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Aula 2 – Delineamento

Inteiramente Casualizado

Prof. Dr. Jeferson Ribeiro


Instituto Federal Goiano – campus Morrinhos
Introdução
O objetivo em um experimento é verificar se os tratamentos têm
efeitos diferenciados.

Os tratamentos são fontes de variações que os pesquisadores aplicam


ou analisam, para comparar as variáveis respostas.

Os tratamentos são peças fundamentais de um experimento. Mas nem


sempre são criados. Isso depende do tipo de variação de um
experimento.
Tipos de variação de um experimento
Planejados  São experimentos onde o pesquisador define os
tratamentos e os planejam.

Observados  São experimentos onde o pesquisador obtém as


respostas sem planejamento dos tratamentos. Nesse caso, o
pesquisador aproveita os dados obtidos naturalmente e submete-os à
comparação
Como são formados os tratamentos?
Os tratamentos são formados de acordo com o desejo do pesquisador
(quando planejados).

Eles devem ser planejados de forma a obter diferenças ou


similaridades.

Vamos imaginar que um certo pesquisador queira comparar três fontes


de adubação em macieiras: NPK, pó de rocha e adubo orgânico em
macieiras.
Antes de aplicar os tratamentos
parcela 1 parcela 2 parcela 3

parcela 4 parcela 5 parcela 6


Como são formados os tratamentos?
1º passo: definir os tratamentos

2º passo: escolher as unidades experimentais. Necessário atender ao princípio da repetição


(o ideal é que seja o mesmo número para cada tratamento)

3º passo: efetuar o sorteio de cada unidade experimental que vai receber os tratamentos
(princípio da casualização ou às cegas)

4º passo: distribuir os tratamentos às unidades experimentais

5º passo: Coletar as variáveis respostas


Durante a aplicação dos tratamentos
parcela 1 parcela 2 parcela 3

parcela 4 parcela 5 parcela 6


Durante a aplicação dos tratamentos
parcela 1  Trat B (2 kg pó de rocha) parcela 2  Trat A (2 kg NPK) parcela 3  Trat C (4 kg de orgânico)

parcela 4  Trat A (2 kg NPK) parcela 5  Trat C (4 kg de orgânico)


parcela 6  Trat B (2 kg pó de rocha)
Resultado após um ano de aplicação dos tratamentos
parcela 1  Trat B (2 kg pó de rocha) parcela 2  Trat A (2 kg NPK) parcela 3  Trat C (4 kg de orgânico)

parcela 4  Trat A (2 kg NPK) parcela 5  Trat C (4 kg de orgânico)


parcela 6  Trat B (2 kg pó de rocha)
Quadro de resultados brutos

Parcela planta 1 planta 2


1 8 9
2 15 13
3 4 5
4 14 15
5 4 4
6 9 7

Os valores representam quantidade em kg por planta


A
Tabela de resultados brutos
Tabela 1 - Peso em quilos por repetição para os tratamentos: A – 2 kg de NPK; B – 2
kg de pó de rocha; C – 4 kg de adubo orgânico
Repetições
Tratamentos
1 2 3 4
A 15 13 14 15
B 8 9 9 7
C 4 5 4 4

Médias: Trat. A = 14,25 kg Trat. B = 8,25 kg Trat. C = 4,25


kg
Média Geral = 8,92
Fontes de variação de um experimento
Premeditada  É aquela introduzida pelo pesquisador com a finalidade de fazer
comparações. Por exemplo: tratamentos.

Sistemática  Variações não intencionais, mas de natureza conhecida. Devem ser


controladas pelo pesquisador de forma a eliminá-las ou mesmo contorna-las
formando blocos. Por exemplo: heterogeneidade do solo, tamanho de semente, etc.

Aleatória  São variações de origem desconhecida, não podendo ser controladas.


Constituem o erro experimental. São devidas a duas fontes: variações no material
experimental e falta de uniformidade nas condições experimentais. Tem que ser o
menor possível!
Como analisar os dados?
Existem algumas maneiras, que depende de como os dados foram
gerados.

No caso de experimentos planejados como o DIC, DBC ou DQL, usamos


a análise de variância (ANOVA)

ANOVA  faz a decomposição da variância e depois analisa os valores


observados com uma tabela
Como analisar os dados?
Se os valores obtidos forem maiores que os valores tabelados, rejeita-
se a hipótese inicial

Se os valores obtidos forem menores que os valores tabelados, não


rejeita-se a hipótese inicial
Análise de variância ou ANOVA
Delineamento Inteiramente Casualizado

Fonte Soma
Grau Quadrado F F
de de
de Liberdade Médio calculado tabelado
Variação Quadrados
Tratamentos
resíduo
TOTAL
Análise de variância ou ANOVA
• É um recurso estatístico para decompor a variância dos dados de um experimento.

• Decompor significa separar o que é efeito fixo e efeito aleatório que está inserido no
desempenho das unidades experimentais sob efeito dos tratamentos.

Efeito fixo  não altera no tempo ou sob o efeito do tratamento


Ex: sexo, bloco, ano de nascimento, etc...

Efeito aleatório  altera no tempo ou sob o efeito do tratamento


Ex: doses de NPK, teor de proteína bruta, altura, etc...
Análise de variância ou ANOVA
• Existem algumas pressuposições para realização da Análise de
Variância:

• Os erros (resíduo) devem seguir uma distribuição normal;


• Os erros (resíduo) devem ser independentes;
• Os erros (resíduo) devem apresentar variância constante, ou seja,
homogeneidade de variâncias;
• O modelo deve ser aditivo.
Análise de variância ou ANOVA
Delineamento Inteiramente Casualizado
Modelo estatístico:

é o valor observado para a variável resposta obtido para o i-ésimo


tratamento em sua j-ésima repetição;
é a média de todos os valores possíveis da variável resposta;
é o efeito do tratamento i no valor observado ij;
e é o erro experimental associado ao valor observado ij;
Análise de variância ou ANOVA
Delineamento Inteiramente Casualizado
• No Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC) a distribuição dos
tratamentos às unidades experimentais é feita inteiramente ao acaso.

• Pressupõe que as unidades experimentais estão sob condições


homogêneas.

• Estas condições homogêneas geralmente são obtidas em locais com


ambientes controlados tais como laboratórios, estufas e casas de
vegetação.
Vantagens e desvantagens do DIC
Vantagens

a) não existem exigências quanto ao número de tratamentos e


repetições;

b) é o delineamento experimental que apresenta o maior valor para o


número de graus de liberdade associado ao resíduo.
Vantagens e desvantagens do DIC
Desvantagens

a) não é fácil conseguir e manter total homogeneidade das condições


durante a toda a realização do experimento;

b) todas as variações exceto a devida a tratamentos, são consideradas


como sendo variações que ocorrem ao acaso. Isto pode acarretar em
uma estimativa muito alta para o erro experimental.
Aplicando a ANOVA ao experimento
Tabela 1 - Peso em quilos por repetição para os tratamentos: A – 2 kg de NPK; B – 2
kg de pó de rocha; C – 4 kg de adubo orgânico

Repetições
tratamentos totais
1 2 3 4
A 15 13 14 15 57
B 8 9 9 7 33
C 4 5 4 4 17
c) Cálculo da Soma de
Quadrados
Soma de quadrado totais =
SQTotais
Soma de quadrado tratamentos =
SQTrat.
a) Lançamento da hipótese Soma de quadrado Resíduo ou erro =
H0: = SQRes.
Ha:
SQTotais =
b) Quadro da Análise de Variância ou
ANOVA do DIC SQTotais = (15² + 8² + 4² + 13²... + 4²) –
FV
FV GL
GL SQ
SQ QM
QM Fcal.
Fcal. Ftab.
Ftab.
tratamentos
tratamentos 2
3-1=2

resíduo
resíduo 9
11-2=9
SQTotais = 1.163 –
TOTAL
TOTAL 11
12-1=11 208,92
SQTotais = 1.163 – 954,08

SQTotais = 208,92
c) Cálculo da Soma de
Quadrados
Soma de quadrado totais =
SQTotais
Soma de quadrado tratamentos =
SQTrat.
a) Lançamento da hipótese Soma de quadrado Resíduo ou erro =
H0: = SQRes.
Ha:
SQTrat =
b) Quadro da Análise de Variância ou
ANOVA do DIC SQTrat = –
FV GL SQ QM Fcal. Ftab.
tratamentos 2 202,67

resíduo 9
SQTrat = –
TOTAL 11 208,92
SQTrat = 1.156,75 – 954,08

SQTrat = 202,67
c) Cálculo da Soma de
Quadrados
Soma de quadrado totais =
SQTotais
Soma de quadrado tratamentos =
SQTrat.
a) Lançamento da hipótese Soma de quadrado Resíduo ou erro =
H0: = SQRes.
Ha:
SQRes. = SQTotais – SQTrat.
b) Quadro da Análise de Variância ou
ANOVA do DIC SQRes. = 208,92 – 202,67
FV GL SQ QM Fcal. Ftab.
tratamentos 2 202,67
SQRes. = 6,25
resíduo 9 6,25

TOTAL 11 208,92
c) Cálculo da Soma de
Quadrados
Soma de quadrado totais =
SQTotais
Soma de quadrado tratamentos =
SQTrat.
a) Lançamento da hipótese Soma de quadrado Resíduo ou erro =
H0: = SQRes.
Ha:
QMTrat. = = = 101,33
b) Quadro da Análise de Variância ou
ANOVA do DIC
FV GL SQ QM Fcal. Ftab.
tratamentos 2 202,67 101,33
QMRes. = = = 0,69
resíduo 9 6,25 0,69

TOTAL 11 208,92
c) Cálculo da Soma de
Quadrados
Soma de quadrado totais =
SQTotais
Soma de quadrado tratamentos =
SQTrat.
a) Lançamento da hipótese Soma de quadrado Resíduo ou erro =
H0: = SQRes.
Ha:
= = = 146,85
b) Quadro da Análise de Variância ou
ANOVA do DIC
FV GL SQ QM Fcal. Ftab. = (GLTrat;GLRes)5% =
tratamentos 2 202,67 101,33 146,85

resíduo 9 6,25 0,69

TOTAL 11 208,92
Tabela - Limites unilaterais de F ao nível de 5% de probabilidade, para o caso de F > 1
c) Cálculo da Soma de
Quadrados
Soma de quadrado totais =
SQTotais
Soma de quadrado tratamentos =
SQTrat.
a) Lançamento da hipótese Soma de quadrado Resíduo ou erro =
H0: = SQRes.
Ha:
= = = 146,85
b) Quadro da Análise de Variância ou
ANOVA do DIC
FV GL SQ QM Fcal. Ftab. = (GLTrat;GLRes)5% = 4,26
tratamentos 2 202,67 101,33 146,85 4,26

resíduo 9 6,25 0,69


Rejeita-se a hipótese inicial (H0),
TOTAL 11 208,92  através do teste F a 5% de
146,85 4,26
probabilidade. Assim, pelo menos
uma média dos tratamentos é
estatisticamente diferentes das
mtA = 14,25 mtB = 8,25 mtC = 4,25 demais médias de tratamentos.

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