e me


colocasse no chão, mas ele apenas rosnou e começou a
beijar meu pescoço, ainda caminhando para Deus sabe
onde.

— Grayson, o que você está fazendo? Me põe no chão! — Eu


exclamei, empurrando seus ombros.

Cara, esse cara é feito de aço ou algo assim?

Ele nem mesmo parou.

— Cara. Minha. — ele disse, e continuou seus beijos de boca


aberta ao longo do meu queixo.
Olhei por cima do ombro para o homem "útil" de antes. Ele
estava parado ao lado da porta que dava para a primeira
classe, nos observando enquanto as pessoas se
aglomeravam ao redor do idiota que quase morreu.

— Ajuda! — Eu gritei com ele.

Ele apenas deu de ombros e me lançou um olhar que dizia:


O que você quer que eu faça?

Eu queria gritar.

O que diabos estava acontecendo? Eu me preparei


mentalmente para um voo longo e desconfortável. Isso
estava muito além disso. .

Grayson me carregou para o banheiro do avião e


rapidamente me colocou na pequena pia. Ele se posicionou
entre minhas pernas e agarrou meus quadris.

— Grayson, o que. .

Seus lábios estavam de repente de volta aos meus.

E, oh meu Deus, isso foi bom.

Havia alguma coisa sobre Grayson que me fazia perder todo


o controle sobre mim mesma sempre que ele me tocava.
Quer dizer, ele quase matou um homem, e lá estávamos
nós, dando uns amassos no banheiro.

Ele puxou meu lábio inferior em sua boca e chupou. Eu gemi


alto.

— Grayson, — eu choraminguei.

Ele gemeu.
— Continue dizendo meu nome assim, baby.

Ele trouxe minha orelha em sua boca e mordeu


suavemente, em seguida, moveu seus lábios para o meu
pescoço para sugar, deixando para trás vários chupões.

Ele pressionou os quadris contra os meus, me acertando


naquele lugar certinho, e eu engasguei, minha cabeça
caindo contra o espelho atrás de mim.

Eu vi estrelas — estrelas reais.

— Grayson! — Eu gritei.

Como ele conseguia fazer com que eu me sentisse tão bem


sem nem mesmo tirar uma única peça de roupa? Este
homem tinha que ser algum tipo de deus do sexo.

Havia pessoas batendo na porta, provavelmente


preocupadas por eu estar sozinha com o homem psicótico
que quase matou alguém. .

Mas estávamos ambos envolvidos em nossa euforia para


prestar atenção em qualquer outra coisa.

Seus lábios encontraram o ponto no meu pescoço que ele


beijou antes, e meu corpo literalmente convulsionou quando
ele o chupou e lambeu.

Eu esfreguei meu núcleo em seus quadris como se eu fosse


algum animal no cio. .

Até que uma dor cegante percorreu meu sistema quando


seus dentes de repente mergulharam em meu pescoço.

Eu gritei e tentei empurrá-lo para longe de mim, mas seus


braços apenas me seguraram mais apertado contra seu
torso.

Assim que eu pensei que iria desmaiar de dor, essa dor se


transformou

em outra coisa.

Um prazer quente percorreu meu corpo e deixei escapar um


suspiro de alívio e, em seguida, um gemido. Uau, essa é a
melhor coisa que eu já senti em toda minha vida.

De repente fui dominada pela necessidade de estar mais


perto de Grayson e nunca deixá-lo ir, embora seus dentes
ainda estivessem alojados no meu pescoço.

Passei minhas mãos por seu peito, ombros e, em seguida,


ao redor de seu pescoço.

Puxei seu peito contra o meu e envolvi seus quadris com as


minhas pernas. Minha testa descansou em seu ombro.

Grayson retirou lentamente os dentes do meu pescoço,


lambendo o ferimento que tinha acabado de fazer, e
acariciou minhas costas de cima para baixo.

Eu estremeci. Seu toque era dez vezes melhor do que antes.

Isso é mesmo possível?

Eu me inclinei para trás para conseguir olhar para ele. Seus


olhos já não estavam mais negros.

— Você me mordeu, — eu disse. Minhas pálpebras estavam


fechando, toda a energia começando a se esvair de meu
corpo.

Grayson acenou com a cabeça. Sua expressão parecia


dolorida.
— Sim, me desculpe. Eu precisei.

Eu acenei com a cabeça como se tivesse entendido, mas


realmente, eu não fazia a porra de ideia do que estava
acontecendo. Eu me sentia bêbada.

— Tudo bem, — eu murmurei, batendo levemente em sua


bochecha.

— Só não faça isso de novo, ok?

Ele sorriu.

— OK.

Eu sorri de volta. Segurei seu rosto em minhas mãos,


apertando suas bochechas.

— Uau, você é tão bonito, tipo realmente bonito. .

Ele riu. O som me deixou feliz.

— Obrigado. Fico feliz que pense assim, — disse ele. Eu ri.

— Estou feliz que você esteja feliz por que eu pense assim,
porque realmente penso assim. — Eu sorri para ele.

Minha cabeça pousou em seu pescoço.

Decidi que queria continuar beijando-o. Pressionei meus


lábios em seu pescoço, tentando movê-los da mesma forma
que ele fez contra o meu.

Ele gemeu profundamente.

— Não. Não, pare, menina. Chega de beijos hoje. — Ele me


afastou.
Eu fiz beicinho.

— Por que não?

Ele sorriu e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha


orelha, em seguida, acariciou minha bochecha com o
polegar.

— Confie em mim, haverá muitos beijos mais tarde. Você


precisa dormir.

Eu bocejei com o pensamento. Sono. Dormir parecia uma


boa ideia.

Não seria tão bom quanto beijar, mas parecido. Eu acenei


com a cabeça e a encostei em seu ombro novamente.

— Ok, — eu disse, me aninhando em seu pescoço. —


Podemos nos beijar quando eu acordar?

Ele riu de novo.

— Podemos nos beijar o quanto você quiser, quando você


acordar.

O pensamento me deixou feliz e suspirei. Tá bom, então.

Ele firmou os braços em volta de mim e esfregou o nariz


bem onde tinha acabado de morder. Eu estremeci.

Huh. Isso foi bom.

— Vá dormir, Belle. Eu te protejo.

E pela terceira vez durante o voo, desmaiei nos braços de


Grayson.

Capítulo 5
Belle

Quando acordei de novo, estava tudo escuro.

A única luz que eu podia ver vinha do que assumi ser uma
janela atrás de mim, a luz da lua iluminando todo o quarto.

Onde estou?

Por um segundo, pensei que estava de volta em casa, no


meu quarto e, soltando um suspiro eu me mexi, aninhando-
me de volta no travesseiro.

Mas então parei.

Onde quer que eu estivesse deitada não era um travesseiro.

Era duro e quente, movendo-se para cima e para baixo. Eu


levantei minha cabeça para ver melhor.

Eu estava deitada no peito de um homem adormecido


muito, muito musculoso.

Eu olhei para o rosto dele.

Oh meu Deus. Era Grayson.

Tudo o que tinha acontecido durante o último dia veio à


tona para mim de repente: o avião, seus olhos, ele
estrangulando alguém.

Minha mão voou para tocar meu pescoço e choraminguei


quando toquei no ferimento sensível.

Ele me mordeu!

Grayson se mexeu e eu entrei em pânico por um segundo.


Eu o acordei? Então ele me puxou de volta para seu peito e
estreitou seus braços em volta de mim.

Ele esfregou o nariz no meu cabelo e soltou um resmungo


satisfeito.

Prendi a respiração, esperando por outro movimento, mas


nenhum veio. Ele ainda estava dormindo.

Graças a Deus.

Entrei em pânico por um momento, me perguntando por


que estava sozinha em um quarto com ele dormindo. Não
me lembrava de como

havia chegado ali.

Oh Deus, eu dormi com ele?

Eu rapidamente procurei minhas roupas e soltei um suspiro


de alívio quando vi que ainda estava com a legging e a
camiseta que usei no avião.

Grayson, no entanto, estava apenas em um par de boxers.

Eu senti meu rosto esquentar. Por que ele não estava


usando roupas?

Eu olhei ao redor do quarto. Este definitivamente não era


meu quarto de casa. Pelo que pude ver mesmo no escuro,
eu estava em um quarto de hotel — um quarto de hotel
muito chique.

Era enorme, e a cama em que eu estava parecia ser maior


do que uma king-size.

Percebi minha bagagem no canto. Ok, isso era bom. Eu


ainda estava vestindo todas as minhas roupas. Eu estiquei
meu pescoço para ver pela janela. Muitas das luzes
pareciam estar vindo de baixo — eu definitivamente estava
em uma cidade.

Mas que cidade?

Eu estava em Paris ou esse sociopata tinha me levado para


outro lugar?

Eu suspirei profundamente quando vi algo pela janela.


Estava muito longe, quase invisível, mas estava lá: A torre
Eiffel.

Eu estava em um hotel em Paris com um homem que


conheci em um avião e parecia que tinha me sequestrado.
Isso não era bom.

Eu olhei de volta para Grayson. Obviamente, eu precisava


me afastar dele. Não havia nenhuma dúvida de que ele era
louco.

Mas como?

Minhas pernas estavam emaranhadas com as dele e seus


braços estavam em volta de mim.

Eu conseguiria escapar sem acordá-lo?

Tentei primeiro mover minhas pernas lentamente soltando-


as das dele. Eu olhei de volta para seu rosto. Ele não se
mexeu.

Sucesso! Ok, eu consigo fazer isso. Eu lentamente segurei


um de seus braços e o tirei da minha cintura.

Grayson murmurou algo incoerente. Meus olhos dispararam


para ele.
Uma carranca se formou em seu rosto, mas parecia que ele
ainda não tinha acordado.

Esperei alguns minutos para que seu rosto voltasse ao


normal antes de me mover novamente, então finalmente
removi seu outro braço e o coloquei ao lado dele na cama.

Meu corpo estava frio agora que não estava dentro do seu
abraço, mas ignorei a sensação.

Eu comecei a afastar meu corpo do dele lenta e


silenciosamente, então rastejei até a beira da cama enorme
e virei até que meus pés tocassem o chão frio.

Eu estava livre!

Mas não tive tempo para comemorar. Eu tinha que


encontrar um telefone ou uma maneira de sair dali antes
que Grayson acordasse.

Procurei um telefone no quarto, mas não havia nenhum à


vista. Ok, então minha única opção era sair e correr
loucamente até encontrar um ser humano mais próximo e
pedir ajuda.

Fui na ponta dos pés até a porta mais perto de mim,


encolhendo-me toda vez que o piso de madeira rangia.

Quando eu estava prestes a colocar minha mão na


maçaneta, uma voz falou:

— Belle.

Eu pulei e soltei um grito apavorado. Eu rapidamente me


virei e vi Grayson deitado de lado na cama, com a cabeça
apoiada na mão enquanto me observava com um olhar
divertido.
— Volte para a cama, — disse sua voz rouca, mandando
arrepios pela minha espinha. — É muito cedo e estou
exausto.

Ele rolou de costas e colocou o braço sobre os olhos,


suspirando. Seu peito começou a subir e descer
ritmicamente.

Ele tinha voltado a dormir?

Voltei-me para a porta e girei a maçaneta.

— Isso é um armário, boneca, — disse sua voz.

Eu olhei para ele por cima do ombro. Ele ainda estava


deitado de costas, sem olhar para mim.

Abri a porta e olhei para dentro. Ele estava certo. Isso era
um armário.

Corri para a porta do outro lado da sala e a abri. Mas antes


que eu pudesse sair, ouvi Grayson falar novamente.

— Belle, por favor, volte para a cama. Eu sei que você está
assustada, mas prometo que explicarei tudo para você mais
tarde. Não tenho energia para lidar com isso depois de
quase me transformar e marcar você.

Eu não tinha ideia do que ele estava falando. Se


transformar? Marcar?

Ele agora estava olhando para mim com uma expressão


preguiçosa e irritada, como se eu o estivesse incomodando.

Eu estava incomodando ele?

Ele havia me sequestrado! Eu estava morrendo de medo, e


ele estava apenas deitado, aproveitando seu sono de
beleza!?

Foda-se falar com ele mais tarde! Foda-se falar com ele de
novo! Voltei-me para a porta, pronta para sair em disparada,
mas sua voz me parou mais uma vez.

— Belle, se você sair desse quarto, vai começar a se sentir


tonta e enjoada. Você não pode ficar longe de mim logo
depois da marcação.

Aposto que essa mordida no seu pescoço já está


começando a doer, não é?

Eu não tinha notado antes, mas agora que ele tinha


mencionado, a ferida pulsava — quase como se tivesse seu
próprio batimento cardíaco.

Toquei a marca em meu pescoço e gemi quando ela


começou a latejar em uma dor lancinante.

Grayson se sentou, observando minha indecisão enquanto


eu continuava a olhar entre ele e a porta.

Eu instintivamente dei um passo em sua direção, e


imediatamente senti a dor diminuir aos poucos. Estranho...

— Veja, eu sei do que estou falando, está bem? Eu sei que


dói, baby, mas volte para a cama, e eu posso fazer toda a
dor passar. Eu vou cuidar de você.

Seus olhos ficaram um tom mais escuro quando ele sorriu.


O que ele estava insinuando? Oh meu Deus, ele vai
conseguir o que quer de mim?

Eu sacudi a cabeça rapidamente e recuei em direção à


porta, meus pés
tropeçando em si mesmos. Eu não seria estuprada. Eu não
passaria mais um segundo na presença desse psicopata.

Sem quebrar o contato visual, me virei e me lancei para fora


do quarto, correndo pela minha vida.

Capítulo 6

Belle

Eu ouvi um grunhido alto e irritado atrás de mim enquanto


corria pelo corredor. Presumi que o som vinha de Grayson.

No final do corredor, cheguei a uma escada e desci


correndo, apoiando-me na parede para não cair por causa
das minhas pernas bambas.

Quando cheguei lá embaixo, esperava encontrar outro


andar com quartos de hotel, mas fiquei surpresa ao me
deparar com uma luxuosa sala de estar aberta, com uma
enorme cozinha ao lado. Este quarto de hotel tem dois
andares? Que tipo de hotel é esse?

Eu freneticamente procurei por algo que pudesse me ajudar.

— Luna? O que você está fazendo? Onde está o Alfa? —


alguém chamou da outra sala.

Havia um homem parado no balcão da cozinha. Ele estava


segurando uma xícara de café e olhando para mim como se
eu fosse louca.

Eu o reconheci! Ele estava no avião! Foi ele quem me disse


para beijar Grayson!

— Oh! Graças a Deus! — Eu gritei, correndo para a cozinha.


— Você… — A sala de repente começou a girar, e a mordida
no meu pescoço pulsava e queimava dolorosamente. Eu
balancei minha cabeça para clarear meus pensamentos.

— Me ajude! Aquele homem me sequestrou! Eu preciso ligar


para a emergência!

Ele se levantou e se aproximou de mim lentamente, como


se eu fosse um animal selvagem que fugiria se ele fizesse
qualquer movimento repentino.

— Ei ei. Está tudo bem. Ele não sequestrou. .

Suas palavras pararam e seus olhos de repente ficaram


cinza. Ele olhou para o espaço, como se estivesse em
transe. Eu me afastei dele, assustada.

— Sim. Sim, ela está aqui, — disse ele.

— O que? — Eu perguntei. Ele está falando comigo?

Ele não prestou atenção em mim. Ele apenas continuou


olhando para o nada.

— Claro, Alfa, — disse ele. Seus olhos voltaram ao normal e


ele os fixou em mim. — Sinto muito, mas você não pode ir
embora.

Ok, então ele é louco também. Anotado.

Eu me virei e examinei a sala em busca de uma saída. Havia


uma porta do outro lado da cozinha. A porta da frente, ao
que parecia. Sim!

Passei correndo pelo amigo louco de Grayson e tentei abrir


caminho até a porta, mas tropecei em meus pés. Eu me
apoiei na parede ao meu lado. A sensação de queimação da
mordida no meu pescoço estava viajando ao redor do meu
corpo em ondas lentas e torturantes. Meu estômago se
embrulhou.

Parecia que eu ia vomitar.

O que diabos está acontecendo? Era sobre isso que Grayson


estava falando quando disse que eu começaria a me sentir
mal?

Tentei aguentar a dor enquanto continuava com dificuldade


em direção à porta. Mas o mundo estava girando muito
rápido e meus joelhos estavam muito fracos, e eu caí no
chão.

— Luna! — o homem gritou atrás de mim.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto; o fogo dentro de mim


era demais para aguentar. Eu gritei.

— Faça parar! — Eu gritei. — Faça parar!

— Sinto muito, Luna! O Alfa estará aqui em breve!

— O homem ao meu lado disse. Ele tocou meu ombro, mas


isso só pareceu atiçar as chamas que se moviam pelo meu
corpo.

Afastei sua mão de mim.

— Não encosta! — Eu chorei, me dobrando em posição fetal.

— Alfa, por favor, venha rápido! — o homem gritou.

Através dos meus soluços, pude ouvir passos rápidos


entrando na sala.
— Belle! — Grayson gritou. Apenas sua voz fez o fogo
diminuir um pouco, e eu chamei por ele, desesperada para
que a dor fosse embora. Ele correu pela cozinha e empurrou
o outro homem para longe de mim.

Eu senti uma pontada de decepção quando percebi que


Grayson estava usando uma calça de moletom em vez de
boxers — eu queria tanto contato pele a pele calmante
quanto possível.

Pelo menos ele ainda está sem camisa.

Assim que me alcançou, ele imediatamente me pegou em


seus braços.

Me embrulhei em volta dele como uma preguiça em uma


árvore, fazendo o máximo de contato possível.

Minhas pernas estavam sustentadas de cada lado dele,


meus braços firmemente ao redor de seu pescoço.
Felizmente, o fogo diminuiu enquanto eu soluçava em seu
peito, mas a dor ainda era insuportável.

— Shh. ., — disse Grayson, sentando-se em uma cadeira


próxima comigo ainda enrolada nele. — Eu sei, baby, eu sei.

— Por favor, faça isso parar, — implorei.

Grayson de repente colocou a boca na marca da mordida e


a chupou, passando a língua sobre ela.

Eu gemi alto. Não só foi incrível, mas também fez toda a


minha dor se esvair.

Ainda tremendo por causa do trauma, agarrei-me a Grayson


como se minha vida dependesse disso enquanto sua boca
hábil continuava trabalhando em meu pescoço.
Fiquei tão extasiada com a incrível sensação que mal
registrei quando o amigo de Grayson murmurou algo e
finalmente saiu do cômodo.

Eu pensei que assim que a dor fosse embora, ele iria parar
de me beijar, mas ele não o fez. Ele apenas continuou,
subindo pelo meu pescoço até a minha mandíbula, até que
finalmente alcançou minha boca.

Seus lábios pareciam seda contra os meus.

Seu beijo foi doce e lento, mas eu pude sentir a fome que
transbordava dentro dele.

Foi um beijo tão apaixonado. Eu nunca tinha beijado


ninguém assim.

Eu nunca me senti assim antes.

Grayson se afastou brevemente, então colocou sua testa


contra a minha. Nós dois estávamos ofegantes. Ele beijou
meus lábios mais uma vez.

— Eu sinto muito, — ele sussurrou, esfregando o nariz


contra o meu.

Eu olhei profundamente em seus olhos.

— Não sabia que nosso vínculo era tão forte. Pensei em


deixar você andar um pouco, ficar mais confortável e depois
vir procurá-la. Eu não sabia que sua dor seria tão forte. Eu
sinto muito.

Ele me beijou novamente.

— Eu não quero que você sinta dor, nunca.


— Isso aconteceu porque eu estava longe de você? — eu
questionei.

Ele afirmou com a cabeça e enterrou o rosto no meu cabelo,


respirando profundamente. Ficamos assim por um tempo,
apenas abraçados, meu corpo se acalmando aos poucos.

Desisti de tentar entender tudo o que estava acontecendo.

Eu estava mentalmente exausta, incapaz de processar


qualquer informação que fosse lançada em minha direção.

A parte mais confusa de tudo isso era como eu me sentia


atraída por Grayson. Eu o tinha visto estrangular aquele
cretino no avião. Eu estava ciente do fato de que ele havia
me sequestrado. Eu sabia o quão volátil ele era.

Mas por algum motivo, quando ele estava próximo, eu


queria estar mais perto dele — continuar a tocá-lo e falar
com ele.

Na verdade, eu queria conhecer meu sequestrador.

Devia ter algo de errado comigo. Por que estou tão


obcecada por ele?

As mãos de Grayson massagearam minha cintura e


passeavam para cima e para baixo em minhas laterais. Ele
se inclinou para trás para conseguir olhar para mim.

— Você vai voltar para a maldita cama agora?

Eu sabia que deveria dizer não. Mas eu simplesmente não


queria.

Simples assim. Eu não queria dizer não.

Então eu disse sim.


Grayson sorriu e beijou meus lábios mais uma vez. Ele
colocou suas mãos sob minha bunda e se levantou, ainda
me segurando em seus braços.

Deus, ele é forte.

— Você pode me colocar no chão, — eu disse enquanto ele


nos conduzia em direção ao quarto em que acordamos. —
Eu posso andar.

Ele se inclinou para que sua boca tocasse minha orelha.

— Eu não me importo.

Tudo bem, então.

Ele entrou no quarto e me colocou no meio da cama


gentilmente. Eu fiz uma careta quando ele parou de me
tocar. Ele recuou e tirou a calça de moletom.

Observei seus músculos ondularem com o movimento.

Engoli.

— O que você está fazendo?

Ele sorriu.

— Eu não quero passar calor enquanto estamos dormindo.

Ele lentamente andou em minha direção, mantendo intenso


contato visual. Ele colocou as mãos em meus ombros e me
empurrou para que eu caísse de costas.

Ele rastejou para cima de mim.

— Você cheira muito bem, — disse ele, passando o nariz


para cima e para baixo no meu pescoço.
Eu não consegui responder. Eu estava muito emocionada.
Ele deixou um beijo rápido em meus lábios e então olhou
para mim.

— Vamos dormir, hein?

Eu concordei.

Ele se deitou ao meu lado de modo que ficasse de frente


para mim e colocou a mão na minha cintura. Seus olhos
procuraram meu rosto.

— Você é tão bonita.

Eu desviei o olhar do dele, sem saber como responder. Senti


sua mão se mover por baixo da minha camisa e subindo
pelas minhas costas, onde

ele começou a mexer no fecho do meu sutiã.

Eu imediatamente agarrei seu braço e olhei para ele.

— O que você está fazendo?

— Shh. ., — disse ele e abriu meu sutiã. — Isso não pode ser
confortável.

Nunca tirando os olhos dos meus, ele guiou meus braços


para fora das mangas, para dentro da minha camisa, me
encorajando a tirar o sutiã.

Eu deslizei meus braços pelas alças e Grayson lentamente


enfiou a mão debaixo da minha camisa e agarrou o artigo
de roupa ofensivo, puxando-o e jogando-o no chão.

Ele me observou deslizar meus braços de volta nas mangas


e puxar minha camisa para baixo.
— Viu? Assim está melhor, — disse ele. E então ele virou
meu corpo para que eu ficasse de costas para ele.

Ele me puxou de volta para seu peito e me acariciou,


envolvendo minha cintura com um braço e esfregando
minha barriga.

— Acalme seu coração, Belle. Está batendo a mil por hora.


Respire fundo.

Ele estava certo. Minha ansiedade estava nas alturas. Tentei


respirar fundo.

— Isso mesmo. — Grayson beijou minha nuca. — Essa é


minha garota.

Eu não conseguia acreditar em como estava exausta. Eu me


sentia como se não tivesse feito nada além de dormir no dia
anterior, mas mesmo assim eu estava lentamente me
desligando.

Eu não fazia ideia de quanto tempo tinha dormido na


próxima vez que acordei. Tudo que eu sabia era que eu
estava queimando. Eu estava incrivelmente quente.

Ainda meio adormecida tirei o cobertor de cima de mim e


me contorci. Não fez diferença.

O corpo de Grayson em volta de mim também não estava


ajudando.

Eu reajustei minhas pernas, tentando ficar mais confortável.

Minhas leggings pareciam pegar fogo contra minha pele.

Grayson se mexeu atrás de mim, então eu senti sua mão se


enroscar em minha legging e puxá-la para baixo.
Com meus olhos ainda entreabertos, coloquei minha mão
sobre a dele e murmurei algo incoerente, tentando
perguntar o que ele estava fazendo.

— Basta tirá-la, bebê. Eu prometo que não vou olhar. Você


está queimando.

Eu estava com muito calor e ainda exausta. Tudo que eu


queria fazer era me aninhar no peito de Grayson novamente
e voltar a dormir.

Eu balancei minha cabeça.

Senti Grayson sentar-se e pairar em cima de mim de modo


que seus joelhos estivessem de cada lado meu.

Ele enganchou seus polegares nas laterais das minhas


leggings e puxou. Eu me mexi para que ele pudesse movê-
las sobre minha bunda.

Quando elas finalmente saíram, Grayson as jogou no chão.

Fiquei extremamente aliviada quando o ar frio atingiu


minhas pernas.

Ele se deitou ao meu lado e me trouxe para o seu peito.


Coloquei uma perna em volta dele e enterrei meu rosto em
seu pescoço.

Grayson soltou um grunhido de apreciação. Sua mão se


moveu por baixo da minha camisa e na parte inferior das
minhas costas.

A última coisa que pensei antes de adormecer foi. Acho que


ele mentiu quando disse que não iria olhar.

Capítulo 7
Belle

Acordei antes de Grayson, e não tinha ideia do que fazer. Eu


podia sentir sua respiração na minha nuca, lenta e
constante.

Pensei em minha mãe e me perguntei se ela estava


preocupada depois que eu não apareci em seu apartamento
na noite passada.

Talvez ela chamasse a polícia e eles viessem me procurar.

Mas havia uma grande chance de que ela nem tivesse


percebido que eu não estava lá — ou apenas tivesse
presumido que não fui só de raiva.

Parecia algo que eu poderia fazer. Portanto, faria mais


sentido acreditar que ela não tentaria me encontrar.

Eu estava sozinha. Eu tinha que encontrar meu caminho


para fora daqui. Mas como?

Eu poderia tentar fugir de novo, mas a memória da dor que


vivenciei esta manhã passou pela minha mente.

Eu não faria isso de novo de jeito nenhum.

Então, eu tinha algumas opções:

Eu poderia desistir completamente — apenas ficar ali e


esperar Grayson acordar, e deixá-lo fazer o que quisesse
comigo.

Por que isso parece uma boa opção?

Eu poderia esperar Grayson acordar, então fingir que ainda


estava dormindo e torcer para que ele saísse do quarto e
então tentar encontrar uma saída.
Eu poderia agir com doçura, como se confiasse nele, e
então fazer um ataque furtivo e tentar nocauteá-lo com
uma lâmpada ou algo assim, e fugir.

Eu poderia ser horrível e cruel com ele e esperar que ele


ficasse com nojo de mim e me chutasse para fora da casa.
Isso poderia funcionar, certo?

Eu poderia ter a esperança de que minha mãe realmente se


importasse com minha ausência o suficiente para chamar a
polícia.

É improvável, mas pode acontecer.

De repente, me ocorreu que era véspera de Natal. Eu


deveria estar com minha família comemorando o Natal em
Paris, curtindo a vida pela primeira vez desde que meu pai
morreu.

Meu pai. Deus, eu sentia falta dele.

Se eu soubesse que ano passado seria o último Natal que


passaria com ele, eu teria dado mais valor.

Sempre tivemos os melhores Natais juntos.

Já que eu não tinha contato com nenhum dos meus avós em


nenhum dos lados da minha família, sempre fomos apenas
nós dois.

Assistimos a filmes de Natal e comemos até não poder


mais.

Trocávamos presentes, cantávamos canções de natal,


decorávamos a árvore e aproveitávamos a companhia um
do outro.

Sempre foi meu dia favorito do ano: sem problemas, só eu e


meu pai no dia de Natal.

Senti as lágrimas brotarem dos meus olhos e funguei,


tentando fazer com que elas parassem.

Não era hora de sentir pena de mim mesma. Eu tinha que


descobrir como sair daquela suíte de hotel, que começava a
parecer mais com uma prisão.

Eu nem me importava mais em ver minha mãe no Natal —


eu só queria ir para casa.

Eu tenho uma vida para viver!

Sim, meu pai estava morto. E isso foi incrivelmente


devastador, e eu sentia sua falta todos os dias. Mas só
porque ele estava morto não significava que eu estivesse.

Eu estava viva.

E não havia nada me impedindo de viver. Eu não tinha


ninguém para cuidar além de mim.

Eu poderia ir para a faculdade. Eu poderia fazer amigos.

Eu poderia sair para dançar e beber em bares e conhecer


garotos e tomar decisões ruins e conseguir um novo
apartamento, um gato e um emprego chique. Nada estava
me impedindo.

Ok, então havia uma coisa me impedindo.

E aquela coisa estava respirando no meu pescoço e tinha


seus braços em volta de mim e era incrivelmente bonita.
Essa coisa era o homem enorme aninhado em minhas
costas que tinha me sequestrado e alegava que eu
pertencia a ele.

Deus, o que há de errado comigo?

Eu pensei sobre a noite passada e como eu basicamente


deixei Grayson fazer o que quisesse comigo.

Eu tinha apenas caído em seus braços e desistido. Eu havia


passado muito da minha vida desistindo, sentindo-me
impotente e sozinha, deixando que a vida me tratasse como
capacho. Não mais. Eu iria viver minha vida.

E nada iria me deter.

Senti Grayson se mexer atrás de mim. Oh Deus, ele está


acordando.

Eu imediatamente fechei meus olhos, fingindo estar


adormecida.

Com sorte, ele iria embora e eu poderia pular da janela ou


algo assim.

Era hora de viver.

Capítulo 8

Belle

O braço de Grayson apertou em torno de mim, então ele se


moveu lentamente e pressionou seus lábios no meu ouvido.

— Bom dia, baby, — ele sussurrou.

Ele trouxe minha orelha em sua boca e mordeu


suavemente. Era incrível, mas eu não daria a ele a
satisfação desse conhecimento.

Oh Deus. Oh Deus. Oh Deus. Não se mova, Bel e. Não faça


barulho. Você está dormindo, lembra?

— Hmm. . eu sei que você está acordada, Belle. — Ele


beijou meu pescoço.

Ele está mentindo. Ele não sabe disso. Como ele poderia
saber disso?

— Está fingindo, não é? Ok, vamos jogar.

O quê? O que diabos ele quis dizer com isso?

Eu não estava com disposição para brincadeiras. Bem, eu


não queria estar de bom humor, mas também não podia
negar o calor começando a crescer entre minhas coxas. .

Eu o senti se mover e ficar em cima de mim. Eu


instintivamente abri minhas pernas um pouco para que ele
pudesse encaixar seu corpo entre elas.

Grayson deu uma risadinha.

Merda, ele percebeu que eu fiz isso? Percebeu, não foi?

Tentei manter meu corpo mole e minha respiração regular.


Não importa o que Grayson faça, não importa o quanto eu
goste, estou dormindo.

Uma de suas mãos agarrou minha cintura e então correu


sobre meu estômago. Então ele se inclinou lentamente e
trouxe seus lábios aos meus.

Isso não é Justo! Seus lábios eram muito bons contra os


meus — como fogos de artifício. Eu queria gritar ou beijá-lo
de volta, mas não pude.
Eu estava tentando comprovar um argumento. Eu não
ficaria com

meu sequestrador!

Não importa o quanto eu queira...

Não se mova, Bel e.

Mas enquanto ele continuava a pressionar seus lábios


macios nos meus, eu não pude deixar de abrir minha boca
apenas um pouquinho, convidando-o a entrar.

Eu senti o estrondo profundo de seu riso. Mesmo com meus


olhos fechados, eu sabia que ele estava sorrindo. Merda.
Porra. Merda, porra do inferno.

Eu mantive meus olhos fechados. O que há de errado


comigo?

Por que não consigo me controlar?

Ele se inclinou e sussurrou em meu ouvido:

— Eu gosto deste jogo.

Ele beijou ao longo da minha mandíbula e apertou minha


cintura com mais força, levantando a mão até seu polegar
roçar na parte de baixo do meu seio. Eu me contorci
minimamente.

— Basta abrir os olhos, Belle.

Eu não me mexi.

— Não? — ele perguntou.

Eu não respondi. Talvez ele desista?


Oh, por favor, desista. Eu não sabia por quanto tempo mais
eu poderia aguentar. Eu estava a dois segundos de enfiar
minha língua em sua garganta.

— OK. Faça do seu jeito.

Ele começou a traçar beijos de boca aberta ao longo da


minha mandíbula novamente.

Merda. Então ele não está desistindo.

Seus lábios continuaram se movendo pelo meu pescoço


enquanto suas mãos massageavam minha cintura através
da minha camiseta. Por um segundo, desejei não estar
usando uma.

E então Grayson encontrou o local onde me mordeu. Eu


arfei e minhas costas arquearam de modo que meu peito
estava tocando o dele.

Deus, aquele ponto era como um segundo ponto G.

Eu gemi, mas ainda mantive meus olhos fechados.

— Uh-huh. Foi o que pensei, — disse ele. Ele lambeu o lado


do meu pescoço e eu me retorci. Ele recuou um pouco.

— Ainda não vai abrir os olhos?

Eu estava apenas sendo teimosa. Nós dois sabíamos que eu


estava acordada. Mas eu não o deixaria vencer esta
batalha. Eu não perderia.

Eu não abriria meus olhos.

Então eu sacudi a cabeça.

Ele deu uma risadinha.


— Huh, minha prometida é teimosa. — Ele pressionou um
dos joelhos contra minha virilha. Eu podia sentir sua
respiração em meu rosto.

— Por mim tudo bem, — ele sussurrou.

Sua boca se grudou ao meu pescoço mais uma vez e eu


gemi. Ele beijou minha clavícula e então passou o nariz para
cima e para baixo entre meus seios.

Eu arqueei minhas costas novamente, sem fôlego.

Ele levantou um pouco minha camisa e beijou meu umbigo.

Está ficando quente aqui ou sou só eu?

Em seguida, sua mão entrou na minha calcinha e agarrou


meu osso do quadril.

Espere, o quê? Minha calcinha? O que aconteceu com


minhas leggings?

De repente lembrei-me de Grayson tirando-os ontem à


noite. Ele não tinha tirado meu sutiã também?

Então isso significava. . eu estava deitada na cama, sem


sutiã, vestindo apenas minha camiseta branca transparente
e minha tanga de renda azul.

Então era isso.

E o homem que me sequestrou tinha uma mão sob a tira de


renda azul e a outra no meu tórax, sob meu seio enquanto
sua boca viajava cada vez mais perto de, aham, uma área
muito pessoal.

Meus olhos se abriram.


Eu gritei e comecei a chutar Grayson. Com sorte, eu o
acertei no rosto.

Ainda, acho que quebrei seu nariz.

Afastei suas mãos de mim e pulei para fora da cama.

Corri minhas mãos pelo cabelo e comecei a andar para lá e


para cá.

Definitivamente não tinha ganhado essa batalha.

Droga.

Eu olhei para Grayson. Ele estava sentado na beira da


cama, recostado nos braços e me olhava com um olhar
divertido.

Seus olhos se moveram para cima e para baixo em minha


figura, e ele lambeu os lábios.

Eu tinha esquecido que estava praticamente nua. Eu estava


basicamente pelada!

Eu rapidamente peguei o cobertor da cama e o enrolei em


volta de mim, olhando para Grayson.

Seu sorriso apenas aumentou.

— Sabe, toda essa situação poderia ter sido evitada se você


apenas tivesse aberto os olhos.

Eu bufei.

— Ah é? — Eu perguntei. — Você nunca mais vai me tocar


de novo.

Nunca. Mais.
Seus olhos escureceram, não totalmente pretos, mas de um
verde mais escuro.

Ele se levantou. Eu dei um passo para trás.

Ele viu eu me afastar dele assustada e fez uma pausa. Ele


fechou os olhos com força e respirou fundo.

Quando ele os abriu novamente, eles estavam de volta ao


normal. Ele olhou para mim e suspirou.

— Vá tomar um banho, baby. Eu vou fazer o café da manhã.


— Ele passou por mim e saiu pela porta.

Por alguns segundos, eu fiquei lá. Esfreguei meu rosto com


as mãos.

Ok então. Ele se foi. Isso foi mais fácil do que eu esperava.

Acho que é hora de dar o fora daqui.

Capítulo 9

Belle

De jeito nenhum eu tomaria banho como ele queria.

Quem saberia quanto tempo eu tinha até que ele viesse me


procurar?

Larguei o cobertor que estava segurando em torno de mim


e, em seguida, rapidamente fui até onde minha legging e
sutiã estavam jogados no chão e os peguei.

Eu fui ao banheiro. Primeiro, liguei o chuveiro.

Isso me daria mais tempo se ele pensasse que eu estava


fazendo o que ele tinha dito.
Em seguida, usei o banheiro — eu não ia ao banheiro há
muito tempo

— e então coloquei meu sutiã e minhas leggings.

Eu olhei para a porta do banheiro. Ok, hora de dar o fora


daqui.

Deixando o chuveiro ligado, saí do banheiro e caminhei até


a janela.

Eu não tinha percebido antes, mas havia uma varanda


conectada ao quarto. Conveniente.

Antes de sair, olhei ansiosamente para minha bagagem. Eu


queria trazê-la comigo, mas não podia deixar que me
atrasasse.

Eu teria que mandar a polícia vir buscá-la mais tarde, depois


que eu tivesse saído daqui.

Saí para a varanda. Uau. Era alto. Havia vários andares do


hotel abaixo de mim. Eu olhei para cima. Não havia outros
andares.

Estávamos no último andar. Estávamos na porra do último


andar.

Haveria outra maneira de sair dali?

A porta da frente ficava perto da cozinha, e não tinha como


chegar até ela sem passar por Grayson, já que ele estava
fazendo o café da manhã.

Essa não era uma opção. E eu não tinha visto nenhuma


outra porta.
Eu olhei para a minha esquerda. Havia uma escada do lado
fora da janela da sala ao lado. Eu acreditava que seria uma
saída de incêndio.

Isso poderia funcionar!

Corri para fora da sala e entrei na porta ao lado. Este quarto


era idêntico ao que Grayson e eu passamos a noite.

Fui até a janela e a abri. Eu saí dela e caminhei a escada de


incêndio.

Oh meu Deus, isso pode funcionar.

O mais silenciosamente que pude, desci as escadas


correndo.

Eu estava ciente de que a próxima janela pela qual eu


passaria era a do andar em que Grayson estava. Eu
precisava ser cuidadosa, rápida e silenciosa.

Pouco antes de passar na frente dela, fiz uma pausa. Estava


aberta. A janela estava completamente aberta. Isso tornava
as coisas muito mais difíceis.

Eu consigo fazer isso. Eu tenho que fazer isso.

Rapidamente, passei pela janela aberta sem nem mesmo


olhar para dentro.

Quando eu estava prestes a chegar à escada que me levaria


ao próximo andar, uma mão fechou em volta meu pulso e
me puxou para trás.

Eu gritei desesperada quando fui puxada pela janela e


jogada por cima do ombro de alguém.
Tentei chutar e bater nas costas de quem estava me
segurando, mas não me deixaram ir.

— Não! Me põe no chão! — Eu gritei. — Me solta!

No começo eu achei que era Grayson quem estava me


segurando.

Mas não houve faíscas, e o toque dessa pessoa fez minha


pele formigar.

E então Grayson falou:

— Traga-a aqui, Kyle.

Fui carregada para a cozinha e colocada em um balcão.


Grayson estava parado ao meu lado, mexendo os ovos em
uma frigideira no fogão.

— Oi, — ele disse casualmente, olhando para mim.

Engoli. Ele estava bravo? Ele sabia que eu estava tentando


escapar.

— Oi, — eu suspirei.

Ele se voltou para seus ovos mexidos.

— Kyle, você pode desligar o chuveiro lá em cima, por


favor?

Kyle acenou com a cabeça.

— Claro, Alfa. — Ele me deu uma última olhada e mordeu o


lábio, tentando suprimir o riso. Eu o encarei.

Ele riu e foi embora, balançando a cabeça.


Então, tentar escapar não funcionou. Agora era a hora do
plano B: seja doce e legal até Grayson confiar em mim e,
então, de alguma forma sair daqui.

Grayson se virou para a ilha da cozinha atrás dele e


começou a fatiar morangos.

— Então você não queria tomar banho, hein?

Como eu respondo a isso?

— Hum. . não.

— Uh-huh. . — Grayson abriu o armário ao meu lado e


pegou uma tigela, em seguida, voltou-se para os morangos
que tinha acabado de cortar e colocou-os lá.

— O que você estava fazendo lá fora?

— Um. . E-eu. . — eu gaguejei. — Eu queria tomar um pouco


de ar fresco!

Isso é verossímil, certo?

— Lá fora, na escada de incêndio? — ele perguntou,


colocando a tigela no balcão ao meu lado.

— Por que você simplesmente não saiu para a varanda no


nosso quarto? — Ele voltou aos ovos mexidos e desligou o
fogo.

Sim, por que eu simplesmente não fui para a varanda? Essa


foi uma ótima pergunta. Eu olhei para o meu colo.

— Eu. . Uh, bem, eu. .

A mão de Grayson de repente estava no meu joelho.


— Aqui, prove isto. — Ele colocou o dedo na minha boca. O
que quer que estivesse em seu dedo tinha um gosto
incrível. Era doce e cítrico.

Com o dedo dele ainda em minha boca, levantei meu olhar


para Grayson. Seus olhos estavam negros como breu. Eu
movi minha cabeça

para trás até seu dedo sair da minha boca em um pop


satisfatório.

— Você gosta disso? — ele perguntou, sua voz profunda e


rouca.

Eu concordei.

— É para o bolo de limão, — explicou. Seus olhos nunca


deixaram meus lábios. — Você tem uma coisinha bem aí.

Ele se posicionou entre minhas pernas e colocando a mão


na minha nuca, guiou meu rosto para mais perto do seu.

Pensei seriamente em afastá-lo, mas então meu ato de


fingir ser dócil estaria acabado.

Ele prendeu meu lábio inferior em sua boca e o chupou para


limpar.

Inclinei-me para mais perto dele, incapaz de me controlar e


já querendo pressionar meus lábios nos dele, mas ele se
afastou abruptamente.

— Oh, desculpe, — ele disse. — Eu esqueci que você não


queria que eu tocasse em você.

Honestamente, eu também tinha esquecido.


Eu olhei para ele. Eu sabia o que ele estava fazendo. Ele
não podia simplesmente me deixar toda eriçada e parar.
Isso simplesmente não era justo.

Ele arqueou as sobrancelhas para mim como se estivesse


me desafiando a retirar minhas palavras.

Não, eu não faria isso.

Ele colocou a mão na minha bochecha.

— A próxima vez que eu te beijar vai ser quando você me


pedir.

Bem, isso funcionaria bem para mim. Significava que eu


nunca o beijaria novamente. E eu não quero! Eu disse a
mim mesma.

Ele se afastou de mim depois que assenti.

Percebendo como seus olhos estavam escuros, tentei mudar


de assunto.

— Por que seus olhos ficam pretos?

A primeira vez que seus olhos ficaram pretos, realmente me


assustou.

Quer dizer, isso não é normal. Mas agora que eu tinha visto
isso

acontecer várias vezes, eu estava acostumada.

Na verdade, não só estava acostumada, como achei quase


reconfortante. Havia algo nos olhos negros de Grayson que
me atraía, me fazia com que eu me sentisse protegida e
segura.
Seus olhos se fixaram nos meus. Eles ainda estavam pretos.

— É uma longa história.

— Eu tenho tempo. — Especialmente agora que parecia que


eu não iria sair daqui tão cedo.

Ele pegou um prato do armário e o encheu com os ovos


mexidos que estava fazendo.

Então ele caminhou até a extravagante mesa de jantar no


canto mais distante da sala. Eu não tinha notado antes, mas
a mesa estava coberta de comida para o café da manhã.

Havia croissants, panquecas, frutas, doces, batatas fritas,


ovos, tiras de bacon, salsichas e muito mais — sem falar no
café e no suco em taças de cristal.

Eu fiquei boquiaberta com o enorme banquete.

Grayson fez uma pausa quando viu meu rosto chocado.

— Eu não sabia do que você gostava, então peguei tudo em


que pude pensar. Algumas das comidas fui eu que fiz e
outras pedi ao serviço de quarto.

— É muita comida, — eu disse.

Ele caminhou em minha direção, sorrindo.

— Basta comer o que quiser, amor.

Ele parou na minha frente e me levantou, envolvendo


minhas pernas em volta dele como se eu fosse uma criança.

Eu estava prestes a protestar e exigir que ele me colocasse


no chão, mas então me lembrei que estava fingindo ser
boazinha agora.
Eu precisava que Grayson confiasse em mim.

Então, passei meus braços em volta do seu pescoço e


descansei minha cabeça em seu ombro.

Um rosnado profundo veio de seu peito enquanto seus


braços se apertaram ao meu redor.

Ele se sentou em uma cadeira à mesa, me mantendo em


seu colo. Ele puxou dois pratos para a frente de nós. Eu
estava desconfortável sentada em seu colo. Eu me contraí
um pouco.

— Eu posso sentar na minha própria cadeira, — eu disse.

— Não. Quanto mais perto você estiver de mim, mais fácil


essa transição será para você. — Ele colocou um pouco
ovos no meu prato. E

depois algumas panquecas. E algumas tiras de bacon. E um


muffin. E

tudo o mais que estava ao alcance de seu braço.

— Isso é tudo para mim? — Eu perguntei. Ele não poderia


esperar que eu comesse tudo aquilo.

— Só coma o que quiser, bebê. Eu sei que você não come


desde que entrou ontem no avião. Eu só quero colocar
algumas calorias em você. —

Bem, isso é meio fofo. Ele quer cuidar de mim. No que diz
respeito aos sequestradores, ele era um cara legal.

Mas eu ainda olhava para a comida com cautela. E se ele


fez algo com ela? E se estiver envenenada?

Senti sua respiração em meu ouvido.


— Embora eu esteja muito feliz que você seja cautelosa com
alimentos estranhos, eu só preciso que você coma. Eu
prometo que não há nada de errado com a comida, Belle.

Ele deu uma mordida no meu muffin para provar seu


argumento, então o colocou de volta no meu prato.

— Agora, coma.

Tremendo, peguei meu garfo e coloquei alguns ovos em


minha boca.

Ele acenou com a cabeça em aprovação e começou a


encher seu próprio prato.

Ficamos sentados em silêncio por alguns minutos enquanto


eu comia. Eu não tinha percebido o quanto estava com
fome. Além disso, vou precisar de força se vou sair daqui.

Eu iria comer o máximo que pudesse.

E a comida era muito boa também.

Quando finalmente desacelerei, notei que Grayson


esfregava minha perna e me observava, enquanto comia
seu próprio prato de comida.

Eu me contorci nervosamente, mas decidi não remover sua


mão.

Eu poderia lidar com ele me tocando, desde que não se


tornasse muito íntimo.

— Coma um pouco mais, — disse Grayson.

Eu me inclinei para trás e sacudi minha cabeça, empurrando


meu prato para longe.
— Se eu comer mais, posso explodir.

— Certo. Esqueci que você não pode comer tanto quanto


nós.

Eu olhei de volta para ele.

— Nós? Nós quem?

Grayson balançou a cabeça e suspirou.

— Agora que você descansou e comeu um pouco, acho que


posso começar a responder às suas perguntas.

Ele esfregou a mão no rosto e, lentamente virou meu corpo


para que eu estivesse montada nele.

— Por favor, não tenha medo.

— Ok. . — Eu não esperava o que aconteceu a seguir.

Capítulo 10

Belle

Grayson começou a falar com hesitação:

— Bem. . eu provavelmente deveria. . acho que vou


começar pelos meus olhos.

Eu acenei com a cabeça, incentivando-o a continuar.

— Meus olhos ficam pretos quando eu perco o controle. E


geralmente tem algo a ver com você.

— Comigo? O que você quer dizer?

Ele umedeceu os lábios.


— Normalmente, eu tenho um controle incrível. Na verdade,
não perco o controle há anos. Não desde a puberdade. Mas
desde que você entrou na minha vida, as coisas mudaram.
Você traz à tona minhas emoções mais fortes.

— O que você quer dizer? — Eu perguntei.

— Geralmente vem de uma de duas emoções. Uma é a


raiva. Como quando eu descobri que aquele homem no
avião estava assediando você. .

— Ele não estava me assediando, — interrompi. — Tudo o


que ele fez foi. .

As mãos de Grayson agarraram meus quadris com força.

— Belle, não diga outra palavra. Você não quer discutir


comigo sobre este assunto. A proteção e a possessividade
que sinto por você são avassaladoras.

Comecei a me encolher, não gostando de suas palavras.

— Qual é a outra emoção? — Eu sussurrei.

Ele levou os dedos às têmporas, massageando-os por um


momento, depois olhou para mim com uma expressão de
dor.

— É quando. . Bem, isso acontece quando eu. . Quando eu. .

— Acontece quando ele está com tesão. Quando ele está se


sentindo um pouco excitado. Quando ele quer colocar seu
pau na sua. .

— Kyle, chega! — A voz estrondosa de Grayson


interrompeu.
Kyle estava agora na parte inferior da escada, sorrindo
amplamente para nós dois. Ele deu de ombros.

— Só estou tentando facilitar as coisas para você, Alfa.

Grayson rosnou enquanto eu rapidamente saía de seu colo,


tentando colocar o máximo de distância possível entre nós.

— Isso é verdade? — Eu perguntei uma vez que tínhamos a


mesa entre nós.

— Seus olhos ficam pretos quando você está com raiva ou


quando. .

— Sim, quando estou atraído por você. Eu gostaria que Kyle


tivesse usado palavras mais agradáveis, mas ele está
dizendo a verdade.

Eu balancei minha cabeça.

— Eu entendo por que eles ficam pretos. . Mas. . Como isso


é possível?

Isso é loucura!

Grayson se levantou e cruzou os braços sobre o peito. Ele


não disse nada. Acho que ele não gostou de ser chamado de
louco.

Soltei um suspiro trêmulo.

— Por que estou aqui? O que você quer de mim?

Seus ombros caíram enquanto ele me fitava.

— Belle, — ele suspirou. — Eu gostaria de poder acabar com


o seu medo.
— Você é a causa do meu medo, — eu retruquei, sem estar
completamente convencida de minhas próprias palavras.

A dor brilhou em seus olhos e, em seguida, um grunhido


profundo veio de seu peito.

Eu dei mais um passo para trás.

— Posso, por favor, ir para casa? Você vai me deixar ir?

— Não. — Sua voz saiu afiada, não deixando espaço para


discussão. —

Eu não vou deixar você ir. Você é minha.

— O que você quer dizer? — Eu perguntei, começando a me


sentir extremamente frustrada.

— Eu não sou sua! Eu não sou de ninguém além de mim


mesma!

Observei enquanto seus olhos escureciam lentamente. Eu


sabia que desta vez não era por causa da luxúria. Não
poderia ser.

E se o que ele me disse era verdade, então seus olhos


estavam escurecendo de. . raiva.

— Seus olhos. . — eu disse.

— Você o irritou, — Kyle disse, vindo em nossa direção. —


Ele não gosta que você negue sua posse.

— Mas eu não sou propriedade dele! — Eu gritei


teimosamente.

O peito de Grayson começou a se agitar e todo o seu corpo


tremia.
Eu dei mais um passo para longe dele, minhas costas
encontrando a ilha da cozinha.

— Luna, não diga mais uma palavra, — Kyle disse. — O lobo


dele está ficando extremamente chateado.

— O lobo dele?

Grayson soltou outro rosnado baixo.

Kyle olhou para Grayson e acenou com a cabeça.

— Isso é algo que ele gostaria de explicar para você, Luna.

Eu balancei minha cabeça.

— Explicar o que para mim? Não estou entendendo! E pare


de me chamar de 'Luna'! Meu nome é Belle!

Grayson começou a ficar irado, movendo a cabeça como se


houvesse alguma coisa incômoda em seu pescoço.

Kyle se virou para mim. Devo ter ficado completamente


apavorada porque sua expressão se suavizou, como se ele
estivesse tentando não me assustar.

— Você deveria tocá-lo. Você precisa acalmá-lo, — disse ele.

— Eu não vou fazer isso! Eu não vou tocar naquele lunático!

Eu ouvi um estalo, e meus olhos foram para Grayson.

Seu rosto se enrugou em uma expressão de dor enquanto


seu corpo inteiro convulsionava e caía para frente.

Ele se abaixou, e suas omoplatas estalaram e se projetaram


para cima quando sua caixa torácica se partiu e se
impulsionou contra a pele do
outro lado de seu corpo.

Pêlo escuro brotou de seus braços e pescoço, e ele gritou de


dor.

Eu gritei quando ele se agachou no chão, observando


enquanto seu corpo se contorcia e se transformava em
outra coisa.

A visão diante de mim ficou mais e mais horrível quando


Grayson soltou outro grito de dor que se transformou em
um rosnado alto.

Em meu estado de completo choque e terror, procurei


freneticamente por uma saída na cozinha — percebendo
que o corpo de Grayson ainda bloqueava a porta da frente e
a janela que levava à saída de incêndio.

Corri para onde Kyle estava e sacudi seus ombros.

— Kyle, temos que sair daqui! Por favor, temos que correr!

Kyle balançou a cabeça.

— Você não pode me tocar, Luna, — ele disse enquanto


tirava minhas mãos dele.

— O Alfa não ficará feliz se ver você me tocando.

Ok, então ele é oficialmente uma causa perdida.

Olhei para trás, para o que costumava ser Grayson, a tempo


de ver seu nariz alongar e ficar preto.

Ele agora estava de quatro, com as orelhas apontando para


cima como as de um cachorro e a mandíbula subindo para o
nariz pontudo.
Suas roupas estavam em farrapos — seu corpo inteiro
estava o dobro do tamanho normal.

Por um momento, o tempo parou.

Kyle e eu não ousamos nos mover ou fazer barulho. Prendi a


respiração, meu coração batendo tão forte que eu o sentia
reverberando em meu peito. E então a coisa que costumava
ser Grayson se mexeu.

Ele olhou para mim e eu engasguei.

Era um lobo enorme.

Grayson havia se transformado em um lobo.

Capítulo 11

Belle

Gritei e senti lágrimas de completo terror escorrerem pelo


meu rosto.

Eu corri.

Eu nem tinha certeza para onde estava correndo; Eu apenas


deixei minhas pernas me levarem para longe do pesadelo
que minha vida havia se tornado.

Ouvi patas pesadas correndo atrás de mim enquanto corria


escada acima, sabendo que era Grayson nos meus
calcanhares.

Entrei em pânico e corri para a primeira sala que encontrei.

Por acaso aquele era o quarto no qual acordei ao lado dele


pela primeira vez.
Eu bati a porta, tranquei e me afastei dela.

Demorou precisamente um segundo para algo duro e


grande começar a bater contra a porta.

Eu chorei enquanto o quarto inteiro tremia.

Continuei a recuar até minhas costas encontrarem a janela


do outro lado da sala. Eu deslizei para baixo, abraçando
meus joelhos contra meu peito.

Ele está tentando arrombar a porta.

Oh meu Deus. É assim que eu vou morrer.

A porta estremeceu como se estivesse a segundos de cair


aos pedaços.

No meio das batidas, a maçaneta da porta balançou.

De repente, ouvi a voz de Kyle.

— Luna, deixe-o entrar! Ele não vai te machucar!

Nunca em um milhão de anos eu faria isso. E pelo que


parecia, eu não precisei deixar Grayson entrar. Ele faria isso
sozinho. A qualquer momento agora, a porta iria desabar.

E então eu estaria à sua mercê.

E assim, sem mais nem menos, a porta explodiu de suas


dobradiças e voou para dentro da sala, deslizando alguns
metros pelo chão.

Grayson veio correndo e seus olhos imediatamente se


conectaram aos meus.
Eu choraminguei, abraçando meu corpo com mais força,
como se isso fosse me esconder do enorme lobo na minha
frente.

Ele se aproximou de mim de uma forma majestosa, com o


peito estufado e a cabeça erguida.

Quando ele estava apenas a meio metro de distância, soltou


um rosnado baixo e mostrou os dentes.

— Ele está tentando estabelecer domínio sobre você, já que


você negou sua posse. Ele quer que você se entregue a ele,
— Kyle disse, parado na porta, seus olhos arregalados
enquanto nos observava.

— E-eu. . — eu disse, tentando falar mesmo em pânico.

— Luna, apenas faça o que ele quiser. Você não vai gostar
do resultado se não fizer.

Eu olhei nos assustadores olhos negros do lobo, e ele


mostrou os dentes mais uma vez.

Eu balancei a cabeça lentamente, sabendo que não seria


inteligente antagonizar mais o animal do que já fiz.

Eu olhei para Kyle.

— Como faço para me entregar?

— Você deve mostrar seu pescoço para ele.

Quando eu dei a ele um olhar confuso, ele inclinou a cabeça


para o lado e puxou a gola da camisa para baixo para
revelar sua clavícula.

— Tipo assim. Mostre que você confia nele e reconhece sua


posição superior.
Bem, essa era a última coisa que eu queria fazer. Mas eu
sabia que não tinha outra escolha — não se quisesse sair
dessa situação com vida.

Eu concordei.

Eu lentamente trouxe uma mão trêmula até a gola da minha


camisa e puxei para baixo para revelar minha clavícula.

Então inclinei minha cabeça para o lado.

Um ruído semelhante a um ronronar saiu do peito do lobo


em apreciação. Ele se inclinou para frente e colocou o nariz
no meu pescoço, bem onde ele me mordeu quando era
humano.

Ele bufou e então passou a língua para cima e para baixo no


meu pescoço.

No começo, me afastei dele, não gostando do fato de um


animal estar me lambendo. Mas então eu senti faíscas se
movendo pelo meu corpo, originando-se do local da
lambida.

Senti minha cabeça se inclinar para dar a Grayson melhor


acesso, quase como se meu corpo estivesse se movendo
por instinto.

Eu choraminguei com os sentimentos conflitantes que


percorriam meu sistema. Ele lambeu minha jugular e um
soluço cresceu em meu peito.

— Não tenha medo, Luna, — Kyle disse de seu lugar na


porta. — O

Alfa nunca te machucaria.


Grayson congelou e se virou para Kyle.

Ele estalou os dentes para ele e se agachou no chão, se


aproximando dele lenta e ameaçadoramente.

Kyle ergueu as mãos em sinal de rendição e se virou para


mim.

— Alfa gostaria que eu fosse embora.

Ele saiu da sala quando Grayson se aproximou cada vez


mais, rosnando sem parar para ele.

O pânico se espalhou pelo meu peito. Kyle não podia partir.


Então eu ficaria sozinha com o lobo gigante e irado que
queria me matar.

— Não, Kyle, por favor, não vá. Você não pode me deixar
sozinha com ele. Por favor, por favor, não saia.

Mais lágrimas correram pelo meu rosto. Grayson olhou para


mim, seus olhos suavizando um pouco.

Ele soltou um ganido baixo.

— Eu não posso ficar. Não é da minha natureza desobedecê-


lo. E ele realmente quer que eu vá embora. Ele acredita que
eu sou uma ameaça para você com as suas emoções
sobrecarregadas desse jeito.

Eu não tinha ideia de como Kyle sabia dessas coisas, mas


ele parecia

tão seguro de si e tão calmo, mesmo Grayson parecia estar


prestes a matá-lo.

Grayson rosnou novamente e Kyle deu mais um passo para


trás.
— Não, Kyle, — eu disse freneticamente, minha voz
falhando. — Não me deixe. Por favor.

Ele me lançou um olhar simpático.

— Ele não vai te machucar, eu prometo.

Eu chorei. Estava apavorada.

Kyle olhou para mim mais uma vez antes de dizer:

— Sinto muito — e saiu do quarto.

Me deixando sozinha com Grayson.

Capítulo 12

Belle

O lobo se aproximou de mim com passos lentos, me


olhando intensamente. Eu o encarei de volta, tentando
controlar minha respiração errática.

Ele parou bem na frente do meu rosto e soltou uma lufada


de ar.

Eu vacilei. Mais lágrimas correram pelo meu rosto.

Grayson choramingou. Seu nariz úmido tocou o meu. Então


sua língua subiu pela minha bochecha e depois se moveu
para o outro lado para fazer o mesmo.

Percebi então que ele estava lambendo minhas lágrimas —


mas não pude dizer se ele quis me consolar ou se ele estava
decidindo se queria ou não me comer.

Eu vacilei novamente em desgosto. Eu não queria sua saliva


em meu rosto.
Grayson choramingou novamente. Ele recuou um pouco.

Senti algo puxando minha camisa e olhei para baixo para


ver Grayson puxando-a com os dentes.

— O-o quê? — Eu perguntei.

Ele continuou puxando minha camisa, me levando


levemente para frente.

Eu olhei para ele, confusa.

— O que você quer?

Eu não tinha certeza se ele poderia me entender, mas ele


sacudiu a cabeça em direção à cama e latiu alto.

— A cama? — Eu perguntei.

Ele gesticulou com o focinho novamente em confirmação.

Por que ele queria que eu fosse para a cama? E o mais


importante, o que ele iria fazer comigo quando eu chegasse
lá?

— Por quê? — Eu sussurrei.

Ele não respondeu. Ele apenas agarrou minha camiseta com


a boca e continuou a puxar, desta vez com mais força.

Fui arrastada um pouco para a frente e engasguei.

— Está bem, está bem.

Eu me levantei do chão lentamente, nunca tirando meus


olhos do lobo à minha frente. Ele se moveu comigo,
observando cada movimento meu.
Assim que me endireitei, percebi o quão massivo ele
realmente era.

Mesmo quando eu estava de pé, ele era mais alto do que


eu, grande como um cavalo.

Aproximei-me da cama com as pernas trêmulas,


percebendo que Grayson estava perto, seu pelo roçando em
mim, como se ele esperasse que eu fosse cair a qualquer
momento.

Eu me sentei devagar e respirei fundo.

Eu olhei de volta para o lobo com um olhar questionador


que dizia: —

E agora?

Grayson veio e parou na minha frente. Ele pressionou seu


nariz contra meu peito e se aninhou.

— Eu? O quê? — Perdi o equilíbrio e acabei de costas,


olhando para o teto. Eu pisquei.

Senti a cama tremer violentamente e percebi que Grayson


subia na cama para se deitar ao meu lado.

Observei com cautela enquanto ele ficava confortável. Ele


se deitou e apoiou a cabeça nas patas, depois choramingou.

— O que? — Eu perguntei.

Ele fechou os olhos e então rosnou, um som que parecia um


ronco muito suspeito. Ele abriu os olhos novamente e olhou
para mim.

— Você quer dormir?


Ele latiu. Ele avançou e tocou meu braço com o nariz. Então
ele olhou para mim e latiu novamente.

— Você quer que eu durma? — Eu estava confusa além da


conta neste momento.

Por que ele queria que eu dormisse? Que bem isso faria?

Grayson latiu mais uma vez e acenou com a sua grande


cabeça de lobo rapidamente. Ele me encarou como se
esperasse que eu adormecesse ali mesmo, mas não o fiz.

Quer dizer, como eu poderia?

Ele realmente era um espécime lindo — aterrorizante, mas


lindo. Ele era completamente preto, combinando com seus
olhos, e forte.

Eu desviei os olhos. Eu não deveria estar admirando um


monstro. Olhei para o teto enquanto as lágrimas
continuavam a cair. Eu estava um pouco mais calma, mas
meu corpo ainda tremia.

Pelo canto do olho, vi Grayson apoiar a cabeça novamente


em suas patas enquanto bufava. Eu podia sentir seu olhar
em mim, o que era perturbador.

Então Grayson podia se transformar em um lobo. Eu fui


sequestrada por um lobisomem que alegava que eu
pertencia a ele. Um sem absolutamente nenhum
autocontrole.

Fantástico pra caralho!

Isso explicava muita coisa, entretanto. Isso explicava seus


olhos que mudavam de cor, seus músculos insanamente
enormes e sua força.
Também assumi que tinha algo a ver com o motivo pelo
qual Kyle o chamava de "Alfa".

A palavra Alfa tinha a ver com lobos, não é? Ou era apenas


relacionada com o alfabeto grego?

Eu ainda não tinha certeza porque estavam me chamando


de "Luna",

— no entanto. Ou o porquê de ter sido sequestrada.

Ou o que ele estava planejando fazer comigo.

Ficamos assim por uma hora e meia, com minha mente a


mil por hora e ele me observando, até que finalmente a
adrenalina saiu do meu sistema e meu corpo parou de
tremer. As lágrimas em meu rosto finalmente secaram.

Eu olhei para Grayson, e ele ergueu a cabeça com o


movimento.

— Posso me levantar agora?

Ele balançou sua cabeça.

— Por que não?

Ele apenas colocou a cabeça de volta nas patas e fechou os


olhos.

Bem, isso não era uma resposta. E se ele ia tirar uma


soneca, nada me impedia de me levantar.

Eu me sentei lentamente. Grayson não gostou nada disso.


Ele se levantou e colocou uma de suas enormes patas no
meu ombro, colocando pressão suficiente para que eu me
deitasse de novo.
Eu bufei.

— Você sabe que eu não vou conseguir dormir, não é?


Então, por que eu tenho que ficar aqui?

Grayson apenas se deitou, retomando a posição em que


estava antes.

Eu encarei o teto e suspirei. Eu podia sentir seus olhos


percorrendo meu corpo.

— Tenho certeza de que não vou conseguir dormir com você


olhando para mim.

Eu olhei para ele e vi que seus olhos estavam fechados.

Bem, isso é melhor do que nada.

Outra hora dolorosamente longa passou dessa maneira.


Minha confusão só cresceu. O que ele estava esperando?
Ele queria que eu ficasse assim para sempre?

Eu já não aguentava mais. Eu não me importava o quão


grande ele era ou ligava para o fato de que ele poderia me
rasgar em pedaços. Eu não podia mais ficar deitada lá.

Eu me sentei e rapidamente comecei a engatinhar em


direção ao pé da cama, na esperança de chegar lá antes
que Grayson pudesse me impedir.

Eu não tinha ido muito longe quando ele se lançou sobre


mim, colocando as patas de cada lado do meu corpo e
rosnando.

— Não posso mais ficar deitada aí! Eu preciso me mover! —


Eu gritei com ele.

Ele rosnou e pressionou o nariz no meu peito.


Ele me forçou a recuar, então eu estava deitada de novo.
Tentei lutar com ele, mas não adiantou. Ele era um milhão
de vezes mais forte do que eu.

Eu bufei aborrecida.

Achei que ele iria se afastar assim que eu voltasse, mas ele
não o fez.

Em vez disso, ele se abaixou para ficar deitado em cima de


mim, com seu estômago pressionado contra o meu, suas
pernas apoiando seu peso em cada lado e sua cabeça entre
meus seios — certificando-se de que eu não pudesse ir a
lugar nenhum.

— O que você está fazendo? — Eu perguntei.

Eu me contorci um pouco, tentando fazer com que ele se


movesse.

Ele apenas colocou mais peso em mim, me imobilizando


completamente.

Até meus braços estavam presos embaixo dele. Eu não


conseguia me mexer.

Seria um longo dia.

Capítulo 13

Belle

A primeira coisa que notei quando acordei foi que tinha


adormecido.

Depois de todos os protestos que eu fiz, insistindo com o


lobo que eu não iria dormir, eu adormeci.
A segunda coisa que percebi foi que estava enrolada em
volta de outro humano — um homem.

E ele passava a mão para cima e para baixo nas minhas


costas calmamente.

— Grayson?

Ele beijou minha cabeça.

— Sim, linda, sou eu.

Percebi que estava enrolada em seu corpo como um coala


em uma árvore.

Eu rapidamente me desvencilhei dele e me sentei, sentindo


meu rosto esquentar.

Eu olhei pra ele. Sonhei com tudo isso?

— Você é humano de novo?

Ele sorriu um pouco.

— Sim. Depois que você adormeceu, meu lobo me devolveu


o controle, e eu mudei de volta.

— Eu não queria dormir, — eu murmurei, com raiva por ter


perdido mais uma batalha contra Grayson.

Ele empurrou uma mecha de meu cabelo atrás da minha


orelha.

— Eu sei que você não queria. Você estava sendo teimosa.


Mas graças a Deus você dormiu porque meu lobo não iria
me devolver o controle até que você adormecesse.
— Ele estava extremamente preocupado com você. Era
forçá-la a dormir ou completar o processo de acasalamento,
mas eu consegui convencê-lo de que você precisava dormir.

Com a palavra acasalamento, percebi algo.

— Grayson, se eu olhar para baixo, você vai estar usando


calças? Eu não tinha certeza se quando você se
transformasse, ainda estaria vestido.

Ele sorriu amplamente.

— Curiosa sobre isso, não é? Por que você não verifica,


baby?

Eu fiquei boquiaberta.

— Eca, não! — Peguei um travesseiro e o empurrei em seu


rosto. —

Você é nojento!

Ele riu alto e tirou o lençol do corpo. Tive medo de olhar,


mas agradeci quando vi boxers cobrindo-o.

— Algum dia você vai parar de se sentir assim, — disse ele.


— Algum dia você estará olhando para tudo isso com
desejo. Na verdade, você estará fazendo muito mais do que
apenas olhar. — Ele sorriu.

Minha boca se abriu em choque com suas palavras.

— Ugh, você é tão nojento! — Eu gritei. — É só nisso que


você consegue pensar? Sexo?

Ele passou a mão pelo cabelo e deu de ombros, ainda


sorrindo amplamente. Deus, ele era tão lindo.
— Sim, basicamente. Se fôssemos um casal normal, já
teríamos feito sexo várias vezes.

Isso me surpreendeu.

— Se fôssemos um casal normal? Um casal normal? — Eu


perguntei com raiva. — Não somos um casal! Você me
forçou! Eu nem queria estar aqui!

Ele suspirou e se sentou. Ele levantou a mão e segurou meu


rosto, passando o polegar pela minha bochecha.

— Sinto muito, Belle. Eu sei o quão confusa e


sobrecarregada você deve estar se sentindo. Eu prometo
que não deveria ser assim. Deus, se não tivéssemos nos
conhecido em um avião, toda essa confusão poderia ter sido
evitada.

— Por que isso faria alguma diferença?

— Eu poderia ter cortejado você da maneira adequada, te


convidado para sair e te marcado quando você estivesse
pronta.

— Mas a turbulência aconteceu, e aquele idiota que olhou


para seus seios também precisou enfrentar as
consequências. Marcar você era a única coisa que me
impediria de arrancar a cabeça dele.

Sua mão roçou na marca de mordida no meu pescoço, e eu


só pude supor que ele estava falando sobre quando ele me
mordeu no banheiro do avião.

Calafrios percorreram minha espinha.

— Você é apenas uma humana. . Você é tão, tão vulnerável,


e eu pude ver que você passou por tanta coisa. Então meu
lobo me forçou a fazer isso.

— Eu tinha que te proteger. Eu acho que poderia


simplesmente ter deixado você ir assim que o avião
pousasse.

— Mas eu sabia que você precisaria ficar perto de mim. A


dor da separação teria sido insuportável, especialmente
depois de eu ter marcado você. Eu tive que te trazer
comigo. Eu sinto muito.

Ele parecia verdadeira e genuinamente arrependido, e por


isso eu era grata. Mas isso não melhorou as coisas.

— Eu preciso de respostas, — eu disse. — Nunca estive tão


confusa em toda minha vida.

Ele assentiu.

— Eu sei. Pergunte à vontade. Eu vou responder qualquer


uma.

Eu deixei meus ombros caírem de alívio. Fiquei surpresa por


ele estar sendo tão complacente.

— Hum. . — Por onde eu começo?

Quando me sentei ao lado dele, senti sua mão na minha


perna, começando a viajar para cima e para baixo.

Meu corpo relaxou um pouco. Eu me inclinei em direção a


ele. Sua outra mão encontrou minha cintura e apertou.

Nossos corpos gravitavam um em direção ao outro, ficando


cada vez mais perto.

— Não! — De repente, eu saí do transe. Afastei suas mãos


de mim. —
Não, você não pode me tocar. Não consigo pensar quando
você me toca.

Peguei um dos travesseiros e o coloquei entre nós, depois


coloquei

mais travesseiros em cima e ao redor dele.

— O que você está fazendo? — Grayson perguntou.

— Este é o meu lado da cama, — eu disse, apontando para


onde eu estava sentada. Apontei para o lado de Grayson.

— Esse é o seu lado da cama. Você fica do seu lado, eu fico


do meu lado. Então acho que vou conseguir resolver isso.

— Você acha que um muro de travesseiros vai me manter


longe de você?

Eu balancei minha cabeça.

— Bem, se o seu toque não me transformasse em uma poça


de gosma derretida, não teríamos esse problema! — Eu
gritei. Quando o vi tentando conter a risada, suspirei.

— Por favor, só fica do seu lado, ok?

Ele ergueu as mãos em sinal de rendição.

— Como quiser.

— Tudo bem, — eu disse. — Ok, então você é um


lobisomem.

Capítulo 14

Belle
— Ok, então você é um lobisomem.

Grayson ergueu uma sobrancelha.

— Captou isso, não foi?

Eu olhei para ele.

— Como? — Eu perguntei.

— Como o que?

— Como você é um lobisomem?

Ele se inclinou para trás, pensando sobre isso por um


segundo.

— Bem, é complicado. Não temos certeza. Eu nasci assim,


meu lobo se manifestou quando cheguei à puberdade. Você
não se torna um lobisomem ou algo assim.

— Nós sabemos que nossos ancestrais devem ter algo a ver


com lobos, mas não temos certeza do que era exatamente,
ou como nossa espécie veio a existir.

— Só podemos supor que tenha algo a ver com magia.

— Magia? — Eu perguntei.

Ele assentiu.

— Sim, algum tipo de ritual que fortaleceu nossos ancestrais


ou algo assim. — Ele deu de ombros.

— Então. . outras coisas são reais também?

Ele me lançou um olhar questionador.


— Outras coisas?

— Sim, tipo bruxas e magos, ou fadas ou vampiros?

Seus olhos escureceram um pouco.

— Sim, é tudo real. Mas todos nós guardamos segredo.


Nossas espécies não. . se dão bem, exatamente. Vampiros e
lobisomens estão em guerra há séculos.

Eu parei por um segundo.

— E o coelho da Páscoa?

Grayson olhou para mim por um segundo. Ele tentou se


conter, mas finalmente caiu na gargalhada.

— Eu te falei sobre uma guerra entre lobisomens e


vampiros, e você está preocupada com o Coelho da Páscoa?

Eu olhei para as minhas mãos. Ele estava certo. Parecia que


tinha cinco anos.

Senti seus dedos deslizarem sob meu queixo e levantarem


minha cabeça. Meus olhos se conectaram com os de
Grayson.

— Sinto muito, — ele sussurrou. — Não foi o que eu quis


dizer. Essa é uma pergunta muito válida depois de tudo que
você passou nos últimos dias. Não, o coelhinho da Páscoa
não é real. Nem a fada dos dentes ou o Papai Noel.

Ele sorriu.

— Sinto muito se isso estragou sua infância.

Eu me senti um pouco desapontada, mas tentei não deixar


transparecer.
Peguei sua mão que ainda estava sob meu queixo e a
afastei. Apontei para onde ele estava sentado.

— Seu lado, — eu o lembrei.

Ele resmungou baixinho, mas seguiu minhas ordens, não


parecendo nada feliz com isso.

Respirei fundo, preparando-me para a próxima pergunta que


estava prestes a fazer.

— Por que estou aqui? O que você quer de mim?

Ele suspirou.

— Belle. .

Ele se inclinou para frente, e eu podia dizer que ele queria


desesperadamente me tocar. Ele olhou para os travesseiros
entre nós antes de olhar para mim mais uma vez.

— Você é minha companheira.

— Sim, você disse isso. Mas o que significa?

Ele parecia hesitante em me dizer enquanto se mexia


inquieto em seu lado da cama — Significa que fomos feitos
um para o outro. Nós fomos feitos para ser um casal e nos
amarmos. Nós somos almas gêmeas.

Eu o encarei por alguns segundos. Eu acho que não entendi


o que ele quis dizer.

Grayson olhou profundamente em meus olhos. Eu senti


como se ele pudesse ver diretamente em minha alma.

— Nós somos almas gêmeas.


— O que você quer dizer? Isso não faz sentido.

— Eu sei, mas deixe-me tentar explicar. Lobos geralmente


se comprometem para o resto da vida. O compromisso para
toda a vida vale especialmente para os lobisomens.

— Todo lobisomem tem o que chamamos de 'companheira',


alguém com quem você está destinado a ficar para sempre.

— Tipo. . Tipo você quer dizer — eu hesitei com minha


próxima palavra — romanticamente?

Ele sorriu.

— Você é adorável.

Corei profundamente e ele riu.

— Sim, quero dizer romanticamente. Como maridos e


esposas em termos humanos. Mais como marido e mulher à
primeira vista, porque sabemos que estamos destinados a
ficar juntos imediatamente.

— E-eu. . — Eu não sabia como responder. — E você acha


que eu sou sua companheira?

Sua expressão se intensificou.

— Eu não acho que você é minha companheira, eu sei.

Eu me afastei dele e seus olhos se estreitaram. Eu me


sentia extremamente em conflito.

Era como se metade de mim quisesse pular em seus braços


e nunca mais sair, e a outra metade quisesse correr para as
colinas.

Será que ele estava inventando tudo isso?


— Como você sabe? — Eu perguntei.

— Bem, começa com o perfume. Você sente o cheiro de seu


companheiro quando você está perto dele. É a coisa mais
incrível que você já cheirou em toda a sua vida.

Ele se inclinou para frente, respirando profundamente.

— Senti seu cheiro quando entrei naquele avião e sabia que


você era minha.

— Foi assim que você soube? — Eu perguntei cheia de


ceticismo. —

Porque eu cheirava bem?

Ele assentiu.

— Há outras coisas também. Como quando nós nos


tocamos. Saem faíscas.

Eu desviei o olhar. Ele estava falando sobre os pequenos


fogos de artifício que viajavam por todo o meu corpo
sempre que ele me tocava.

Eu os sentia.

E isso me apavorou porque isso significava que pelo menos


uma das coisas que ele estava dizendo tinha que ser
verdade.

— Belle, — Grayson disse, — Eu sei que você sabe do que


estou falando. Você sentiu as faíscas também, não sentiu?

Lambi meus lábios.

— Hum. . eu não, eu não sei. .


Ele ergueu a mão.

— Toque em mim.

Eu olhei para ele com ceticismo.

— Eu já te disse, eu não. .

— Não vou fazer nada, Belle, — Grayson interrompeu. —


Basta tocar minha mão.

Sua voz não deixou espaço para discussão, então eu


lentamente levantei minha mão e a coloquei suavemente
contra a dele.

Imediatamente minha mão começou a formigar, e a


sensação foi subindo pelo meu braço e depois desceu até os
dedos dos pés. Eu suspirei.

— Você sente? — ele perguntou enquanto entrelaçava


nossos dedos.

Eu assenti com a cabeça, surpresa com o quão bom as


faíscas eram.

Por mais louco que parecesse, havia algo mágico em seu


toque, e o que ele estava me dizendo meio que fazia
sentido.

Ele sorriu amplamente enquanto olhava para nossos dedos


entrelaçados. Seu sorriso me tirou o fôlego.

— É o nosso vínculo viajando entre nós. Você pode dizer que


nosso vínculo é forte com base na intensidade das faíscas. E
pela sua reação quando eu te toco.

Seu sorriso agora tinha um toque de malícia.


Eu imediatamente tirei minha mão da dele.

— Minha reação ao seu toque? Não tenho nenhuma reação


ao seu toque!

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Não foi você quem disse agora há pouco que não


conseguia pensar quando eu te tocava?

Minhas bochechas ficaram vermelhas. Eu realmente disse


isso, não disse?

Grayson riu.

— Está tudo bem. Eu sinto o mesmo quando você me toca.

Meus olhos se ergueram para encontrar os dele.

— Você sente?

Seus olhos se suavizaram.

— Claro que sinto. Na verdade, sei também que meus


sentimentos com relação a você são bem mais fortes do
que o que você sente por mim.

Eu sou um Alfa, então meu instinto é proteger você, amar


você e prover para você.

Eu pisquei para ele.

— Um Alfa?

— Você sabe como os lobos vivem em matilhas?

Eu concordei.
— Bem, há também um líder da matilha. É sempre o lobo
mais forte

que assume a matilha — o 'Alfa'. Eu sou o Alfa da minha


matilha.

Troquei meu peso de lado.

— Você é o lobo mais forte de sua matilha?

— Sim. E minha matilha é provavelmente a mais forte do


mundo. Eu assumi como Alfa aos dezesseis anos, depois de
lutar contra o Alfa anterior e vencer.

— Mas eu e as pessoas ao meu redor sabíamos que


provavelmente eu me tornaria um Alfa cedo, por causa do
tamanho do meu lobo e das minhas habilidades de luta e
liderança.

Fiquei um pouco intimidada com seu poder e força. Eu já


sentia que ele poderia me esmagar como um inseto, mas
agora que sabia que ele era um tipo de humano
superpoderoso, senti ainda mais medo dele.

Grayson suspirou.

— Você não tem nada com que se preocupar, linda. Eu


nunca te machucaria. Meu lobo nunca permitiria isso.

Eu ainda não tinha certeza se confiava nele.

— Então é por isso que Kyle continua chamando você de


'Alfa'?

Grayson acenou com a cabeça.

— Sim. É um termo de respeito.


— E por que ele estava me chamando de 'Luna'?

— Isso é porque você é a companheira do Alfa, e o nome


para isso é Luna. Ele nunca iria chamá-la de outra coisa.

— Então é como chamar alguém de 'Rei' ou 'Rainha'? É para


demonstrar a hierarquia de alguém? — Eu perguntei.

Ele sorriu e acenou com a cabeça.

— Sim, é exatamente assim. Você é minha rainha. — Tentei


ignorar o olhar intenso em seus olhos e o quanto meus
instintos estavam me dizendo para tocá-lo, mas estava
ficando cada vez mais difícil.

A marca de mordida em meu pescoço doía.

Isso me lembrou de outra pergunta que eu tinha:

— Por que você me mordeu?

Ele passou a mão pelo cabelo.

— Sim, eu sabia que isso aconteceria. — Ele suspirou.

— Um lobo macho vai morder sua fêmea para mostrar a


todos os outros lobos que ela pertence a ele. Quanto maior
a marca, mais alta é a classificação do parceiro da fêmea.
Sua marca é grande, — ele disse com orgulho, olhando a
marca no meu pescoço.

Eu revirei meus olhos.

— Que arrogante, não? — Sussurrei baixinho.

Quando olhei para cima, o rosto de Grayson estava bem na


minha frente. Eu podia sentir sua respiração em minhas
bochechas. Eu suspirei.
— O que foi isso, cara?

Eu balancei minha cabeça.

— N-nada, — eu gaguejei.

— Hmm. . outra coisa que você deveria saber sobre


lobisomens, amor. . — Os olhos de Grayson procuraram os
meus. — Temos uma audição incrível.

Sua boca estava tão perto da minha. Se eu me movesse


para frente, meus lábios encontrariam os dele.

Inclinei-me em direção a ele, buscando o calor de sua boca


na minha instintivamente. Mas antes que pudéssemos nos
beijar, Grayson se afastou.

Ele me olhou, presunçoso.

— Desculpe, esqueci de ficar do meu lado da cama. — Ele


se recostou nos braços. — Além disso, eu não vou beijar
você até que você me peça, lembra?

Eu olhei para ele. Não gostei desse jogo que ele estava me
forçando a jogar.

Ele riu da minha tentativa de parecer zangada.

— Me peça para te beijar, e o problema estará resolvido.

Eu zombei. Como se eu fosse fazer isso.

— Absolutamente não!

Ele encolheu os ombros.

— Você quem sabe, querida.


Eu me mexi desconfortavelmente e endureci meu olhar.

— Então você me mordeu como uma forma de reivindicar


sua propriedade?

Seu olhar viajou para cima e para baixo no meu corpo


lentamente, e ele sorriu.

— Sim. Você já era minha, mas a marca apenas consolidou


esse fato e permitiu que outras pessoas ao nosso redor
soubessem disso também.

Eu engoli em seco. Respirei fundo, me preparando para


minha próxima pergunta.

— Você nunca vai me deixar ir embora?

Capítulo 15

Belle

Os olhos de Grayson escureceram no segundo que as


palavras deixaram minha boca, e eu imediatamente recuei,
preocupada que ele se transformasse em lobo novamente.

Ele me observou de perto. Quando ele viu eu me afastar


dele, fechou os olhos e respirou fundo. Quando seus olhos
se abriram novamente, estavam de volta à sua cor normal.

— Belle, — ele suspirou. — Você não sabe porque estou com


você agora, mas se eu, por algum motivo, deixá-la ir, você
vai encontrar o caminho de volta para mim de algum jeito.

Eu balancei minha cabeça, pronta para discordar e


argumentar, mas ele continuou falando.

— Você se lembra de como se sentiu quando eu estava


longe de você ontem? Como você sentiu uma dor imensa e
quase desmaiou?

Estremeci com a memória, mas balancei a cabeça


taciturnamente.

— Agora imagine aquela dor intensificada por dez. Você


estava lá embaixo, a um andar de distância de mim, quando
isso aconteceu. Não quero nem pensar no que aconteceria
se você fosse mais longe.

— Além disso, seus instintos te diriam para voltar para mim


se eu não chegasse até você primeiro. No final, você iria. O
vínculo de companheira te forçaria a isso.

Meu coração começou a bater mais rápido.

— Eu sempre sentirei essa dor quando estiver longe de


você?

Eu vi Grayson cerrar e abrir os punhos. Eu não tinha certeza


se era de raiva ou outra coisa.

— Não. Isso vai parar. Nossos corpos vão se adaptando


lentamente para ficar longe um do outro. Mas vamos
sempre desejar a presença um do outro.

Meus ombros caíram.

— Então, eu nunca irei para casa? — Lágrimas encheram


meus olhos.

Grayson praguejou baixinho enquanto me observava. Sua


expressão me disse tudo o que eu precisava saber. Ele não
me deixaria ir.

Ele pretendia me manter perto dele para sempre. Eu chorei


mais com essa constatação.
Grayson olhou para os travesseiros entre nós.

— Ah, foda-se, — disse ele.

Ele veio em minha direção, derrubando os travesseiros em


seu caminho.

Eu levantei minha mão, parando-o.

— Não! Não, pare, por favor, eu só. . eu só, eu não posso, —


eu solucei.

Grayson gemeu.

— Belle, por favor, deixe-me tocar em você. Por favor, está


matando meu lobo ver você assim. É meu trabalho como
seu companheiro cuidar de você.

Eu olhei pra ele. Eu finalmente havia atingido meu ponto de


ruptura.

— Não me chame assim! Eu não sou sua. . sua


companheira! Não é seu trabalho fazer coisas pra mim! —
Eu gritei. Eu estava histérica. Eu não conseguia mais me
controlar.

Era tudo demais para mim.

— Belle, — ouvi Grayson rosnar. Ele se levantou, passando a


mão pelo cabelo com uma expressão de agonia no rosto.

— Eu só. . foda-se! — ele gritou e deu um soco na parede.

A sala inteira tremeu; seu punho deixou para trás um


buraco gigante.

Eu pulei para trás e chorei mais. Como eu me meti nessa


confusão?
Eu abracei meus joelhos, deixando todas as minhas
emoções fluírem.

Meu estômago embrulhou e eu senti que estava prestes a


vomitar.

Tentei ignorar, mas o latejar onde Grayson me mordeu


estava ficando insuportável.

Grayson se agachou do meu lado da cama. Ele parecia mais


calmo, mas seus olhos ainda estavam negros, o que me
assustou ainda mais.

— É a sua marca, não é, baby? Eu sei que você deve estar


com muita dor. Por favor, deixe eu fazer você se sentir
melhor.

Eu o observei enquanto as lágrimas continuavam correndo


pelo meu rosto.

Ele ergueu a mão lentamente e a trouxe para perto do meu


rosto, quase tocando minha bochecha.

Eu queria tanto que isso acontecesse, deixá-lo me tocar e


sentir as faíscas correndo pelo meu corpo.

Eu me inclinei um pouco na direção dele. Eu queria pular


em seus braços e segurá-lo para a vida toda.

A verdade é que eu não queria apenas que ele me tocasse


porque a dor pararia.

Eu queria tocá-lo, porque queria que aquele olhar agoniado


deixasse seu rosto.

Eu queria confortá-lo. . porque gostava dele.


Eu gostava do meu sequestrador. Como isso é possível?

Eu bufei.

Não, eu não poderia deixar isso acontecer. Eu não ia sentar


e desistir porque ele me contara uma história maluca.

Esse poderia ser seu mundo, mas não era o meu. Eu não
poderia ceder a esse — vínculo de companheiro.

Corri para o outro lado da cama.

— Por favor, apenas saia, Grayson, — eu chorei. — Eu só


quero ficar sozinha. — Pequenos soluços deixaram minha
boca.

Ele não se mexeu.

— Não, — ele retrucou. — Eu não vou te deixar.

Eu me sentia derrotada. Cobri meu rosto com as mãos e


chorei enquanto sussurrava: — Por favor, saia. Por favor,
apenas saia. Por favor, saia. — Eu repetia.

Eu ouvi mais palavrões saindo de sua boca e, alguns


segundos depois, ouvi passos saindo do quarto.

E foi aí que a dor realmente começou.

Capítulo 16

Belle

Os dias que se seguiram foram infernais. Eu não tinha ideia


de quanto tempo fiquei naquele quarto, me contorcendo de
dor graças à estúpida marca de mordida que Grayson
colocara em meu pescoço.
Passei a maior parte do tempo deitada na cama, gritando e
tremendo enquanto perdia a consciência e acordava por
causa da dor.

Perdi a conta de quantas vezes fiquei doente.

Eu fiquei correndo entre o banheiro privativo e a cama toda


vez que meu estômago revirava.

Eu sabia que agora estava apenas vomitando bile.

Finalmente desisti de tentar voltar para a cama e, em vez


disso, dormi no chão do banheiro.

Eu acordava gritando, enquanto onda após onda de uma


agonia imensa e latejante percorria meu corpo.

Kyle veio ao quarto algumas vezes com comida, implorando


para que eu deixasse Grayson entrar.

Depois que ele saiu, ouvi Grayson destruindo a sala de estar


do andar de baixo, quebrando coisas e discutindo com Kyle.

Era tão alto que eu só podia imaginar como estava o lindo


quarto de hotel agora.

Isso só me fez sentir melhor sobre a minha decisão de


manter Grayson à distância.

Ele não tinha controle sobre sua raiva, e eu não o queria


perto de mim. Algumas vezes eu o sentia do lado de fora da
minha porta.

Minha dor melhorava um pouquinho. Ele ficava lá por horas.


Às vezes eu ouvia seu lobo choramingando.

Isso fazia meu coração doer um pouco, mas ignorei o


melhor que pude.
Cada vez que Kyle pedia para que eu deixasse Grayson
entrar, eu

apenas repetia outra vez que não o queria perto de mim.

Eu superaria isso sozinha.

Grayson disse que a dor iria parar no final. Uma vez que
isso acontecesse, eu poderia finalmente sair daqui. Eu só
tinha que continuar lutando.

Por dias, a dor só piorou até eu me tornar uma bagunça


imóvel no chão.

Eu não conseguia comer. Eu não conseguia dormir. Não


conseguia fazer nada.

E o que deixava as coisas ainda piores era o fato de eu só


conseguir pensar em Grayson. Não importava o quanto eu
tentava parar, minha mente sempre se voltava para ele.

Eu não conseguia mais sentir se ele estava do lado de fora


da minha porta.

Eu não conseguia sentir nada além de dor.

Eu me perguntei se ele estava lá fora ou se ele havia se


esquecido completamente de mim e estava fazendo outra
coisa para passar o tempo. O pensamento me deixou triste.

Pensei em seu cabelo, seus olhos, seu queixo, sua boca.


Pensei em seu sorriso e em como era ter seus braços em
volta de mim.

Pensei em minha irrefutável atração por ele e como ele fazia


eu me sentir segura — muito mais do que me assustava.
De alguma forma, ele me fazia sentir que não estava
sozinha.

Ele foi tão gentil comigo, como se eu fosse um objeto de


vidro prestes a se quebrar. Ele me disse que sempre
cuidaria de mim.

Ele não me mostrou nada além de bondade desde que o


conheci, e ainda assim eu o rejeitei.

Quero dizer, ele me sequestrou. Ele quase matou um


homem.

Ele era enorme e forte e sem dúvida poderia me quebrar no


meio como um palito de dente. E, ah é, ele podia se
transformar em um lobo raivoso a qualquer momento.

Não posso esquecer isso.

Mas, apesar de tudo isso, eu ainda ansiava por estar ao lado


dele e

sentir sua pele contra a minha. Eu queria beijá-lo de novo —


segurar sua mão e acariciar seu cabelo.

Eu me perguntei como ele estaria se sentindo.

Deus, ele parecia tão inconsolável quando eu implorei para


ele me deixar em paz. Eu me perguntei se ele realmente se
sentia assim ou se era tudo um ato elaborado.

Ele poderia ser apenas um sequestrador fazendo jogos


mentais com sua vítima.

Mas e se eu fosse realmente sua companheira e o tivesse


mandado embora se sentindo péssimo depois que ele abriu
seu coração para mim?
Meu coração se apertou.

Eu me lembrei que não sabia se ele estava dizendo a


verdade sobre toda a coisa de companheiro.

Mas eu acho que ele tinha se transformado em um lobo na


frente dos meus olhos.

Então ele com certeza não tinha mentido sobre ser um


lobisomem.

O que era um pouco assustador quando eu parei para


pensar, mas seu lobo não tinha me machucado.

Então ele provavelmente não estava mentindo sobre eu ser


sua companheira.

E, no fundo, eu secretamente esperava que ele estivesse


dizendo a verdade, porque, primeiro, significaria que eu
realmente estava segura com meu sequestrador. Quer
dizer, o cara disse que éramos almas gêmeas. De jeito
nenhum ele realmente me machucaria.

Segundo, isso explicaria por que eu estava tão visivelmente


atraída por ele, mesmo sem conhecê-lo, e forneceria uma
explicação simples para todas as fantasias embaraçosas
que passavam pela minha cabeça desde que o conheci.

E, terceiro, quer dizer. . Você viu o cara?

Ele era incrivelmente lindo. E gentil, charmoso e protetor, e


a primeira pessoa a me fazer sentir alguma coisa além de
tristeza em muito tempo.

Oh Deus. Por que eu o fiz sair de novo?


Por que eu estava afastando a primeira coisa boa que me
aconteceu depois que meu pai morreu?

Eu me senti movendo antes mesmo de entender o que


estava fazendo.

Eu praticamente corri para a porta e a abri.

Eu era uma mulher com uma missão.

Eu não sabia onde Grayson estava, mas decidi que não iria
parar de procurar até que o encontrasse.

Quando eu saí para o corredor, porém, meus olhos


imediatamente se conectaram com os dele. Eu respirei
fundo.

Ele estava sentado contra a parede no final do longo


corredor, os joelhos dobrados.

Ele parecia exausto.

Sua barba havia crescido e estava com olheiras enormes.


Meu coração se partiu ao vê-lo.

Seus olhos se arregalaram quando ele me viu, e ele se


levantou lentamente, como se tivesse com medo de me
assustar.

Hesitante, dei um passo em direção a ele e depois outro, e


então estava praticamente correndo em sua direção.

Ele me encontrou no meio do caminho e eu lancei meus


braços ao redor de seu pescoço.

E de repente tudo estava bem.

Capítulo 17
Belle

O doce alívio da dor que eu havia enfrentado nos últimos


dias atingiu meu corpo e um soluço escapou de meus
lábios.

Grayson passou os braços firmemente em volta da minha


cintura e, em seguida, moveu-os para debaixo da minha
bunda para que ele pudesse me levantar.

Envolvi minhas pernas em volta de sua cintura e me agarrei


a ele como se minha vida dependesse disso.

— Eu sinto muito, — ele sussurrou em meu cabelo. — Deus,


eu sinto muito.

Eu balancei a cabeça para mostrar que entendia e o puxei


para mais perto.

— Eu também sinto muito, — eu sussurrei em seu pescoço.

Ele me apertou suavemente. Palavras não eram mais


necessárias.

Ficamos assim por alguns minutos, apenas nos abraçando e


inspirando um ao outro.

Foi felicidade pura, e eu queria que nunca acabasse.

Mas então Grayson se moveu. Eu entrei em pânico. Ele iria


me colocar no chão? Ele iria me deixar de novo?

Grayson deve ter percebido meu pânico porque acariciou


suavemente minhas costas enquanto caminhava.

— Shh. ., — disse ele. — Estou aqui.


Ele me carregou passando pelo quarto em que passei os
últimos dias e para o cômodo ao lado dele.

Sem me soltar, ele fechou a porta e nos levou até a cama.

Ele nos deitou de modo que ficássemos de lado, um de


frente para o outro, nossos corpos entrelaçados.

Nossas testas se tocaram e, por um tempo, apenas nos


olhamos.

Nossa respiração entrou em sincronia e tudo parecia tão. .


correto.

Depois de algum tempo, levantei minha mão para tocar as


manchas escuras sob seus olhos.

— Quando foi a última vez que você dormiu? — Eu


perguntei a ele.

Ele encolheu um pouco os ombros.

— Provavelmente na última vez que você dormiu.

Eu franzi minha sobrancelha.

— Eu dormi muito nos últimos dias.

Ele me puxou para mais perto, estreitando seu aperto em


mim.

— Não, você desmaiou. E nunca foi por apenas alguns


minutos. Há uma diferença entre desmaiar e dormir.

— Como você sabia que eu desmaiei?

— Porque eu senti. Eu senti tudo o que você passou.


— Sentiu? — Eu perguntei, surpresa.

Ele balançou a cabeça lentamente e passou o polegar pela


minha bochecha.

— Nosso vínculo é mais intenso do que o comum para um


casal de lobisomem. Não tenho certeza do motivo. Eu posso
sentir suas emoções com mais intensidade. Normalmente,
isso não acontece até que você tenha concluído o processo
de união.

Estremeci quando ele colocou a mão sob a minha camisa e


fez carinho nas minhas costas.

— Será que eu quero saber qual é o processo de união?

Ele sorriu ligeiramente.

— Eu provavelmente não sou a melhor pessoa para te dizer.


Mas eu prometo que você vai aproveitar cada segundo.
Você vai me implorar para continuar.

Seus olhos vagaram entre nós, passeando pelo meu corpo.


Ele lambeu os lábios, faminto.

Eu zombei e empurrei seu ombro levemente. Ele rosnou de


brincadeira e me segurou com mais força contra ele. Seus
dentes morderam minha orelha.

— E-então, hum, — eu gaguejei quando ele se inclinou para


trás para

olhar para mim. — O processo de união. Isso, uh, tem a ver


com, hum —

eu limpei minha garganta um pouco — isso?

Os olhos de Grayson brilharam com diversão.


— Você quer dizer sexo, cara? — Minhas bochechas coraram
em um vermelho escuro. Eu acenei com a cabeça.

Grayson lambeu os lábios e sorriu.

— Sim. Tem a ver com muito e muito sexo.

Sua voz estava mais grave do que o normal, e percebi que


seus olhos estavam lentamente ficando mais escuros
quanto mais falávamos sobre o assunto.

Eu me mexi, desconfortável com o pensamento de Grayson


e eu fazendo sexo.

Ele percebeu que eu estava me afastando dele e


imediatamente me puxou para mais perto.

— Nuh-uh, você não vai fugir de mim. Eu não me importo o


quão nervosa o sexo te deixa.

Eu olhei para todo o lugar, menos seus olhos. Ele não sabia,
mas eu nunca tinha feito sexo antes. Só não tive tempo
para namoro quando meu pai adoeceu.

A ideia de fazer sexo pela primeira vez com alguém que


parecia tão experiente quanto Grayson fez meu estômago
embrulhar.

A mão de Grayson encontrou meu queixo e ele levantou


minha cabeça até meus olhos encontrarem os dele.

— Você não tem nada com o que se preocupar, linda. Nada


vai acontecer até que você esteja cem por cento pronta e
confortável. E ainda assim, vou cuidar de você. Eu sempre
vou cuidar de você.
Eu relaxei um pouco, embora a ideia ainda me deixasse
nervosa.

Ouvindo suas palavras, eu queria derreter em uma poça.

Ele pressionou sua testa contra a minha novamente, e


ficamos assim por um tempo. Foi interessante olhar em
seus olhos negros. Era como se eles estivessem me
sugando.

Eu me encontrei estendendo a mão e segurando seu rosto.


Corri o polegar sob seus olhos.

— Esse é o seu lobo? — Eu perguntei baixinho.

Grayson colocou a mão sobre a minha e virou a cabeça para


beijar minha palma suavemente.

— Sim.

— Você vai se transformar em um lobo agora?

— Não, não se preocupe com isso. Ele está apenas


observando você.

Quer dizer, ele está sempre olhando através dos meus


olhos. Ele está mais presente agora porque você está tão
perto.

Eu continuei a olhar em seus olhos enquanto o preto girava


ao redor de sua íris como uma névoa.

Era hipnotizante.

— O que ele está fazendo agora?

— Ele está se preocupando com você. Ele não gosta de ver


você tão triste. Ele também continua me lembrado do fato
de que você não come ou dorme há dias. Ele está com raiva
de mim por não cuidar de você.

— Ele pode falar com você?

Grayson balançou a cabeça.

— Não. Ele não fala. Afinal, ele é um lobo. Mas, de alguma


forma, nos entendemos. Nós somos o mesmo ser. Meu lobo
sou eu tanto quanto eu sou ele.

— Huh, — eu suspirei, intrigada com tudo o que Grayson


estava dizendo. Era tudo muito interessante.

— Ele gosta que você esteja curiosa sobre ele. Ele gosta de
cativar a sua atenção.

— Sério?

— Sim, você o deixa muito feliz. — Ele colocou uma mecha


de cabelo atrás da minha orelha. — Você nos deixa muito
felizes.

Eu não tinha certeza de como responder, então apenas


fiquei quieta.

— Belle — Grayson disse, — preciso que você saiba o


quanto lamento por tudo o que você passou desde que me
conheceu. Eu sei o quão assustador e angustiante tudo isso
tem sido para você.

Ele apertou minha cintura.

— E o que é ainda pior é que eu sou a causa de toda a sua


angústia.

Me mata ver você tão chateada. Eu gostaria de ter feito


tudo isso de maneira diferente.
— Foram apenas as circunstâncias em que nos conhecemos
que tornaram tudo isso tão difícil. Apenas saiba que nunca
deveria ser assim.

Eu sinto muito mesmo.

Ele parecia carregar tanta dor — como se ele fosse desabar


a qualquer momento.

Eu me inclinei mais para ele. Então eu parei por um


momento.

O que estou fazendo?

Percebi que queria consolá-lo.

Quanto mais tempo eu passava com Grayson, menos medo


eu sentia.

Na verdade, eu estava começando a confiar nele.

Por mais estranho que parecesse, confiar nele parecia


natural. Parecia fácil.

É como estar em seus braços.

E deitada ali, tão perto de Grayson, não havia nada que eu


quisesse mais do que apenas estar com ele.

— Eu também sinto muito, — eu sussurrei.

Ele franziu as sobrancelhas.

— Por que você está pedindo desculpas?

Suspirei.
— Eu nunca te dei uma chance. Eu estava com medo e me
recusei a ouvir. Mesmo depois de você ser tão doce comigo,
eu me recusei a ouvir.

Grayson sorriu ligeiramente.

— Por mais feliz que eu esteja ouvindo isso, você tinha todo
o direito de estar com medo. Eu não conseguiria imaginar
estar no seu lugar.

Seu polegar começou a traçar círculos ao redor do osso do


meu quadril enquanto ele me segurava pela cintura.
Aproximei-me mais dele.

— Você estava certo, — eu disse.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Sobre o que? — Eu olhei profundamente em seus olhos.

— Eu encontrei o caminho de volta para você.

Seu sorriso se alargou até tomar conta do rosto inteiro.

Ele não disse nada, apenas me puxou para mais perto,


colocando sua testa contra a minha.

Ele esfregou suavemente o meu nariz e cantarolou,


contente.

Eu inspirei sua essência e me deliciei com a sensação de


estar em seus braços.

— Grayson? — Eu perguntei depois de alguns minutos.

Ele ergueu uma sobrancelha em resposta enquanto suas


mãos continuavam a dançar na minha pele.
— Podemos, hum, podemos tentar algo?

Ele parou por um momento.

— O que você quer tentar, baby?

Respirei fundo e olhei profundamente em seus olhos. Tão


intensos enquanto ele esperava que eu falasse.

— Hum. . eu, um, bem, podemos. .?

Ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos.

Ele deu um aperto suave, me dizendo para continuar.

— Deixa pra lá, — eu soltei.

— Bem, isso não vai funcionar, — disse Grayson. Ele se


moveu, de modo que seu rosto estava pairando apenas
alguns centímetros acima do meu.

Ele colocou a mão na minha cintura.

— Fale.

Eu balancei minha cabeça.

— Não. Não é importante.

Sua mão vagou sob minha camisa. Tentei impedi-lo, mas ele
disse: —

Você sente cócegas, linda?

Eu fiquei boquiaberta com ele. Ele estava planejando fazer


cócegas em mim?

— Eu não sinto cócegas, — eu disse rapidamente.


Ele se inclinou até que seus lábios roçassem minha orelha.

— Eu posso sentir quando mente, baby, — ele sussurrou. —


Apenas me diga o que você ia dizer e eu não farei nada.

— Sério, não importa! Eu prometo!

— Eu não acredito em você, — afirmou.

Ele moveu seus dedos contra minha pele de uma forma que
me fez rir histericamente. Eu me contorci e agarrei suas
mãos, mas ele continuou fazendo cócegas sem piedade.

— Pare! — Eu gritei entre risos. — Grayson, pare!

— Apenas me diga o que você ia dizer e eu paro!

— Não, não! — Eu ri. — Eu não vou te dizer! — Tentei


empurrá-lo para longe de mim, mas ele não se moveu.

Ele riu comigo.

— Apenas me diga! — Ele começou a me fazer cócegas com


mais força, e quase fiz xixi nas calças de tanto rir.

— Está bem, está bem! — Eu finalmente desisti. — Eu ia


pedir para você me beijar!

Grayson imediatamente parou e se recostou.

Eu coloquei a mão sobre minha boca. Eu não podia acreditar


que tinha acabado de dizer isso.

— O que? — Grayson perguntou em estado de choque.

Eu não conseguia nem olhar para ele. Eu estava


mortificada.
— Bem, eu, um, eu não quis dizer que eu, você sabe, queria
que você me beijasse, eu só, um. .
O rosto de Grayson estava de repente bem na minha frente.

— Graças a Deus, — ele sussurrou.

E aí ele me beijou.

Capítulo 18

Belle

Os lábios de Grayson se moveram contra os meus, suaves


como seda. Um resmungo de satisfação escapou de sua
garganta enquanto ele se movia para ficar entre minhas
pernas.

Ele passou as mãos para cima e para baixo em meus lados,


acendendo faíscas intensas que percorreram todo o meu
corpo.

Passei meus braços em volta do seu pescoço, emaranhando


meus dedos em seu cabelo. Ele colocou as mãos sob a
minha camisa e a levantou.

Eu imediatamente me afastei e agarrei suas mãos para


fazê-lo parar.

— Desculpe, — eu disse.

Ele também se afastou e olhou para mim. Ele sorriu


levemente e esfregou seu nariz contra o meu.

— Está tudo bem, linda. Não estou com pressa.

Soltei um suspiro de alívio e me recostei na cama.

— Obrigada, — eu sussurrei.
Grayson sorriu e se deitou ao meu lado. Ele me moveu para
que ficássemos de frente um para o outro novamente e
passou os braços firmemente em volta de mim. Ele esfregou
o rosto no meu pescoço.

— Estou tão feliz que você esteja se sentindo melhor. Doeu


aqui dentro saber o quanto de dor você estava sentindo e
saber que era tudo minha culpa.

Eu concordei. Eu segurei sua mão e brinquei com seus


dedos. Segui as linhas de sua palma suavemente com
minhas unhas e sorri quando ele estremeceu e me puxou
para mais perto.

— Não foi tudo culpa sua. — Pressionei meu rosto em seu


peito, sentindo minhas bochechas esquentarem com minhas
palavras. Eu não conseguia acreditar no que estava
dizendo. — Eu estava sendo teimosa.

Eu só estava com medo. Mas. .

Ele segurou meu rosto com as mãos, me virando para olhar


para ele.

— Mas. .? — Ele me incentivou a continuar.

Suspirei enquanto olhava em seus lindos olhos verdes. Eu


me contorci nervosamente.

— Mas. . eu meio que gosto de você?

Seus olhos brilharam negros por um segundo quando um


enorme sorriso apareceu em seu rosto.

— Você gosta?
Essa não era a resposta que eu queria. Eu esperava que ele
retribuísse meus sentimentos, não zombasse deles. Enterrei
meu rosto em seu pescoço e gemi.

— Ei, ei, ei, — ele riu, esfregando minhas costas. — Belle,


olhe para mim. — Eu balancei minha cabeça. — Belle, baby,
olhe para mim. — Ele apertou meu lado ligeiramente.

Eu lentamente levantei minha cabeça de seu pescoço e


olhei para ele.

Ele sorriu e colocou a mão sob meu queixo, então levantou


meu rosto e depositou os lábios sobre os meus.

Ele moveu sua boca lenta e suavemente, deixando suas


ações falarem.

Eu podia sentir sua paixão no beijo. . luxúria e. . amor? Eu


gemi baixinho.

Ele se afastou e olhou para mim mais uma vez.

— Estou tão feliz em ouvir você dizer isso, Belle. E acredite


em mim, o sentimento é mais do que mútuo.

Respirei fundo e balancei a cabeça nervosamente.

— Ok, — eu me ouvi dizer.

Ok? OK? Foi assim mesmo que você respondeu, Bel e? Ugh.

Grayson deu uma risadinha.

— OK.

Antes que eu pudesse dar uma resposta melhor, ele colocou


seu rosto no meu pescoço, arrastando beijos de boca aberta
para cima e para baixo.
E quero dizer beijos de boca aberta com a língua. Eu
estremeci e engasguei.

Lambi meus lábios.

— Grayson? — perguntei trêmula.

— Mmm? — ele murmurou, nunca tirando os lábios do meu


pescoço.

— Hum. . — Limpei minha garganta. Ele estava sendo uma


enorme distração. — Posso te perguntar uma coisa?

— Mmm. ., — ele repetiu. Seus lábios estavam agora na


minha mandíbula.

Eu sorri um pouco.

— Você vai parar de me beijar para que eu possa falar? —


Eu empurrei seus ombros ligeiramente.

Ele sorriu contra minha pele e beijou todo o caminho até


minha orelha. Ele deixou um beijo lá e então sussurrou: —
Gata, se dependesse de mim, eu nunca iria parar de te
beijar.

Algo em meu estômago apertou. Eu me contorci em seus


braços.

Ele gemeu alto.

— Deus, eu posso sentir seu perfume e você cheira tão. .

Ele fez uma pausa. Ele colocou sua testa contra a minha e
eu percebi que seus olhos estavam pretos novamente.

— Tão bem, — ele terminou.


Ele me beijou mais uma vez, desta vez com mais força. Eu
suspirei contente e pressionei meu corpo contra o dele.

Ele se ergueu para ficar acima de mim e entre as minhas


pernas.

Ele agarrou as laterais das minhas coxas e as moveu até


que minhas pernas estivessem enroscadas em sua cintura.

Nossos corpos se moviam em sincronia, como se fôssemos


ímãs, nos aproximando e nos repelindo. Grayson fez minha
cabeça girar e todo o meu ser começou a arder como nunca
antes.

E então, de repente, seus lábios não estavam mais nos


meus.

Eu choraminguei e tentei segurar seu corpo e trazê-lo para


perto para o meu, mas ele se sentou e passou a mão pelo
cabelo enquanto mantinha os olhos em mim.

Eu lancei a ele um olhar questionador.

Tenho certeza de que estava uma completa bagunça — meu


cabelo

oleoso e emaranhado por não lavar ou escovar há dias,


olheiras, meu peito arfando.

Ele praguejou baixinho, olhando para mim com seus


intensos olhos negros.

— Isso está ficando difícil.

Eu me encolhi com seu comentário.

Eu sabia que ele achava que eu estava nojenta. Ele


provavelmente podia sentir o cheiro de todo o suor e vômito
que saiu do meu corpo nos últimos dias, especialmente com
seu olfato aguçado de lobo.

— Oh, — eu sussurrei. Sentei-me e me movi até que minhas


costas estivessem contra a cabeceira da cama. — Desculpe,
eu não tomo banho há algum tempo.

Ele riu alto, algo que estava se tornando música para meus
ouvidos.

Parecia que tudo estava em seu lugar no mundo, desde que


Grayson continuasse rindo.

Ele se moveu lentamente em minha direção e agarrou meus


tornozelos.

Ele puxou meu corpo em direção a ele com força suficiente


para me deitar na cama. Soltei um gritinho de surpresa.

Ele voltou para cima de mim e colocou as mãos em cada


lado da minha cabeça.

— Não foi isso o que eu quis dizer, minha doce, doce Belle.
Você nunca poderia cheirar mal para mim, mesmo se
estivesse coberta de lixo,

— disse ele.

— O que eu quis dizer é que está se tornando difícil não


devorar você aqui, agora. Você está dificultando bastante as
coisas.

Suas palavras eram tão intensas, combinando com o ardor


de seus olhos. Ele roçou o polegar nos meus lábios.

Espere, ele está falando sobre sexo? Ele quer fazer sexo
comigo? Oh Deus, acho que é o que ele quis dizer. Oh Deus.
Oh Deus. Oh Deus.

— Oh, — eu disse. — Eu sinto muito.

Ele sorriu.

— Você não tem nada para se desculpar. Eu tenho


autocontrole. Só

preciso tomar alguns banhos gelados. Eu me viro.

Eu balancei a cabeça lentamente e engoli. Ele se sentou ao


meu lado e gemeu.

— Você vai ser a causa da minha morte, Belle. — Ele olhou


para mim e passou o braço em volta da minha cintura.

— Por que você não me diz o que queria perguntar?

— Oh, um, — eu ri um pouco, grata pela mudança de


assunto. — Na verdade, eu ia perguntar se poderia tomar
um banho. Eu me sinto muito nojenta.

Grayson fez uma careta.

— Mas então eu tenho que deixar você sair de meus braços,


— ele resmungou.

Eu ri.

— Sim. Sinto muito. — Tirei o braço dele da minha cintura.

— Mas, sério, preciso fazer isso. Não tomo banho desde


antes de vir para Paris.

Grayson gemeu
— Está bem, está bem. Mas, por favor, seja rápida. Não sei
quanto tempo vou aguentar antes de arrombar a porta. E
meu lobo quer mesmo que você durma.

— Eu prometo serei rápida, — concordei. Eu também não


queria ficar longe dele.

Eu fugi em direção ao pé da cama.

Eu parei por um momento antes de me levantar. Eu respirei


fundo para criar coragem e rapidamente fiz o caminho de
volta para Grayson.

Dei um beijo rápido em sua bochecha e me afastei dele


antes que ele pudesse ver meu rosto ficar vermelho.

Grayson rosnou do fundo de seu peito.

— Você não está facilitando as coisas, Belle.

Eu sorri enquanto me levantava, orgulhosa do efeito que


tinha sobre ele. Eu me sentia muito realizado.

— Eu sei, — eu disse.

Ele rosnou de novo e eu ri.

Eu caminhei até a porta do banheiro feliz. Mas logo antes de


entrar, olhei de volta para Grayson.

Ele ainda estava deitado na cama com um braço atrás da


cabeça.

Ele me olhava com aquele olhar satisfeito e preguiçoso em


seu rosto, como se ele não tivesse nenhuma preocupação
no mundo inteiro Ele levantou uma sobrancelha quando eu
não entrei no banheiro.
— O que é?

Mudei meu peso ligeiramente, brincando com a bainha da


minha camisa.

— Eu. . — Devo dizer isso? Provavelmente não.

— Eu não acho que estou pronta para ficar longe de você.

Eu imediatamente encarei o chão, evitando seu olhar.

Eu ouvi ele se levantar e vir em minha direção. Quando ele


parou na minha frente, colocou os dedos embaixo do meu
queixo e levantou minha cabeça para que eu olhasse para
ele.

Seus olhos eram os mais escuros que eu já tinha visto.

— Então vamos tomar um banho.

Capítulo 19

Belle

Grayson pousou a mão em minhas costas e me empurrou


na direção do banheiro.

— Grayson, não! Não foi isso que eu quis dizer! Não vamos
tomar banho juntos!

Grayson ficou em silêncio enquanto caminhava até o


chuveiro e o ligava. Ele se voltou para mim e colocou as
mãos em cada lado do meu rosto.

— Podemos ficar com as nossas roupas íntimas se isso te


deixar mais confortável.
Ele se abaixou para brincar com a barra da minha camisa,
nunca tirando os olhos dos meus.

Eu empurrei sua mão.

— Não! Eu não vou tomar banho com você!

Ele passou os braços em volta de mim e gentilmente me


trouxe para perto de seu corpo. Ele se inclinou e deixou um
beijo na minha orelha.

— Só me deixe cuidar de você. Por favor.

Meu coração derreteu. Eu respirei fundo.

— Eu. . bem, eu. . — Suspirei, sentindo-me derrotada.

— Não consigo pensar em nenhuma desculpa. Mas vou ficar


com a minha roupa íntima e você também!

Ele sorriu e deu um beijo rápido em meus lábios.

Então, sem desviar o olhar de mim, ele tirou minha camisa e


empurrou minhas leggings para o chão.

Eu saí do meio delas, vestindo apenas meu sutiã e calcinha,


então olhei para Grayson. Eu me senti vulnerável enquanto
seus olhos percorriam meu corpo.

Eu podia sentir as faíscas familiares em todos os lugares em


que eles tocavam.

Tentei me sentir confiante e me manter firme, mas quanto


mais tempo eu ficava ali com ele me olhando, mais insegura
eu me sentia.

E se ele não gostasse da minha aparência?


Eu passei meus braços em volta do meu estômago e meus
ombros caíram. Não era justo que eu estivesse na frente
dele praticamente nua enquanto ele ainda estava
totalmente vestido.

— Ei, ei, ei. Nada disso.

Ele agarrou minhas mãos e as empurrou de volta ao meu


lado, segurando-as lá.

— Nunca faça isso comigo, Belle. Entendeu? Não comigo.

Seus polegares roçaram minhas palmas.

Eu acenei com a cabeça, ainda me sentindo incrivelmente


pequena na frente dele.

Ele beijou minha testa e então apoiou o queixo no topo da


minha cabeça.

— Você pelo menos sabe o quanto você é linda, Belle? — ele


sussurrou.

Eu não respondi. Eu não sabia como.

— Como diabos eu tive tanta sorte?

Um rubor intenso subiu pelo meu pescoço. Eu tinha certeza


de que parecia um tomate.

Grayson soltou uma risadinha.

— Eu acho que nunca vou enjoar desse seu rubor inocente.

Isso só me fez corar mais.

Eu dei um passo para longe dele e coloquei uma mecha de


cabelo solta atrás da minha orelha, tentando controlar meu
nervosismo.

— Podemos, por favor, apenas tomar banho agora? — Eu


perguntei.

Grayson riu.

— Essas palavras saindo da sua boca são como música para


os meus ouvidos.

Revirei os olhos e empurrei seu ombro.

— Só tira a roupa!

— Oh, essas palavras são ainda melhores. — Grayson


balançou as sobrancelhas sugestivamente.

Eu gemi.

— Ok, já chega! Pode sair. Vou tomar banho sozinha. —


Passei por ele, tentando ir para o chuveiro.

Ele agarrou meu pulso e me puxou de volta para seu peito.

— Ok, ok, — disse ele. — Sem mais piadas, eu prometo.

Eu estreitei meus olhos. — Mais uma e você vai ficar lá fora.

Ele ergueu as mãos em sinal de rendição. Ele então trouxe


lentamente as mãos até a abertura da calça de moletom e
puxou os cordões.

Meus olhos se arregalaram e eu imediatamente me virei.

— Belle, — Grayson disse através de uma risada. — Você


pode olhar se quiser. Meu corpo é seu tanto quanto o seu
corpo é meu. Olhe à vontade.
Eu acenei com a mão com desdém, sem me virar.

— Tudo bem, — eu disse nervosamente.

A verdade era que eu realmente queria olhar, mas o fato de


que tudo que eu queria fazer era me virar e correr meus
olhos sobre seu delicioso abdômen me assustou
profundamente.

A intensa atração que sentia por ele estava começando a


pesar em minha mente. As coisas precisavam desacelerar
entre nós — tipo muito.

Eu estava pensando nisso logo antes de entrar no chuveiro


com ele. .

Opa?

Senti suas mãos deslizarem suavemente pelas laterais da


minha caixa torácica em um movimento suave e gentil.

Um arrepio percorreu minha espinha.

Então eu senti seu hálito quente na minha nuca.

— Não sabe o que está perdendo, — ele sussurrou em meu


ouvido.

Eu arfei quando o senti se abaixar e beijar a marca no meu


pescoço.

Fechei meus olhos e instintivamente me inclinei contra ele,


inconsciente de meus próprios movimentos.

Ele passou os braços em volta da minha cintura e me


apertou.
— Belle? — ele perguntou, seu rosto ainda enterrado no
meu pescoço.

— Mmm? — Eu disse sem fôlego.

— Você vai entrar no chuveiro?

— Oh, — eu ri nervosamente. Dei um passo à frente,


colocando alguma distância entre nós. — Sim.

Fui até o chuveiro e me inclinei para ligá-lo, testando a


temperatura da água com a mão antes de entrar embaixo
do jato. A água quente estava maravilhosa e eu gemi
quando meus músculos relaxaram.

Eu ouvi Grayson se mover em minha direção.

— Espera, — eu disse antes que ele entrasse no chuveiro.

Eu me virei para olhar para ele. Eu mantive meu olhar


acima de seu pescoço, recusando-me a deixar meus olhos
percorrerem seu corpo delicioso. Ele ergueu uma
sobrancelha em sinal de interrogação.

— Isso está estranho, — eu disse.

— O que?

Bufei, irritada.

— Fique aí, — eu disse.

Fechei a porta de correr do chuveiro, que, felizmente, não


era transparente.

Então eu respirei fundo. .


Eu levantei minhas mãos nas minhas costas e desfiz o fecho
do meu sutiã, e então lentamente deslizei minha calcinha
pelas minhas pernas.

Eu sabia que Grayson estava me olhando através do vidro e


que ele podia ver um contorno do meu corpo porque havia
um barulho parecido com rosnado intenso vindo do lado de
fora do chuveiro.

Peguei meu sutiã e calcinha e os joguei por cima da porta


para que ficassem pendurados lá, molhados.

Eu olhei para Grayson através do vidro. O contorno de seu


corpo estava se mexendo, e eu podia ouvir sua respiração
profunda e acelerada.

— Então? — Eu perguntei. Minha voz tremia um pouco, mas


tentei parecer confiante. — Você vem?

Um gemido veio do outro lado do vidro.

— Querida Deusa da Lua, me dê forças, — ele sussurrou


baixinho.

Houve um som e então observei a porta de vidro abrir


lentamente enquanto Grayson entrava no chuveiro.

Não olhei para baixo, mas sabia que ele também estava nu.
Eu engoli em seco.

Antes que seus olhos pudessem deslizar sobre meu corpo,


agarrei seu queixo e o forcei a encontrar meu olhar.

— Olhos aqui em cima, entendeu? Uma espiada e você vai


para fora.
Ele acenou com a cabeça e rosnou, seus olhos escurecendo
mais e mais a cada segundo que passava.

Observei seus olhos com cautela.

— Você vai se transformar em um lobo?

Ele riu sombriamente.

— De jeito nenhum meu lobo vai assumir o controle


enquanto você estiver molhada e nua na minha frente.

Ele pousou as mãos na minha cintura, mantendo o contato


visual.

— Além do mais, eu nunca permitiria isso.

Engoli em seco.

— Vire-se, baby, — ele sussurrou. — Me deixe cuidar de


você.

Ele me virou pela cintura e, em seguida, pressionou


suavemente minhas costas em seu corpo.

Eu engasguei quando fiz contato com a sua, você sabe, um,


coisa, e ele soltou um rosnado ensurdecedor.

Tentei dar um passo à frente, mas ele estreitou seu aperto


em mim e soltou um grunhido de advertência. Eu congelei
quando ele pegou o xampu.

— Eu consigo me lavar.

— Não. É costume na cultura do lobisomem os


companheiros darem banho um no outro. Meu lobo deseja
desesperadamente te limpar e cuidar de você. Apenas deixe
acontecer naturalmente.
Eu suspirei e balancei a cabeça.

— OK.

Notei que ele pegou o xampu masculino em vez do xampu


do hotel.

— Você deveria usar o xampu do hotel. Eu não quero ficar


com cheiro de homem, — eu disse.

— Não, — disse Grayson bruscamente. — Eu quero você


cheirando como eu, tanto quanto possível. Este é o xampu
que eu uso.

Eu balancei a cabeça novamente, sem realmente ter


energia para discutir com ele.

Ele colocou um pouco de xampu em sua mão e levou os


dedos ao meu cabelo. Ele espalhou o xampu em todo o meu
cabelo, massageando meu crânio com seus dedos.

Eu gemi alto quando toda a tensão deixou meu corpo.

Inclinei-me para o seu toque e fechei os olhos em êxtase


absoluto. Ele me moveu para enxaguar o xampu e então
repetiu o processo com o condicionador.

Então ele pegou uma barra de sabonete e ensaboou meu


corpo.

Ele massageou o sabonete em cada centímetro do meu


corpo. Eu batia em suas mãos sempre que ele tentava tocar
qualquer área que era considerada um pouco pessoal
demais.

Ele apenas ria e mordiscava de brincadeira minha orelha ou


pescoço e, em seguida, passava para outra parte do meu
corpo.

Quando ele terminou, ele me colocou debaixo do jato


d’água e enxaguou todo o sabão.

Eu me virei e olhei em seus olhos negros como breu. Ele


tocou minha bochecha suavemente.

— Você não tem ideia do quanto eu quero te beijar agora.

Troquei meu peso de lado.

— Depois que eu lavar você, — eu disse, pegando o xampu.

— Você não tem que fazer isso. Provavelmente vou precisar


de um banho frio depois disso, de qualquer maneira. — Sua
voz estava grave, muito mais rouca do que o normal.

Eu balancei minha cabeça, tentando não deixar que suas


palavras me afetassem.

Coloquei um pouco do xampu na palma da mão, esfregando


até

formar uma espuma.

Eu queria fazer por Grayson o que ele tinha feito por mim.

Estendi a mão e massageei o xampu em seu cabelo.


Grayson grunhiu em aprovação e agarrou minha cintura
com força. Sua altura tornava difícil fazer um bom trabalho.

— Você é muito alto, — eu resmunguei. — Abaixa.

Ele sorriu.

— O prazer é meu.
Ele se ajoelhou até seu rosto ficar bem na frente do meu
estômago.

Bem, não era isso que eu queria que ele fizesse.

Achei que ele fosse se apenas se curvar, então teria um


acesso melhor ao seu cabelo.

— Você não está deixando seus olhos onde eu te disse pra


deixar, —

eu disse. O vapor aqui devia ter bagunçado meu cérebro


porque eu definitivamente não estava pensando direito.

— Eu percebi, — disse ele, sem se mover um centímetro. Eu


bufei.

Por mais estranho que pudesse parecer, eu não estava com


raiva ou envergonhada por estar no banho com Grayson.

Estar tão perto dele parecia instintivo — como uma segunda


natureza.

Ele colocou as mãos em meus quadris enquanto eu


continuava a massagear seu cabelo com o xampu.
Gemendo baixinho, ele descansou a testa na minha barriga.

Ele agarrou meus quadris com mais força quando usei


minhas unhas para arranhar seu couro cabeludo.

Peguei o chuveiro removível e segurei sobre seu cabelo para


enxaguar todo o xampu. Quando eu estava prestes a
colocar o condicionador em seu cabelo, ele começou a
beijar em redor do meu umbigo.

Afastei um pouco o rosto dele.


— Pare, — eu ri enquanto ele brincava, esfregando o nariz
em volta da minha barriga. — Você está me distraindo
muito.

— Eu sei, — disse ele novamente e continuou a me beijar.

Eu bufei em aborrecimento, mas voltei a condicionar seu


cabelo.

Quando finalmente terminei, dei um passo para longe dele.


Ele rosnou.

— Levante-se para eu conseguir lavar o resto do seu corpo,


— eu pedi.

Ele fez o que eu disse, mas agarrou minha mão suavemente


antes que eu pudesse começar a ensaboar seu corpo.

— Por mais que eu adoraria ter seus dedinhos ensaboados


correndo para cima e para baixo em meu corpo, não acho
que meu lobo ou eu conseguiremos aguentar mais esta
doce tortura. Não sem fazer algo de que possamos nos
arrepender.

— Oh, — eu disse. E desviei o olhar dele, incapaz de


encontrar seu olhar terno. — OK.

Ele me deu um beijo suave nos lábios e desligou o chuveiro.

Ele saiu antes de mim e voltou com uma toalha enrolada


firmemente em sua cintura e outra na mão.

Eu fiquei lá cobrindo todas as minhas partes importantes


quando ele se aproximou de mim com uma expressão
gentil. Ele enrolou a toalha em volta dos meus ombros.

Sua mão veio e tirou meu cabelo molhado do rosto.


— Bem, esse foi o melhor banho que já tomei, — disse ele.

Eu ri.

— Claro que você diria isso. Tenho certeza que você diz isso
para todas as garotas que você traz para o chuveiro com
você.

Senti meus ombros caírem com minhas palavras. Eu não


gostava da ideia de ele estar com outras garotas.

— Não. Só com você.

Eu encontrei seus olhos. Ele sorriu.

— Que tal nos vestirmos, comermos um pouco,


descansarmos e depois darmos uma volta por Paris? Você já
esteve aqui antes?

Eu balancei minha cabeça.

— Não desde que eu era pequena e foi por apenas um dia.


Eu não consegui ver nada.

Ele abriu um sorriso radiante.

— Bem, vou te dar a melhor experiência de Paris que você


já teve.

Capítulo 20

Belle

Depois do nosso banho quente, Grayson me vestiu com


uma de suas camisas e um par de calças de moletom,
mesmo depois de eu dizer a ele que poderia usar minhas
próprias roupas.
Ele ignorou meu pedido, dizendo algo sobre se sentir melhor
comigo vestindo suas roupas.

Então ele ficou parado por vários minutos e me disse que


estava debatendo com seu lobo se deveríamos comer
primeiro ou dormir.

Eu queria dormir, então fiquei feliz quando Grayson me


levou para a cama.

Mas, honestamente, eu provavelmente teria ido dormir,


independente de ele me dizer se eu poderia ou não.

Tentei manter certa distância dele enquanto dormíamos,


mas ele não deixou.

Quando nos deitamos, ele me agarrou pela cintura e me


puxou para perto, e então eu estava deitada em seu peito.

Seus braços me envolveram com força e nossas pernas se


entrelaçaram.

Foi de longe o melhor sono da minha vida. Não que eu fosse


dizer isso a ele. Ele não precisa de um ego maior.

Acordei com a sensação de Grayson brincando com meu


cabelo enquanto eu estava deitada em seu peito.

Meu corpo inteiro zumbia com eletricidade e


contentamento.

Eu lembrei de alguns dias atrás, quando eu o conheci e


como eu fiquei absolutamente apavorada.

Eu tinha todo o direito de estar apavorada.

E eu não me arrependia de ter afastado Grayson, embora


tenha machucado nós dois mais do que eu poderia
imaginar.

Isso me deu tempo para pensar. Isso me deu tempo para


realmente

aceitar nosso vínculo e a conexão que tínhamos.

Não havia como negar o vínculo entre nós agora.

Eu estava cem por cento certa de que Grayson era meu


companheiro e que eu era a dele. Eu estava cansada de
negar. Eu inclinei minha cabeça para ele e sorri.

— Bom dia.

Ele sorriu para mim e beijou minha testa.

— Na verdade, boa tarde. São umas quatro horas da tarde


em Paris agora.

4 da tarde? Como isso é possível?

Sentei-me e olhei pela janela. Com certeza, estava escuro lá


fora.

— Oh meu Deus. Quanto tempo dormimos?

Ele encolheu os ombros, Virando-se de lado.

— Não tenho certeza. Estou feliz que você tenha


descansado. Meu lobo estava se preparando para sentar em
você novamente.

Ele estendeu a mão e colocou uma mecha de cabelo atrás


da minha orelha.

Eu ri de novo, pensando na última vez que ele fez isso: ele


quase esmagou meus pulmões.
— Bem, estou feliz que ele não fez isso.

Grayson se sentou e me abraçou novamente.

— Vem cá. Não estou pronto para deixá-la fora de meus


braços. — Ele se deitou e me levou com ele. Eu ri. Por puro
instinto, me estiquei e beijei seus lábios. Quando me
afastei, meus olhos se arregalaram quando percebi o que
tinha acabado de fazer.

— Eu não tinha a intenção de fazer isso.

Grayson rosnou e me puxou para mais perto quando tentei


me afastar.

— Confie em mim, companheira, eu não me importei nem


um pouco.

Você pode me beijar quando quiser.

Eu revirei meus olhos.

— Eu sabia que você diria isso. Você só gosta de me beijar


porque sou

sua suposta companheira.

— Mesmo se você não fosse minha companheira, menina,


eu ainda estaria extremamente atraído por você. As
pessoas só se unem quando formam um bom casal, mesmo
sem o vínculo.

— O vínculo apenas torna mais fácil nos unirmos e


sabermos à primeira vista que fomos feitos um para o outro.
Isso acelera o processo.

Seus olhos escureceram um pouco.


— Além disso, torna o sexo dez vezes melhor.

Eu engasguei e tentei empurrá-lo para longe, mas seus


braços eram como armadilhas de aço.

— Sua mente está sempre pensando em besteira?

Ele sorriu.

— Baby, você está em cima de mim, montada em mim,


vestindo minhas roupas. Como minha mente poderia não
pensar em besteira?

Eu não sabia o que dizer, mas felizmente meu estômago


respondeu por mim. Ele soltou um ronco alto. Eu corei.

Grayson riu.

— Vamos, vamos colocar um pouco de comida dentro de


você.

Enquanto descíamos as escadas, ele manteve uma mão nas


minhas costas, certificando-se de que pelo menos uma
parte dele estivesse sempre me tocando.

Nunca pensei que diria isso, mas fiquei feliz por ele manter
contato físico.

A ideia de sentir dor de novo — a dor que eu sentia quando


ele não estava por perto — me apavorava. Kyle já estava na
cozinha quando entramos. Ele sorriu para mim e mexeu as
sobrancelhas.

— Bem, é bom ver que você está se sentindo melhor, Lu. .

— Não fale com ela até ela ter comido, — Grayson retrucou,
interrompendo Kyle completamente.
Fiquei boquiaberta com ele, mas ele continuou me
empurrando em direção à mesa, onde um monte de comida
para o café da manhã estava servida, embora fosse mais
perto do jantar.

Eu parei no meu caminho e me virei para olhar para


Grayson.

— Com licença, ele pode falar comigo se quiser. Você


precisa parar de mandar nas pessoas.

Percebi que os olhos de Grayson estavam pretos


novamente. Eu soube então que provavelmente não deveria
tirar ele do sério. Sem dizer uma palavra, ele me pegou em
seus braços, estilo noiva, e me carregou para a mesa.

Ele se sentou, me mantendo em seu colo.

— Não, — disse ele. — Comida! — Ele empurrou um prato


na minha frente e acenou com a cabeça em direção a ele,
sinalizando para eu pegar um pouco. Quando eu me
contorci em seu colo, ele apertou os braços em volta de
mim e rosnou alto no meu ouvido. Eu estremeci.

Claramente, Grayson não estava com humor para


discussões.

Eu dei a Kyle um olhar de desculpas, que ele devolveu com


um encolher de ombros e um sorriso que dizia que ele
lidava com esse tipo de coisa o tempo todo.

Grayson agarrou meu queixo suavemente e moveu minha


cabeça para que eu estivesse olhando para ele.

— Não preste atenção em Kyle. Coma.

Eu revirei meus olhos.


— Mandão não é?

Grayson apertou meus quadris em advertência, e eu sorri


atrevida enquanto pegava um pouco de comida.

Eu podia sentir seu hálito quente em minha orelha enquanto


comia, e isso só fez eu me contorcer em seu colo ainda
mais.

— Amanhã vamos no melhor restaurante de Paris.

Eu olhei para ele enquanto dava uma grande mordida em


um croissant.

— Então você já esteve aqui antes?

Ele acenou com a cabeça, então agarrou meu pulso e levou


o croissant em minha mão à boca, dando uma mordida
gigante nele.

— Ei! — Eu exclamei, puxando o croissant de volta. — Pegue


seu próprio croissant!

Ele sorriu.

— Mas o da sua mão é muito mais gostoso.

Eu ouvi um barulho de engasgo vindo de trás de nós e olhei


para ver Kyle fingindo vomitar.

Grayson rosnou baixinho.

— Cuidado, — disse ele. — Você não era melhor que isso


quando conheceu Elijah.

Eu levantei minhas sobrancelhas.

— Você já conheceu seu companheiro?


Kyle acenou com a cabeça e sorriu sonhadoramente.

— Sim, uns dois anos atrás. O nome dele é Elijah.

Meu coração derreteu um pouco com a expressão de Kyle.


Fiquei feliz em vê-lo feliz. Eu me perguntei se Grayson
sentia, ou se sentiria, da mesma forma por mim.

Ou se algum dia eu me sentiria assim com relação a


Grayson.

Grayson colocou o queixo em meu ombro e se serviu com


um pouco de café.

— Para responder à sua pergunta, Kyle e eu vamos a Paris


uma vez por ano para a Conferência Alfa anual.

— Kyle é meu gama, meu terceiro em comando, então ele


me acompanha. Meu beta, ou segundo em comando,
Adalee, fica para trás com o bando. Ela fica de olho nas
coisas enquanto estamos fora.

— Paris tem a maior comunidade de lobisomens do mundo,


então faz sentido que a maioria dos alfas de todo o mundo
se encontre aqui. — Ele sorriu um pouco.

— É provavelmente por isso que todo mundo diz que as


pessoas de Paris têm a reputação de serem tão más.

Eu ri.

— Isso é realmente hilário. — Comecei a brincar com


algumas frutas, então parei. — Quanto tempo vocês vão
ficar?

Kyle falou desta vez:


— Era para ficarmos por apenas dois dias. — Ele olhou para
Grayson.

— Mas alguém tem nos forçado a ficar.

— Ele está apenas rabugento porque nunca esteve longe de


seu companheiro por mais de cinco minutos, — disse
Grayson.

— Claro que estou rabugento! Você gostaria de ficar longe


de Belle por duas semanas?

Grayson rosnou com suas palavras e me segurou contra seu


peito.

— Mmm, foi isso o que eu pensei, — Kyle murmurou.

— Espere, duas semanas? Não, não, não! — Eu me afastei


de Grayson e me levantei.

— Eu deveria estar em Paris por apenas cinco dias! Eu


tenho um trabalho para o qual preciso voltar! Tenho amigos
que ficarão preocupados comigo!

— Belle, venha aqui, — disse Grayson. Ele manteve os


braços abertos, ainda sentado, gesticulando para que eu me
sentasse em seu colo.

— Vamos, vai te ajudar a se acalmar — você sabe que vai.


— Eu olhei para ele com cautela. Seus braços abertos
assim, me dando boas-vindas, eram tão tentadores que eu
não pude deixar de ceder.

Eu praticamente pulei em seus braços e enterrei meu rosto


em seu pescoço, absorvendo todo o conforto que ele
poderia dar.
— Eu preciso ir para casa, — eu sussurrei.

— Eu sei. E você vai. Eu vou te levar para casa em breve, eu


prometo.

Mas vamos ficar mais uma noite em Paris e você vai gostar
de estar aqui sem se preocupar com a hora de voltar para
casa.

Eu levantei meu rosto de seu pescoço.

— Grayson, eu tenho um trabalho para ir. Tenho aluguel a


pagar. Eu preciso ir para casa agora, — eu disse meio em
pânico.

Grayson passou a mão para cima e para baixo nas minhas


costas de uma forma reconfortante.

— Eu vou cuidar de tudo. Eu tenho muito poder que você


desconhece. Qualquer problema que você possa ter quando
voltarmos será resolvido. Eu prometo.

— O que você quer dizer? Como você poderia. .

— Apenas confie em mim, linda. Eu vou cuidar de você.


Você não tem nada com o que se preocupar. Mais um dia
em Paris, é tudo o que peço.

Amanhã eu quero fazer você se apaixonar por esta cidade.

Respirei fundo enquanto olhava em seus olhos que


pareciam tão sinceros.

Eu tinha responsabilidades para as quais precisava voltar.


Eu estava me sustentando — não tinha mais ninguém para
fazer isso por mim. Eu tinha que manter um teto sobre
minha própria cabeça agora que meu pai se foi.
Mas eu não pude deixar de confiar nas palavras de Grayson.

Suspirei.

— OK. Mais um dia. Mas depois de amanhã, eu preciso estar


em um avião de volta para casa.

Grayson sorriu.

— Ótimo. Agora coma um pouco mais. — Ele me virou em


seu colo, então eu estava de frente para a mesa
novamente. Revirei os olhos com seu tom mandão, mas fiz
o que ele me disse.

— Então de onde vocês são? — Eu perguntei através da


minha boca cheia de um folhado delicioso.

— Minnesota, — disse Grayson enquanto tomava um gole


de café. —

A parte norte, bem dentro da floresta.

— Eu também sou de Minnesota! — Eu disse.

Grayson acenou com a cabeça.

— Percebi isso, já que ambos estávamos no aeroporto de


Minneapolis-Saint Paul. Que parte de Minnesota?

Eu abri minha boca para dizer a ele, mas me contive. E se


eu finalmente mudasse de ideia e decidisse que queria ir
embora? Então eu definitivamente me arrependeria de
contar a ele.

Eu era de Minneapolis, mas decidi que não diria isso a ele.

— Winona, — eu disse, deixando escapar a primeira cidade


que me veio à mente. — Fica no sul.
Grayson estreitou os olhos, mas acenou com a cabeça.
Poderia ele saber que eu estava mentindo?

— Então, estamos de quatro a cinco horas de distância um


do outro,

— ele determinou.

Eu desviei o olhar e continuei a comer minha comida


nervosamente.

— É, acho que sim.

A mão no meu quadril se apertou como se Grayson quisesse


me questionar, mas ele não disse mais nada.

Continuamos a comer em um silêncio constrangedor.

Kyle finalmente se sentou e comeu conosco quando


Grayson decidiu que eu provavelmente não conseguiria
terminar a quantidade enorme de comida na mesa.

Assim que terminei o café, inclinei-me para trás, me


apoiando no peito de Grayson e esfreguei meu estômago
cheio.

O peito de Grayson retumbou atrás de mim e ele se inclinou


para beijar o topo da minha cabeça.

— Você está pronta para uma noite em Paris?

Capítulo 21

Belle

— Então, para onde estamos indo? — Perguntei a Grayson


quando saímos do saguão do hotel.
— Bem, primeiro precisamos de um táxi, — ele disse. Ele
caminhou na direção da rua e chamou um táxi com
facilidade.

— Espere, por que nós simplesmente não caminhamos? É


uma noite muito agradável.

Grayson abriu a porta do táxi para mim.

— Estamos com a agenda apertada, amor. — Ele fez sinal


para que eu entrasse.

Não vendo o ponto para discutir, entrei no carro e Grayson


entrou atrás de mim. Ele tinha um plano.

O motorista nos disse algo em francês, que presumi ser ele


perguntando para onde estávamos indo.

Pegando-me de surpresa, Grayson deu-lhe a localização no


que parecia ser um francês perfeito.

— Você fala francês? — Eu perguntei a ele, chocado.

— Sei falar vários idiomas, — respondeu ele, como se não


fosse grande coisa. — É normal que um Alfa aprenda a falar
línguas diferentes.

Isso torna mais fácil a comunicação com outras matilhas ao


redor do mundo.

Eu balancei a cabeça e rapidamente alcancei o cinto de


segurança enquanto o carro se afastava do meio-fio. Como
diabos uma pessoa podia ser tão perfeita?

Ele era bonito, forte, gentil e inteligente. O que diabos ele


possivelmente vê em mim?
Antes que eu pudesse afivelar o cinto de segurança,
Grayson envolveu meus ombros com seu braço musculoso e
puxou meu corpo para o dele.

Ele acariciou meu cabelo.

— Você vai sentar aqui. Ainda não estou pronto para ficar
longe de você.

— Tem literalmente menos de trinta centímetros entre a


gente.

Grayson encolheu os ombros.

— Muito longe.

Decidi não discutir, em vez disso me acomodei contente no


peito vasto de Grayson e observei as belas ruas de Paris
passarem pela janela.

Enquanto estávamos a caminho do nosso destino, o


motorista ficava nos olhando pelo retrovisor sempre que
possível.

Eu me contorci, desconfortável.

Eu não tinha certeza do porquê dele estar nos observando,


mas ele parecia extremamente interessado em tudo o que
estávamos fazendo.

Grayson estava muito ocupado brincando com meu cabelo e


esfregando minha perna para notar. Mas ele imediatamente
enrijeceu quando viu meu desconforto. Ele seguiu meu olhar
até o motorista.

Seus olhos se estreitaram e ele soltou um rosnado


estrondoso que me fez estremecer.
O motorista respirou assustado e rapidamente desviou o
olhar, mantendo os olhos grudados na rua pelo resto da
viagem.

Assim que saímos do táxi, me virei para Grayson e cutuquei


seu peito.

— Você precisa parar de rosnar para as pessoas.

Grayson passou um braço em volta do meu ombro e me


guiou rua abaixo. Ele bufou.

— Eu tenho que ser o único que pode olhar para você.

— Era realmente por isso que ele estava olhando para nós?

Ele suspirou.

— Não. Por mais bonita que você seja, tenho certeza que ele
estava apenas curioso sobre a garota no braço do Alfa. Ele
provavelmente estava se perguntando se você era minha
companheira. Seria um negócio sério se descobrissem que
encontrei minha companheira.

— Ele era um lobisomem? — Eu perguntei, em estado de


choque.

— Sim. Como eu disse antes, Paris tem uma das maiores


populações

de lobisomens do mundo.

— Sim, eu ainda estou tentando entender. Isso é loucura. E


ele sabia quem você era?

Grayson sorriu.
— Não quero me gabar nem nada, mas seu companheiro é
um tipo muito importante no mundo dos lobisomens.

Eu revirei meus olhos.

— Parece que ele também é humilde.

Ele rosnou de brincadeira na minha orelha, mordiscando-a


suavemente. Eu ri.

Ele parou na frente de uma loja de bebidas chique e abriu a


porta para mim. Eu dei a ele um olhar cético enquanto
entrei.

A loja estava cheia de armários de madeira personalizados


com inúmeras variedades de vinho. Era a definição de
elegância. Tudo era imaculado.

Eu me senti um pouco deslocada com meu jeans, suéter e


casaco que comprei por dez dólares em um brechó.

Meus olhos se arregalaram quando percebi o preço da


garrafa mais próxima de mim. Era setecentos dólares.

Eu olhei para Grayson.

— O que você está fazendo?

Ele apenas piscou para mim e agarrou minha mão enquanto


me puxava pela loja, ignorando completamente minha
pergunta.

Ele caminhou até um homem de terno que estava


montando uma vitrine em uma mesa. O homem olhou para
nós e sorriu quando nos aproximamos.

Ele disse algo em francês, ao qual Grayson respondeu em


inglês: —
Gostaria de sua melhor garrafa de vinho. — Ele me abraçou,
me trazendo para mais perto dele.

O homem apenas sorriu e acenou com a cabeça,


imperturbável.

Obviamente, isso acontecia com frequência. Ele caminhou


até a parte de trás, onde passou por uma porta.

— A melhor garrafa de vinho? — Eu perguntei a Grayson. —


Não vai

ser muito caro?

Grayson encolheu os ombros.

— Não é nada que eu não possa comprar, eu prometo.

Eu me virei para ele.

— Você está planejando gastar centenas de dólares em uma


garrafa de vinho?

— Provavelmente milhares, — disse ele com indiferença.

Meu queixo caiu no chão.

— Milhares?

Grayson sorriu, colocando as mãos na minha cintura.

— Realmente não é grande coisa. Já gastei muito mais do


que isso antes.

— Pode ser, mas você já gastou tanto assim em uma


garrafa de vinho?
Antes que ele pudesse responder, o homem voltou
segurando duas garrafas de vinho.

— Estes são os dois que eu recomendaria, senhor. Este vem


de.

— Vamos levar o mais barato, — interrompi imediatamente.

O homem pareceu um pouco surpreso, mas disfarçou o


choque rapidamente.

— Claro, senhorita. — Ele trouxe uma das garrafas.

— Este vai ser o mais barato, oito mil dólares americanos.

— O que? — Eu engasguei.

— Vamos levar, — disse Grayson.

Eu me virei para ele.

— Você não pode comprar isso.

Grayson ergueu uma sobrancelha e me deu um sorriso


divertido.

— E porque não?

Eu olhei para o homem parado na nossa frente.

— Você nos daria licença por um momento?

O homem acenou com a cabeça.

— Sim, claro.

Eu agarrei o braço de Grayson e o puxei para frente da loja.


— Não vou deixar você comprar isso, — afirmei.

— Belle, você merece apenas o melhor. E eu vou dar isso a


você.

Começando com o melhor vinho que o dinheiro pode


comprar.

— Eu nem gosto de vinho, Grayson. Existem tantas coisas


melhores que você pode fazer com esse dinheiro.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Como o quê?

— Como doações. Serviria a um propósito real ao invés de


pagar por uma garrafa de suco de uva superfaturada.

Ele não parecia convencido.

— Ok, tá bom, se você realmente quer me fazer feliz, então


me dê seu cartão de crédito e eu compro o vinho.

Grayson parecia muito confuso.

— Isso vai te fazer feliz? Comprar o vinho sozinha?

Eu afirmei com a cabeça e estendi a mão.

Ele ainda parecia cético, mas mesmo assim, lentamente


colocou a mão no bolso e puxou a carteira. Então ele me
entregou o cartão de crédito.

E eu saí correndo pela porta da frente da loja de bebidas.

Capítulo 22

Belle
Eu corri rua abaixo o mais rápido que minhas pernas podiam
me levar, ainda segurando o cartão de crédito de Grayson
em minha mão.

Pensei ter visto uma mercearia quando saímos do táxi mais


cedo e, felizmente, estava certa.

É onde eu precisava ir. Eu corri mais rápido.

Não olhei para trás para ver se Grayson estava me


seguindo. Eu não tinha dúvidas de que ele me alcançaria.

Na verdade, eu esperava que ele alcançasse. Eu tinha


desistido de ficar longe.

Mas primeiro, eu tinha que chegar naquele supermercado.

Eu bati nas portas da loja e sorri brilhantemente. Demorou


apenas um segundo para sentir os braços em volta da
minha cintura. Fui puxada para trás, em um peito firme.

— Onde você pensa que está indo? — Grayson rosnou em


meu ouvido.

Eu me virei para encará-lo e passei meus braços em volta


de seu pescoço, sorrindo. Ele pareceu surpreso com minha
demonstração de afeto.

— Demorou um pouco para me alcançar, — eu disse.

Ele apertou seus braços em volta de mim.

— Eu queria ver para onde você estava indo.

— Você não estava com medo de que eu fugisse e gastasse


todo o seu dinheiro? — Eu disse, acenando com o cartão de
crédito em seu rosto.
— O que é meu é seu. Você nunca vai ansiar nada, nunca
mais. Você pode gastar tanto do meu dinheiro quanto
quiser.

Eu o encarei por um momento. Nunca tive dinheiro


suficiente para gastar em algo além do que era
estritamente necessário.

Às vezes eu não tinha nem o suficiente para comprar


comida.

Perdi a conta de quantas vezes fui para a cama com fome


depois que meu pai adoeceu.

Lá em casa, eu estava apenas começando a ser capaz de


me sustentar.

Eu aluguei um pequeno apartamento com um cômodo e


estava pagando por ele com um emprego péssimo de
garçonete. Não era a vida mais luxuosa, mas era o
suficiente para mim.

E eu estava muito orgulhosa do fato de estar fazendo tudo


isso sozinha, sustentando a mim mesma.

Claro, às vezes eu não tinha dinheiro suficiente para


comprar mantimentos. Mas talvez agora que eu não
precisava mais economizar todo o meu salário para uma
passagem de avião para Paris, eu pudesse finalmente
começar a viver, em vez de apenas sobreviver.

Claro, isso foi antes de eu perder meu voo para casa e não
aparecer em vários turnos nos quais estava escalada.
Turnos que eu precisava para pagar meu aluguel. . que já
tinha vencido.
Eu não queria nem pensar em como pagaria por outro voo
para casa.

Achei que talvez não compraria mantimentos por um tempo


ainda.

Lembrei-me de que tinha pasta de amendoim no armário e


sempre poderia roubar algumas batatas fritas dos pratos
das pessoas na lanchonete, se ainda tivesse um emprego.

Com sorte, meu chefe entenderia. Isso teria que ser o


suficiente por enquanto.

Quando eu não respondi, Grayson apertou meus lados.

— Por que você veio aqui, afinal?

Eu sorri.

— Se você precisa de seu suco de uva azedo, este é o único


lugar que permitirei que você compre.

Ele ergueu uma sobrancelha, com um ar divertido.

— É mesmo?

Eu concordei.

— Sim. E eu tenho que escolher.

Ele balançou a cabeça, parecendo que iria protestar.

— Belle

Eu o interrompi, esmagando meus lábios contra os dele.


Grayson soltou um grunhido de surpresa, mas não
protestou.
Um rosnado baixo saiu do fundo de seu peito, e ele
imediatamente aprofundou o beijo, puxando meu corpo
contra o dele.

Sabendo a rapidez com que as coisas podiam piorar quando


se tratava de beijar Grayson, afastei meus lábios dos dele
quando o senti passar sua língua na abertura dos meus
lábios, pedindo entrada.

Ele gemeu em desaprovação e tentou me beijar novamente,


mas eu coloquei minha mão sobre sua boca como uma
barreira. Ele rosnou.

— Me dê o que eu quero e eu te beijo de novo, — eu disse.

Ele estreitou os olhos e eu lentamente removi minha mão.

— Você tem sorte de ser minha companheira, — ele disse


em voz baixa, que dizia que seu lobo estava perto da
superfície.

— Se outra pessoa tentasse me manipular assim, eu os


colocaria de volta em seus lugares em segundos da maneira
mais dolorosa possível.

Eu engoli em seco.

Ele se inclinou de modo que seus lábios quase roçaram nos


meus.

— É bom que eu faça qualquer coisa para ter seus doces


lábios nos meus, — ele sussurrou.

Eu pude sentir minhas bochechas esquentando. Grayson riu


baixinho.
— Venha, vamos buscar seu vinho. — Ele me empurrou na
direção de um dos corredores.

Depois de escolher uma garrafa de vinho com preço


razoável por cerca de seis euros, olhei para Grayson.

— Ok, nós temos o vinho. E agora?

Grayson tinha um braço envolto possessivamente em volta


da minha cintura, seu polegar esfregando meu flanco.

— Agora vamos buscar o pão. — Ele me empurrou para


onde o pão estava localizado.

— Pão? Por que precisamos disso? O que você está


tramando? — Eu perguntei.

Grayson sorriu.

— Fiquei realmente surpreso quando você veio para cá. Este


lugar era nossa próxima parada.

— Mesmo? Por que?

Grayson pegou uma baguete bonita.

— Vamos comprar pão francês e queijo.

— Vinho, pão e queijo? Vamos fazer um piquenique? — Eu


perguntei.

Eu olhei para fora. — O sol já está quase se pondo.

Grayson encolheu os ombros.

— Acho que você só vai ter que esperar para ver.


Depois de comprar nosso vinho, pão e cinco tipos diferentes
de queijo, Grayson e eu entramos em um táxi e partimos
para nosso próximo destino.

Que por acaso era a Torre Eiffel.

Quando saí da cabine, não pude evitar, fiquei boquiaberta


com a enorme estrutura de ferro fundido. Era muito maior
do que eu tinha imaginado.

— Uau, — eu disse. — Esta é a minha segunda vez em Paris


e só agora consegui ver a Torre Eiffel.

Grayson veio atrás de mim e passou os braços à minha


volta, inclinando-se para colocar o queixo no meu ombro.

— Estou feliz de estar aqui com você durante a primeira vez


que você pode ver a torre, — disse ele. Ele beijou minha
bochecha suavemente e então segurou minha mão.

— Vamos lá. — Ele me levou em direção a um banco.

Já havia pessoas sentadas quando nos aproximamos, mas


quando viram Grayson, imediatamente se levantaram e
saíram correndo, murmurando: — Desculpe, Alfa.

— Por que não nos sentamos naquele banco? — Eu


perguntei, apontando para um banco vazio.

— Tinha que ser este banco, — Grayson disse bruscamente,


enquanto nos sentávamos.

Sr. Mandão, como de costume.

Eu finalmente estava começando a aproveitar meu tempo


com
Grayson, mas talvez fosse porque eu sabia que estava perto
do fim. Logo voltaria a trabalhar e tentaria esquecer tudo
sobre minha viagem a Paris.

Eu balancei minha cabeça para me livrar desse


pensamento, voltando ao presente.

O sol estava começando a se pôr, pintando o céu de lindos


tons de rosa, roxo e laranja.

Haviam pessoas sentadas ao nosso redor, olhando para a


torre.

Percebi que várias outras pessoas também estavam


chegando, arrumando cobertores na grama e sentando-se
nos bancos ao redor.

— Por que tem tanta gente? — Eu perguntei enquanto


olhava ao redor.

— Você vai ver, — disse Grayson.

Eu levantei uma sobrancelha, mas não disse nada.

Ele abriu o saco de papel que continha vinho, pão e queijo e


tirou tudo. Tentei pegar o pão, mas ele o tirou do meu
alcance.

Eu o encarei com um olhar questionador.

Ele olhou para o relógio.

— Só mais alguns segundos.

E então nossa noite se tornou verdadeiramente mágica.

Capítulo 23
Belle

A Torre Eiffel brilhava com um milhão de luzes cintilantes.


Foi de tirar o fôlego.

O monumento radiante reluziu em toda a cidade de Paris,


lançando um brilho amarelo quente enquanto todos nós
olhávamos para ele.

Eu não pude evitar o sorriso que tomou conta do meu rosto.

— É isso que você estava esperando? — Eu perguntei a


Grayson.

Ele acenou com a cabeça enquanto me observava, me


dando um sorriso que me tirou o fôlego.

— Quando eu era criança, minha mãe e eu costumávamos


vir aqui todos os anos após a Conferência Alfa e assistíamos
às luzes se acenderem. Ela me levava até aquela loja que
fomos e comprava a garrafa de vinho mais cara que eles
tinham.

— Depois, íamos comprar pão e queijo na mercearia do fim


da rua e depois nos sentávamos aqui e assistíamos a Torre
Eiffel se iluminar sob as estrelas.

— Ela até me deixava beber minha própria taça de vinho.


Era um dos meus dias favoritos do ano — uma das razões
pelas quais eu amo tanto Paris. — Eu nunca tinha visto esse
lado de Grayson. Eu o vira como um amante agressivo e
como meu cuidador, mas nunca o tinha visto vulnerável.

Eu nem sabia que esse macho Alfa forte e possessivo tinha


um lado vulnerável.
Fiquei emocionada sabendo que Grayson estava disposto a
compartilhar esse lado comigo — me fez gostar mais ainda
dele.

— O que? — ele perguntou de repente.

Isso me tirou do meu torpor de admiração.

— O que? — Eu perguntei de volta.

Ele deu uma risadinha.

— Você estava olhando para mim. Não que eu me


importasse. Eu só gostaria de saber o que você estava
pensando.

Eu corei. Não podia deixá-lo saber que estava pensando no


quanto gostava dele.

— Nada, — eu disse rapidamente. — Eu só estava


imaginando que cena bonita deveria ter sido, você e sua
mãe sentados sob as estrelas em Paris.

Ele acenou com a cabeça e olhou para a torre solenemente.

— Sim. Foi.

— Ela não vem mais com você para Paris?

Seus olhos brilharam e ele ficou quieto por um momento.

— Não. Ela e meu pai morreram há quase cinco anos.

— Oh, Grayson, sinto muito. — Eu coloquei minha mão em


seu ombro. — Eu posso ver o quanto eles significavam para
você. Deve ter sido terrível.
Ele respirou fundo e, em seguida, virou a cabeça para
depositar um beijo na minha mão.

— Foi há muito tempo. Não há necessidade de ficar


pensando no passado.

Ele se inclinou para servir nossa comida e vinho.

— Tento fazer isso todos os anos para homenagear a


memória dela. —

Ele abriu o vinho e estendeu a garrafa para mim. — E agora


você pode se juntar a mim.

Eu sorri.

— Estou honrada.

Passamos as horas seguintes conversando e bebendo nossa


garrafa de vinho barato.

Logo, todas as pessoas à nossa volta foram embora, apenas


Grayson e eu ficamos lá, olhando para as luzes da cidade à
nossa frente.

As luzes da Torre Eiffel apagaram durante a noite, mas


Grayson e eu continuamos conversando sobre tudo e
qualquer coisa.

Conversar com ele era tão fácil.

Passamos a noite inteira assim e, no momento em que o sol


nasceu no horizonte, me vi completamente encantada com
Grayson.

Eu estava deitada no banco com minha cabeça em seu colo


enquanto ele brincava com meu cabelo quando ele
finalmente disse: — Você quer tomar um café? Eu conheço
um ótimo lugar ali na rua.

Eu sorri e balancei a cabeça.

Uma vez no café, Grayson me disse para encontrar um


lugar enquanto ele fazia nosso pedido, mas eu rapidamente
agarrei sua mão, puxando-o de volta para mim.

Grayson me lançou um olhar questionador.

— Não me deixe, — eu disse rapidamente, com medo da dor


que poderia sentir se não tivesse contato com ele
novamente. Não achei que pudesse lidar com isso.

Minhas bochechas ficaram vermelhas com o apelo, mas


Grayson apenas sorriu. Ele levantou a mão e empurrou uma
mecha de cabelo para atrás da minha orelha.

— Estamos juntos há tempo suficiente para que nosso


vínculo se fortalecesse. Nada vai acontecer agora se
estivermos separados. Nada além de uma dor indistinta.

Minhas sobrancelhas se ergueram de surpresa.

— Tem certeza? — Eu perguntei nervosamente.

Grayson se inclinou e beijou minha testa.

— Tenho certeza. E se você sentir qualquer tipo de dor, tudo


o que você precisa fazer é chegar perto de mim e me tocar,
e vai tudo desaparecer. Estarei só a alguns passos de
distância.

Ele tentou se afastar lentamente, mas eu não soltei sua


mão.
— Eu, um. . — Segurei sua mão com mais força. Eu não
queria ficar longe dele, nem um pouco.

— Acho que me sentiria melhor se eu for com você.

Grayson não protestou. Em vez disso, seu rosto se abriu em


um sorriso de tirar o fôlego.

Ele me envolveu em seus braços e me puxou para ele,


aninhando seu rosto no meu cabelo e respirando
profundamente.

— Estou mais do que satisfeito com isso.

Capítulo 24

Belle

Depois de comermos nossos cafés e croissants, Grayson e


eu vagamos pelas ruas de Paris, conversando e assistindo a
cidade acordar.

Eu estava começando a entender por que Paris era


considerada uma cidade tão romântica.

Eu posso definitivamente me imaginar me apaixonando


aqui.

Caminhamos até a catedral de Notre-Dame e sentamos nos


degraus um pouco antes de irmos almoçar em um
restaurante muito chique nas proximidades.

Eu me senti estranha sentada ali, de jeans e suéter, mas a


comida valia qualquer desconforto que eu pudesse ter.

— Oh meu Deus, isso foi incrível! — Eu disse quando


terminei de comer.
— Eu disse que iria levá-la ao melhor restaurante de Paris,
— disse Grayson.

— Sim, bem, você não mentiu.

Nosso garçom apareceu e deixou a conta.

— Quando estiverem prontos, — disse ele com um forte


sotaque francês e depois foi embora.

Peguei o cheque, pronta para pagar qualquer preço, já que


Grayson tinha pago por nossa comida na noite passada e
nosso café esta manhã, mas ele o pegou antes que eu
pudesse tocá-lo.

— Não, — ele disse com firmeza.

Eu revirei meus olhos.

— Grayson, por favor, deixe-me pagar por isso. Você já


gastou muito.

Vou me sentir péssima se você não me deixar pelo menos


te pagar um almoço.

Ele já estava colocando a mão no bolso para pegar a


carteira.

— De jeito nenhum. Enquanto você estiver comigo, você


nunca

pagará por nada. Na verdade, vou garantir que você nunca


mais precise pagar por nada.

Eu zombei. De maneira alguma eu deixaria isso acontecer.

— Pelo menos, me deixe pagar pela minha comida, que tal?


Isso vai fazer com que eu me sinta melhor e não como se
estivesse me aproveitando de você, roubando todo o seu
dinheiro.

— Pode discutir o quanto quiser; Isso não vai acontecer.

Ele colocou seu cartão junto com a conta e o ergueu para o


garçom ver. Mas antes que ele fechasse a pasta, vislumbrei
o preço da refeição.

Meus olhos se arregalaram. Talvez fosse melhor eu não


pagar.

Só minha refeição teria me custado vários horários na


lanchonete.

— Onde você consegue todo esse dinheiro, afinal? — Eu


perguntei.

Então percebi o que acabara de dizer.

— Oh, desculpe, essa foi uma pergunta rude?

— Não, não foi. Minha família é dona de uma grande


empresa de caça com milhares de trabalhadores que
mantêm minha matilha à tona e mais um pouco.
Fornecemos animais vivos e mortos para quem quiser
comprá-los.

Nesse momento, nosso garçom apareceu. Ele se aproximou


de nossa mesa quando viu Grayson acenando.

— Por favor, leve isso embora antes que minha


acompanhante tente pagar novamente, — Grayson disse
em tom divertido, entregando ao homem a pastinha.

Eu olhei para ele.

Quando o garçom saiu, perguntei:


— Então você mata animais?

Grayson riu e pegou minha mão do outro lado da mesa.

— Não fique tão assustada, linda. É o círculo da vida. E


tenho que prover para minha matilha de alguma forma.

— Além disso, o que mais você esperaria de um bando de


lobisomens?

Nós já caçamos em nossas formas de lobo para mantê-los


sadios.

Podemos muito bem ganhar um dinheiro com isso.

Ainda não gostava da ideia, mas decidi não discutir.

Assim que Grayson pagou oficialmente por nossa refeição,


nos levantamos e saímos do restaurante, continuando com
nossa exploração de Paris.

Eu nunca tinha caminhado tanto na minha vida; meus pés


estavam começando a doer, mas eu não queria que meu
tempo com Grayson acabasse. Tudo parecia tão mágico.

— Este dia nem parece real. Provavelmente foi o melhor dia


da minha vida, — eu disse a Grayson, minha voz cheia de
sinceridade.

Grayson acenou com a cabeça em concordância e sorriu.

— Apenas espere. Amanhã, vou levá-la ao Louvre. Você vai


ficar encantada.

Eu parei de andar.

— Amanhã? — Eu perguntei. — Pensei que íamos para casa


amanhã.
Grayson me encarou.

— Sim, mas pensei que mais um dia não faria mal. Tenho
que voltar para minha alcateia, de qualquer maneira. E meu
jato particular não estará pronto até amanhã à noite.

— Você tem um jato particular? — Eu perguntei em choque


completo.

— Por que você simplesmente não voou com ele para Paris?

Ele deu de ombros.

— Eu só comprei ontem. Sempre tive essa teimosia


estranha na hora de comprar meu próprio jato, sempre
preferi voos comerciais.

— Eu não conseguia entender até te conhecer naquele


avião. Foi porque o destino estava me preparando para
conhecê-la.

Ele se aproximou e me puxou para o seu peito, deixando um


beijo na minha testa.

— Agora, não há motivo para eu não ter meu próprio jato.


Vai ser muito mais conveniente. — Seu corpo estremeceu
de tanto rir.

— Além disso. . eu meio que não tenho mais permissão para


pisar no MSP ou no aeroporto de Paris depois do que
aconteceu no último voo. —

Eu fiquei boquiaberta com ele.

— Bem feito! Você quase matou um homem!

Grayson riu novamente.


— Vou dizer isso mais uma vez. Ele mereceu. Ninguém olha
para o que é meu.

Eu bufei e o empurrei para longe de mim.

— Você é um Neandertal.

Continuei a andar e ele rapidamente me alcançou,


segurando minha mão e beijando a parte de trás dela.

— Serei um Neandertal, contanto que você continue ao meu


lado.

Eu corei em um vermelho profundo.

Eu pensei sobre o que ele disse. Não podia ficar mais um dia
em Paris.

Eu tinha que ir para casa. .

Eu já estava arriscando ser expulsa do meu apartamento


por não pagar o aluguel.

Na verdade, eu provavelmente seria despejada.

Eu não trabalhava há tanto tempo que provavelmente não


conseguiria pagar o aluguel. O que significava que eu tinha
que encontrar uma maneira de escapar de Grayson e voltar
para Minnesota.

Talvez eu pudesse convencer a companhia aérea a remarcar


meu voo de volta mais barato?

Não me preocupei em dizer alguma coisa para Grayson. Eu


sabia que ele apenas tentaria me convencer a não ir.

Fiquei triste em pensar que teria que ir para casa amanhã e


continuar com meu trabalho medíocre na lanchonete, com
meu chefe chato.

Mas eu sabia que esse sonho bizarro e lindo não poderia


durar para sempre, por mais que parte de mim desejasse
isso.

Enquanto continuamos a andar, Grayson passou o braço em


volta da minha cintura, puxando-me para perto dele e
olhando para mim com um sorriso satisfeito.

Isso me fez sentir um calor no peito.

Ele está ficando muito apegado a mim. Ao perceber isso,


aquela sensação cálida deixou meu coração.

Não havia como esse relacionamento continuar quando


voltássemos para Minnesota.

Claro, morávamos a apenas algumas horas de distância um


do outro, mas eu não tinha carro, não teria como chegar até
ele. E eu não iria forçá-lo a dirigir até mim toda vez que eu
quisesse vê-lo.

Eu me sentiria muito culpada.

Eu sabia que com os sentimentos que ele despertava em


mim, deixá-lo e voltar à vida real só se tornaria mais difícil
pra mim.

O pensamento fez com que eu parasse.

Grayson também parou e olhou para mim.

— O que foi?

Eu respirei profundamente e passei meus braços em volta


de mim mesma.
— Isso não é um encontro, — eu disse com firmeza. As
palavras doíam para dizer, mas mantive minha compostura.

Grayson ergueu as sobrancelhas.

— Desculpe?

— No restaurante, você me chamou de sua acompanhante.


Eu só queria que você soubesse que não vejo isso como
sendo um encontro.

Ele lambeu os lábios e se aproximou de mim lentamente.

— É mesmo?

— Mmm, — eu disse, me sentindo mais estranha e nervosa


agora que ele estava parado bem na minha frente, olhando
fixamente para mim. Por que ele tem que ser tão alto?

— Quer saber o que eu acho? — Ele colocou o polegar em


meus lábios, traçando-os.

Eu não respondi, paralisada pelas faíscas em minha boca.

Ele se inclinou para que seus lábios tocassem minha orelha.

— Eu acho que você quer muito que isso seja um encontro.


— Ele colocou minha orelha em sua boca e mordeu
levemente.

— E sabe de uma coisa? Este é um encontro, quer você


queira admitir ou não. Você não pode dizer nada sobre o
assunto.

Isso me irritou. Por que ele pensou que poderia me


controlar?

— EU. .
— Shh. . — Ele me interrompeu. Sua voz ficou mais grave.
— Quer saber o que mais eu acho?

— Não, eu realmente. . — eu comecei.

— Eu acho. . — Grayson interrompeu mais uma vez quando


eu bufei, afrontada, — que você não conseguiu parar de
pensar em me beijar desde a última vez em nosso quarto.

Ele passou um braço em volta de mim e me puxou para seu


peito.

Arrepios percorreram minha coluna.

— Porque eu sei que não consegui parar de pensar nos seus


doces lábios nos meus, e isso está me deixando louco.

Tentei me afastar dele, sabendo para onde isso levaria e


que beijá-lo definitivamente lhe daria a ideia errada, mas
não pude escapar de seu aperto firme.

Antes que eu pudesse protestar, seus lábios estavam nos


meus. E eu me derreti. Eu me derreti em uma poça
pegajosa de gosma em seus braços.

Oh Deus, como eu poderia deixá-lo?

Capítulo 25

Belle

Depois que finalmente empurrei Grayson para longe de


mim, sentindo-me envergonhada por ter uma sessão quente
de amassos em público, pegamos um táxi para um lugar
onde Grayson disse que haveria um monte de lojas fofas
pelas quais poderíamos passear.
A arquitetura de Paris me surpreendeu. Todos os edifícios
eram tão bonitos e coesos.

As lojas também eram legais. Era uma pena que eles


estivessem totalmente fora da minha faixa de preço.

Enquanto continuávamos a andar, não pude deixar de me


perguntar se estávamos perto de minha mãe.

Esta área parecia com onde minha mãe morava baseada na


minha memória da última vez que fui visitá-la. Foi há muito
tempo, mas eu me lembrava da viagem de forma tão vivida.

Ela morava em um apartamento em cima de uma loja


chamada E.

Dehillerin, uma pequena e fofa loja de produtos de cozinha.

Eu adorava andar pela loja quando tinha visitado com meu


pai anos atrás, especialmente porque isso me afastava de
minha mãe.

— Grayson?

Ele olhou para mim.

— Você sabe se estamos perto de uma loja chamada E.


Dehillerin? Um amigo me falou sobre ela antes de eu vir, e
eu estava me perguntando se estamos perto.

— Deixe-me ver, — disse ele e pegou o telefone. Eu o


observei digitar sua senha e rapidamente a coloquei na
memória, pois seria útil sabê-la mais tarde.

— Na verdade, fica a apenas alguns quarteirões daqui —


cerca de cinco minutos a pé.
Meus olhos se arregalaram. Eu estava muito mais próxima
de minha mãe do que pensava.

— Você queria ir lá? — Grayson perguntou.

— Hmm. . — Eu pensei sobre isso. Eu queria ver minha


mãe? Esta viagem era para ser uma visita a ela, e ela não
tinha ouvido falar de mim desde que eu peguei o avião lá
em Minnesota.

Eu meio que devia a ela uma explicação do por que eu não


tinha aparecido em sua casa há algumas semanas.

Além disso, quem sabe quando seria a próxima vez que eu


seria capaz de entrar em contato com ela?

Grayson tinha pegado meu telefone e eu não tinha dinheiro


para comprar outro. Esta seria minha única chance de falar
com ela.

Eu estava prestes a dizer a Grayson que queria ir para lá


quando pensei em algo: eu já tinha um plano de voltar para
Minnesota sem que ele soubesse.

Se tudo corresse bem, eu estaria em um avião esta noite e


voltaria ao mundo normal amanhã.

Eu sabia que Grayson iria surtar. A última coisa que eu


precisava era que ele fosse até minha mãe e exigisse dela
informações sobre como me encontrar.

E se ele a machucasse? Eu sabia que ele era capaz de


violência e não seria capaz de viver comigo mesma se
minha mãe se ferisse por minha causa. Grayson não poderia
vir comigo.

Mas eu tinha que vê-la.


Eu balancei minha cabeça rapidamente.

— Não, eu realmente gosto das lojas por aqui. Mas talvez


mais tarde?

— Eu perguntei.

Grayson sorriu.

— Claro.

Continuamos andando e Grayson manteve um braço


firmemente em volta de mim. Não pude deixar de notar que
ninguém olhava para nós.

Todos eles baixavam a cabeça quando passávamos,


mantendo os olhos no chão.

Só aconteceu uma ou duas vezes que alguém


acidentalmente olhou para nós e Grayson soltou um
rosnado baixo e me puxou para mais perto

dele.

A pessoa imediatamente desviava o olhar e mostrava o


pescoço para ele. Fiquei chocada com quanto poder
Grayson parecia ter sobre essas pessoas. Todos em Paris
são lobisomens?

Encontramos uma pequena livraria e eu rapidamente puxei


Grayson para dentro.

— Vamos, — eu disse. — Eu quero encontrar um livro.

Minha ansiedade estava disparando. Agora era a hora.

Olhamos em volta por um tempo enquanto eu elaborava


meu plano.
Esta loja era realmente fofa. Tinha dois andares e estava
cheio de todos os tipos de livros em francês e inglês.

Havia uma adorável velhinha atrás do balcão, ajudando as


pessoas com um sorriso gentil.

Eu me virei para Grayson.

— Você me ajuda a encontrar um livro?

Grayson olhou para mim.

— Certo.

Eu engoli em seco. Eu realmente espero que funcione.

— Ok, o título é Mãos de Ouro de Michael Johnson. Era o


livro favorito do meu pai, e não consigo pensar em um lugar
melhor para comprá-lo do que em Paris.

Eu me senti culpada por mentir para ele, mas não tinha


escolha. Pelo que eu sabia não havia realmente um livro
chamado Mãos de Ouro, mas eu precisava afastar Grayson
de mim o suficiente para chegar até minha mãe.

— Tá certo. Vamos encontrá-lo, — Grayson disse enquanto


se afastava.

— Espere, — eu disse, agarrando sua mão. Ele parou e se


virou para olhar para mim.

— Não sei de que gênero é, então pensei em olhar aqui


embaixo e você subir e procurar.

— Pode ser ficção científica, ou fantasia, ou terror, ou


mistério. Não sei do que se trata o livro, apenas que era o
seu favorito.
— Ok. ., — disse Grayson lentamente. — Tem certeza de que
vai ficar bem estando longe de mim, mesmo que um pouco?
Eu vi como você estava assustada no café.

Eu sorri, tentando acalmar meus nervos. Na verdade, eu


estava um pouco preocupada com isso.

— Bem, temos que tentar mais cedo ou mais tarde. Você


não estará tão longe de mim. E eu realmente quero
encontrar este livro. — Toquei o braço de Grayson. —
Significaria muito para mim.

Grayson acenou com a cabeça, parecendo um pouco


hesitante enquanto dava um passo para trás.

— Tudo bem, — disse ele. — Eu já volto. Grite se precisar de


mim e estarei ao seu lado em segundos. — Ele se inclinou e
me deu um beijo.

Meu corpo aqueceu enquanto seus lábios se moviam


suavemente contra os meus.

Antes que o beijo pudesse ficar muito ardente, eu me


afastei dele e sorri.

— Quanto mais cedo encontrarmos o livro, mais cedo você


poderá voltar para mim. — Eu o beijei uma última vez. —
Vou olhar aqui para baixo enquanto você olha lá em cima.

Grayson acenou com a cabeça e se afastou de mim.

— OK.

Observei enquanto ele subia as escadas para o segundo


andar, nunca desviando o olhar de mim. Eu podia sentir a
dor abafada crescendo em meu peito por estarmos
separados, mas não era tão ruim quanto antes.
Soltei um suspiro de alívio. Ok. Eu consigo fazer isso.

Eu sorri para ele uma última vez antes que ele alcançasse o
topo da escada e contornasse a curva do segundo andar.

Corri imediatamente para a senhorinha na recepção.

— Oi, você fala inglês? — Eu perguntei a ela.

Ela ergueu os olhos do computador, parecendo um pouco


chocada.

— Hum, claro. Em que posso ajudá-la, senhorita? — ela


perguntou com um forte sotaque francês.

— Oh, graças a Deus, — eu disse.

— Eu preciso de sua ajuda, por favor. Em alguns minutos,


um homem vai descer aquela escada procurando por mim
e, quando perceber que não estou mais na loja, pode perder
a cabeça.

— Eu preciso que você diga a ele que há algo importante


que eu preciso fazer e que estarei de volta em breve. Diga a
ele para não surtar.

A mulher me lançou um olhar estranho.

— Senhorita, eu não sei. .

— Sinto muito, eu sei que é uma coisa estranha de se pedir.


— Eu rapidamente abri minha bolsa, tirei vinte euros e
entreguei a ela.

— Por favor, faça isso por mim. Se ele ficar muito chateado,
lembre-o de que estarei de volta em breve. Não chame a
polícia.
Os olhos da mulher se arregalaram.

— Senhorita, você está em perigo? Você precisa que eu


ligue para alguém?

Eu balancei minha cabeça rapidamente.

— Não, não. Não é nada disso. Tenho algo que preciso fazer
e meu. .

meu namorado não pode vir. Não há nada errado, eu


prometo.

— Eu tenho que ir agora. Não tenho muito tempo. Você


pode fazer isso por mim?

A mulher olhou para o dinheiro em sua mão e depois para


mim. Ela acenou com a cabeça.

— Eu posso.

Meu coração se animou. Tive vontade de abraçar esta doce


velhinha.

— Muito obrigada, — eu disse, me afastando do balcão. —


Você não tem ideia do quanto isso significa para mim.

Ela me deu um sorriso doce.

— Claro que sim, minha querida. Por favor, fique segura.

— Obrigado, — eu disse. E me virei e corri para porta afora,


começando a andar rapidamente pela rua.

Capítulo 26

Belle
Eu podia ouvir meu coração batendo em meus ouvidos
enquanto corria pelas ruas de Paris para onde esperava que
minha mãe morasse.

Eu não conseguia parar de olhar para trás, esperando ver


Grayson virar a esquina e correr atrás de mim.

Mas ele nunca veio.

Por um golpe de sorte, consegui entrar no prédio de minha


mãe e, logo depois, me vi parada em frente à porta de seu
apartamento.

Bati na porta rapidamente, rezando para Deus que alguém


estivesse em casa, do contrário, tudo teria sido em vão.

— Só um segundo! — Eu ouvi alguém gritar do outro lado da


porta.

Eu nervosamente sequei minhas palmas suadas em meu


jeans enquanto olhava para cima e para baixo do corredor
extremamente chique, esperando que Grayson não
aparecesse, subindo os degraus atrás de mim antes de ter a
chance de falar com minha mãe.

Este lugar era muito bonito. Eu sabia que o marido da


minha mãe era rico, mas não me lembrava dela morando
em um lugar tão luxuoso. A porta se abriu e minha mãe
estava na minha frente, enxugando as mãos molhadas no
avental. Ela ainda não tinha olhado para mim.

— Me desculpe. Eu estou fazendo o jantar e estava com as


mãos cobertas de gordura de frango.

Então ela levantou a cabeça e seus olhos se arregalaram


quando encontraram os meus.
Eu dei a ela um pequeno sorriso e encolhi os ombros.

— Oi mãe.

— Belle! — Ela me puxou para ela, envolvendo-me em seus


braços com firmeza. Era o tipo de abraço que ela costumava
me dar quando eu era mais nova — depois de ganhar um
jogo de futebol ou chegar em casa depois de um longo dia
na escola.

Isso fazia eu me sentir aquecida.

Fiquei surpresa ao ver que ela estava demonstrando afeto.


Não conseguia me lembrar da última vez que ela me
abraçara.

— Oh, minha querida menina, você não tem ideia de como


eu estava preocupada. — Ela me segurou com mais força e
depois recuou. Ela segurou meu rosto com as mãos.

— Oh, você ficou tão linda.

Eu me afastei um pouco.

— Você estava preocupada comigo?

Seu rosto se entristeceu e, em seguida, tornou-se solidário.


Ela olhou para o corredor em ambas as direções, como se
estivesse se certificando de que ninguém estava olhando, e
então olhou para mim.

— Por que você não entra? — Ela apontou para o interior de


seu apartamento.

Eu balancei a cabeça e hesitantemente a segui para dentro.

Ela me levou a uma luxuosa sala de estar muito bem


decorada. Era toda branca com toques de cinza e creme. Eu
nem queria me sentar caso manchasse sua mobília.

Minha mãe sorriu para mim enquanto se sentava, tirando o


avental amarrado na cintura. Ela combinava perfeitamente
com a decoração.

Ela estava vestindo uma saia preta com corte em trapézio e


uma blusa branca, com pérolas nas orelhas e o cabelo preso
em um coque elegante.

Ela estava linda — a dona de casa perfeita.

Depois que me sentei, ela falou:

— Você veio em boa hora. As crianças estão na escola e Carl


está no trabalho. Temos o apartamento inteiro só para nós.

Ela estava torcendo as mãos nervosamente.

— Estou tão feliz em ver você, Belle.

Eu balancei a cabeça, sem saber como reagir a todo o


carinho que ela estava me mostrando. Eu olhei ao redor.
Não parecia que crianças moravam aqui.

Tudo estava tão imaculado — como se eu tivesse acabado


de entrar em um hotel muito chique.

— Você tem algumas explicações para dar, — disse minha


mãe. — Vai me dizer onde esteve?

Eu respirei fundo. Eu realmente não tinha pensado no que


diria a ela quando chegasse aqui.

— Estive em Paris.

— Todo esse tempo? Onde você ficou?


— Bem, eu. ., — eu disse. — É uma longa história — uma
que não acho que posso explicar agora. Eu só queria vir
aqui e dizer que estou bem e que vou para casa amanhã.

— Não sei quando poderei entrar em contato com você


novamente.

Observei para ver se ela reagiria ao que eu estava dizendo.

— Achei que te devia uma explicação. Afinal, você é minha


mãe.

Não que você tenha agido como uma.

Os olhos da minha mãe se estreitaram e me perguntei se eu


tinha dito isso em voz alta. Eu desviei o olhar de seus olhos
penetrantes.

— O que é isso no seu pescoço? — ela perguntou de


repente.

Minha mão imediatamente foi para o meu pescoço, onde


estava minha marca. Queimou um pouco com o toque, e eu
sabia que era porque estava muito longe de Grayson.

— Não é nada, — eu disse.

Minha mãe se levantou lentamente de seu assento.

— Isso não é nada. — Ela se aproximou de mim e se sentou


ao meu lado. Afastei-me um pouco dela.

Ela tinha uma expressão assustadora no rosto, que estava


me deixando nervosa.

— Deixe-me ver, — disse ela.


Eu balancei minha cabeça. Eu não tinha como explicar uma
marca de mordida gigante no meu pescoço sem soar louca.

— Não. Mesmo, não é nada. — Eu fiquei de pé. — Na


verdade, eu provavelmente tenho que ir. Eu fiz o que tinha
que fazer.

Antes que eu pudesse dar um passo, porém, minha mãe


agarrou minha mão. Ela se levantou tão rápido que nem tive
tempo de reagir.

Com a mesma rapidez, ela afastou meu cabelo do pescoço,


revelando minha marca.

Ela arfou e deu um passo para trás.

— Mãe, eu posso explicar, — comecei. — Eu. .

— Você tem a marca de um Alfa, — ela afirmou com uma


expressão assustada. — E é fresca.

Meus olhos se arregalaram para o tamanho de pires.

— Como você sabe disso?

Como se estivesse em câmera lenta, ela estendeu a mão e


puxou a gola de sua própria camisa. Ali, sobre sua pele de
porcelana, haviam feridas com formato de dentes.

Eles estavam cobertos por anos de pele cicatrizada, o que


indicava que eram muito antigos. Eu arquejei.

— Porque eu tenho minha própria marca, — minha mãe


sussurrou.

Capítulo 27

Belle
Eu a encarei. Eu não conseguia acreditar no que ela estava
me dizendo.

— Foi por isso que você não veio para cá quando chegou a
Paris? —

minha mãe perguntou. — Porque você conheceu seu


companheiro?

Eu acenei com a cabeça lentamente, ainda chocada por


estarmos tendo essa conversa.

Ela desviou o olhar de mim com uma expressão de dor no


rosto.

— Mamãe? — Eu perguntei. — Você é um lobisomem?

Ela se virou para mim e balançou a cabeça.

— Não, não, claro que não. Eu sou humana como você.

— Mas você tem um companheiro? — Eu perguntei.

Ela acenou com a cabeça.

— Sim.

Engoli. Quão comum era para humanos terem


companheiros? E

como eu não sabia que minha mãe tinha um? Como eu não
sabia que ela fazia parte do mundo dos lobisomens?

Minha mãe realmente não me queria em sua vida? Para não


me contar sobre uma das partes mais importantes. .

— Qual é o nome dele? — minha mãe perguntou. Presumi


que ela estava perguntando sobre Grayson.
— Não importa, — eu disse. — Vou para casa amanhã.

— Não vai ficar com ele?

Eu balancei minha cabeça.

— Não. Não, eu não posso.

Minha mãe me encarou por alguns segundos, parecendo


hesitante.

— Belle, seu companheiro é violento?

— O que você quer dizer?

— Quero dizer. . — minha mãe começou. — Eu ouvi histórias


sobre

como alfas podem ser abusivos com seus companheiros.


Eles são possessivos e controladores.

— Eu sei o que é estar com um lobo normal. Não consigo


imaginar como seria estar com um Alfa. — Eu me sentei em
estado de choque.

Grayson nunca me machucou, mas parecia que minha mãe


estava insinuando que ele iria. Ela se sentou ao meu lado e
pegou minhas mãos nas dela.

— Você sabe do que estou falando, não sabe Belle? Você já


viu seu companheiro expressar sua raiva por meio da
violência?

Eu assenti com a cabeça lentamente.

— Ele quase estrangulou alguém até a morte. Ele rosna


para qualquer pessoa que olhe para mim.
Os ombros de minha mãe caíram e uma expressão de
pânico tomou conta de seu rosto. Ela apertou minhas mãos
com mais força.

— É por isso que você está tentando fugir dele?

Até aquele momento, eu não estava realmente com medo


que Grayson me machucasse. Ele era um cara rude, com
certeza — mas comigo, até o momento pelo menos, ele
tinha sido muito gentil.

Eu tinha motivos diferentes para querer ir embora.

Eu só sabia que provavelmente estaria melhor sozinha.


Parecia que cada pessoa que entrava em minha vida se
machucava, e eu não deixaria isso acontecer com Grayson.
Eu não poderia deixar que isso acontecesse com Grayson.

Eu me importava muito com ele.

— Não, não é por isso. Eu só preciso ir para casa, — eu


disse.

Minha mãe soltou minhas mãos e cruzou os braços. Ela


assentiu em compreensão, mas ainda parecia cética.

— Você tem um plano? Porque de jeito nenhum um macho


Alfa deixaria sua companheira sair de sua vida.

— Eu ia fugir enquanto ele dormia e pegar um voo para


casa. Ele não sabe onde eu moro.

— Não, isso não vai funcionar. Ele vai perceber que você se
foi no segundo em que o deixar. — Ela se levantou e
começou a torcer as mãos

novamente.
— E se ele não notar, o lobo definitivamente vai. Os machos
dominantes normalmente dormem com os narizes
pressionados contra seus companheiros para sentir seu
cheiro durante a noite. Isso acalma o lobo e os ajuda a
dormir.

— Se o seu cheiro não estiver perto dele, ele vai acordar


imediatamente.

Ela olhou para mim.

— É isso que você esteve vestindo o dia todo? — ela


perguntou, apontando para o meu suéter.

Eu concordei.

— Então tem o cheiro dele e o seu?

— Sim, — eu disse.

— OK. Ok, então é isso que você vai colocar perto dele
quando estiver tentando escapar. Deve cheirar como você,
mas também deve cheirar como o novo ambiente em que
você está.

Ela se sentou ao meu lado novamente.

— E Belle, no minuto em que você se afasta dele, você corre


como se não houvesse amanhã não olhe para trás. Não leve
nada. Isso só vai te atrapalhar. Se ele te pegar. .

Ela fez uma pausa.

— Se ele te pegar, você nunca terá outra oportunidade.


Você ficará presa a ele para sempre, sem saída. — Sua
expressão era tão intensa, tão assustadora.

— Mãe, você está me assustando, — sussurrei.


Ela me deu um sorriso triste e ergueu a mão para segurar
minha bochecha.

— Oh, minha doce Belle, unida com um Alfa. — Lágrimas se


formaram em seus olhos. — Eu nunca quis essa vida para
você.

Minha sobrancelhas se franziram.

— O que você quer dizer? — Eu perguntei. — Mãe, seu


companheiro bate em você?

Ela não me respondeu. Ela apenas continuou estudando


meu rosto

como se esta fosse a última vez que ela iria me ver. As


lágrimas correram por suas bochechas.

— Estou tão feliz por finalmente poder falar com você sobre
isso, para me explicar. Você não tem ideia de como foi difícil
esconder isso de você e de seu pai, — disse ela.

Com a menção do meu pai, eu me afastei. Ela não deveria


estar falando sobre ele. Ela nem tinha ido ao funeral.

— Por que você não nos contou?

Ela se mexeu um pouco.

— Eu. .

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, ouvi a porta
da frente se abrindo. Eu pensei que era Grayson, e meu
coração despencou.

Minha mãe imediatamente se levantou e arrumou a


maquiagem que tinha escorrido devido ao seu choro.
— Claire, é o jantar que está cheirando? — uma voz grave
perguntou da outra sala. — É melhor estar pronto a tempo
esta noite. Não queremos uma repetição da noite passada,
queremos?

Um homem entrou na sala de estar. Eu não o via desde que


era uma criança no casamento e, mesmo então, mal
tínhamos nos conhecido, mas eu reconheci Carl
imediatamente, o marido da minha mãe — e,
aparentemente, seu companheiro.

Seus olhos encontraram minha mãe e ele se aproximou dela


lentamente, seu olhar movendo-se para cima e para baixo
em sua figura.

Ele tocou a barra de sua saia quando finalmente parou na


frente dela.

— Esta saia é nova? — ele perguntou. — É um pouco curta,


não acha?

Minha mãe acenou com a cabeça.

— Vou me trocar assim que tiver a chance. — Ela sorriu e


colocou a mão em seu ombro. Ela se inclinou. — Temos uma
visita, — ela disse a ele. Ela gesticulou para mim.

Eu fiquei de pé.

— Oi, — eu disse. — Eu acho que não tivemos a chance de


nos conhecer oficialmente. Eu sou Belle.

Eu estendi minha mão, oferecendo a ele para apertar.

Ele caminhou em minha direção, cruzando os braços e me


olhando de forma lenta e ameaçadora.
— Então você é a filha que ela nunca quis.

— Carl! — minha mãe engasgou.

Então, aparentemente, ele não quer apertar minha mão.

Ele ergueu a mão para ela e lançou-lhe um olhar que a fez


se encolher.

Ele se voltou para mim.

— Você tem ideia de como sua mãe ficou preocupada


quando você não apareceu semanas atrás?

— Você parou para pensar em como isso a faria se sentir ou


apenas levou em consideração seus próprios sentimentos
egoístas?

Minha boca se abriu em choque. Quem deu a ele o direito


de falar assim comigo?

Ele não sabia nada sobre minha situação ou pelo que eu


tinha passado nas últimas semanas.

— Carl, pare com isso agora! — minha mãe gritou.

— Eu. . — eu comecei, mas fui imediatamente interrompida.

— Não, você tem alguma ideia da sorte que teve por eu ter
deixado você entrar na minha casa em primeiro lugar? —
Carl gritou. Ele apontou um dedo desagradável para mim.

— E você aproveitou essa oportunidade e machucou sua


mãe no processo!

Eu não sabia o que dizer. Eu não esperava essa reação.


— Me desculpe por não ter vindo. Algo aconteceu e eu não
tive como entrar em contato. Eu perdi meu telefone.

Um grunhido veio do peito de Carl. Ele estava cada vez mais


perto de mim.

— Surgiu uma coisa? Surgiu uma coisa? — ele perguntou. —


Essa é a melhor desculpa que você pode inventar?

Minha mãe se aproximou dele e agarrou seu braço.

— Carl, pare com isso, — ela tentou dizer com calma.

Ele soltou um rosnado ensurdecedor e a empurrou para


longe; ela

caiu no chão, batendo na mesa de centro.

— Você não vai me dar ordens! — ele gritou com ela.

— Pare! — Eu gritei quando ele se aproximou dela


novamente. Eu o agarrei, tentando puxá-lo para longe dela.

Um golpe poderoso atingiu meu rosto e uma quantidade


imensa de dor irradiou da minha bochecha para o resto do
meu corpo. Isso me mandou voando para o lado, e caí no
chão. Por um segundo, não consegui ver nada.

Eu só senti uma dor ardente e cegante. Isso sim vai deixar


uma marca.

— Carl, não! — Eu ouvi minha mãe gritar. — Ela é a


companheira de um Alfa! Olhe o pescoço dela! Ela é a
companheira de um Alfa, — ela soluçou.

Eu não fiz nem disse nada. Eu apenas continuei deitada no


chão, segurando minha bochecha, enquanto lágrimas de
dor corriam pelo meu rosto. Senti alguém afastar o cabelo
do meu pescoço.

— Luna, — Carl suspirou. Ele caiu de joelhos ao meu lado. —


Luna, eu sinto muito! Eu não sabia.

Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu. Um peso


saiu de cima de mim e soltei um suspiro de alívio.

Grayson correu para a sala, seu peito arfando. Seus olhos


eram os mais negros que eu já tinha visto. Ele tinha o dobro
do tamanho que normalmente tinha, e havia veias saindo
do pescoço e da testa.

Ele estava lívido.

Seus olhos encontraram os meus.

— Grayson, — eu disse. Sem nem mesmo saber o que


estava fazendo, estendi a mão para ele, desejando que seus
braços estivessem ao meu redor.

Ele imediatamente correu para mim e se ajoelhou ao meu


lado. Ele não parava de rosnar e, a cada segundo que
passava, parecia cada vez mais com um lobo ao invés de
um humano.

Ele gentilmente tocou o hematoma que já se formava no


meu rosto.

Eu esperava que doesse, mas de alguma maneira a


sensação só me trouxe mais conforto. Quando sua mão saiu
de minha bochecha, havia sangue.

Ele rosnou tão alto que tenho certeza que todo o prédio
tremeu.
— Quem fez isto? — ele perguntou. Sua voz soou quase
demoníaca.

— Alfa Grayson, eu sinto muito, — disse Carl.

Quando olhei para ele, percebi que ele já estava mostrando


o pescoço para Grayson, ajoelhado no chão ao nosso lado.

— Eu não sabia que ela era sua companheira. Eu nunca a


teria machucado se soubesse. — Grayson se moveu mais
rápido do que eu poderia compreender. Sua mão estava em
volta do pescoço de Carl e ele o jogou contra a parede em
segundos.

— Como você ousa machucar minha companheira?

Ele socou o rosto de Carl com tanta força que um de seus


dentes saiu voando de sua boca.

Eu ouvi o soluço de minha mãe do outro lado da sala. Ela


estava de joelhos, observando enquanto meu companheiro
tentava matar o dela.

Eu sabia que tinha que fazer algo. Grayson estava lançando


soco após soco no rosto de Carl ao mesmo tempo em que o
estrangulava. Carl não tentou contra-atacar. Ele morreria se
Grayson não parasse.

Corri até ele, tentando me colocar entre ele e Carl, mas


Grayson não parou de socá-lo por tempo suficiente para eu
conseguir. Eu agarrei seu rosto e disse seu nome, mas ele
não olhou para mim.

— Grayson, por favor, pare, — eu disse em pânico. — Por


favor pare.
Estou com dor. Eu preciso de você. Por favor, eu preciso de
você.

Grayson olhou para mim. Havia espuma escorrendo de sua


boca. Seus caninos perfuravam seus lábios, fazendo-os
sangrar.

Eu não tinha certeza se ele tinha me ouvido, então agora


que tinha sua atenção, repeti:

— Estou com dor, Grayson. — Toquei minha bochecha


suavemente.

— Está doendo. Por favor cuide de mim. Acho que vou


desmaiar. Eu preciso de você, — eu disse
desesperadamente.

Isso, claro, era uma mentira. Com toda a adrenalina que


corria pelo meu corpo, eu não conseguia sentir mais nada.
Mas ele não precisava saber disso.

Grayson balançou a cabeça violentamente como se


estivesse tendo

uma discussão interna. Cuidar de sua companheira ferida ou


matar o homem que a feriu?

Agora que ele havia parado de socar Carl, eu podia ficar na


frente dele.

Seus olhos me observaram de perto e se concentraram na


marca da mão em meu rosto. Ele rosnou.

— Por favor, Grayson. Por favor, eu só quero ir para casa


com você. Eu estou tão cansada. Por favor, me leve para
casa, — eu sussurrei.
Ele bufou e eu sabia que ele tinha tomado uma decisão. Ele
ficou tão perto de Carl, que ele ainda o segurava pelo
pescoço, que eu tinha certeza que Carl podia sentir a
respiração de Grayson em seu rosto machucado.

Ele olhou nos olhos inchados de Carl.

— Toque minha companheira novamente e você será um


homem morto. Haverá consequências, — ele rosnou.

Quando Grayson o largou no chão, Carl começou a ofegar e


tossir.

Minha mãe estava ao seu lado em um instante, acalentando


a cabeça em seu colo.

Grayson não perdeu tempo. Ele me pegou em seus braços,


me carregando como uma noiva e começou a caminhar
para a porta.

Eu olhei para minha mãe no chão com seu companheiro.

— Eu sinto muito, mãe. Eu sinto muito.

Ela balançou a cabeça enquanto me observava sendo


levada embora.

— Não volte aqui, Belle. Nunca mais volte aqui.

Capítulo 28

Belle

Nenhum de nós disse nada durante todo o trajeto de volta


ao hotel.

Grayson me manteve em seu colo, alternando entre


mordiscar a marca no meu pescoço e lamber a ferida no
meu rosto.

No começo, eu estava completamente enojada por ele


lamber meu rosto, mas um rosnado alto dele me fez calar a
boca. Tenho certeza de que o motorista do nosso táxi
pensou que éramos loucos.

Considerei falar com ele e tentar me explicar, mas não pude


dizer se ele estava com raiva de mim ou bravo porque eu
estava ferida.

Talvez fosse ambos. Eu não queria arriscar irritá-lo ainda


mais.

Demorou todo o caminho para casa para ele se acalmar.


Seu corpo voltou ao normal, embora sua respiração ainda
estivesse irregular.

Uma vez no hotel, ele me pegou e me carregou por todo o


percurso até o nosso quarto. Recebemos alguns olhares
estranhos no caminho, mas, felizmente, ninguém disse
nada.

Em nosso quarto, ele imediatamente me levou ao banheiro


privativo e me colocou no balcão. Ele se colocou entre
minhas pernas.

— Kyle! — ele gritou enquanto pegava uma toalha e a


colocava embaixo da torneira. — Traz gelo para mim!

Ele trouxe a toalha úmida para a parte do meu rosto que


havia rompido com o soco de Carl e gentilmente a limpou.
Eu estremeci.

Grayson rosnou.
— O que você estava fazendo lá? — Grayson perguntou
enquanto lavava o sangue.

Eu hesitei. Eu sabia que não deveria contar a ele, mas


realmente não queria mentir.

— Era a casa da minha mãe, — eu murmurei. — O homem


que me bateu era seu companheiro.

Grayson acenou com a cabeça, sem fazer contato visual.

— Por que não me levou com você?

— Eu. . — Meus ombros murcharam. Eu olhei para as


minhas mãos.

— Eu estava com medo do que você pudesse fazer com ela


se soubesse quem era e onde morava.

Grayson suspirou. Com cuidado, ele pegou meu queixo e


inclinou minha cabeça para que eu olhasse para ele. Seus
olhos se suavizaram.

— Me escute, Belle, e escute bem. Eu nunca faria nada para


machucar você. Nunca. Eu sei que você e sua mãe não têm
o melhor relacionamento, mas sei que eu nunca faria nada a
ela, se fosse correr o risco de perder você.

Ele se inclinou e beijou minha testa. Então ele colocou sua


testa na minha e olhou fundo nos meus olhos.

Ele segurou o lado do meu rosto que estava inteiro.

— Eu preciso que você confie em mim, Belle. Eu me importo


muito com você para que você fuja porque está com medo.
Fale comigo. Se comunique. Vamos cuidar disso juntos.
Sempre.
Respirei fundo e fechei os olhos.

— Ok, — sussurrei.

Alguém de repente pigarreou. Grayson e eu erguemos


nossas cabeças para ver Kyle parado na porta.

— Desculpe interromper esse momento comovente, — disse


ele, sorrindo para nós dois.

— Aqui a bolsa de gelo que você pediu, Alfa. — Ele a


entregou a Grayson. — Agora eu posso ver por que você
precisava disso. Você está horrível, Luna.

— Puxa, obrigada, Kyle, — eu disse sarcasticamente.

Ele riu.

— Não foi nada, — disse ele. Ele piscou para mim antes de ir
embora.

Grayson terminou de cuidar da minha ferida, enfaixando-a e


pressionando a bolsa de gelo nela suavemente.

— Você vai manter isso aí até que todo o gelo derreter. Eu


não me importo quanto tempo demore. Seu rosto já está
inchando muito.

Eu acenei com a cabeça. Doeu pra cacete.

— Eu vou pegar um pouco de ibuprofeno para a dor, —


disse Grayson enquanto colocava uma mecha de cabelo
atrás da minha orelha. — Fique aqui, ok?

Eu balancei a cabeça novamente.

Depois que ele saiu da sala, suspirei e me encostei no


espelho atrás de mim. Minha vida virou completamente de
cabeça para baixo em apenas algumas semanas.

Eu me senti sobrecarregada — não, eu me sentia mais do


que sobrecarregada.

Eu me sentia completamente fora de mim.

Senti lágrimas se formando em meus olhos. Isso tudo era


demais para aguentar. Queria que tudo voltasse ao normal.

Eu queria pular em uma máquina do tempo. Voltar a ficar


com meu pai e trabalhar na lanchonete — antes que eu
precisasse me preocupar com dinheiro ou onde morar.

Olhei em volta, tentando controlar minha respiração.

Mas como uma máquina do tempo não está disponível...

Eu quero ir para casa e recuperar o controle sobre minha


vida!

Até minha mãe, que sempre pareceu tão bem arrumada e


controlada, estava usando uma máscara.

Ela estava obviamente vivendo em um ambiente que a


impedia de tomar qualquer decisão.

Eu não queria viver assim. Eu só queria ir para casa.

Eu só quero ir para casa.

Percebi então que o telefone de Grayson estava no balcão


ao meu lado. Olhei para a porta para ver se ele estava
vindo, então coloquei o telefone no bolso.

Grayson voltou alguns segundos depois, segurando um


copo de água e um remédio.
Quando ele viu as lágrimas em meus olhos, ele colocou o
copo e os comprimidos no balcão e estava na minha frente
em instantes.

— Porque você está chorando? — ele perguntou.

Porque eu tenho que te deixar, pensei.

— Meu rosto está doendo, só isso, — eu disse.

Ele franziu a testa e passou os nós dos dedos levemente


sobre meu hematoma.

— Eu odeio que você tenha se machucado. Eu gostaria de


ter aparecido lá antes que isso acontecesse. Aquele
bastardo vai pagar por isso, eu te prometo.

Eu balancei minha cabeça.

— Não. Não, por favor, não faça nada com ele. Eu não quero
magoar minha mãe.

Grayson suspirou. Ele me entregou o copo de água e o


ibuprofeno.

— Beba toda a água.

Depois que eu tomei o remédio, Grayson me levou para o


quarto e sentou na cama de forma que suas costas
estivessem contra a cabeceira da cama. Ele me colocou em
seu colo e me embalou em seus braços.

— Você não tem ideia de como eu estava preocupado, — ele


confessou em meu pescoço.

— Sinto muito, — eu disse. — Eu precisava ver minha mãe.


Ele murmurou enquanto continuava a respirar meu
perfume.

— Nunca me deixe assim de novo, ok? — Ele deu um beijo


no meu pescoço.

Seus beijos continuaram descendo pelo meu pescoço antes


que eu pudesse responder. Ele beijou minha marca e depois
voltou para o meu queixo, deixando beijos molhados em seu
caminho.

Finalmente, ele chegou à minha boca, movendo os seus


lábios contra os meus com tanta paixão que me tirou o
fôlego.

À medida que ficava cada vez mais distraída com os


eventos atuais, esqueci de manter a bolsa de gelo contra
minha bochecha. Grayson rosnou e agarrou minha mão,
pressionando-a de volta no meu rosto. Eu revirei meus
olhos.

Ele me deitou na cama e pairou sobre mim sem tirar seus


lábios dos meus. Suas mãos se moveram sob minha camisa,
traçando as linhas de minhas costelas.

Uau, isso progrediu rápido.

— Grayson, — eu disse através de seus beijos. Ele não


parou.

— Grayson, — eu tentei novamente.

Ele saiu de cima de mim um pouco e roçou seu nariz no


meu afetuosamente.

— Precisamos parar, — eu disse.


— Eu sei, eu sei, — disse ele. — Você não tem ideia de como
é difícil não te beijar a cada segundo de cada dia.

Engoli em seco. Eu podia sentir minhas bochechas ficando


vermelhas.

— Hum, obrigada?

Ele riu e saiu de cima de mim. Ele passou a mão pelo


cabelo.

— Eu preciso ir tomar um banho, provavelmente um frio.


Você gostaria de participar?

Meu rubor se intensificou.

— Não! Isso foi uma única vez, amigo.

Ele riu de novo, se inclinando para dar mais um beijo rápido


em meus lábios antes de se levantar.

— Sim, veremos, baby, — disse ele.

— Agora, você vai ser uma boa menina e ficar aqui e não
fugir enquanto eu estiver no banho, ou eu vou precisar
algemar você na cama?

Eu balancei minha cabeça rapidamente.

— Ficarei aqui.

— Ótimo, — disse Grayson e, em seguida, entrou no


banheiro.

Suspirei e olhei para o teto. Tudo que eu queria era dormir,


mas sabia que agora poderia ser o único momento que eu
teria sozinha. Peguei seu telefone e digitei a senha que
tinha visto antes.
Eu realmente quero fazer isso?

Capítulo 29

Belle

Eu encarei o telefone, meu polegar pairando sobre a tela.


Pensando.

Meu plano era reservar um voo quando Grayson não


estivesse olhando. Então eu escaparia para o aeroporto em
algum momento durante a noite. Talvez eu pudesse até
estar em casa pela manhã.

Eu sabia que agora seria minha única chance de fazer isso.

Olhei para a porta do banheiro, uma parte profunda de mim


esperando que Grayson saísse, visse o que eu estava
fazendo e me parasse.

Eu estava com tanto medo. Tudo isso era demais para mim.

Abri o navegador em seu iPhone, mas não consegui digitar


nada, embora soubesse que estava ficando sem tempo.

Mesmo só pensando em deixar Grayson, a dor no meu peito


aumentava cada vez mais. Minha marca latejava e as
lágrimas já começavam a brotar em meus olhos.

Mas e o meu apartamento? Meu trabalho? Já tinha sido


irresponsável da minha parte passar uma noite extra na
França em vez de correr para casa.

Meu aluguel já estava atrasado, e o proprietário não era


exatamente do tipo que perdoava.

E eu sabia que se falasse com Grayson, ele simplesmente


me convenceria a ficar mais um dia. Tive medo de discordar
dele. Eu tinha visto do que ele era capaz.

Nunca faria nada para te machucar, disse ele. Mas isso era
verdade?

Fale comigo. Se comunique. Vamos cuidar disso juntos.

Mas o que ele diria se eu contasse a ele que planejava fugir


esta noite e voltar para casa? E que eu não tinha certeza se
ainda tinha um emprego ou um apartamento e poderia virar
uma sem-teto?

Sempre tive muito orgulho de poder sustentar não só a


mim, mas também meu pai, depois que ele ficou
desempregado por causa de sua

doença.

Grayson ainda iria me querer se soubesse toda a bagagem


que eu carrego? Quão patética eu era?

E ainda havia o problema com minha mãe e seu


companheiro.

Grayson me trataria como Carl tratava minha mãe?

Ela parecia tão preocupada quando descobriu que meu


companheiro era um Alfa, e até me ajudou a bolar um plano
para ficar longe dele.

Mas eu não conseguia imaginar Grayson me machucando.


Eu respirei fundo. Eu confiava nele. Eu confiava nele com
minha vida. Se ele estivesse planejando me machucar, eu
lidaria com isso mais tarde.

Por enquanto, eu só queria desfrutar de sua companhia sem


pensar demais.
De repente, ouvi o chuveiro desligar. Meu coração deu um
pulo.

Segundos depois, Grayson saiu do banheiro com uma toalha


enrolada perigosamente baixa em seus quadris.

Ele passou a mão pelo cabelo, seus músculos ondulando


com cada movimento.

— Eu não tinha percebido quanto de sangue do


companheiro de sua mãe ainda estava em mim. Desculpe
se isso te assustou.

Sem nem mesmo saber o que estava fazendo, me lancei


contra ele, jogando meus braços em volta de seu pescoço.
Ele imediatamente passou os braços em volta de mim para
se estabilizar.

— Uau, o que está acontecendo, baby?

Comecei a soluçar em seu pescoço, deixando que todas as


emoções das últimas semanas inundassem meu corpo e me
dominassem. Eu não consegui evitar.

Grayson provavelmente pensou que eu estava louca.

Seu aperto em mim ficou mais firme.

— Belle, baby, o que foi? — ele perguntou em pânico. —


Porque você está chorando?

Eu apenas sacudi minha cabeça. Eu não conseguia falar em


meio aos soluços intensos que atormentavam meu corpo.

Grayson esfregou minhas costas calmamente, em seguida,


me
levantou de forma que minhas pernas circundassem sua
cintura. Ele nos guiou até a cama e se sentou, comigo
montada nele.

— Fale comigo, Belle, — disse ele, me forçando a olhar para


ele. Uma vez que meu rosto estava fora de seu pescoço, ele
passou a ponta do polegar pela minha bochecha,
enxugando minhas lágrimas.

— Você está me assustando, linda. O que tem de errado?

Eu respirei fundo.

— Eu não quero te deixar, — eu disse através das minhas


lágrimas.

O corpo de Grayson enrijeceu.

— Por que você me deixaria? — ele rosnou.

Eu funguei. Eu lentamente estiquei meu braço e peguei seu


telefone que estava jogado na cama. Ainda estava ligado.
Eu levantei para ele ver.

— O que? — ele perguntou, confusão óbvia em sua voz. Ele


pegou o telefone de mim.

Fechei meus olhos com força, me preparando para o que


estava por vir.

— Eu peguei no balcão do banheiro quando você não estava


olhando.

Eu ia reservar um voo para casa e fugir daqui esta noite.

— Minha mãe disse que se eu deixasse algo que cheirasse


como eu próximo a você enquanto você dormia, não notaria
que eu tinha ido embora até amanhecer.
Ele agarrou meus quadris com mais força e sua respiração
tomou-se irregular.

— Belle, olhe para mim.

Eu sacudi a cabeça. Eu não queria ver o quão bravo ele


estava.

Ele agarrou meu queixo e apertou suavemente.

— Olhe para mim, companheira.

Eu abri um olho e olhei para ele. Ele não parecia tão


zangado quanto eu imaginava. Eu mordi meu lábio.

— Em primeiro lugar, — Grayson começou, — isso nunca


teria funcionado. Talvez um lobo normal não notasse a falta
de seu companheiro, mas não um Alfa.

— Eu teria notado imediatamente, ou meu lobo teria.


Estamos sintonizados com cada parte do seu corpo, mesmo
durante o sono —

tudo sobre você, não apenas o seu cheiro.

Comecei a mexer na minha camisa, minhas bochechas


ficando vermelhas.

Ele agarrou meu queixo novamente e me forçou a olhar


para ele. Sua expressão tornou-se intensa.

— Em segundo lugar, você nunca vai me deixar. Não


importa aonde você vá ou quantas vezes você corra, eu
sempre vou te encontrar.

— Sempre. Sem falha. Você é minha, Belle. Não sei quantas


vezes tenho que te dizer isso. Você é minha companheira,
minha alma gêmea, meu tudo.
— Talvez eu não tenha sido claro o suficiente quando
expliquei tudo isso para você, e por isso eu sinto muito. Mas
vamos passar o resto de nossas vidas juntos. Eu amo você.

Eu ofeguei. Eu ouvi direito?

— Você me ama?

Grayson acenou com a cabeça.

— Com todo o meu ser.

— Mas há tantas coisas que você não sabe sobre mim. Você
não sabe sobre toda a bagagem que eu tenho, — eu disse.

— Então me diga, — disse Grayson enquanto acariciava


meu cabelo com amor. — Eu quero saber tudo sobre você.

— Tem certeza? — Eu sussurrei.

Ele acenou com a cabeça e se abaixou para beijar meu


nariz.

— Nada me faria mais feliz.

Olhei profundamente em seus olhos, procurando uma razão


para não me abrir com ele, mas não consegui encontrar
nenhuma. Talvez seja hora de deixar outra pessoa cuidar de
mim pelo menos uma vez.

— Eu sou uma sem-teto, — eu disse.

A expressão de Grayson passou de adorável a furiosa em


segundos enquanto ele processava o que eu havia dito.

Seu aperto em meus quadris aumentou ao ponto de quase


doer antes
que ele parasse e começasse a massageá-los.

— Por quanto tempo?

Eu olhei para as minhas mãos, de repente me sentindo mal


do estômago.

— Bem, eu não sou oficialmente uma sem-teto ainda, mas


serei quando eu voltar para casa. Meu locador não é muito
compreensivo quando se trata de aluguel atrasado. Tenho
certeza que todas as minhas coisas já estão na calçada.

Grayson rosnou.

— É por isso que você estava tão preocupada em ir para


casa?

Eu acenei lentamente, ainda sem encontrar seu olhar. Eu


podia sentir o constrangimento percorrendo meu corpo.

Grayson não disse nada por um tempo, e isso me forçou a


olhar para ele para tentar decifrar o que pensava. Seu rosto
estava contorcido de desgosto e todos os seus músculos
estavam tensos.

Estaria ele se perguntando no que se meteu? Estaria


desejando ter recebido uma companheira diferente?

Meus ombros caíram quando fiz minha próxima pergunta:

— Você ainda me quer?

Os olhos de Grayson agarraram-se aos meus e ele rosnou


ferozmente.

Ele puxou meu corpo em seu peito.

— Você é minha!
Seu lobo parecia falar agora enquanto a escuridão de seus
olhos assumia o controle.

— Eu sempre vou querer você!

Eu balancei a cabeça para mostrar que entendi.

— Sinto muito, — eu sussurrei em seu peito. Ele se afastou


para que pudesse me olhar, seus olhos animalescos
penetrando nos meus.

— Por que você está pedindo desculpas?

— Lamento que você esteja preso a mim. Tenho certeza de


que não era o que você estava imaginando quando
imaginou sua companheira. É

possível que eu não tenha um emprego também, então


quem sabe quando poderei me recuperar.

— Foi por isso que você não me disse nada? — Grayson


perguntou. —

Pensou que eu teria vergonha de você?

Eu balancei a cabeça novamente.

— Não tem?

Para minha grande surpresa, Grayson apenas riu. Ele


passou a mão pelo rosto.

— Eu fiz um trabalho terrível explicando tudo isso para


você, — disse ele sombriamente.

— Eu estava sendo honesto quando disse que vou garantir


que você nunca pague por mais nada em sua vida. Você vai
morar comigo assim que voltarmos para Minnesota. Você
nunca mais vai ter ou vai precisar de um emprego.

— Eu irei prover para você assim como qualquer bom


companheiro faz. É o jeito de viver de todos os lobisomens.
Não é da nossa natureza fazer de qualquer outra forma.

Eu fiquei boquiaberta com ele.

— Você quer que eu vá morar com você? Depois de nos


conhecermos por apenas algumas semanas?

Ele deu uma risadinha.

— Não, menina, eu não quero que você vá morar comigo.


Você vai morar comigo. Você não tem escolha sobre o
assunto.

— Vou amarrá-la à minha cama se for preciso, apenas para


garantir que eu consiga acordar ao lado do seu lindo rosto
para o resto da minha vida.

Eu sabia que deveria estar com medo, que deveria correr


para as colinas. Isso era exatamente o que eu temia quando
pensei em entrar em um relacionamento com Grayson: não
conseguir mais tomar minhas próprias decisões.

Mas não fiquei com medo. Eu me senti aquecida. Pela


primeira vez na minha vida, parecia que não tinha nada
com que me preocupar. Grayson cuidaria de mim.

— Quanto a ter vergonha, — Grayson acrescentou em um


tom de desgosto, — isso não é possível. Eu não estava
bravo com você por sua situação.

— Fiquei furioso comigo mesmo por não estar lá para cuidar


de você quando você mais precisou de mim. Você estava
tão perto e eu não tinha a menor ideia. Eu poderia te ter em
meus braços há muito tempo.

O alívio cresceu dentro de mim. Eu sorri e encostei minha


cabeça em seu peito.

— Eu nunca quero deixar seus braços, — eu sussurrei.

Ele sorriu levemente e pressionou sua boca em meu cabelo.

— Então você não vai, — disse ele.

Suspirei enquanto me aninhava ainda mais nele.

— É bom finalmente ser honesta com você. Não gostava de


todas as mentiras que estava lhe contando. Eu estava com
tanto medo. —

Grayson esfregou minhas costas novamente, massageando


meus músculos tensos que estavam lentamente começando
a se soltar.

— Que outras mentiras você me contou?

Eu mordi meu lábio.

— Uh, eu não moro em Winona. Eu moro em Minneapolis.

Grayson deu uma risadinha.

— Você acha que eu não sabia disso? No minuto em que te


conheci, um dos membros da minha matilha desenterrou
todos os seus dados.

Eu engasguei e olhei para ele.

— Você o que?
Ele riu de novo.

— Não fique tão ofendida, meu amor. Você me pertence,


lembra?

Tenho o direito de saber tudo sobre você.

— Sim, tanto faz, — eu disse, ainda um pouco chateada com


a invasão de privacidade.

Ele se inclinou e começou a mordiscar de brincadeira minha


orelha e queixo, obviamente tentando melhorar meu humor.
Eu ri e o empurrei.

Ele deu uma risadinha.

— Mais alguma mentira que você contou pra mim? —


Grayson perguntou.

Pensei nas últimas semanas.

— Hum, não existe um livro chamado Mãos de ouro?

A risada sacudiu Grayson novamente.

— Sim, eu sabia dessa também, — disse ele alegremente e


me trouxe para mais dentro de seus braços.

E, pela primeira vez em muito tempo, tudo estava bem.

Capítulo 30

Belle

Na manhã seguinte, acordei com a sensação de Grayson


espremendo por trás.
Tentei mover meu peso para encontrar uma posição mais
confortável, mas ele estava tornando isso impossível com a
força com que me segurava. Não era dolorido, mas estava
muito desconfortável.

— Grayson, — eu disse, tentando acordá-lo. Esfreguei seus


braços que estavam em volta de mim. — Grayson, acorde.

A cada segundo que passava, seu aperto ficava cada vez


mais forte. Eu sabia que tinha que acordá-lo ou ele iria
literalmente me espremer até a morte.

Inclinei-me o máximo que pude e dei um beijo em seu


braço, depois outro. Pequenos bufos saíam de Grayson com
cada beijo que eu pressionava em sua pele. Seus braços se
afrouxaram um pouquinho.

Continuei a beijar seus braços e mãos, depois comecei a


lamber e chupar. Seus grunhidos se transformaram em
gemidos.

Seu aperto em mim afrouxou para um nível suportável, e eu


soltei um suspiro de alívio.

Mas então ele jogou uma das pernas em cima de mim e


enterrou o rosto no meu pescoço e cabelo. Eu podia dizer
que ele ainda estava dormindo. Eu também sentia algo duro
cutucando minha bunda. Opa.

Eu agarrei uma de suas mãos e tracei as linhas em sua


palma.

— Grayson, — eu sussurrei. Ele bufou e se mexeu um pouco.


Eu trouxe sua mão para cima e beijei sua palma
suavemente. — Grayson, preciso que você acorde.
Quando ele não se moveu novamente, eu lentamente virei
meu corpo para que pudesse encará-lo. Isso provou ser
muito difícil, pois Grayson rosnou e apertou os braços em
volta de mim mais uma vez durante o sono.

Qualquer que fosse seu sonho, deveria ser muito intenso.

Uma vez que estava de frente para ele, percebi como ele
parecia estressado. Seu rosto estava tenso e franzido, e
todo o seu corpo estava rígido e imóvel, exceto por sua
respiração rápida e trêmula.

Eu não gostava de vê-lo assim. Eu não queria que ele


ficasse estressado ou tivesse um pesadelo.

Eu me peguei levantando minhas mãos entre nós e


passando-as sobre seu rosto. Eu acariciei as linhas de
expressão e tracei sua mandíbula, boca, nariz e olhos.

Seu rosto era lindo, e eu me peguei querendo tocar e


memorizar cada parte dele.

Ele relaxou um pouco, mas sua respiração ainda estava


saindo em jatos rápidos. Eu inclinei minha testa contra a
dele.

— Grayson, acorde.

Ele se mexeu um pouco, mas não abriu os olhos. Eu gemi.


Cara, esse cara consegue dormir.

Poderia ter sido adorável, mas eu realmente precisava ir ao


banheiro.

E ter Grayson me apertando definitivamente não estava


ajudando.
Então eu fiz a única coisa que pude pensar: beijei
suavemente seu pescoço. E então continuei até seu rosto —
sua mandíbula e ao redor de seus lábios.

Eu me senti culpada por beijá-lo sem seu consentimento,


mas não parei. Quer dizer, eu estava molestando o cara
enquanto ele dormia, mas adorei a sensação de sua pele
nos meus lábios.

Isso enviou choques elétricos através do meu sistema e


deixou meu cérebro todo confuso. Além disso, eu tinha
certeza de que ele não se importaria se estivesse acordado.

Eu finalmente beijei seus lábios. Fogos de artifício


explodiram dentro de mim enquanto eu movia meus lábios
contra os dele, perdi meu fôlego.

E então, de repente, eu estava de costas e Grayson estava


em cima de mim, me beijando apaixonadamente. Eu gemi.

Bem, acho que ele está acordado agora.

Eu tinha esquecido que meu objetivo com tudo isso era


acordá-lo. Eu estava muito entretida em beijá-lo para
prestar atenção em sua reação.

Deus, essa coisa de vínculo de companheiro deve estar


realmente me afetando.

Grayson agarrou minhas pernas e as posicionou em torno


de sua cintura, assumindo total controle da situação. Em
seguida, ele moveu as mãos para agarrar minha cintura sob
a camisa do pijama.

Seus polegares roçaram a pele logo abaixo dos meus seios.


Eu estava ficando sem fôlego com o nosso beijo intenso.
Percebendo isso, Grayson removeu seus lábios dos meus e
os moveu para baixo, para minha mandíbula e pescoço, e
então para minha clavícula e ao redor da gola da minha
camisa de algodão.

Ele parou apenas o suficiente para agarrar a barra da minha


camisa e puxá-la para cima.

Incapaz de me conter, levantei meus braços, permitindo que


ele removesse minha blusa.

Grayson olhou para minha metade superior exposta por um


longo momento, seus olhos treinados em meus seios. Seu
olhar ficou escuro e tempestuoso enquanto se movia pelo
meu corpo, aparentemente memorizando cada parte dele.

O calor do momento me deixou e foi substituído pela


timidez. Ele estava me olhando tão intensamente, e eu não
pude deixar de torcer para que ele aprovasse o que via.

Eu nunca tinha estado tão consciente de meu corpo antes —


eu tinha outras coisas com que me preocupar — mas agora
eu me senti mexer e me contorcer de desconforto.

Grayson percebeu isso imediatamente e voltou seu olhar


para o meu rosto. Sua expressão se suavizou. Ele estendeu
a mão e acariciou minha bochecha suavemente.

— Todos os dias me pergunto como consegui uma


companheira tão bonita quanto você, como tive tanta sorte.

Corei e me contorci um pouco mais, sem saber como reagir


ao seu elogio. Ninguém nunca tinha falado assim comigo.

Ele sorriu para mim e baixou o rosto para me dar um beijo


lento, mas apaixonado. Não foi como o beijo de antes, que
tinha sido quente e exigente.

Não, este era doce e amoroso e fez meus dedos do pé se


curvarem de prazer.

— A propósito, — disse Grayson, afastando-se um pouco de


mim, —

espero ser acordado assim de agora em diante.

Eu ri.

— Eu queria fazer xixi e você não estava acordando. Foi a


única coisa que consegui pensar. Achei que você não se
importaria.

Ele se inclinou e me beijou novamente.

— Te dou permissão total para me beijar quando quiser,


consciente ou não.

Eu ri de novo e me levantei para beijar seus lábios. Ele


rosnou baixinho. Quando nos separamos, perguntei: — Com
o que você estava sonhando?

Capítulo 31

Belle

Ele se recostou.

— O que?

— Parecia que você estava tendo um pesadelo. Você estava


rosnando e quase me espremeu até a morte, — eu disse.

Ele suspirou.
— Eu estava sonhando com seu padrasto. Ele estava te
batendo e eu não conseguia chegar até você.

— Oh, — eu disse. Eu amava o quão protetor ele era


comigo. — Mas estou bem agora. Você me salvou.

Ele passou a mão sobre o hematoma na minha bochecha.

— Eu sempre vou te salvar.

Era loucura como eu me sentia conectada ao homem em


cima de mim. Era como se eu o conhecesse minha vida
inteira. Eu não conseguia acreditar que ontem mesmo
estava planejando deixá-lo.

Hoje, eu não poderia imaginar minha vida sem ele. Eu


provavelmente teria um colapso total se ele não estivesse
comigo. Talvez nosso vínculo de companheiros estivesse
ficando mais forte quanto mais nos conhecíamos.

Senti Grayson acariciando meu flanco nu, fazendo com que


faíscas prazerosas corressem por mim.

— No que você tanto pensa, linda?

Eu sorri.

— Eu. . — eu hesitei. Seria estranho dizer algo assim tão


cedo em nosso relacionamento? Acho que Grayson já havia
me dito que me amava. Quão mais sério poderia ficar?

— Eu estava pensando sobre o vínculo do companheiro,


como você o chama. Acho que está me afetando.

Os olhos de Grayson brilharam de felicidade.

— Você acha? E por que acha isso?


— Eu só — desviei o olhar dele — Tudo isso é loucura. Só te
conheci há algumas semanas, mas, apesar disso, ainda
quero te dar uma chance.

O que é uma loucura e eu sei disso.

— Mas eu não me importo. Eu simplesmente gosto de você.


Muito.

Eu gosto de estar perto de você e, hum. . tocar em você. Eu


quero estar com você, não importa o quão louco seja.

Grayson agarrou meu queixo e virei minha cabeça para


olhar para ele.

Seu sorriso era enorme.

— Você não tem ideia de como isso me deixa feliz.

Eu sorri para ele hesitantemente.

— Mesmo?

Ele acenou e acariciou meu rosto.

— Sim, mesmo. E acredite em mim, amor, todos esses


sentimentos são mais do que mútuos. — Ele se inclinou e
rosnou contra meu ouvido.

— Principalmente a parte do toque.

Ele beijou minha marca e eu arfei.

Mas ele não parou por aí. Ele continuou descendo. E desceu.

E então sua boca estava no meu seio.


Metade de mim estava em êxtase, amando cada coisinha do
que ele fazia, mas a outra metade — provavelmente a mais
sã — percebeu naquele exato momento que eu não estava
usando uma camisa. Como eu esqueci disso?

Eu não tinha nem percebido que não estava usando sutiã!


Eu estava tão confortável perto dele que nem percebi que
meu torso estava completamente exposto. Eu tive uma
conversa inteira com ele enquanto estava seminua!

Eu engasguei e o empurrei para longe de mim. Felizmente,


ele me permitiu, e eu agarrei o lençol e puxei-o até meu
pescoço, me cobrindo com sucesso.

Grayson rosnou e fez bico quando não pôde mais ver meu
tórax exposto.

— Sinto muito, — eu disse, me sentindo envergonhada. —


Eu esqueci

que não estava usando uma camisa.

Eu estava confortável demais com esse cara.

Grayson riu baixinho e então suspirou. Ele passou a mão


pelo cabelo, parecendo um pouco aflito, como se estivesse
se contendo.

— Está tudo bem, amor. Eu só esperava que você não


notasse e me deixasse fazer o que quisesse com você.

— Eu realmente não acho justo eu ficar sem camisa o


tempo todo enquanto você está totalmente vestida. Eu acho
que você deveria ficar sem camisa também.

Eu levantei uma sobrancelha.


— OK. Simplesmente nunca mais colocarei uma camisa. Vou
sair em público de topless a partir de agora. Aposto que
todos os homens ao nosso redor realmente vão gostar disso.

Um rosnado alto deixou a boca de Grayson, e ele


rapidamente pegou minha camisa que estava ao lado dele e
a colocou sobre a minha cabeça.

Eu ri. Grayson se deitou ao meu lado assim que vesti minha


camisa e me pegou em seus braços, pousando minha
cabeça em seu peito. Ele beijou minha testa suavemente.

— Sabe, você não precisa se envergonhar. Seu corpo é meu.


Tudo de você é meu.

Revirei meus olhos com sua possessividade.

— Uh-huh, claro, — eu disse em um tom de brincadeira.

Ele apertou meu lado em advertência e eu ri. Eu aninhei


meu rosto em seu pescoço, simplesmente respirando seu
cheiro e aproveitando a sensação de estar em seus braços.
Ficamos assim por alguns minutos.

Tudo parecia tão tranquilo, tão certo.

Mas então respirei fundo.

— Há mais uma coisa que você deveria saber, — eu


sussurrei.

Grayson me moveu um pouco para que ele pudesse me ver.

— Tudo bem, — disse ele.

Eu já podia sentir o rubor se espalhando pelo meu pescoço


e pelo meu rosto. Grayson passou a mão para cima e para
baixo nas minhas costas de uma forma reconfortante,
obviamente percebendo minha ansiedade.

— Eu, hum — hesitei — Nunca fiz nada parecido com isso


antes.

Grayson ergueu uma sobrancelha.

— O que?

Eu me mexi e fechei os olhos com força. Eu não tinha ideia


de como ele reagiria ao que eu estava prestes a dizer.

— Eu sou virgem, — eu deixei escapar.

Abri meus olhos lentamente quando não ouvi resposta de


Grayson.

Ele tinha um sorriso divertido no rosto.

— E você estava preocupada com como eu reagiria a isso?

Eu balancei a cabeça lentamente, confusa com sua reação.

— Bem, sim.

O sorriso de Grayson se alargou quando ele passou a mão


na minha bochecha.

— Eu já sabia disso, baby.

— O que? — Eu perguntei enquanto me sentava. — Como


você poderia saber?

Ele encolheu os ombros.

— Eu posso sentir o cheiro.


— Você pode sentir o cheiro da minha virgindade? — Eu
perguntei, em estado de choque. Grayson acenou com a
cabeça.

— Um lobo macho pode sentir o cheiro da virgindade de sua


fêmea, ou a falta dela.

Meu queixo caiu.

— Então você sabia esse tempo todo?

— Claro, — ele disse. — E fico feliz em saber que serei o


primeiro. —

Ele me puxou para mais perto dele e esfregou seu nariz


amorosamente contra minha bochecha. — E o último, — ele
sussurrou.

Eu ri nervosamente e tentei não revelar o quanto suas


palavras me afetaram. Faíscas quentes viajavam pelo meu
corpo com o que ele estava insinuando.

— Você é muito presunçoso, sabia?

Seus lábios pairavam sobre minha marca quando ele disse


suas

próximas palavras: — Você acha que não vou tirar sua


virgindade? — ele disse sedutoramente.

A verdade é que eu tinha certeza que ele seria o único. Mas


ele não precisava saber disso. Eu não estava pronta e não
queria que ele confundisse minha permissão com o fato de
estar pronta.

Além disso, ele não precisava de um ego maior.

— Bem. . eu, eu não. .


Ele beijou minha marca suavemente e enviou chamas pelo
meu corpo. Eu ofeguei e virei minha cabeça para o lado
para dar a ele melhor acesso. Ele riu contra minha pele.

— Eu mal posso esperar para estar dentro de você, ouvindo


aqueles sons que você faz quando eu te beijo e te fazendo
sentir coisas que você nunca sentiu antes.

Eu arfei com suas palavras, e um gemido baixo saiu da


minha boca.

Eu empurrei meu corpo mais perto do dele. Eu mal podia


esperar também.

— Mas agora, — ele disse entre beijos no meu pescoço e ao


redor da minha marca, — eu sei que você não está pronta.
Eu também sei que precisa fazer xixi.

Ele afastou o cobertor de mim.

— Então é melhor você ir antes que eu decida mantê-la


nesta cama para sempre.

Atordoada, levantei-me e segui suas instruções,


caminhando até a porta do banheiro e fechando-a atrás de
mim.

Capítulo 32

Belle

Sentei-me na cama no final da tarde, observando Grayson


arrumar nosso quarto de hotel enquanto nos preparávamos
para ir para casa.

Embarcaríamos em nosso voo esta noite por volta da meia-


noite no horário de Paris.
Eu tentei ajudar, mas ele apenas rosnou para mim e me
disse para sentar. Cansada de nosso dia cheio de aventuras,
não me incomodei em discutir.

Passamos o dia vendo tudo o que havia para ser visto em


Paris, e foi absolutamente incrível. Meu rosto doía de tanto
sorrir.

Eu ainda sorria enquanto observava Grayson se mover


através do quarto, olhando para mim e sorrindo de vez em
quando.

Tudo nele era perfeito. Eu não pude deixar de admirar a


maneira como seu corpo se movia e como seus grandes
músculos flexionavam.

Ele era de tirar o fôlego; era difícil acreditar que um cara


como ele iria querer uma garota como eu.

— Grayson? — Eu perguntei a ele, hesitante.

Ele olhou para mim com uma sobrancelha levantada.

— Por favor, não fique bravo, — eu disse enquanto torcia


minhas mãos.

Ele se virou totalmente para mim.

— Ok, agora você tem minha atenção.

Eu respirei fundo.

— Não podemos ir para casa ainda, — eu disse.

Sua expressão ficou chocada.

— O que? Você está implorando para ir para casa há


semanas. Achei que estaria animada. — Ele veio em minha
direção e se sentou ao meu lado, segurando minhas mãos.

— Eu sei, mas isso foi antes de visitar minha mãe. Eu não


posso deixá-

la. Ela precisa de nossa ajuda. Carl é basicamente um


monstro.

Grayson suspirou.

— Sim, nisso eu concordo com você. Já tenho tudo sob


controle.

— O que você quer dizer? — Eu perguntei.

— Mandei um dos meus homens para cuidar de sua mãe e


me enviar atualizações diárias. Eu gostaria de poder fazer
mais, mas preciso voltar para minha matilha.

— Assim que tudo estiver sob controle lá, vou rever a


situação e avaliar como sua mãe foi tratada e, em seguida,
decidirei se ela precisa ser trazida para Minnesota e
convidada para se juntar ao nosso bando.

Eu balancei minha cabeça.

— Mas e se algo acontecer? Eu não posso simplesmente


deixá-la aqui.

Temos que ajudá-la agora.

— Alguém vai cuidar dela e intervir se alguma coisa


acontecer, —

disse Grayson. — Eu não posso simplesmente separar


alguém de seu companheiro. O lobo de Carl não vai permitir.
Pode não parecer, mas ele é um lobisomem poderoso. Ele é
gama da principal matilha de Paris.
— Ele tem muito poder. Não tem como saber do que ele
seria capaz se sua companheira fosse embora.

Ele estendeu a mão e segurou minha bochecha


suavemente.

— Eu sei que nunca desistiria se te perdesse. Eu destruiria o


mundo primeiro.

Inclinei-me mais perto de seu toque, amando a sensação


das faíscas correndo pelo meu corpo.

— Ok, — eu sussurrei.

Isso fez eu me sentir um pouco melhor. Eu tinha tantas


perguntas para minha mãe. Eu simplesmente não conseguia
acreditar que ela nunca mais queria me ver novamente.

Não depois do quanto ela ficou feliz de me ver antes de Carl


aparecer.

Mas ela tinha sobrevivido tanto tempo sem mim. Ela poderia
esperar mais um mês, certo?

Grayson passou o braço em volta do meu ombro e me


puxou para perto dele.

— Por favor, não se preocupe muito, linda. Eu vou cuidar de


tudo. —

Ele se abaixou e beijou minha testa.

Inclinei-me ainda mais para ele. Eu não podia deixar de


confiar nele.

Quando Grayson e eu embarcamos em seu jato particular


para voltar para Minnesota, meu estômago revirou de
nervosismo.
Principalmente porque eu estava prestes a entrar em um
avião e não pude evitar, e ainda sentia medo de voar, mas
também porque estava prestes a voltar para a casa de
Grayson e encontrar sua matilha.

Como eu deveria ajudar Grayson a liderar uma alcateia? Eu


mal conseguia pagar meu aluguel. E se eles não gostassem
de mim ou me considerassem inadequada?

Eu sabia que Grayson podia sentir minha ansiedade. Ele


manteve um braço seguro em volta de mim o tempo todo e
estava sempre fazendo carinho nas minhas costas ou no
braço — como se me lembrasse de sua presença e eu não
tinha que me preocupar com mais nada.

O jato particular era maior do que eu esperava, com várias


fileiras de assentos e um sofá na parte de trás.

Quando chegamos aos nossos lugares, Grayson me puxou


contra seu peito antes que eu tivesse a chance de me
sentar. Ele me colocou em seu colo enquanto se sentava em
seu assento.

No começo eu não me importei. Eu simplesmente revirei


meus olhos e permiti que ele me abraçasse. Sentir seus
braços em volta dos meus honestamente ajudava a acalmar
meus nervos. Ficamos assim por alguns minutos antes de o
avião se mover.

Então eu rapidamente tentei me levantar e sentar ao seu


lado, mas Grayson apenas firmou seu aperto em mim.

— O que você está fazendo? — Eu sibilei.

Grayson agiu como se não estivesse me ouvindo e esfregou


o nariz na lateral do meu pescoço.
Afastei seu rosto de mim e tentei sair de seu colo. Ele não
se mexeu.

— Sério, Grayson! Deixa eu me sentar no meu lugar!

Ele fingiu pensar sobre o assunto, então encolheu os


ombros.

— Não.

Eu fiquei boquiaberta.

— O que você quer dizer com 'não'?

— Quero dizer, você vai ficar sentada bem aqui durante o


voo. E

ninguém vai discutir comigo sobre isso, — ele disse


enquanto me segurava mais perto de seu peito.

— Oh, você quer apostar? — Eu perguntei teimosamente


enquanto o empurrava mais uma vez com muito mais força.
Seu aperto em mim não afrouxou. O avião estava se
movendo mais rápido.

— Grayson, por favor! Isso não é seguro! Tenho que me


sentar e colocar o cinto de segurança!

Ele empurrou seu rosto em meu pescoço e, em seguida,


trouxe seus lábios ao meu ouvido.

— Calma, Belle. Eu não vou deixar que nada aconteça com


você.

Sua voz calma fez com que um pouco da tensão deixasse


meu corpo.
— E os cintos de segurança? — Eu perguntei trêmula. —
Contratei o melhor piloto que o dinheiro pode pagar. Eu
prometo a você que nada vai acontecer. E se algo
acontecer, então meus braços serão seu cinto de
segurança, — disse ele.

Ele é estúpido ou algo assim?

— Hum, eu não me importo o quão forte você pensa que é,


Sr.

Lobisomem Alfa Qualquer Coisa, se este avião cair no


oceano, seus braços não vão poder me salvar!

Ele sorriu um pouco.

— Vamos colocar essa teoria à prova, certo? — ele


perguntou.

Eu o empurrei mais uma vez, golpeando seu peito com toda


a minha força.

— Não! Não vamos fazer isso! Me solta!

De repente, Grayson pressionou sua mão gigante na minha


nuca possessivamente, me forçando a virar e olhar para ele.

Ele trouxe meu rosto tão perto do dele que nossos narizes
estavam quase se tocando, e eu observei enquanto seus
olhos escureciam substancialmente, a presença de seu lobo
se fazendo sentir.

Eu engoli em seco.

— Você vai ficar sentada aqui durante todo o voo e ponto


final. Estou sendo claro? — Grayson perguntou, sua voz um
oitavo mais grave do que o normal.
No começo, eu não conseguia falar. Eu estava muito
consumida em seus olhos, observando suas íris rodopiarem.

Seu aperto na parte de trás do meu pescoço ficou mais


forte.

— Belle, me prometa.

Eu concordei rapidamente, com medo de que ele se


transformasse em um lobo se eu discordasse.

— Vou ficar aqui.

Grayson grunhiu em aprovação.

— Ótimo. Agora venha aqui.

Ele soltou meu pescoço e gentilmente me trouxe para mais


perto dele para que eu pudesse inclinar minha cabeça
contra seu peito.

Em seguida, suas mãos abriram caminho por baixo da


minha camisa, onde acariciaram minhas costas
calmamente, assim como ele havia feito no voo para Paris
quando nos conhecemos.

Seu toque acalmou muito meu corpo, e logo eu estava


completamente em paz. Grayson deu um beijo suave na
minha cabeça.

Fiquei surpresa com a rapidez com que ele poderia ir de


macho Alfa dominante, exigindo respeito, para meu doce e
amoroso companheiro que eu sabia que nunca me
machucaria.

Depois de mais alguns minutos, o avião estava oficialmente


no ar. E, surpreendentemente, eu estava bem.
— Ei, Grayson? — Sussurrei enquanto inclinei minha cabeça
para olhar para ele.

— Sim, linda? — ele perguntou.

Eu respirei fundo.

— Eu amo você.

Grayson pareceu surpreso por um momento, mas logo seu


rosto se abriu em um sorriso de tirar o fôlego. Em uma
fração de segundo, seus lábios desabaram sobre os meus.

Assim que ele soltou meus lábios, ele olhou para mim e
sorriu

amplamente.

— Eu também te amo, Belle. Mais do que você poderia


imaginar.

— Aaawww, — alguém disse de repente ao nosso lado. —


Sinto que meu coração está prestes a explodir de tanta
fofura.

As nossas cabeças se levantaram. Nossos olhos se


encontraram com os de Kyle: ele estava sentado na fileira
ao nosso lado com o cotovelo apoiado no descanso de braço
e o queixo apoiado na mão. Eu não podia acreditar que não
tinha notado ele sentado ao nosso lado. Claro, isso também
significava que ele estava presente durante toda a minha
declaração de amor a Grayson. Que vergonha!

Grayson rosnou alto e mostrou os dentes para ele.

— Encontre outro lugar para se sentar, Kyle. Vá incomodar o


piloto ou algo assim.
Kyle ergueu as mãos em sinal de rendição.

— Achei que poderíamos fazer companhia um ao outro


durante o voo para casa. — Ele levantou. — Mas posso ver
que sou indesejado.

Ele saudou Grayson, piscou para mim e então se sentou o


mais longe possível de nós.

Eu olhei de volta para Grayson.

— Bem, esse é certamente um jeito de arruinar o momento


perfeito,

— eu disse, brincando com a gola de sua camisa.

Grayson balançou a cabeça.

— Kyle é um bom gama, mas estou pensando em matá-lo


agora.

Corri meus dedos pela lateral do cabelo de Grayson.

— Vamos tentar de novo? — Eu perguntei.

Grayson ergueu uma sobrancelha.

— Tentar o que?

— Grayson, — comecei, — eu te amo.

Ele sorriu suavemente e me trouxe para frente até que


minha testa encontrasse a dele.

— Eu acho que não vou me cansar de ouvir você dizer isso,


— ele sussurrou. — Eu também te amo, Belle.

Capítulo 33
Belle

Quando saímos do caminho que nos levara através da parte


selvagem de Minnesota e para uma longa estrada de
cascalho que nos levaria à casa de Grayson, parecia que
havia um feixe de nervos no fundo do meu estômago que
parecia uma pedra.

Era o meio da noite, então eu sabia que provavelmente não


teria que encontrar muitas pessoas, mas ainda estava
nervosa.

Eu estava prestes a começar minha nova vida em minha


nova casa com um homem que conheci apenas algumas
semanas atrás, mas de alguma forma já amava. Se isso não
bastasse, eu deveria ajudá-lo a liderar, sem ter nenhuma
experiência em liderança.

Quer dizer, eu mal sabia alguma coisa sobre lobisomens, e


agora estava prestes a me tornar a "Luna" de uma matilha
inteira. Como isso fazia qualquer sentido?

Estávamos sentados na parte de trás de um carro que ele


havia deixado no aeroporto. Grayson, sempre sabendo
quando eu estava me sentindo inquieta, envolveu um braço
reconfortante em volta de mim e gentilmente me puxou
para ele.

Ele esfregou o nariz contra o lado da minha cabeça.

— O que está te incomodando, baby?

Eu dei de ombros e cheguei mais perto dele, não querendo


entrar no assunto naquele momento. Eu mal conseguia falar
por cima do nó em minha garganta.
Como se soubesse o que eu estava pensando, Grayson
disse:

— Todo mundo vai te amar. Você não tem nada com o que
se preocupar. Você vai se sair bem.

Ainda em seus braços, virei minha cabeça para olhar para


ele. Seus olhos eram gentis e suaves enquanto ele olhava
para mim.

— Eles vão ficar bem com o fato de uma humana ser sua
companheira? Sendo a Luna deles? E o que todos vão
esperar de mim?

Não sei nada sobre liderar uma matilha. Como vou ser de
qualquer ajuda para você?

Grayson me puxou para perto dele.

— Minha matilha amará você como Luna naturalmente. Eles


sentiram a conexão entre nós no momento em que te
conheci, assim como eu.

— Eles sabem que encontrei minha companheira e sua


Luna, e podem sentir sua força. Eles confiam em mim como
seu Alfa e confiam na escolha da Deusa da Lua para minha
companheira.

— Você pode não saber, mas você tem todas as qualidades


necessárias para ser a Luna perfeita. Nós facilitaremos seu
novo trabalho e com o tempo, você vai aprender.

— E tenho plena confiança de que você achará ser uma


Luna mais agradável do que pensa. Você nasceu para
liderar ao meu lado.
Engoli. Caramba, não estou me sentindo nem um pouco
pressionada agora.

Eu concordei.

— Tudo bem, — eu disse. — Eu consigo.

Grayson beijou o topo da minha cabeça.

— Sim, você consegue. E se isso te faz sentir melhor, a


única pessoa que você vai ter que conhecer hoje é meu
beta, Adalee.

— E meu companheiro, Elijah! — Kyle gritou do banco da


frente. —

Ele está acordado, esperando eu chegar em casa.

Ouvindo a animação em sua voz, sorri.

— Você acha que será capaz de lidar com isso? Você não vai
se sentir muito pressionada? — Grayson me perguntou em
um tom preocupado.

Eu sabia que ele estava desesperado para que eu fosse feliz


com sua matilha. Era quase fofo o quão preocupado ele
estava. Meu coração derreteu um pouco.

Eu respirei fundo e virei meu corpo totalmente para que eu


estivesse de frente para ele.

— Eu vou ficar bem. Só fique comigo, ok? Não acho que vou
conseguir passar por isso sem você ao meu lado.

Grayson sorriu e se inclinou, me beijando suavemente nos


lábios.

— Sempre. Nunca vou te deixar.


Eu senti o amor pelo homem sentado ao meu lado crescer.
Eu pressionei meus lábios nos dele e passei meus braços
em volta do seu pescoço. Grayson gemeu contra minha
boca.

— Ok, então enquanto vocês dão uns amassos, eu vou ver


meu companheiro, — Kyle disse.

Antes que eu pudesse olhar para ele, ouvi a porta da frente


do carro bater e o som fraco dos passos de Kyle correndo.

Pela janela ao nosso lado, vi uma casa gigante com vários


andares.

Parecia mais um hotel do que uma casa, na verdade.

Eu não pude evitar, fiquei boquiaberta.

Senti a mão de Grayson na minha perna, correndo para


cima e para baixo.

— Como você está, baby? — Sua voz parecia hesitante


enquanto me observava reagir ao seu vasto território.

— Eu só. ., — comecei. — Uau.

Grayson acenou com a cabeça enquanto olhava para a


casa.

— Acho que essa é uma reação tão boa quanto qualquer


outra. Este é a casa da matilha e seu novo lar. Abriga mais
de quinhentos lobisomens.

Muitos dos outros membros também vivem em casas em


terras da matilha, mas esta é a maior delas.

Eu engoli e soltei um suspiro trêmulo.


— E você mora aqui também?

— Sim, — disse Grayson. — Nós dois moramos.

Eu concordei.

— Bem. ., — eu disse lentamente. Eu olhei para ele,


agarrando sua mão e apertando.

— Acho que é hora de começarmos nossa nova vida juntos,


não é?

Ele apertou minha mão de volta e sorriu amplamente.

— Depois de você, — disse ele, apontando para a porta do


meu lado.

Uma vez dentro de casa, a primeira coisa que notei foi que
o interior

era tão magnífico quanto o exterior.

Eu entrei no grande saguão com meu queixo no chão, mal


conseguindo absorver o quão bonito era.

Fui cumprimentada por uma grande escada em espiral, que


aparentemente continuava por pelo menos seis andares.

Pilares nos rodeavam em um círculo, e meus tênis baratos,


não mais tão brancos, encontravam o que parecia ser um
piso de madeira caro que se transformava em mármore à
medida que você examinava mais a casa.

Todas as paredes eram de um branco puro quando não


estavam cobertas por janelas gigantes. As vigas de madeira
no teto davam à casa toda uma sensação semelhante a
uma cabana. Era absolutamente de tirar o fôlego.
Eu nem tinha percebido que Grayson estava me
observando, vendo minha reação, até que ele estreitou o
braço que já estava firmemente enrolado na minha cintura.

— O que você acha?

Eu não conseguia parar de olhar ao meu redor.

— Eu acho que nunca estive em um lugar tão refinado


quanto este, —

eu disse maravilhada. Eu olhei para Grayson. — Você não


me disse que era tão rico!

Grayson deu uma risadinha.

— Eu não sou. Isso é todo o dinheiro do trabalho da matilha.


Eu estou apenas no comando.

— Mas é você quem decide como gastá-lo, certo?

Grayson pensou sobre isso por um momento.

— Acho que sim.

— Então você é rico, — eu disse. — Acho que nunca tive


mais do que mil dólares em minha conta bancária, exceto
quando economizei o suficiente para ir a Paris. Sempre vivi
de salário a salário. — Grayson rosnou ao meu lado e me
envolveu com os dois braços, puxando-me para ele de
forma que minhas costas estivessem pressionadas contra
seu peito.

Ele então se inclinou para apoiar o queixo no topo da minha


cabeça.

— Isso nunca vai voltar a acontecer. Não enquanto eu


estiver vivo. —
Ele deu um beijo no meu cabelo.

A determinação em sua voz me fez estremecer.

De repente, uma mulher se aproximou de nós e pigarreou.


Ela era alta e em forma, com lindos cabelos ruivos.
Absolutamente deslumbrante.

— Alfa, Luna, — ela disse, cumprimentando nós dois com a


cabeça curvada. Então ela se ajoelhou e inclinou o pescoço
para o lado, mostrando-nos a pele de porcelana de sua
garganta.

Eu pressionei mais contra Grayson, sem ter certeza do que


estava acontecendo ou como responder.

Grayson se inclinou para que sua boca ficasse bem ao lado


da minha orelha, seu hálito quente e mentolado soprando
ao lado da minha bochecha.

— Ela está mostrando o pescoço para nós, assim como você


fez para mim há um tempo atrás. É um sinal de respeito.
Esteja preparada para ser cumprimentada assim pelo resto
de sua vida, — ele sussurrou e se endireitou novamente.

— Olá, Adalee. É ótimo te ver de novo. Espero que minha


ausência não tenha dificultado muito a sua vida.

No minuto em que Grayson se dirigiu a ela, ela se levantou


rapidamente e sorriu, perdendo toda a sua postura formal.
Ela revirou os olhos e riu um pouco.

— Você sabe perfeitamente que estas foram provavelmente


as piores semanas da minha vida. Você nunca terá
permissão para sair por tanto tempo novamente. Seu
trabalho é muito mais difícil do que parece.
Grayson deu uma risadinha.

— É bom finalmente ter algum reconhecimento. Obrigado


por todas as suas atualizações. Elas definitivamente me
ajudaram a me manter atualizado. Você fez um trabalho
incrível enquanto eu estava fora.

Adalee sorriu brilhantemente e então deixou seus olhos


vagarem para mim. Ela se aproximou de mim lentamente,
nunca deixando seu sorriso cair.

— É tão bom conhecê-la, Luna, — ela disse em um tom


gentil e genuíno.

— Fiquei incrivelmente animada quando senti a conexão do


Alfa com

você.

Eu balancei a cabeça hesitante, surpresa com sua bondade


direta.

Embora, tenha me feito sentir melhor que minha primeira


interação com alguém aqui parecia estar indo bem até
agora.

— Hum, obrigada, — eu disse.

Adalee se aproximou de mim e estendeu a mão para


apertar.

— Meu nome é Adalee, a beta desta matilha. Espero que


possamos ser boas amigas.

Eu sorri de volta.

— Eu sou Belle.
Grayson apertou meu lado.

— Mas você não vai chamá-la assim, — disse ele a Adalee.

Adalee revirou os olhos.

— Eu sei que não. Eu não sou uma idiota que quer ter um
Alfa furioso me caçando por desrespeitar sua companheira.
— Grayson rosnou baixinho enquanto eu apenas ria.

— Eu realmente espero que possamos ser amigas também,


— eu disse genuinamente. Ela parecia ser muito legal.
Talvez eu realmente consiga me encaixar por aqui.

Adalee sorriu para mim.

— Oh, Luna! Eu tenho alguém aqui para você conhecer! —


Kyle entrou correndo na sala, puxando alguém com ele.

Ele passou o braço em volta da cintura do outro homem e


sorriu. O

homem era loiro e bem constituído, com impressionantes


olhos cinzentos e um sorriso fácil.

Ele olhou para todos nós nervosamente quando entrou na


sala e imediatamente mostrou o pescoço para Grayson,
Adalee e eu.

— Este é meu companheiro, Elijah, — Kyle disse enquanto


olhava para Elijah com amor, um sorriso enorme no rosto.

— Prazer em conhecê-lo, Elijah, — eu disse. — Eu sou Belle.

Grayson rosnou. Ele se abaixou para falar comigo.

— Pare de dizer o seu nome às pessoas. Só eu posso


chamá-la assim.
Eu apenas revirei meus olhos.

— Posso dizer às pessoas me chamarem do que eu quiser,


— disse eu.

Grayson me ignorou, mas eu podia dizer que ele não estava


feliz com minha resposta. Ele olhou para Elijah.

— Esta é a sua Luna. Você tem sorte de ser um dos


primeiros a conhecê-la.

Elijah acenou com a cabeça, mas não ergueu os olhos.

Kyle riu.

— Você pode olhar para cima agora. Eles são menos


assustadores do que parecem.

Elijah lentamente ergueu os olhos e esquadrinhou a sala,


olhando para todos menos para Grayson.

— Desculpe, — ele disse enquanto sorria para mim.

— Não estou acostumado a estar no mesmo lugar que os


quatro membros mais poderosos da família.

— Eu? Poderosa? — Eu zombei. — Acho que não.

Elijah riu.

— Você pode não sentir vontade agora, mas tem o poder de


fazer qualquer um na matilha fazer o que você quiser. — Ele
olhou para Grayson nervosamente.

— Até o Alfa. Alguns diriam que você é o membro mais


poderoso deste bando.
Eu olhei para Grayson confusa para ver se isso era verdade.
Ele encontrou meu olhar e não negou.

— Venha, — disse Grayson enquanto me puxava para longe


e em direção à grande escadaria. — Estamos indo para a
cama.

Os outros baixaram a cabeça em respeito enquanto nos


observaram ir.

Capítulo 34

Belle

Soltei o maior bocejo da minha vida quando Grayson e eu


subimos as escadas. Eu apoiei meu peso contra ele,
deixando-o nos levar para seu quarto. Ele riu e rapidamente
me levantou em seus braços.

Suspirei feliz e me aconcheguei em seu peito.

Senti seus lábios na minha cabeça.

— Eu me sinto como um recém-casado humano te


carregando para nossa lua de mel, — disse Grayson.

Eu ri.

— Sim, parece mesmo.

— Bem, este é o início de nossa nova vida, então pode


muito bem ser nossa lua de mel.

A única diferença era que os recém-casados sabiam que


iriam ficar juntos para sempre. Quem sabe se Grayson
realmente sempre vai me querer?
O pensamento de Grayson se cansando de mim e não me
querendo mais em sua vida me deixou de repente enjoada.

Quem adivinharia. . Apenas alguns dias atrás, eu estava


planejando me afastar do homem que estava me
segurando, e agora ficava ansiosa pensando se ficaríamos
juntos para sempre.

Quando chegamos a um conjunto de portas de madeira,


Grayson parou e as abriu com um chute. Ele nos levou até
um quarto enorme que era tão elegante quanto o quarto de
hotel em que ficamos quando estávamos em Paris.

Eu soltei uma exclamação de surpresa.

— Este é o seu quarto?

Grayson acenou com a cabeça e me colocou no chão.

— Nosso quarto.

Eu me virei para olhar para ele.

— Você quer dizer que quer que fiquemos no mesmo


quarto? — Eu
perguntei, surpresa, mas secretamente aliviada.

Eu nem queria pensar sobre como seria dormir sem ele,


agora que tive o gostinho de como era passar a noite em
seus braços.

— Eu sempre esqueço que você sabe muito pouco sobre a


cultura dos lobisomens e como ela é diferente do mundo
humano. Sim, você vai dividir um quarto comigo. Não tem
outra maneira.

— Você sempre dormirá comigo, a menos que eu esteja


viajando a negócios não possa trazê-la comigo. Espero que
goste deste quarto, porque será seu pelo resto de sua vida.

Eu engoli em seco.

— Mesmo? — Olhei em volta, observando a enorme cama


king-size estilo Califórnia, o closet, a sala de estar separada
e o banheiro privativo.

Acho que poderia viver com este quarto sendo meu pelo
resto da minha vida. Era três vezes maior do que meu
antigo apartamento.

— Sim, — disse Grayson. — Sem discussão. — Seus braços


estavam de repente em volta de mim novamente, me
puxando para que minhas costas ficassem rentes ao seu
peito.

— Esta noite vamos descansar um pouco, e então amanhã


eu vou te levar em um tour completo do território da
matilha para que você possa conhecer sua nova casa. O que
acha?

Eu sorri.
— Isso parece incrível.

Grayson sorriu de volta.

— Alguém trará sua mala amanhã de manhã, mas o armário


está totalmente abastecido com roupas novas para você,
então duvido que você vá precisar de qualquer uma de suas
roupas antigas.

Meu estômago se embrulhou com a maneira que ele disse


— roupas velhas — como se ele estivesse enojado com as
coisas que eu estava usando antes. Ele não gostava das
minhas roupas antigas? Ele achou que eu estava mal?

Eu olhei para o que eu estava vestindo naquele momento. E


o que estou vestindo agora? De repente, me senti
constrangida.

Grayson me observou cruzar os braços sobre o peito e fazer


meu

caminho até o enorme closet. Mais da metade do armário


estava ocupado com roupas femininas, todas do meu
tamanho.

Corri minha mão sobre algumas das peças e fiz uma careta.
Era tudo tão lindo e caro — nada como as roupas que eu
estava usando agora.

Eu me virei para olhar para Grayson, que estava inclinado


casualmente na porta, me observando. Ele franziu a testa.

— Você não parece feliz. O que há de errado? Você não


gosta das roupas?

De repente, me senti extremamente culpada. Recebo um


armário cheio de roupas caras e bonitas e, em vez de me
sentir grata, fico na defensiva e amarga?

— Não! — Eu disse rapidamente. Fui até Grayson e passei


meus braços em torno dele. — Adorei elas. Obrigada. São
incríveis.

Ele se inclinou e colocou seus lábios suavemente nos meus.


Quando ele se afastou de mim, ele disse: — Sei que tem
algo de errado.

Suspirei e encostei minha testa em seu peito.

— Você não gosta das minhas roupas antigas?

Grayson imediatamente me afastou suavemente para que


ele pudesse me ver.

— É por isso que você está tão chateada? Você acha que eu
não gosto das suas roupas? — ele perguntou.

Eu olhei para minha calça jeans e suéter surrado, então


encolhi os ombros.

— Não foi por isso que você me comprou todas essas roupas
novas?

Ele balançou a cabeça e riu.

— Baby, eu te amo, não importa o que você esteja vestindo.


Você poderia usar um saco de batatas e eu ainda acharia
você linda. Eu comprei tudo isso para você porque quero
que você tenha as melhores coisas da vida. Não tinha nada
de errado com suas roupas antigas.

Ele colocou as mãos em cada lado do meu rosto e sorriu


para mim.
— Eu vou mimar você para o resto da sua vida. — Ele se
abaixou e beijou minha testa. — Melhor se acostumar com
isso.

Eu sorri para ele e coloquei meus lábios nos dele.

— Obrigada, — eu sussurrei. Eu me virei para olhar para


todas as roupas novas e suspirei quando Grayson abraçou
minha cintura e colocou o queixo no topo da minha cabeça.

— Acho que nunca tive tantas roupas na vida.

Grayson riu em resposta.

— Bem, estou exausta, — eu disse, deixando escapar um


grande bocejo. Eu me virei para olhar para Grayson. — Acho
que vou me preparar para dormir. Você comprou pijamas?

— Na verdade, não, — disse Grayson.

Eu levantei uma sobrancelha para ele.

— Todas essas roupas e você se esqueceu de comprar


pijamas?

— Na verdade, quando pedi a alguém que comprasse


roupas para você, pedi especificamente que não
comprassem pijamas, — disse Grayson.

— O que? — Eu dei um passo para trás. — Eu não me


importo com o quanto você está com tesão, eu não vou
dormir nua.

Grayson riu alto.

— Não foi isso que eu quis dizer, linda. — Ele agarrou minha
cintura e esfregou meus lados. — Não comprei nenhum
pijama porque quero que você durma com minhas roupas
pelo resto de sua vida.

Ele caminhou até uma cômoda e tirou um par de suas


boxers e uma de suas camisas. Era tão grande que
provavelmente chegaria até meus joelhos.

Eu sorri para ele. Eu não pude evitar, me derreti um pouco.

— Por que você gosta tanto que eu vista suas roupas? Acho
que passei mais tempo com suas roupas do que com as
minhas desde que te conheci.

Grayson sorriu de volta para mim.

— E é exatamente assim que eu quero que seja. Eu quero


você cheirando como eu.

Minhas sobrancelhas se juntam.

— Por que?

— É uma coisa de lobisomem. Os machos gostam que seus

companheiros cheirem como eles, para que todos os outros


saibam que têm dono.

— Eu pensei que tinha sido por isso que você me mordeu, —


eu disse enquanto levava minha mão até a marca em meu
ombro.

Grayson se abaixou e deu um beijo suave na marca,


fazendo com que faíscas deliciosas se espalhassem pelo
meu corpo. Eu suspirei e levei meu corpo para mais perto
dele.

Senti Grayson sorrir contra minha pele, apreciando minha


reação ao seu toque.
Ele se afastou e beijou minha testa.

— Até estarmos totalmente unidos, meu lobo será


loucamente possessivo com você. Farei o que for preciso
para garantir que todos saibam que você é minha.

Engoli em seco com a intensidade em sua voz. Eu sabia que


deveria estar brava por ele estar se referindo a mim como
sua — como se eu fosse algum tipo de objeto para ele
possuir — mas eu sabia que ele não era mal-intencionado.
Era normal para ele.

Eu sorri e alcancei seus lábios com os meus. Ele rosnou


contra minha boca. Seus braços lentamente circundaram
minha cintura e me levantaram do chão.

Envolvi minhas pernas em volta de sua cintura e ele nos


carregou para fora do closet e para sua cama, nunca tirando
seus lábios dos meus.

Nosso beijo agora tinha passado de doce e amoroso para


intenso e selvagem.

Era como se nenhum de nós se cansasse um do outro.

Ele me deitou na cama e se posicionou em cima de mim;


suas mãos viajaram por todo o meu corpo, incluindo lugares
que apenas eu havia tocado.

Depois de um tempo, separei meus lábios dos dele,


precisando recuperar o fôlego, mas fiquei surpresa por não
querer que ele parasse.

Eu confiava nele e queria que ele continuasse.

Grayson sentou-se rapidamente e puxou a camisa pela


cabeça antes de se inclinar novamente e deixar beijos ao
longo do meu pescoço e até meu peito.

Suas mãos foram mais abaixo, ao longo da minha cintura,


segurando-a com força. Eu abri minhas pernas um pouco, e
ele imediatamente as agarrou para afastá-las ainda mais.

Ele colocou seu corpo entre elas, grunhindo quando as


metades inferiores de nossos corpos se conectaram.

— Grayson, — eu gemi, sentindo faíscas intensas viajarem


entre nós e sabendo que era nosso vínculo se tornando mais
poderoso.

Isso me fez desejar mais, e eu não pude deixar de


pressionar meu peito contra o dele, querendo sentir sua
pele contra a minha, desesperada para sentir as faíscas em
todos os lugares.

Corri minhas mãos por suas costas, sentindo seus músculos


poderosos tensionando e relaxando sob meus dedos
enquanto ele continuava a beijar minha marca e garganta,
deixando chupões que eu tinha certeza que ainda estariam
lá pela manhã.

Peguei a barra da minha camiseta, querendo tirá-la, mas


não pude porque Grayson estava me pressionando.

Grayson deve ter percebido que eu estava me contorcendo,


porque, sem tirar os lábios da minha pele, ele agarrou a
barra da minha camiseta.

Eu esperava que ele puxasse por cima minha cabeça, mas


em vez disso, ele se inclinou para trás e olhou para mim.

Ele estava pedindo minha permissão.


Eu balancei minha cabeça rapidamente, pronta para
implorar a ele para tirá-la.

Minha camisa foi rasgada em segundos e jogada no outro


lado do quarto. Eu arfei.

— Grayson! — Eu gritei. — Você rasgou!

Grayson rosnou alto em resposta. Foi então que percebi


como seus olhos estavam negros. Seu lobo estava no
controle. Mas não tive medo.

Eu me senti melhor que seu lobo estava aqui, olhando para


mim.

Eu me senti segura.

Seus lábios esmagaram os meus mais uma vez, e ele não


perdeu tempo em agarrar meu sutiã e rasgá-lo ao meio
antes de jogá-lo do outro lado da sala para se juntar à
minha camisa arruinada.

Eu levantei uma sobrancelha para ele.

— Sério? — Embora, eu achasse que já não importava, uma


vez que ele tinha acabado de me comprar um guarda-roupa
totalmente novo.

Ele não respondeu, muito ocupado olhando para meus


seios. Eu me senti constrangida, mas tentei o meu melhor
para não levantar meus braços e me cobrir enquanto seus
famintos olhos negros estudavam cada centímetro da minha
pele exposta.

Eu me apoiei nos cotovelos.

— Grayson? — Eu sussurrei.
Seus olhos se fixaram nos meus. Ele colocou a palma da
mão na minha bochecha.

— Eu sou tão sortudo. — Ele encostou sua testa na minha e


me beijou mais uma vez.

— Me diga se você quiser parar, Belle, — ele sussurrou


contra meus lábios.

Eu sorri e pressionei meus lábios contra os dele, então


disse:

— Eu não quero parar. — Eu coloquei minhas mãos em cada


lado de seu rosto.

— Estou pronta.

Seu polegar percorreu minha bochecha machucada, que


parecia ficar mais inchada a cada dia.

— Tem certeza? — ele perguntou.

Eu acenei com a cabeça. Nunca tive tanta certeza em toda


minha vida. Queria estar com o homem que eu amava da
forma mais íntima possível. Eu queria completar o vínculo.

— Tenho.

Seu rosto se abriu em um sorriso enorme e de tirar o fôlego.


Suas mãos estavam imediatamente nas minhas calças,
puxando-as pelas minhas pernas. Ele estava se movendo
mais rápido do que eu já o tinha visto.

Em segundos, eu estava nua embaixo dele. Ok, então. Acho


que isso realmente está acontecendo. Ele começou a beijar
meu estômago, e eu gemi, sentindo minhas costas
arquearem por conta própria quando seus
lábios tocaram o interior das minhas coxas.

Eu me contorci quando ele deixou beijos de boca aberta em


toda a área. Ainda não estava perto o suficiente de onde eu
mais o queria.

Ele riu baixinho e agarrou meus quadris para parar meus


movimentos.

— Paciência, baby. Vou fazer você se sentir tão bem.

Eu mal podia esperar.

Seus lábios estavam de volta em minhas coxas, chegando


cada vez mais perto de seu destino final. Eu arqueei meus
quadris, faminta, e deixei meus olhos se fecharem.

Mas então ele parou.

— Você só pode estar brincando comigo, — eu o ouvi rosnar.

Meus olhos se abriram. Grayson estava recostado, olhando


direto para a frente dele. Seus olhos eram de uma cor cinza,
que eu nunca tinha visto antes. Ele parecia zangado —
irritado, na verdade.

— Grayson? — Eu perguntei. Eu tinha feito algo errado?

Ele olhou para mim e seus olhos suavizaram um pouco,


voltando para a cor preta. Ele passou a mão pelo cabelo,
soltando um suspiro que se transformou em um rosnado.

— Merda! — ele gritou.

Ele olhou nos meus olhos e depois no meu corpo, parecendo


que estava prestes a matar alguém.

— Este era realmente o melhor momento, porra.


Sentei-me e agarrei o lençol ao meu lado, me cobrindo.

— Grayson, o que há de errado?

Ele se levantou, próximo à cama e pegou sua camisa do


chão.

— Kyle acabou de me linkar com a mente.

Eu uni minhas sobrancelhas, confusa enquanto o observava


vestir sua camisa, — Linkar. . com a mente?

Grayson acenou com a cabeça.

— Ele falou comigo, dentro de minha mente.

— Você pode falar com as pessoas mentalmente? — Eu


perguntei, em

estado de choque.

— Sim, e um dia você também conseguirá, mas não consigo


explicar agora, — disse ele. Ele se sentou na cama ao meu
lado e agarrou meu rosto suavemente em suas mãos.

— Baby, eu sinto muito, mas eu tenho que ir. É uma


emergência. —

Ele olhou para o meu corpo coberto pelo lençol mais uma
vez e apertou os punhos.

— Porra! — ele gritou enquanto se levantava. Eu o observei


caminhar até a porta, onde seus sapatos estavam.

— Por favor, saiba que está me matando deixá-la desse


jeito, — ele disse enquanto calçava as botas e rosnava de
frustração.
— Por que você não toma um banho e se prepara para
dormir, e eu prometo que estarei de volta antes de você
adormecer.

— Então, eu não fiz nada de errado? — Eu perguntei


baixinho assim que ele calçou os sapatos.

Sua cabeça virou para mim.

— Não, não, baby, claro que não! — Ele voltou para onde eu
ainda estava sentada na cama.

— Porra, você é perfeita pra caralho, — disse ele, colocando


sua testa na minha e, em seguida, beijando suavemente
meus lábios. — E vamos terminar isso mais tarde.

Ele lambeu os lábios e me beijou uma última vez antes de


caminhar até a porta.

— O que aconteceu então? — Eu perguntei antes de ele sair.

Ele se virou e olhou para mim.

— Vampiros invadiram nosso território.

Capítulo 35

Belle

Acordei na manhã seguinte me sentindo fria e tonta.

Não dormi bem. Depois que Grayson saiu com suas notícias
chocantes, eu tomei um banho e coloquei o "pijama" que
ele me dera.

Então eu sentei na cama por algumas horas, esperando ele


voltar, preocupada demais para conseguir dormir.
Eu não sabia nada sobre vampiros e, embora Grayson
tivesse prometido que ficaria bem, eu não conseguia
controlar minha ansiedade.

Eu fiquei acordada o máximo que pude antes que o cansaço


tomasse conta de mim, me forçando a um sono agitado.

Uma vez acordada, rolei para me aconchegar mais perto de


Grayson, apenas para descobrir que ele não estava na
cama.

Ele não estava com os braços em volta de mim — não


estava acariciando meu rosto, minhas costas. . brincando
com meu cabelo.

Eu fiz uma careta e me sentei. Esta foi a primeira vez desde


que o conheci que não acordei com ele ao meu lado. Não
parecia certo. Minha ansiedade aumentou imediatamente
quando os eventos da noite passada voltaram para mim.

Grayson não voltou mais.

Saí da cama e coloquei uma calça de moletom antes de


correr pelo corredor, na esperança de encontrar outra
pessoa. Acabei encontrando uma cozinha e fiquei aliviada
quando encontrei Kyle e Elijah preparando o café da manhã.

Os dois estavam rindo e não conseguiam manter as mãos


longe um do outro. Eu não pude deixar de sorrir. Eles
pareciam tão felizes por estarem juntos.

Percebendo minha presença, ambos se viraram. — Luna!


Bom dia, —

disse Kyle.
— Ei, Kyle, — respondi. — Vocês dois são adoráveis. — Fiz
um gesto para suas mãos entrelaçadas.

Elijah sorriu e passou os braços em volta de Kyle. Ele beijou


sua bochecha.

— Sim, bem, semanas de separação fazem isso com


companheiros.

— Falando em companheiros, — eu disse, — algum de vocês


viu Grayson?

Kyle franziu a testa um pouco.

— Eu pensei que ele estaria com você, sendo este o seu


primeiro dia como Luna e tudo.

Eu balancei minha cabeça.

— Ele não estava lá quando eu acordei. Ele não voltou


depois que saiu ontem à noite por causa de. . por causa. .
dos vampiros.

Kyle se virou totalmente para mim.

— Não voltou?

Eu balancei minha cabeça e torci minhas mãos.

As sobrancelhas de Kyle se uniram.

— Isso é estranho. — Ele olhou para Elijah, que parecia tão


confuso quanto ele.

— O que aconteceu ontem à noite? — Eu perguntei.

— Havia vampiros em nosso território, mas cuidamos de


todos eles em menos de uma hora, — disse Kyle. — O Alfa
estava muito chateado por precisar estar lá.

— Ele disse que iria voltar para você e para não incomodá-lo
pelo resto da noite, a menos que várias pessoas estivessem
pegando fogo e morrendo.

Isso não estava ajudando minha ansiedade. Todos os


diferentes cenários do que poderia ter acontecido com ele
estavam passando pela minha cabeça.

E se eles não mataram um dos vampiros, e esse fez alguma


coisa com Grayson?

— Tenho certeza de que não há nada com que se preocupar.


Ele provavelmente está apenas em seu escritório. É onde
ele passa a maior parte do tempo, — disse Elijah. — Eu
posso levar você até lá.

Meu coração pulou de emoção com a ideia de ver Grayson.


Já havia

uma dor cega em meu peito por estar longe dele por tanto
tempo.

Eu queria desesperadamente estar de volta em seus braços.

— Isso seria ótimo, — eu disse.

Elijah acenou com a cabeça e se virou para Kyle para lhe


dar um beijo rápido.

— Eu estarei de volta em um minuto. Continue com o café


da manhã.

Kyle franziu a testa, mas acenou com a cabeça e beijou


Elijah mais uma vez.
Uma vez nas grandes portas do escritório de Grayson, Elijah
me deixou, dizendo que podia sentir o cheiro de Grayson lá
dentro. Agradeci a ele por me guiar por esta casa enorme.

Bati algumas vezes na porta, esperando ansiosamente para


ver Grayson.

— Entre, — eu ouvi sua resposta de voz suave.

Abri a porta e entrei. Fiquei fraca de alívio quando o vi e ele


não parecia estar ferido.

Seu escritório era exatamente como eu esperava: todo em


madeira escura, até as estantes e janelas, com uma mesa
gigante no centro na qual Grayson estava sentado.

Ele parecia muito mais intimidador do que eu me lembrava.

Parei por um segundo perto da porta e mudei meu peso de


um pé para o outro quando ele não olhou para mim.

— Ei, — eu disse, esperando chamar sua atenção.

Ele olhou para mim por um segundo e então olhou de volta


para a tela do computador à sua frente.

— Bom dia, Belle.

Bem, não era isso que eu esperava.

Normalmente, ele estava em cima de mim, incapaz de


manter suas mãos longe. E ele nunca me chamou de Belle,
quase sempre optando por um apelido cafona.

— Como você dormiu? — ele perguntou.

Hesitei, desconcertada com seu comportamento.


— Dormi mais ou menos. Você não estava na cama esta
manhã, — eu disse. — Foi estranho não acordar em seus
braços. Eu senti. . — Eu pausei. — Senti a sua falta.

Corei um pouco, ligeiramente envergonhada pela minha


confissão.

Mas também sabia que ele adorava me ouvir dizer algo do


tipo.

Grayson olhou para mim, depois de volta para seu


computador novamente.

— Sim, eu decidi que tinha muito trabalho a ser feito depois


de ficar longe por tanto tempo, e era melhor terminar agora
do que acordá-la.

Acho que faz sentido.

— Oh, ok. Posso ajudar em alguma coisa?

Grayson balançou a cabeça, digitando em vez de olhar para


mim.

— Não é nada que diga respeito a você.

Eu respirei fundo. Ele nunca tinha falado comigo assim.

— Oh, tudo bem. — Eu cruzei meus braços na minha frente.


Eu dei um passo para mais perto dele.

— Está tudo bem? Você está um pouco estranho. Correu


tudo bem ontem à noite? Kyle me disse que você matou
todos os vampiros.

Grayson olhou para mim. Seus olhos estavam negros como


breu, o que significava que seu lobo estava presente. Ele
estava. . com raiva de mim?
— Estou bem, — ele praticamente rosnou. — Como eu disse
antes, eu só tenho muito trabalho a fazer.

Ok, mas que diabos? Devo sair? Eu estava começando a me


sentir um estorvo.

— Bem, hum, você não disse que tinha planos para mim
hoje? Algo sobre fazermos um tour? Devo me vestir e
esperar você terminar?

Ele suspirou e recostou-se na cadeira. Ele passou a mão no


rosto.

— Olha, Belle, tenho muito que fazer depois de passar tanto


tempo em Paris com você. Eu simplesmente não tenho
tempo. Desculpe, mas você pode pedir a Kyle para mostrar
a você? — A dor em meu peito cresceu com suas palavras,
mas tentei não deixar que elas me afetassem muito,
sabendo que ele estava apenas ocupado.

Parte de mim queria ficar com raiva, mas me lembrei de que


deveria ter imaginado que ele não iria querer passar todos
os momentos do dia comigo quando voltássemos para os
Estados Unidos.

Ele tinha uma função aqui — uma grande importância.


Milhares de pessoas contavam com ele.

— Sim, claro, — eu disse rapidamente. — Vou falar com


Kyle.

Quando ele não respondeu, eu disse:

— Não tive a intenção de interromper. Me desculpe se eu o


fiz.

Grayson acenou com a cabeça.


— Sim, bem, talvez nós faremos uma regra que você não
venha ao meu escritório durante o dia. Assim, não teremos
que nos preocupar com interrupções de qualquer negócio
importante. Te encontrarei se precisar de você.

Ele olhou de volta para seu computador.

Foi quando um nó gigante se formou em meu peito e subiu


pela minha garganta. Eu podia sentir as lágrimas
ameaçando sair.

Por que isso está me deixando tão chateada? Eu não sou


uma garota grudenta... Eu não deveria me deixar afetar por
palavras tão simples.

— O-ok, — eu sussurrei.

Novamente, ele não disse nada, obviamente mudando seu


foco de volta para o trabalho. Essa deve ser minha deixa
para sair.

Eu dei alguns passos lentos para trás, esperando


desesperadamente que ele olhasse para cima e dissesse
que estava apenas brincando e depois me envolvesse em
seus braços. Mas ele não fez isso. Ele não fez nada além de
digitar em seu teclado.

Eu me virei e saí.

Assim que saí do escritório de Grayson, não consegui mais


conter as lágrimas. Eu tinha sido desprezada e
menosprezada antes, mas me senti dez vezes pior quando
foi Grayson quem o fez.

Parecia que ele tinha acabado de enfiar uma faca no meu


peito e rido.
Um soluço silencioso escapou dos meus lábios e eu
imediatamente cobri minha boca. Eu ainda estava bem ao
lado de sua porta. Não podia deixar Grayson me ouvir
chorar. Ele pensaria que eu era patética.

Tudo o que ele fez foi pedir espaço para trabalhar, e aqui
estava eu, soluçando do lado de fora de sua porta. Deus, o
que há de errado comigo?

Quando eu imaginei todas as coisas que poderiam dar


errado quando eu vim para cá, Grayson não ter tempo
suficiente para mim não era uma delas.

Eu esperava menos ainda ser tratada como um incômodo.

Ele não podia ver o quão desesperada eu estava para que


ele me ajudasse a fazer a transição para sua matilha? Eu
não sabia nada sobre isso.

E ele era a única pessoa aqui com quem eu me sentia


confortável.

Eu sacudi a cabeça, tentando limpar minhas lágrimas. Eu


não serei essa garota. Eu não agiria como a garota grudenta
e codependente que parecia agora.

Eu seria forte e superaria.

Eu provavelmente tinha sido afetada por suas palavras por


causa do vínculo estúpido de companheiro.

Eu aprumei meus ombros e me endireitei, enxugando


minhas lágrimas. Uma nova determinação passou por mim.

Decidi me vestir e me mostrar à matilha. Pensei em pedir a


Kyle que me mostrasse o local, mas não conseguia me
imaginar tirando-o de perto de Elijah.
Eles precisavam de tempo para conversar.

E minha recém-descoberta independência me deu gás.

Comecei com o andar em que estava e lentamente subi


cada andar do que Grayson chamava de — casa da matilha.

Era incrivelmente impressionante, com quartos demais para


contar e toneladas e toneladas de pessoas. Tentei sorrir e
iniciar uma conversa com alguns por quem passei nos
corredores, mas ninguém olhava para mim.

Eles me davam respostas curtas e me tratavam como se eu


fosse aquela garota da classe que ninguém gosta.

Foi estranho até demais.

Com o passar do dia, meu espírito ficou cada vez mais


quebrado. Este

não era o primeiro dia morando com Grayson que eu tinha


imaginado.

Tudo que eu queria fazer era procurá-lo e me recusar a sair


do seu lado, mesmo que isso significasse sentar ao lado
dele em silêncio enquanto ele trabalhava.

Mas me segurei, lembrando de nossa conversa de manhã


cedo.

Eu esperava vê-lo esta noite.

Era fim da tarde e eu estava ficando com muita fome.

Eu tentei entrar em cada uma das três cozinhas da casa


para encontrar um pouco de comida, mas elas estavam
cheias de lobisomens enormes atacando as despensas para
cozinhar.
Me senti extremamente intimidada.

Eu era muito menor e mais fraca do que todos eles.

Uma vez, quando eu tentei pegar uma maçã de um balcão,


um dos lobisomens machos agarrou-a antes de mim e deu
uma mordida enquanto fazia contato visual intenso que
dizia:

— Afaste-se.

Eu saí imediatamente depois disso.

Decidi falar com Grayson sobre comida quando o visse mais


tarde esta noite. Talvez ele me levasse para a cozinha e me
mostrasse onde tudo estava. Eu não tinha nenhum
problema em fazer minha própria comida, mas eu só
precisava saber como contornar todos os lobisomens
irritados.

Sentei-me no quarto de Grayson por algumas horas,


sentindo que aquele era o único lugar que eu poderia
realmente estar sem ser um incômodo. Fiquei me
lembrando de que os primeiros dias sempre eram os mais
difíceis — que sempre ficaria melhor. Aprendi isso com
todos os trabalhos que tive ao longo dos anos.

Talvez eu pudesse encontrar algo para fazer para ajudar por


aqui e ganhar meu sustento, já que Grayson estaria
ocupado durante o dia. As pessoas pareciam estar sempre
trabalhando e se movimentando.

Deveria ter algo por aqui que eu poderia fazer. Talvez


amanhã eu pudesse tentar encontrar alguns livros sobre
lobisomens e me educar sobre este novo mundo do qual eu
agora fazia parte.
Quando o sol se pôs, minha empolgação em ver Grayson
aumentou.

Eu não tinha intenção de contar a ele nada sobre o que


tinha acontecido comigo hoje, com sua matilha ou o quão
horrível eu me sentia.

Não queria colocar mais nada no prato dele. Em vez disso,


eu tinha feito uma lista de tudo que gostava em sua matilha
e ia contar a ele sobre isso.

Depois de colocar meu pijama e me preparar para dormir,


suspirei e caminhei até sua cama, onde me joguei de cara.
Era apenas oito horas, mas eu estava exausta.

Este tinha sido o pior dia de todos.

Tentei ficar acordada o máximo possível, na esperança de


falar com Grayson, mas não conseguia manter os olhos
abertos. Caí em um sono agitado.

Capítulo 36

Belle

Em algum momento no meio da noite, fui acordada pela


sensação de beijos ardentes em meu pescoço. Meus olhos
se abriram imediatamente e eu arfei, reconhecendo as
faíscas familiares.

— Grayson? — Eu perguntei na escuridão, estendendo a


mão para ele.

— Mm-hmm? — ele perguntou enquanto continuava com


seus beijos e agarrou minha cintura.

Pisquei enquanto meus olhos se ajustavam à luz.


Meu coração disparou quando percebi que ele parecia estar
com um humor melhor do que da última vez que o vi. Ele
parecia ter encontrado sua antiga paixão pelo contato físico
comigo.

Suspirei de alívio. Acho que ele só estava estressado antes.

Passei meus braços em volta do pescoço e puxei seus lábios


nos meus para um beijo profundo que expulsou toda a
tensão do meu corpo.

Depois de alguns minutos, me afastei para tentar recuperar


o fôlego e Grayson voltou a beijar meu pescoço.

Eu tentei empurrá-lo para longe de mim de brincadeira para


que eu pudesse vê-lo e falar com ele, mas ele apenas
rosnou alto e estalou os dentes para mim. Ok...

De repente, ele rasgou minha camisa em pedaços de modo


que meu torso nu estava em plena exibição. Grayson não
perdeu tempo enquanto fechava sua boca no meu seio com
força.

Eu arquejei e, minhas costas se arquearam


involuntariamente.

Minha mente estava toda nebulosa por causa de sua boca


pecaminosa, mas em algum lugar lá, havia lógica. Isso
estava ficando muito quente, muito rápido.

Eu agarrei o cabelo de Grayson e tentei puxá-lo para longe


do meu peito, mas novamente ele rosnou asperamente. Ele
não olhou para mim, então eu não pude ver a cor de seus
olhos, mas eu só pude presumir que seu lobo havia
assumido o controle.
— Grayson, — eu tentei novamente. Seus lábios estavam
descendo pelo meu estômago agora. Eu estava começando
a entrar em pânico quando ele se aproximou do meu centro.

— Grayson, pare! — Eu disse com firmeza.

Agindo como se eu não tivesse dito nada, ele continuou sua


jornada para baixo até que finalmente alcançou minha
calcinha de algodão. Foi então que me lembrei que tinha
usado apenas minha roupa íntima e uma de suas camisas
para dormir.

Isso não deixou muitos obstáculos para ele ultrapassar


antes que eu estivesse completamente nua.

Minha frequência cardíaca aumentou enquanto eu tentava


me afastar dele. Eu não estava mais pronta. Havia algo
errado e eu não queria fazer nada com ele enquanto ele
estivesse agindo assim.

Eu o empurrei com mais força e tentei sair de debaixo dele.

— Grayson, estou falando sério. Pare.

Uma risada sombria deixou sua boca. Seus olhos negros se


conectaram aos meus e ele sorriu para mim.

— Oh, vamos, Belle. Divirta-se um pouco. Estou morrendo


de vontade de te ter. Vamos terminar o que começamos
ontem à noite.

Eu balancei minha cabeça.

— Não esta noite. Não estou pronta agora.

— Eu não estou pronta. — Ele me imitou com uma voz


estridente. —
Essa desculpa está ficando velha. Tudo o que você precisa
fazer é ficar deitada enquanto eu faço todo o trabalho.

Meu queixo caiu com suas palavras. Eu não podia acreditar


no que ele estava dizendo.

O que aconteceu com o homem que me disse que esperaria


o tempo que eu precisasse — que me tomou em seus
braços quando fiquei envergonhada com minha falta de
experiência?

Tentei me afastar novamente, mas ele apenas colocou a


mão na minha perna e apertou dolorosamente. Sua outra
mão moveu-se para a beirada da minha calcinha e começou
a puxá-la para baixo. O pânico estava se aproximando.

Eu agarrei sua mão para detê-lo, chutando minhas pernas.

— Grayson, eu disse não! Pare!

Quando um dos meus pés atingiu sua mandíbula, ele saltou


para trás.

— Você está brincando comigo?

Eu imediatamente me sentei e coloquei minhas costas


contra a cabeceira da cama, tentando ficar o mais longe
dele que pude. Peguei o lençol e enrolei em volta de mim.

Eu nem percebi que estava chorando até que senti as


lágrimas descendo dos meus olhos para o meu pescoço.

Grayson parecia furioso. Seu corpo inteiro tremia de raiva.

— Que porra de tipo de companheira é você? Primeiro, fico


preso a uma humana, e agora você não vai me dar o prazer
ao qual eu tenho direito?
Um soluço escapou da minha garganta. Eu me encolhi ainda
mais.

— O que você quer dizer? Do que você está falando? — Eu


pausei. —

Você realmente estava falando sério? — Eu consegui dizer.

Ele assentiu.

— Por que diabos você está chorando? Se alguém deveria


estar chateado, deveria ser eu. Este é o seu dever como
minha companheira.

Seu único dever. Para que mais você serve?

— Desculpe? — Eu me irritei. — Meu único dever? Fazer


sexo com você não é meu trabalho! Não estou aqui para ser
seu objeto pessoal de prazer!

Tentei manter minhas palavras firmes, mas no final da


minha fala, minha voz começou a tremer.

Cobri meu rosto com as mãos para tentar esconder as


lágrimas patéticas caindo dos meus olhos.

Eu ouvi Grayson suspirar. Houve um arrastar de lençóis e


então senti suas mãos envolverem meus pulsos para
descobrir meu rosto. Eu me desvencilhei do contato e me
afastei. Outro suspiro.

— Me desculpe amor. Você sabe que eu não quis dizer nada


disso, —

disse Grayson. — Tive um dia difícil e esperava aliviar um


pouco a minha tensão esta noite.
Meu corpo ainda tremia de puro terror e não consegui
responder.

— Linda, por favor, olhe para mim, — disse ele. Ele colocou
a mão no meu joelho e começou a fazer círculos suaves
com o polegar. — Vamos, por favor?

Eu lentamente retirei minhas mãos do meu rosto e funguei.


Eu provavelmente parecia absolutamente destroçada.

Grayson sorriu suavemente.

— Isso mesmo.

Ele se inclinou para frente e encostou sua testa na minha.


Ele respirou fundo e ficamos assim por um tempo, embora
suas palavras dolorosas ainda estivessem ecoando em
minha cabeça.

Eu me acalmei enquanto ele continuava a sussurrar


palavras suaves e a esfregar círculos nas minhas pernas. Eu
estava começando a sentir que talvez Grayson tivesse
voltado ao normal.

A cada segundo que passava, seus lábios estavam ficando


cada vez mais perto dos meus, até que finalmente eles se
conectaram. No começo, não me importei.

O beijo foi amoroso e apaixonado como de costume — ao


contrário dos beijos difíceis e exigentes que ele estava me
dando momentos antes.

Mas então eu o senti agarrar o lençol, tentando puxá-lo para


longe do meu corpo. Eu fiz uma careta para o beijo. Ele
estava realmente tentando começar algo de novo?
Eu tentei puxar o lençol mais apertado em torno de mim,
mas ele apenas rosnou e puxou com mais força até que eu
não pude mais segurar.

Eu engasguei quando minha metade superior ficou exposta


e suas mãos se moveram para cima.

Eu imediatamente me afastei dele e empurrei seus ombros


com tudo que eu tinha em mim.

— Grayson, não! Pare! Não vamos fazer isso esta noite! —


Eu pareci pegá-lo desprevenido, e ele caiu para trás apenas
um pouquinho — o suficiente para eu pular da cama e
agarrar o lençol do chão para me enrolar de volta em mim.

— Porra! — Grayson gritou. — Você é ridícula pra caralho,


Belle!

— Eu sou ridícula? Você está me zoando? Não significa não,


Grayson!

Qual diabos é o seu problema? — Eu gritei.

Grayson soltou uma risada sombria.

— Bem, você não estava dizendo não na noite passada.


Você estava praticamente me implorando.

Eu solucei. As lágrimas corriam pelo meu rosto em rios


agora.

Levei alguns segundos para colocar minhas emoções sob


controle o suficiente para sussurrar: — Quem é você?

Grayson estava abrindo a boca para responder quando um


grunhido alto saiu de sua garganta. Seu corpo inteiro
estremeceu, então ele agarrou seu cabelo, segurando-o em
punhos apertados.

De repente, sua cabeça começou a balançar para frente e


para trás enquanto grunhidos mais altos escapavam de sua
boca.

— Grayson? — Eu perguntei. Seu corpo inteiro começou a


tremer.

Eu lentamente me levantei e caminhei até ele, mantendo


em mente que a última vez que o vi agir assim, ele se
transformou e me perseguiu por toda a suíte do hotel.

Seu corpo se afastou de mim, e um estranho ruído sibilante


saiu dele que não era nada parecido com os rosnados que
ele normalmente fazia.

— Se você não parar, não vai gostar das consequências, —


o ouvi sibilar baixinho.

Eu não disse nada. Eu não tinha ideia do que fazer. Tive


vontade de me virar em uma pequena bola e ficar assim
para sempre.

— Tanto faz, — disse Grayson. — Não é como se eu quisesse


transar com você enquanto você estiver assim, de qualquer
maneira.

Ele apontou para o meu rosto manchado e cabelo


bagunçado.

Ele deitou-se na cama, afastando-se de mim,


aparentemente indo dormir.

Eu fiquei lá por alguns momentos, em completa descrença


do que tinha acabado de acontecer.
Eu não tinha certeza do que deveria fazer. Eu não queria
voltar para a cama com ele, mas também não podia sair do
quarto vestida assim.

E eu não poderia buscar roupas novas sem andar na frente


dele. Este lençol não cobria muito, e eu não estava prestes
a dar a ele um show.

Comecei a me arrastar em direção ao banheiro, decidindo


que aquele seria o melhor lugar para organizar meus
pensamentos. Enquanto o fazia, tentei controlar meus
soluços para não deixar Grayson mais chateado.

— Desligue a merda das luzes, — ele rosnou de repente, me


fazendo pular.

Eu rapidamente corri para o interruptor de luz e o desliguei


antes de correr de volta para o banheiro e fechar a porta
atrás de mim, certificando-me de trancá-la.

Capítulo 37

Belle

Adormeci no chão do banheiro naquela noite. Era um pouco


degradante dormir no chão frio de mármore, mas não
consegui me obrigar a sair. Eu não queria enfrentar
Grayson.

Eu gemi de dor quando acordei, então rolei e me sentei,


apoiando minhas costas doloridas contra os armários.
Suspirei quando finalmente me levantei e vi minha
aparência no espelho.

Meu cabelo estava uma loucura, e as lágrimas deixaram


manchas no meu rosto e pescoço.
Eu passei a maior parte da noite chorando silenciosamente,
não querendo que Grayson me ouvisse, mas também não
sendo capaz de evitar reprisar o que tinha acontecido entre
nós.

Eu não sabia o que tinha feito para merecer todas as suas


palavras ríspidas.

Demorei um pouco, mas finalmente criei coragem para sair


do banheiro. Eu me sentia péssima depois da noite passada.

O que mais doeu, porém, foi que eu sabia que ele estava
parcialmente certo. Eu era sua companheira. Eu deveria
estar bem com ele me tocando. Não era? Leve o tempo que
você precisar... Suas palavras anteriores se repetiram na
minha cabeça. .

● Ele me trouxera para sua casa e estava cuidando de mim


e garantindo que eu nunca mais tivesse que trabalhar outro
dia sequer. O

mínimo que eu podia fazer era tornar suas noites um pouco


interessantes.

Entretanto, eu simplesmente não conseguia fazer isso —


não depois da maneira como ele me tratou. Algo sobre o
comportamento de Grayson na noite passada fez que eu me
sentisse usada e nojenta — sem mencionar apavorada.

Eu só queria conversar, mas ele nem mesmo falava comigo.


Sexo era realmente a única coisa que ele queria de mim?

Isso me fez pensar se todo aquele tempo que passamos


juntos em Paris tinha sido apenas uma atuação: ele foi
gentil e doce enquanto estávamos lá para que ele pudesse
me trazer de volta para sua matilha e fazer o que quisesse
comigo — me mostrar seu verdadeiro eu.
Era a única explicação que fazia sentido.

Minha mãe estava certa? Todos os alfas realmente tratavam


seus companheiros desse jeito?

Ou ele já tivera o suficiente de mim?

O pensamento fez meu coração quebrar em um milhão de


pedaços. E

se eu apenas tivesse encorajado sua nova aversão por mim


ao rejeitá-lo? E

se ele realmente não me quisesse mais?

Meu estômago embrulhou. Eu não poderia perder Grayson.


Não tinha demorado muito, mas eu já não sabia o que faria
sem ele. Eu queria deixar tudo isso para trás. Eu queria que
as coisas voltassem a ser como eram antes.

Felizmente, quando saí do banheiro, ele não estava lá, e


pude me vestir e descer as escadas em paz.

A primeira coisa em minha mente foi encontrar um pouco


de comida depois de não comer nada ontem o dia todo. E
talvez encontrasse Grayson e pudéssemos conversar sobre
o que aconteceu.

Mas, infelizmente, a cozinha do andar térreo estava lotada,


e nenhuma das pessoas era Grayson.

Estava cheia de lobisomens cozinhando, rindo e comendo.


Meu estômago roncou com todos os diferentes cheiros ao
meu redor.

Eu desesperadamente queria algo para comer. Eu olhei para


uma tigela de maçãs no meio da ilha. Suspirei de alívio. Eu
poderia pegar uma maçã sem atrapalhar ninguém.

Aproximei-me da ilha o mais silenciosamente possível,


observando os grandes lobisomens ao meu redor com
cautela, dolorosamente ciente do fato de que todos eles
poderiam me matar sem levantar nem um dedo.

No entanto, antes que eu pudesse estender a mão para


pegar uma maçã, um homem grande e corpulento que eu
nunca tinha visto antes agarrou meu braço e me empurrou
com força para trás. Eu arfei quando perdi o equilíbrio e caí
de bunda.

O homem não disse nada nem se ofereceu para me ajudar a


levantar.

Ele apenas olhou para mim e balançou a cabeça lentamente


enquanto levantava as sobrancelhas, como se me
desafiasse a tentar novamente.

— Eu sinto muito, — eu disse, lutando para me levantar


antes de fazer mais uma cena. Todo mundo já estava
olhando para mim, olhares de nojo estampados em seus
rostos.

Eu abaixei minha cabeça de vergonha. Eu nem tinha certeza


de onde vinha essa vergonha. Que Luna eu sou. Eu não
deveria ser a líder dessa matilha? Elijah não tinha me dito
que eu era o membro mais poderoso?

Ele estava tão, tão errado.

Eu era uma piada.

Saí da cozinha rapidamente, me perguntando o que


exatamente eu tinha feito para merecer isso. Por que eles
ficavam bravos comigo toda vez que eu tentava conseguir
um pouco de comida? Não fazia sentido.

Eu vaguei pela casa um pouco mais, assim como tinha feito


ontem, tentando encontrar algo para preencher meu tempo.
Minha fome finalmente passou e foi substituída por um
tédio total e completo.

Não há nada para fazer por aqui.

Bem, havia coisas a fazer, mas toda vez que eu entrava em


uma sala com qualquer outra pessoa nela, eu recebia
olhares que faziam meu sangue gelar — de um bando de
lobisomens assustadores, ainda por cima.

Então eu apenas caminhei. Eu caminhei em torno de toda a


casa da matilha tantas vezes que perdi a conta. Pensei em
voltar para o quarto de Grayson, mas algo sempre me
impedia.

Talvez eu não quisesse ser lembrada do que aconteceu na


noite passada; meu coração ainda doía com as coisas que
ele me disse. Ou talvez eu estivesse com medo de que ele
voltasse para o quarto e tivéssemos uma repetição.

Eu não acho que poderia lidar com isso.

Depois de algumas horas, incluindo alguns minutos fora no


frio congelante para tentar preencher meu tempo, me
deparei com Kyle, que estava olhando para alguns papéis
em suas mãos e parecia estar com pressa.

Tive vontade de não o incomodar, preocupada que ele


também tivesse decidido que agora me odiava por algum
motivo. Mas eu sabia que se alguém estivesse disposto a
falar comigo, provavelmente seria Kyle.
— Kyle, — eu disse, arrastando meus pés. — Ei.

Ele olhou para cima e sorriu imediatamente quando me viu.

— Luna!

Soltei um suspiro de alívio. Era bom ver que pelo menos


uma pessoa estava agindo normalmente.

— Como você tem estado? Como foi seu primeiro dia como
Luna? —

ele perguntou.

— Oh, um. . — Eu sorri nervosamente. Eu estava com medo


de que se dissesse a verdade, iria desmoronar
completamente. Eu precisava falar com Grayson antes de
contar a alguém o que estava acontecendo. —

Bom. Muito bom.

— Isso é ótimo! — ele disse alegremente. — Eu sabia que


você adoraria aqui.

Eu balancei minha cabeça, concordando.

— Sim, foi ótimo, — eu menti. — Na verdade, eu queria te


perguntar uma coisa, se estiver tudo bem. Se você não
estiver ocupado, claro. — Fiz um gesto para os papéis em
suas mãos.

— Está mais do que bem! Eu estava voltando para pegar


uma coisa, mas tenho um tempinho. Pergunte à vontade! —
Kyle disse.

— OK. Hum, na verdade é sobre Grayson. Eu estava me


perguntando se ele parecia um pouco estranho para você?
Kyle franziu a testa.

— Estranho?

Eu mudei.

— Sim, diferente de como ele é geralmente.

Ele pensou por um segundo.

— Bem, eu estive com ele a manhã toda, e ele parecia


completamente normal para mim.

— Ele parecia mais feliz do que de costume. Provavelmente


tem algo

a ver com você estar aqui. — Ele me deu uma cotovelada


de brincadeira e balançou as sobrancelhas.

Eu ri, mas meu coração foi parar no estômago.

— Sim talvez.

Eu estava começando a achar que tudo isso estava só na


minha cabeça. Eu estava apenas sendo muito dramática?

— Você vai voltar para ele agora? — Eu perguntei.

Kyle acenou com a cabeça.

— Sim, estamos no meio de uma reunião em seu escritório.


Eu só tinha que ir pegar isso. — Ele ergueu os papéis.

— Oh, ok, — eu disse rapidamente. — Então eu não vou


ocupá-lo por mais tempo. Na verdade, você poderia dizer
algo a ele por mim?

— Não pode dizer a ele você mesma? — Kyle perguntou.


Eu olhei para as minhas mãos e recuei.

— Eu não quero incomodá-lo. Você já está indo para lá de


qualquer maneira.

— Tenho certeza de que não seria um incômodo, Luna, —


disse Kyle.

— Ele provavelmente adoraria ver você e saber como está


seu dia. Ele. .

— Não, não, tudo bem, — eu interrompi. A última vez que


estive no escritório de Grayson passou pela minha mente —
quando ele me pediu para ficar longe durante o dia. — Vai
dizer a ele por mim?

Kyle hesitou por um momento, obviamente percebendo meu


desconforto. Ele me olhou de cima a baixo como se
estivesse avaliando se eu estava bem.

Ele ficou um pouco mais reto.

— Ok, — ele finalmente disse.

Eu sorri levemente.

— Obrigada. — Parei por um momento, tentando pensar na


melhor maneira de expressar isso.

— Uh, você pode apenas dizer a ele que eu sinto muito?


Diga a ele que realmente sinto muito pela noite passada e
gostaria de poder refazer a noite toda. Eu só quero que as
coisas voltem ao normal.

Sua carranca se intensificou. Eu podia ver que ele queria


que eu explicasse, mas felizmente ele deixou passar.

Kyle não costumava fazer perguntas.


— E você tem certeza de que não quer dizer isso a ele
pessoalmente?

— ele perguntou.

Eu sacudi minha cabeça.

— Sim, acho que prefiro que seja você, se estiver tudo bem.

Ele estudou meu rosto.

— OK. Eu com certeza direi a ele.

— Obrigado, Kyle. Não queria fazer de você o mediador. Eu


realmente agradeço.

Kyle acenou com a cabeça.

— Claro. Não tem problema nenhum.

— Ok, acho que vou parar de ocupar seu tempo e deixá-lo


voltar para sua reunião. — Tentei dar a ele um sorriso
sincero.

— Sim, ok, — disse Kyle. Ele parecia que não queria ir, mas
eventualmente ele se afastou de mim e começou a andar
na direção do escritório de Grayson.

Antes que ele fosse longe demais, eu o ouvi chamar.

— Luna?

Eu me virei e dei a ele um olhar questionador.

— Você está bem? — Kyle perguntou.

Suspirei e tentei colocar um sorriso convincente no rosto.


— Oh, sim, estou bem.

Kyle balançou a cabeça lentamente, parecendo não estar


convencido.

— O que quer que esteja acontecendo entre vocês dois vai


ficar melhor. Eu prometo, — Kyle disse. — Vocês foram
feitos um para o outro e nada pode mudar isso.

Espero que sim. Eu balancei a cabeça.

— Obrigado, Kyle, — eu disse. Então me virei e fui embora.

Capítulo 38

Belle

Consegui evitar o quarto de Grayson até tarde da noite. Eu


esperava poder entrar furtivamente enquanto ele dormia e
usar o sofá em frente à cama.

Eu não queria dormir na mesma cama que Grayson até


conversarmos.

Mas eu também não sabia onde mais dormiria se não fosse


no quarto de Grayson.

Eu podia sentir a ansiedade crescendo dentro de mim


enquanto me aproximava de sua porta, esperando que ele
não ficasse mais com raiva de mim.

Abri a porta e espiei para ver se ele estava dormindo, e


franzi a testa quando vi a cama vazia. Talvez ele ainda
estivesse trabalhando?

Mas assim que entrei, fui imediatamente jogada contra a


porta, minha cabeça batendo dolorosamente na madeira.
Gritei de dor e choque.
— Quem diabos você pensa que é, hein? — Grayson gritou
comigo.

Eu choraminguei com a força que ele apertava meus


braços.

— O-o que você quer dizer?

Grayson rosnou alto.

— O que acontece entre você e eu fica entre você e eu,


entendeu?

Você não vai tagarelar com a primeira pessoa que aparece


só porque seus preciosos sentimentos foram feridos.

Minha raiva explodiu.

— Saia de perto de mim! — Eu gritei. Empurrei seu peito


com todas as minhas forças, furiosa por ele sequer pensar
em colocar as mãos em mim dessa forma.

Ouvi um tapa forte e a dor mais intensa que já senti na vida


se espalhou pela minha bochecha.

Eu gritei e agarrei meu rosto enquanto o choque corria pelo


meu

sistema.

Ele... ele acabou de me bater.

Eu não tive tempo para processar o que tinha acontecido


porque antes que eu percebesse, Grayson estava com as
mãos nos meus ombros, me empurrando contra a parede.

— É melhor você me ouvir quando estou falando com você,


— disse Grayson, cuspindo suas palavras no meu rosto. Eu
choraminguei em resposta, completamente apavorada. — O
que exatamente você disse a ele?

— Você quer dizer Kyle? — Eu solucei. — Eu juro que não


contei nada a ele! Eu só disse a ele para dizer que sentia
muito!

— Sim, melhor você ter dito só isso mesmo. — Sua mão veio
e agarrou meu queixo com força. Eu estremeci. Eu sabia
que teria um hematoma ali amanhã para adicionar ao meu
novo olho roxo.

— Escute aqui, companheirinha. Se você contar a uma única


alma sobre qualquer coisa que aconteça neste quarto, eu te
juro que você descobrirá o quão zangado um macho Alfa
pode ficar. Entendeu?

Seu aperto aumentou em minha mandíbula.

— Eu disse, você entendeu?

Eu balancei minha cabeça.

— Sim! Sim, eu entendi!

— Bom, — ele grunhiu.

Ele me soltou e eu imediatamente caí no chão, segurando


meu rosto.

As lágrimas escorriam de novo e eu desejei


desesperadamente que parassem, lembrando-me de como
Grayson reagiu da última vez que me viu chorar.

De repente, algo macio atingiu meu rosto. Eu olhei para


baixo. Ele tinha jogado meu pijama na minha cara.
— Eu quero você dormindo em outro lugar esta noite. Dormi
melhor ontem à noite sem você na cama. — Ele parou por
um segundo.

— Isto é. . a menos que você queira rastejar para cima


desta cama e mostrar ao seu companheiro o quanto você
realmente está arrependida.

— Ele ergueu uma sobrancelha para mim e lentamente


olhou meu corpo

de cima a baixo. Ele lambeu os lábios.

Nunca pensei que os olhos de Grayson no meu corpo me


fariam sentir tão nojenta e usada. Eu nem sabia como
responder.

Então, ao invés de dizer qualquer coisa, eu apenas trouxe


minhas pernas até meu peito e me encolhi, esperando que
isso lhe deixasse menos do meu corpo para os olhos dele
vagarem.

Um ruído sibilante deixou a boca de Grayson, seguido por


uma risada amarga.

— Beleza. O quarto 101 no andar de baixo está vazio. Use


esse e suma da minha frente.

Soltei um soluço silencioso. Eu soube naquele momento que


o estava perdendo. Ele não me queria mais. Eu conheci esse
homem apenas algumas semanas atrás, e ele já tinha se
tornado minha vida inteira. E

agora eu estava perdendo ele.

Grayson começou a se afastar de mim, me deixando


soluçando no chão perto da porta.
— O que eu fiz de errado? — Sussurrei em meio às lágrimas.
— O que eu fiz?

Grayson gemeu e passou a mão pelo rosto em frustração.


Ele se virou para olhar para mim.

— Eu não tenho tempo para lidar com você agora. Apenas


fique fora do meu caminho e não cause mais problemas. Eu
não me inscrevi para essa merda, — ele disse, apontando
para a minha forma curvada.

Meu coração afundou no peito e eu respirei fundo. Parei por


um segundo, sem saber se deveria fazer essa pergunta. Mas
então eu soube que realmente não tinha outra opção.

— Grayson — respirei fundo — você não me quer mais?

Seus olhos se estreitaram e ele se aproximou de mim


lentamente, movendo-se como um leão prestes a abater
sua presa.

— Olha aqui, companheira, — ele cuspiu.

Ele ergueu o dedo indicador e observei com fascinação e


horror uma garra afiada emergir da ponta.

Ele a aproximou de meu rosto.

— Vou lhe contar um segredinho: a única razão pela qual os


alfas querem seus companheiros é por causa do poder que
eles dão.

Sua unha afiada traçou meu queixo e depois percorreu


minha bochecha inchada. Eu solucei, surpresa que um
toque tão leve poderia me causar tanta dor.
Eu sabia que o hematoma e o inchaço seriam difíceis de
cobrir de manhã. Eu não tinha percebido antes que estava
sangrando, mas quando Grayson tirou a mão do meu rosto,
havia sangue na ponta da garra.

Eu assisti com horror quando ele levou sua garra até a boca
e chupou.

Ele sorriu para mim.

— Você está aqui para me dar prazer e poder, só isso.

Parecia que ele tinha aberto meu peito, agarrado meu


coração e o esmagado na palma da mão.

Eu endireitei meus ombros e olhei nos olhos dele.

— Então eu vou embora. E você não pode me impedir.

Capítulo 39

Belle

Sem aviso, um rosnado ensurdecedor saiu da boca de


Grayson. Ele agarrou o peito e todo o seu corpo tremeu
quando ele se abaixou e começou a respirar pesadamente.

Ele parecia estar sentindo uma dor extrema. Não tendo


ideia do que fazer, eu apenas assisti.

Grayson balançou a cabeça violentamente e agarrou seu


cabelo. Ele gritou:

— Não! — alto e caiu de joelhos.

Isso continuou por alguns minutos e, enquanto isso, tentei


bolar um plano para fugir do monstro louco à minha frente.
Eu tinha causado isso dizendo que estava indo embora? A
última vez que ele se transformou na minha frente, não
tinha parecido tão doloroso.

O que diabos está acontecendo?

De repente, Grayson parou enquanto olhava para baixo,


ainda segurando a cabeça. E então seus olhos se fixaram
nos meus, meus arregalados e assustados olhos. Eles
estavam completamente escuros.

— Companheira, — ele disse.

Recuei o máximo que pude enquanto olhava para ele com


os olhos marejados. Eu trouxe meus joelhos para cima e os
abracei perto do meu peito. Parecendo determinado, ele se
levantou lentamente e começou a se aproximar de mim. Eu
choraminguei quando ele finalmente veio para ficar
diretamente acima de mim.

Eu não tinha certeza do que dizer quando ele olhou para


mim. Seus olhos procuraram meu rosto e um rosnado saiu
de sua boca. Então ele estendeu a mão, aparentemente se
preparando para me bater novamente.

Eu imediatamente levantei meu braço em defesa e me


afastei do golpe iminente.

— Eu sinto Muito! — Eu gritei. — Eu sinto muito! Eu não


deveria ter

dito nada! Eu sinto Muito! Eu sinto Muito. Eu sinto muito. .,


— eu solucei.

Mas o golpe nunca veio — nada aconteceu.


Chorei por uns momentos, nem mesmo tentando manter
minha compostura. Eu me sentia completamente destruída.

— Companheira, — ouvi Grayson dizer em um tom gentil


que me surpreendeu. Eu balancei minha cabeça, não queria
encontrar seu olhar ou que ele visse meu estado patético.

— Companheira, — ele disse novamente com mais força.

Eu olhei para ele lentamente e fiquei chocada com o que vi.


Ele também tinha lágrimas nos olhos, escorrendo
silenciosamente pelo rosto.

Eu nunca pensei que veria Grayson chorar. E por mais que


ele me assustasse agora, eu ainda odiava vê-lo chorar.

Ele se abaixou novamente e, desta vez, eu não recuei.

Eu assisti com fascinação quando ele colocou a mão


suavemente no meu joelho, que ainda estava puxado até o
meu peito.

— Desculpe, companheira, — ele disse com tristeza real em


sua voz.

Percebi então, enquanto estudava seus olhos negros como


breu, que não estava falando com Grayson. Não, eu estava
falando com seu lobo.

Seu lobo de alguma forma tinha assumido o controle de seu


corpo e estava se comunicando comigo.

Eu não tinha certeza se o lobo sentia algo diferente com


relação a mim, mas eu me encontrei esperando que talvez
uma parte de Grayson ainda me quisesse.

— Você ainda me quer? — Eu perguntei a ele baixinho.


A tristeza brilhou em seus olhos e seus ombros caíram.
Lentamente, muito lentamente — quase como se ele
estivesse com medo de me assustar novamente — ele
levantou a mão para segurar o lado ileso do meu rosto.

Ele gentilmente enxugou minhas lágrimas.

— Minha companheira. Minha, — ele disse. Ele abaixou a


testa e conectou-a com a minha. — Minha companheira, —
ele repetiu.

Isso me disse tudo que eu precisava ouvir. Grayson não me


desejava para nada além de sexo e poder, mas seu lobo
ainda me queria por mim.

Joguei meus braços em volta do pescoço e o abracei perto


de mim. Eu precisava desesperadamente ser consolada e
ter alguém me dizendo que tudo ficaria bem.

Ele devolveu o abraço com força, envolvendo seus braços


em redor da minha cintura e, em seguida, prendendo
minhas pernas ao redor dele para que ele pudesse me
pegar.

Ele suspirou profundamente, seu corpo vibrando contra o


meu.

Enterrando o rosto profundamente no meu pescoço, ele


mordeu suavemente a minha marca de mordida e meu
corpo estremeceu.

Ele continuou a me abraçar por alguns minutos enquanto eu


soluçava e liberava todas as emoções que tinha guardado
dentro de mim nos últimos dias.

Depois de um tempo, ele começou a se mover, e eu o


agarrei com mais força, querendo que ele não me soltasse
ou que seu lado humano não assumisse o controle
novamente.

Eu o segurei com tanta força que esqueci da minha


bochecha machucada e gritei quando ela atingiu o lado de
seu pescoço.

Grayson rosnou quando ouviu meu grito — tão alto que


senti até os ossos. Foi o suficiente para me assustar e me
fazer afrouxar meu aperto em seu pescoço.

Ele imediatamente nos levou até sua cama e me colocou no


colchão suavemente, movendo-se um pouco para trás para
que ele pudesse inspecionar meu rosto ferido. Eu me
perguntei se eu parecia tão quebrada quanto me sentia.

Depois de um momento, ele rosnou baixinho, então


caminhou silenciosamente para o banheiro. Quando ele
voltou, ele estava segurando uma toalha úmida.

Quando Grayson trouxe o pano até meu rosto para limpar


meu ferimento, agarrei seu pulso suavemente antes que ele
fizesse contato e disse:

— Seja gentil, por favor. Acho que minha maçã do rosto


pode estar quebrada.

Isso fez todo o corpo de Grayson tremer, e eu pude


perceber que ele estava se esforçando para controlar suas
emoções.

Ele acenou com a cabeça uma vez, então lentamente


levantou o pano até a minha bochecha mais uma vez. Eu
estremeci quando o pano fez contato, e Grayson
choramingou.
— Desculpe companheira. Desculpe companheira. Desculpe,
companheira, — ele repetia enquanto limpava meu
ferimento. Eu poderia ver o quanto isso era difícil para ele e
que suas desculpas eram tristes e genuínas.

Uma vez que ele pareceu satisfeito com o tratamento, ele


se sentou ao meu lado e me puxou para seu colo, colocando
seus braços firmemente em volta de mim.

Por fim, criei coragem para perguntar o que estava em


minha mente:

— O que eu fiz de errado? O que eu fiz para que ele me


odiasse tanto?

Grayson choramingou baixinho e puxou minha cintura para


me trazer para mais perto dele.

— Eu — ele fez uma pausa — — Eu, errr. .

Ele balançou a cabeça, e eu poderia dizer que ele estava


lutando para se expressar. Afinal, ele era um lobo. Ele
provavelmente não tinha muita experiência em falar.

Ele rosnou alto em frustração e tentou novamente:

— Eu. . Não. Companheira

Eu fiz uma careta. Não tinha como ele ser capaz de explicar
alguma coisa. Ele mal conseguiu pronunciar algumas
palavras.

Suspirei tristemente.

— Está tudo bem, — eu disse, não gostando de vê-lo lutar.

— Você pode apenas dizer a ele que eu sinto muito? Diga a


ele que sinto muito pelo que fiz e espero que ele possa me
perdoar. Não quero que ele fique mais com raiva de mim.
Quero que as coisas voltem a ser como eram antes.

Grayson balançou a cabeça violentamente.

— Não, companheira. Não.

— Como assim não? Você não vai contar a ele? — Ele


balançou a

cabeça novamente.

— Não. — Ele colocou a mão no peito. — Desculpe, — disse


ele. Ele deu um tapinha no peito novamente. — Desculpe.

— E-eu não entendo, — eu disse. — O que você quer dizer?


De que você está arrependido? É Grayson quem deveria
pedir desculpas.

Mas de repente o lobo de Grayson rosnou alto e agarrou sua


cabeça quando seu corpo começou a tremer novamente.

Ele se endireitou e eu saí de seu colo e caí no chão. Eu gemi


de dor.

— Lobo estúpido do caralho! — Grayson gritou enquanto


agarrava seu cabelo. Então ele se abaixou e rudemente me
puxou pelo braço para que eu ficasse de pé. — Tudo o que
ele fez ou disse a você não teve nada a ver comigo.

Meus ombros caíram e acenei com a cabeça para mostrar


minha compreensão.

Ele agarrou meu queixo e puxou meu rosto perto o


suficiente para que eu pudesse sentir sua respiração.

— Você não vai a lugar nenhum, está me ouvindo? Você é


minha companheira. Vou amarrar você à cama, se for
preciso.

Ele me empurrou.

— Agora saia. Durma em outro lugar.

Eu me endireitei, tentando manter minha dignidade


enquanto estendia a mão para a maçaneta da porta atrás
de mim.

— E Belle? — Grayson disse.

Eu me virei para olhar para ele.

— Durma lá amanhã também.

Eu concordei e saí pela porta, fechando-a atrás de mim.

Grayson estava certo sobre uma coisa: eu não iria a lugar


nenhum.

Enquanto seu lobo me quisesse, eu estaria aqui. Eu sabia


agora que algo estava errado.

E eu iria descobrir.

Capítulo 40

Grayson

A noite do ataque dos vampiros. .

Deixar Belle nua e decepcionada em minha cama foi a coisa


mais difícil que eu já fiz em toda minha vida.

Meu lobo estava chateado além da conta. Ele não parava de


rosnar em minha cabeça, enviando-me imagens mentais do
rosto lindo e triste de Belle enquanto ela estava deitada
quase nua, enrolada em um lençol, nos observando partir.

Eu rosnei alto. Ela merece mais que isso.

Eu abri caminho até o limite do meu território, franzindo a


testa quando vi Kyle e alguns dos guerreiros da matilha
parados sem fazer nada.

— O que diabos está acontecendo? — Eu lati enquanto me


aproximava deles. Todos eles se viraram e imediatamente
caíram de joelhos e mostraram seus pescoços para mim.

— Kyle, — eu disse. — Venha aqui.

Kyle se levantou e se aproximou de mim lentamente,


obviamente sentindo meu humor sensível.

— Achei que você tinha dito que era uma emergência, —


comentei quando ele estava na minha frente. — O que está
acontecendo aqui?

Você disse que havia vampiros no território.

Kyle abriu a boca para falar, mas fez uma pausa. Ele
lentamente ergueu o nariz para o ar e cheirou.

— Uau! — ele disse enquanto um sorriso entendido se


formava em seus lábios e ele cobriu o nariz. — Interrompi
alguma coisa, não foi?

Eu cruzei meus braços sobre meu peito e rosnei. Eu estava


sem tempo para os jogos de Kyle no momento —
especialmente quando minha companheira estava sozinha
na minha cama durante sua primeira noite aqui.

— Do que diabos você está falando, Kyle?


Kyle riu e balançou a cabeça divertido.

— Eu odeio dizer isso, Alfa, mas você está emitindo sérios


feromônios de acasalamento de macho Alfa agora. — Ele
levantou as sobrancelhas sugestivamente.

— Você e Luna estavam se divertindo, hein?

Meu lobo se lançou para frente, imediatamente arrepiado de


raiva.

Ele tentou assumir o controle, querendo lembrar Kyle de seu


lugar e quem Belle era para ele.

— Kyle, — eu rosnei enquanto tentava controlar meu lobo.


— Eu sugiro que você mude de assunto para o motivo pelo
qual você me ligou mentalmente.

— Caso contrário, eu acho que você vai descobrir o quão


bravo um macho Alfa que está emitindo feromônios de
acasalamento, mas foi tirado de sua companheira por
aparentemente razão nenhuma pode ficar.

Kyle engoliu em seco.

— Sim, Alfa, — ele disse rapidamente, balançando a cabeça.


— Uh, Beta Adalee está examinando o território para ver
quantos vampiros estão lá fora. Acreditamos que eles ainda
não estejam cientes de que sabemos que estão aqui.

Eu concordei. Eu era o mais rápido do grupo, mas Adalee


era rápida e silenciosa, o que a tornava a melhor para
explorar situações complicadas.

— Quanto tempo faz que ela foi? — Eu perguntei.

— Estou bem aqui, — alguém gritou atrás de nós.


Kyle e eu nos viramos para ver Adalee saindo da floresta
próxima. Ela se aproximou de nós com uma expressão séria
no rosto.

— Existem dez vampiros espalhados por todo o território.

Eu rosnei. O que diabos os vampiros estavam fazendo no


meu território?

Nenhuma criatura — nem mesmo lobisomem sem matilha


— é burra o suficiente para invadir meu território em anos.
Minha matilha tinha membros demais para que alguém
pudesse passar despercebido e ileso.

Esses vampiros estavam prestes a aprender isso.

— O que eles estão fazendo? — Eu perguntei.

Adalee encolheu os ombros.

— Não sei. Eles estão apenas lá parados.

— Você quer dizer que eles não estão fazendo nada? Eles
estão com alguma arma? — Kyle perguntou.

Adalee balançou a cabeça.

— Não. Sem armas. . nada. Eles estão realmente parados lá


como um bando de robôs.

— Algo está errado, — disse Kyle. — Eu não gosto disso.

— Nem eu, — eu disse. — Eles desarmados vão tornar


nossas vidas mais fáceis, mas eu não quero ninguém
baixando a guarda. Algo definitivamente está errado.

Olhei para meus guerreiros — cerca de trinta deles,


orgulhosos e fortes, todos esperando minhas ordens.
— Com sorte, isso vai acabar sem problemas. — Eu olhei
para Kyle. —

Você sabe o que fazer.

Kyle acenou e baixou ligeiramente a cabeça.

— Sim, Alfa.

Ele caminhou até os guerreiros e começou a dar ordens. Eu


já tinha lutado batalhas o suficiente com Kyle ao meu lado
que nem precisava dizer a ele o que fazer.

Kyle era um líder natural. Ele sabia dar ordens, mas ainda
ser próximo dos meus guerreiros.

Não havia ninguém em quem eu confiasse mais em minha


matilha, motivo pelo qual eu o fiz o líder dos guerreiros do
grupo.

Observei enquanto meus guerreiros ouviam Kyle


atentamente e então se transformavam em seus lobos,
preparando-se para colocar em prática todo o seu
treinamento.

Eu estava prestes a me transformar em o meu lobo para me


juntar a eles e liderar a luta quando fiz contato visual com
Adalee. Ela tinha uma expressão divertida no rosto, com as
sobrancelhas levantadas e a mão cobrindo o nariz.

Revirei meus olhos e rosnei baixinho.

— Eu não quero ouvir, — eu disse, sabendo que ela estava


se referindo ao meu cheiro. — Kyle já me disse. Apenas
respire pela boca.

Adalee acenou com a cabeça e riu.

— É isso aí, Alfa, — disse ela. Então ela se virou totalmente


para mim e seus olhos ficaram um tom mais escuro,
mostrando a presença de sua loba.

— Sabe, estou muito, muito feliz por você ter conhecido sua
companheira, Alfa. — Um olhar estranho passou por seu
rosto enquanto seus lábios formaram um sorriso malicioso.
— Vai tornar as coisas muito mais fáceis por aqui.

Eu levantei uma sobrancelha para ela. Ela está agindo de


forma estranha esta noite.

— Certo. ., — eu disse. — Estou contente também.

Ela sorriu mais amplamente e acenou com a cabeça.

— Melhor a gente ir. Os guerreiros vão precisar de seu


grande e forte Alfa para liderá-los.

Ela piscou para mim e então, sem aviso, transformou-se em


lobo e correu para a floresta.

Estávamos todos preparados para uma batalha intensa com


os vampiros.

Na verdade, meus guerreiros — que tinham treinado por


anos sem ser capazes de usar suas habilidades — pareciam
animados para uma luta.

Mas não tivemos uma.

Os vampiros permitiram que os expulsássemos do território


sem qualquer resistência. Surpreendentemente, eles
trataram o acontecimento como um jogo.
Nós os perseguíamos por um tempo, então eles
desaceleravam e nos deixavam chegar bem perto antes de
acelerar novamente.

Ziguezagueando e mudando de direção, eles nos fizeram


correr em

círculos como se estivéssemos brincando de pega-pega.

Continuamos assim por mais tempo do que eu gostaria de


admitir, com os vampiros sendo naturalmente mais rápidos
do que lobisomens.

Poderíamos acompanhá-los, mas precisaríamos do mais


rápido da matilha para conseguir capturar um.

E geralmente isso não era necessário, já que os vampiros


gostavam de ir direto para a parte suculenta e atacar —
batalhar até que houvesse apenas um vencedor.

O que estava acontecendo agora era estranho. Os vampiros


não eram conhecidos por serem covardes. Eles não fugiram
de uma luta. O que eles estavam fazendo não fazia nenhum
sentido. E estava me irritando.

Eu queria voltar para Belle. Eu disse a ela que voltaria antes


que ela adormecesse. Tudo que eu queria fazer era segurá-
la e assistir seu rostinho fofo relaxar enquanto sua
respiração se equilibrava.

Ela sempre fazia essa coisa em que ela se aninhava


profundamente no meu peito e soltava um suspiro de
satisfação antes de adormecer. Eu a segurava com mais
força e sorria todas as vezes.

Era minha parte favorita da noite. Eu a amava com tudo que


havia em mim. Deus, como eu queria estar com ela agora.
Felizmente, os vampiros eventualmente pareceram se
cansar, fugindo do território de uma vez só, como se
tivessem decidido telepaticamente que já tinha sido o
suficiente.

Kyle e eu paramos um ao lado do outro e nos


transformamos.

Vestimos os shorts que levávamos amarrados aos


tornozelos e nos olhamos, confusos.

— Que porra é essa? — Kyle perguntou, dizendo exatamente


o que estava em minha mente.

Eu balancei minha cabeça.

— Eu não faço ideia. Todos eles se foram?

Kyle fez uma pausa e seus olhos ficaram cinzentos


enquanto ele linkava sua mente aos outros guerreiros que
provavelmente estavam espalhados pelo resto do território.
Eu sintonizei, ouvindo o que os outros guerreiros haviam
experimentado.

Kyle acenou com a cabeça quando seus olhos se abriram


depois de

alguns segundos.

— A mesma coisa aconteceu com todos eles. Todos os


vampiros foram expulsos de nosso território.

— Não vamos baixar a guarda, — disse eu. — Eu quero


lobos postados em cada parte de nosso território a noite
toda. Tem algo a mais acontecendo. Não pode ter sido tão
simples.
— Eu concordo, — Kyle respondeu.

Olhei de volta para a casa da matilha com saudade,


desejando desesperadamente estar com Belle. Eu sabia
agora que não seria capaz de passar a noite com ela. Eu
precisava ficar aqui fora e manter minha matilha segura.

— Por que você não vai em frente e volta para a casa, Alfa?
— Kyle disse, me observando. — Eu posso cuidar disso. Foi
para isso que fui treinado.

Eu balancei minha cabeça.

— Não acho que seja uma boa ideia.

Suspirei ao imaginar Belle esperando por mim, se


perguntando onde eu estava, preocupada comigo, sozinha
em sua primeira noite aqui.

Ela provavelmente estava molhada por ter acabado de sair


do chuveiro, seu cabelo castanho chocolate espalhado por
todo o meu travesseiro. Eu a imaginei vestindo apenas
minha camisa e minha boxer, com — oh Deus — suas lindas
pernas longas à mostra.

Eu sabia que no minuto em que me juntasse a ela na cama,


uma daquelas pernas lindas seria jogada sobre minha
cintura como sempre enquanto ela se aconchegava em meu
peito.

Eu a puxaria para mais perto para que ela ficasse


basicamente em cima de mim, então começaria a correr
minha mão para cima e para baixo em suas costas e
brincaria com seu lindo cabelo sedoso.

Eu já podia sentir as faíscas dançando na minha pele. Deus,


eu sinto falta dela.
— Tudo bem, — disse Kyle, limpando a garganta
ruidosamente.

— Estou prestes a sufocar com seus feromônios de


acasalamento.

Volte para o sua companheira, Alfa. Eu prometo a você que


sou mais do que capaz de lidar com alguns vampiros que já
nem estão mais em nosso

território.

Olhei para Kyle, depois de volta para a casa da matilha e de


volta para Kyle mais uma vez.

— Você tem certeza que consegue cuidar disso? — Eu


perguntei.

— Positivo, — ele confirmou.

Suspirei pesadamente.

— Ok, — eu corri a mão pelo meu cabelo e comecei a


caminhar de volta para a casa. — Tente não me incomodar
pelo resto da noite, —

brinquei. — E eu quero dizer, se você fizer isso, é melhor ter


várias pessoas em chamas.

Kyle riu.

— É isso aí, Alfa. Diga oi para Luna por mim.

E então ele correu noite adentro.

Capítulo 41

Grayson
Meus únicos pensamentos eram em Belle e em voltar para
ela o mais rápido possível.

— Ei, Grayson, — alguém chamou da escuridão.

Por um segundo, achei que fosse Belle dizendo meu nome,


já que ela era a única pessoa que podia me chamar assim.
Mas essa voz não acendeu as faíscas que normalmente
acendiam. Não poderia ser ela.

Virei-me rapidamente, apenas para ver Adalee emergindo


lentamente da escuridão, com um sorriso malicioso no
rosto.

Eu levantei uma sobrancelha.

— Do que você acabou de me chamar? — Meu lobo veio à


superfície, rosnando por causa da falta de respeito dela.

Seu sorriso só aumentou. Ela cruzou os braços sobre o peito


e encostou-se a uma árvore próxima.

— Eu já te disse onde eu cresci, Grayson? — Então Adalee


quer morrer?

Cruzei os braços e inclinei a cabeça.

Ok, eu vou na onda.

— Não, Adalee, eu não acho que você disse, — eu disse


gravemente.

— Sabe, é meio que uma coincidência, na verdade, — disse


Adalee, rindo um pouco enquanto se afastava da árvore e
se aproximava de mim.

— Eu cresci em Paris — bem perto da área de onde você


acabou de vir.
Na verdade, eu não sabia disso, o que era estranho. Eu
pensei que sabia tudo sobre ela quando pedi para ela ser
minha beta.

— Você me disse que era de Toronto, — eu disse.

— Tsk-tsk, Alfa. Você realmente precisa conhecer melhor os


membros da sua matilha. — Ela veio parar bem na minha
frente.

— Me mudei para Toronto com minha mãe quando tinha


dezoito anos. Le reste de ma vie j'ai passé à Paris avec mon
père.

O restante da minha vida eu passei em Paris, com meu pai.

Então ela fala francês. Eu estava começando a achar que


não conhecia minha beta tão bem quanto pensava.

— Você tem razão. Eu não sabia disso, — disse eu, —


porque você não me contou. — Eu me aproximei dela. — Por
que?

Ela riu suavemente.

— Apenas espere. Estou chegando nessa parte.

Ela me olhou de cima a baixo lentamente, como se


estivesse me avaliando.

— Na verdade, acho que você conheceu meu pai enquanto


estava em Paris. Ele é o beta da matilha de lá.

Minhas sobrancelhas se juntam.

— Isso não é possível. Mal saí do hotel enquanto estive em


Paris. Eu estava muito ocupado cuidando da sua Luna.
— Carl Aude, — disse Adalee. — O nome do meu pai é Carl
Aude.

Acendeu uma luz?

Eu respirei rapidamente. Esse era o nome do padrasto de


Belle — o lobisomem que quase matei por bater em Belle.

— Você está me dizendo que seu pai, Carl, é o beta de uma


das maiores matilhas do mundo?

— Era, — Adalee cuspiu amargamente. — Ele era o beta de


uma das maiores matilhas do mundo. Mas ele não é mais.
Ele teve um encontro com você e sua companheira putinha.
.

Um grunhido saiu da minha garganta e me lancei sobre


Adalee sem pensar duas vezes, com a intenção de lembrá-la
de seu lugar. Ninguém podia falar sobre minha companheira
— sua Luna — dessa maneira.

Eu estava prestes a agarrar sua garganta e jogá-la contra


uma árvore quando ela ergueu a mão e disse:

— Pare.

De repente, fui empurrado para trás e meus pés pararam de


se mover como se estivessem colados ao chão. Labaredas
dolorosas subiam e desciam pelas minhas pernas.

— Que porra é essa? — Eu gritei. Eu olhei para Adalee, que


estava apenas me olhando com um sorriso no rosto. — O
que diabos você fez

comigo?
— Quieto, — disse Adalee, e minha boca imediatamente se
fechou como se outra pessoa a estivesse controlando.

Como diabos ela está fazendo isso?

— Caramba, você realmente tem alguns problemas de


gerenciamento de raiva. Você deveria trabalhar nisso.

Meu lobo arranhou minha mente, tentando se libertar, mas


foi inútil.

Havia algo me impedindo de me transformar, mantendo-me


em minha forma humana.

Meu lobo rosnou de frustração.

Adalee pigarreou.

— Como eu estava dizendo antes de ser interrompida de


forma tão rude, meu pai teve um encontro com você e. .
bem — ela fez uma pausa e riu ameaçadoramente — —
minha querida meia-irmã. .

Bel e...

— Então ele foi magicamente destituído de sua posição


como beta e depois foi encontrado em um beco, espancado
até virar picadinho.

Sua expressão escureceu profundamente, todo o humor


deixando sua voz enquanto ela pronunciava suas próximas
palavras:

— E agora ele está morto.

Eu respirei fundo. Carl estava morto? Isso não era possível!


Mandei alguns homens para lhe ensinar uma lição, mas
nunca ordenei que o matassem. Belle me implorou para
poupar sua vida, e eu tinha planejado manter minha
promessa.

Outro pensamento me atingiu: O que aconteceu com a mãe


de Bel e?

— Não sabia disso, hein? — Adalee disse amargamente. —


Você mandou seus homenzinhos estúpidos para espancá-lo
quase até a morte e depois não se preocupou em verificar.
Você apenas o deixou morrer; você nem se importou. E tudo
para quê?

— Porque ele bateu na sua preciosa companheirinha? Ele


morreu, foi morto por um simples erro.

Ela balançou a cabeça. Eu podia ver as lágrimas se


formando em seus olhos, mas ela rapidamente as enxugou.

— E pensar que eu realmente gostava de você, — ela


continuou calmamente. — Eu respeitava você. Eu confiei em
você como meu Alfa e queria trabalhar com você.

— Foi por isso que escolhi ser sua beta. Mas você não
merece mais meu respeito. Nunca pensei que você fosse
capaz de fazer uma coisa dessas. Você vai pagar por isso
agora.

Ela me circulou lentamente. Eu ainda estava indefeso,


incapaz de me mover ou abrir minha boca para falar. E isso
estava me irritando.

Ela parou na minha frente mais uma vez e fez uma careta
quando olhou para o meu rosto.

— Há outra coisa que você não sabe sobre mim, Alfa.


Eu levantei minhas sobrancelhas para ela
interrogativamente. Meu lobo rosnou.

— Você se lembra do dia em que me nomeou como sua


beta? — ela perguntou.

Eu pensei sobre isso. Eu deveria ter me lembrado. Foi uma


decisão muito importante — uma que tomei seriamente.
Mas quanto mais eu tentava me lembrar daquele dia, mais
parecia escapar da minha memória.

Abri a boca para responder, mas não saiu nada. Eu ainda


não conseguia falar.

Adalee suspirou.

— Você pode falar agora. Só não me interrompa e prometa


ouvir em silêncio.

Meu queixo caiu dolorosamente.

— Eu não sei como você está fazendo isso, Adalee, mas


deixe-me mover meus pés agora antes de ligar
mentalmente para todos os guerreiros da matilha. Você já
está na corda bamba.

Ela revirou os olhos.

— Adicione ouvinte terrível à lista de coisas erradas com


você — junto com assassino e idiota egoísta, — ela retrucou.

Eu rosnei alto.

— Você pode tentar linkar alguém, mas ninguém vai te


ouvir. Vá em frente e tente.

Parecia que eu não tinha outra opção se quisesse sair dessa


situação.
Eu entrei em minha mente e tentei me conectar com Kyle,
pedindo ajuda a ele. Eu tentei de novo. E de novo. E de
novo. Não recebi nem uma única resposta.

Eu olhei para Adalee. Ela ficou lá sorrindo para mim.

— Viu? Estou certa, — ela disse presunçosamente. — Agora,


vamos voltar à minha pergunta: você se lembra do dia em
que me nomeou como sua beta?

Eu engoli uma resposta cruel, optando por dizer, em vez


disso:

— Não. Não me lembro daquele dia. — Eu cerrei meus


dentes. —

Importa-se de explicar por que não consigo me lembrar


daquele dia, Adalee?

Seu sorriso só se alargou.

— Oh, você está prestes a descobrir o quanto realmente


sabe sobre a sua beta.

Ela começou a me circular novamente.

— Olha, eu venho de uma linhagem muito poderosa de —


ela fez uma pausa quando chegou bem atrás de mim, e eu
podia sentir sua respiração em meu ouvido — vampiros.

Eu quase revirei meus olhos. Eu não sabia o que ela estava


fazendo, mas sabia que ela estava mentindo.

— Eu sei que você não é um vampiro. Eu vi seu lobo. Eu


posso cheirar seus genes de lobisomem.

Ela deu um passo na minha frente para que ficássemos


frente a frente.
— Você acha que sabe tudo, não é, Grayson?

— Eu sou apenas um quarto vampira. O resto de mim é


lobisomem.

Sabe, meu pai era meio vampiro. A mãe dele era um


lobisomem e o pai era um vampiro.

— E minha mãe era uma lobisomem. E eles me tiveram.


Está fazendo sentido agora?

Eu a encarei em choque. Nada disso estava fazendo sentido.

— Então está me dizendo que você é um quarto vampira? —


Eu

perguntei.

Eu apertei minha mandíbula e me empurrei o mais forte que


pude, tentando mover minhas pernas para frente, mas nada
se mexeu.

— Tente se mover o quanto quiser; não vai funcionar — pelo


menos não até eu dizer que você pode, — disse ela, me
observando resistir. Ela parecia bastante satisfeita consigo
mesma.

— Sim, apenas um quarto de mim é um vampiro, o que


significa que meus genes de lobisomem assumiram quase
completamente. Eu não bebo sangue. Não tenho
sensibilidade à luz. Eu não moro com outros vampiros.

— A única coisa que ganhei do meu pai foram esses lindos


caninos brancos perolados.

— Ela puxou o lábio superior e mostrou suas presas brancas


e afiadas que eu nunca tinha notado antes.
— Bem, isso, e uma habilidade muito especial que só minha
família tem.

Ela sorriu e olhou para as minhas pernas.

— E eu acho que você já deve saber o que é essa


habilidade.

Ela se aproximou de mim até nossos narizes quase se


tocarem. Eu rosnei.

— Com apenas o som da minha voz, posso fazer com que


você faça o que eu quiser.

Isso não é possível. A única família de vampiros que tinha a


habilidade de controlar as pessoas com a voz eram os
Mortars.

A família real de vampiros.

Capítulo 42

Grayson

— Você é uma Mortar, — eu disse.

Adalee sorriu abertamente e deu um passo para trás.

— Parabéns, Alfa, — disse ela.

Então o sorriso de repente sumiu de seu rosto.

— Você não é tão burro quanto parece.

Essa foi a gota d'água. Nenhum membro da minha matilha


falaria comigo assim — vampiro ou não. Eu era o Alfa!
Eu balancei a metade superior do meu corpo para frente,
planejando prender minha mandíbula em seu pescoço e não
soltá-lo até que ela implorasse por misericórdia.

Mas assim que me movi — antes mesmo de conseguir tocá-


la — ela me interrompeu com uma única palavra:

— Dor.

Meu corpo imediatamente caiu no chão da floresta quando


foi tomado por uma dor angustiante.

Eu gritei, segurando meu peito e minha cabeça, tentando


encontrar algum tipo de alívio. Parecia que cada osso do
meu corpo estava se quebrando enquanto milhares de facas
me perfuravam.

Eu tinha certeza de que iria morrer. Deveria ser essa a


sensação.

— Ok, — disse a voz de Adalee.

A dor parou de repente. Eu ofeguei e gemi quando o ar


finalmente entrou em meus pulmões.

Adalee se agachou ao meu lado e afastou meu cabelo do


rosto. Eu estava fraco demais para movê-la ou impedi-la.

Meu lobo estava rondando e choramingando em minha


mente. Ele agora realmente entendia a gravidade da
situação. Ele estava preocupado com nossa matilha e nossa
companheira.

— Eu não sou uma pessoa ruim, Grayson, — disse Adalee


calmamente
enquanto estudava meu rosto. — A única vez que usei
minha habilidade com você foi para ser nomeada beta. Eu
queria ser aceita em um lugar de poder em sua matilha,
mas não queria passar meses te adulando.

— Eu sabia que merecia e faria um bom trabalho, então usei


meu poder para te convencer disso. É por isso que você não
se lembra do dia.

— Ela riu amargamente.

— Eu nunca planejei usar meu poder em você novamente


depois disso. Na verdade, nunca planejei usá-lo novamente.
Eu não gostava de ter esse controle sobre as pessoas.
Parecia errado. Ninguém deve brincar de Deus. — Ela fez
uma pausa.

— Mas tudo mudou quando você assassinou meu pai.

Tentei me sentar, lutando contra a exaustão extrema que


substituiu a dor.

— Eu nunca quis matar seu pai, Adalee, — eu gemi. — Ele


não deveria morrer.

— Deite-se. Não se mova, — ela estalou. Meu corpo


imediatamente seguiu suas ordens. — Eu não me importo
com o que você queria que acontecesse. O que importa é o
que aconteceu. — Ela rosnou, seu lobo vindo à superfície. —
Você deveria ter visto o que seus homens fizeram com ele.
Ele nem mesmo se parecia com ele mesmo quando foi
enterrado.

— Sinto muito, Adalee, — eu sussurrei. — Lamento


profundamente.
— Não importa agora. O dano está feito. — Ela falou. — E
você vai pagar.

Ela assobiou como se estivesse sinalizando algo, então


olhou para mim.

— Meu pai e meu avô tiveram uma briga alguns anos atrás
e não se falam desde então. Nunca tive a oportunidade de
conhecer meu avô por causa disso.

— Veja, ele não é o homem mais legal. Um pouco faminto


por poder.

Alguns podem até chamá-lo de corrupto. É por isso que ele


foi tirado do trono. — Eu senti o sangue sumir do meu rosto
com suas palavras. Ela não podia estar falando sobre quem
eu pensava que estivesse. .

— Mas eu discordo, — ela continuou. — Principalmente


depois que

tive a chance de conhecê-lo no funeral de meu pai. Nós nos


demos muito bem. Temos a mesma opinião com relação a
alguns assuntos muito importantes. Ela agarrou meu queixo
com força, suas unhas se cravando em minha pele, e virou
minha cabeça para que eu estivesse olhando diretamente
para ela.

— Por exemplo, nós dois concordamos que você não deveria


mais liderar esta matilha. E se isso significar os vampiros
assumindo o controle e a fusão de nossas espécies, então
ela deu de ombros — que assim seja.

O som de folhas sussurrando e galhos quebrando veio de


trás de nós.

Adalee ergueu a cabeça.


— Ah, bem na hora. — Ela olhou para mim. — Grayson,
gostaria que conhecesse meu avô.

Uma figura emergiu das árvores, alta e escura, toda vestida


de preto.

Ele tinha longos cabelos negros e olhos vermelho-sangue.


Suas presas afiadas estavam aparentes embaixo de seu
lábio superior, que se abriu em um sorriso sinistro.

Era Azazel Mortar, o antigo rei vampiro.

Ele se aproximou de nós dois lentamente, olhando para mim


com uma expressão de satisfação no rosto. Rosnei alto,
mostrando meus dentes para ele e tentando
desesperadamente mover meu corpo.

Mas não adiantou. Adalee tinha me paralisado no chão.

— Muito bem, Adalee, — disse ele. — Eu tenho que dizer, eu


quase pensei que não tivesse isso em você. Estou muito
feliz por estar errado.

Adalee sorriu de volta e deu um passo para trás.

— Levante-se, — Azazel disse para mim.

Meu corpo se moveu por conta própria, colocando-me de


pé, mas, permanecendo completamente paralisado.

Azazel me olhou de cima a baixo, e eu não pude fazer nada


além de assistir enquanto seu sorriso crescia.

— Meu Deus, você é enorme. Eu posso ver porque você é o


Alfa da matilha mais forte da América.

Isso era estranho vindo dele, já que ele era quase tão
grande quanto
eu — embora um pouco mais magro.

— Será extremamente interessante controlar seu corpo e


testar sua força, — disse ele.

— Que porra você acabou de dizer? — Eu perguntei.

Meu lobo estava tão perto da superfície que ele poderia


muito bem estar entre nós, sem precisar da transformação,
soltando grunhidos altos e perigosos sem parar. Eles eram
tão altos que ecoavam noite adentro.

— Quieto! — Azazel disse.

Minha mandíbula se fechou em um instante, do mesmo jeito


quando Adalee me disse para ficar quieto mais cedo. O
rosnado em meu peito parou, pois meu lobo também foi
silenciado. Meu lobo choramingou em minha cabeça.

— Eu não tenho tempo para lidar com o seu lobo


delinquente agora,

— Azazel disse. — Tenho certeza de que lidarei com ele o


suficiente em um futuro próximo.

Ele continuou a olhar para mim, me circulando lentamente.

— Adalee, você não disse que ele não estava totalmente


unido ainda?

— Sim, — disse Adalee. — Ele não se uniu com sua Luna


ainda.

Com a menção de Belle, meu lobo começou a bater no


interior da minha mente, tentando se libertar.

E com cada choque, meu corpo tremia. Azazel me observou


atentamente, obviamente sabendo o que estava
acontecendo.

— Se isso é o quão forte ele é quando não está totalmente


maduro, eu só posso imaginar o quão poderoso ele será
quando estiver totalmente acasalado, — disse ele.

Meu corpo continuou a tremer.

— Vai ser divertido alcançar esse poder total. Especialmente


se aquela garota com quem te vi entrar antes for sua
companheira.

Já bastava. Eu ia separar a cabeça desse homem de seu


corpo — depois de torturá-lo até que ele implorasse por
misericórdia.

Ele não tocaria em Belle.

Ele nem chegaria perto.

Azazel riu.

— Chega de brincar. Eu tenho um trono para reconquistar. E


sua pequena matilha vai me ajudar a pegá-lo.

Em um piscar de olhos, ele estava bem na minha frente,


movendo-se mais rápido do que eu pensava ser possível —
mesmo para um vampiro.

Então, de repente, suas presas estavam cravadas fundo em


minha garganta e eu gemia de dor.

Seus comandos originais sobre meu corpo pareceram


perder o efeito, e eu desabei ainda mais no chão enquanto
seu veneno corria em minhas veias.

Senti minha consciência começar a se dissipar, apenas para


ser substituída por outra coisa. Algo escuro e maligno que
lentamente assumia o controle de minha mente e corpo.

Eu não conseguia mais me mexer. Eu mal conseguia pensar.

Lutei o máximo que pude, mas, eventualmente, meu corpo


se cansou de lutar e tudo ficou escuro.

— Isso vai ser divertido, — Azazel disse de dentro de minha


mente.

Capítulo 43

Belle

De volta ao presente...

O quarto 101 — aquele para o qual Grayson me mandou —


ficava no andar de baixo da casa da matilha e estava
absolutamente gelado.

Não era de se admirar que este quarto estivesse livre. A


janela estava quebrada e não se fechava completamente,
permitindo que o ar frio do inverno de Minnesota entrasse e
baixasse a temperatura da sala abaixo do habitável.

Havia até um pouco de neve acumulada no chão ao lado da


janela.

E para adicionar a isso, parecia que as pessoas começaram


a usar o espaço como armazenamento. Estava cheio até o
teto com caixas e vários objetos velhos e empoeirados.

Tive que desenterrar uma pequena cama que rangia no


canto apenas para me deitar.
Após cerca de uma hora tentando dormir no frio, decidi que
não havia como ficar neste quarto e me levantei para
procurar outro lugar para passar a noite.

A casa ficava muito mais calma à noite, com todos em suas


camas.

Foi a primeira vez que consegui realmente dar uma boa


olhada no lugar sem me sentir oprimida pelo número de
pessoas que me cercavam constantemente.

Depois de bisbilhotar por alguns minutos, finalmente me


deparei com uma sala de estar cheia de sofás e uma TV
enorme. Isso teria que servir para a noite. Deitei em um
grande sofá de couro.

Sem cobertor, sem travesseiro e com lágrimas manchando


meu rosto, adormeci.

Acordei com a sensação de alguém sacudindo


violentamente meu ombro.

— Ei acorde! — disse uma voz. — Você não pode dormir


aqui!

Meus olhos se abriram; de pé acima de mim estava uma


mulher mais velha com um aspirador na mão.

— Oh, me desculpe, — eu disse enquanto rapidamente me


sentava.

— Você precisa sair para que eu possa limpar, — disse a


mulher.

— Sim, claro. Desculpe. — Levantei-me e saí da sala em


segundos, sentindo meu rosto esquentar de vergonha.
Eu me perguntei o que ela pensaria de mim, e se ela sabia
que eu tinha sido expulsa do quarto do meu companheiro.

Com meus ombros caídos e quase sem nenhuma energia


em meu corpo por não ter comido durante dois dias, eu fiz
meu caminho para a cozinha, desesperadamente torcendo
para que eu finalmente pudesse conseguir um pouco de
comida e água.

Uma vez lá, deixei escapar um suspiro de alívio quando vi


Kyle e Elijah fazendo café da manhã com o resto da matilha.

Elijah foi o primeiro a me ver e seu rosto se iluminou.

— Luna! — ele exclamou.

Aproximei-me deles lentamente, olhando com cautela para


os outros lobisomens, que pareciam me ignorar em vez de
me encarar. Estranho.

— Ei, — eu disse calmamente.

Eu olhei ansiosamente para a comida que faziam,


esperando que estivessem dispostos a compartilhar comigo.

Kyle deu as costas aos ovos que estava fritando e seu


queixo caiu quando me viu. Ele agarrou meu ombro e me
virou para olhar para ele.

— Que porra é essa? — ele disse, apontando para o meu


rosto machucado.

Minha mão imediatamente voou até meu queixo, e


estremeci quando toquei o machucado sensível que
Grayson tinha causado na noite passada por me agarrar
com muita força.
A dor no lado esquerdo do meu rosto ainda era astronômica.

Senti o pânico crescer em meu peito enquanto tentava


pensar em

uma explicação que não envolvesse Grayson para que eu


não tivesse que enfrentar sua ira novamente.

— Oh, eu escorreguei no gelo ontem à noite quando estava


explorando lá fora, — eu disse rapidamente, esperando que
eles acreditassem em mim e não fizessem mais perguntas.

Elijah acenou com a cabeça em compreensão, obviamente


acreditando na minha história, pelo que eu era grata, mas
os olhos de Kyle apenas se estreitaram em minhas
contusões enquanto ele estudava meu rosto um pouco
mais.

Eu me mexi nervosamente.

— O Alfa perdeu a cabeça quando viu você? Só posso


imaginar o quão chateado ele deve ter ficado, — disse
Elijah, balançando a cabeça.

Eu concordei.

— Oh sim. Ele estava muito bravo. Ele me fez colocar gelo


no rosto a noite toda, — eu menti.

Era fácil inventar uma história enquanto me lembrava de


como ele cuidou do meu rosto machucado quando o
companheiro de minha mãe me bateu em Paris.

Elijah riu.

— Sim, aposto que sim. — Ele olhou para meus hematomas


novamente.
— Se eu não soubesse, diria que foram feitos à mão. Mas eu
sei que ninguém ousaria machucar a companheira de um
Alfa, a menos que quisesse morrer.

Curiosamente, nem mesmo ocorreu a ele que o próprio Alfa


teria feito isso comigo. Eu não teria considerado isso antes
de ver o verdadeiro Grayson.

— Huh, sim, você é tão engraçado. Definitivamente não é


uma mão,

— eu disse enquanto me mexia.

— Então você está me dizendo que caiu de cara quando


escorregou?

— Kyle perguntou.

Eu balancei a cabeça rapidamente.

— Sim, foi uma queda bem feia, — eu disse.

Kyle não parecia convencido. Na verdade, ele olhou para


mim com uma expressão tão preocupada que pensei que
ele não devia estar acreditando na minha história.

— Estou surpreso que o Alfa não quisesse ficar com você o


dia todo hoje com esse hematoma enorme em seu rosto.
Seu rosto está inchado como um balão.

— Você pensaria que o lobo dele ficaria louco sabendo que


você está ferida, — Kyle disse desconfiado.

Eu dei de ombros e olhei para minhas mãos. Eu odiava


mentir para eles, mas sabia que não tinha outra escolha —
a menos que eu quisesse que Kyle fosse falar com Grayson.
— Ele disse que tinha um trabalho muito importante a fazer
hoje e que me viria me ver mais tarde.

Ainda não parecendo convencido, Kyle continuou a me


observar enquanto Elijah assumia o controle da frigideira.

— Ei, você acha que estaria tudo bem se eu pegasse um


pouco dos seus ovos? — Eu perguntei a Elijah. — Eu não
tomei café da manhã ainda.

Elijah sorriu amplamente.

— Claro! Temos mais do que o suficiente.

— Veja, Luna, posso falar com você um segundo? — Kyle


perguntou.

Eu acenei com a cabeça lentamente, nervosa. Kyle


gentilmente colocou a mão em minhas costas e me
conduziu para o lado, onde ninguém poderia me ouvir.

— Você estava certa, — disse ele quando ficamos sozinhos.

Minhas sobrancelhas franziram.

— Sobre o que?

Kyle cruzou os braços sobre o peito e olhou em volta para se


certificar de que ninguém poderia ouvir nossa conversa.

— O Alfa está agindo de forma estranha — muito estranha.

Meus olhos se arregalaram.

— Mesmo? — Eu perguntei aliviada. — Você notou também?

Kyle acenou com a cabeça.


— Ele está tomando algumas decisões realmente. . fora do
comum.

— Como o quê? — Eu perguntei.

Kyle hesitou, obviamente decidindo se deveria ou não me


contar.

— Ele está pensando em deixar alguns indivíduos muito


questionáveis entrarem em nosso território. Eu nunca
discordei de nenhuma de suas decisões antes, mas alguns
dos comandos que ele deu foram absolutamente
insensatos.

— O que você quer dizer com 'indivíduos questionáveis'? —


Eu perguntei.

— Ele. . ele. . — Kyle hesitou. Ele suspirou.

— Vampiros. Ele quer deixar vampiros entrarem em nosso


território para 'discutir nosso relacionamento com eles' ou
alguma merda do tipo.

— Kyle balançou a cabeça em desgosto.

Ele estudou meu rosto, uma carranca profunda torcendo


suas feições.

— E então você vem aqui com essa aparência. De jeito


nenhum ele ficaria bem com você machucada assim.

— Ele não está! — Eu disse rapidamente. Nossa conversa da


noite passada passou pela minha mente. Se Grayson
descobrisse que Kyle e eu estávamos falando sobre ele
pelas costas, quem sabia o que ele faria?
— Ele ficou muito bravo quando me viu ontem à noite, —
continuei.

Bem, pelo menos isso não é uma mentira.

— Ele. . ele, hum, me segurou em seus braços a noite toda


e me deu remédios para dor e me colocou gelo em meu
rosto. Ele cuidou muito bem de mim. — Eu olhei para
minhas mãos, desejando que fosse verdade.

Kyle me observou com uma expressão intensa, que eu não


consegui ler.

Eu entrei em pânico.

— Tenho certeza de que está tudo bem com Grayson.


Mesmo. Eu realmente não tinha notado nada até alguns dias
atrás.

Kyle balançou a cabeça lentamente, mas eu poderia dizer


que ele ainda acreditava.

— Ok, — ele suspirou. — Vamos pegar um pouco de comida.

Ele voltou para onde Elijah estava e eu o segui


ansiosamente.

Ao pensar em comida, meu estômago soltou um grunhido


mais alto, deixando meu rosto vermelho brilhante. Ambos
os homens olharam para mim.

— Luna, quando foi a última vez que você comeu? — Kyle


perguntou.

Meus olhos se arregalaram.

— Ontem à noite, — eu disse rapidamente. — Eu jantei com


Grayson.
Elijah e Kyle trocaram olhares preocupados e depois
olharam para mim.

— Eu sei que isso não é verdade, Luna, — Kyle disse. — Nós


comemos com o Alfa ontem à noite, e você não estava lá.
Ele disse que você estava dormindo.

Meus olhos se arregalaram ainda mais quando percebi que


fui pega na mentira.

— Oh, hum. . bem. . — Eu não sabia mais o que dizer.

— Luna, vou perguntar de novo, e não se atreva a mentir


para mim.

Quando foi a última vez que você comeu? — Kyle


perguntou.

Eu olhei para as minhas mãos mais uma vez, sabendo que


não poderia mais esconder a verdade.

— Na noite em que cheguei aqui, — eu sussurrei.

— O que? — Elijah explodiu.

— Que porra você quer dizer com 'a noite em que você
chegou aqui'?

Isso foi há dois dias! — Kyle gritou. — Você não come há


dois dias? —

Lágrimas começaram a se formar em meus olhos. Olhei em


volta da cozinha e vi que as pessoas estavam nos
observando. Estávamos começando a fazer uma cena.

— É que toda vez que eu ia para uma das cozinhas,


estavam sempre cheias de gente e todos gritavam comigo
quando eu tentava pegar um pouco de comida. Eu não
sabia o que fazer.

Kyle rosnou e passou a mão pelo cabelo.

— Lobos territoriais e estúpidos. — Ele suspirou. — Você não


precisa levar para o lado pessoal, Luna. Lobisomens são
territoriais em relação à comida e não gostam de
compartilhar. É assim que somos como

caçadores.

Eu balancei a cabeça em compreensão. Isso fazia sentido.

— E o Alfa não te alimentou? Ele não sabia que você estava


morrendo de fome? — Elijah perguntou.

Eu balancei minha cabeça freneticamente.

— Não, ele tem estado muito ocupado. Não é culpa dele. Eu


não quero incomodá-lo, — eu disse.

— Que porra você quer dizer? — Kyle rebateu. — Isso não


faz nenhum sentido. Um Alfa tem orgulho em sustentar sua
companheira.

De jeito nenhum ele não iria querer alimentar você, não


importa o quão ocupado ele esteja. Você sempre será a sua
prioridade número um.

O pânico cresceu em meu peito. Eu estava realmente


bagunçando as coisas.

Grayson ficaria tão bravo se soubesse de tudo isso.

— Falo pra ele que estou procurando minha própria comida,



menti.

— Eu sinto que fui muito grudenta. Eu preciso ser menos


dependente dele enquanto estou aqui. Não posso distraí-lo
o dia todo com meus problemas estúpidos. Muitas pessoas
estão contando com ele.

— Já chega, — Kyle disparou. Ele agarrou minha mão e


começou a me puxar para longe.

— Elijah, você fica aqui e faz mais comida. Quero que haja o
suficiente aqui para que ela quase vomite. Vou acabar com
essa bobagem que está saindo da boca da Luna.

Kyle continuou a me arrastar para fora da cozinha e em


direção ao escritório de Grayson, apesar de minhas
objeções.

Minha mente repassou a conversa com Grayson da última


vez que estive em seu escritório — quando ele me disse
para ficar longe. Eu só podia imaginar o quão chateado ele
ficaria se eu voltasse lá.

— Kyle, pare! — Eu gritei. — Sério, estou bem! Não


precisamos incomodar Grayson! — Tentei soltar meu pulso
de sua mão, mas ele era muito forte.

— Kyle, por favor! Por favor pare!

Ocorreu-me ontem à noite que se eu não começasse a


voltar para as graças de Grayson, então eu iria perdê-lo
para sempre.

Ele já parecia que não me queria, e eu não sabia o que faria


se ele nunca voltasse para mim.
O que eu sabia é que teria que ficar fora de seu caminho se
quisesse continuar em sua vida — mesmo que isso
significasse apenas olhar para ele de vez em quando. Decidi
que isso seria o suficiente para mim.

Eu amava Grayson. Eu sabia que amava. Eu faria tudo o que


precisasse fazer para permanecer na vida dele.

Vê-lo agora, depois que ele especificamente me pedira para


ficar fora de seu escritório, só o deixaria chateado. Eu não
podia permitir que ele me odiasse mais do que ele já
odiava.

— Kyle, por favor, pare! Eu não posso entrar aí! — Tentei


dizer com mais firmeza, cravando os calcanhares no chão.

Estava ficando difícil falar com todos os soluços saindo da


minha boca. Em meio às minhas lágrimas, pude ver as
pessoas parando e nos observando. Eles provavelmente
pensavam que eu era louca.

De repente, Kyle me levantou e me jogou por cima do


ombro. Eu soltei um gritinho.

— Eu não sei o que diabos tem de errado com você, mas


vamos resolver isso agora. Você não vai continuar pensando
assim, — Kyle disse enquanto continuava a marchar em
direção ao escritório de Grayson.

Eu bati em suas costas e gritei, exigindo que ele me


colocasse no chão, mas ele apenas me ignorou. Eu sabia
que não adiantava.

Malditos lobisomens e sua força estúpida.

Quando finalmente chegamos à porta do escritório de


Grayson, Kyle bateu duas vezes e a abriu sem esperar por
uma resposta.

Ele me colocou no chão na frente dele e colocou as mãos


nos meus ombros para que eu não pudesse fugir.

Grayson estava sentado atrás de sua mesa com um telefone


perto do ouvido, obviamente no meio de uma conversa.
Seus olhos saltaram quando entramos e imediatamente se
estreitaram quando olhou para mim.

— Lamento interromper, Alfa, mas é uma emergência, —


afirmou

Kyle.

— Vou ter que ligar de volta, — disse Grayson, e


rapidamente desligou o telefone.

Ele estava na minha frente em segundos, fazendo-me


estremecer.

— O que diabos está acontecendo? Belle, baby, por que


você está chorando?

Ele segurou meu rosto com suas duas mãos grandes e


começou a enxugar minhas lágrimas, tomando cuidado com
os hematomas.

Fiquei confusa que ele estivesse agindo tão gentilmente


quando tudo que eu fiz foi incomodá-lo desde que cheguei
aqui.

— Eu sinto muito, — eu disse a ele. — Eu tentei dizer a Kyle


para não incomodar você, mas ele me arrastou até aqui.

— Do que você está falando, Belle? — Grayson perguntou.


Ele se virou para Kyle. — Do que diabos ela está falando?
— A Luna não come há dois dias, — Kyle disse. — Ela me
disse que não queria incomodá-lo com isso e, em vez disso,
escolheu passar fome porque não conseguia pegar comida
da cozinha com os outros lobos ao redor. Achei que você
gostaria de saber.

— O que? — Grayson estalou. Ele olhou para mim. — Você


não tem comido?

— Eu. . — Eu tentei explicar, mas eu não tinha certeza do


que dizer.

Então, em vez disso, apenas balancei a cabeça e olhei para


baixo com vergonha.

Sem qualquer aviso, fui jogada por cima do ombro de


Grayson e ele marchou para fora de seu escritório. Minha
cabeça girou com o movimento repentino e sem comida no
meu sistema.

Tentei não me mover enquanto ele me carregava, não


querendo perturbá-lo mais do que já fiz.

Grayson me levou para a cozinha, onde me colocou no chão


na frente de todos e me puxou para que um braço ficasse
confortavelmente enrolado em minha cintura.

— Escutem, pessoal! — Grayson gritou.

Todos imediatamente pararam o que estavam fazendo e se


viraram

para olhar para ele.

— Todos vocês vão sair do caminho de Belle quando ela


estiver aqui e permitir que ela pegue o que quiser.
— Se eu ficar sabendo que alguém a está impedindo de
comer dentro de qualquer uma das cozinhas, haverá
consequências extremas! Estou entendido?

Um coro de:

— Sim, Alfa! — ecoou pela sala.

— Eu quero todo mundo fora daqui! Agora! — Grayson


disse.

Todos imediatamente saíram da sala, mantendo a cabeça


baixa.

Me surpreendeu quanto poder Grayson parecia ter sobre


sua matilha.

Eles fizeram exatamente o que ele disse no segundo que ele


deu a ordem.

Eu não esperava que ele me defendesse ou desse um show


de possessividade que ele acabou de mostrar. Eu assistia
em choque quando a última pessoa saiu da sala.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, fui levantada e


colocada no balcão da cozinha que estava próximo.

Um momento depois, minha cabeça foi lançada para trás


quando a mão de Grayson conectou com força à minha
bochecha.

Minha visão se foi por alguns segundos enquanto uma dor


aguda atingiu a metade superior do meu corpo e eu gritei
em estado de choque.

— Você não consegue fazer nada certo, sua vadia de


merda? —
Grayson gritou. — Não posso ficar um dia sem você
atrapalhar as coisas e trazer mais conflito para minha vida?
Você não consegue nem se alimentar!

Eu chorei um pouco mais, completamente incapaz de


pensar em meio à dor. Meu corpo inteiro estava tremendo e
eu estava tendo dificuldade em me sentar direito.

— Eu sinto muito! — Eu consegui dizer, minha voz


quebrando com meus soluços. — Eu sinto muito!

— Sim, tanto faz, — Grayson rosnou. — O que eu fiz na


minha vida passada para ficar preso a você como
companheira? Eu nem tinha percebido o quão patético um
ser humano poderia ser até conhecer você.

E você nunca para de chorar, porra!

Mais soluços sacudiram meu peito com suas palavras.

— Você vai ficar longe de Kyle de agora em diante, estou


sendo claro?

Você vai evitá-lo e ao companheiro a todo custo, pois parece


que você só causa problemas quando está perto deles, —
disse ele.

Fiquei um pouco sóbria.

— O que? Kyle e Elijah são meus únicos amigos aqui! Todo


mundo me odeia!

Grayson agarrou meu rosto com as duas mãos e eu


choraminguei quando ele fez contato com minha pele ainda
sensível.
— Eu não dou a mínima, — disse ele. — Você vai fazer o que
eu digo ou enfrentar as consequências, entendeu?

Eu balancei a cabeça rapidamente, olhando profundamente


em seus olhos que só pareciam ficar mais negros a cada
segundo.

Era difícil lembrar de sua verdadeira cor. Eu não os via como


nada além de pretos desde a manhã depois que chegamos
aqui.

Seu aperto em mim aumentou.

— Eu quero palavras, Belle. Diga-me que você entende.

— Eu entendo, — eu disse rapidamente. — Vou ficar longe


deles.

— Ótimo, — disse Grayson. — Eu não preciso de você


bagunçando tudo. Agora, você vai se limpar e cobrir esses
hematomas feios no rosto.

— Eu não posso acreditar que você veio aqui com isso à


mostra. — Ele pressionou o polegar no hematoma na minha
bochecha.

Eu choraminguei quando uma dor excruciante se espalhou


pelo meu sistema.

— Você não vai sair do quarto até parar de chorar. Depois,


você voltará aqui e garantirá que todos te vejam comendo.
E não quero ver seu rosto em meu escritório nunca mais.

Eu balancei a cabeça novamente.

— Ok, — eu disse calmamente.

Grayson me olhou de cima a baixo com nojo nos olhos.


— Quem diria que ter uma companheira poderia me causar
tantos

problemas?

Então ele me deixou sozinha.

Capítulo 44

Belle

As semanas seguintes foram como meu próprio inferno.

Passei todo o meu tempo no minúsculo quarto no térreo da


casa que Grayson tinha me dito para dormir, saindo apenas
para usar o banheiro e rapidamente pegar comida em uma
das cozinhas.

Eu não via Grayson. Eu não via ninguém.

Eu não conseguia dormir Eu não conseguia comer.

E para piorar, havia uma dor angustiante se espalhando por


todo o meu corpo que eu sabia ser causada por eu estar
longe de Grayson.

Muitas vezes pensei em simplesmente ir embora, bolando


planos que consistiam em fugir no meio da noite e ficar o
mais longe possível daquele lugar.

Não é como se Grayson fosse notar se eu fosse embora.

Ele disse que me queria aqui, ficando furioso quando eu


ameaçara ir embora, mas nunca realmente falava comigo
ou vinha me ver para ter certeza de que estava realmente
aqui.
Seria muito fácil escapar dali, pegar um táxi com o pouco
dinheiro que me restava e começar uma nova vida em outro
lugar.

Mas toda vez que eu reunia coragem suficiente para


finalmente pôr o plano em prática, algo me impedia. Uma
pressão no meu peito me dizia para não perder as
esperanças, para não deixar Grayson ainda.

Certa manhã, enquanto cambaleava após mais uma noite


me sentindo agitada, sem conseguir dormir, ouvi passos do
lado de fora da minha porta.

Eu me sentei, confusa.

Ninguém nunca descia aqui, exceto eu.

Especialmente não tão cedo.

O sol ainda nem tinha nascido.

A pessoa hesitou do lado de fora da porta antes de a


maçaneta girar

lentamente.

Quando o estranho entrou, percebi que meu corpo


instantaneamente se libertou de toda a sua tensão.

A dor cega que estava em meu corpo pareceu sumir.

Eu não conseguia ver quem era, mas pela reação do meu


corpo à grande figura parada na porta, eu sabia quem era.

— Grayson? — Eu perguntei no escuro.

Ele se aproximou de mim sem dizer uma palavra, agindo


como se eu não tivesse falado.
Ele se abaixou quando chegou à cama em que eu estava
sentada e me puxou para seus braços, levantando-me como
se eu não pesasse nada.

Ele começou a me carregar para fora da sala e escada


acima, ainda em silêncio.

— Grayson? — Perguntei de novo. Hesitei, sem saber como


agir nesta situação. Por um lado, eu não queria incomodá-lo.
Mas, por outro lado, estava um pouco assustada com onde
isso estava levando.

— O que está acontecendo? Onde estamos indo?

— Shh, — respondeu ele. — Não fale.

Minhas sobrancelhas se juntaram. O que diabos estava


acontecendo?

Ele me levou para seu quarto, onde eu não ia há dias, e o


abriu com um chute. Uma vez lá dentro, ele sem cerimônia
me deixou cair na cama e caminhou de volta para a porta
para fechá-la e trancá-la.

Eu o encarei.

— Você vai me dizer o que está acontecendo agora? — Eu


perguntei em voz baixa.

Ele acendeu as luzes e se aproximou de mim. Seus olhos


estavam negros como breu e seu cabelo estava bagunçado.
Eu poderia dizer que ele tinha acabado de acordar. Ele deve
ter se vestido e me pegado logo depois.

Uma vez que estava na minha frente, ele cruzou os braços


sobre o peito e me olhou lentamente. Parecia que seus
olhos estavam criticando cada centímetro do meu corpo.
— Você ganhou peso? — Ele perguntou.

Meu queixo caiu.

— Me desculpe? — Ele realmente me trouxe aqui apenas


para me dizer que eu parecia gorda? Se qualquer coisa, eu
havia perdido peso durante meu tempo em sua matilha.

Ele fez uma careta enquanto continuava a analisar meu


corpo.

— Você parece maior, — disse ele.

Eu me levantei.

— Sabe de uma coisa, Alfa? — Eu cuspi. — Se o seu único


motivo para me acordar e me trazer para o seu quarto tão
cedo pela manhã foi para criticar minha aparência, de jeito
nenhum eu vou sentar aqui e aceitar.

Foda-se. — Passei por ele bufando, tentando manter a


compostura enquanto caminhava até a porta.

Mas antes que eu pudesse sair, uma mão gentil envolveu


meu braço e me puxou de volta. Eu olhei de volta para ele.
Ele passou a mão pelo cabelo em frustração.

— Não é por isso que eu te trouxe aqui. O lobo estava


ficando impaciente e queria estar com você.

Meu humor exaurido melhorou um pouco. Ainda que o lobo


fosse parte de Grayson, eu tinha um fraquinho pelo lobo
que vivia dentro dele.

Ele parecia me querer mesmo quando Grayson não queria.

— O lobo? Você quer dizer seu lobo? — Eu perguntei.


Ele fez uma careta para mim.

— Sim, meu lobo. De que outro lobo eu estaria falando?

Abaixei meu olhar, de repente me sentindo envergonhada.


Por quê, eu não tinha certeza.

— Não sei.

Ficamos assim por alguns segundos em silêncio.

Eu me mexi desconfortavelmente.

— Foi apenas o seu lobo que queria me ver?

Não consegui olhar para ele enquanto esperava sua


resposta.

Eu realmente não entendia por que me importava tanto se


ele queria me ver ou não, mas parecia que minha vida
dependia de sua resposta.

A princípio, ele não disse nada, mas um leve sibilo saiu de


seu peito.

Eu olhei para ele então. Eu nunca tinha ouvido aquele


barulho antes.

— Eu acho que é hora de nos unirmos, Belle, — ele afirmou.


— Eu preciso do poder que você é capaz de me trazer
através do vínculo de companheiro se quisermos enfrentar o
que está por vir.

Eu não tinha certeza de como era minha aparência, mas


tinha certeza de que meus olhos estavam prestes a saltar
das órbitas de choque.

— O que? — Eu perguntei.
Ele sibilou novamente.

— Eu não gosto de me repetir.

Em um piscar de olhos, mais rápido do que eu já tinha visto


Grayson se mover, ele me ergueu em seus braços e me
jogou duramente na cama.

Seus lábios se chocaram contra os meus.

Eu engasguei com o beijo, chocada demais para aproveitar


o fato de que o homem que eu amava estava me tocando
pela primeira vez em semanas. Faíscas opacas dançaram
em minha pele. Eu fiz uma careta enquanto seus lábios se
moviam pelo meu pescoço. As faíscas não eram tão fortes
como normalmente eram. Na verdade, tudo isso parecia
errado.

Eu empurrei seus ombros levemente.

— Grayson, pare.

Ele me ignorou.

Eu o empurrei de novo, com mais força dessa vez.

— Não, eu não vou fazer isso de novo! Você não pode


escolher quando quer me usar! Eu não sou um brinquedo,
Grayson!

Eu finalmente agarrei seu rosto e o empurrei de volta com


toda a minha força.

Ele se moveu um pouco para trás em estado de choque,


levantando seu corpo do meu apenas o suficiente para que
eu saísse da cama.
Ele sibilou alto e tentou me agarrar e me forçar a voltar
para a cama, mas eu me esquivei dele rapidamente.

— Qual é o seu problema? — Eu gritei. Eu finalmente me


afastei o suficiente para que ele tivesse que se levantar se
quisesse chegar até mim.

Eu podia sentir as lágrimas se formando nos cantos dos


meus olhos, mas as engoli, me recusando a chorar agora.
Grayson apenas olhou para mim, parecendo surpreso com a
minha explosão.

— Você não vai falar comigo assim, — Grayson cuspiu. — Eu


sou seu Alfa. Exijo seu respeito e cooperação. — Ele se
levantou e se aproximou de mim lentamente. Eu sabia que
ele estava tentando me intimidar.

Eu mantive minha posição.

— Bem, você sabe o que, Alfa? Desde que voltamos para


sua matilha, você me trata como uma inconveniência, como
se eu não significasse nada para você. A única vez que você
fala comigo é quando é forçado ou quando está com
vontade de usar meu corpo como um brinquedo! Eu pensei
que você me amava. — Eu respirei fundo, mal conseguindo
superar o soluço que estava subindo na minha garganta. —
Mas agora eu sei que estou aqui apenas para te dar poder.
Você não me ama e nunca amou.

Grayson encolheu os ombros.

— E se for verdade? O vínculo de companheiro forçará você


a ficar comigo, não importa como eu trate você.

Eu respirei fundo. Essa foi toda a confirmação de que eu


precisava.
Este não era o Grayson que conheci em Paris. Este Grayson
não me queria. E sabe de uma coisa? Eu não o queria.

Eu balancei minha cabeça. As lágrimas corriam livremente


pelo meu rosto neste momento, quando cheguei à minha
decisão final. Mantendo contato visual intenso com meu
assim chamado "companheiro", eu disse:

— Cansei de deixar o vínculo do companheiro tomar


decisões por mim.

Estou indo embora. Não quero ver você nunca mais.

A princípio ele não respondeu.

Parecia que ele estava tendo uma batalha interna com seu
lobo, mostrando todos os sinais reveladores de que ele
estava prestes a se transformar.

Cabelos grossos e escuros brotaram em seus braços, seus


dentes se alongaram e seu peito cresceu duas vezes seu
tamanho normal.

Seu lobo estava lutando para sair.

Isso quebrou meu coração.

Mas foi no final das contas o silêncio de Grayson que selou o


negócio.

O Grayson por quem me apaixonei teria lutado por mim e


ficado de coração partido se eu dissesse o que acabei de
dizer.

Ele não estaria lutando contra seu lobo, a única parte dele
que me queria pelos motivos certos.

Eu balancei a cabeça em compreensão. Estava acabado.


— Adeus, Grayson, — eu disse através das minhas lágrimas.
Eu me virei e saí pela porta com minha cabeça erguida.
Grayson estava muito preocupado com sua turbulência
interna para perceber que eu estava indo embora.

Deixei meu coração naquele quarto nesse dia. E eu tinha


certeza de que nunca o teria de volta.

Capítulo 45

Belle

Eu desci correndo as escadas da casa depois de sair do


quarto de Grayson, mal conseguindo ver onde estava indo
com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Não importava para onde eu estava indo.

Tudo o que me importava naquele momento era ir para o


mais longe possível de Grayson.

Meu peito se contraia, tornando minha respiração difícil.

Minha mente ficou nebulosa e meu pé enroscou no último


degrau da escada e tropecei.

Eu não pude evitar cair diretamente de bunda,


choramingando quando minhas costas fizeram um contato
doloroso com o degrau atrás de mim.

Eu não me levantei.

Eu não me mexi.

Achei que não conseguiria, mesmo que quisesse.

Meu corpo parecia que estava se quebrando aos poucos,


como se soubesse o que estava acontecendo comigo.
Ele sabia que tinha acabado de perder meu companheiro, o
homem que eu deveria amar por toda a minha vida.

Não tendo forças para me levantar, sentei-me no último


degrau da escada e chorei.

Eu trouxe minhas mãos ao meu rosto e chorei mais do que


nunca.

Nunca pensei que algo doeria mais do que o dia em que


meu pai morreu, mas eu estava tão errada.

Parecia que meu coração tinha sido arrancado do meu peito,


deixando para morrer uma morte lenta e dolorosa, cheia de
tristeza e arrependimento.

Eu estava grata por ainda ser de manhã cedo porque


nenhum dos

membros da matilha estaria acordado.

Eles não iriam testemunhar como eu estava despedaçada,


sentada aqui, chorando por alguém que não me queria.

Mas acho que não faria diferença se alguém me visse.

A matilha de Grayson me odiava.

Nada mudaria isso.

— Luna? — Alguém disse de repente.

Minha cabeça se ergueu e o alívio encheu meu peito quando


cruzei os olhos com os de Kyle. Ele estava parado na minha
frente com calça de moletom e camiseta, tendo acabado de
acordar.
Enquanto seus olhos sonolentos percorriam minha forma
abatida, fúria e preocupação invadiram sua expressão.

— O que diabos aconteceu com você? — Ele perguntou.

Eu não pude evitar o soluço que escapou da minha garganta


enquanto eu olhava para ele.

Eu coloquei minha mão sobre minha boca enquanto


colocava minha forma trêmula em pé.

Tentei abrir minha boca para contar a ele tudo o que


aconteceu, mas nada saiu.

Eu me senti entorpecida.

Então, em vez disso, eu apenas balancei minha cabeça e


me lancei em seus braços.

Kyle, completamente chocado, cambaleou um pouco para


trás quando me choquei contra ele.

Ele hesitou por um segundo, provavelmente se


preocupando com o que Grayson pensaria se nos visse nos
abraçando, mas então me envolveu com firmeza em seus
braços e me apertou com força.

— Ei, shh. . — Ele disse enquanto corria sua mão para cima
e para baixo nas minhas costas de uma forma suave. Isso
não me impediu de chorar incontrolavelmente em seu
pescoço.

Ele não tentou me pressionar por explicações, pelo que


estava extremamente grata. Ele apenas me segurou
enquanto eu chorava.

Nunca apreciei Kyle mais do que naquele momento.


Depois de alguns segundos assim, Kyle disse:

— Ei, tudo vai ficar bem. Vou ligar para a mente do Alfa e
ele vai te ajudar. Quem quer que tenha feito isso a você vai
enfrentar graves consequências. Tudo vai ficar bem, eu
prometo.

Minha cabeça se ergueu em pânico e dei um passo para trás


para poder ver seu rosto.

— Não! Não, você não pode chamar Grayson! Eu não posso


vê-lo agora. Eu não vou conseguir olhar para ele. Por favor,
Kyle. Por favor, não chame ele.

As sobrancelhas de Kyle se uniram, enquanto sua expressão


ficava ainda mais preocupada.

— Ok, eu não vou contar a ele, mas você precisa me dizer o


que diabos está acontecendo agora. — Sua voz passou de
reconfortante para mortalmente séria em questão de
segundos.

Eu não queria falar.

Eu não queria fazer nada além de rastejar para dentro de


um buraco e passar o resto da eternidade lá.

Eu estava preocupada que, se tentasse explicar o que


aconteceu entre mim e Grayson, iria apenas me transformar
em uma poça de soluços incontrolável no chão.

Mas quando Kyle olhou para mim, preocupação sincera e


pânico em seus olhos, eu sabia que devia isso a ele.

Eu não podia simplesmente fugir sem dar uma explicação.

Algo estava errado com Grayson e a matilha merecia saber.


Eu abri minha boca para falar, lutando para fazer as
palavras saírem através das minhas lágrimas.

— Grayson, — eu comecei. — Grayson, ele. .

Não consegui terminar.

Uma dor intensa e cegante tomou conta do meu corpo com


força repentina.

Não era nada que eu já tivesse sentido antes, um milhão de


vezes pior do que a dor que senti quando estava longe de
Grayson em Paris.

Eu me curvei, um grito de agonia escapando da minha boca.

Eu estava vagamente ciente de Kyle gritando meu nome,


tirando o cabelo dos meus olhos para que ele pudesse ver
melhor meu rosto, mas eu não conseguia olhar para ele.

Eu soube naquele momento que essa deveria ser a


sensação de morrer.

Agarrei a marca de Grayson no meu pescoço, de repente


me senti como se estivesse pegando fogo, como se alguém
a estivesse marcando com ferro em brasa.

Eu a arranhei, querendo arrancá-la da minha pele.

A dor estava se tornando mais e mais intensa a cada


segundo que passava.

E então, de repente, uma intuição tão intensa percorreu


meu corpo que não seria capaz de ignorá-la, mesmo com
toda a minha dor.

Tinha algo errado com Grayson.


Eu não tinha certeza de como sabia disso, mas algo estava
acontecendo com o nosso vínculo.

Estava quebrando.

O pânico inundou meu peito.

Eu agarrei o braço de Kyle e olhei para ele.

— Tem algo errado com Grayson, — eu disse a ele.

Sem esperar por sua resposta, eu me levantei, lutando


contra a dor para que eu pudesse correr escada acima e de
volta para o quarto de Grayson.

Naquele momento, não me importei com o que Grayson


tinha feito comigo.

Eu não me importava que ele não me quisesse.

Tudo o que me importava era ter certeza de que ele estava


bem.

Ainda mais importante, eu tinha que ter certeza de que ele


ainda estava vivo.

Kyle gritou atrás de mim, no meu encalço enquanto nós dois


voávamos pela casa como animais selvagens. Encontramos
alguns outros lobos, mas eu os empurrei para fora do
caminho, minha mente focada apenas em uma coisa.

Quando finalmente chegamos à porta do quarto de


Grayson, não hesitei em empurrá-la e entrar no quarto.

E entrar no meu pior pesadelo.

Capítulo 46
Belle

Parecia que minha vida inteira tinha acabado naquele


momento.

Sentado na beira da cama estava Grayson em apenas um


par de cuecas boxer.

E sentada em cima dele estava uma garota nua,


pressionando-se contra ele e beijando seus lábios.

Grayson estava segurando seu seio nu e gemendo,


esfregando-se eroticamente contra ela.

Uma dor escaldante percorreu meu corpo, implorando-me


para sair de lá, para desviar o olhar, mas eu não conseguia
me mover, congelada dentro do meu pior pesadelo.

Eu não conseguia tirar meus olhos da visão horrível que era


minha alma gêmea com outra pessoa.

Eu mal conseguia compreender o que estava acontecendo


quando Kyle agarrou minha cintura e me puxou com força
para trás, bloqueando minha visão de Grayson e aquela
loba.

Kyle agarrava meu rosto, tentando me forçar a olhar para


ele, gritando meu nome junto com outras coisas que eu não
compreendia.

Eu não conseguia ouvi-lo.

Não ouvia nada em meio ao meu choque.

Mesmo com a dor cegante que eu estava sentindo se


intensificando dez vezes mais por estar no mesmo lugar que
Grayson, eu não conseguia me mover.
Eu estava atordoada, presa em meu próprio inferno.

— Luna! — Kyle gritou em meu rosto, ainda tentando


chamar minha atenção. — Luna! Olhe para mim!

Ainda em transe, meus olhos vagarosamente se voltaram


para os dele.

— Você precisa sair daqui, — Kyle disse, determinação e


preocupação claras em seu tom. Ele estava empurrando
meus ombros para trás,

fazendo-me tropeçar para trás em direção à porta.

Eu podia sentir as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu


encarei Kyle, tentando abrir minha boca para dizer algo. Mas
nada saiu.

Ele estava enxugando uma das lágrimas da minha


bochecha, ainda tentando me afastar, dizendo: — Eu sei. Eu
sei, Luna. — Ele acenou com a cabeça freneticamente. — Eu
sei que você está se sentindo horrível agora. Eu sei que
você sente que não pode se mover, mas você precisa ficar o
mais longe possível daqui. Você precisa sair agora, porra.
Vai.

Agora. — Ele me empurrou de volta, agora me lançando


com força bruta para o corredor.

Mais uma vez, não pude dizer ou fazer nada.

Eu sentia que não tinha mais controle sobre meu corpo.

Minha mente continuava repetindo a imagem de Grayson e


aquela garota em minha mente, como um filme ruim que
não tinha fim.
Então, essa é a sensação de perder seu companheiro,
completa e totalmente.

Eu tinha certeza de que o único outro sentimento que


poderia se comparar era a morte.

— Sinto muito, Luna, — disse Kyle. — Elijah vai encontrá-la


lá embaixo e levá-la o mais longe possível daqui. Você
precisa se mexer.

Ele virou meu corpo e me empurrou pelo corredor com força


suficiente para que eu quase caísse de cara no chão.

Eu não tinha certeza do que estava fazendo, mas meus pés


continuavam se movendo.

Kyle estava certo, eu precisava sair daqui.

Eu cambaleei com pressa escada abaixo, só parando


quando alguém agarrou meu braço e me puxou para seu
corpo.

Ele me levantou com facilidade.

Por um segundo, entrei em pânico, pensando que era


Grayson.

Mas não era.

Não podia ser.

Eu olhei para quem estava me carregando e encontrei os


olhos preocupados e tristes de Elijah me fitando.

— Estou aqui, Luna, — disse ele em uma voz suave. —


Vamos, vamos tirar você daqui.
Ele não esperou pela minha resposta para começar a se
mover.

Seus pés determinados e rápidos percorreram a casa em


um borrão, não parando para perceber os olhares confusos
daqueles que passávamos perto.

Não demorou muito para chegarmos à porta da frente da


casa.

Elijah a abriu sem hesitar e nos levou para a floresta.

O frio congelante do inverno me atingiu como uma tonelada


de tijolos, me forçando para fora do meu topo.

Foi então, enquanto Elijah me carregava pela floresta perto


da casa da matilha, correndo a toda velocidade, que
comecei a realmente assimilar a agonia da minha situação.

Grayson estava acasalando com outra pessoa. Ele tinha


escolhido outra garota para ser sua companheira. Ele não
me queria. Ele não me queria.

Ele não me queria.

Tentei me lembrar de que não deveria me importar.

Eu já estava no processo de deixá-lo quando o encontrei


prestes a dormir com outra pessoa.

Mas antes disso, quando Kyle estava me segurando na


escada, antes que a dor do meu companheiro me
abandonando começasse, eu ainda tinha esperanças.

Eu ainda acreditava que tudo daria certo e Grayson, de


alguma forma, decidiria que realmente me queria.
Mas agora eu sabia. Estava acabada. Eu o tinha perdido
para sempre.

Com essa percepção agonizante, soluços incontroláveis


começaram a se espalhar pelo meu corpo. O som da minha
dor assustou até a mim mesma, quando uivos altos
deixaram minha boca, ecoando pelo silêncio da floresta.

Fiquei grata por Elijah não ter parado de correr.

Eu estava grata por ele estar me carregando em vez de me


forçar a correr sozinha.

Eu não sabia para onde estávamos indo e não me


importava.

Tudo que eu sabia era que quanto mais longe estávamos da


casa, de Grayson, mais minha dor entorpecia.

Depois de mais alguns minutos assim, meu estômago


começou a se revirar, como se o ácido estivesse subindo
pela minha garganta. Eu agarrei o ombro de Elijah.

— Elijah, me põe no chão. Me põe no chão, por favor. Vou


vomitar, —

eu disse freneticamente.

Elijah parou imediatamente, caindo de joelhos na neve.

Ele me colocou na sua frente e puxou meu cabelo para


longe do meu rosto quando um líquido ardido
imediatamente saiu da minha boca, caindo no chão da
floresta.

Foi assim por um tempo. Eu alternava entre vomitar,


hiperventilar e soluçar incontrolavelmente sem parar. Elijah
ficou comigo durante tudo isso, nunca saindo do meu lado.

Eu finalmente parei de vomitar depois de esvaziar todo o


conteúdo do meu estômago e apenas a bile saía.

Eu tentei o meu melhor para acalmar minha respiração, mas


parecia que minha garganta estava se fechando, como se
meu corpo inteiro estivesse quebrando.

Eu estava vagamente ciente de Elijah fazendo o seu melhor


para me acalmar. Ele esfregava minhas costas com uma
mão enquanto a outra mão apertava a minha com força.

— Eu sinto muito, — ele continuou sussurrando. — Sinto


muito que isso esteja acontecendo com você.

Parecia que se passaram séculos antes de eu finalmente


conseguir formar um pensamento coerente que não era
imediatamente consumido pela dor ou indisposição.

Permiti que Elijah me puxasse para seus braços, deitando


minha cabeça em seu peito enquanto eu chorava.

Houve uma sensação de queimação muito sutil ao tocar


Elijah que eu sabia ser causada porque ele não era meu
companheiro.

Isso é o que meu corpo precisava agora para se acalmar.

Precisava de Grayson.

Mas não me importei.

Eu precisava demais de conforto para me importar com a


dor.

Depois de alguns minutos, ou talvez horas, eu não tinha


certeza, sussurrei: — Por que dói tanto?
A mão de Elijah parou seu movimento nas minhas costas.
Ele olhou para mim. Fiquei chocado ao ver que ele também
tinha lágrimas nos olhos.

— Seu vínculo com o Alfa foi o mais forte que já vi, — disse
ele. — Eu pude sentir no momento em que te conheci. Suas
almas foram unidas como uma, destinadas a ficarem juntas
para sempre. Mas porque ele. . —

ele hesitou por um momento, sussurrando a próxima


palavra, — rejeitou você, você está perdendo parte de sua
alma agora. O fato de ele já ter marcado você é pior. Seu
corpo está se desfazendo.

Eu respirei fundo.

— Eu vou morrer?

A expressão de Elijah ficou mais triste. Ele balançou a


cabeça em derrota.

— Eu não sei, — ele sussurrou.

Mais lágrimas deixaram meus olhos com esta revelação.

Então essa era a sensação de morrer.

E, no entanto, eu já não conseguia temer minha morte.

Já parecia que eu estava morta.

Talvez se eu realmente estivesse morta, a dor parasse.

Elijah de repente agarrou meu queixo e forçou meu olhar


lacrimejante de volta ao dele.

— Eu não sei o que diabos você está pensando agora, mas o


que quer que seja precisa parar. Não é verdade. Você é
forte. Você não vai deixar o vínculo do companheiro derrotá-
la e destruí-la. Você vai superar isso. E

você vai fazer isso de cabeça erguida como a Luna poderosa


que você é.

Eu o encarei.

Eu não me sentia forte ou poderosa.

Eu me sentia em pedaços.

Derrotada.

Usada e esquecida.

Mas eu sabia que ele estava certo.

Este não poderia ser o meu fim.

Eu não poderia deixar Grayson vencer.

Não depois de tudo o que ele tinha feito comigo.

Eu balancei minha cabeça.

— Tudo bem, — eu disse.

Elijah acenou de volta.

— Ok, — ele repetiu.

Capítulo 47

Belle

Elijah se moveu suavemente, me removendo de dentro de


seus braços.
Eu choraminguei baixinho quando até o menor movimento
causava uma dor lancinante em meu corpo.

Elijah se levantou e tirou o moletom que estava vestindo, e


ficando apenas com a calça do pijama, uma camisa e
chinelos encharcados. Ele entregou o moletom para mim.

— Aqui. Vista isto.

Eu me movi devagar, mas com determinação e, com a


ajuda de Elijah, consegui colocar a peça de roupa sobre
minha forma trêmula.

— Obrigada, — eu disse a ele. Eu nem tinha percebido o


quanto estava com frio até que seu moletom, ainda
quentinho com calor de seu corpo, foi enrolado em volta de
mim como um abraço reconfortante.

Elijah acenou com a cabeça. Ele se agachou ao meu lado.

— Ok, então é isto o que vai acontecer agora, — disse ele


com uma voz calma. — Você vai ficar bem aqui e tentar
controlar seu corpo e suas emoções. Vai ser difícil, mas você
precisa fazer isso para enfrentar o que virá a seguir. Respire
fundo para se acalmar e tente não pensar em 'você-sabe-
quem', — disse ele, obviamente se referindo a Grayson.
Bem, pelo menos eu sabia que ele não estava falando sobre
Voldemort.

Ele estendeu a mão e tirou meu cabelo do rosto de uma


maneira reconfortante. Eu sorri fracamente para ele e
balancei a cabeça. Eu podia fazer isso.

Certo?

— Vou voltar para a casa e pegar suas coisas, — continuou


Elijah. — E
então vamos colocá-la em um ônibus e você vai para o mais
longe possível daqui. Onde sua família mora?

— Eu não tenho família, — eu sussurrei, baixando meu olhar


envergonhado. — Pelo menos não uma que me queira por
perto.

Elijah praguejou baixinho, passando a mão pelo cabelo em


frustração.

— Você deve estar me zoando, — ele suspirou. — OK. Está


tudo bem.

Vamos fazer outra coisa então.

Eu não respondi.

Era constrangedor o quanto minha vida era uma bagunça.

Achei que já tinha tudo planejado quando me apaixonei por


Grayson e tomei a decisão de ficar com ele quando
voltássemos de Paris.

Rapaz, eu estava errada.

Eu tinha desistido de tudo por ele.

Meu apartamento, meu trabalho, até mesmo a chance de


fazer as pazes com minha mãe.

Eu não tinha recebido nada em troca.

Isso só serviu para mostrar o quão destrutiva eu realmente


era, destruindo e machucando qualquer um que cruzasse
meu caminho.

Até meus próprios pais.


Até eu mesma.

— Luna, olhe para mim, — Elijah disse de repente.

Eu levantei minha cabeça para olhar para ele, desejando


que ele não me chamasse mais assim. Eu não era sua Luna.
Eu era apenas Belle.

Pobre e despedaçada Belle.

— Você vai superar isso, — disse Elijah. Sua voz não hesitou.
— Vai demorar um pouco, mas a dor vai diminuir. Tudo isso
vai se tornar uma memória horrível. O que o Alfa fez com
você vai assombrá-lo pelo resto de sua vida. Não há nada
que possamos fazer sobre isso e, por isso, peço desculpas.
Mas posso prometer que sua vida nem sempre vai girar em
torno do dia de hoje. Você vai seguir em frente. As coisas
vão melhorar.

Eu prometo.

Enquanto eu olhava nos olhos de Elijah, que continham


muito mais confiança do que os meus, não pude deixar de
duvidar de suas palavras.

A dor que eu estava sentindo agora, tanto física quanto


emocional, era tão avassaladora que parecia que nunca iria
acabar.

Como eu poderia seguir em frente?

Como eu poderia continuar vivendo minha vida sabendo


que Grayson, a pessoa com quem eu me importava mais do
que qualquer

outra pessoa no mundo, me odiava?


Mas a determinação e sinceridade nas palavras de Elijah me
deram esperança. E esperança era tudo que eu poderia
pedir naquele momento.

Essa esperança me daria forças para continuar vivendo


mais um dia.

Elijah se levantou quando eu não respondi às suas


afirmações nobres.

Fiquei grata por ele parecer estar deixando de lado o


assunto por enquanto.

— Ok, eu tenho que ir buscar suas coisas agora. Precisamos


tirar você daqui. Quanto mais longe você estiver do Alfa,
menos dor sentirá. E mais cedo você vai poder se curar.

Eu queria confiar que o que ele estava dizendo era verdade,


mas minha dor só parecia aumentar com o pensamento de
estar longe de Grayson.

— Merda, — Elijah disse de repente. Ele estava olhando para


trás na direção da casa com uma expressão preocupada.

— Vou ter que passar pelo Alfa para pegar suas coisas no
quarto dele, não vou? — Ele soltou um grunhido silencioso
de frustração. — Pode ser. .

— Minhas coisas não estão no quarto dele, — eu interrompi.


— Faz um tempo que não fico lá.

Elijah estava confuso.

— Então, onde você estava dormindo?

Pensei seriamente em dizer dane-se e sair da cidade sem


nenhuma das minhas coisas.
Eu não queria ter que explicar o que realmente aconteceu
entre Grayson e eu, explicar que eu não dormia na mesma
cama que Grayson há semanas. Mas as coisas na minha
mala e mochila eram tudo o que eu tinha no mundo. Eu
ficaria apenas com as roupas do corpo se não as pegasse
antes de sair.

— Quarto 101, — eu finalmente sussurrei.

— No porão? — Elijah perguntou. A dureza de seu tom me


disse que ele sabia exatamente de que sala eu estava
falando.

Eu concordei.

— Sim.

Elijah rosnou, mas não fez mais perguntas, graças a Deus.


Eu não estava pronta para reviver as coisas e ele parecia
entender isso.

— OK. OK tudo bem. Então é para lá que estou indo. — Seus


olhos se suavizaram quando voltaram para mim. — Você vai
ficar bem aqui sozinha por um tempo? Ninguém sabe que
você está aqui além de mim, então ninguém vai te
encontrar. Eu irei o mais rápido que puder.

Eu queria dizer não.

Eu queria que ele ficasse comigo.

Eu estava com medo do que aconteceria se eu entrasse em


contato com Grayson novamente.

A dor certamente seria imensurável.

Mas eu me lembrei que não havia como ele vir me procurar.


Ele não me quis.

Ele estava ocupado dormindo com outra mulher naquele


exato momento, bem no momento em que Elijah e eu
conversávamos.

A intensa dor percorrendo meu corpo confirmou o fato.

— Vou ficar bem, — eu disse.

Elijah não escondeu sua careta, provavelmente


desconcertado pelo quão desanimada minha voz soou.

Ele se abaixou e deixou um beijo suave na minha testa.

Eu sorri fracamente para ele quando se endireitou, meu


coração aquecendo com o quão doce e atencioso ele era.

— Serei rápido, — disse ele. — Tudo isso vai acabar logo.

Ele sorriu para mim mais uma vez e se virou, pronto para
partir na direção de onde viemos.

— Elijah? — Eu perguntei rapidamente, parando-o antes que


ele pudesse ir.

Ele se virou e olhou para mim. Ele levantou uma


sobrancelha.

— Obrigada, — eu sussurrei. — Mesmo. Obrigada.

Ele sorriu novamente.

— Claro, minha Luna. Você não tem nada pelo que me


agradecer.

E com isso, ele se virou e correu para a floresta.


Eu o observei correr até que não pude mais vê-lo. Ele era
como um borrão no vento, bonito e forte, seus genes de
lobisomem o tornando mais rápido do que eu poderia
compreender.

Quando ele finalmente sumiu de vista, me permiti deitar de


lado, esperando que a neve fria esfriasse meu corpo febril.

Fiquei aliviada porque as ondas de dor que me


atravessavam finalmente diminuíram.

Elas ainda eram desagradáveis, mas não tão ruins quanto


quando começaram.

Isso só poderia significar uma coisa.

Grayson estava terminando de se unir com outra pessoa.

Eu não conseguia decidir o que era pior, a tortura


agonizante que eu havia sentido apenas alguns momentos
atrás ou saber que Grayson tinha feito sexo com outra
pessoa, oficialmente escolhendo-a como sua companheira,
em vez de mim.

Provavelmente o último.

Tudo isso me fez duvidar de minhas decisões.

Minha decisão de ficar com Grayson em primeiro lugar.

E segundo, minha decisão de não permitir que ele me


usasse para ganhar poder.

Se eu tivesse, ainda estaria naquela casa horrível agora,


sozinha e de coração partido, sabendo que ele só me queria
por motivos egoístas.
Mas e se as coisas tivessem mudado se eu tivesse dormido
com ele? E

se isso fosse o que Grayson precisava para chegar à


conclusão de que ainda me amava?

Eu balancei minha cabeça violentamente, tentando apagar


o pensamento da minha cabeça. Mas mesmo quando fui
capaz desse pensamento, eu sabia que seria uma pergunta
que me assombraria para sempre.

Suspirei profundamente e alcancei a marca que Grayson


havia deixado no meu pescoço, o que parecia que tinha
acontecido uma eternidade atrás.

Queimou ao meu toque, ardida e latejante, disparando uma


dor angustiante por todas as partes do meu corpo.

Eu ofeguei alto quando meu corpo ficou tenso e tirei minha


mão em um flash.

Bem, não faria isso de novo, pensei amargamente enquanto


colocava meu rosto na neve para buscar algum conforto
para a dor quente.

Eu me perguntei se a marca da mordida iria se curar agora


ou se eu teria que viver com a lembrança constante da
traição de Grayson em exibição no meu pescoço.

Pensamentos felizes, Belle, lembrei a mim mesma,


pensando no que Elijah havia me dito antes de partir. Pense
em outra coisa. Qualquer outra coisa.

Não funcionou.

Era como se esse fosse o único pensamento que minha


mente pudesse conjurar.
E com a imagem de Grayson beijando uma mulher nua em
seu colo, nem mesmo parando quando entrei na sala, se
repetindo de novo e de novo em minha cabeça, me permiti
chorar.

Foi bom chorar. Foi bom me permitir sentir minhas emoções


por um segundo antes de pular de volta para o mundo real.
Aprendi isso quando meu pai morreu e fui deixada sozinha.

Depois que Elijah estivesse de volta, eu enxugaria minhas


lágrimas e me obrigaria a ficar de pé com a cabeça erguida.

Mas agora. . eu apenas chorei.

Elijah estava certo quando disse que seria rápido.

Não poderia ter se passado mais de dez minutos quando ele


voltou correndo para o meu campo de visão com minha
mochila nas costas e minha mala segura em seus braços.

Ele estava vestindo uma roupa diferente também, jeans, um


casaco e botas grandes.

Levantei-me para encontrá-lo, rapidamente enxugando as


lágrimas dos meus olhos e empurrando meus ombros para
trás da maneira que prometi a mim mesma que faria.

Desejei ter calçado os sapatos antes de deixar a casa da


matilha com tanta pressa.

Mesmo cobertos pelas meias, meus pés estavam


congelando.

Felizmente, eu tinha sapatos na mochila, que coloquei


quando Elijah finalmente me alcançou.

E então coloquei também o casaco que ele me entregou.


Quando me endireitei e olhei para Elijah, ele disse:

— Está pronta?

Eu balancei a cabeça rigidamente.

— Sim. Estou pronta.

Ele rapidamente tirou minha mochila e me entregou.

— Coloque isso, — disse ele.

Eu não o questionei, pegando a mochila de sua mão e


puxando as alças sobre meus ombros.

Então, ele se afastou de mim e se agachou, gesticulando


para que eu subisse em suas costas.

— Suba.

Eu senti um rubor subir pelo meu peito. Eu esperava que


Elijah não me visse como fraca, como um vidro com o qual
ele precisava ser cuidadoso para não quebrar. Eu era muito
bem capaz de andar.

— Você não precisa me carregar de novo, — eu disse. — Eu


posso andar.

Elijah balançou a cabeça, sem se mover de sua posição.

— De jeito nenhum. Você está oscilando de pé ali e


tremendo como uma folha. Um vento suave é capaz de
soprar você pra longe. Eu te carrego.

Eu ainda hesitei.

— Não vai ser muito pesado carregar minha bagagem e eu?



perguntei.

Elijah riu e dirigiu seu olhar para mim por cima do ombro.

— Não. Não será muito pesado. Eu sou um lobisomem com


uma força incrível e você. . — seus olhos viajaram para cima
e para baixo em

minha forma, uma carranca se formando em seus lábios.

— Bem, você está só pele e ossos. Essa é a primeira coisa


que farei quando sairmos da cidade. Vou preparar uma
refeição de quatro pratos e garantir que você coma cada
garfada. — Eu enrijeci um pouco com suas palavras.

— Você-você vem comigo? — Eu perguntei em estado de


choque.

Pensei que ele simplesmente me colocaria em um ônibus e


pronto. Achei que nunca mais o veria depois de hoje.

Elijah finalmente se virou e olhou para mim, uma expressão


suave cobrindo suas feições.

— Claro que vou. Eu não vou simplesmente deixar minha


Luna ir sozinha, sem nenhuma proteção. Especialmente
depois do que você acabou de passar. Eu provavelmente
deveria ter te contado isso, mas com toda a comoção,
simplesmente escapou da minha mente. Kyle está vindo
também. Ele vai nos encontrar onde formos e trazer minhas
coisas com ele. Ele vai me ligar mentalmente no momento
em que puder fugir do Alfa sem que ele perceba. Ele não
pode ficar conosco para sempre, infelizmente, mas ele vai
se deslocar para lá e para cá quando puder. Já discutimos
isso através da nossa ligação. Então, sinto muito, docinho,
mas você está presa com a gente. — Ele sorriu
amplamente.
Eu não sorri de volta.

Embora eu apreciasse o fato de que ele queria cuidar de


mim, eu não podia deixá-lo fazer isso.

E Kyle também?

Não.

Sem chance.

Os dois tinham vidas para viver.

Eu não iria deixá-los desorganizar suas vidas só porque eles


tinham pena de uma garota que foi rejeitada por seu Alfa.

— Não, — eu balancei minha cabeça, não deixando espaço


para argumentar em meu tom. — Eu não vou deixar você
vir. Você precisa ficar aqui e estar perto de seu
companheiro. Eu não sou mais sua Luna,

— eu disse amargamente. — Na verdade, eu nunca fui. Não


oficialmente, pelo menos. Você não me deve nada. Você mal
me conhece.

Elijah estremeceu ligeiramente com a menção da traição de


Grayson e a hesitação que isso causava em minha voz.

— Você é minha Luna, — ele disse em um tom firme. — O


Alfa pode ter escolhido outra pessoa para ajudá-lo a liderar
a matilha, mas minha lealdade sempre estará com você, a
verdadeira Luna da minha matilha.

Nada vai me convencer do contrário.

Um pouco de tensão deixou meu corpo. Minha gratidão por


Elijah só cresceu com suas palavras gentis. Era bom saber
que pelo menos uma pessoa ainda se preocupava comigo.
Talvez até duas, refleti enquanto pensava no rosto
sorridente de Kyle.

— E eu posso viver sem ver Kyle todos os dias. Não sei se


você notou, mas às vezes ele pode ser um pouco
exagerado. — Elijah riu. Eu sorri um pouco. — Nosso vínculo
é forte. Ficaremos bem.

Eu procurei em sua expressão alguma hesitação. Mas não


encontrei nenhuma. Ele realmente queria vir comigo.

E quem era eu para rejeitar seu cuidado? Seria bom não


ficar sozinha dessa vez.

— Tudo bem, — eu finalmente disse. — Mas tenho uma


condição.

Elijah levantou uma sobrancelha em dúvida.

— Você não pode mais me chamar de Luna. Meu nome é


Belle.

Elijah franziu a testa, balançando a cabeça imediatamente e


abrindo a boca para discutir.

— Por favor, — eu disse antes que ele pudesse discordar. —


Dói muito ser chamada de Luna. O título só me traz
memórias ruins. Eu só quero ser Belle. Só Belle. Não 'Luna'.

Elijah hesitou por um momento. Ele não parecia feliz, mas


eventualmente, ele acenou com a cabeça.

— Meu lobo e eu não gostamos disso, mas. . Mas vou tentar


o meu melhor.

Fiquei satisfeito com sua resposta. Era tudo que eu poderia


pedir.
— Podemos ir então? — Ele perguntou, gesticulando para
que eu subisse em suas costas novamente.

Eu balancei a cabeça, pronta para ficar o mais longe


possível de

Grayson.

Subi em suas costas, prendendo meus tornozelos e


apertando minhas pernas com força em volta de sua cintura
para que ele pudesse pegar minha mala e segurá-la em vez
de tentar manter minhas pernas no lugar.

Elijah começou a se mover rapidamente.

De repente, fiquei muito feliz por ele ter insistido em me


carregar.

Até ficar apenas pendurada em suas costas no meu estado


enfraquecido estava se provando extremamente difícil.

E todo aquele movimento fazia minha náusea voltar com


uma força repentina.

Mas não reclamei.

Em vez disso, apenas apertei meus braços em volta do


pescoço de Elijah e coloquei minha cabeça em suas costas.

Imaginei que estava em um barco no meio de um lago em


algum lugar, pescando com meu pai.

Essa sempre foi uma das nossas coisas favoritas que


fazíamos juntos.

À medida que continuamos nossa jornada cada vez mais


para dentro da floresta, não pude deixar de olhar
ansiosamente para a direção de onde viemos.
Desejei mais do que tudo que as coisas fossem diferentes.

Eu gostaria de poder voltar para aquelas poucas semanas


em Paris, quando Grayson ainda parecia me amar.

Eu gostaria de poder viver naquela memória para sempre.

Mas como eu não poderia, uma vez que sabia que era hora
de ir para a parte da minha vida que não envolvia mais
Grayson, fechei os olhos suavemente, apoiando a cabeça
nas costas de Elijah.

E eu fiz o melhor para deixar minha mente vagar para


pensamentos mais felizes.

Capítulo 48

Belle

Elijah me carregou com facilidade, nunca mostrando sinal


de cansaço.

A tranquilidade da floresta que nos rodeava, além do


silêncio confortável entre Elijah e eu, criou um ambiente
relaxante.

Tudo o que podia ouvir era o chilrear fraco de alguns


pássaros próximos e os passos ásperos de Elijah na neve.

— Então, para onde você gostaria de ir? — Elijah me


perguntou, cerca de um quilômetro depois do início da
nossa caminhada.

Eu coloquei meu queixo em seu ombro e suspirei


profundamente. Eu não queria tomar nenhuma decisão. Eu
queria dormir. E então nunca mais acordar.
Era como se minha cabeça estivesse imersa em águas
turvas, não deixando um único pensamento claro passar.

Eu estava me afogando na água, sem ar, nadando


violentamente para cima.

Nadando, nadando, sem um fim à vista.

Meu peito se contraiu dolorosamente como se eu realmente


estivesse submersa e minha respiração ficou presa na
garganta. Eu apertei minhas pernas em volta da cintura de
Elijah, tentando acalmar meu corpo trêmulo e exausto. Eu
encolhi os ombros fracamente.

— Eu não me importo, — eu mal conseguia dizer. — Onde


você quiser.

Elijah riu baixinho.

— Eu só estive fora do território da matilha um punhado de


vezes. Eu nem saberia em que direção seguir se você me
pedisse para decidir.

Eu pausei.

Eu ao menos sabia em que direção ir?

Eu também não sabia muito sobre o mundo.

Eu tinha estado em Paris e só.

O resto da minha vida foi passada em hospitais e em casa


cuidando do meu pai.

— Vamos lá, — ele pediu com uma voz suave. — Deve haver
algum lugar para onde você queira ir.

Apenas um lugar veio à mente.


— Acho que podemos ir para Minneapolis, — eu disse.

Minneapolis era a cidade onde cresci e ficava a apenas


algumas horas de carro. Embora não tivesse muitas
lembranças boas, principalmente por causa das lembranças
da morte do meu pai, era a única casa que conhecia.

Um pensamento surgiu na minha cabeça.

Posso até passar no meu antigo apartamento e pegar


algumas das minhas coisas.

Isto é, se meu antigo senhorio, Sr. Hummer, não tivesse


vendido tudo.

Ele era um velho malvado com olhos redondos, dentes


amarelos e um hálito que só cheirava a cigarro ou salame,
nada mais.

O número de notificações de despejo que recebia dele por


me esquecer de pagar o aluguel, nem mesmo 24 horas
depois do vencimento, era ridículo.

Eu não tinha dúvidas de que o Sr. Hummer não reagiria bem


ao me ver, especialmente depois de eu desaparecer por
meses, deixando-o sem o dinheiro do aluguel e com a
responsabilidade de lidar com todas as minhas coisas.

Mas valia a pena tentar, certo?

— Minneapolis pode funcionar, — disse Elijah em aprovação.


— Eu iria onde você quisesse, mas Minneapolis é perto o
suficiente para Kyle ir e vir, mas longe o suficiente do Alfa
para você melhorar.

Eu me encolhi um pouco com a menção de Grayson. Meu


coração apertou no meu peito. Elijah estremeceu.
— Desculpe, — ele disse rapidamente. — Vou parar de falar
sobre ele.

Eu balancei minha cabeça.

— Não, está tudo bem. Eu vou superar isso. Eu estou. . — Eu


hesitei,

mas apenas por um momento. Então levantei meu queixo


em determinação. — Eu dou conta disso. Eu sou forte.

Elijah não perdeu um segundo em responder:

— Claro que sim! Você não precisa dele. Especialmente você


tem a mim. Sou ótimo, caso você não tenha notado.

Eu ri. E me senti bem. Isso me deu esperança.

Naquele momento, decidi voltar a me recuperar o mais


rápido possível para que Elijah pudesse voltar à sua vida.

Embora eu o apreciasse imensamente e soubesse que não


teria sido capaz de aguentar este dia sem ele, ele tinha
coisas melhores a fazer do que cuidar de mim.

Eu estive sozinha basicamente toda a minha vida.

Eu era boa nisso.

Eu podia fazer de novo.

Eu estiquei meu pescoço e dei-lhe um beijo rápido na


bochecha.

— Obrigado, Elijah. Eu sei que você está desistindo de muita


coisa para ficar comigo. Isso realmente significa muito.

Elijah sorriu.
— A honra é minha. Não precisa me agradecer.

Caminhamos por mais alguns minutos antes que meus


braços e pernas começassem a ficar cansados.

Meu corpo estava ficando sem adrenalina, rapidamente me


deixando exausta além da conta.

Sem mencionar a dor ardente que ainda latejava por todo o


meu corpo.

Parecia que eu tinha contraído a pior gripe de todos os


tempos.

— Quanto falta para chegarmos à cidade? — Eu perguntei.


Tudo o que eu queria fazer era entrar em um ônibus, me
enrolar em uma bolinha em uma das poltronas e dormir até
chegarmos à cidade.

— Mais uns dez minutos, — disse Elijah. — Você precisa


fazer uma pausa? Podemos parar por alguns minutos.

Eu balancei minha cabeça rapidamente.

— Não. Não, tudo bem. Eu não quero parar. Eu só não


percebi o quanto a casa da matilha ficava longe da cidade
mais próxima.

Elijah olhou para mim por cima do ombro com uma


expressão preocupada.

— Tem certeza? Você não parece muito bem, Luna.

Eu estreitei meus olhos para ele. Ele prometeu me chamar


pelo meu nome.

— Desculpe, — ele disse rapidamente. — Ainda estou me


acostumando a não te chamar assim. Isso pode levar algum
tempo. Vai contra todos os meus instintos chamá-la pelo
seu nome.

Optei por não mencionar o fato de que ele nem mesmo


tentou me chamar de Belle ainda. Como ele sabia que não
poderia fazer isso se nem mesmo tentar?

Suspirei.

— Está bem. — Eu apertei meus braços ao redor dele,


tentando não soltar de suas costas e cair de bunda na neve.
Minha testa encontrou seu ombro, tentando achar algum
tipo de estabilidade.

— Acho que devo caminhar um pouco. Estou começando a


me sentir tonta.

Não precisei olhar para Elijah para saber que ele estava
carrancudo.

Ele diminuiu os passos, pensando sobre isso. Então,


felizmente, ele para.

Ele colocou minha mala na neve e gentilmente agarrou


minhas pernas para que pudesse me ajudar a sair de suas
costas.

Eu não pude evitar de me apoiar contra uma árvore próxima


no segundo que meus pés tocaram o chão.

Fechei os olhos com força, tentando respirar.

Quando os abri alguns segundos depois, Elijah me olhava


com uma expressão angustiada.

— Estou bem, — eu disse antes que ele pudesse perguntar


como eu estava. Eu me endireitei, me empurrando para
longe da árvore e endireitando meus ombros. — Vamos
continuar.

Elijah não parecia convencido pela minha exibição de


fraqueza.

Ele estendeu a palma da mão.

— Mochila, — disse ele, gesticulando para que eu


entregasse minha bolsa a ele.

Minhas sobrancelhas franziram em frustração. Eu não era


tão fraca.

Ainda podia carregar minha própria mochila, muito


obrigada.

— Deixa comigo. Eu posso fazer isso, — eu disse


teimosamente.

Comecei a andar na mesma direção que estávamos indo


antes, esperando que ele mudasse de assunto.

Infelizmente, não tive tanta sorte. Elijah parou na minha


frente, bloqueando meu caminho.

— Eu sei que você pode fazer isso, — disse ele


severamente, ainda estendendo a mão. — Eu simplesmente
não me importo. Se você estiver caminhando, vou carregar
a sua mochila.

Eu fiz uma careta para ele. Sua expressão inabalável me


disse que eu não iria vencer esta batalha. Suspirei
profundamente e com raiva tirei as alças da mochila dos
meus ombros. Eu a empurrei para ele. — Tudo bem.

Aqui.
Os cantos dos lábios de Elijah se curvaram, enquanto ele
segurava minha mochila nas mãos.

— Obrigado, — disse ele.

Revirei os olhos, sentindo meus próprios lábios formarem


um pequeno sorriso.

Por que ele parecia tão feliz por estar carregando uma bolsa
cheia de livros, roupas e outros objetos inúteis estava além
da minha compreensão.

Mas ainda estava grata por sua ajuda.

Ele colocou a sacola nos ombros e se abaixou para pegar


minha mala também. Então ele olhou para mim, esperando
pacientemente que eu desse o sinal verde para continuar
andando.

Usei toda a força de vontade que restava em meu corpo


para andar em linha reta sem tropeçar.

Mas foi difícil. Difícil. Pra. Porra.

Minhas pernas gritavam a cada passo, a queimação em meu


peito viajando por todo o resto de mim quanto mais longe
eu ficava de Grayson.

Era como se meu corpo soubesse que eu estava deixando o


homem que amava e por ter uma conexão tão intensa com
ele, estava determinado a deixar minha mente saber que a
odiava.

Nunca senti minha mente e meu corpo como duas


entidades separadas antes, mas essa era a única maneira
de descrever o que acontecia agora.
Minha mente e meu corpo lutavam um contra o outro em
uma batalha sangrenta que nenhum dos dois iria vencer.

Tudo por um homem que me odiava. Me bateu, me usou,


ganhou minha confiança e depois me destruiu da maneira
mais dolorosa possível.

Eu nem tinha percebido que estava chorando até que minha


visão ficou turva com lágrimas não derramadas.

Eu gemi de frustração e enxuguei as lágrimas


violentamente, com raiva de mim mesma por chorar de
novo.

Eu olhei para os meus pés, determinada a continuar


andando e desejando que eles me carregassem um pouco
mais.

E então um galho, escondido nas profundezas da neve,


pareceu agarrar meu pé como uma mão retorcida, puxando
meu corpo para baixo com uma força repentina.

Eu caí na neve com um grito de surpresa, caindo sem


nenhuma elegância.

Eu não pude evitar de chorar de frustração.

Eu bati meus punhos na neve com raiva de novo e de novo.

Alguma coisa dentro de mim gritava, ‘Controle-se, Belle! ’

É por isso que Grayson não poderia te amar!

É por isso que sua mãe te deixou!

Você é fraca, não consegue nem andar sem cair!

Soltei um soluço, mais de raiva e frustração do que tristeza.


Eu provaria que a voz estava errada.

Eu provaria que todos estavam errados.

Eu poderia fazer isto.

Eu poderia ser forte.

E eu faria isso sozinha.

Ninguém me machucaria nunca mais. Elijah não perdeu um


segundo, agachando-se rapidamente ao meu lado no
momento em que caí.

— Já chega, — disse ele asperamente. Ele colocou minha


mala de lado. — Eu vou carregar você. Vamos deixar sua
mala aqui e vou carregá-la pelo resto do caminho, goste ou
não. Voltarei para buscar suas coisas mais tarde, quando
tivermos levado você a algum lugar onde você possa
descansar que não seja no frio congelante. — Ele tentou
envolver seus braços em volta de mim para que pudesse
me levantar no ar, mas eu o parei.

— Não, — eu disse asperamente. Afastei seus braços de


mim, deixando minha raiva e frustração transparecerem.

— Eu posso fazer isso. Eu disse que posso e farei.

Limpei meu cabelo do rosto e me sentei.

Um dos meus cotovelos tinha sido gravemente arranhado


pela minha jaqueta e pingava sangue.

Meus joelhos não estavam melhores.

Tentei não me importar que minha única jaqueta agora


estava com um enorme buraco.
Deixando a dor de lado, me levantei com grande esforço.
Olhei para Elijah, que ainda estava me observando de sua
posição agachada.

Ele balançou a cabeça espantado, obrigando-se a se


levantar também.

— Eu sei que você não quer ouvir isso agora e,


honestamente, não tenho certeza por que estou dizendo
isso logo depois que você teve seu coração partido, — ele
começou, — mas você teria sido uma Luna incrível.
Verdadeiramente. O Alfa cometeu um erro terrível
desistindo de você.

Eu não tinha certeza de como responder a isso.

— Sim, bem. . — eu disse, deslocando meu peso


desconfortavelmente.

— Tudo isso é passado agora. Vamos continuar. Estou com


frio.

Elijah acenou com a cabeça, sem esconder sua expressão


triste.

— OK.

Continuamos nossa caminhada pela floresta, Elijah agora


andando extremamente perto de mim, com certeza pronto
para me pegar se eu cair novamente.

Só avançamos mais alguns passos antes de Elijah parar de


repente.

Eu parei também, me virando para olhar para ele, a alguns


metros atrás de mim.
— Elijah? — Eu perguntei.

Seus olhos castanhos estavam vidrados e vítreos,


parecendo muito mais escuros do que o normal.

Ele estava olhando para longe com uma expressão estranha


no rosto.

Eu não sabia muito sobre isso, mas pela explicação de


Grayson e as poucas vezes que o tinha visto fazer isso, eu
sabia que Elijah estava ligando para a mente de alguém,
falando com eles dentro de suas cabeças.

Mas não foi isso que me preocupou. A expressão de Elijah


estava rapidamente se transformando em pânico, sua
respiração acelerando mais e mais a cada segundo. Quem
quer que falasse com ele, não dava boas notícias.

Quando seus olhos finalmente clarearam, seu olhar se


voltou para mim. Sua mandíbula se apertou com força.

— Elijah? — Perguntei de novo. — O que aconteceu?

Capítulo 49

Belle

— Elijah, — eu disse novamente, — o que há de errado?

O rosto de Elijah ficou pálido como uma folha de papel.

Eu não poderia dizer se era seu lobo ou seu lado humano


que estava chateado, com base na rápida mudança na cor
de seus olhos.

De qualquer forma, o que quer que tenha acabado de ser


dito a ele por meio do vínculo mental — comunicado a ele
por meio de seu cérebro
— não poderia ser bom.

Tentei me aproximar dele, mas ele não respondeu.

A dor que eu estava sentindo de repente não importava;


estava sendo rapidamente substituído pela preocupação.

Elijah rosnou quando me aproximei e dei um passo para


longe, colocando uma boa quantidade de espaço entre nós.

Minhas sobrancelhas se franziram.

— Kyle, — Elijah suspirou pesadamente.

Meu coração parou.

— O que? — Eu perguntei freneticamente, — há algo errado


com Kyle? Como você sabe?

Elijah balançou a cabeça rapidamente, agarrando seu


cabelo em mechas apertadas.

Era óbvio agora que ele estava tentando controlar seu lobo.

Era assim que parecia estar totalmente unido e saber que


seu companheiro estava ferido?
Ele parecia estar com muita dor.

Ele não deveria estar correndo de volta para Kyle em


pânico?

— Link de mente. Vínculo de companheiro, — ele engasgou,


respondendo minha pergunta em frases curtas e dolorosas.

A maneira como ele falou, sem a menor sombra de dúvida,


me fez

acreditar que ele dizia a verdade.

Havia algo errado com Kyle.

Mas se Kyle estivesse gravemente ferido, Elijah não


demoraria para voltar para a casa da matilha.

Ele não estaria aqui falando comigo.

Posso nunca saber o que era estar totalmente unido, mas


no fundo eu sabia o que sentiria se a vida de com Grayson
estivesse em risco.

E nada me impediria de chegar até ele.

Foi a maneira como Elijah estava olhando para mim agora


— olhos arregalados, expressão séria — que me disse que
havia algo que ele estava escondendo de mim, algo que ele
não podia me dizer.

Alguma coisa séria.

Com movimentos cautelosos, dei um passo na direção dele.

— Tem mais coisa, não é? — Eu perguntei em voz baixa.


Elijah fechou os olhos com força por um segundo antes de
acenar bruscamente com a cabeça em confirmação.

Eu respirei fundo.

— Grayson? — Eu perguntei. — Grayson fez alguma coisa?

Ele não me deu nenhum tipo de confirmação, mas seu olhar


intenso e ininterrupto me deu toda a resposta que eu
precisava.

Eu tinha razão. Grayson tinha feito algo, e baseado na


reação de Elijah, não era bom.

Minha boca ficou seca, minha frequência cardíaca aumentou


até bater no mesmo ritmo dos cascos de um cavalo no
Kentucky Derby.

— Ele machucou alguém?

Elijah piscou uma vez.

Não havia nenhuma dúvida em minha mente de que ele


estava sofrendo com tudo o que ficou sabendo por meio do
link mental.

Ele queria falar comigo, mas por algum motivo não


conseguiu.

Algo ou alguém o estava impedindo.

Ele ignorou minha última pergunta, ao invés disso lutando


para dizer:

— Luna. Você tem que. .

Ele engasgou com as palavras, interrompido por uma força


invisível.
Sua boca se fechou e seus olhos se fecharam com força.

Ele agarrou o peito com uma dor imensa, curvando-se sobre


si mesmo até ficar ajoelhado no chão.

O pânico encheu meu corpo.

Não perdi um segundo correndo para ele e agarrando seu


ombro.

Tentei ajudá-lo a se levantar, envolvendo meu braço em


volta de sua cintura e puxando-o para ficar de pé.

— Não! — ele gritou no momento em que o toquei.

Ele me empurrou com força suficiente para me mandar


cambaleando para trás. Eu gritei em choque.

Elijah não me deu tempo para processar suas ações.

— Por favor. . — ele continuou, desespero e dor em seu tom,


— você tem que me dizer. .

— Te dizer o quê, Elijah? — Eu perguntei.

Tentei manter distância, sabendo agora que ele não queria


que eu o tocasse, mas estava ficando cada vez mais difícil
ficar longe, pois sua dor parecia aumentar.

— Te dizer o que?!

E então, sem aviso, suas costas se endireitaram.

Ele se levantou de um salto e olhou para mim com uma


expressão brilhante e contente.

Ele sorriu amplamente, mostrando todos os dentes.


Isso enviou arrepios na minha espinha.

— Devo me apresentar de volta a casa da matilha agora.


Adeus, — ele disse com aquele sorriso de dentes cerrados.

E sem dar qualquer outra explicação, ele girou nos


calcanhares e começou a andar na direção de onde viemos.

Mas. Que. Porra?

Eu me permiti ficar ali parada por um segundo, olhando


para suas costas, antes de ir atrás dele.

Suas palavras confusas passaram pela minha mente.

Ele precisava voltar para a casa da matilha? Por quê? Não


fazia sentido.

O que aconteceu? O que ele não pode me dizer?

Não me incomodava que ele parecia não mais vir comigo.

Eu não era egoísta o suficiente para me preocupar com meu


próprio conforto quando o bem-estar de outras pessoas
estava em jogo.

Não, o que me incomodava era o fato de que algo estava


claramente muito, muito errado.

E Elijah estava caminhando na direção do perigo, agindo


como se estivesse completamente insano e inconsciente.

— Ei! — Eu gritei, correndo um pouco para alcançá-lo. —


Onde você está indo? O que diabos está acontecendo?

Ele não disse nada de volta. Como se eu não estivesse lá,


ele continuou andando, ainda exibindo aquele sorriso
estranho.
Eu agarrei seu braço, não querendo desistir.

— Ei, é melhor você me dizer o que está acontecendo


agora, Elijah!

Ele continuou a me ignorar.

— Ei, pare! Por favor! Algo ruim aconteceu com Kyle?

Mesmo assim, Elijah não parou. Ele continuou a me deixar


gritar em seu ouvido por um bom minuto sem responder.

— Eu não vou te deixar ir até que você me diga o que está


acontecendo! — Eu gritei.

De repente, ele agarrou meu braço e me puxou com força


para trás.

Eu gritei, surpresa com sua força repentina.

Eu agora estava caminhando diretamente contra suas


costas, meu movimento incapacitado por seu aperto mortal.

Ele andou da mesma maneira que antes.

Sua mão desceu pelo meu braço, mantendo pressão


suficiente para me manter no lugar, e então segurou minha
mão com força.

Percebi como seu corpo estava tremendo contra o meu.

Ele apertou minha mão duas vezes, em seguida, colocou o


dedo indicador contra a palma da minha mão, movendo-o
freneticamente

sobre a minha pele.


Levei um segundo, mas percebi com choque que ele estava
traçando letras na palma da minha mão.

NÃO ME SIGA.

PERIGO.

Minha respiração ficou presa na minha garganta enquanto


eu interpretava sua escrita.

O fato de que ele precisava escrever as palavras na minha


palma em vez de me dizer só me angustiou mais.

Por que ele não me dissera abertamente o que havia de


errado?

Alguém estava ouvindo? Ele estava com problemas?

O que quer que fosse, Elijah estava tentando me dizer para


ficar para trás enquanto ele cuidava de tudo.

Embora, devo acrescentar, ele continuasse a sorrir de uma


maneira que eu só poderia descrever como arrepiante.

Decidi então que, embora a última coisa que eu quisesse


era ver Grayson novamente, o pensamento de Kyle ou outra
pessoa se machucando como consequência de minhas
ações de hoje cedo era razão suficiente para voltar à casa
da matilha e ajudar no que pudesse.

Eu apertei sua mão uma vez e comecei a escrever minha


própria mensagem em sua palma, esperando que ele
entendesse como eu me sentia em vez de tentar
argumentar.

VOU JUNTO.
Os passos de Elijah vacilaram por apenas um segundo
enquanto ele interpretava a informação que transmiti para
ele.

Então ele apertou minha mão com tanta força que quase
doeu.

NÃO, ele escreveu de volta, suas letras acompanhadas por


outro forte aperto, enfatizando seu argumento.

Eu apertei sua mão de volta com a mesma força.

SIM.

Com isso, Elijah parou de andar tão abruptamente que dei


um encontrão em suas costas.

Seu corpo ainda estava tremendo quando ele envolveu sua


outra mão

trêmula ao redor da minha para que ambas estivessem


apertando meus dedos.

Ele esperou um segundo, seus ombros subindo e descendo


com uma respiração profunda e focada antes de apertar
minha mão mais uma vez, mais suave do que antes.

POR FAVOR. NÃO ME SIGA. POR FAVOR.

Eu vacilei.

Ele estava falando sério. Ele realmente não queria que eu


fosse, queria voltar sozinho enquanto eu ficava para trás.

Eu podia sentir a culpa me consumindo.

Eu não aguentaria se Elijah ou outra pessoa se machucasse


lutando minhas batalhas.
Minha teimosia estava avançando com força total.

Mas eu realmente tinha uma escolha?

Percebendo minha determinação, Elijah apertou minhas


mãos gentilmente de novo, escrevendo, VAI SER FELIZ.

Eu não esperava as lágrimas que começaram a correr pelo


meu rosto.

Mesmo que fossem apenas letras na minha palma, suas


palavras significavam o mundo para mim.

Havia sinceridade e esperança emanando de seu aperto


firme, fazendo com que um calor se espalhasse por mim.

Elijah queria o melhor para mim. Eu sabia.

E se isso estava acontecendo por minha conta e deixando


que ele lutasse minhas batalhas. . então que assim fosse.

Eu confiava nele.

Eu não pude evitar de me lançar sobre ele, envolvendo


meus braços em volta de sua cintura por trás em um abraço
que eu esperava que transmitisse tudo o que eu estava
sentindo.

Minha gratidão por sua ajuda e amizade.

Minha esperança de vê-lo novamente um dia, em melhores


circunstâncias.

— Obrigada, — eu sussurrei em suas costas, segurando as


lágrimas, —
obrigada.

Elijah não respondeu.

Não me surpreendeu, dadas as circunstâncias. Mas eu sabia


que ele sentia o mesmo.

Eu sabia que, se ele tivesse a chance, ele estaria me


dizendo que eu era foda e que iria detonar no mundo real.

Ele colocou suas mãos sobre as minhas na frente dele e


suspirou, me apertando levemente.

Por mais triste que eu estivesse, toda a experiência parecia


estranhamente catártica.

Eu não estava apenas me despedindo de Elijah e da incrível


amizade que provou ser tão valiosa durante o último mês,
eu estava me despedindo de Grayson, da vida e das
pessoas que vieram com o amor por ele.

Eu me senti mais forte. Eu me senti mais feliz.

Eu me senti pronta.

Ficamos assim por um minuto, silenciosamente


comunicando nosso adeus através de nosso abraço
apertado.

Elijah me deixou segurá-lo pelo tempo que eu quisesse,


parecendo precisar liberar as emoções tanto quanto eu.

— Fique seguro, — eu sussurrei para ele.


E então, como se nós dois soubéssemos que estava na hora,
ele apertou minha mão, escreveu, ADEUS, LUNA, e me
soltou.

Me deixando, mais uma vez, completamente sozinha.

Elijah estava certo.

A cidade mais próxima ficava a uns bons dez minutos da


caminhada de onde estávamos.

Depois de pegar minha mala e mochila, não demorei muito


para chegar à pequena cidade.

Uma vez lá, consegui uma passagem de ônibus com o


pouco dinheiro

que tinha guardado na mochila e peguei um ônibus para


Minneapolis.

Durante a viagem, me permiti processar o que havia


acontecido comigo nos últimos meses.

Lembrei-me de que Elijah havia me dito para não pensar em


Grayson, que isso só pioraria a dor.

Ele estava certo sobre isso também.

Tudo doía só de imaginar o sorriso de Grayson, sua risada,


seus apelidos carinhosos para mim, aquela noite em que
passamos horas conversando sob as luzes cintilantes da
Torre Eiffel.

Por enquanto, eu disse a mim mesma, você vai se permitir


pensar nele.

Você se deixará consumir pelos pensamentos do que


poderia ter acontecido.
Mas no momento em que você descer deste ônibus, no
segundo que você voltar para sua antiga vida, você vai
apagá-lo de sua mente.

Você não vai se deixar afogar no vitimismo.

Você não vai se perguntar o que fez de errado.

Você será forte. Você vai andar com a cabeça erguida e não
deixar o que ele fez te deixar pra baixo.

E foi exatamente o que fiz.

Na estação rodoviária de Minneapolis, tinha encontrado


uma nova visão das coisas.

Limpei minhas lágrimas e empurrei meus ombros para trás,


sem perder tempo antes de caminhar para o meu antigo e
familiar prédio.

Eu pretendia recuperar minhas coisas.

Eu tinha deixado a maioria dos meus pertences em meu


pequeno apartamento antes de ir para Paris.

Embora eu tivesse estado fora por alguns meses e não


tivesse pago o aluguel desde então, esperava que meu
senhorio tivesse ficado com pelo menos algumas das
minhas coisas em vez de vendê-las ou deixá-las todas na
rua.

Eu estava errada.

Meu velho senhorio nem mesmo abriu a porta para mim


quando eu bati.

Ele gritou comigo por alguns minutos antes de me dizer


para ir embora.
Quando continuei a implorar, ele ameaçou chamar a polícia.

Então me vi de volta à rua, apenas com os itens da minha


mochila e a mala e as roupas do corpo.

Quando olhei em volta, fui inundada pelas memórias da


minha infância com meu pai.

Enquanto caminhava, me deparei com o parquinho onde ele


costumava me levar nos fins de semana.

Então passei pelo hospital onde ele morreu, a apenas alguns


quarteirões do meu antigo apartamento.

As boas lembranças tomaram-se ruins, súbita e


completamente.

Percebi que este lugar, esta cidade, só tinha lembranças de


tristeza ou desgosto, mesmo que as lembranças fossem
felizes na época em que foram feitas.

Meu pai teria desejado muito mais para mim do que o que
eu estava fazendo agora.

Quase desmaiei ali mesmo, sem saber o que fazer a seguir,


mas me contive.

Em vez disso, peguei outro ônibus e o deixei me levar para


longe.

E então, quando tive vontade, peguei outro, deixando o


instinto e o acaso decidirem para onde eu iria.

Eu andei naquele ônibus durante a noite e não parei até que


o motorista me dissesse que eu precisava descer.

Eu me encontrei em uma nova cidade com a esperança de


um novo começo ardendo em meu peito.
Eu estava pronta para seguir em frente e encontrar a versão
mais forte, mais independente e mais capaz de mim
mesma.

Eu não ia permitir que ninguém me derrubasse.

Vamos lá, mundo.

Capítulo 50

Kyle

Várias horas antes, na manhã da

partida de Belle

Eu não conseguia dormir.

Não importa o quanto eu me revirasse durante a noite, a


tensão correndo pelo meu corpo me mantinha acordado.

Eu tinha descoberto algumas informações na noite passada


que eu não deveria saber — informações sobre meu Alfa.

Tudo começou quando eu não conseguia parar de me


preocupar com a Luna, seu estranho comportamento
constantemente em minha mente.

Eu nunca mais a vi. Na verdade, eu não a via há semanas.

Mesmo quando eu a procurava, ela não estava em lugar


nenhum.

No início, eu apenas senti sua falta; ela era divertida de ter


por perto e tornava os humores constantemente em
mudança do Alfa mais suportáveis.

Mas então se transformou em outra coisa.


Algo estava acontecendo entre o Alfa e a Luna que eu não
sabia.

Minha primeira pista foi quando a Luna me pediu para ser o


mediador entre ela e o Alfa devido a alguma briga que eles
tiveram durante sua segunda noite com a matilha.

Mas isso não era a coisa mais estranha por si só.


Companheiros brigavam, era assim que as coisas eram — a
Deusa sabia que Elijah e eu brigávamos regularmente.

Mas o Alfa e a Luna simplesmente não pareciam desse tipo.

A próxima pista foi quando ela apareceu na cozinha


ostentando um olho roxo e queixo machucado.

Ela disse que não tinha comido. Ela parecia preocupada e


cansada, talvez até deprimida.

Pensando que isso poderia resolver o problema e


procurando cuidar da minha Luna, eu a joguei por cima do
ombro e a levei direto para o Alfa.

Ignorei o fato de que ela estava gritando e chorando como


se tivesse medo de vê-lo.

Eu ignorei a expressão de terror em seus olhos.

Agora, em retrospecto, me arrependi de minhas ações.

Eu deveria ter falado com ela primeiro. Eu deveria tê-la


ouvido antes de decidir o que era melhor para ela.

Eu não a via desde aquela manhã, várias semanas atrás.

Minha preocupação crescia mais a cada dia que eu não a


via.
Ela nem estava nos jantares semanais, a cadeira ao lado do
Alfa sempre vazia.

O Alfa nunca deu uma explicação para a ausência dela: ele


estava quieto e focado em seu trabalho, mais do que eu já
tinha visto.

O tempo passou até que parecia que a Luna não existia.

Ontem, minha preocupação finalmente havia se tornado


demais e assumido o controle do meu bom senso.

O Alfa poderia me atacar por pensar que eu sabia o que era


melhor para sua companheira em vez dele. Mas me
convenci de que não tinha escolha. Eu me importava muito
com a Luna para deixar isso passar.

Depois de uma longa reunião naquela manhã, decidi


perguntar ao Alfa sobre a Luna, esperando uma explicação
lógica.

Fiquei chocado quando ele pareceu apenas incomodado por


eu ter tocado no assunto, não zangado.

Ele agiu como se fosse um inconveniente falar sobre sua


companheira.

Ele me disse com indiferença que ela estava tendo


dificuldade em se ajustar e precisava de espaço, e insistiu
que eu não me preocupasse mais com ela.

Claro, essas palavras que tinham como objetivo me


tranquilizar fizeram o completo oposto.

Algo não estava certo.


Alfas não deixavam seus companheiros sozinhos,
especialmente em um momento como este, importante não
apenas para a matilha, mas para a Luna enquanto ela se
ajustava à vida de líder.

Se a Luna estivesse tendo dificuldades, o Alfa nem mesmo


consideraria deixar seu lado — e se, por alguma razão
estranha, ele considerasse, seu lobo não o deixaria colocar
a ação em prática.

Estranhando sua resposta e não ainda pronto para deixar o


assunto morrer, eu brinquei sobre minha surpresa pelo fato
de ele ainda não ter consumado a união.

Eu esperava que isso obtivesse uma resposta dele: Alfas


eram conhecidos por ficarem furiosos e superprotetores
quando questionados sobre seus próprios processos de
união.

Para seu crédito, o Alfa reagiu. Só não da maneira que eu


esperava.

Ele se animou e olhou para mim pela primeira vez desde o


início da conversa.

Ele não falou por um momento, pensando. Então seus lábios


se curvaram em um sorriso estranho, quase maligno.

— Ah, sim. . união, — disse ele, recostando-se na cadeira.

Ele olhou para o teto e lambeu os lábios.

Então ele olhou para mim com um novo brilho nos olhos e
me deu um tapinha nas costas.

— Não se preocupe. A união acontecerá em breve. Muito


breve.
Sem outra palavra, o Alfa saiu da sala de conferências, sua
determinação evidente a cada passo.

Eu o observei ir para seu escritório com um gosto amargo


na boca.

A maneira como ele falou fez parecer que ele tinha


esquecido o que era a união.

Então, a essa altura, eu estava em pânico. Seu


comportamento estranho misturado com a Luna ausente
era igual a uma necessidade de respostas.

Eu tinha que encontrar a Luna e descobrir exatamente o


que estava acontecendo.

Minha primeira parada foi no quarto que ela dividia com o


Alfa.

Bati várias vezes e, quando ninguém respondeu, entrei


mesmo assim.

Eu não me importava que ninguém além dela e do Alfa


eram permitidos aqui. Eu estava muito focado em minha
missão.

Para minha surpresa, a sala estava vazia. A Luna estava


longe de ser encontrada.

Achei que era aqui que ela estava se escondendo mas,


obviamente, achei errado.

Enquanto eu olhava ao redor da sala, meus olhos pararam


na mesa do Alfa.

Estava extremamente bagunçada — estranho, já que o Alfa


era uma das pessoas mais organizadas que eu conhecia.
Ele ficava chateado quando até mesmo com clipe de papel
fora do lugar.

Havia papéis jogados em toda a superfície da mesa,


cobertos com tinta vermelha.

Aproximei-me dela, a curiosidade e a preocupação


sobrepujando minha habitual dedicação às regras.

O que eu encontrei fez meu coração parar.

Todos os papéis eram cartas escritas para o Alfa.

Enviados por vampiros.

Não, isso não pode estar certo. O Alfa não estaria em


comunicação secreta com nossos inimigos mortais.

Reli a carta que estava segurando antes de passar para a


próxima, na esperança de encontrar alguma outra
explicação.

Mas não havia nenhuma.

Todas as cartas foram escritas por um clã de vampiros para


o Alfa.

E essa não era nem a parte mais assustadora.

Este não era apenas um clã qualquer — era o clã mais


famoso do mundo com exceção da família real.

Também era o mais maligno.

Este era o Clã de Azazel, recebendo o título após apoiar o


governo de Azazel Mortar, o ex-rei dos vampiros.
Eles o ajudaram na Guerra dos Vampiros anos atrás,
tornando-se um exército dos seres mais perversos já
conhecidos.

Ao contrário de outros vampiros que pareciam ter pelo


menos alguma moral, este clã era famoso por assassinar
sem causa e realizar atos desprezíveis.

Sua conduta vil era a razão de lobisomens e vampiros


estarem em guerra por tanto tempo.

Como rei, Azazel Mortar mudou para permitir vampiros


desonestos no clã real, ignorando o quão perigoso isso
poderia ser, pensando apenas em ganhar mais poder.

Eles não podiam controlar sua sede por sangue humano. . e


foi por isso que Azazel perdeu o trono.

As cartas falavam de uma emboscada em nossa matilha


que ocorreria dentro de três dias.

O Alfa havia compartilhado com eles todos os pontos fracos


de nossas fronteiras, dando-lhes informações sobre as
melhores estratégias de ataque.

Juntos, eles formaram um plano para derrubar nosso bando.

E depois da derrota, eles nos dariam a escolha de nos juntar


a eles na conquista do próximo. E o próximo.

Ou morrer.

Minhas mãos tremiam enquanto eu lia cada carta,


absorvendo os detalhes e guardando-os na memória.

Seu objetivo final era atrair lobos suficientes para derrotar


os Mortar, os vampiros reais.
E eles o fariam. Se nossa matilha fosse derrotada e lutasse
contra outras matilhas com a ajuda de vampiros, nós
venceríamos.

Não havia dúvida.

O exército de vampiros e lobisomens iria crescer até se


tornar o mais poderoso do mundo.

Azazel Mortar teria o trono mais uma vez.

Larguei as cartas de volta na mesa depois de terminar de


ler.

Eu não deveria saber de nada disso. O Alfa estava


escondendo as

provas, e por um bom motivo.

Minha mente vagou para quando o Alfa nos propôs deixar


um grupo de vampiros muito menos perigosos em nossa
terra.

Ele achou que seria bom tê-los ao nosso lado durante as


batalhas, caso fôssemos atacados.

Sua ideia foi rejeitada imediatamente pelos anciãos e por


mim.

Vampiros e lobisomens nunca se deram bem. Ambas as


nossas espécies eram orgulhosas demais para trabalhar em
harmonia.

Se o Alfa tivesse proposto que nos uníssemos ao Clã de


Azazel durante uma reunião com os anciões, ele teria sido
considerado louco, possivelmente inadequado para seu
cargo.
Ele poderia perder toda sua autoridade e credibilidade.

Então ele sentiu a necessidade de ir pelas nossas costas e


se comunicar com o clã em segredo.

Alfa Grayson tinha muito orgulho de ter a matilha mais


poderosa do mundo, e ele trabalhou duro para ganhar esse
título.

Mas eu nunca pensei que ele tivesse fome de poder o


suficiente para colocar toda a matilha em perigo de
propósito.

Ele não sabia que a maioria, senão todos, de nossos


membros morreria antes de concordar em receber ordens
de vampiros e ajudá-los a matar outros lobisomens?

Se ele imagina que isso de alguma forma nos ajudará a


chegar ao topo ou a fazer história, então ele julgou muito
mal a situação.

Isso significará o fim de nossa alcateia como a conhecemos.

Tinha muito pouco tempo para agir.

Pensei em ir para Beta Adalee, mas o nome dela havia sido


mencionado nas cartas várias vezes.

Na verdade, agora que pensei sobre isso, ela e o Alfa


estavam sendo terrivelmente amigáveis desde que
voltamos da França.

Era possível que eles estivessem nisso juntos?

Não havia mais ninguém em quem pudesse confiar a


informação que não corresse perigo por saber.

Eu tive que fazer isso sozinho.


Em menos de um segundo, eu estava fora do quarto do Alfa
e no corredor.

Embora eu ainda estivesse preocupado com a Luna, ela


agora era a última coisa em minha mente.

Era melhor para ela ficar longe de qualquer maneira. Ela


estaria mais segura se não tivesse contato com o Alfa.

E o Alfa seria mais fraco sem sua companheira.

Uma vez que eu estava em meu escritório, eu rapidamente


escrevi uma carta explicando os riscos e a entreguei ao
guerreiro mais forte de nossa matilha, Ben.

Mandei-o sair com ordens para entregar a carta à matilha


mais próxima, a cerca de um dia de distância.

Ben era incrivelmente resistente e seria capaz de correr


todo o caminho quase sem suar. Ele não deveria parar por
nenhuma razão ou deixar que ninguém, exceto o Alfa da
outra matilha, veja a carta.

Assim que recebeu suas instruções, Ben saiu correndo sem


fazer perguntas, sentindo a urgência.

Estava claro para mim que uma guerra viria em três dias,
uma guerra à qual não sobreviveríamos sem ajuda.

Com sorte, a matilha ao lado estaria disposta a nos ajudar.

Tínhamos um bom relacionamento e um histórico de


batalhas travadas juntos.

Embora essa batalha fosse mais perigosa do que qualquer


outra, eu não tinha dúvidas de que eles nos ajudariam,
especialmente porque também dizia respeito ao seu bem-
estar.

Mas isso não foi suficiente. Eu precisaria de mais do que


isso.

Depois de garantir que o Alfa ainda estava em seu


escritório, organizei uma reunião da matilha na floresta.

Ordenei a todos que começassem a treinar e se


preparassem para uma batalha intensa, enfatizando que
essas eram ordens do Alfa, e não minhas.

No início, eles ficaram confusos e preocupados e queriam


saber o que estava acontecendo, o que era mais do que
justo.

Assegurei-lhes que sabia tanto quanto eles, que era apenas


o mensageiro.

Eles começaram o trabalho logo depois disso.

Pensei em entrar em contato com outras matilhas, mas me


contive.

Levaria muito tempo para enviar cartas para eles, e eu não


poderia ligar para eles sem despertar a suspeita do Alfa.

Se tudo corresse bem com a matilha ao lado, eu teria um


exército de cerca de seis mil homens em minhas mãos.

No entanto, o Clã de Azazel tinha mais de dez mil rebeldes e


contando, constantemente mordendo humanos e
transformando-os, aumentando seu número.

Eu precisava de mais ajuda se quisesse salvar minha


matilha.
E só havia uma maneira de fazer isso, apenas uma pessoa
que teria muito a perder se o Clã de Azazel ganhasse o
poder.

Eu teria que negociar e me aliar ao rei dos vampiros, o


irmão de Azazel.

Zagan Mortar.

Capítulo 51

Kyle

Eu olhei para Elijah dormindo silenciosamente no meu peito.

Eu tinha me juntado a ele na cama uma hora atrás, mas não


consegui fechar os olhos nenhuma vez.

Eu estive acordado a noite toda tentando pensar em um


plano para entrar em contato com Zagan Mortar, o rei
vampiro, a fim de contar a ele sobre a guerra que iria nos
matar.

Entrar em contato com os Mortar não seria fácil.

Seu reino era oculto por meios de magia negra, acessível


apenas por vampiros de sangue puro, um vampiro nascido
em vez de transformado.

Nenhum lobisomem jamais pôs os pés em domínio real —


estava muito bem escondido.

A única maneira de entrar em contato com a família real era


fazer com que outro vampiro entregasse a mensagem.

Isso significava que eu tinha que fazer duas coisas: Primeiro,


encontrar um vampiro disposto a ouvir um lobisomem por
tempo suficiente para passar uma mensagem — uma tarefa
muito difícil.

Segundo, convencer aquele vampiro a marcar uma


audiência com o Zagan Mortar — uma tarefa ainda mais
difícil.

Só então minha mensagem seria entregue. Seria quase


impossível.

Exceto que, em um golpe de pura sorte, nós simplesmente


tínhamos um vampiro em nossas masmorras.

Um de nossos prisioneiros do ataque de alguns meses atrás,


uma garota chamada Elina, ainda não tinha conseguido
escapar.

Tínhamos planejado mantê-la trancada para o caso de


surgir alguma necessidade de informações. . mas os planos
mudam.

Falara com ela ontem, tentei convencê-la a entregar uma


carta que escrevi para a família real.

A princípio, como previsto, ela sibilou e até tentou dar


alguns golpes

nas barras da cela com suas longas garras.

Se lobisomens eram os cães do mundo sobrenatural,


vampiros eram definitivamente os gatos.

Ela continuou a sibilar e a me xingar até que lhe ofereci algo


que a faria ouvir: a sua liberdade.

Eu disse a ela que a deixaria ir se ela concordasse em


entregar minha carta a Zagan Mortar.
Era uma oferta que eu sabia que ela não poderia recusar.

Ela já estava enfraquecida por não ter bebido sangue desde


antes de chegar aqui.

Os vampiros podiam ficar sem sangue por até um ano, mas


começam a ficar fracos e mal-humorados depois de apenas
um dia.

Não ajudava o fato de Elina também ser uma vampira


recém-nascida, o que significa que ela havia sido
transformada há não muito tempo.

Sua incapacidade de conter sua fome devido a sua nova


paixão por sangue a convenceria a fazer quase qualquer
coisa.

— Eles não vão me deixar entrar, — ela disse depois que eu


terminei de explicar meu plano. — Não sou puro-sangue, fui
mordida há um ano.

Portanto, um recém-nascido muito nova.

E mesmo depois que ela não fosse mais nova, ela seria uma
mestiça, alguém que não nasceu vampira, mas se tornou
uma.

Mestiços não eram permitidos em território real.

Mas, neste caso, isso só funcionou a meu favor.

— Sim — eu assenti — mas o rei não será capaz de ignorar


um jovem meio-sangue tentando entrar em seu reino.
Especialmente se ela tiver isso.

Através das grades, entreguei-lhe a carta.


Estava escrito em papel pergaminho velho e selado com
cera e o emblema da matilha em ouro — O emblema
pertence a uma das matilhas de lobisomem mais poderosas
do mundo. Tem cheiro de lobo e foi escrito pelo gama de
Alfa Grayson. Se um meio-sangue recém-nascido entrar
valsando no reino com aquela carta, não há dúvida de que o
rei vampiro irá encontrá-lo. Ele não terá escolha.

Eu esperava que ela trouxesse outro argumento e


expusesse mais falhas no meu plano, mas ela não o fez.

Ela pegou a carta e enfiou-a no bolso, prometendo fazer o


que pudesse.

Ela estava desesperada por sua liberdade e por sangue,


provavelmente.

Ocorreu-me agora que ela poderia estar mentindo quando


prometeu entregar a carta.

Ela poderia pegar a carta e sua liberdade e nunca mais


pensar em mim ou na minha matilha novamente.

Mas, de alguma forma, senti que ela não era o tipo de


pessoa que fazia uma promessa apenas para quebrá-la,
especialmente uma que dizia respeito à vida de tanta gente.

Eu só podia torcer para o melhor.

De repente, Elijah se moveu contra mim e beijou meu peito,


tirando-me dos meus pensamentos preocupados.

Eu quase tinha esquecido onde estava, preso demais em


meu próprio mundo.

Ele apoiou o queixo no meu peito e me olhou, sonolento.


— Você está atrapalhando meu sono da beleza, — ele
sussurrou. — Eu posso sentir sua preocupação através do
vínculo.

Suspirei. Merda. Eu não queria acordá-lo.

— Desculpe.

Inclinei-me e o beijei uma vez nos lábios.

A ação acalmou meu lobo, mas só pareceu agitar Elijah


ainda mais.

Quando me afastei, ele se sentou, franzindo a testa.

— Isso tem algo a ver com a batalha para a qual o Alfa quer
que treinemos, não é? Você sabe de alguma coisa? Há algo
que você não está nos contando?

Não me surpreendeu que Elijah soubesse imediatamente


que eu estava escondendo algo.

Ao longo de nossos anos juntos, nosso vínculo havia se


tornado incrivelmente forte.

Nós sabíamos tudo sobre o outro. Nós podíamos


praticamente ler a mente um do outro sem pestanejar.

Suspirei e me sentei também, começando a sentir seu


pânico através do vínculo.

Meu lobo não gostou, me incentivando a fazê-lo se sentir


melhor.

Peguei suas mãos nas minhas.

— Se eu pudesse te contar, eu contaria.


Eu beijei seus dedos cuidadosamente, olhando em seus
olhos.

— Por favor, acredite em mim.

Senti sua preocupação apenas aumentar com minha terrível


tentativa de tranquilizá-lo.

— Eu sei, — ele sussurrou, a honestidade transparecendo


em seu tom.

Ele fez uma pausa, me estudando. — Mas você também me


diria se estivesse com problemas, certo?

Meu lobo choramingou, começando a andar em círculos em


minha mente.

Merda.

Eu teria que mentir para ele. E eu iria me odiar por isso.

Simplesmente me recusava a colocá-lo em perigo.

Se eu contasse a ele o que realmente estava acontecendo,


não havia dúvida de que ele faria tudo o que pudesse para
me ajudar — até mesmo ficar cara a cara com um Mortar,
se fosse necessário.

Eu não podia deixar isso acontecer.

Eu já estava pensando em trancá-lo quando a batalha


começasse, então eu saberia que ele não se machucaria.

Com meu sorriso mais reconfortante, disse:

— Sim, é claro. Estou bem, eu prometo.


Ele não parecia convencido. Na verdade, eu tinha quase
certeza de que ele sabia que eu estava mentindo.

Beijei seus lábios antes que ele pudesse dizer qualquer


outra coisa e continuei.

— Vou pegar um café. Você quer um pouco?

Elijah me observou sair da cama, ainda com seu lindo rosto


franzido.

Meu coração se apertou dolorosamente com a visão. Fiquei


grato por ele ter mudado de assunto por enquanto.

— Sim, claro, — ele respondeu.

Eu balancei a cabeça uma vez e calcei chinelos, então voltei


para ele e deixei um beijo demorado em sua testa.

— Eu te amo, — eu disse.

Os cantos de seus lábios se curvaram um pouco em um


sorriso triste.

Ele assentiu.

— Eu também te amo.

A culpa me consumia durante a longa caminhada até a


cozinha.

Meu lobo estava zangado com a decisão de mentir para


Elijah.
Mas ele não entendia que se eu contasse a verdade só o
colocaria em perigo.

Lobo estúpido. Fazendo eu me sentir culpado por fazer a


coisa certa.

Um som repentino fez minha batalha interna parar e meus


pés vacilarem.

Alguém estava chorando — soluçando, na verdade.

E eu reconheci a voz.

Minhas pernas começaram a correr antes que eu tivesse


tempo de processar o que estava fazendo.

Virando as esquinas e subi correndo um lance de escadas,


me vi no corredor principal da casa.

Meu olhar caiu sobre a forma trêmula de uma mulher


curvada na escada.

Era a Luna.

Ela parecia, além de perturbada, sentada nos degraus com


a calça do pijama e uma camiseta branca.

Seu corpo tremia com os soluços e suas mãos cobriam o


rosto.

— Luna? — Eu perguntei gentilmente, tentando não assustá-


la, mas ela pulou no momento em que falei.

Sua cabeça se ergueu e seus olhos lacrimosos se


conectaram aos meus.

Ela parecia uma bagunça, olheiras escuras sob os olhos, o


cabelo despenteado.
Ela tinha perdido peso também, muito dele, deixando suas
maçãs do rosto — uma ainda inchada do hematoma
violento algumas semanas atrás — afundadas e ossudas.

Fúria e proteção me atingiram como uma tonelada de


tijolos.

Meu lobo avançou e uivou na minha cabeça, querendo


ajudar sua Luna a qualquer custo.

— O que diabos aconteceu com você?

Aproximei-me dela como faria com um animal ferido prestes


a fugir ao menor movimento.

Sua boca abriu e fechou várias vezes, mas nenhum som


saiu além de suspiros e soluços sufocados.

Percebi o quão certo eu estava em me preocupar com a


Luna.

Tive a sensação de que algo estava errado. . mas nunca


esperava isso.

De repente, a Luna estava se lançando inesperadamente


contra mim, seus braços à minha volta em um instante, seu
rosto no meu pescoço.

Eu podia sentir as lágrimas na minha pele enquanto seus


soluços se intensificavam.

Seu impulso me fez tropeçar para trás em choque, mas fui


capaz de ficar de pé.

Hesitando por apenas um segundo, passei meus braços em


volta dela e a puxei para mais perto.
Ela obviamente precisava de conforto agora, e eu estava
feliz por ser a pessoa que iria oferecê-lo.

— Ei, shh, — eu disse, passando a mão para cima e para


baixo em suas costas.

Eu não tinha certeza do que fazer. Parecia errado segurar


alguém que

não fosse meu companheiro assim, mas também certo, pois


era o que minha Luna precisava.

Eu permiti que ficássemos assim por um longo momento


antes de decidir que não podia mais esperar por uma
explicação.

Alguém a machucou. E eu ia fazê-lo pagar.

Primeiro, ela precisava de seu companheiro, mesmo que ele


fosse um lunático amante de vampiros.

— Ei, está tudo bem, tudo vai ficar bem.

Eu me inclinei para trás para tentar olhar para ela, mas ela
manteve a cabeça na minha nuca.

— Eu vou linkar o Alfa e ele vai te ajudar. Quem quer que


tenha feito isso com você vai sofrer graves consequências.
Tudo vai ficar bem, eu prometo.

Sua cabeça se ergueu e seus olhos fixaram-se nos meus no


momento em que mencionei o Alfa.

— Não! — ela gritou de medo. — Não, você não pode ligar


para Grayson mentalmente! Não posso vê-lo agora, não
posso, por favor, Kyle.

Por favor, não diga a ele.


Não querendo aborrecê-la ainda mais, eu balancei a cabeça
em concordância.

Se ela estava indo tão longe a ponto de me implorar, isso


apenas confirmaria meu medo: que o Alfa tivesse feito isso
com ela.

Meu respeito por Grayson tinha oficialmente atingido zero


quando olhei nos olhos exauridos de sua companheira.

— Ok, eu não vou contar a ele, — eu disse, — mas você


precisa me dizer o que diabos está acontecendo. Agora.

Eu precisava de respostas e não a deixaria sair até que as


conseguisse.

Ela balançou a cabeça, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Grayson, — ela engasgou, — Grayson, ele. .

Ela não terminou. Seus olhos se arregalaram e seu rosto se


contorceu de dor. Ela soltou um grito ensurdecedor e se
curvou.

— Luna! — Eu gritei.

Tentei ajudá-la a se levantar e perguntar o que havia de


errado, mas

ela continuou a se contorcer.

Ela coçava o pescoço e os braços, soluçando como se algo


desconhecido rastejasse em seu corpo e tentasse romper
sua pele com garras.

Foi horrível de ver.


Então, de repente, seus gritos pararam e sua mão agarrou
meu braço.

— Tem algo errado com Grayson, — disse ela.

Sim, sem brincadeira. Ele é um idiota.

Sem outra palavra, ela se virou e correu escada acima mais


rápido do que eu já tinha visto um humano correr.

Eu deveria a ter parado. Eu nunca deveria ter deixado ela


entrar naquele quarto.

Mas minha própria preocupação com o Alfa, por mais traidor


que ele fosse, bloqueou meu julgamento.

Então, em vez disso, segui a Luna até chegarmos ao quarto


do Alfa.

E eu vi quando seu coração se partiu.

Grayson estava sentado na beira da cama com uma mulher


nua em seu colo.

Nenhum deles olhou para cima quando entramos, muito


consumidos por seus corpos se roçando e se beijando sem
parar.

Eles não tinham começado a união ainda, mas era óbvio


que estavam prestes a fazer isso.

Eu olhei para a Luna em choque, mas ela não disse nada,


apenas olhou para seu companheiro — meu Alfa — se
preparando para fazer sexo com outra mulher.

Seu rosto estava sem expressão, mas ela estava pálida e


seu corpo balançava para frente e para trás.
Ela parecia que ia cair ou desmaiar a qualquer segundo.

Embora ela e Grayson nunca tivessem completado o


processo de união, ela sem dúvida sentiu sua alma sendo
partida em duas, no que era, provavelmente, a pior
sensação do mundo.

Eu não a deixaria ficar lá e assistir enquanto seu


companheiro, um homem que eu não reconhecia mais,
acasalava com outra pessoa.

Eu tinha que tirá-la daqui.

Pensei em pegá-la nos braços e sair correndo, mas não


consegui.

Eu estava cego demais pela raiva me dizendo para bater


Grayson até virar farelo, Alfa ou não.

O comportamento confuso da Luna nas últimas semanas


estava ficando claro.

Grayson havia batido nela. Provavelmente várias vezes. Ele


a estava negligenciando.

Não me admirava que parecia que ela não dormia há


semanas e tinha sido praticamente reduzida a um
esqueleto.

Eu não podia deixar Grayson fazer sexo com outra pessoa


sabendo que provavelmente iria matá-la.

Ela já tinha passado o suficiente. Ela merecia coisa melhor.

Eu tinha que impedi-lo, mesmo que isso significasse arriscar


minha vida e lutar contra ele.

Mas primeiro, eu tinha que tirar a Luna daqui.


Eu rapidamente fiquei na frente dela, bloqueando sua visão.

Felizmente, ela não tentou passar por mim, parecendo


muito fora do ar para sequer notar.

Eu agarrei seu rosto e inclinei sua cabeça em minha direção.

— Luna.

Ela apenas olhou para frente com um olhar vazio e morto.

Eu não fiquei surpreso; eu teria agido da mesma forma se


isso tivesse acontecido comigo. Mas eu tinha que continuar.

— Luna! Olhe para mim!

Lentamente, seus olhos brilhantes encontraram os meus.

— Você precisa sair daqui, — eu disse a ela no tom mais


urgente que pude criar.

Eu olhei para trás. Grayson estava agora indo mais longe


com a outra garota, de volta na cama, se beijando
ferozmente. .

O que diabos há de errado com ele?

Ele não se importa que sua companheira esteja no quarto


enquanto ele

está prestes a foder alguma outra garota?

A Luna ainda não estava respondendo, continuando a me


olhar sem realmente me ver.

Ela estava mesmo processando minhas palavras?


Para enfatizar meu ponto, eu a empurrei para trás apenas o
suficiente para fazê-la se mover.

Ela tropeçou em direção à porta.

Quando ela recuperou o equilíbrio, o transe pareceu


desaparecer e a névoa se dissipou de sua expressão.

Em vez de palavras, um soluço forte e despedaçado deixou


sua boca.

Meu coração se partiu. Eu sabia que ela estava finalmente


começando a entender o que estava acontecendo.

Que ela estava perdendo seu companheiro.

As lágrimas começaram novamente. Eu me aproximei


rapidamente.

Eu queria mais do que qualquer coisa puxá-la em meus


braços e abraçá-la até que ela parasse de chorar, mas
agora não era o momento.

— Eu sei. Eu sei, Luna — eu limpei suas bochechas — Eu sei


que você está se sentindo horrível, como se não pudesse se
mover, mas você precisa ir para o mais longe possível
daqui. Por favor, saia. Agora mesmo.

Vá. Agora.

Eu a empurrei novamente, desta vez com mais força.

Ela deu alguns passos para trás, mas não continuou; era
como se seus pés estivessem colados ao chão.

Seu corpo provavelmente estava procurando o conforto de


seu companheiro, sem saber que era ele quem estava
causando sua dor.
Ela não seria capaz de fazer isso sozinha, então. Ela iria
precisar de ajuda.

Elijah! Gritei para meu companheiro através do link mental.


Elijah, acorde!

Sua voz sonolenta respondeu.

O quê? A cozinha ficou sem café de novo? Não há


necessidade de ficar tão mal-humorado.

Elijah, preciso que você encontre a Luna ao pé da escada no


corredor da frente. Ela vai descer logo e vai precisar de
ajuda.

Engoli em seco, preparando-me para contar a ele os


detalhes sangrentos.

Não há muito tempo para explicar, mas o Alfa está se


unindo a outra pessoa e a Luna está com muita dor. Eu
preciso que você a leve para o mais longe que puder. Para
onde ela quiser ir depois disso — eu te encontrarei lá com
nossas coisas assim que puder.

A preocupação de Elijah no vínculo estava quase me


afogando.

Mas também senti determinação. Ele não fez perguntas. Ele


soube imediatamente o quão sério isso era.

Vou fazer o possível, disse ele.

Então eu voltei minha atenção para a frágil Luna.

— Sinto muito, Luna. Elijah vai encontrar você lá embaixo e


tirar você daqui. Você deve se mover.
Virei seu corpo e a cutuquei com a maior força até o
momento.

Por fim, com o impulso de que precisava, saiu cambaleando


do quarto, pelo corredor, em direção às escadas, sem olhar
para trás.

Escutei até ouvir a voz reconfortante de Elijah, pronto para


cuidar dela, e soltei um suspiro de alívio.

Então me virei para Grayson, pronto para fazer o que fosse


necessário para vingar a Luna.

Capítulo 52

Kyle

No segundo em que soube que a Luna estava segura aos


cuidados de Elijah, deixei meu lobo assumir o controle de
metade da minha mente.

Fazer isso não me transformou, mas permitiu que o poder


do meu lobo possuísse o meu corpo, me tornando maior e
mais forte.

Minha raiva me cegou para a razão enquanto meu olhar se


fixou em Grayson e a garota em seu colo.

Não tem volta agora.

Assim que estava na frente da cama, agarrei a garota e a


joguei no chão.

Ela caiu, deixando escapar um grito quando suas pernas


nuas rasparam contra o piso de madeira.

Eu não conseguia me sentir culpado por usar minha força


contra um lobo indefeso.
Ela sabia que estava traindo sua Luna e, portanto, sua
matilha.

— Saia daqui, — eu disse, agarrando suas roupas


amontoadas no chão e jogando-as para ela. — Fora!

Eu estava prestes a voltar para Grayson, pronto para lutar,


quando notei seus olhos.

Suas íris eram de um vermelho sangue escuro, antinatural.

Então eu observei, pasmo, enquanto seus olhos mudavam


para uma cor de avelã normal.

Ela franziu a testa enquanto seus olhos clareavam e


examinavam o quarto.

Ela olhou para as roupas que eu tinha jogado nela, como se


tivesse acabado de perceber que estava nua.

Seu rosto ficou pálido e ela abraçou a roupa contra o corpo,


tentando cobrir o máximo que possível.

Ela olhou para Grayson, que ainda estava na cama, apenas


com sua

boxer.

— O que. .?

Ela não terminou.

Com confusão tangível e constrangimento no ar, ela correu


para fora do quarto.

Seus terríveis olhos vermelhos passaram pela minha mente


quando me voltei para Grayson.
Eu não tinha tempo para considerar o que as íris vermelhas
significavam.

Talvez ela estivesse enfeitiçada? Talvez tivesse alguma


mutação genética?

Tudo que eu sabia era que nunca tinha visto nada parecido
— não em lobisomens, pelo menos.

Deitado na cama, Grayson rosnou alto para mim.

— Você acabou com a minha diversão, — ele disse


severamente. — Eu pensei que gamas deveriam ajudar seus
alfas. Você acabou desperdiçando uma oportunidade de
conquistar mais poder.

Ele tinha sido meu Alfa por vários anos.

Tive a sorte de vê-lo crescer como líder, desenvolvendo as


habilidades para tomar decisões difíceis e a compaixão para
guiar seu povo, independentemente das circunstâncias.

Nesse momento, olhando para um homem que eu não


reconhecia mais, que não poderia ser meu Alfa, percebi que
essas coisas pelas quais eu o idolatrava era tudo
encenação.

Tudo executado para obter e conservar poder.

Meu lobo avançou e assumiu o controle de minha mente e


ações. Nós só podíamos nos concentrar em uma coisa.

Vingar nossa Luna e obter vingança.

Meu punho voou antes que eu pudesse compreender


totalmente minhas ações.
Alimentado por raiva violenta, conectou-se ao rosto de
Grayson com mais força do que eu sabia que tinha em mim,
resultando em um barulho satisfatório.

Grayson deixou escapar um som de surpresa quando sua


cabeça voou para o lado.

Um ruído sibilante que eu nunca o tinha ouvido fazer antes


saiu de sua garganta.

Não lhe dei tempo para reagir enquanto reposicionava meu


braço para outro soco, na esperança de, com este, quebrar
seu nariz.

Mas então Grayson agarrou meu punho, parando meus


movimentos.

— Pare, — ele disse calmamente.

Seu tom estridente alcançou meus ouvidos e, como mágica,


imediatamente fez meu corpo congelar.

Eu grunhi de desconforto e choque — era como se eu fosse


feito de gelo, sólido e frio, arrepios correndo pela minha
espinha.

Eu não conseguia me mover, não importava o quanto


tentasse.

Meu lobo uivou na minha cabeça, querendo avançar e bater


contra o meu crânio para que pudesse sair.

Mas ele também estava completamente paralisado.

O pânico me envolveu. Como Grayson fez isso? Como isso


era possível?

Ele não estava olhando para mim.


Ele ainda estava com a cabeça virada para o lado, limpando
o sangue do canto da boca, e ele largou meu punho.

— O que diabos você fez comigo? — Eu fervi.

Tentei mais uma vez mover meu corpo, mas estava preso na
mesma posição, meu punho erguido.

Grayson esfregou o queixo.

— Você tem um soco e tanto, lobinho.

Meu lobo se irritou com o insulto.

— Eu posso ver por que ele queria que você fosse o beta
dele.

Eu mal estava ouvindo, muito focado em tentar mover meu


corpo.

— Deixa eu me mexer!

Ele balançou a cabeça, seus olhos finalmente encontrando


os meus.

Eles eram vermelho-sangue como os da garota.

Eu respirei fundo.

— Seus olhos, — sussurrei, — foi como você fez aquela


garota dormir com você. Você a estava controlando.

Ele riu baixinho, mas não respondeu.

Eu não precisava de confirmação. Eu sabia que estava


certo.
Grayson se levantou da cama e passou por mim até que eu
não pudesse mais vê-lo.

— Sua pequena explosão tem a ver com aquela menininha


morena, não é? — ele disse atrás de mim.

Menina morena.

Eu sabia que ele não tinha esquecido o nome dela. Ele


estava brincando comigo, tentando me irritar. Eu cerrei
meus dentes.

— Belle, — eu disse, — a garota que você estava prestes a


matar por estar se unindo com outra pessoa. Sua Luna.

— Ah, então, é aí que você está errado, meu garoto, — disse


Grayson.

Eu podia ouvir barulho atrás de mim, bem como abrir e


fechar gavetas.

Ele estava se vestindo.

— Aquela garota nunca teria sido minha Luna. Meu plano


era me unir a ela e me alimentar do poder do vínculo de
companheiro. Mas ela nunca foi digna de ser minha
companheira. Pequena e fraca. Uma humana.

A repulsa permeava seu tom.

— Não fomos feitos um para o outro. Até ela sabia disso. Foi
por isso que ela fugiu. Foi por isso que escolhi outra para a
união.

— Ela não fugiu, seu filho da puta, — eu rosnei. — Você a


afugentou.
Grayson estava na minha frente em um segundo, mais
rápido do que eu já tinha visto alguém se mover em minha
vida, agora totalmente vestido com jeans e uma camisa.

Eu pisquei, surpreso.

— Como. . — comecei a perguntar, mas fui silenciado por


um forte tapa no rosto. A dor se espalhou pela minha
bochecha.

— Lembre-se de com quem você está falando, lobo, — disse


Grayson, perigosamente calmo. — Você tem sorte de ainda
estar vivo.

Eu mostrei meus dentes.

Sua expressão severa se esvaiu enquanto ele me olhava


com interesse, olhando dos meus caninos para o meu
punho.

Eu ainda estaria pronto para atacar no momento em que


fosse libertado dessa porra de controle da mente.

Ele suspirou.

— Pare com isso — ele acenou com a mão com desdém e foi
embora

— você está me deixando nervoso.

A tensão em meu corpo foi liberada em um instante.

Meus braços se moveram para os lados e minhas pernas se


juntaram.

Eu estava em uma posição reta e encarando Grayson como


se fizesse parte do exército.
Grayson também me encarou. Eu não conseguia me mover,
mas meus músculos não estavam tensos, em preparação
para uma luta.

Grayson suspirou de frustração e cruzou os braços sobre o


peito, me observando de perto.

— Sua lealdade para com a Luna é impressionante. Isso


mostra sua bravura.

Ele fez uma careta.

— Sua lealdade para mim não é. Você me desafiou de boa


vontade e duvidou da minha decisão de tomar outra
companheira. Eu acreditava que os lobisomens tinham uma
devoção cega a seus alfas. Essa sua pequena façanha
provou que eu estava errado.

Ele esfregou o hematoma que se formava em seu queixo,


olhando-me de cima a baixo, avaliando meu corpo.

— Seja grato por eu estar disposto a deixar isso passar.


Você é um dos membros mais fortes da matilha e um bom
gama. Você não seria útil para mim morto. Mas esteja ciente
de que eu deixo você viver acreditando que você não vai
me desafiar novamente, lobo.

Eu abri minha boca para xingá-lo, para dizer a ele que ele
não era mais meu Alfa.

Mas um entendimento me parou.

Ele continuava me chamando de lobo. Jovem lobo. Pequeno


lobo.

Os nomes eram para ser depreciativos — mas eu era um


lobo, jovem e menor do que ele.
Estudei Grayson: olhos vermelhos, boca sibilante, a maneira
como ele podia de alguma forma me controlar apenas com
suas palavras.

Eu nunca tinha visto ele fazer nenhuma dessas coisas antes


deste momento. Eu não sabia que ele era capaz disso.

Nenhum lobisomem tinha poderes desse tipo.

Na verdade, havia apenas uma espécie que o fazia.

— Vampiro, — eu engasguei.

Os olhos vermelhos se arregalaram ligeiramente. O queixo


caiu. Um pequeno sorriso se formou nos lábios.

— Bem, — ele disse casualmente, inclinando a cabeça para


cada lado e estalando o pescoço, — bom para você. Eu
estava começando a me perguntar se alguém iria descobrir.

Ele riu e revirou os ombros.

— Uma pena, realmente. Eu estava me divertindo tanto.

Eu assisti, ainda incapacitado, quando Grayson se


transformou e mudou como se ele estivesse se
transformando em seu lobo.

Só que em vez de crescer e pelos brotarem, seu corpo


encolheu e mudou até haver um homem completamente
diferente na minha frente.

E não qualquer homem.

Azazel Mortar.

Capítulo 53
Kyle

Azazel Mortar era um dos maiores vampiros que eu tinha


visto em minha vida.

Ele tinha longos cabelos negros e uma barba bem raspada.

Seus olhos vermelhos eram mais escuros do que os de


Grayson ou da garota, perfurando minha alma, me dizendo
que ele era um sangue puro poderoso.

Eu me senti estúpido.

Como eu não poderia? Todos os sinais de alerta estavam lá,


apenas esperando que eu os notasse.

Eles não poderiam ter sido mais claros se estivessem me


mordendo na bunda.

Grayson não era Grayson no final das contas — bem, era


seu corpo, mas não era ele quem o controlava.

Era Azazel esse tempo todo.

Azazel riu enquanto esticava os braços e as pernas.

— Você não tem ideia de como é bom estar de volta ao meu


próprio corpo depois de ficar preso naquele cachorro
imundo por tantos meses.

Ele balançou a cabeça em desgosto.

— Por mais que eu tenha gostado do poder que o corpo de


Grayson me forneceu, nada ganha de sua própria pele.

Eu me ericei, apertando meus dentes.

— O que você fez com ele?


Eu estava lutando desesperadamente contra o controle da
mente que me impedia de me mexer.

— Onde está o Alfa Grayson?

— Shh, shh, shh, lobinho, — Azazel me provocou, dando um


passo à frente e dando tapinhas em minha bochecha.

Se eu pudesse mover qualquer outra coisa além da minha


boca, eu o teria mordido.

— Não se preocupe com o seu pobre Alfa. Ele ainda está


aqui.

Ele bateu em sua têmpora.

— Eu não seria capaz de usar seu corpo se ele não estivesse


vivo.

— Ele pode falar? — Eu perguntei. — Ele pode me ver?

De repente, Azazel sibilou, mostrando suas presas de


vampiro, obviamente com raiva.

Ele desviou os olhos de mim, seu olhar se fixando em algum


ponto da sala. Ele ficou em silêncio por um momento.

— Ele pode ver você. E ele pode falar, apenas comigo. Na


verdade, ele não cala a boca.

Eu poderia dizer que ele não estava mais falando comigo


sozinho.

Se tudo o que ele estava dizendo era verdade, Grayson


estava em sua mente e se comunicando com ele.

Quase sorri com o pensamento.


Se Grayson estivesse realmente presente e pudesse falar
com seu corpo ocupado, eu só poderia imaginar o quão
terrível era a conversa constante.

Eu não teria ficado surpreso se Azazel não tivesse tido um


momento de paz desde que tomou conta.

Azazel balançou a cabeça e sorriu calmamente para mim.

— Me perdoe. Ele acha que pode falar o quanto quiser,


agora que sua companheira se foi. Ele parece ter esquecido
que eu posso matar o resto de sua matilha com a mesma
facilidade. Você incluso.

Ele fez uma pausa, esperando por algo.

Meu melhor palpite era que ele estava esperando para ver
se Grayson continuaria a falar depois da ameaça que
acabara de fazer.

Depois de um segundo, o sorriso calmo e ameaçador se


alargou.

— Assim está melhor, — disse ele.

Grayson finalmente parara de falar. Azazel riu divertido.

— Seu Alfa se preocupa muito com sua matilha e


especialmente com

sua companheira. Talvez um pouco demais. Isso o deixou


fraco e, por isso, consigo controlar seu corpo com facilidade.
O preço que você paga pelo amor, suponho. Que preço caro.

Eu rosnei.

— Deixe ele ir. Você já tem seu clã vindo fazer guerra. Você
já tem todas as informações de que precisa para ter
sucesso. Libere seu controle em Alfa Grayson e lute a
batalha que você planejou. Só um covarde se esconderia no
corpo de alguém mais forte.

Azazel pareceu apenas um pouco chocado com a revelação


de que eu sabia de seus planos.

— Então foi você que mexeu nas minhas coisas ontem.

Ele riu sombriamente.

— Você é mais inteligente do que parece, jovem gama. Eu


subestimei você.

— Eu conheço meu Alfa, — respondi com veemência, — e


você não é ele.

Sua expressão se transformou em uma carranca


zombeteira.

— Oh, poxa. Aqui estava eu, pensando que estava fazendo


um trabalho tão bom agindo como o poderoso Alfa Grayson.

Ele zombou de seu nome.

— Afinal, eu tenho acesso a cada pensamento em sua


mente.

Ele deixou cair os ombros fingindo tristeza.

— Ah bem. Posso viver com o fato de que não posso agir


como um cachorro.

Meu lobo fez pressão. Eu podia sentir meus olhos ficando


pretos com sua presença. Ele queria sair.

— Acalme seu lobo, — Azazel disse com desdém, — não há


necessidade disso. Tudo isso acabará em breve. Preciso do
seu Alfa por mais alguns dias, e então prometo que partirei.
Eu irei garantir que Alfa Grayson morra da maneira mais
honrosa possível, mas somente depois que ele disser a sua
matilha para entregar suas vidas ao clã de Azazel e lutar ao
lado deles pelo trono.

— Eles nunca fariam isso, — eu rosnei, — lutar ao lado de


vampiros

nojentos.

— É realmente triste.

Azazel me circundou, ignorando completamente minha


última afirmação.

— Você teria sido um fantástico braço direito para mim.


Você me impressionou nos últimos meses. Mas eu não
posso deixar você contar meu segredinho agora, posso?

Ele se moveu como um borrão, jogando-me no chão em um


único movimento gracioso.

Eu estava indefeso enquanto meu corpo caiu para trás.

Então Azazel estava ao meu lado no chão com aquele


sorriso maligno.

— Deixa eu me mexer! — Eu gritei. — Pare de ser covarde e


lute contra mim sem limitações!

Ele riu.

— Oh, meu garoto. Eu sou tudo menos um covarde.

E suas presas mergulharam em minha garganta.

Eu soube naquele momento que iria morrer.


Eu não tinha como impedi-lo de sugar até a última gota do
meu sangue.

Não havia esperança.

Eu só podia tentar me convencer de que fiz o suficiente


para manter minha matilha a salvo da batalha que viria
amanhã, que o rei vampiro havia recebido minha
mensagem e estava a caminho para ajudar.

Aos poucos, eu pude sentir minha energia me deixar com


cada gota de sangue que Azazel sugava.

Meu lobo lutou contra a barreira que nos impedia de nos


mover, mas não adiantou — ele também estava perdendo
as forças rapidamente.

Pensei em estender a mão para Elijah. Eu queria dizer a ele


o quanto eu o amava.

Até agora, eu estava bloqueando minha mente, garantindo


que ele não sentisse o que eu senti durante a noite.

Mas eu não podia morrer sem lhe dar uma explicação.

Ele merecia ouvir minha voz mais uma vez e saber o quanto
eu o amava.

Talvez ele pudesse até ser o único que conseguiria salvar a


matilha.

Nuvens negras começaram a se fechar em minha visão, e


eu estava prestes a abrir minha mente para falar Elijah uma
última vez.

Então Azazel foi tirado de cima de mim.

Capítulo 54
Kyle

Os dentes de Azazel foram arrancados da minha garganta,


rasgando minha pele.

Eu gritei de dor, sangue vazando da ferida agora muito


maior.

— Ajude-o, — disse uma voz profunda do outro lado da sala.

O rosto de uma menina muito pequena apareceu de repente


na minha frente.

Ela obviamente não era a dona da voz grave.

Ela se ajoelhou em cima de mim. Ela tinha cabelo castanho


curto e olhos vermelho-sangue.

Outro vampiro. Ótimo.

— Olá, — disse sua voz estridente, — você pode se mover


agora.

Meu corpo relaxou quando minha mente foi liberada do


poder de Azazel.

Eu gemi alto de alívio, mas me arrependi imediatamente


quando a dor percorreu meu corpo.

Parecia que eu tinha malhado por três dias seguidos,


dolorido e fraco por meus próprios comandos.

Mesmo que eu estivesse aliviado por poder me mover


novamente, a pequena vampira de olhos vermelhos
ajoelhada acima de mim se tornou meu foco principal.

Sua habilidade de me dobrar à sua vontade apenas com sua


voz me disse que ela também era uma Mortar.
Fodidamente fantástico.

Minha mão imediatamente foi para a ferida em meu


pescoço e saiu coberta de sangue.

Eu estremeci, meu mundo girando com a visão — ou talvez


com a perda de sangue.

De qualquer forma, isso não poderia ser bom.

Coloquei minha mão de volta sobre o ferimento para tentar


estancar o sangramento.

A garota vampira se retraiu enquanto me observava.

— Oh, isso não parece muito bom.

Ela tocou a mão que cobria o ferimento.

— Aqui, deixe-me ajudar.

— Não me toque, Mortar, — eu cuspi, me inclinando para


longe dela.

— Você está aqui para ajudar Azazel?

— Por Deus, não. — Ela sorriu abertamente. — Eu sou um


dos mocinhos.

Não tive tempo para processar totalmente o que isso


significava.

Grunhidos e gritos podiam ser ouvidos do lado de fora da


sala, no corredor.

Merda, o que aconteceu com Azazel? Ele escapou? Ele está


machucando os membros da matilha?
Tentei me sentar.

— Onde está Azazel? — Eu perguntei roucamente.

A garota engasgou enquanto eu grunhia de dor e tentava


me levantar.

— Ah não! Você não deveria fazer isso!

Ela colocou as mãos no meu peito e me empurrou de costas


mais uma vez.

Eu estalei meus dentes para ela, tentando morder suas


mãos de vampiro imundas.

— Não me toque, porra.

— Oh, uau, você é forte, — disse ela enquanto eu lutava


contra ela, —

mas você tem que parar de se mover.

E, simplesmente assim, eu estava congelado novamente.

Meu olhar encontrou o dela.

— Pare de usar seus poderes de Mortar em mim, — eu


grunhi. — Lute e me machuque se quiser me incapacitar.

— Olha, — ela disse, e eu pude detectar preocupação em


sua voz, —

eu precisava que você parasse de se mover para que eu


pudesse te curar.

Acredite em mim, eu não usaria meus poderes se não fosse


necessário.
Minha visão estava começando a ficar turva. Fechei meus
olhos com força. Meu pescoço doía pra caralho.

— Vejo que você já passou por muita coisa, — disse ela, —


mas não precisa mais se preocupar.

Eu não me importava com o que ela pensava.

Eu precisava que vampiros reais parassem de assumir o


controle do meu corpo para que eu pudesse chutar alguns
traseiros.

Observei quando ela levou o dedo indicador à boca e o


pressionou em uma de suas presas, rompendo a pele.

Ela apertou a ponta até que uma gota de sangue saiu.

Então ela enfiou o dedo na minha boca.

Eu engasguei e lutei enquanto ela enfiava bem no fundo da


minha boca.

Eu provei sangue de vampiro, o sabor metálico de cobre


tomando conta dos meus sentidos, e engasguei.

— Sinto muito, sinto muito, — ela repetiu, baixo e calmante,


enquanto continuava a mover o dedo.

Mordi seu dedo.

— Ai! Ei, não me morda!

Para meu desdém, minha mandíbula se abriu ao seu


comando.

Mais alguns segundos e ela finalmente tirou a mão. Eu tossi.


Uma sensação de formigamento começou a percorrer meu
corpo: não doeu, mas foi desconfortável e invasivo.

Eu não gostei disso.

Eu entrei em pânico enquanto olhava para a garota.

— O que diabos você fez comigo?

Ela estremeceu com o meu tom áspero.

— Desculpe, — ela disse mais uma vez.

Decidi que se ela não parasse de se desculpar, eu enfiaria


meu dedo em sua boca.

— Espere um segundo.

De repente, a dor parou.

Meus músculos relaxaram e a dor do hematoma na minha


bochecha desapareceu.

Eu podia sentir a pele sob minha mão se remendando.

Eu arfei quando a pele se moveu sob minha palma,


esticando-se até cobrir a ferida.

Minha visão clareou. A energia fluiu por mim.

Eu me senti incrível.

A garota sorriu amplamente com a minha expressão


chocada, seus olhos vermelhos brilhando.

— Adoro ver as pessoas serem curadas pela primeira vez.

Poderia ser? Ela me curou?


Eu tinha ouvido histórias de vampiros e suas habilidades
insanas, mas nunca nada sobre sangue mágico de dedo.

Tentei me sentar e me mover para confirmar, mas ainda não


conseguia me mexer.

Suspirei de frustração.

A garota percebeu meu dilema.

— Que tal: vou deixar você se mexer se prometer que não


vai me morder de novo.

Ela acenou com o dedo, o que tinha a marca de meus


dentes.

Eu revirei meus olhos.

— Sim, claro, eu prometo.

Seus olhos se estreitaram, cautelosos, mas ela cedeu.

— OK. Você pode se mover.

A tensão foi liberada mais uma vez. Suspirei de alívio,


sentando-me e girando meu pescoço e ombros.

— Como você fez isso? — Eu perguntei.

A garota estendeu a mão para eu apertar.

— Amelia Mortar. Todo mundo me chama de Minnie. Quarta


filha do rei Zagan e curandeira do clã real.

Quando eu não apertei a mão dela, ela pegou a minha.

— Você deve ser Kyle King, o beta da matilha de lobisomem


mais poderosa do mundo. Estou tão feliz em conhecê-lo.
Fiquei chocado, para dizer o mínimo.

Ela sabia quem eu era. Era ruim eu nunca ter ouvido falar
dela?

— Uh, sim, igualmente. Você entendeu uma coisa errada, no


entanto.

Eu sou o gama, não o beta. Adalee Johnson é a beta.

Minnie balançou a cabeça.

— Eu não estou errada. Você é o verdadeiro beta desta


matilha.

Adalee Aude. .

Ela enfatizou o sobrenome, que eu nunca tinha ouvido junto


a Adalee antes.

— Usou seus poderes para se tornar beta, mas na verdade


não merece o título. Eu deveria saber. Ela é minha prima em
segundo grau.

O quê?

— Espere. . Adalee é uma Mortar?

Minnie franziu a testa.

— Bem, na verdade não. Ela é majoritariamente lobisomem


porque seu pai é — bem, era — o Beta Carl Aude, que era
meio vampiro. Então ela obteve o gene do vampiro da
linhagem sanguínea da família Mortar.

Eu estava tentando fazer com que minha cabeça


entendesse tudo isso.
— Whoa, whoa, whoa, espera. Rebobina. O pai de Adalee é
Carl Aude? Tipo, o Carl Aude?

Ela não teve chance de responder.

Ouviu-se o som de vidro quebrando em algum lugar da


casa.

Minnie olhou por cima do ombro e eu me levantei.

Agora o som de sibilos e gritos. Isso só poderia significar


uma coisa.

— Mais vampiros, — eu disse.

Eu podia sentir sua presença. E meu lobo e eu odiávamos


isso.

— Você provavelmente está certo, — disse Minnie, me


seguindo em direção ao barulho, — esta pode não ser a
melhor hora para falar sobre a boa e velha árvore
genealógica.

Meu coração batia forte quando nos deparamos com uma


janela quebrada no terceiro andar da casa da matilha Os
membros da matilha se aglomeravam em seus pijamas,
provavelmente acordados pelo barulho.

Rosnei para chamar a atenção deles.

— Todos de volta para seus quartos! — Eu ordenei.

Eles não tiveram escolha a não ser me obedecer,


especialmente quando eu usei meu tom especial de Gama
— bem, Beta.

Era para ser usado apenas em emergências, e eu


oficialmente considerava este momento uma emergência.
Eu linkei mentalmente o resto da matilha, dizendo-lhes para
ficarem dentro de casa até novo aviso.

Eu podia ouvir todos correndo para seus quartos, para se


protegerem.

Eu provavelmente os tinha assustado e até mesmo


acordado alguns deles, mas não me importava, contanto
que estivessem a salvo.

— Uau, — murmurou Minnie, — isso é muito legal. Nunca


consigo fazer com que ninguém me escute.

Ignorando o comentário constante, corri para a janela e


olhei para o chão da floresta.

Alguém obviamente havia caído para fora da janela,


quebrando-a no processo.

Na neve estava o corpo de Grayson — com Azazel dentro.

Ele estava lutando contra outro homem com o mesmo


cabelo escuro, vestindo o traje real dos vampiros.

— Oh meu Deus, — eu sussurrei.

Zagan Mortar, rei dos vampiros, estava no território da


minha matilha.

Eu poderia estar uma de duas coisas agora:

Em êxtase por ele obviamente ter recebido minha carta e


ter vindo ajudar.

Ou com medo de que os dois vampiros mais poderosos do


mundo estivessem brigando no meu gramado.

Capítulo 55
Kyle

Corri pelo corredor em direção à porta da frente.

Do lado de fora, Azazel e Zagan travavam uma luta até a


morte.

— Ei, eu não faria isso se fosse você!

Minnie estava alguns passos atrás de mim.

— Eles não se veem há anos, e você não quer ficar entre


eles.

— Eu não dou a mínima, — eu disse, — aquele é o meu Alfa.


Se Zagan matar Azazel no corpo de Grayson, Grayson
morrerá também. Isso não pode acontecer.

Eu fui para a porta da frente e corri para a neve,


instantaneamente desejando estar usando qualquer outro
sapato sem ser chinelos.

Eu não conseguia acreditar que teria a batalha da minha


vida de pijamas.

Azazel e Zagan eram um borrão de movimento e partes do


corpo enquanto eu me aproximava, usando minha energia
recém-recebida por causa da cura de Minnie para me
impulsionar.

Eu estava prestes a ajudar Grayson quando. .

— Pare! — Minnie gritou.

— Você deve estar de brincadeira, — grunhi enquanto


minhas pernas travaram.

Eu estava realmente ficando irritado com esses vampiros.


— Me solta, sua Mortar estúpida!

Minnie estava na minha frente em um piscar de olhos,


segurando o rosto nas mãos.

— Desculpe, desculpe, mas você salvar seu Alfa não faz


parte do plano. E você não quer atrapalhar um dos planos
do meu pai. Ele não é um homem muito misericordioso.

Minha mandíbula se apertou de raiva.

Eu não me importava com o plano estúpido. Grayson não


podia morrer.

— Deixe-me ir agora, ou juro por Deus que sua garganta


será a primeira que vou arrancar quando eu assumir o
controle do meu corpo.

O queixo de Minnie caiu.

— Que rude.

Ela cruzou os braços e fez uma careta.

— Você apenas se certificou de que não será solto por um


bom tempo.

BOOM.

Meu olhar voou para cima do ombro de Minnie.

Zagan esmagou Azazel em um grande carvalho,


estilhaçando-o e quebrando-o.

Eles caíram. Azazel, no corpo de Grayson, caiu no chão,


cuspindo sangue.
Mas não parou por aí. A luta continuou, com eles se
movendo em um borrão que eu mal conseguia acompanhar.

Seus movimentos graciosos eram poderosos e bem


pensados.

Era óbvio que ambos eram extremamente bem treinados


em combate.

Zagan não estava pegando leve com Azazel e logo dominou


a batalha, arremessando Azazel como uma boneca de pano.

A cada movimento, Azazel ficava mais fraco e menos capaz


de contra-atacar.

Eu estava assistindo meu Alfa, a quem eu era incapaz de


ajudar, ser espancado até a morte.

Azazel tinha escolhido lutar no corpo de Grayson para o


caso de Zagan vencer.

Porque se Zagan o derrotasse agora, Azazel seria capaz de


deixar o corpo de Grayson com o seu intacto.

Estava ficando claro muito rápido que esse seria o caso.

Azazel iria perder e Grayson iria morrer.

Finalmente Zagan ergueu Azazel do chão, segurando-o pelo


pescoço.

Ele saltou alto no ar e forçou Azazel a recuar com uma força


poderosa, acertando um grande galho de árvore nas costas
de Grayson e atravessando seu peito.

Azazel engasgou quando o galho perfurou seu tórax.

Ele estava preso na árvore, a seis metros de altura.


A batalha acabou. Zagan havia vencido.

— Não! — Eu gritei.

Eu lutei mais do que nunca para me libertar do controle


vampírico de Minnie.

Eu tinha que me libertar. Eu precisava.

Grayson teria sua vida tirada dele.

Quase não percebi a mãozinha de Minnie em meu ombro.

— Vai ficar tudo bem. Não se preocupe.

Então eu olhei para ela. Havia confiança genuína em sua


expressão.

Ela acreditava em suas palavras.

Eu gostaria de ter a mesma confiança.

— Não vou deixá-lo morrer, — disse ela.

Outro barulho alto.

Zagan saltou da árvore e pousou no chão.

Ele olhou para Azazel, que sibilou para o grande galho em


seu peito.

— Você ficou forte, irmão, — disse ele a Zagan, cuspindo


sangue. —

Ninguém iria saber que você era um garotinho fraco que só


poderia sonhar em ser rei.
Zagan sustentou o olhar severo de seu irmão com um ainda
mais severo.

— Deixe este corpo agora ou morra com ele, Azazel. Pare de


se esconder no corpo de outra pessoa como um covarde.
Saia e lute comigo da maneira que você tentou evitar há
tantos anos. Do jeito que você me deve.

Azazel sorriu fracamente. O corpo de Grayson estava


ficando sem tempo.

— Você terá sua luta, Rei Zagan, — disse ele, cuspindo o


título como

se fosse um insulto, — mas não hoje.

Poeira negra surgiu, espalhando-se no ar, girando e girando


até que finalmente voou para a floresta.

Grayson caiu contra a árvore, sustentado pelo galho alojado


em seu peito.

Azazel havia deixado o corpo de Grayson.

Capítulo 56

Kyle

— Alfa! — Eu gritei de horror.

O corpo sem vida de Grayson tombou sobre o galho da


árvore a seis metros de altura.

Ele ainda não estava morto — eu teria sentido se ele


estivesse — mas ele estava perto. Muito, muito perto.

Eu podia sentir a vida deixando seu corpo como se fosse a


minha.
Minnie, que estava segurando meu ombro, acenou com a
cabeça.

— Vai.

Meu corpo foi liberado das restrições e eu não perdi tempo


correndo para Grayson.

— Precisamos trazê-lo para baixo! — Eu gritei.

Ele estava muito alto para eu alcançar. Um vampiro poderia


facilmente pular e pegá-lo, mas lobisomens não conseguiam
subir em árvores.

Eu olhei para o rei vampiro.

— Ajudem-no!

Não me importava que estivesse tentando dar ordens a um


homem muito mais poderoso do que eu.

Se ele matasse meu Alfa por causa de alguma disputa


familiar, eu não hesitaria em libertar meu lobo.

Zagan acenou com a cabeça uma vez.

— Casimir.

Outro vampiro, um que eu não tinha notado até aquele


momento, deu um passo à frente.

Ele se parecia com Minnie e Zagan — o mesmo cabelo


preto, feições escuras e olhos vermelhos.

Deve ser outro filho de Zagan. Um príncipe vampiro.

Casimir acenou com a cabeça, então, em um movimento


rápido, saltou graciosamente no galho da árvore.
Ele olhou para mim.

— Esteja pronto para pegá-lo.

Eu balancei a cabeça rapidamente.

Casimir pulou no galho com força suficiente para quebrá-lo


ao meio.

Grayson caiu com ele ainda alojado em seu peito.

Eu o peguei e o deitei o mais suavemente possível.

Zagan se aproximou de Grayson lentamente, seus olhos em


mim.

— Posso? — ele perguntou, apontando para Grayson.

Meu lobo rosnou em minha mente.

Nenhum de nós queria este vampiro imundo perto de nosso


Alfa enfraquecido — vampiros eram a razão de estarmos
nessa bagunça em primeiro lugar.

Mas Zagan Mortar ainda não tinha feito nada que não fosse
de confiança.

Na verdade, ele pode ser a razão de minha matilha estar


viva e intacta amanhã.

Eu balancei a cabeça lentamente, dando permissão a Zagan


para se aproximar.

Ele agarrou o galho e gesticulou para que eu fizesse o


mesmo.

Juntos, conseguimos puxar o galho do peito de Grayson e


jogá-lo para o lado.
Mesmo em seu estado inconsciente, Grayson gemeu de dor,
seu rosto se contorcendo.

Estremeci com o buraco do tamanho de uma bola de


beisebol em seu peito, seu sangue escorrendo pela neve
branca.

Meu lobo choramingou, se forçando contra a frente do meu


crânio para ver através de meus olhos.

Seria um milagre se o Alfa sobrevivesse.

Zagan não perdeu um segundo.

— Minnie.

Ela assentiu e, assim como tinha feito comigo, colocou a


ponta do dedo indicador na presa e tirou sangue.

Mas Grayson não lutou quando ela colocou o dedo em sua


boca.

Em vez disso, ele fechou a boca em torno dele, bebendo


avidamente.

Nunca estive mais grato pelo sangue mágico de dedo em


toda a minha vida.

Minnie demorou um minuto para remover o dedo e dar um


passo para trás.

Grayson ainda não estava se movendo. Ele estava


inconsciente, o grande buraco em seu peito não se
remendando como tinha acontecido com as minhas feridas
por causa do sangue de Minnie em meu sistema.

Ele não estava se curando. Nada estava acontecendo.


Comecei a entrar em pânico. Ele já tinha partido?

Meu coração batia tão rápido que eu podia ouvir em meus


ouvidos.

Eu me virei para Minnie ansiosamente.

— Por que não está acontecendo nada?

— Vai demorar um pouco.

Ela deu seu sorriso mais reconfortante.

— Suas feridas são profundas, tanto físicas quanto


psicológicas. Dê um tempo antes de tirar conclusões
precipitadas.

Eu rosnei baixinho. Eu não queria dar um tempo. Eu queria


saber se teríamos que viver sem nosso Alfa.

— Faça de novo, — eu disse. — Ele precisa viver.

Ela não respondeu, apenas olhou para baixo com tristeza.

Zagan se agachou do outro lado de Grayson, inspecionando-


o.

Eu quase gritei com ele, meus instintos de proteção vindo à


tona.

— Seu Alfa é forte, — ele comentou.

Quase zombei da obviedade da observação.

— Mais forte do que qualquer um que eu já conheci,


vampiro ou lobo.
Não existem muitos por aí que seriam capazes de aguentar
o controle corporal por tanto tempo. Você mesmo sentiu
quando Azazel comandou você — você se tornou fraco e
fragmentado.

Ele balançou a cabeça, uma expressão sombria vindo sobre


ele.

— A maioria não aguentaria mais do que uma ou duas


semanas sendo controlado assim. Seu Alfa durou dois
meses. É surpreendente que ele não esteja morto.

Respeito e admiração genuínos brilhavam em seu rosto


enquanto observava Grayson de perto.

Então ele olhou para mim e acenou com a cabeça uma vez.

— Não se preocupe, beta. Ficaria chocado se for isso que irá


matá-lo.

Fiquei em silêncio, preocupado demais para falar. Eu só


podia esperar que ele estivesse certo.

Zagan se levantou.

— Casimir.

Seu filho deu um passo à frente.

— Onde está Adalee?

Meu olhar saltou para cima para olhar para eles.

Eles estão procurando por Adalee?

Casimir balançou a cabeça.


— Procurei por ela em todos os lugares. Ela não está nas
terras da matilha. Seu cheiro é fresco, porém, ela não
poderia ter ido por mais de uma hora antes de chegarmos.

Zagan suspirou.

— Uma covarde como o avô, pelo que vejo.

Eu falei.

— É possível que ela tenha acabado de passar pela fronteira


na floresta? Meu companheiro está lá fora com a Luna.
Posso pedir a ele que procure por ela no caminho de volta.

— A companheira do Alfa Grayson ainda está por perto? —


Zagan perguntou.

— Nós. . estávamos tentando tirá-la daqui antes que Azazel


a machucasse.

Eu me encolhi com a memória das lágrimas em suas


bochechas machucadas.

— Eles não vão demorar muito para voltar depois que eu


explicar o que está acontecendo. A Luna ficará bastante
aliviada.

Zagan balançou a cabeça.

— Não. A companheira do Alfa não pode voltar. Isso só vai


distraí-lo da batalha.

Eu me levantei, sem gostar do que ele estava dizendo.

De jeito nenhum eu deixaria a Luna continuar pensando do


jeito que estava, pensando que Grayson a odiava.
Ela precisava estar com ele como ele mesmo, não a versão
de Azazel dele.

E o Alfa precisava dela ao seu lado.

— Com todo o respeito, senhor, o senhor não conhece a


situação. Os companheiros são mais fortes quando estão
por perto. O Alfa precisa dela para ter sucesso na batalha.

Se ele sobreviver à noite, claro.

— Não neste caso, — Minnie guinchou atrás de mim.

Eu olhei pra ela.

— Eles estão separados há muito tempo, — ela insistiu. —


Se o Alfa ou, eu acho, Azazel — machucar a Luna
gravemente, o lobo do Alfa Grayson ficará louco no
momento que ele acordar. Ele não vai sair do lado dela.
Mesmo com uma guerra acontecendo ao seu redor. É mais
seguro para os dois se ela ficar longe.

— Minnie está certa, jovem beta, — Zagan interrompeu. —

Precisamos do Alfa Grayson presente durante a batalha. Sua


matilha precisa de seu líder.

— Mas o Alfa nunca permitirá isso, — eu retruquei. — Você


não o viu com a Luna — ele é louco por ela. Ele nem vai
falar com você até que ele a tenha ao seu lado. Mesmo que
isso signifique sair agora, no pior momento possível para
encontrá-la. Nós devemos trazê-la de volta agora.

Zagan aparentemente não iria recuar.

— Alfa Grayson irá permitir porque ele sabe que esta guerra
só colocará sua companheira humana em perigo. Ele sabe
que ela está melhor em algum lugar longe, onde Azazel não
poderá usá-la como isca.

Se Azazel colocar as mãos nela amanhã, tudo estará


acabado. Ela vai morrer e nós vamos perder.

Ele suspirou.

— Eu sei que você quer proteger sua Luna. A melhor


maneira de fazer isso é mantê-la afastada. E se você não
acredita em mim, espere até o Alfa acordar. Deixe ele
decidir. Garanto que ele dirá o mesmo que eu. Ele é
inteligente e sabe que uma boa liderança envolve
sacrifícios.

Por mais que eu odiasse admitir, Zagan estava certo.

Grayson provavelmente tomaria essa decisão se estivesse


consciente, mesmo que partisse seu coração.

Colocar a Luna em perigo era a última coisa que ele iria


querer.

Eu balancei a cabeça solenemente.

— Está bem. Vamos esperar. Vou atualizar meu


companheiro sem dizer a ele para trazer a Luna de volta.
Vamos deixar o Alfa decidir quando acordar.

— Não, — disse Zagan novamente.

Eu levantei uma sobrancelha.

Este vampiro realmente acha que sabe tudo, não é?

— Você vai dizer ao seu companheiro para voltar para a


casa da matilha e deixar a Luna.
Eu fiquei boquiaberto.

Ele estava louco? Eu não ia dizer a Elijah para deixar Belle


sozinha em seu momento mais vulnerável.

— Eu sinto muito, de jeito nenhum. A Luna precisa de


alguém agora.

Ele vai ficar com ela.

Zagan balançou a cabeça.

— O Alfa não será capaz de resistir à tentação de ir para sua


companheira se ele puder facilmente perguntar a um
membro da matilha onde ela está através do link mental. E
a Luna não será capaz de resistir à tentação de voltar para o
Alfa se perceber que seu companheiro sabe de algo. Você
vai dizer a seu companheiro para voltar à casa da matilha.
Você usará sua patente se for necessário. E ele vai deixar a
Luna para trás, onde ela estará segura.

O peso familiar do comando de um Mortar envolveu meu


corpo.

Ele não estava sugerindo que eu fizesse isso — ele estava


mandando.

— Você está me comandando para manipular meu próprio


companheiro com meu status? Para deixar a Luna sozinha
quando ela mais precisa de alguém?

Os olhos de Zagan se estreitaram quando ele reconheceu a


ameaça em minha voz.

— Parece que você não está me dando escolha.

Meu lobo rosnou, o som reverberando pela minha boca.


Nenhum de nós gostava do fato de que um bando de
vampiros continuava nos dizendo o que fazer e exercendo
seu poder sobre nós.

— Faça agora, — disse Zagan, — antes que o Alfa acorde.

Rosnei novamente, tentando lutar contra o comando e


falhando. Eu tive que fazer o que ele me disse.

Olhando feio mais uma vez, abri minha mente para o meu
companheiro.

Elijah.

Kyle!

A resposta imediata do meu companheiro passou pela


minha mente.

Só o som de sua voz já acalmava meus nervos.

Você está bem? O que aconteceu?

Estou bem. Está tudo bem, respondi rapidamente. Eu não


tenho muito tempo. Apenas saiba que o que estou prestes a
dizer não vem de mim. Eu tenho três vampiros muito
poderosos na minha frente me dizendo o que dizer.

Não tenho outra opção a não ser ouvir.

Para seu crédito, Elijah só parou por meio segundo para


processar o que eu disse.

O quê? O que diabos você quer dizer? Eles te machucaram?


Você está bem?

— Em voz alta, — Zagan exigiu, — quero ouvir o que você


está dizendo a ele.
Eu rosnei, querendo nada mais do que dar meu próprio
conjunto de comandos para ele pular de um penhasco.

— Você tem que voltar para a casa da matilha, — eu disse


através do link, falando em voz alta para que todos ao meu
redor pudessem ouvir.

— E você tem que deixar a Luna para trás.

Senti a raiva e a confusão de Elijah por meio do vínculo.

Eu não vou fazer isso. Ela precisa de mim. Ela está


desmoronando.

— O que ele está dizendo? — Zagan perguntou.

— Ele não quer deixá-la. A Luna não está bem.

Zagan acenou com a cabeça.

— Use seu tom de beta nele.

Eu balancei minha cabeça, lutando contra seu comando.

— Não me obrigue a fazer isso. Por favor. A Luna precisa de


Elijah agora. .

Os olhos de Zagan se estreitaram.

— Faça como eu digo.

Elijah não iria gostar disso.

Respirando fundo, eu disse:

— Como seu beta, ordeno que deixe a Luna e volte para


casa da matilha.
Dá licença?

Eu estremeci. Sim, ele estava chateado.

Você nem mesmo é um beta! E você não vai usar o seu


status para cima de mim. Principalmente com um pedido
tão ridículo quanto esse. Retire o que disse.

Eu não posso voltar atrás, eu disse a ele entre nós dois.


Você tem que fazer isso. Acredite em mim, eu odeio isso
tanto quanto você. Mas é um comando de um Mortar. Zagan
Mortar, o rei vampiro.

Você está com Zagan Mortar?

Elijah ficou pasmo.

É isso que você estava escondendo de mim? Você está se


comunicando com vampiros? O Alfa decidiu isso?

Bem... mais ou menos, eu acho.

A raiva de Elijah aumentou através do vínculo.

Essa é a coisa mais estúpida que já ouvi. Como você pôde


deixar o rei vampiro entrar no território da matilha? Talvez
vocês devessem convidar o Azazel Mortar também. Faça
uma festa!

Eu quase ri. Se ele soubesse.

— Em voz alta! — Zagan disse. — Tenha o resto da conversa


em voz alta. Diga a ele para voltar, agora, em seu tom de
Beta.

Eu cerrei meus dentes.


— Sinto muito, Elijah, — comecei, — mas como seu beta eu
ordeno que você venha para a casa da matilha e deixe a
Luna.

Eu não vou deixá-la sem dar a ela algum tipo de explicação.

Eu olhei para Zagan.

— Ele quer dar uma explicação a ela.

— Diga a ele que ele não pode. Ele não pode arriscar
preocupar a Luna e fazer com que ela o siga.

Eu podia sentir Elijah começando a falar com a Luna. Minha


boca se abriu de acordo com as ordens de Zagan.

— Pare! — Exclamei através da ligação mental.

Ele estava tentando explicar sobre os vampiros.

— Como seu beta, ordeno que não conte mais nada a ela.

Elijah lutou contra o comando, o que foi doloroso.

Desafiar o comando de um lobo de alto escalão ia contra


tudo em nossa natureza.

Kyle, por que você está fazendo isso? Pare. Por favor.

Meu lobo choramingou em minha mente. Estávamos


machucando nosso companheiro.

— Pare de lutar contra isso, Elijah, você está apenas se


machucando.

Ele não estava ouvindo — ele ainda estava tentando se


comunicar com a Luna e ir contra as ordens.
— Elijah, como seu beta, eu ordeno que você siga minhas
ordens. .

Eu não vou deixá-la! Ele rebateu com um rosnado tenso.

— Diga a ele que ela morrerá se vier com ele, — disse


Minnie. — Diga a ele que ela vai morrer a menos que vá
para o mais longe possível.

Eu balancei a cabeça em concordância.

— Ouça-me, Elijah. A Luna está em perigo. Há uma guerra


chegando, e ela não pode estar aqui. Por favor, confie em
mim. Isso é o melhor.

Volte.

Que guerra?

— Diga a ele para parar de preocupá-la — disse Casimir.

Oh, ótimo, outro vampiro me dizendo o que fazer com seus


estúpidos poderes mentais.

— Diga a ele para dizer que tem que voltar para a casa da
matilha, colocar seu melhor sorriso e ir embora. Diga a ele
para não dizer mais nada sobre o que está acontecendo.

A única razão pela qual fui tão rápido em seguir seu


comando desta vez foi porque eu queria desesperadamente
que a dor de Elijah parasse.

Ele precisava confiar em mim.

— Como seu beta. .

Eu cerrei meus dentes.


— Eu ordeno que você não preocupe a Luna. Diga a ela que
você tem que voltar para a casa da matilha. Então coloque
seu melhor sorriso e vá embora. Certifique-se de que ela
não está te seguindo, ou ela corre o risco de morrer. Por
favor, Elijah. É a única maneira de mantê-la segura.

Finalmente, eu senti sua determinação por meio do vínculo.

Minhas palavras o atingiram. Queríamos a mesma coisa.

— Ele está fazendo isso? — Minnie perguntou.

Eu concordei.

— Ele está deixando-a agora.

Eu me concentrei no vínculo de companheiro.

— Ela está tentando vir, mas ele a está impedindo.

Zagan acenou com a cabeça em aprovação.

— Bom.

Eu olhei para o Grayson inconsciente.

Nada havia mudado, mas ele ainda respirava, graças a


Deus.

Suspirei.

O Alfa, Elijah e a Luna estavam todos seguros. As coisas iam


ficar bem.

De repente, algo afiado cutucou o interior do meu lábio


inferior. Eu provei metal.

O que...?
Abri minha boca e toquei o interior do meu lábio inferior.

Eu olhei para o sangue do meu dedo em confusão. Como


isso aconteceu?

Então meus dentes começaram a se mover. Dor percorreu


meu rosto.

Eu gritei.

Tocando meus caninos, percebi que eles estavam ficando


maiores. E

mais afiados.

Na verdade, eles não eram mais caninos.

Eles eram presas.

— Oh, sim, — mencionou Minnie casualmente, —


provavelmente deveríamos te levar pra dentro e te deitar.
Sua transição está começando.

Capítulo 57

Grayson

Meu lobo estava praticamente gritando, me acordando de


um sono cheio de pesadelos.

Minha cabeça latejava enquanto ele gritava de desagrado,


me incentivando a acordar.

Eu gemi, mudando meu peso no colchão.

O que diabos está acontecendo? Onde estou?

— Alfa, — ouvi uma voz dizer ao longe, — Alfa, acorde.


Eu gemi de novo, querendo afastar a voz alta até que eu
descobrisse o que estava acontecendo.

Por que ele está gritando, afinal?

Algo estava errado. Tudo ao meu redor parecia mais macio,


mais duro, mais nítido, com mais textura do que nunca.

Eu agarrei os lençóis debaixo de mim, fechando minhas


mãos em punho neles.

Era como se eu pudesse sentir cada fio, tecido no desenho


intrincado que formava o lençol.

Havia odores estranhos no ar também; pessoas novas que


eu nunca tinha conhecido antes estavam na sala, deixando
vestígios de sangue e colônia amadeirada.

Sua potência me sobrecarregou, na verdade me fez querer


cobrir meu nariz.

Uma pequena mão tocou meu ombro.

— Alfa Grayson, você pode me ouvir? — Uma voz feminina


aguda disse.

Eu ignorei. Eu não gostei da voz. Eu não gostei do toque.

Meu lobo não calava a boca: ele ficava repetindo um nome


sem parar.

Gostava do nome. Eu gostava de como ele soava. Eu queria


continuar ouvindo.

Bel e. Bel e. Bel e. Bel e. Bel e! BELLE!

Meus olhos se abriram.


— Belle, — eu rosnei.

Tudo voltou em um instante.

Azazel. A guerra. Kyle. Belle.

Belle estava ferida. Eu precisava chegar até Belle.

— Alfa, — uma voz familiar disse ao meu lado, — graças a


Deus.

Achei que você tivesse tido um aneurisma ou algo assim.

Eu empurrei meu corpo para fora da cama, movendo-me


mais rápido do que eu esperava, praticamente voando no
ar.

Então eu me recompus. Eu não estivera em meu corpo por


um tempo; talvez eu tenha esquecido como usá-lo.

Meus olhos encontraram o que falava — Kyle — e


vasculharam a sala.

Várias pessoas aqui, nenhuma delas a que eu queria.

Minha raiva cega me guiou enquanto agarrei Kyle pelo


colarinho.

— Onde diabos está Belle? — Eu rosnei. Eu mal reconheci


minha própria voz — parecia mais baixa, assustadora até.

Meu lobo adicionava gravidade ao meu tom, mas ele não


era a única presença falando.

Havia algo que eu não reconhecia diretamente em meu


peito, sibilando, deixando minha respiração irregular e
tensa.
Sua alma era mais escura que a do meu lobo, e tão
poderosa quanto.

— Ela está segura, — Kyle respondeu imediatamente, — ela


está bem.

Isso não era bom o suficiente para mim.

— Onde? — Eu perguntei novamente, levantando-o do chão.


— Onde está minha companheira?

Kyle engoliu em seco. Eu podia ouvir sua saliva descer pela


garganta e chegar ao estômago. Estranho.

— Eu não sei, — disse ele em pesar genuíno, — Eu não sei.


Eu sinto muito.

O grunhido mais alto que eu já ouvi veio do meu lobo,


reverberando no meu peito e saindo da minha boca.

O chão e as paredes tremeram. Eu estava perto de me


transformar.

Pelos começaram a brotar de meus braços. Meus músculos


começaram a se alongar. Algo afiado perfurou o interior do
meu lábio inferior.

— Agora não é hora de se transformar, — disse uma voz


atrás de mim.

— Controle o seu lobo.

Não havia como confundir a onda poderosa que tomou


conta de mim.

Era o comando de um Mortar.


Meus músculos se contraíram enquanto esperava a ordem
tomar conta de mim e me forçar a seguir suas direções.

Para minha surpresa, isso nunca aconteceu.

Eu pausei. O comando do vampiro não funcionou.

E eu poderia dizer que nenhum comando vindo dele ou de


qualquer Mortar teria sucesso.

Como eu podia dizer isso, eu não tinha certeza, mas sentia


o domínio completo sobre minha mente e corpo — como se
um bloqueio mental permanente tivesse sido colocado.

A fúria correu por mim como fogo.

Eu me movi para encontrar os olhos do Mortar. Fiquei


surpreso por não ver o rosto de Azazel.

Em vez disso, eu estava olhando para Zagan Mortar, rei dos


vampiros.

Eu não tinha ideia do que ele estava fazendo parado no


meu quarto, mas não importava — pelo menos não naquele
momento.

O que importava era que ele me ordenou que controlasse


meu lobo como se eu não tivesse passado meses sob o
controle de seu irmão.

Eu me movi tão rápido que mal compreendi.

Logo eu estava na frente dele, elevando-me sobre ele,


embora ele nem mesmo recuasse.

— Dê-me uma ordem de novo, — eu sibilei, — e não


hesitarei em destroçá-lo membro por membro. Rei ou não.
Zagan parecia surpreso, mas imperturbável.

Em outras circunstâncias, eu teria sorrido.

Os vampiros eram rápidos, fortes e ágeis, mas nem de


longe tão poderosos quanto lobisomens.

O único clã que poderia representar uma ameaça para nós


era a realeza, e apenas porque os Mortar tinham o poder de
controlar os outros com suas palavras.

Sem esse poder, eles estavam indefesos.

Por algum motivo, Zagan não tinha mais esse poder sobre
mim.

O que significava — e nós dois sabíamos disso — que eu


poderia parti-lo ao meio como um graveto ali mesmo se
quisesse.

Zagan acenou com a cabeça uma vez, nunca tirando seu


olhar do meu.

Meu lobo rosnou em aprovação e insistiu que tratássemos


Azazel da mesma forma na próxima vez que o virmos. Só
que, com ele, não hesitaremos em matar.

Eu olhei de volta para Kyle.

— Belle, — eu disse novamente, tentando controlar minha


raiva fervente.

Meu lobo me incentivava a me transformar, uivando na


minha cabeça. Eu daria a ele o que ele queria, mas não
agora.

— Onde ela foi?


Lembrei-me de tudo dos últimos dois meses.

Cada lágrima escorrendo pelo seu lindo rosto, cada palavra


cruel que ela pensou ter vindo de mim.

Azazel a fez pensar que eu a queria por sexo e poder; ele a


tinha usado; ele riu quando ela desmoronou.

E eu estava preso, preso dentro do meu próprio corpo, meu


coração partindo junto com o dela.

Enquanto eu estava aqui perdendo tempo, ela estava


pensando que eu a tinha rejeitado para ficar com outra.

Mas eu iria encontrá-la e, assim que o fizesse, teria certeza


de que ela entendesse a verdade, mesmo que isso
significasse rastejar de joelhos pelo resto da eternidade.

Ela tinha que saber o quanto ela significava para mim, como
eu morreria sem ela.

Azazel pagaria pelo que fez. Ele teria uma morte torturante
pelas minhas mãos, disso eu tinha certeza.

Ele tinha batido em Belle, marcado sua pele, a tocado de


maneiras que só eu tinha permissão de fazer, machucando-
a porque ele sabia que isso iria me enfraquecer.

Mas agora eu estava sendo alimentado pela raiva que ele


colocou em mim.

Eu me sentia melhor, mais equilibrado e centrado do que


nunca. Era quase estranho o quão poderoso eu me sentia.

Se eu não estivesse planejando proteger minha


companheira com este poder recém-descoberto, eu teria
motivos para me preocupar, mas eu estava pronto para
matar.

Kyle hesitou enquanto formulava uma resposta.

Foi então que percebi o quão grande ele havia ficado. Ele
parecia mais forte, mais musculoso, enorme ao lado da
porta.

Mesmo que eu o tivesse visto através de uma pequena


janela enquanto Azazel tinha o controle do meu corpo, eu
sabia que ele parecia diferente da última vez.

O que aconteceu com ele?

Eu cerrei meus dentes.

— Kyle, é melhor você me contar o que aconteceu depois


que ela saiu desta sala ontem, ou que Deus me ajude. .

— Ela estava comigo, — interrompeu com uma nova voz, —


é minha culpa.

Nossas cabeças giraram em direção à porta, onde Elijah


estava.

Eu fixei meus olhos nele.

— O que é a sua culpa?

Capítulo 58

Grayson

Eu estava a cerca de um segundo de incendiar o mundo


inteiro.
O vínculo do companheiro estava atrapalhando minha
capacidade de pensar com clareza; meus pensamentos
giravam em torno de encontrar Belle e nunca a deixar fora
da minha vista.

No fundo da minha mente, o bom senso estava me dizendo


que nenhuma dessas pessoas aqui merecia minha raiva —
especialmente Kyle e Elijah, que cuidaram de minha
companheira quando eu não pude.

Mas isso não me impediu de quase agarrar Elijah e jogá-lo


do outro lado da sala quando ele não me disse
imediatamente o que eu queria saber.

— É minha culpa, Alfa, — ele repetiu, intervindo. — Eu a


deixei ir.

— Elijah, — Kyle rosnou, bloqueando-o de minha visão.

Ele disse algo através do link mental antes de se voltar para


mim.

— Eu ordenei que Elijah fosse embora. Você não pode culpá-


lo.

— Eu não dou a mínima para a culpa! Diga-me onde ela


está.

Eles trocaram olhares preocupados antes de Kyle abrir a


boca.

— Quando nós encontramos você e aquela garota ontem, eu


sabia que precisávamos tirá-la daqui. Ela. . ela não estava
bem, Alfa.

Meu lobo estalou os dentes de raiva dentro de mim.


Lembrei-me de seu rosto quando ela entrou e testemunhei o
que ela pensava que era eu me unindo com outra pessoa.

Ela estava além de triste — ela estava arrasada.

Kyle engoliu em seco antes de continuar.

— Eu disse a ela para ir com Elijah para que eu pudesse


ficar aqui e descobrir o que diabos estava acontecendo com
você. Eu sabia que algo estava errado. Elijah iria levá-la
para onde ela quisesse, em algum lugar onde você não
pudesse encontrá-la.

— Mas então algo aconteceu, — Elijah interrompeu. — Não


era você

quem estava no controle de seu corpo, mas Azazel. Kyle. .


ele quase morreu lutando contra ele.

— Eu me lembro, — disse secamente, — eu estava lá.

— O que você não lembra é o que aconteceu depois que


Azazel deixou seu corpo.

Kyle ficou na frente de Elijah protetoramente.

— Você ficou inconsciente por horas. Não sabíamos se você


viveria, então tivemos que tomar algumas decisões difíceis
por você. Belle, bem. .

Ele fez uma pausa, nervosamente olhando para os vampiros


e depois de volta para mim.

— Nós ordenamos que ele a deixasse, — Rei Zagan


terminou.

Minha cabeça girou em direção a ele.


Eles fizeram o quê?

— Nós pensamos que seria melhor para ela e para sua


matilha se ela não estivesse aqui para a batalha.

Minha raiva aumentou.

Inclinei minha cabeça para o lado, me aproximando dele


lentamente, como se ele fosse um cervo na floresta que eu
estava prestes a atacar.

— E você pensou que essa era uma decisão sua, Mortar?

Zagan encontrou meu olhar diretamente.

— Ela não estaria segura aqui. Azazel sabe que ela é sua
fraqueza. Já sabemos que ele está disposto a machucá-la
para chegar até você. Ele não hesitaria em fazê-lo
novamente se a oportunidade se apresentasse durante a
batalha.

Eu considerei suas palavras quando parei na frente dele,


respirando pesadamente.

Em algum lugar lá no fundo, a parte lógica de mim sabia


que ele estava certo.

Enquanto ele tinha controle sobre meu corpo, Azazel estava


na minha cabeça tanto quanto eu estava na dele.

Ele viu minha dedicação à minha companheira e sabia que


eu faria qualquer coisa para mantê-la segura, mesmo que
isso significasse morrer lentamente como resultado de seu
controle constante sobre mim.

Da mesma forma, vi sua determinação em reconquistar o


trono.
Ele estava disposto a matar qualquer um que estivesse em
seu caminho, e não havia dúvida de que ele iria procurar
Belle e usá-la para me atrair e me matar.

Mas mesmo sabendo disso, a compulsão de encontrá-la e


nunca deixá-la sair do meu lado novamente era
inacreditável, quase me cegando.

Seus sentimentos eram tangíveis, assentados em meu


peito, apertando meus pulmões.

Ela se sentia despedaçada, sozinha, confusa — acima de


tudo se sentia indesejada, como se tivesse sido responsável
por todas as pessoas que a haviam abandonado.

Eu podia sentir seus pensamentos enquanto seguiam seu


curso.

Todos de quem ela gostava e que pensava que se importava


com ela acabaram indo embora de uma forma ou de outra:
Seu pai, que morreu e a deixou sozinha. .

Sua mãe, que fora construir uma nova família. .

Elijah e Kyle, que prometeram ficar até que a renegaram no


último minuto. .

E eu. Ela pensou especialmente em mim.

Ela estava repassando nossos meses juntos, todas as coisas


que achava que tinha feito de errado.

Ela chegou à conclusão de que me afastou.

Ela pensou que tinha feito algo para me fazer parar de amá-
la, assim como todos haviam parado de amá-la, não importa
o quanto ela tentasse mantê-los felizes.
Ela estava construindo uma parede em sua mente, tijolo por
tijolo, para garantir que ninguém tivesse acesso ao seu
coração e nunca mais fosse capaz de machucá-la.

Ela também estava inadvertidamente rompendo meu


acesso a ela, tornando impossível para mim saber o que ela
estava sentindo ou como encontrá-la.

Ela pensou que nosso vínculo estava quebrado, mas não


estava.

Ela pensou que estava se protegendo bloqueando a si


mesma, mas ela estava apenas enfraquecendo nosso elo
que já estava encontrando dificuldades. Ela precisava de
mim ao seu lado, e logo, ou ela enfraqueceria e adoeceria.

Isso poderia até matá-la — não por um tempo,


provavelmente alguns meses, mas no final.

Mas não se Azazel a matasse primeiro.

O vínculo nem teria a chance de machucar Belle se Azazel a


encontrasse amanhã.

E ele iria, inevitavelmente, encontrá-la: ele era inteligente,


ele conhecia minha mente, e ele descobriria onde eu a
estava escondendo se eu a trouxesse aqui.

Então ele a manteria como refém, me persuadindo a fazer o


que ele quisesse.

Eu soube então que a única maneira de mantê-la e a


matilha a salvo seria mandá-la para longe.

Seria difícil, mas eu encarregaria alguém de cuidar dela até


que a guerra acabasse.
Eu estudei Zagan. Ele parecia muito pequeno para ser o rei
dos vampiros. Minha raiva estava se dissolvendo.

— Você nunca tomará uma decisão em relação a minha


companheira novamente, está me ouvindo? Ou eu vou te
caçar.

Zagan fez uma careta, provavelmente irritado com minha


maneira desrespeitosa, e não respondeu.

Suspirei. Eu não queria admitir o que estava prestes a fazer.

— Mas a decisão que você tomou foi a correta. Embora eu


tivesse gostado de ver minha companheira e explicar isso a
ela de antemão, concordo com a escolha. O fato de você ter
feito isso agora me salvou da dor de ter que deixá-la ir.

Zagan esperou um momento antes de falar.

— Você é um bom líder, Alfa Grayson. Tenho certeza de que


você teria optado por fazer o mesmo, se tivesse tido a
chance.

Eu só podia esperar que sim.

Eu me virei para Elijah, que se endireitou no momento em


que nossos olhos se encontraram.

— Você sabe onde ela está? — Eu perguntei.

— Acredito que sim. Traçamos um plano antes de nos


separarmos.

— Bom. Então você irá até ela.

Adotei meu tom de Alfa.


— Você encontrará minha companheira e a manterá segura,
criando um link para a minha mente no momento em que a
tiver em vista.

Meu lobo se eriçou, não gostando de colocar a segurança de


nossa companheira nas mãos de um lobo que mal
conhecíamos, mas sabendo que não tínhamos escolha.

Eu precisava de Kyle aqui para comandar os guerreiros, e


ninguém mais conhecia Belle bem o suficiente para saber
onde ela estaria.

Kyle parecia nervoso. Eu pausei.

Eu não tinha considerado o fato de que Elijah era seu


companheiro e eu o estava mandando embora com uma
guerra devastadora chegando.

— Está tudo bem? — Eu perguntei a ele.

Kyle suspirou e balançou a cabeça sombriamente.

— Ele estará mais seguro lá do que aqui, — ele murmurou.

Ele pegou a mão de Elijah e apertou-a. Elijah sorriu


tristemente.

Ambos sabiam que esta poderia ser a última vez que se


viam.

— Muito bem. — Eu respirei fundo. — Eu vou te encontrar


onde estiver quando a batalha acabar, Elijah. Por enquanto,
você vai dar seus adeus e ir sozinho.

Elijah não largou a mão de Kyle.

— Sim, Alfa.
Desviei meu olhar enquanto eles se abraçavam e
sussurravam suas despedidas.

Não demorou muito para que Elijah estivesse porta afora e


Kyle estivesse olhando para mim com determinação.

Mas algo me fez parar e olhar duas vezes.

Minha frequência cardíaca aumentou, meu lobo veio à


frente para ver

melhor.

— Kyle. . por que seus olhos estão vermelhos?

Capítulo 59

Grayson

Em menos de um segundo, empurrei Kyle contra a parede


com meu braço em sua garganta.

Ele gritou de surpresa, olhando para mim com olhos


vermelho-sangue.

Eu respirei fundo enquanto olhava para aqueles olhos,


imediatamente desconcertado por sua cor não natural.

Uma coisa era ver um Mortar como estes olhos — mas meu
próprio beta? Isso fez meu lobo choramingar.

Não queríamos machucá-lo, mas sabíamos que não


teríamos escolha se fosse o caso.

Olhos vermelhos só podiam significar duas coisas.

Ou você era um vampiro ou um Mortar estava assumindo o


comando de seu corpo.
Nenhuma das explicações era boa.

— Pode falar, — eu rosnei, pressionando-o ainda mais


contra a parede.

Kyle choramingou levemente; seu lobo provavelmente


estava chateado com o fato de que seu Alfa estava
mostrando sua desconfiança.

Isso me machucou também, mas ele deveria saber que eu


não tinha outra opção.

Se ele estava sendo controlado por um vampiro,


possivelmente até mesmo Azazel, então eu teria que matá-
lo.

E se ele agora era, de alguma forma, um vampiro, não mais


um lobisomem, então ele ainda teria que ser tratado de
acordo.

Kyle engoliu em seco.

— Eu. . eu. . hum. .

Ele tropeçou em suas palavras em pânico.

Eu o empurrei ainda mais contra a parede, enfatizando que


não tinha

paciência para hesitações.

— Alfa Grayson, — o Rei Zagan interrompeu atrás de nós, —


você pode querer se olhar no espelho antes de fazer algo do
qual se arrependa.

— Do que diabos você está falando? — Eu respondi, olhando


para Kyle.
— Você não pode machucá-lo, — disse a garota, — ele foi
transformado quando Azazel mordeu seu pescoço. Você não
se lembraria porque Azazel mudou para seu próprio corpo
para fazer isso. Ele fez a transição enquanto você estava
inconsciente há algumas horas. Ele é um híbrido agora —
um terço humano, um terço lobisomem, um terço vampiro.
Mas ele ainda é seu beta. Seu lobo ainda está aí dentro.

Eu procurei os olhos de Kyle por confirmação.

Para meu choque total, eles passaram de seu marrom


normal, mostrando seu humano, para preto, mostrando seu
lobo, e, finalmente, para vermelho, mostrando a parte dele
que agora era um vampiro.

— É verdade, — ele sussurrou tristemente, — Eu sou um


terço vampiro agora.

Mas isso significa...

Larguei Kyle imediatamente e dei um passo para trás


quando uma compreensão me atingiu.

Azazel também me mordeu antes de assumir o controle do


meu corpo.

O mais rápido que pude, corri para o espelho pendurado no


meu quarto, meu coração parando quando registrei o que
vi.

Olhando para mim estavam os mesmos olhos vermelho-


escuros de todos os outros.

Então eu também era um vampiro. Um híbrido.

E não era só isso, eu estava maior — muito maior.


Eu tinha crescido mais de trinta centímetros, quase alto
demais para conseguir me ver no espelho.

Meus músculos pareciam ter explodido em tamanho por


todo o meu corpo.

Eu tinha sido um lobo grande durante toda a minha vida,

correspondendo às expectativas de um Alfa e, mais um


pouco depois de um treinamento rigoroso.

Agora eu era praticamente um tanque. Férreo. Inquebrável.


Mortal.

Eu senti então, a outra espécie dentro de mim, alojada


dentro do meu peito e me reconhecendo de frente.

Era o vampiro, o que eu adquiri após a transição.

Era diferente do meu lobo, menos inocente, contendo uma


alma mais escura.

Eu esperava que fosse sentir como se algo imoral e corrupto


estivesse tentando assumir o controle do meu ser. Mas não
parecia nada assim.

Essa nova alma. . ela se importava comigo e com meu lobo.


Queria o melhor para nós.

Na verdade, éramos nós, compartilhando os mesmos


interesses e motivações.

Assim como meu lobo era eu na forma animal, este novo


vampiro era eu como um vampiro.

Ambas as criaturas estavam sentadas lá dentro, olhando


através dos meus olhos, esperando até que eu precisasse
delas, como duas peças de um quebra-cabeça que me
completavam.

Mas o que mais me interessou foi que o vampiro queria


Belle.

Ele a chamou de sua companheira e desejou que ela


estivesse ao nosso lado tanto quanto meu lobo e eu.

Vampiros não tinham companheiros, então achei estranho


que este parecesse tê-la aceitado no momento em que
entrou em mim.

Agora havia três seres possessivos dentro de um corpo,


todos querendo a união com Belle.

Oh, Bel e vai adorar isso.

Ela já tinha me chamado de neandertal bárbaro com apenas


meu lobo e eu por perto.

Quem sabe o que ela pensaria agora.

No momento em que a recuperasse, nem meu lobo, nem


meu vampiro, nem eu jamais a deixaríamos fora de nossa
vista.

Pode esperar, baby, pensei, imaginando seu rosto sorridente


ao meu

lado no espelho.

Ninguém, nem mesmo eu, vai te machucar novamente.

Ser parte vampiro explicava os estranhos sentimentos que


experimentei desde que acordei. Minha nova força,
velocidade, tamanho e sentidos intensificados eram todos
resultado do vampiro fixando residência em meu corpo.
Curioso sobre minhas novas habilidades, abri minha boca no
espelho e observei meus caninos, que já eram grandes,
crescerem e se tornarem presas afiadas.

Corri minha língua sobre eles suavemente.

Como se o vampiro estivesse gostando de se exibir, eu senti


minhas unhas começarem a crescer e afiar também.

Eu olhei para baixo quando elas se transformaram em


longas garras e as estudei por um segundo antes de enrolar
minhas mãos em punhos e sentir as garras se retraírem,
deixando minhas unhas normais para trás.

A garota de repente apareceu atrás de mim, tendo se


movido em um borrão pela sala com sua velocidade
vampírica. Ela falou baixinho.

— Você foi mordido por Azazel também. Não temos certeza


de quando, mas suspeitamos que você passou pela
transição enquanto estava inconsciente. Você e Beta Kyle
são híbridos.

Olhei para Kyle, que encolheu os ombros enormes em


confirmação.

Então eu estava certo mais cedo quando pensei que ele


parecia maior.

Ele havia crescido substancialmente desde a transição


também.

— Eu tive algumas horas para me acostumar com isso, mas


ainda estou tão chocado quanto você, — ele murmurou,
olhando para suas próprias mãos e vendo suas unhas se
transformarem em garras.
Ele olhou para mim.

— Louco, hein?

Esse era o eufemismo do século.

— Mas você ainda é um lobo, certo? — Eu perguntei. — Não


terei que encontrar um novo beta, não é?

Ainda um lobo, chefe, ele disse através do link mental antes


de continuar em voz alta.

— Por favor, não me chute para fora da matilha.


Literalmente, não tenho ideia do que faria no mundo
humano. Não tenho nenhuma habilidade real.

Eu sorri levemente.

— Eu não faria isso. Só não vá ser mordido por nenhuma


outra criatura. Não sei como vou lidar com três almas
dentro de você, muito menos quatro.

Kyle acenou com a cabeça.

— Eu não acho que Elijah lidaria bem com isso também.

Eu ri quando percebi o quanto senti falta de conversar com


Kyle nos últimos meses.

Ele tinha o dom de acalmar meus nervos e sempre sabia o


que dizer para manter o ânimo leve.

Era isso que fazia dele um gama tão bom — bem, beta
agora.

De repente, me lembrei de outra coisa, algo doloroso.


— Oh, suponho que você ouviu sobre Adalee. Presumo que
está bem para você assumir o papel de beta, considerando
que era para ser seu em primeiro lugar.

Os olhos de Kyle brilharam.

— Mais do que bem com isso, Alfa.

Eu balancei a cabeça, retomando seu sorriso.

— Ótimo.

Voltei-me para os três vampiros, minha mente ainda cheia


de perguntas que precisavam de respostas.

— É por isso que não funcionou quando você tentou usar


seus poderes em mim mais cedo? Porque eu sou parte
vampiro agora?

Zagan suspirou, suas sobrancelhas se juntando.

— Eu mesmo tenho me perguntado sobre isso. Não sei por


quê.

Nenhum vampiro que foi transformado, até mesmo por um


membro da família real, é capaz de resistir ao comando de
um Mortar. As únicas criaturas que podem fazer isso são
outros Mortar.

Percebi Kyle ao meu lado e seu tom era amargo.

— Ele tem razão. Eles têm me tratado como seu mordomo


pessoal o dia todo. As ordens deles ainda funcionam em
mim e eu fui mordido pelo mesmo vampiro que você.

— Então o que isso quer dizer? — Eu perguntei. — Não é


como se eu pudesse ter desenvolvido magicamente o DNA
para me tornar um Mortar.
Zagan concordou com a cabeça, trocando olhares com o
menino vampiro ao lado dele.

— Eu tenho uma teoria, mas. .

Ele olhou para mim, arrastando seu olhar para cima e para
baixo, me avaliando.

— Se eu estiver correto, você pode muito bem ser o ser


mais poderoso dos últimos séculos.

— Oh, — disse o menino. Ele também me estudou. Seus


olhos se arregalaram com a realização. — Oh.

A garota engasgou.

— Você não acha. .?

— Só existe uma maneira de saber com certeza, — disse


Zagan.

— Saber o quê com certeza? — Eu disse exasperado.

É melhor alguém explicar que tipo de baboseira de


vampiros é isso antes que eu enlouqueça.

Zagan hesitou apenas um segundo antes de responder.

— Há uma possibilidade de que você tenha seus próprios


poderes agora. O mesmo que a família Mortar, controlar as
pessoas com suas palavras. E. . que você seja imortal.

Capítulo 60

Grayson

Eu tinha certeza de que não havia processado as palavras


de Zagan com exatidão.
— O que diabos você quer dizer?

— Talvez seja melhor se você se sentar, Alfa Grayson, — a


garota vampira disse. — Sua intensidade vai assustar os
membros de sua matilha. Você precisa se acalmar.

Eu estalei meus dentes.

— Não me diga o que fazer.

— Acalmem-se, todos, — repreendeu Zagan. — Minnie,


venha aqui.

A garota se juntou a Zagan e o garoto.

Ao vê-los todos juntos, ocorreu-me que todos faziam parte


da família real. Todos Mortar.

Eu estava parado na frente de Zagan Mortar, rei dos


vampiros; Casimir Mortar, o segundo nascido e guerreiro-
chefe do clã; e Amelia Mortar, a quarta-nascida e curandeira
real.

Lembrei-me do que Azazel disse sobre Kyle bisbilhotando


suas coisas antes de atacá-lo.

Kyle sabia que Azazel estava planejando travar uma guerra


contra o bando, mas pensou que era eu que estava em
conluio com o clã de Azazel.

Mesmo assim, ele foi corajoso o suficiente para entrar em


contato com o rei Zagan e pedir sua ajuda.

Ele sabia que a família real seria a única forte o suficiente


para derrotar Azazel.

Eu olhei para Kyle e fiz uma ligação mental com ele.


Você os convidou. Você convidou os vampiros mais
poderosos do mundo para o meu território sem minha
permissão.

Sim. Kyle começou, já defensivo e cauteloso, mas apenas


porque...

Você fez a coisa certa, eu interrompi, parando-o antes que


ele entrasse

na tangente. Lembre-me de agradecê-lo adequadamente


mais tarde.

Ele sorriu ligeiramente.

Oh, ok. Você entendeu. Estarei esperando uma festa inteira


em minha homenagem, com fitas e tudo mais.

Revirei os olhos e ri.

Embora, depois de tudo que ele tinha feito para manter a


matilha segura nos últimos meses, talvez ele realmente
merecesse uma festa.

Eu me virei para os três vampiros reais, que obviamente


sabiam que Kyle e eu tínhamos acabado de fazer um link
mental e estavam nos assistindo com expressões
cautelosas.

— Então, — eu comecei, — esse poder imortal. . pode ter


algo a ver com minha recente transição? Por que Kyle não é
imortal também?

Zagan olhou para Casimir, que respirou fundo.

— Houve um rei há muito tempo que era um híbrido como


você.
Elijah Viotto.

— Meu companheiro foi nomeado por causa dele, — Kyle


interrompeu. — Ele foi o rei mais poderoso já conhecido pela
humanidade.

Casimir acenou com a cabeça, continuando.

— Ele governou sobre todas as espécies, vampiros e


lobisomens, antes da ruptura. Ele era extremamente
poderoso, mas seus súditos o amavam porque ele era um
governante justo e decente.

Casimir hesitou, mas seu pai acenou para ele


encorajadoramente.

— O rei Elijah se uniu a uma fada. Ela deve ter sido uma das
últimas, porque foram extintos. Como tenho certeza de que
você sabe, as fadas viviam para sempre, a menos que
fossem mortas por uma causa não natural.

— De acordo com a lenda, assim que a fada e o rei se


uniram, o rei Elijah ganhou o que agora conhecemos como o
poder dos Mortar —

controle com sua mente. E ele ganhou a imortalidade de


sua companheira.

Hmm.

— As pessoas dizem que o rei foi capaz de dar esse controle


àqueles

que ele considerava dignos. Mas foi demais para alguns, o


que resultou em uma grande guerra entre vampiros e
lobisomens e a morte de muitos.
Foi nesta guerra que o Rei Elijah foi morto pelo homem que
ele chamava de seu amigo mais próximo, Damian Mortar.

— Ele assumiu o trono, — eu disse. Eu tinha ouvido falar de


Damian Mortar, o primeiro rei vampiro.

Casimir acenou com a cabeça.

— Sim. O rei Damian assumiu o trono, criou o clã real e


continuou a linhagem dos Mortar, presenteando seus
descendentes com o mesmo poder. Todos nós descendemos
dele. Mas ele não pode reparar a divisão entre lobisomens e
vampiros, resultando na atual rivalidade entre as espécies.

A surpresa por nunca ter ouvido essa história me percorreu.


Parecia ser uma parte importante da história da minha
espécie.

— Então o rei ganhou a imortalidade ao unir-se com uma


fada, — eu disse, — mas minha companheira não é uma
fada. Ela é humana. Nem completamos o ritual de união.
Não explica por que eu sou assim.

— Não achamos que tudo isso seja por causa da sua


companheira, mas por outra coisa, — disse Zagan. —
Embora se isso for verdade e você for o homem que
pensamos que é, sua companheira será impactada também.
Veja, o Rei Elijah deixou uma profecia.

Agora eu estava ainda mais preocupado. Belle foi


mencionada.

Meu lobo e vampiro recém-descoberto estavam


pressionados contra minha consciência, ouvindo com
atenção.

— E o que é essa profecia, exatamente?


— Diga a ele, Casimir — disse Minnie. — Foi você quem o
encontrou e estudou.

Observei Casimir de perto. Ele estava nervoso com o que


estava prestes a dizer, seus olhos nunca encontraram os
meus.

— Bem. . anos atrás, eu encontrei um pergaminho no


palácio real.

Nele, o próprio rei Elijah profetizou que haveria um híbrido


poderoso que se tornaria imortal e possuiria os poderes dos
Mortar.

— Ele ascenderia ao trono como o homem mais poderoso


vivo, restaurando a paz entre todas as espécies — até
mesmo vampiros e

lobisomens.

Quase comecei a rir do ridículo dessa teoria.

Eles não podem pensar que sou o homem da profecia.

Eu, assumir um trono que atualmente pertence a vampiros?

Não. Não, obrigado.

Depois de alguns segundos de silêncio, Kyle perguntou: —


Você não acha que Alfa Grayson é. .

— O que isso diz sobre a companheira deste homem? — Eu


interrompi.

Casimir pensou por um momento.

— Dizia que. . que a companheira do novo rei, que conhecia


dificuldades e perdas, passaria por sua própria transição
após o ritual de união. Ela se tornaria. .

Ele hesitou.

— Ela se tornariam uma fada, a única fada no mundo, e


extremamente poderosa. Assim como a companheira do rei
Elijah, rainha Evangeline. Juntos, esses companheiros
governariam todas as criaturas míticas, assumindo os
papéis do Rei Elijah e da Rainha Evangeline.

Eu encarei Casimir por um segundo.

Ele achava que havia uma possibilidade de que eu estava


destinado a me tornar o governante de todas as criaturas
míticas.

E aquela Belle, minha doce companheira humana, se


tornaria. . a rainha das fadas?

As fadas estavam entre as criaturas conhecidas mais


poderosas, nascidas com a habilidade de adquirir
praticamente qualquer habilidade

— precisamente por isso foram caçadas até a extinção.

Eu me esforcei para encontrar algo para dizer.

— Então. . você acha. . eu sou o homem da profecia.

Casimir encolheu os ombros um pouco.

— A profecia dizia que aconteceria em algum momento na


década após a descoberta do pergaminho. Já se passaram
nove anos.

— Mas essa não é a única razão, — Zagan se intrometeu.


— Você atende a todas as expectativas estabelecidas para o
novo rei, embora alguns desenvolvimentos sejam mais
recentes. Você é um híbrido, tem uma companheira que
conhece as dificuldades, foi capaz de resistir ao meu
comando e é basicamente impossível de matar. Segundo
todos os relatos, você deveria ter morrido após o período de
invasão de Azazel.

— A única coisa em questão, — Casimir interrompeu, — é se


você terá o poder dos Mortar.

Eu respirei fundo.

O poder dos Mortar? Não tenho certeza se quero esse tipo


de poder.

Meu tom Alfa afetava apenas os membros da matilha, mas o


poder dos Mortar podia afetar qualquer criatura, incluindo
humanos.

Parecia sombrio e desnecessário, como se alguém estivesse


brincando de Deus.

— Portanto, a maneira de descobrir, — concluiu Casimir, —


é você tentar enunciar um comando.

— Espere, — eu disse rapidamente, — se eu sou este


homem poderoso de uma antiga profecia, então por que
não tive o poder dos Mortar por toda a minha vida? Ou
imortalidade?

Kyle falou ao meu lado.

— Você acabou de ser transformado em um híbrido. Talvez o


poder estivesse latente e fosse ativado uma vez que Azazel
mordesse você.
Zagan acenou com a cabeça.

— Isso faria sentido. Talvez o mesmo para a imortalidade.

— Então, novamente, — Minnie saltou, — quem pode dizer


que você nem sempre foi imortal? Você ainda não morreu,
não é?

Rosnei para mim mesmo e passei a mão pelo cabelo.

— É muita informação para processar.

— Tente um comando, — ela insistiu.

Suspirei profundamente.

— Em quem?

Os olhares de todos se voltaram para Kyle, cujos olhos se


arregalaram prontamente.

— Oh, vamos lá, de jeito nenhum. Por que eu? Por que não
um de vocês?

Ele acenou para os vampiros.

— Não vai funcionar com Mortars, — disse

Minnie.

— Você é o único.

Kyle gemeu e chutou o chão como uma criança.

— Mas isso machuca! Não quero ser controlado novamente.

Eu ri.
— Apenas finja que estou usando meu tom de Alfa. Já usei
isso com você várias vezes.

Ele suspirou, virando-se para me encarar.

— Sim, assim como seu tom Alfa, exceto que você sente
como se tivesse sido atropelado por um caminhão depois.
Divertido.

Eu olhei para Zagan.

— E como exatamente eu faço isso?

Zagan cruzou os braços, nos observando de perto.

— Se você for realmente o único da profecia, ficará claro.


Você não precisará ser informado de como.

Eu concordei.

— Tudo bem, — eu disse nervosamente, — isso não vai dar


em nada.

Kyle estremeceu ligeiramente, endireitando os ombros.

Os vampiros inspiraram profundamente em antecipação.

Eu abri minha boca.

Capítulo 61

Grayson

Eu vasculhei meu cérebro, tentando inventar uma ordem


para dar a Kyle.

Eu precisava testar, para ver se tinha o poder dos Mortar.


Mas como exatamente eu faria isso?

Não pude deixar de me perguntar o que diabos eu estava


fazendo. De jeito nenhum eu poderia ser a pessoa desta
profecia.

Eles pensavam que eu deveria me tornar o próximo rei de


todas as criaturas míticas, o governante mais poderoso que
existe.

Eles pensavam que eu poderia restaurar a paz entre


lobisomens e vampiros e impedir uma guerra que já durava
séculos.

Isso era possível?

Meu lobo amou a ideia; em minha mente, ele estufava o


peito de orgulho, comunicando-me que achava que éramos
mais do que capazes de governar.

Ele também achava que Belle seria uma rainha incrível.

Ele gostou da ideia de ela governar ao nosso lado pelo resto


da eternidade, tendo poder, nunca morrendo.

Eu não pude deixar de concordar, não apenas com o fato de


que Belle seria uma rainha incrível, mas que tínhamos a
capacidade de nos tornarmos reis. Eu sabia, desde jovem,
que deveria liderar, não por causa do ego, mas porque
sabia que era o que eu tinha que fazer.

Eu sabia que seria um bom Alfa e provei isso ao longo dos


anos.

Mas mesmo depois de ter lutado com meu antigo Alfa até a
morte e vencido, assumindo o papel sozinho, eu não estava
satisfeito.
Eu queria mais.

Meu lobo continuou me dizendo que deveríamos liderar


milhares.

Faltava alguma coisa, ele insistiu.

Poderia ser isso o que ele queria dizer?

Suspirei. Agora era a hora.

— Grasne como um pato, — eu disse a Kyle completamente


a sério.

No fundo, esperava que nada acontecesse. Se nada


acontecesse, a vida seria muito menos complicada.

Significaria que as coisas voltariam ao normal e eu poderia


esquecer esses últimos meses horríveis. Mas eu já sabia que
a esperança era falsa.

Porque ainda mais no fundo, eu sabia que Casimir estava


certo.

No momento em que abri minha boca, senti meu vampiro


recém-desperto avançar para a frente da minha
consciência, empurrando contra o interior do meu crânio.

Uma sensação de formigamento viajou por mim, me


forçando a respirar rapidamente.

Então, como uma onda de energia, senti o comando viajar


de mim e envolver Kyle como um cobertor.

Seus olhos ficaram vermelhos e então, como um pato, ele


começou a grasnar.

— Quack, — disse ele, — quack, quack.


Eu o encarei em estado de choque.

Eu tinha feito isso. Eu tinha usado o poder dos Mortar.

Depois de um momento, Minnie riu atrás de mim. E então


Zagan, e então Casimir.

O humor da situação me atingiu enquanto Kyle continuava a


grasnar com uma carranca sombria no rosto.

— Posso, quack, por favor, quack, parar agora, quack ?

Ele obviamente não estava achando isso tão divertido


quanto o resto de nós.

Eu gostava de assistir a um lobisomem extremamente


grande e intimidante grasnar e fazer beicinho como uma
criança. Mas finalmente acenei com a mão.

— Ok, ok, você pode parar.

Assim como antes, o comando que partiu de mim, fez Kyle


parar imediatamente.

— Sério, — ele reclamou, — um pato? Você não poderia ter


me feito

fazer algo legal, como pular quinze metros no ar ou algo


assim?

Dei de ombros.

— Foi a única coisa que eu consegui pensar.

Kyle bufou e revirou os olhos.

— Certo, porque essa é a primeira coisa que todo mundo


pensa. Não se vire, ou diga oi, ou algo normal. Não, você
teve que escolher grasnar como um pato.

Eu só pude dar de ombros novamente, juntando-me às


risadas dos outros.

Depois de um momento, a despreocupação desapareceu e a


sala de repente ficou muito mais séria.

Eu dei um comando usando o poder dos Mortar.

O que só pode significar...

— Então é verdade, — eu disse, olhando para Casimir. — A


profecia é sobre mim.

Casimir olhou para seu pai com uma expressão preocupada


antes de olhar para mim e balançar a cabeça lentamente.

— Sim, — ele sussurrou, angústia evidente em seu tom, —


você é o novo rei de todas as criaturas. O trono é seu.

Meu olhar se voltou para Zagan.

— Desse jeito? Você está desistindo do seu título e do trono


sem qualquer luta?

Os olhos vermelhos brilhantes de Zagan procuraram os


meus por um momento, suas espessas sobrancelhas pretas
se juntando em pensamento.

Ele não parecia chateado ou ameaçado como eu esperava.


Ele apenas parecia pensativo.

Depois de um momento, ele falou.

— Desde que Casimir encontrou aquele pergaminho anos


atrás, estive esperando por este momento. Preparando-me
para quando outro viesse e tomasse o trono de mim.
Seus olhos me avaliaram sombriamente.

— Se tivesse que ser alguém, posso dizer com sinceridade


que estou feliz por ser você. Você será um governante digno
e justo. Não tenho dúvidas de que seu reinado será de
dignidade e força.

Tudo parecia tão repentino.

E sua confiança em mim não tornava isso menos


assustador.

— Espere um segundo, — Kyle interrompeu, — você está me


dizendo que Alfa Grayson é rei agora? Tipo, com um palácio
e tudo mais?

Todos nós tínhamos as mesmas perguntas.

— E quanto à matilha? E a Luna?

O lindo rosto de Belle passou pela minha mente, fazendo


todo o meu corpo enrijecer dolorosamente.

Meu lobo rosnou, me impulsionando a me transformar, para


ir encontrar nossa companheira.

Ele ficava repetindo que ela precisava de nós, de novo e de


novo, como se eu não estivesse muito ciente do fato.

Eu cerrei meus dentes, forçando-o a voltar à minha


consciência para que eu pudesse me concentrar.

— Nada disso precisa ser decidido agora, — disse Zagan. —


Você terá tempo. Todo o tempo do mundo, na verdade. . Rei
Grayson.

Eu respirei fundo quando a realização me alcançou.


Meu cérebro estava indo a mil por hora, palavras passando
por ele como um disco quebrado.

Rei. Imortalidade. Profecia. Híbrido. Fada. Poderes.

Como diabos eu deveria responder a tudo isso?

Como Belle se sentiria?

Felizmente, não tive que pensar nisso por muito tempo.

Uma pressão repentina encheu minha cabeça, fazendo-me


cair para trás.

Eu agarrei minha cabeça enquanto a pressão aumentava a


ponto de latejar.

Não foi doloroso, mas com certeza foi irritante e invasivo.

Eu gemi, fechando meus olhos. O que diabos estava


acontecendo?

— Alfa, — veio a voz de Kyle, — você está bem?

— Eu. .

Eu parei — falar só piorava as coisas.

A pressão estava se tornando mais insuportável a cada


segundo que passava.

Eu não podia mais dizer que não era doloroso; parecia que
uma enxaqueca estava partindo meu crânio ao meio.

— Alfa Grayson, — ouvi Minnie dizer.

Abri meus olhos para ver seu rosto preocupado bem na


minha frente.
Ela estendeu a mão, colocando sua pequena mão no meu
braço.

— O que há de errado?

Eu balancei minha cabeça. A dor estava começando a me


deixar em pânico. Eu nunca havia sentido nada assim.

— Abra sua mente, — Zagan disse de repente, — e pare de


resistir.

Minha cabeça se virou na direção dele.

— Que diabos você está falando? — Eu mal consegui dizer.

— É Azazel.

Zagan balançou a cabeça.

— Eu estava com medo disso. Algo aconteceu com Azazel.


Você tem que deixá-lo entrar.

Eu não tinha certeza do que ele estava falando, mas o


pensamento de Azazel tentando entrar em minha mente me
irritava.

Foda-se.

Raiva derramou de minhas entranhas com o fato de que ele


até mesmo sugeriu que eu deixasse Azazel entrar depois de
tudo que ele tinha feito.

Eu me apoiei na parede, começando a perder o equilíbrio.

Aquele filho da puta não vai chegar nem perto da minha


mente. Ele nunca vai me controlar novamente.
Como se lendo os pensamentos que eu não tive forças para
dizer em voz alta, Zagan me tranquilizou.

— Azazel não poderia assumir o controle de você


novamente, mesmo

se tentasse. Não é isso que está acontecendo. Ele não está


tentando assumir o controle do seu corpo.

Meu peito subia e descia com cada respiração irregular.

— Então o que diabos está acontecendo? — Eu gemi.

— Não há tempo para explicar.

Havia preocupação óbvia no tom de Zagan.

— Eu prometo a você, nada de ruim vai acontecer se você


deixá-lo entrar em sua mente. Na verdade, provavelmente
ajudará na guerra que está por vir. Provavelmente Azazel
nem mesmo está ciente de que está se projetando em você
agora.

Nada do que ele estava dizendo fazia sentido. Eu soltei um


grunhido.

A dor em minha mente fez minha cabeça parecer que ia


explodir.

— Apenas faça! — Exclamou Minnie. — Seja o que for, você


pode lidar com isso.

Eu olhei pra ela. Ela estava certa.

Por mais que eu quisesse negar a Azazel todo o acesso aos


meus pensamentos, eu poderia quebrá-lo como um palito
de dente agora que seus comandos não funcionavam
comigo.
Eu balancei a cabeça, meu lobo e vampiro ambos presentes
na minha consciência, prontos para atacar se precisassem.

Lentamente, parei de resistir à pressão na minha cabeça e o


deixei fazer o que queria.

Era uma sensação estranha, como se a pressão se


transformasse de dor para energia em questão de
segundos.

Em seguida, ele viajou por cada centímetro do meu cérebro


e assumiu o controle de meus pensamentos, substituindo-os
pelos pensamentos de outra pessoa.

Azazel.

Eu não estava mais em meu quarto, mas em uma clareira


na floresta, cercada por centenas de jovens vampiros.

Eu respirei fundo.

Minha frequência cardíaca aumentou quando percebi que


este era o exército contra o qual lutaria amanhã.

Eles eram um grupo turbulento e sibilante e se moviam


como se nenhum deles fosse capaz de ficar parado mais do
que alguns segundos.

Eles não olharam para mim; seus olhares estavam focados à


minha esquerda.

Eu me virei para olhar, já sabendo o que esperar.

Azazel.

— A hora chegou.

Azazel falou alto, dirigindo-se aos vampiros recém-nascidos.


— Eu sei que todos vocês vão me deixar orgulhoso.

Ele estava no final de um discurso para revigorar seu clã.

Ele era apaixonado, com palavras fortes e bem pensadas —


mas ele não quis dizer nada disso.

Seu objetivo era fazer com que os recém-nascidos


pensassem que ele cuidava deles como um pai cuida de um
filho, para que lutassem por ele e arriscassem suas vidas.

Na realidade, ele mal se importava se eles vivessem ou


morressem.

Eu podia sentir a maneira como ele os estava manipulando


como se eu estivesse em sua mente, sentindo tudo o que
ele sentia.

Ele estava determinado a tomar o trono, às custas de cada


vampiro à sua frente.

— Vá, — ele terminou de repente. A ordem atingiu os


recém-nascidos, deixando seus olhos vermelhos.

Em um instante, eles se dispersaram pela floresta, sibilando


e se movendo em um grande borrão.

Azazel assistia com uma espécie de orgulho maligno, um


sorriso sombrio se formando em seus lábios.

Eu cerrei meus dentes enquanto o observava.

Eu não tinha certeza do que estava acontecendo ou como


exatamente tinha chegado aqui, mas isso dificilmente
importava.

Eu estava ao lado do homem que havia causado grandes


estragos em minha vida.
Rosnei alto, não hesitando em me lançar em Azazel.

Eu tinha um foco: seu sangue em minhas mãos.

Eu o queria morto no chão da floresta, queria ver a vida


deixando seus olhos.

Estendi a mão, com a intenção de agarrar sua garganta e


jogá-lo no chão.

Mas minhas mãos se fecharam em torno de nada além do


ar, passando diretamente por seu pescoço como se ele
fosse um holograma.

Eu olhei para as minhas mãos em completo choque.

— Olá, Alfa Grayson.

Eu me levantei para olhar para ele.

Seus olhos vermelhos encontraram os meus, e ele fez uma


careta profunda enquanto me estudava.

— Então é verdade, — ele disse severamente.

Tudo que eu pude fazer foi rosnar e dar outro golpe nele, na
esperança de quebrar sua mandíbula com meu punho.

Mas onde eu deveria ter conectado com seu rosto, não senti
nada além de ar novamente.

— Azazel, o que diabos você fez?

Ele bufou, irritado, olhando para longe de mim e para a


floresta.

— Quão pouco você sabe, jovem Alfa, — ele murmurou. —


Isso não é obra minha, e você não deveria estar aqui.
— Então por que estou aqui?

Azazel não respondeu por um momento; seu olhar


permaneceu no lugar, quase como se ele estivesse perdido
em pensamentos.

Por fim, ele disse:

— Diga a meu irmão que se prepare. Seu tempo como rei


acabou.

Seus penetrantes olhos vermelhos voltaram para mim,


escurecendo para um tom que eu nunca tinha visto antes.

— Nós estamos vindo.

Continua no Livro 2…

Rainha Perdida

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Sinopse
Sumário dos Livros
Livro 1
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Continua no Livro 2…
Bônus

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