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DIREITO PENAL

PARTE GERAL

Prof.: Victor Gabriel de Oliveira Melo


1º Semestre 2012
Faculdade Atenas Paracatu/MG
vcool147@hotmail.com
15 ILICITUDE
15.1 Conceito
15.2 Excludentes de Ilicitude
15.2.1 Estado de Necessidade
15.2.2 Legítima Defesa
15.2.3 Estrito Cumprimento do
Dever Legal e Exercício Regular de
Direito
15.2.4 Consentimento do Ofendido
15 ILICITUDE

A expressão
ANTIJURIDICIDADE ainda
existe no Direito Penal, porém a
expressão de melhor utilização
seria ILICITUDE eis que, o
Código Penal foi reformado em
1984 adotando a expressão
ilicitude.
15.1 CONCEITO

A antijuridicidade é a
contradição entre uma
conduta e o ordenamento
jurídico.
15.1 CONCEITO

É quando uma conduta


contraria uma das normas
do ordenamento jurídico.
 
15.1 CONCEITO

Como já foi visto, uma vez presente a


tipicidade, ter-se-á o indício da
existência da antijuridicidade, sendo
que a existência definitiva da
antijuridicidade será confirmada pela
inexistência de causas excludentes de
antijuridicidade.
15.2 CAUSAS EXCLUDENTES DE
ILICITUDE

As causas excludentes da


antijuridicidade estão
previstas no art. 23 do
Código Penal:
15.2 CAUSAS EXCLUDENTES DE
ILICITUDE

Art. 23 - Não há crime quando o agente


pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa
III - em estrito cumprimento de dever
legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer
das hipóteses deste artigo, responderá
pelo excesso doloso ou culposo.
15.2 CAUSAS EXCLUDENTES DE
ILICITUDE
São normas permissivas,
também, chamadas de tipos
permissivos, pois, em
determinados casos previstos em
lei, permitem a realização das
condutas previstas nos tipos
penais.
15.2 CAUSAS EXCLUDENTES DE
ILICITUDE
Para configuração das causas
excludentes da antijuridicidade não é
suficiente a presença somente dos
elementos objetivos, também, é
necessário que o agente tenha
consciência de agir acobertado por
uma excludente, ou seja, é necessário
que o autor saiba e tenha vontade de
atuar de forma autorizada (elemento
subjetivo).
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE

A excludente referente ao
Estado de Necessidade está
prevista no art. 24 do Código
Penal.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
 Estado de necessidade
 Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
 § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem
tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
 § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a
dois terços.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
O Estado de Necessidade pressupõe
um conflito de interesses lícitos, onde
para que um dos bens continue a
existir outro deva ser sacrificado,
como, por exemplo, o caso do policial
que efetua disparo contra cão que lhe
atacará, sendo que são requisitos
para sua configuração os seguintes:
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
A ameaça a direito próprio ou alheio;
 Em caso de defesa de direito alheio, não é
necessária a autorização do terceiro.
 A existência de um perigo atual ou
inevitável;
 A inexigibilidade do sacrifício do bem
ameaçado;
 Uma situação não provocada
voluntariamente pelo agente;
 A inexistência de dever legal de enfrentar o
perigo;
 O conhecimento da situação justificante.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
O perigo eventual ou abstrato não
configura o Estado de Necessidade,
como também o perigo possível não
configura, entretanto, o perigo
iminente, poderá configurar a
excludente em estudo.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Se o perigo pode ser evitado,
mas, mesmo assim, o agente
realiza a conduta, não restará
configurado o estado de
necessidade, vez que o perigo
poderia ter sido evitado.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Dificuldades financeiras,
desemprego, etc., não configuram
o Estado de necessidade, vez que
o agente terá outros meios de
superar as dificuldades.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
É preciso que o sacrifício do bem
alheio seja razoável, de acordo com o
senso comum. É o requisito da
proporcionalidade entre a gravidade do
perigo que ameaça o bem jurídico do
agente ou alheio e o dano que será
causado em outro para afastá-lo.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Haverá Estado de Necessidade quando
um bem jurídico de menor valor é
sacrificado para salvar um de maior
valor ou de igual valor, porém, não
haverá quando um bem jurídico de
maior valor for sacrificado para salvar 
um de menor valor.
Ex.: Dois náufragos disputam uma
bóia.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Caso fosse razoável ao agente
sacrificar seu bem ameaçado, em face
da maior relevância do direito por ele
violado, não haverá exclusão de
ilicitude, mas sim, diminuição da pena
de 1/3 a 2/3, nos termos do art. 24 do
Código Penal, §2º.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Não se aplica à excludente
quando o sujeito não tem
conhecimento de que age  para
salvar um bem jurídico próprio  ou
alheio. O conhecimento acerca da
situação de risco é chamado
elemento subjetivo da excludente
de ilicitude.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Estado de Necessidade Justificante:
Tal estado de necessidade ocorre,
quando o bem sacrificado possui valor
inferior ao bem protegido.
Exclui a ilicitude.
A doutrina pátria admite o Estado de
Necessidade Justificante em caso de
sacrifício de bem de igual valor àquele
preservado.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Estado de Necessidade
Exculpante: É aquele em que o
bem sacrificado possui maior ou
igual valor ao bem protegido.
Não exclui a tipicidade e sim a
culpabilidade (inexigibilidade de
conduta diversa - Bitencourt).
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
O Código Penal brasileiro adotou
a teoria unitária, a qual prevê que
somente o Estado de
Necessidade Justificante será
uma causa excludente de
ilicitude.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
O Estado de necessidade exige os
seguintes requisitos:
Perigo atual e inevitável: É o perigo
que está acontecendo no exato
momento em que a ação para salvar
um bem deve ser realizada. A
atualidade do perigo engloba a
iminência do dano. Perigo passado,
não enseja Estado de Necessidade,
enseja vingança.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Não voluntário: A situação de
perigo não foi provocada
intencionalmente por aquele que
age em EN.
Inevitabilidade do perigo por
outro meio: Não há outra maneira
de se evitar o perigo.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Inexigibilidade de sacrifício do
bem ameaçado: O bem ameaçado
não podia ser sacrificado em
razão de seu valor. Observa-se
aqui o princípio da
proporcionalidade e da
razoabilidade.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Direito próprio ou alheio: Pode-se
utilizar o EN para proteção de
direitos do agente ou de outrem
(não se exige relação jurídica).
Obs.: Embora no “Estado de
Necessidade de Terceiro”,
quando se tratar de bens
disponíveis, será necessário o
consentimento do titular do bem.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Elemento subjetivo:
Finalidade de salvar o bem do
perigo: O agente será
amparado pela excludente do
EN, somente caso haja com o
fim de salvar um bem de
perigo.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Ausência do dever legal de
enfrentar o perigo: Não pode se
alegar o EN, em caso de se
possuir o dever legal de enfrentar
o perigo.
Ex.: Bombeiro alega que não vai
entrar em prédio em chamas, pois
há fogo no local.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Minorante (Art. 24, §2° do CP):
Significa que mesmo não se
tratando de Estado de
Necessidade, mas, diante das
circunstâncias, que não
justifiquem o crime, diminui-se a
censurabilidade da conduta,
autorizando a redução da pena.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Teoria adotada pelo CP em relação ao
Estado de Necessidade: Unitária.
Para o CPB, Estado de Necessidade
será sempre uma causa de exclusão
de ilicitude.
Para Bitencourt o Código penal adota a
teoria diferenciadora, ora é causa
excludente de ilicitude, ora é
excludente de culpabilidade.
15.2.1 ESTADO DE
NECESSIDADE
Razoabilidade: Só se admite o
sacrifício de um bem jurídico,
quando não existir qualquer
outro meio que possa salvar
aquele bem, bem como o
sacrifício tem que ser
razoável.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA
A Legítima Defesa está prevista no art.
25 do Código Penal.
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima
defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito
seu ou de outrem.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA
A Legítima Defesa ocorre
quando o agente, usando
moderadamente dos meios
necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem.
 
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA
São requisitos da Legítima Defesa:
Requisitos objetivos:
A reação de uma agressão injusta
atual ou iminente;
A defesa de um direito próprio ou
alheio;
A moderação no emprego dos meios
necessários à repulsa; e
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

Requisito subjetivo: animus


defendendi.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA
Agressão não se confunde
com simples provocação, a
primeira possui um caráter
físico já a segunda um caráter
psíquico ou emocional.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA
A agressão pressupõe uma
pessoa humana. Um ataque de
um animal poderá configurar um
Estado de Necessidade e não
Legítima Defesa.
A agressão deve ser injusta, ou
seja, ilícita.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

Agressão atual é a que


está ocorrendo e iminente
e a que está prestes a
acontecer.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

Parte da doutrina entende ser


possível legítima defesa no
resguardo de qualquer bem
jurídico, desde que haja
proporcionalidade entre os bens
jurídicos em conflito.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA
Meios necessários são aqueles
lesivos à disposição do agente no
momento da agressão.
 
Moderação: O agente não deve ir
além do necessário para proteger
o bem jurídico agredido.
 
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA
Só será reconhecida a
Legítima Defesa se ficar
demonstrado que o agente
estava ciente da presença de
seus requisitos. Em caso de
excesso o agente responderá
pelo mesmo.

 
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

Excesso: É desproporção de uma


conduta inicialmente justificada. O
excesso sempre pressupõe um início
de situação justificante. A princípio, o
agente estava agindo coberto por uma
excludente, mas, em seguida,
extrapola. Pode ser tanto doloso, como
culposo. Art. 23, parágrafo único, do
Código Penal.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

Há possibilidade de existência da


legítima defesa de terceiro.
A legítima defesa de terceiro consiste
no ato de repelir agressão injusta,
atual ou iminente com intuito de
proteção de interesses de outrem.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

Modalidades de Legítima Defesa:

A) Legítima defesa real ou própria: É a


legítima defesa contra agressão
injusta atual ou iminente.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

B) Legítima defesa putativa:


(hipótese de erro – Arts. 20, § 1° e
21 do CP) Neste caso de legítima
defesa, o agente atua em erro,
acreditando estar em legítima
defesa. Caso o erro seja
inevitável exclui a culpabilidade,
caso evitável diminui a pena.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

C) Legítima defesa sucessiva:


Haverá legítima defesa
sucessiva na hipótese de
excesso, que permite a
defesa legítima do agressor
inicial para defender-se do
excesso.
15.2.2 LEGÍTIMA DEFESA

D) Legítima defesa recíproca:


Não se admite legítima defesa
contra legítima defesa. Ex.:
Duelo.

Porém se admite legítima defesa


de legítima defesa putativa.
15.2.3 ESTRITO CUMPRIMENTO DO
DEVER LEGAL

Estrito Cumprimento do
Dever Legal é uma
excludente de ilicitude que
está prevista no art. 23,
inciso III, do Código Penal.
15.2.3 ESTRITO CUMPRIMENTO DO
DEVER LEGAL

Não há crime quando o agente


age no estrito cumprimento de
um dever legal, sendo que o dever
legal decorre do ordenamento
jurídico. Exemplos: oficial de
justiça que apreende bens para
penhora e policial que lesione
assaltante em fuga.
15.2.3 ESTRITO CUMPRIMENTO DO
DEVER LEGAL

Ressalva-se que haverá


crime quando o agente
extrapolar os limites do
dever legal (excesso).
15.2.3 B – EXERCÍCIO REGULAR DE
DIREITO

É uma excludente de
ilicitude que está prevista
no art. 23, inciso III, do
Código Penal.
15.2.3 B – EXERCÍCIO REGULAR DE
DIREITO

O sujeito não comete crime


por estar exercitando um
direito a ele conferido pela lei.
Exemplo: O direito do Réu em
permanecer calado e  o dever
legal de sigilo do advogado
em relação ao seu cliente.
15.2.4 Consentimento do Ofendido

De acordo com a doutrina o


consentimento do ofendido funcionará
como uma causa supra - legal de
excludente de antijuridicidade, nos
casos em que o ofendido possuir
capacidade para compreender as
conseqüências de sua aquiescência,
se trate de um bem jurídico disponível
e que o fato típico se identifique com o
consentimento do ofendido.
15.2.4 Consentimento do Ofendido

Serão necessários para o reconhecimento


desta causa supra-legal :
1) Capacidade do ofendido para consentir;
2) Disponibilidade do bem ao qual o
consentimento está sendo direcionado;
3) Que o consentimento, se dê antes ou
durante a conduta do agente.
Ex.: Agressão durante ato sexual.
Tatuagem. Piercing. Mudança de sexo.

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