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Deficiência Visual: Baixa Visão e Cegueira|

Deficiência Visual

DISCIPLINA
DEFICIÊNCIA VISUAL: BAIXA
VISÃO E CEGUEIRA

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Deficiência Visual: Baixa Visão e Cegueira|

Deficiência Visual

Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 Deficiência Visual ------------------------------------------------------------------------------------ 3
1.1 Conceituando Deficiência Visual------------------------------------------------------------------------------ 3
1.2 Características da Deficiência Visual ------------------------------------------------------------------------ 3
1.3 Causas da Deficiência Visual ----------------------------------------------------------------------------------- 5
2 Patologias que Conduzem à Baixa Visão ----------------------------------------------------- 7
3 Características da Criança Deficiente Visual ------------------------------------------------- 9
4 Adaptações Educacionais para os Deficientes Visuais ------------------------------------ 9
4.1 Princípios da Educação do Deficiente Visual ------------------------------------------------------------ 10
4.2 Estimulação dos sentidos ------------------------------------------------------------------------------------- 10
5 Reabilitação ------------------------------------------------------------------------------------------ 13
6 A Aprendizagem da Criança com Deficiência Visual -------------------------------------- 14
7 Alunos Com Dificuldade Visual ----------------------------------------------------------------- 16
8 Deficiência Visual, Família e Escola ------------------------------------------------------------ 19
8.1 Família ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21
8.2 Escola--------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22
9 O Braile e suas características ------------------------------------------------------------------ 24
10 O Deficiente Visual e a Lei --------------------------------------------------------------------- 25
11 Deficientes Visuais e Acessibilidade -------------------------------------------------------- 26
Referências ------------------------------------------------------------------------------------------------ 32

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Deficiência Visual

1 Deficiência Visual

1.1 Conceituando Deficiência Visual

O termo deficiência vem do latim deficiência, e segundo o Dicionário Aurélio


(2004) significa falta, imperfeição ou insuficiência.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999) referem-se à deficiência visual como


uma “redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor
correção ótica”.

A deficiência visual é um estado de redução do sentido visual, decorrentes de


patologias congênitas, hereditárias ou adquiridas (acidentes, infecções, entre outras).
A situação que define de fato a baixa visão é a permanência da deficiência mesmo
após tratamento clínico e ou cirúrgico.

A deficiência visual não denomina apenas os indivíduos que não possuem


nenhum resquício visual, ela também classifica as pessoas com problemas visuais que
as façam legalmente cegas.

1.2 Características da Deficiência Visual

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A deficiência visual pode se caracterizar por Cegueira e visão reduzida. De acordo


com Lima (2005, p.71) a Cegueira, caracteriza-se por perda da visão, em ambos os
olhos, com visão de menos de 0,1% no melhor olho após correção, ou um campo
visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor olho, mesmo com o
uso de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a cegueira representa a perda
total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar do Método Braile
como meio de leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e equipamentos
especiais para a sua educação.

Os autores Ochaíta e Espinosa (2004, p. 152) classificam a cegueira como “uma


deficiência sensorial que se caracteriza pelo fato de que as pessoas que dela padecem
têm seu sistema visual de coleta de informações total ou seriamente prejudicado.”

A cegueira pode ser congênita ou adquirida (em decorrências de causas


orgânicas ou acidentais) e traz consequências para o desenvolvimento e a
aprendizagem, porque a informação não é obtida por meio dos olhos, requisitando,
portanto, sistemas de ensino por vias alternativas. Portanto, a cegueira não
impossibilita um completo desenvolvimento das faculdades mentais de um indivíduo.

A visão reduzida, para alguns autores, significa visão subnormal. De acordo com
Lima (2005, p.71), a visão reduzida caracteriza-se por “acuidade visual dentre 6/20 e
6/60, no melhor olho, após correção máxima”.

Isso significa que a visão subnormal compromete a função visual


impossibilitando a pessoa ter uma visão clara para realizar suas atividades diárias. A

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baixa visão gera inúmeros transtorno e constrangimentos, pois as pessoas enxergam


de uma forma diferente nas mais diversas distâncias, ou seja, de perto, a meia distância
ou de longe. No entanto vale salientar que o uso da visão mesmo sendo baixa, não é
prejudicial para o indivíduo. Muito ao contrário, a sua utilização proporciona melhor
desempenho e eficiência da visão principalmente se o indivíduo tiver o apoio da
família.

A participação e a compreensão da família são de extrema importância no


processo de desenvolvimento das pessoas com deficiência visual e no resgate de sua
autoestima.

A visão é um dos sentidos que nos ajuda a compreender o mundo à nossa volta,
ao mesmo tempo que nos dá significado para os objetos, conceitos e ideias.

A comunicação por meio de imagens e elementos visuais relacionados é


denominada "comunicação visual". Os humanos empregam-na desde o amanhecer
dos tempos. Na realidade, ela é predadora de todas as linguagens escritas.

1.3 Causas da Deficiência Visual


Deficiência visual é a perda ou redução da capacidade visual em ambos os olhos,
com carácter definitivo, não sendo susceptível de ser melhorada ou corrigida com o
uso de lentes e/ou tratamento clínico ou cirúrgico. Dentre os deficientes visuais,
podemos ainda distinguir os portadores de cegueira e os de visão subnormal.

As causas da deficiência visual podem ser de dois tipos:

• Congénitas - amaurose congénita de Leber, malformações oculares,


glaucoma congénito, catarata congénita.
• Adquiridas - traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula,
glaucoma, alterações relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes.

Como identificar?

• Desvio de um dos olhos;


• não seguimento visual de objetos;
• Não reconhecimento visual de pessoas ou objetos;
• Baixo aproveitamento escolar;
• Atraso de desenvolvimento.

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Sinais de alerta

• Olhos vermelhos, inflamados ou lacrimejantes;


• Pálpebras inchadas ou com pus nas pestanas;
• Esfregar os olhos com frequência;
• Fechar ou tapar um dos olhos, sacode a cabeça ou estende-a para a frente;
• Segura os objetos muito perto dos olhos;
• Inclina a cabeça para a frente ou para trás, pisca ou semicerra os olhos para
ver os objetos que estão longe ou perto;
• Quando deixa cair objetos pequenos, precisa de tatear para os encontrar;
• Cansa-se facilmente ou distrai-se ao aplicar a vista muito tempo.

Consequências da Baixa Visão Percepção Turva

• os contrastes são poucos perceptíveis;


• as distâncias são mal apreciadas;
• existe uma má percepção do relevo;
• as cores são atenuadas.

Escotoma Central e Visão Periférica

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Patologias que Conduzem à Baixa Visão

• funciona apenas a retina periférica, que não é tão discriminativa, pelo que
pode ser necessária a ampliação da letra para efeitos de leitura;
• é em geral impeditiva das atividades realizadas com proximidade dos
restantes elementos, bem como da leitura;
• apresenta acuidade visual baixa (cerca de 1/10).

Visão Tubular

• A retina central funciona, podendo a acuidade visual ser normal;


• A visão noturna é reduzida, pois depende funcionalmente da retina periférica;
• podendo não limitar a leitura, é muito limitativa das atividades de autonomia.

2 Patologias que Conduzem à Baixa Visão

Atrofia do Nervo Óptico: Degenerescência das fibras do nervo óptico. Se for


total, não há percepção luminosa.

Alta miopia: baseia-se num defeito de refracção elevado (> a 6 dioptrias), que
frequentemente é hereditário, associado a outros aspectos degenerativos. O risco do
deslocamento da retina é elevado, nesse caso, devem ser tomadas precauções
necessárias.

Cataratas Congénitas: perda de transparência do cristalino, originando


perturbações na diminuição da acuidade visual. A visão periférica também está
normalmente afetada, daí existir uma grande dependência na funcionalidade e na
autonomia.

Degeneração macular: situa-se, na zona central da retina, mácula, e constitui


uma das causas mais frequentes de dependência visual ligada à idade. Outras
patologias surgem em escalões etários mais jovens (ex.: queimadura da mácula –
eclipse solar). A visão periférica não sofre alterações pelo que não há problemas na
mobilidade. A visão central é afetada por escotomas que podem progredir.

Glaucoma: é uma patologia do olho em que a pressão intraocular é elevada por


produção excessiva ou deficiência na drenagem do humor aquoso.

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Patologias que Conduzem à Baixa Visão

O glaucoma agudo é mais raro, doloroso e normalmente implica intervenção


cirúrgica no seu tratamento.

Outras Retinopatias: degenerescência da retina que poder ser hereditária ou


não. Envolve perda de visão e consequentes problemas na mobilidade, ficando a
pessoa com visão tubular.

Síndroma USHER: associa a retinopatia pigmentar à patologia auditiva, afetando


simultaneamente a visão e a audição.

Doença de Stargardt: consiste em diversos escotomas do centro para a periferia


da retina, mantendo-se quase sempre um ilhéu central de visão.

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Características da Criança Deficiente Visual

3 Características da Criança Deficiente Visual

A criança deficiente visual é aquela que difere da média, a tal ponto que irá
necessitar de professores especializados, adaptações curriculares e ou materiais
adicionais de ensino, para ajudá-la a atingir um nível de desenvolvimento
proporcional às suas capacidades;

• Os alunos com deficiência visual não constituem um grupo homogéneo;


• Os portadores de deficiência visual apresentam uma variação de perdas que
se poderão manifestar em diferentes graus de acuidade visual;

4 Adaptações Educacionais para os Deficientes Visuais

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Adaptações Educacionais para os Deficientes Visuais

A educação da criança deficiente visual pode se processar por meio de


programas diferentes, desenvolvidos em classes especiais ou na classe comum,
recebendo apoio do professor especializado. Além disso, as crianças necessitam de
uma boa educação geral, somada a um tipo de educação compatível com seus
requisitos especiais, fazendo ou não, uso de materiais ou equipamentos de apoio.

A educação do deficiente visual necessita de professores especializados nesta


área, métodos e técnicas específicas de trabalho, instalações e equipamentos
especiais, bem como algumas adaptações ou adições curriculares, uma vez que a
tendência atual da educação especial é manter na escola comum o maior número
possível de crianças com necessidades educativas especiais.

Assim, cabe à sociedade a responsabilidade de prover os auxílios necessários


para que a criança se capacite e possa integrar-se no grupo social.

4.1 Princípios da Educação do Deficiente Visual


São princípios que norteiam a educação do deficiente visual:

• Individualização
• Concretização
• Ensino Unificado
• Estímulo Adicional
• Autoatividade

4.2 Estimulação dos sentidos


A estimulação dos sentidos do deficiente visual pode ocorrer pelas seguintes
maneiras:

• Estimulação visual
• Estimulação do tacto
• Estimulação auditiva
• Estimulação do olfato e do paladar

Estimulação visual

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Adaptações Educacionais para os Deficientes Visuais

• Motivar a criança a alcançar, tocar, manipular e reconhecer o objeto;


• Ensinar a “olhar” para o rosto de quem fala;
• Ajustar uma área onde a criança possa brincar em segurança e onde os
objetos estejam ao alcance dos seus braços;
• O educador pode usar fita-cola de diferentes cores para contrastarem com
os objetos da criança, de modo a torná-los mais visíveis.

Estimulação do tacto

• descriminar diferentes texturas;


• experimentar materiais com formas e feitios com contornos nítidos e cores
vivas;
• distinguir a temperatura dos líquidos e sólidos;
• mostrar como pode manipular o objeto.

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Adaptações Educacionais para os Deficientes Visuais

Estimulação auditiva

• ouvir barulhos ambientais, gravadores, rádios…;


• identificar sons simples;
• distinguir timbres e volumes dos sons;
• discriminar a diferença entre duas frases quase iguais;
• desenvolver a memória auditiva seletiva.

Estimulação do olfato e do paladar

• provar e cheirar diferentes comidas (salgadas, doces e amargas);


• cheirar vinagre, perfumes, detergentes, sabonetes e outros líquidos com
cheiros fortes.

Programa pré-escolar

Quando em idade pré-escolar, a criança deficiente visual necessita que se dê


importância à “rapidez”, para que atinja o mesmo nível que os colegas normo-visuais.

Para tal é particularmente importante que ela desenvolva:

• capacidades motoras;
• capacidades da linguagem;
• capacidades discriminativas e perceptivas.

Entrada para a escola

À entrada para a escola a Criança D.V. deve:

• compreender o seu corpo;


• ter a lateralidade desenvolvida;
• estar desenvolvido no Tacto;
• estar desenvolvido auditivamente

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Reabilitação

5 Reabilitação
A Reabilitação é essencial no processo de inserção na sociedade, dado que a
redução ou a privação da capacidade de ver traz consequências para a vida do
indivíduo, tanto no nível pessoal como no funcional, colocando-o, na maioria das
vezes, à margem do processo social, segurança psicológica e nas habilidades básicas;

Sala de recursos

• estas salas podem estabelecer uma alternativa de qualidade se tivermos em


conta determinadas características, tais como:
• necessidade de um apoio individualizado;
• necessidade de um currículo com objetivos funcionais;
• ambientes estruturados e securizantes;
• equipamentos e materiais específicos;
• problemas de saúde graves;
• necessidade de gestão de tempos específicos.

Currículo escolar e a deficiência visual

Os programas educativos direcionados para os deficientes visuais devem ir ao


encontro das mesmas áreas e atividades que se encontram nos programas regulares
(sendo feitas adaptações consoante as necessidades e dificuldades dos alunos).

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A Aprendizagem da Criança com Deficiência Visual

O reforço pedagógico e a coordenação Técnico – Docente

• Ajuste do tempo ao seu ritmo de trabalho;


• Planificação de Atividades;
• Adaptação do Processo de Avaliação.

Orientação e movimentação da Criança com D.V. no espaço

Processo prolongado e sequenciado que deve começar o mais cedo possível.


As técnicas mais utilizadas são:

• Guia normovisual;
• Uso da bengala;
• Cão Guia;
• Etc.

6 A Aprendizagem da Criança com Deficiência Visual

A capacidade de aprendizagem de uma criança não está diretamente relacionada


com o seu grau de visão, mas depende do momento em que a criança perdeu a visão.

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A Aprendizagem da Criança com Deficiência Visual

Adaptação do Espaço

Assim, serão necessárias adaptações no espaço se a dificuldade de visão for


acrescida de outras. Além disso, será necessário:

• Conhecer o ambiente escolar;


• Na sala de aula é necessário:
• Comunicação Oral;
• Condições de iluminação;
• Organização do espaço e dos materiais;
• Estratégias e recursos.

Avaliação Clínica

A Equipa de avaliação clínica deve ser constituída por:

• Professor do Ensino regular;


• Serviços Especializados de A.E.;
• oftalmologista;
• Ortoptista;
• Técnico de Reabilitação;
• Psicólogo;
• Técnico de Serviço Social;

Avaliação funcional

A avaliação funcional consiste em avaliar os aspectos funcionais da visão e as


suas implicações educacionais e ocorre em contextos naturais e implica recolha de
elementos relativos à forma como a pessoa utiliza a sua visão em ambientes com
condições diferentes.

Avaliação

A avaliação deve ter em conta:

• Idade do início das dificuldades visuais;


• Modo de progressão da perda de visão- lento ou abrupto;
• Causa dessas dificuldades – sistémica (ex. diabetes), ou confinada ao olho;

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Alunos Com Dificuldade Visual

• Se a patologia é hereditária, congénita ou adquirida (antes dos 5 anos ou


após este período);
• Se o prognóstico é estacionário ou evolutivo.

Ainda, para ser eficaz, a avaliação deve utilizar formas de comunicação que a
criança/jovem compreenda; incluir objetos e materiais familiares interessantes;
apresentar esses materiais e objetos de forma contextualizada, baseada numa
aprendizagem significativa e estruturada; organizar e provocar situações de
aprendizagem estruturada mediante a utilização de objetos e materiais, apresentados
em contextos naturais.

7 Alunos Com Dificuldade Visual

O tema ora abordado se refere à educação especial inclusiva, em especial aos


portadores de deficiência visual, inseridos no âmbito escolar regular. As pessoas com
necessidade especial, atendimento e compreensão do professor que cada aluno tem
seu ritmo, uso da afetividade, a constante busca de estratégias e mediação para
inclusão, e a situação de incapacidade frente a não formação continuada. Anseios e
desejos dos educadores que a Legislação da Educação Especial Inclusiva não seja
utópica.

Cabe ao professor a cada novo conteúdo a ser ensinado, de acordo com seu
planejamento, sonda-se o quanto a turma já sabe sobre aquilo para determinar como
levá-la a avançar. Quando há uma criança com deficiência na sala, a história não deve

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Alunos Com Dificuldade Visual

ser diferente. É preciso verificar também o que ela já conhece e seguir em frente com
a etapas previstas. Mais do que se basear num diagnóstico médico que limite as
possibilidades dela, proponha situações de aprendizagem desafiadoras para descobrir
até onde ela pode chegar.

Apesar de a lei determinar a inclusão, imperava uma visão integracionista. Uma


criança com deficiência só permanecia numa sala regular se acompanhasse o ritmo da
turma. Cabe ao professor lidar com essa diversidade e aceitar o desafio, romper com
as práticas antigas e inovar o conceito de aprendizagem e mediação, buscar ritmos
diferenciados para adequar o desigual aos iguais.

Alunos com dificuldade visual parecem demandar algum tipo de elemento


docente, ainda não perceptível para muitos, no campo da competência docente.
Nosso objetivo vai ser o fato de que devemos encontrar elementos: favoráveis e
necessários da competência docente, no processo do ensinar conteúdos
diversificados para alunos com dificuldade visual.

Para investigar o que os alunos com algum tipo de deficiência já sabem, você
pode usar as mesmas estratégias que prepara para os demais, desde que adote
diferenciações adequadas a cada necessidade da criança. O importante é colocar
todos os estudantes em contato com aquilo que pretende ensinar.

A estratégia escolhida deve permitir que eles usem, durante a sondagem,


informações e práticas já conhecidas. Os resultados dão uma ideia dos conhecimentos
prévios de cada um, evitando que você proponha situações fáceis demais – e,
portanto, desmotivadores – ou apresente algo exageradamente complexo, que os
alunos, naquele momento específico, ainda não têm condição de se apropriar.

Dada a aula, você tem pela frente a tarefa de avaliar o que todos aprenderam.
Aqui é preciso evitar o erro de comparar crianças diferentes, ou querer nivelar o
desenvolvimento da turma.

É evidência de nossa inquietação, diante do direito de aprendizagem de alunos


com deficiência visual, a saber: a explicação e compreensão dos professores como
estímulo; a mediação entre o processo de conhecimento, a audição como maior
recurso em relação à visão e o barulho humano na sala de aula como limitante; o uso
da cópia da lousa dos colegas e a falta ao atendimento dito específico, diante do
suposto objetivo, construção do próprio texto e da aprendizagem pelo aprendiz,
mesmo que de forma mais lenta; como minimizar o estado de impotência de muitos
professores, quando não conseguem ensinar tais alunos.

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Alunos Com Dificuldade Visual

É possível que juntos, administração escolar e professores, coletivamente,


possam encontrar o caminho da competência docente, quando se trata dos direitos
da aprendizagem de alunos com dificuldade visual.

Considerando o aspecto afetivo formador da natureza humana e elemento


responsável pela definição das relações interindividuais, base para todo
desenvolvimento sociocognitivo do ser humano (teoria humanista), assim o processo
de desenvolvimento e aprendizagem, devem ser também marcados pelos laços
afetivos, em que emoções e sentimentos estejam presentes no processo educativo o
professor tem que ser visto como pessoa completa e de seu papel de mediador da
aprendizagem, renovando valores morais e éticos, um cultivador das novas aptidões
possibilitadas, enxergando as potencialidades de seus alunos, se o professor
demonstra confiança e credibilidade em seu papel, os educandos serão estimulados
para tentar aprender/compreender, pois os educandos sentindo queridos e
respeitados passam a se demonstrar confiantes e seguros para o processo de
desenvolvimento e aprendizagem.

Portanto cabe à educação a satisfação das necessidades orgânicas e afetivas, a


oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica
do educando, espaço para todo tipo de manifestação expressiva: plástica, verbal,
dramática, escrita, direta, ou indireta, através de personagens susceptíveis de provocar
identificação do educando.

Considerando as implicações da teoria de Wallon para a educação,


especificamente sobre o papel do professor, inclusive na educação inclusiva temos
que antes de qualquer coisa como educadores ser pessoas humanas e afetivas, assim
nos é apresenta por Almeida (2000- p.86):

Wallon, psicólogo e educador, legou-nos muitas outras lições. A


nós, professores, duas são particularmente importantes. Somos
pessoas completas: com afeto, cognição, e movimento, e nos
relacionamos com um aluno, também pessoa completa, integral,
com afeto cognição e movimento. Somos componentes
privilegiados do meio de nosso aluno.

Veremos o que Canário nos fala neste sentido:

A persistência e agravamento das desigualdades escolares e a


constante frustração de expectativas de promoção social minam

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Deficiência Visual, Família e Escola

a legitimidade da escola [...] a escola vê-se ‘invadida’ por


problemas sociais decorrentes da sua democratização e que não
tem meios para resolver. (CANÁRIO, 2006, p. 87).

Portanto cabe à educação a satisfação das necessidades orgânicas e afetivas, a


oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica
do educando, espaço para todo tipo de manifestação expressiva: plástica, verbal,
dramática, escrita, direta, ou indireta, através de personagens susceptíveis de provocar
identificação do educando.

As ações voltadas para a pessoa portadora de deficiência, dentro da sala de aula


e no ambiente escolar, devem incluir medidas que tenham como objetivo promover a
diminuição das diferenças, causadas por comprometimentos funcionais exigindo por
parte da comunidade escolar atitudes, que facilitem o acesso e a permanência do
aluno deficiente, tornando possível o aprendizado global e a ampliação de sua rede
social inicialmente restrita ao âmbito familiar a terapêutico. Se a criança deficiente for
estimulada física e socialmente, de forma global, tende a se desenvolver melhor.

8 Deficiência Visual, Família e Escola

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Deficiência Visual, Família e Escola

A falta ou a deficiência de um dos sentidos, como a visão, traz consequências


para o desenvolvimento e aprendizagem dos indivíduos. A falta da visão, além de
afetar a locomoção do sujeito no espaço físico, afeta também a sua capacidade de
leitura e escrita. No entanto, toda pessoa é capaz de desenvolver-se e aprender algo
independentemente de suas limitações, deficiências ou síndromes desde que sejam
respeitadas suas limitações físicas e mentais e principalmente se estimulado de forma
adequada. Nesse sentido, pessoas com deficiência visual ou cegueira podem
apropriar-se de conhecimentos sistematizados e elaborados socialmente assim como
participar efetivamente no meio social, desde que recebam os estímulos e orientações
necessárias ao seu desenvolvimento, construção de aprendizagens e conceitos.

Sendo assim, tornam-se relevantes alternativas para minimizar ou superar as


dificuldades que eles encontram durante toda a sua vida escolar.

Em se tratando do ambiente escolar e da deficiência visual ou cegueira, uma das


alternativas disponíveis para a alfabetização é o Sistema conhecido como Braile. Esse
sistema é fundamental para a aprendizagem da leitura e escrita das pessoas cegas ou
para o aprimoramento daquelas que perderam a visão após serem alfabetizadas da
forma convencional.

Quando uma criança nasce, a família deseja que ela não apresente nenhum tipo
de deficiência, seja física, cognitiva ou sensorial.

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Deficiência Visual, Família e Escola

As deficiências sensoriais, do ponto de vista científico, dizem respeito a alterações


em um ou mais órgãos dos sentidos. Mas do ponto de vista prático, a deficiência
sensorial caracteriza-se pela incapacidade plena de utilizar os sentidos que se dispõe,
independentemente de quantos eles sejam. Nesta perspectiva, a deficiência sensorial
não constitui a falta de um dos sentidos, mas a impossibilidade de usá-los plenamente
no dia a dia durante toda a vida.

A cegueira ou deficiência visual é um tipo de deficiência sensorial. A deficiência


visual, em qualquer grau, compromete a capacidade da pessoa de se orientar e de se
movimentar no espaço com segurança e independência. Sendo assim e para uma
melhor compreensão do assunto, neste capítulo far-se-á o conceito de deficiência
visual e suas diferentes formas de apresentação.

8.1 Família

Poder enxergar tudo que nos rodeia é tão importante quanto ouvir os sons que
são produzidos a nossa volta. Tal como a audição, a visão capta registros próximos ou
distantes e permite organizar, no nível cerebral, as informações trazidas pelos outros
órgãos dos sentidos.

Por isso, a deficiência visual congênita ou adquirida, traz um impacto grande na


vida do indivíduo, tanto no seu desenvolvimento individual quanto psicológico.

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Deficiência Visual, Família e Escola

Além da perda do sentido da visão, a cegueira adquirida acarreta também outras


perdas tais como emocionais, mobilidade, execução das atividades da vida diária e
profissional, da comunicação e da personalidade como um todo. Sendo assim, a
deficiência visual em qualquer grau, compromete a capacidade da pessoa de se
orientar e de se movimentar no espaço com segurança e independência. Por isso, o
desenvolvimento das habilidades de orientação e mobilidade, parte essencial do
processo educacional de qualquer criança deficiente visual, precisa começar desde
cedo, em casa, com o apoio dos pais.

À família, base do desenvolvimento do ser humano, cabe a tarefa de oferecer ao


portador de deficiência visual condições para seu crescimento como indivíduo,
tornando-o capaz de ser feliz e produtivo, dentro de sua realidade, de suas
potencialidades e de seus limites.

Embora não seja fácil, a família precisa entender que a pessoa com deficiência é
acima de tudo, uma pessoa completa com sentimentos, sonhos e desejos. Por isso,
deve evitar focar a atenção na sua cegueira ou ainda na sua baixa capacidade visual.
A primeira atitude que a família do deficiente visual deve ter, é acreditar na capacidade
e potencialidades que ele tem e ainda considerá-lo capaz de estudar, ser
independente, trabalhar, praticar esportes e tantas outras coisas que seus amigos,
parentes e conhecidos fazem. Além da família, a escola e a sociedade também devem
contribuir no sentido de ajudar a enfrentar os obstáculos colocados pela deficiência.

8.2 Escola
Ao longo da história as pessoas com deficiência, física, auditivas, visuais e outros,
foram discriminadas, segregadas e afastadas da convivência com as pessoas
consideradas normais. Foram excluídos dos ambientes sociais públicos, porque eram
diferentes dos outros, sendo até mesmo considerados seres inferiores e incapazes de
conviverem em sociedade. Não trabalhavam, não estudavam e viviam a margem da
sociedade.

Este cenário começou a mudar a partir da Conferência Mundial de Educação para


Todos, realizada em 1990 na Tailândia, com a finalidade de refletir sobre uma
sociedade e uma escola inclusiva. Outro evento marcante foi a Conferência de
Salamanca, realizada na Espanha em 1994, que resultou na Declaração de Salamanca
cujo eixo central propõe a inclusão das pessoas com necessidades especiais no ensino

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comum e sua participação social plena. A partir de então vários outros eventos e
políticas públicas de inclusão foram implementadas, inclusive no Brasil.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 3º inciso IV, vem


“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação”. Garante ainda em seu artigo 205, no capítulo III, a
educação como um “direito de todos e dever do Estado”. Portanto, todos têm direito
a uma educação gratuita e de qualidade, inclusive os deficientes visuais ou as pessoas
com visão reduzida.

A visão reduzida sob o enfoque educacional, “trata-se de resíduo visual que


permite ao educando ler impressos a tinta, desde que se empreguem recursos
didáticos e equipamentos especiais” (LIMA, 2005, p.71).

Isso significa que as pessoas com visão reduzida têm uma visão residual, mas
necessita de adaptações nas atividades pedagógicas para que consiga realizá-las e
efetivar a aprendizagem. Durante todo o processo de aprendizagem de uma criança
portadora de deficiência visual é necessário procedimento e recursos especializados.
No entanto, de acordo com o estudo Piagetiano, a função cognitiva de crianças com
deficiência visual desenvolve-se bem mais lentamente comparando-se com as
crianças videntes. Por isso a alfabetização de crianças cegas requer uma metodologia
ainda mais diversificada do que para as crianças videntes. Sendo assim, o professor
não deve ser um mero repassador de informações ou um repetidor de estratégias de
ensino já experimentados ou ainda um alfabetizador repassador de conteúdos. Do
professor alfabetizador exige-se criatividade, desenvoltura e reflexão da sua prática
pedagógica. O professor deve ser um observador criterioso e ficar atento a evolução
do aluno.

Todavia, um ponto crucial durante esse processo, é perceber a criança cega ou


com baixa visão, como um ser inteiro, proprietária dos seus pensamentos, e
construtora do seu próprio conhecimento, ainda que em condições distintas.

A educação, como elemento transformador, precisa provocar a participação e a


interação entre escola, educadores e educandos, sejam eles deficientes visuais ou não.
Em se tratando de pessoas cegas, é importante que os educadores acreditem em seu
ofício e que estejam capacitados para exercerem seu papel no processo ensino-
aprendizagem utilizando metodologias distintas para que haja interação e
posteriormente o efetivo conhecimento formal.

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O Braile e suas características

Durante décadas, as pessoas cegas tinham somente o Braile como forma de


acesso a informação escrita. Sendo assim, as crianças cegas que frequentavam a escola
eram alfabetizadas por esse método ao qual permite a pessoa cega ler e escrever
textos utilizando apenas as pontas dos dedos.

9 O Braile e suas características


O Sistema Braile é um modelo de lógica, simples e polivalente, que se adapta a
todas as línguas e a toda a espécie de grafias. Esse sistema foi inventado em 1825 por
Louis Braille que, com sua invenção permitiu aos cegos enxergarem novos horizontes
na ordem social, cultural e espiritual, arrancando-os da cegueira mental em que
viviam.

O Sistema Braile é um alfabeto convencional cujos caracteres são indicados por


seis pontos distribuídos em duas colunas, numerados de1 a6. A partir desses seis
pontos é possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e
acentuadas, pontuações, algarismos, sinais algébricos e notas musicais. Este
agrupamento também possibilita representar caracteres da literatura, da matemática,
da informática e da música. No entanto, a escrita Braille não possui símbolos que
sintetizem a frase. Cada palavra tem suas letras distintas, com auxílio de pontos que
indicam maiúsculas e espaços suficientemente sensíveis ao toque para melhor
identificar as palavras.

A escrita em Braile é realizada através da reglete. A reglete é um pequeno artefato


articulado com orifícios na parte superior e reentrâncias na parte inferior. A punção é
um tipo de caneta que permite perfurar os pontos em uma folha de papel. Com o
passar do tempo os instrumentos foram evoluindo e então surgiu a máquina de
escrever em braile. Era semelhante a uma máquina de escrever comum, mas sua
função é reproduzir células em relevo sobre o papel.

Com a evolução dos recursos tecnológicos, foi desenvolvido na década de 80,


um software de computador para braille. Recursos adicionais incluem softwares de
reconhecimento de voz, teclados especiais para computador e scanners ópticos. Os
programas de braille mais recentes conseguem produzir páginas em frente e verso
através de um sistema de interpontos, que intercalam as impressões em alto e baixo
relevos nas entrelinhas.

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O Deficiente Visual e a Lei

10 O Deficiente Visual e a Lei


A Lei 7.853 de 24 de outubro de 1989 ampara a acessibilidade aos portadores de
deficiências visuais, integração ao mercado de trabalho e educação adequada e
adaptada.

A Coordenadoria para a integração da Pessoa Portadora de Deficiência,


conhecida como “CORDE” é o órgão federal responsável em coordenar e fiscalizar o
cumprimento da lei em nível federal, estadual e municipal.

A Lei nº. 7853/89 trata dos direitos e deveres dos portadores de deficiências,
garantindo que em todo o território brasileiro ações sejam desenvolvidas para
melhorias em sua vida, saúde, educação, trabalho e lazer. Em seu artigo 1º estabelece:
“Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos
individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração
social, nos termos desta Lei”.

Em dezembro de 1996, a Lei nº. 9394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional, garantiu escolaridade gratuita a todos em seu Capítulo V, nos artigos 58, 59
e 60.

Esta Lei garante o acesso à escolaridade em todos os níveis de ensino e currículos


adaptados e voltados a atender as deficiências.

Em 1999, o Decreto Federal nº. 3298/99, que regulamentou a Lei nº. 7853
garantiram direitos legais a todos os cidadãos brasileiros portadores de deficiência
em solo brasileiro referentes à educação, à saúde, ao lazer, ao trabalho, ao desporto,
ao turismo, aos transportes, às construções públicas, à habitação, à cultura e outros.

Este decreto classifica as deficiências amparadas no artigo 4º e especifica a


cegueira no Parágrafo III:

Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho,
com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e
0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória
da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a
ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.

Lei nº. 10.172 de nove de janeiro de 2001 institui o Dia Nacional da Educação que
será comemorado em 12 de dezembro. Estabelece avaliações nacionais periódicas e
aprova o Plano Nacional da Educação e os Planos Decenais a serem elaborados em
todos os segmentos municipais, estaduais e federais.

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Deficientes Visuais e Acessibilidade

A partir deste período houve respeito às deficiências. Todos passaram a


frequentar escolas regulares e conviver em conjunto com pessoas sem deficiências.
Este trabalho de cidadania permitiu entender que é normal ser diferente. Houve uma
abertura em relação a esta situação com campanhas publicitárias e discussões sobre
as deficiências em novelas como “Coração de estudante”, em 2002, “América”, em
2005, e “Páginas da Vida”, em 2006.

A Resolução CNE nº. 02, de 11 de setembro de 2001, abordam as Diretrizes para


Educação Especial na Educação Básica, assegurando acessibilidade aos alunos em
todos os níveis de escolaridade.

A resolução garantiu acesso a escolas, aumentou autoestima dos deficientes e


seus familiares, oportunizando a convivência entre todos. Esta resolução deu início a
programas de reconhecimento a participação de todos no ambiente escolar. Foi
importante, pois a presença de diversidades múltiplas nas escolas passou a ser
considerada comum.

Em 2003, a Portaria nº 3.284, de 7 de novembro de 2003, traçou diretrizes de


acessibilidade ao ensino superior para portadores de deficiências. Esta portaria
instituiu requisitos de acessibilidade como vagas em estacionamentos, rampas,
adaptações em estabelecimentos, mudanças estruturais permitindo melhorias de
acessos aos deficientes.

11 Deficientes Visuais e Acessibilidade


Acessibilidade é o fato de se conseguir ter acesso a um lugar ou conjunto de
lugares. Não se trata aqui tão somente ao fato de pessoas com deficiência ou que
tenham mobilidade reduzida possam ter acesso a certas atividades tais como o acesso
a determinados lugares, o uso de produtos, serviços e informações, mas sim a
utilização e extensão destes por todos aqueles presentes em uma determinada
população inclusive os deficientes visuais.

Percebe-se a partir do conceito exposto acima que o tema acessibilidade é


bastante amplo resumindo-se não somente ao fato de pessoas terem acesso a algum
lugar ou a alguma coisa, mas trata-se também do fato de determinados lugares ou
mesmo objetos e serviços sofrerem as devidas modificações para que pessoas que
possuam características particulares diferenciadoras possam ter acesso de forma
digna e independente, incluídas nesse rol as pessoas com deficiência visual.

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Deficientes Visuais e Acessibilidade

Desde a antiguidade, os deficientes visuais são considerados como de difícil


compreensão. Indivíduos cegos, sempre foram tidos como incapazes e dependentes
sofrendo inclusive maus tratos, e em algumas civilizações chegava-se até mesmo ao
extermínio destes. Mas de certo tempo em diante percebeu-se que as pessoas cegas
ou mesmo com a visão reduzida poderiam ser educadas bem como ter uma vida
normal dentro dos padrões de sua deficiência assim como as outras pessoas até então
tidas como normais.

Adiante será demostrado uma breve evolução histórica a respeito dos deficientes
visuais e como estes eram tratados nas mais diversas regiões pelo mundo a fora e a
partir de então poderá se entender o porquê de até hoje a sociedade fazer referência
entre a cegueira e algumas atividades profissionais, mitos e ate mesmo possuir
algumas ideias pré-formuladas.

Como ponto de partida será tomado à China onde a cegueira era comum entre
as pessoas que viviam no deserto. Os cegos chineses encontraram como janela de
escape para a sobrevivência a música a qual utilizavam para se ganhar a vida e para
isso era necessário que se exercitasse a audição e a memória.

Já os japoneses foram mais além e enfatizaram a independência e autoajuda das


pessoas cegas. Assim como os chineses trabalhavam com a música bem como com a
poesia e religião além de que o trabalho com massagem foi encorajado. Muitos destes
se transformaram em verdadeiros contadores de história e historiadores fazendo com
que ficassem gravados na memória os feitos dos grandes nomes da história
japonesam bem como das famílias tradicionais sendo encarregados de contar isso
para os outros para que se perpetua-se a tradição.

Já o Egito se destacava na antiguidade como sendo um país de cegos, e isso se


dava principalmente devido ao clima quente e a poeira. Papirus descobertos por
historiadores faziam referência à cegueira e as doenças dos olhos.

Na Grécia algumas pessoas com deficiência visual eram veneradas como


verdadeiros profetas uma vez que desenvolviam os outros sentidos e isso era
considerado um milagre.

Em Roma uns poucos cegos tornaram-se pessoas instruídas tais como


advogados, músicos e poetas. Entretanto, a maioria esmagadora dos cegos vivia em
uma completa miséria recebendo o que comer e o que vestir como forma de esmola.
Em sua grande maioria os meninos tornavam-se escravos e as meninas prostitutas.

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Deficientes Visuais e Acessibilidade

Percebe-se analisando o contexto histórico acima que era raro o apoio dado as
pessoas com deficiência visual na sua grande maioria e isto fez com que muitos
desenvolvessem habilidades para que pudessem ganhar até mesmo o que comer para
sobreviver.

Assim como foram tratados no continente europeu, os deficientes visuais


brasileiros na sua maioria esmagadora também amargaram uma vida pobre e
miserável. “Ou seja” por vários séculos a pessoa com deficiência foi incluída dentro da
categoria mais ampla dos “miseráveis”, talvez o mais pobre entre os pobres (SILVA,
1987).

Essa discriminação e exclusão social prevaleceram ainda hoje com pouca atenção
por parte dos órgãos governamentais, mas vale ressaltar que foi no ano de 1981 que
a ONU acordou para essa realidade e deu o ponta pé inicial para que mudanças
pudessem começar a ocorrer e esse ano foi declarado como Ano internacional da
Pessoa Deficiente.

De acordo com Figueira (2008, p. 115): Se até aqui a pessoa com deficiência
caminhou em silêncio, excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano
Internacional da Pessoa Deficiente -, tomando consciência de si, passou a se organizar
politicamente. E, como consequência, a ser notada na sociedade, atingindo
significativas conquistas em pouco mais de 25 anos de militância.

Nota-se que até então os deficientes visuais não tinham nenhuma atenção por
parte da sociedade bem como do estado e com isso o mínimo de direito necessário
para que se tivesse uma vida digna no Brasil não era garantido, quem dirá se alguém
se preocuparia com direito a acessibilidade dessas pessoas.

Assim como em outros países mundo a fora, o caminho percorrido pelos


deficientes visuais brasileiros sempre foi e continua sendo marcado por uma intensa
luta para que possam ser reconhecidos como um ser humano “normal” e não como
uma escoria da sociedade e a partir de então consigam ter as mínimas condições
existenciais garantidas para se ter uma vida digna.

Pensando nisso e tratando a respeito desse assunto tão delicado que é a


discriminação, a exemplo a que se pratica quando não se respeita a acessibilidade do
deficiente visual, o constituinte viu-se obrigado a procurar uma solução para equilibrar
a relação com os deficientes visuais e em 1988 a Constituição Federal elencou uma
serie de dispositivos tratando do assunto entre eles podemos citar inicialmente o
art.3º, IV onde diz:

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Deficientes Visuais e Acessibilidade

art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.

Fazendo uma leitura do dispositivo elencado acima se percebe que a


Constituição Federal demonstrou uma enorme preocupação com relação ao assunto
da discriminação.

Tal norma traz implícito em seu dispositivo um princípio garantidor uma vez que
trata como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem-
estar social.

Para que isso ocorra de fato se faz necessário que seja combatido às diversas
modalidades de preconceitos relacionados à origem, a raça, quanto ao sexo, à cor,
idade, e todas as outras formas, merecendo destaque aqui a discriminação das
pessoas que apresentam deficiência visual.

Para os deficientes visuais esse dispositivo é de extrema importância uma vez


que tende a combater e abolir qualquer tipo de preconceito e discriminação sofrida
por essa classe que há tanto tempo vinha sendo humilhada e oprimida pela maioria.

Mas nossa carta magna foi mais além e para garantir e reforçar ainda mais o
tratamento a ser dado a essas pessoas resolveu destinar um artigo próprio para tratar
da questão da acessibilidade e no seu artigo 227, parágrafo 2º a Constituição Federal
trouxe a seguinte redação:

art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de


uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso
adequado às pessoas portadoras de deficiência.

Pode-se observar que a Constituição de 1988 determinou uma divisão de deveres


entre as diversas entidades formadoras da sociedade, isso resta claro no início do
citado artigo onde o constituinte deixa expresso que é dever da família, da sociedade
e o do próprio estado assegurar com absoluta prioridade uma série de direitos às

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Deficientes Visuais e Acessibilidade

crianças, ao jovem, bem como aos adolescentes e vai mais além determinando
também que essas entidades coloque-os a salvo de qualquer tipo de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão

Importante se faz chamar a atenção aqui para o parágrafo segundo do art.227


onde se trata especificamente da questão da acessibilidade das pessoas portadoras
de deficiência dando-lhe a devida atenção que o assunto merece.

O dispositivo em questão é de suma importância para o presente trabalho uma


vez que é ele que determina que a lei deve dispor sobre as construções de logradouros
bem como de edifícios de uso público e vai mais além determinando que lei deve
tratar também sobre a fabricação de veículos de transporte coletivo. Ressalta-se que
a lei em questão deve tratar de tudo isso se preocupando sempre em garantir o acesso
às pessoas com deficiência.

Apesar da boa fé do constituinte o dispositivo em questão trouxe consigo um


problema a ser resolvido. Após se fazer uma leitura mais aprofundada do parágrafo
segundo do artigo em questão percebe-se que sua redação deixa claro que a lei
versara sobre as construções dos logradouros e dos edifícios púbicos, ou seja, o que
se fazer com os prédios já existentes já que não são considerados em construção e
sendo assim não são assim abrangidos pela presente norma?

Para responder essa pergunta e consequentemente apresentar a solução para o


problema em questão se faz necessário à leitura de outro dispositivo constitucional
que continua tratando do tema acessibilidade e busca continuar oferecendo respaldo
jurídico a essas pessoas, qual seja o art.244 que traz em seu bojo a seguinte redação:

art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso
público e dos veículos de transporte coletivo atualmente existente a fim de garantir
acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, do conforme o disposto no
art. 227, § 2º.

Importantíssimo se fez esse dispositivo uma vez que caso o legislador não tivesse
suprido a lacuna deixada a respeito da acessibilidade dos logradouros, edifícios de
uso público e transportes coletivos já existentes muitos poderiam se valer dessa
brecha na lei para não realizar as devidas alterações necessárias e com isso não
poderia ser garantido o pleno exercício do direito de acessibilidade por parte dos
deficientes visuais uma vez que ainda teríamos edificações em desacordo com as
necessidades especiais dessas pessoas por exemplo.

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Deficientes Visuais e Acessibilidade

Vale lembrar que os direitos dos deficientes não são de preocupação exclusiva
do Brasil, prova disso é que no ano de 2007 vários países reuniram-se em Nova York
para discutir o assunto e como este vinha sendo tratado no cenário daquela época.
Resultado dessa reunião foi à assinatura da Convenção Internacional sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo no dia 30 de março de 2007.

O Brasil recepcionou a presente convenção e a promulgou através do Decreto


Lei N°6949 de 25 de agosto de 2009.

Essa assinatura tornou-se possível por parte do Brasil visto à importância da


Convenção para garantia de tais direitos e buscando respaldar e apoiar ainda mais
essa classe principalmente a nível internacional.

O Brasil pôde valer-se de seu art 4º, IX, da Constituição Federal para garantir mais
essa conquista para as pessoas com deficiência. Assim preceitua-se o art.4° da
Constituição:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios:
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

Nota-se que o Brasil positivou desde o ano de 1988 através do poder constituinte
sua preocupação com as relações internacionais deixando claro que no que tange a
relação com outros países o Brasil deveria se portar de forma a promover a
cooperação entre os povos para que fosse alcançado o progresso da humanidade.

Verdade é que a assinatura da Convenção Internacional sobre os Direitos das


Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo foi um progresso enorme uma
vez que tratou o assunto a nível internacional e fez com que os estados partem ficasse
obrigados entre si a promover o bem-estar social das pessoas com deficiência,
garantindo-lhes uma série de direitos especialmente a nível internacional.

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