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O "ADEUS" DE TERESA

A VEZ PRIMEIRA que eu fitei Teresa,


Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala...

E ela, corando, murmurou-me: "adeus."

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...


E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a
presa...
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!" Quando voltei... era o palácio em festa! ...
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra
Passaram tempos... sec'los de delírio Preenchiam de amor o azul dos céus.
Prazeres divinais... gozos do Empíreo... Entrei! ... Ela me olhou branca... surpresa!
...Mas um dia volvi aos lares meus. Foi a última vez que eu vi Teresa! ...
Partindo eu disse — "Voltarei! ... descansa! ..."
Ela, chorando mais que uma criança, E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"

Ela em soluços murmurou-me: "adeus!" S. Paulo, 28 de agosto de 1868.


Tobias Barreto de Meneses nasceu na Vila de Campos do Rio Real, hoje Tobias Barreto, no estado
de Sergipe, no dia 7 de junho de 1839. Filho de Pedro Barreto de Menezes e de Emerenciana Barreto
de Menezes. Iniciou os estudos em sua cidade natal. Mudou-se para Estância, onde estudou latim e
música.
Em 1861, Tobias Barreto mudou-se para a Bahia e ingressou no seminário, mas não se adaptou.
Mudou-se para uma república de amigos em Salvador. Estudou filosofia e matérias preparatórias.
Quando o dinheiro acabou, voltou para Vila de Campos.
Em 1862, Tobias Barreto mudou-se para o Recife e ingressou na Faculdade de Direito. O
ambiente na cidade era muito intelectualizado e dominado pelos estudantes do curso jurídico. Entre os
alunos estavam Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Castro Alves, com quem trocou desafios poéticos.
Tobias Barreto se submeteu ao concurso para ensinar Latim no Ginásio Pernambucano, porém ficou em segundo lugar.
Em 1867 concorreu para a vaga de professor de Filosofia no mesmo Ginásio, foi classificado, mas não foi o escolhido.
Tobias Barreto procurava esquecer sua origem humilde, mas era mestiço e se achava descriminado pela cor da pele. Tentou casar com
Leocádia Cavalcanti, mas não foi aceito pela família aristocrática da moça. Apaixonou-se por Adelaide do Amaral, artista portuguesa e
casada, para quem declamava versos cheios de amor.
Depois de formado, Tobias Barreto passou dez anos morando na pequena cidade de Escada, na região açucareira de Pernambuco.
Casou-se com a filha de um dono de engenho e proprietário de terras da cidade de Escada. Dedicou-se à advocacia. Foi eleito para a
assembleia Provincial de Escada e, editava um jornal na cidade.
De volta ao Recife, passou em um concurso para lecionar na Faculdade de Direito. Hoje a Faculdade é consagrada como "A Casa de
Tobias". Escrevendo sempre para a imprensa, deixou apenas um livro de poesias de feitio romântico-condoreiro, “Dias e Noites”. A
preocupação com os problemas sociais do Brasil é a característica principal da terceira geração de poetas românticos.
A campanha pela República e pelo fim da escravidão ganha as ruas e o poeta procura ser o porta voz do povo.
Tobias Barreto faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 26 de junho de 1889.

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