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POR UMA FÍSICA AFROCENTRADA:

QUESTÕES DE DEBATE”
Janaína de Azevedo Corenza (IFRJ)
Jorge Manoel Lopes dos Santos (IFRJ)
PARTE 1
Dimensão demográfica:
• Brasil: país com 54% da população negra (CENSO 2017)
(pretos e pardos);
• Maior população negra fora da África;
• 2ª maior população negra do mundo.
Dimensão social:
• País de grandes desigualdades e de baixa mobilidade social;
• A população negra apresenta piores índices de acesso a bens e serviços
públicos e encontra-se representada nas camadas mais pobres;
• As desigualdades socioeconômicas têm recorte na desigualdade racial;
• A discriminação racial é um fator estruturante de desigualdades.
•a população negra tem, em média, quase dois anos
a menos de estudo que a população branca (8,3
anos contra 6,6 anos);
• o percentual de analfabetismo entre os negros é
mais que o dobro do que entre os brancos (13,6%
contra 6,2%);
• cerca de 571 mil crianças de 7 a 14 anos não
frequentavam a escola, das quais 351 mil (62%)
eram negras.
(Dados IBGE-2017)
Parte 2
Questão de debate
 Cheikh Anta Diop – Reconhecimento dos saberes
africanos na tecnoclogia e inovação
 Molefi Kete Asante - Afrocentricidade
 Foi físico, matemático, químico,
historiador, egiptólogo e
antropólogo, linguística, sociólogo e
ativista político. Nasceu em 19 de
dezembro de 1923, Senegal.
 Especialista em Física e Química,
trabalhou num dos mais importantes
centro de pesquisa cientifica na área
nuclear, ao lado do renomado casal
Irène Curie e Juliot-Curie.
 Em 1954, na França o jovem senegalês irá defender uma
tese revolucionária, que será rejeitada, pela Universidade
de Paris.
 Em 1955, a Tese foi publicada na imprensa popular
como um livro chamado Nations nègres et
culture (Nações negras e cultura). Este trabalho faria
dele o historiador mais polêmico de sua época.
 Em 1947, Anta Diop iniciou suas investigações linguísticas, sobre
o idioma wolof, que passaria a dominar de forma extensa.
 Em 1960, de volta ao Senegal, e desenvolve testes genéticos,
vitais para comprovação de sua tese.
 Publicou sua técnica e metodologia, um teste de dosagem de
melanina, em diversas revistas acadêmicas. Ele usou esta mesma
técnica, para determinar o teor de melanina das múmias egípcias.
 Nos anos seguintes, Diop trabalhou na tese, apresentando provas
mais precisas do que as que defendia. Em 1960, teve êxito na
defesa de sua tese e obteve o doutorado.
Questão de debate
Trata-se de um período de auto afirmação da África. Os
pan-africanistas negam a ideia de que a história de África
inicia-se com a chegada dos europeus. Isto é muito claro no
trecho a seguir de The African origin of civilization: myth or
reality, de Diop:
“Os antigos egípcios eram negros. O fruto moral da sua
civilização deve ser contado entre os bens do mundo negro. Em
vez de apresentar-se como um devedor insolvente, o mundo
negro é o próprio iniciador da civilização “ocidental” exibida
diante de nossos olhos hoje. (…) e a ciência moderna tem suas
raízes na cosmogonia e ciência egípcias”. (DIOP, 1964)
   
Questão de debate
Professor afro-americano, historiador,
filósofo, poeta, dramaturgo e pintor.
Asante tem 76 anos de idade e é uma
figura de liderança nos campos de
estudos afro-americanos, estudos
africanos e estudos de comunicação.
Atualmente é professor do Departamento
de Africologia da Temple University,
onde fundou o programa de doutorado
em estudos afro-americano.
É um paradigma
É uma organização
metodológica

É um esquema
epistemológico

É um eixo para as
produções
acadêmicas
É uma maneira crítica para implementar e avaliar as
mais diversas produções intelectuais
 “O conceito de afrocentricidade foi cunhado por Molefi Asante
(1980) e desenvolvido como paradigma de trabalho acadêmico no
final do século XX” (Finch III e L.Nascimento, 2008, p.38). 

 As raízes mais profundas da afrocentricidade estão localizadas no


pan-africanismo que surgiu a partir do século XIX, além dos
estudos pós-colonialistas e da nítida inspiração das teorias e
ativismo social pelos direitos civis dos anos de 1960 nos Estados
Unidos da América.
 Quem somos nós? O que fizemos? Para onde viajamos? Qual é a
nosso papel no desenvolvimento da Geometria? Sendo um povo,
como funcionamos nesta ou naquela situação contemporânea?

A Afrocentricidade procura
descobrir a “agência” africana
em toda situação.
Os afrocentristas não estabelecem a particularidade
africana como universal.

A Afrocentricidade estabelece uma perspectiva de que


é possível a existência de um pluralismo de culturas
sem hierarquia, mas isto exige igualdade cultural e
respeito.
 São diversos os enfoques intelectuais que influenciaram o
paradigma afrocêntrico:

W.E.B. Dubois Anna Julia Cooper Franz Fanon


 São diversos os enfoques intelectuais que influenciaram o
paradigma afrocêntrico:
Kwame Nkrumah Malcom X Amilcar Cabral
 São diversos os enfoques intelectuais que influenciaram o
paradigma afrocêntrico:

Walter Rodney Ella Baker Maulana Karenga


Parte 3
Balança e padrões de massa
Balança e padrões de massa
Balança e padrões de massa
Balança e padrões de massa
Cúbito de Mea
Cúbito de Mea
Cúbito de Mea

O CALCULO DO
PERÍMETRO DA
BASE DA
PIRÂMEDE
RESULTA EM 365
242 POLEGADAS,
ALGARISMOS QUE
EXPRIMEM O
NÚMERO DE DIAS
DO ANO SOLAR
(365,242 DIAS)
Relógio e tempo

O PRIMEIRO
RELÓGIO CRIADO
FOI O OBELISCO,
COM ELE É
POSSÍVEL
OBSERVAR O
MOVIMENTO DA
SOMBRA
Relógio e tempo

ESSE SEMI
CÍRCULO
APRESENTA 12
SECÇÕES DE 15
GRAUS E POSSUI
UMA CAVIDADE NO
CENTRO PARA
ENCAIXE DE UMA
PEÇA DE METAL
OU MADEIRA.
Relógio e tempo
 Estes pesquisadores desafiaram os acadêmicos
eurocêntricos a uma reflexão a respeito de a
quem se deve realmente creditar a primazia do
nascimento da humanidade e do processo
civilizatório, além de questionar os parâmetros
preconceituosos de análise histórica, ainda
vigentes no meio acadêmico em relação aos
povos africanos e da diáspora.
 CUNHA, Lázaro. Contribuição dos povos africanos para o conhecimento
científico e tecnológico universal. Disponivel em:
http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/11/contribuicao
-povos-africanos.pdf
 DIOP, Cheikh Anta, Nations nègres et culture – de l’antiquité Nègre-
Égyptienne aux problèmes culturels de l’Afrique noire d’aujourd’hui, Paris,
1954, Éditions Africaines.
 DIOP, Cheikh Anta, “Origem dos antigos egípcios”, in MOKHTAR, Gamal
(Org.), História Geral da África: a África antiga, São Paulo, Ática; Unesco,
1983 [1974], pp. 39-70.
 Disponível apenas no formato e-book em
http://www.bookess.com/read/19840-cienciatecnologia-e-inovacao-africana-e-a
frodescendente/
 MACEDO, JR., org. Antigas civilizações africanas: historiografia e evidências
documentais. In: Desvendando a história da África [online]. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2008. Diversidades series, pp. 13-27.
 MACHADO, Carlos Eduardo. Ciência, Tecnologia e Inovação africana e
afrodescendente.
 MAZAMA, Ama. Afrocentricidade como um novo paradigma. In:
NASCIMENTO, Elisa. Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica
inovadora. Tradução Carlos Alberto Medeiros. São Paulo: Selo Negro, 2009, p.
111-128.
 MORAIS, R.F. Lewis Howard Latimer e sua história aprisionada. A Física na
Escola, v. 15, n. 2, p. 19-23, 2017. Disponível em: < http://<
http://www1.fisica.org.br/fne/phocadownload/Vol15-Num2/a04.pdf>.Acesso
em: 25 Jun. 2018.
 NOGUERA, Renato. Afrocentricidade e educação: os princípios gerais para um
currículo afrocentrado.Revista África e Africanidades, ano 3, n. 11, nov. 2010.
Disponível em
http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/01112010_02.pdf>.
Acesso em: 24 Jun. 2018. 
 SILVA, Francisco Tiago.. Educação das Relações Étnico-Raciais
Negras no currículo da Formação de Professores. Periódico
Científico Projeção e Docência, vol. 5, nº 1. 2014.
 TUFAILE, Alberto. Da Física do Faraó: percepções, experimentos
e demonstrações de física/Alberto Tufaile, Adriana Pedrosa
Biscaia Tufaile.- 1. Ed.-São Paulo: Editora Livraria da Física,
2013.
Contatos
janaina.corenza@ifrj.edu.br
jml.sntos@gmail.com

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