Você está na página 1de 25

O PERFIL DA VÍTIMA E VITIMIZADOR- OS

FATORES ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA ESCOLAR


NO ANO DE 2020 EM ADOLESCENTES DE
ESCOLAS MUNICIPAIS DO DISTRITO DE NOSSA
SENHORA DO Ó- PE

CÁSSIA MARTA FELIX ALVES DE ARAÚJO


CHRISTIAN BUSINESS SCHOOL
PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA
EDUCAÇÃO

AUTORA: CÁSSIA MARTA FELIX ALVES DE ARAÚJO

ORIENTADOR: PROF. DR. DIÓGENES GUSMÃO

2021
INTRODUÇÃO

Dentre os problemas sociais, a violência é pauta recorrente nas discussões políticas e


preocupação global, e de maneira especial para a sociedade brasileira. Por sua complexidade e
multifatoriedade, essa temática tem ressonância nas famílias, e suas manifestações têm grande peso
sobre o ambiente escolar, notadamente para unidades educativas que atendam adolescentes e
jovens.

Nesta perspectiva, a escola enquanto uma estância mediadora e socializadora dos conhecimentos
socialmente adquiridos se ressente com o crescente fenômeno da violência estudantil, manifesta
através de depredações, indisciplinas, furtos, violência física e verbal, até mesmo ataques aos
profissionais que ali atuam.

Em situações com maior gravidade têm-se como produtos homicídios e lesões graves ocorridas no
interior das unidades educativas tanto no Brasil quanto nos demais países, contradizendo a missão
da escola enquanto ambiente de exercício de cidadania e tolerância.
Assim, foram eleitas duas hipóteses iniciais para essa investigação, a primeira defende que existe uma
relação entre violência escolar juvenil e os aspectos comportamentais e ambientais tanto para as vítimas
quanto para os vitimadores.

A segunda hipótese alega que os perfis de vítimas e vitimizadores atendem aos fatores associativos e
explicativos para a violência cometida no interior das unidades educativas municipais de Nossa
Senhora do Ó. Assim, a dinâmica da violência escolar juvenil se manifesta a partir de um conjunto de
mecanismos casuais de ordem comportamental e ambiental.
Para confirmar ou negar tais hipóteses e responder a pergunta da pesquisa, este trabalho fará uso
das ferramentas metodológicas da pesquisa qualitativa com recorte transversal em três unidades
escolares do distrito de Nossa Senhora do Ó para confirmar ou negar a  hipótese que existe uma
relação entre violência escolar juvenil e os aspectos comportamentais e ambientais tanto para as
vítimas quanto para os vitimadores, e a segunda preposição hipotética que se posiciona sobre os perfis
de vítimas e vitimizadores atendem aos fatores associativos e explicativos para a violência cometida no
interior das unidades educativas municipais de Nossa Senhora do Ó.
OBJETIVO
Objetivo primal deste trabalho será analisar a problemática da violência perpetrada e/ou sofrida por
jovens no âmbito escolar no distrito de Nossa Senhora do Ó- Pernambuco, e a associação dos fatores
individuais e ambientais conexos no decurso do ano letivo de 2020

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar os fatores ambientais e individuais associados aos vitimadores e vítimas de violência
escolar em três escolas municipais do distrito citado;
• Elencar as manifestações de violência juvenil registradas com maior frequência no interior das
escolas
• Identificar os aspectos demográficos, sociais e econômicos dos alunos com perfil vitimizador e das
vítimas de violência escolar nas unidades educativas municipais
• relacionar os fatores ambientais e individuais associados à violência escolar;
• Aferir a prevalência de violência praticada por estudantes adolescentes no decurso de 2020
• FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Em análise ao compêndio teórico sobre o tema, a adolescência não tem seus limites conceituais
baseados unicamente pela variável- idade. Segundo, (SENNA e DESSEN, 2016, p. 101), “a delimitação
deste período da vida ultrapassa os aspectos cronológicos e biológicos e esbarra em condições sociais,
culturais, históricas e psicológicas específicas”

“Assim sendo, vivenciar a adolescência é estar inserido em um período


em que inúmeras mudanças ocorrem” e têm reflexos tanto nos
aspectos psicológicos dos sujeitos, quanto no seu corpo físico.
(FERREIRA et al., 2017).

 
“as transformações pelas quais passam os adolescentes também
resultam de processos inerentes aos contextos sociais, históricos,
políticos e econômicos nos quais os sujeitos estão imersos”
(STRELHOW; BUENO; CÂMARA, 2015, p. 45).

A escola, de acordo com (FREIRE; AIRES, 2012, p. 58) é um ambiente que favorece “[...] a convivência
entre estudantes de diferentes origens, com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada um
conhece, com visões de mundo diversas daquela que compartilha em família.
• Os docentes têm papel preponderante no adolescer dos seus alunos, podendo como salientam
(ARAÚJO; COUTINHO,  2019, p. 13), “o professor, sendo o llíder da situaçao, é um mediador,
não apenas do conhecimento ofertado em sala, mas nas relações interpressoais”

“a violência juvenil que ocorre na instituição escolar, no caminho


para a escola, a partir da escola, ou em eventos patrocinados pela
escola. Os adolescentes podem ser vítimas, agressores, ou
testemunhas dessa violência” (KANN et al., 2016a).
METODOLOGIA

• Com recortes transversais em três unidades escolares do Distrito de


Pesquisa Qualitativa Nossa Senhora do Ó.

Pesquisa Descritiva e • Estabelecendo relações entre variáveis, o que envolve técnicas de 
de levantamento coleta de dados padronizados, como questionários.

Instrumentos de
• Questionário on-line
Pesquisa
A população estudada foi composta por alunos matriculados e
Sujeitos da Pesquisa frequentes nas turmas do 6º ao 9º ano das três escolas municipais de
ensino fundamental dois do Distrito de Nossa Senhora do Ó.
COLETA DE DADOS

• Escola A 113 alunos


Escola Municipal • Escola B 224 alunos
• Escola C 251 alunos
• 588 alunos (100%) de adesão para responder o instrumento.
Questionário • 376 (64%) são do sexo feminino e 212 (36%) do sexo masculino
on-line • Tema: Questionário sobre dados socioeconômicos e
demográficos
RESULTADO E DISCUSSÃO
SUJEITOS DA PESQUISA
A pesquisa selecionou três escolas para compor o rol da pesquisa com 588 alunos divididos
em:

Escolas Alunos 6 Alunos Alunos Alunos


Participantes anos 7 anos 8 anos 9 anos

Escola A 32 33 24 24

Escola B 80 51 46 47

Escola C 58 77 70 46
ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS
Foi obtida uma amostra de 588 alunos (100%) de adesão para responder o instrumento.
Deste número, 376 (64%) são do sexo feminino e 212 (36%) do sexo masculino, posto que 482 (82%) se inserem na faixa etária da pré- adolescência e 106
(18%) são adolescentes.

Majoritariamente se autodeclararam pardos 147 (51%),


pretos 123 (21%),
brancos 106 (18%) e indígenas,
amarelos e outros 59 (10%).
Estado civil da amostra da pesquisa 546 (93%) eram solteiros
Casados /união consensual ou estável 42 (7%).

Os alunos se autodeclararam protestantes 282 (48%),


sem religião, 141 (24%),
católicos 129 (22%),
12 (2%) espíritas,
6 (1%) alunos são adeptos de religiões de matriz africana e
18 (3%) relataram serem adeptos de outras religiões.
459 (79%) relataram ser praticante.

No tocante à escolaridade, 170 (29%) são alunos do 6º ano,


em seguida, 7º ano 159 (27%),
8º ano com 141 (24%)
9º ano participaram 118 (20%) alunos.
564 (96%) não exercem qualquer atividade laborativa e
24 (4%) dos entrevistados alegaram trabalharem.
Dentre as residências, 576 (98%) têm geladeiras
12 (2%) não dispõem de refrigerador.
418 (71%) dos alunos revelaram que não possuem computador em casa e
170 (29%) dispõem do equipamento de informática.
535 (91%) residem com suas mães
53 (9%) não moram com suas genitoras.
Sendo que 376 (64%) residem com o pai e 212 (36%) não habitam o mesmo espaço do seu progenitor.
O estudo revelou que 276 (47%) das mães dos alunos entrevistados concluíram o 2º grau,
206 (35%), sequencialmente completaram o 1º grau,
71 (12%) finalizaram o curso de graduação
35 (6%) destas progenitoras não estudaram.
429 (73%) dos alunos moram na zona urbana e
159 (27%) residem na zona rural da cidade de Ipojuca- PE.
565 (96%) das casas relatadas são de alvenaria
23 (4%) não são de alvenaria.
582 (99%) residências são equipadas com banheiro no interior das casas
6 (1%) com banheiro externo à residência.
Dentre estas, 523 (89%) tem acesso a água encanada e 65 (11%) não dispõem de água encanada.
AO ANALISAR A RAÇA DOS ALUNOS QUE EXERCEM ATIVIDADES REMUNERADAS, 96 ALUNOS EM
SEU TOTAL. A DESCRIÇÃO POR RAÇA DEMOSTROU QUE SOMENTE 9 ALUNOS (7%)
AUTODECLARADOS BRANCOS EXERCEM ATIVIDADE LABORATIVA,
SENDO 6 DO SEXO FEMININO,
ALUNOS QUE SE MANIFESTARAM COMO NEGROS SÃO 45 (47%),
DESTE GRUPO 35 SÃO DO SEXO FEMININO.
ENTRE OS DECLARADOS PARDOS SÃO 32 (30%) QUE AFIRMARAM TRABALHAR, SENDO 19
ALUNAS NESTE PERCENTUAL
10 (11%) DOS DECLARADOS INDÍGENAS E AMARELOS SÃO TRABALHADORES, ENTRE ESTES
FIGURAM 6 ALUNAS
Relação entre raça, sexo e trabalho entre os alunos

47%

37%

33%

20%

13%
11%
10%

7% 7%
6%
4%
2%

Alunos trabalhadores Feminino Masculino


Relação entre moradia em zona geográfica e acesso a água e esgotamento sanitário

120%

100%
100% 100%
97% 96%

80%
81%

60%
59%

40%

20%

0%
Casa de alvenaria Banheiro dentro de casa Água encanada

Zona urbana Zona rural


Relação entre zona geográfica de moradia, geladeira em casa e computador em casa.

120%

100%
100%
92%
80%

66% 68%
60%
59%
53%
47%
40% 44%
41%
35%
32%
20%

11%
0%
Branco Pardo Negro Indio ou outros Geladeira em casa Computador em casa

Região urbana Região rural


• CONSIDERAÇÕES
• A violência escolar é definida de várias maneiras: violência aluno-aluno, violência aluno-professor,
violência professor-escola,escola-professor,funcionário-aluno,aluno-contra-escola.
• os programas de prevenção da violência estabelecidos na escola são mais poderosos.
• Os professores podem usar exemplos históricos para falar sobre as mudanças sociais na forma como as
emoções são expressas, incluindo a forma como a sociedade vê a violência.
• Romper a série de machismo pode ser acessível a professores que podem mudar as mentes, atitudes e
valores dos jovens.

• Um componente importante em todas as iniciativas é o incremento de conhecimento entre os adolescentes
sobre os problemas relacionais do namoro, oferecendo-lhes informações que possibilitem compreender,
discutir e elaborar alternativas positivas que previnam as várias formas de violência

• O Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) do Brasil é considerado uma


ferramenta para orientar e promover as práticas de educação em direitos humanos,

• O incentivo a inclusão no currículo escolar de temas relacionados a gênero, identidade de gênero, raça ,
etnia, religião, pessoas com deficiência e todos Tipos de discriminação e violações de direitos são fatores
fundamentais para combater a violência em todos os seus aspectos no contexto escolar.


• As famílias, especialmente aquelas com menor renda, se encontraram em um ambiente pouco
apropriado para os estudos dos seus filhos, sobretudo pela carência de equipamento adequado para
acompanhar as aulas em ambiente digital.
• A maioria dos alunos trabalhadores são negros e/ou pardos do sexo feminino.
• Baixos indicies de saneamento básico aos jovens afeta diretamente os anos escolares.
• Relacionando as variáveis moradia dos alunos por zona geográfica com as variáveis de consumo,
geladeira e computador em casa, os dados demonstram que os alunos moradores da zona rural
permanecem em desvantagem diante dos demais.
• Majoritariamente, os sujeitos pesquisados coabitam a mesma casa das suas genitoras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, M. Cotidiano das escolas: entre violências. Brasília: UNESCO, Observatório de Violência, Ministério da Educação, 2015.
 
ABRAMOVAY, M.; RUAS, M. das G. Violência nas escolas. Brasília: UNESCO, 2012.
 
ABRAMOVAY, M.; CUNHA, A. L.; CALAF, P. P. Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas. Brasília: Rede de
Informação Tecnológica Latino-Americana, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, 2009.
 
ABRAMOVAY, M. Cotidiano das escolas: entre violências. Brasília: UNESCO, Observatório de Violência, Ministério da Educação, 2015.
 
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G. & SILVA, L. B. da S. Juventude e Sexualidade. Brasília: Unesco, 2004.
 
ALDRIGHI, T. Prevalência e cronicidade da violência física no namoro entre jovens universitários do Estado de São Paulo. Brasil in Psicologia:
Teoria e Prática, 6(1): 105-120, 2004
 
ALMEIDA, V. de.; RIOS, L. F. & PARKER, R. (Orgs.). Ritos e Ditos de Jovens Gays. Rio de Janeiro: Associação Brasileira Interdisciplinar de
Aids, 2006.
 
ALMEIDA FILHO, A. J. et al. O adolescente e as drogas: consequências para a saúde. Escola Anna Nery. Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro,
v. 13, n. 6, p. 605-610, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v11n4/v11n4a08>.Acesso em: 30 Dez. 2019.
 
ALTMAN, D. G. Practical statistics for medical research. London: Chapman and Hall, 2011.
 
•OBRIGADA!

Você também pode gostar