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A Neurose Obsessiva - Apresentação Slide
A Neurose Obsessiva - Apresentação Slide
A Neurose Obsessiva - Apresentação Slide
É toda amor,
O objeto de amor do obsessivo não pode desejar,
logo deve funcionar como morto.
Se o outro está morto, ele não o deseja, o obsessivo
fica, assim, tranqüilo na medida em que o desejo é
sempre desejo do desejo do outro. O obsessivo vai
colocar em ato tesouros de energia para que ao
outro não falte nada e não seja, portanto, levado a
sair do seu lugar.
O universo do outro deve permanecer
escrupulosamente ordenado. Através dessa
ordenação totalitária, o obsessivo controla e domina
a morte desejante do outro. Como vemos no
discurso masculino: “Não lhe falta nada”, “ela tem
tudo em casa”, “ela não precisa trabalhar” etc.
A NEUROSE
OBSESSIVA
O OBSESSIVO E SEUS OBJETOS DE AMOR
Tereza Dubeux
4. Não jogues nada fora, acumula até entulhar. Nunca se sabe; sempre
pode servir! Amar é ter sempre o que dar. E, para ter o que dar,
guarda o que tens, prende! Agüenta firme!
10. Pára tua análise no dia em que puderes aliviar tua culpa,
culpando o outro. Por tua vez, que tua própria voz
transmita esta ordem de ferro aos que te cercam, sem
explicações, nem murmúrios: é assim porque é!
A NEUROSE OBSESSIVA
No seu último período, de1923 a 1929, Freud se interrogou o
porque da existência de um supereu tão feroz e cruel e o
porque de um vínculo tão forte com a pulsão de morte.
A verdadeira razão para essas questões constitui um
verdadeiro escândalo: a maldade do próximo, a tragédia do
sentimento de abandono pelo Outro.
Lacan fala da necessidade de buscar uma ética que esteja à
altura desse abandono pelo Outro. Para ele, essa ética é a
mesma da psicanálise: “se, para o homem comum, a traição
tem por efeito rejeitá-lo dos serviços dos bens, será com essa
condição, que ele não encontrará nunca o que realmente o
orienta nesse serviço”.
Diante do gozo do Outro, qual lei pode servir a um só tempo
de apoio e de barreira para que, longe de fugir, o sujeito
possa ficar próximo dela impunemente?
A NEUROSE OBSESSIVA
Diante do desejo do Outro, há três leis éticas a considerar: a lei dos
serviços dos bens, a do supereu, e a do desejo.
A lei dos serviços dos bens
Os bens são da ordem simbólica: o que se diz em tal momento, em tal
sociedade, como sendo o mais útil a cada um e a um maior número. É da
ordem da opinião, do que se partilha na linguagem e na imagem em nome
do amor aos semelhantes. As palavras mestras são: medida, moderação e
sabedoria, visando o bem-estar. Freud o chamou de princípio de prazer
que evita o demais e o pouco demais.
A verdadeira questão é: essa lei dos serviço de bens é eficiente diante do
gozo do Outro e de seus malefícios? Não, porque o amor pelo
semelhante, que a justifica, é fundado na identificação: quero para o
outro o bem que gostaria para mim. Solidariedade, compreensão e
partilha são os significantes que permitem viver junto. A inevitabilidade
da traição e do abandono decorre da negação que marca a diferença e
que se situa para além do princípio do prazer.
Por isso a lei dos serviços dos bens é uma barreira bem frágil diante do
horror do gozo do Outro.
A NEUROSE OBSESSIVA
A Lei do Supereu
Freud reconheceu com Kant o que é a verdadeira transmissão
entre as gerações, segundo dois princípios:
O categórico: quando a lei tem valor em todos os casos, sejam
quais forem as conseqüências afetivas de bem-estar ou de mal-
estar. Aqui são desqualificados os dois sentimentos de amor
por identificação com o próximo diante dos efeitos da maldade:
compaixão pela vítima, ou o medo por si mesmo.
O Incondicional: quando a lei repousa unicamente no ato de sua
enunciação interior: “deves..não deves!” Essa voz interior que é
o supereu, vem do Outro e revela sua origem na máxima que
enuncia o direito do Outro ao gozo, direito sobre o meu corpo.
O Outro, em seu gozo sobre o meu corpo, é sádico e até mesmo
apático quanto ao que eu posso sentir: seu direito de gozo é
inquestionável, é o sem condições que lhe assegura poder
usufruir dele livremente.
A NEUROSE OBSESSIVA
A lei do supereu
O supereu é como uma lei sem dialética, um imperativo
categórico, que pode funcionar como um sabotador interno,
aparentando ter uma neutralidade maleficente.
Continuando, Lacan diz que é a negação do não que faz nascer o desejo,
diferentemente da necessidade, que é inata, natural.
Tratar-se-ia de uma Lei que permite negar a vida, de tal modo que passo a
recusar “por causa da vida perder minhas razões de vida? É este o risco do
desejo. O bem e o bem estar cessam de motivar a função da lei.
A NEUROSE OBSESSIVA
A Lei do Desejo
São Paulo diz sobre esta questão:
“Sim, a lei é santa e o mandamento santo, justo e bom. Mas
o que é bom teria se tornado para mim a morte? De modo
algum! Mas é o gozo que para se revelar serviu-se do que é
bom para me dar a morte, a fim de que o gozo se torne
desmedidamente gozoso por meio do mandamento.”
Esta terceira lei, a lei do desejo, dá novo sentido à castração: uma negação criadora.
Daí a conclusão de Lacan:
A castração quer dizer que é preciso que o gozo seja recusado, para que possa ser
atingido na escala invertida da lei do desejo.
A essência do erotismo é dada na associação inextricável do prazer sexual e do
interdito. Nunca o interdito aparece sem a revelação do prazer, nem nunca o prazer
sem o sentimento do interdito. A transgressão é um fato da humanidade que a
atividade laboriosa organiza.
Lacan responde a esta questão pela noção de sublimação; nem dessexualização, nem
idealização, mas uma ética do bem dizer, uma arte da fala que permite colonizar esse
horror fundamental do gozo do Outro, ou de si mesmo. Só a arte da conversação entre
um homem e uma mulher é capaz de fazer barreira a esse além do bem que
chamamos de maldade.
O FIM DA ANÁLISE
O fim da análise no caso de uma neurose obsessiva é a
passagem da segunda para a terceira lei. As interrogações de
Freud sobre o supereu permitem uma convergência com
Lacan: essa neurose, longe de ser patológica, tem a ver , ao
contrário, com a normalidade coletiva.