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MORTE E LUTO: A DOR DE

AMAR

Me. Dênis Moura de Quadros


(FURG/CAPES)
denis-dp10@hotmail.com
denisdpbg10@gmail.com
LUTO E MELANCOLIA (1915)-
Sigmund Freud (1856-1939)

“O luto, via de regra, é a reação à perda de uma pessoa querida ou


de uma abstração que esteja no lugar dela (...) sob as mesmas
influências, em muitas pessoas se observa em lugar de luto uma
melancolia.” (FREUD, 2011, p. 47)

•Trabalho de luto.
LUTO PRIMÁRIO
Melanie Klein (1885-1952)
O objeto do luto é o seio da mãe e tudo o que o seio e o leite
representam na mente da criança: amor, bondade e segurança. A
criança sente que perdera tudo isso e que esta perda é o resultado
de sua incontrolável voracidade e de suas próprias fantasias e
impulsos destrutivos contra o seio da mãe (KLEIN, 1979, p. 347,
tradução nossa)
OS 5 ESTÁGIOS DA MORTE
ANUNCIADA
Elizabeth Klüber-Ross (1926-2004)
1º - Negação;
2º - Raiva;
3º - Barganha;
4º - Depressão;
5º - Aceitação.
A DOR DE AMAR (2007)
Juan-David Nasio (1942- )
•Clémence e a perda de seu filho Laurent;
•Sabemos que esse estado de dor extrema, que perpassa o
enlutado, essa mistura de esvaziamento do eu e de contração em
uma imagem-lembrança, é a expressão de uma defesa, de um
estremecimento de vida. (p.10)
•Simbolizar a dor, sabendo que a dor é um limite e o trabalho de
luto a ruptura desse limite.
A DOR DE AMAR (2007)
Juan-David Nasio (1942- )
•Dor> Ruptura> Comoção> Reação defensiva do eu;

•O eu fica esquartejado entre um surdo amor interior que faz o ser


desaparecido reviver e a certeza de uma ausência incontestável (p.
20);

•Clivagem.
A DOR DE AMAR (2007)
Juan-David Nasio (1942- )
O que é então o luto? É preservar vivo o morto, ao mesmo tempo
reconhecendo que ele não é mais do nosso mundo. Essa
constatação, esse trabalho, não se faz num instante, é preciso
tempo, eis por que isso se chama trabalho de luto. É preciso
tempo e é preciso trabalho. O que é o trabalho? É dizer todos os
dias “ele não está aqui”, e também “ele está dentro de mim”. É o
ritual que ajuda. O ritual não passa de uma maneira de garantir
que ele está dentro de mim e que não está aqui. O ritual de ir ao
cemitério, o ritual de pensar nele, o ritual de uma palavra, todos
os rituais simbólicos relativos à morte de um ente são maneiras
que o sujeito utiliza para dizer: ele não está aqui e está dentro de
mim. (p.71)
LUTO INDIZÍVEL E OS
FANTASMAS
Nicolas Abraham (1919-1975) e Maria Törok (1926-1998)

O luto indizível instala no interior do sujeito uma sepultura secreta. Na


furna repousa, vivo reconstituído a partir de lembranças, de palavras, de
imagens e de afetos, o correlato objetal da perda, enquanto pessoa
completa(...) Criou-se, assim, todo um mundo fantasístico inconsciente que
leva uma vida separada e oculta. Acontece, entretanto, que, por ocasião das
realizações libidinais, “à meia-noite”, o fantasma da cripta vem assombrar
o guardião do cemitério, fazendo-lhes sinais estranhos e incompreensíveis,
obrigando-o a realizar atos insólitos, infligindo-lhe sensações inesperadas.
(ABRAHAM; TÖROK, 1995, p. 249)
O SACRIFÍCIO DE UM PEDAÇO
DE SI
Jean Allouch (1939- )
O enlutado efetua sua perda a completando com o que
chamaremos um “pequeno pedaço de si”; este é o objeto
propriamente dito desse sacrifício de luto, esse pequeno pedaço
nem de ti, nem de mim, de si; e, por conseguinte, de ti e de mim,
mas tu e eu seguimos sendo, em si, indistintos. (ALLOUCH,
2011, p.9-10, tradução nossa)
CAJUÍNA
Caetano Veloso

Existirmos: a que será que se destina?


Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
Referências
ABRAHAM, Nicolas; TÖROK, Maria. A casca e o núcleo. Trad. Maria
José R. Faria Coracini. São Paulo: Escuta, 1995.
ALLOUCH, Jean. Estética del duelo en tiempos de la muerte seca.
Trad. Silvio Mattoni. Buenos Aires: El cuenco de plata, 2011.
FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. Trad. Mariene Carone. São Paulo:
Cosac Naify, 2011.
KLEIN, Melanie. El duelo y su relación con lós estados maníaco-
depressivos (1940). In: ______. Obras completas. Buenos Aires: Paidós,
1979, v. 2, p. 346-371.
KLÜBER-ROSS, Elizabeth. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes
têm para ensinar a médicos, enfermeiros, religiosos e aos seus próprios
parentes. Trad. Paulo Menezes. 7ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
NASIO, Juan-Davi. A dor de amar. Trad. André Telles e Lucy Magalhães.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
MORTE E LUTO: A DOR DE
AMAR

Me. Dênis Moura de Quadros


(FURG/CAPES)
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