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ORIENTAÇÃO CRISTALOGRÁFICA PREFERENCIAL

(OCP) DE QUARTZO EM ZONAS DE CISALHAMENTO

Leandro Oliveira, Out/2022


Mineralogia e Cristalografia
UFOP, Escola de Minas, Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Minerais
INTRODUÇÃO
▪ Orientação Cristalográfica Preferencial (OCP) – Arranjo sistemático de fases
minerais – Eixo ‘c’ de quartzo; minerais uniaxiais com eixos de crescimento ‘c’;
▪ Microestrutural - Identificar padrões de microtrama
▪ sentido de indicadores cinemáticos ;
▪ sistemas de planos de deslizamentos, vorticidade e direção de fluxo de deformação ou transporte tectônico);
▪ determinação de condições de pressão, temperatura e taxa de deformação;
▪ análise de cristais submetidos à processos de recristalização estática e/ou dinâmica (BLG,
SGR, GBM);
▪ Cataclasis, Dislocation creep, Diffusion creep;

▪ Técnicas utilizadas em reconhecimento de OCP


▪ placa de gipso ao microscópio ótico;
▪ platina universal;
▪ microscopia método CIP (computer-integrated polarization);
▪ microscopia de transmissão por difração de nêutron;
▪ microscopia eletrônica EBSD;

▪ Projeção de figuras de pólo (eixos e planos) – hemisfério superior;


▪ Orientação de amostras de mão para referenciar seções de corte para lâminas
delgadas/seções polidas;
ZONAS DE CISALHAMENTO E MECANISMOS DE DEFORMAÇÃO

(Jennings et al. 2021)


(Fossen et al. 2017)

▪ Quartzo e Feldspato como os minerais constituintes de rocha que irão nos dizer sobre os
mecanismos e regimes deformacionais que atuaram sobre a rocha
▪ Cataclase (Baixa Tº. Baixa taxa de deformação – sísmica ou assísmica);
▪ Dislocation creep (Média-Alta TºC, Alto fluxo de taxa de deformação)
▪ Dislocation glide e climb;
▪ Extinção ondulante, bandas e maclas de deformação, elongação de grãos, OCP, processos de recristalização dinâmica e
estática
▪ Formação de subgrãos, e novos grãos
▪ Diffusion creep (Alta Tº, fraca ou ausente taxa de deformação)
▪ Granulação fina/muito fina
▪ Processos de transferência de massa em estado sólido (recristalização, overgrowth);
▪ Ausência de OCP ou defeitos intracristalinos
MECANISMOS DE RECRISTALIZAÇÃO DINÂMICA
▪ Retrabalhamento dos tamanhos de grãos, formas, ou orientações, com
pouco ou nenhuma transformação química, induzida por deformação
(strain);
BLG recrystallization ▪ Recristalização dinâmica induz à OCP que são dependentes dos planos de
Baixa T (250-400ºC) deslizamentos (slip planes) e direção de deslizamento (slip direction), de
acordo com a orientação do transporte tectônico, ou fluxo de deformação;
▪ Grãos deformados e recristalizados podem ter a mesma OCP – max 10-
15º;

SGR recrystallization
Média T (400-500ºC)

GBM recrystallization
Alta T (>500–650ºC)

(Stipp 2002b)

(Passchier & Trouw 2005)


🠶 XZ seções, perpendiculares Sn, paralelo Lx
MICROESTRUTURAS 🠶 Mudança de textura em função do aumento de TºC
(Stipp 2002)

Fluxo cataclástico, bulging na seta ~250ºC BLG ~300ºC porfiroclastos extinção ondulante/patchy BLG ~350ºC dominante bulging, porfiroclastos estirados,
bulging ao longo de boundaries e cracks subgrãos pre-pós

BLG ~400ºC dominante bulging nos limites e, aumento de SGR ~500ºC, alongados ribbon grains, grãos recristalizados SGR ~500ºC, progressivo SGR, com poligonização
volume de grãos recristalizados formam S2,
🠶 XZ seções, perpendiculares Sn, paralelo Lx
MICROESTRUTURAS 🠶 Mudança de textura em função do aumento de TºC
(Stipp 2002)

GBM ~560ºC formas irregulares de grão, tamanhos e


limites, biotita 2ª fase, pinning e redução de grãos GBM ~650ºC cristais amebóides de suturas lobadas, grãos GBM ~650ºC extinção ‘chessboard’com limites de subgrãos
recristalizados recristalizados muito grandes paralelos aos planos basal e prismaticos

• BLG zone: extinção ondulante, bandas e lamelas de deformação, kink bands, sets conjugados de microfraturas,
subgrãos irregulares elongados; preferencialmente em ‘junções tríplices’ e em grão orientados perpendicular à
Sn (menor stress), e ao longo de fraturas;

• SGR zone: ribbon grains (upper limit), maior grau de poligonização de subgrãos; 2 slip systems formados nos
planos rhomb (r) e basal (a) – aumento de T – (a) torna-se mais ativo (high angle submáxima – 14.5, 23.1)

• GBM zone: maior tamanho de grão, contato lobatos, sinuosos, ‘island grains’ com o nível maior do tamanho
dos lobos ou padrão ‘interdentado’, sobrecrescimento com pinning, indicações da direção de migração > left-
over, pinning, window, dragging, castellate, sem evidencia de porfiroclastos reliquiares; deformações
intracristalinas, lamelas, ext ondulante/patchy como tardi-deformacional overprint por diminuição de T;
Chessboard evidencia slips nos planos basal (a) e prismático (c), e transformação de quartzo alfa > beta
BLG ~290ºC, detalhe recristalização bulging – slow grain (T=630º C, P = 2.5-3.0 kb)
boundary migration
QUARTZO
▪ Quartzo – mineral mais estudado para OCP, segundo
elemento mais abundante da crosta;
▪ Trigonal/Hexagonal - SiO2
▪ Slip systems <a> basal, <c> prismático - variação de TºC,
pressão/taxa de deformação (CRSS);
https://www.mindat.org/photo-256.html

{001}

{100}

(Quine 2016)

http://www.quartzpage.de/gen_mod.html
OCP E OFP (CPO X SPO) (Passchier & Trouw 2005)

Shape fabrics - In deformed rocks it is common to find a fabric composed of elongate or disc-like grains or grain aggregates that define
planes, or lineations if they share a linear direction. In general, this type of fabric is known as a shape preferred orientation (SPO). – not used
for micas or amphiboles with alongate shape in undeformed rocks.
OCP E OFP (CPO X SPO)
▪ Relação axial (eixo maior x menor) – eixo de elongação não significa
mesma direção de eixo cristalográfico
▪ Útil para determinação de elipsoide de deformação médio e estilo
deformacional atuante

(Hongn & Hippertt 2001)


(Hongn &
Hippertt
2001)
NE-SW Relação axial
3:1

(García et al 2014) Analise de elipsoides


// Sn

Eclogites from the Erzgebirge, Bohemian Massif


Eclogites from the Tauern Window, Austrian Alps
Onfacita maior parte da matriz; seção YZ mostra-se mais isotrópica; granadas
com RA~1, e onfacita uniaxial prolato, RA>2; Zoisita ocorre prismática/tabular
Eclogite milonítico fino, lineação de estiramento, granada mica xistos, granada com eixo maior alongada segunda a Lx, normal à Sn; rutilo aleatório (pós-cin);
em layers na matriz onfacita; grãos elongados (direção de extensão) e // aos anfibólios elongados, não tao aleatório, mas pós-cin); Diopsídio e plagioclásio
grãos de onfacita; quartzo, glaucofana (borda das granadas), zoisita, cianita simplectitos, em microcracks e limites de grãos da matriz onfacita.
fengita, rutilo e paragonita; hornblenda e plagioclásio – retrogradação durante
exumação; (Stünitz et al 2020)
MICROSCOPIA CIP
▪ Feições elongadas não correspondem com a mesma orientação cristalográfica;

▪ Recristalização dinâmica com formação de novos grãos ou subgrãos tendem a apresentar OCP diferentes (p.ex. quartzo ribbon – forte recristalização);

▪ Ribbon quartz = cristal ou agregado de grãos quartzo, soldados/recristalizados, de forma elongada, geralmente achatada/flattening, gerados por processo de grain
boundary migration (GBM).

a) BLG (~400ºC)

b) SGR (~460ºC) – ribbon grains (maximum 82.2)

c) GBM (~560ºC) qzo totalmente recristalizado (white),


máximo Y;

d) GBM (~670ºC), recristalizado, máxima Y e periférico


(verde/vermelho)

(Stipp 2002)
{001} Matriz
MEV - EBSD

Figure 8. Electron backscatter pattern of quartz produced from


sample KS7J. Kikuchi lines are formed by electrons diffracting
through lattice planes. Lower image is the indexed pattern.

▪ Protomilonito – divergências de orientação


de eixos cristalográficos – c – entre os
porfiroclastos e matriz;
▪ Recristalização dinâmica na matriz versus
Porfiroclastos taxa de deformação nos porfiroclastos;

(Fazio 2016) {001}


MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE
TRANSMISSÃO - NEUTRONS

▪ Visualização de defeitos cristalinos que evoluem de Bulging e feições de


‘dislocations’ glide e climb;
▪ Visualização das feições hexagonais de planos basais <a>;

(Morales et al 2011)
▪ OCP x Sistemas de deslizamentos x
OCP DE QUARTZO EM ZONA DE CISALHAMENTO Temperatura x Taxa de deformação

(Quine 2016)

(Jaensch et al. 2022)


(Gosniack 2014)
OCP DE QUARTZO EM ZONA DE CISALHAMENTO
▪ Tipologia de padrões de guirlandas definidas por incremento de TºC, de taxa de deformação, e os resultantes graus metamórficos e
principais microestruturas associadas;

(Passchier & Trouw 2005)


OCP DE QUARTZO EM ZONA DE CISALHAMENTO

(Gosniack 2014)
(Passchier & Trouw 2005)
OCP DE QUARTZO EM ZONA DE CISALHAMENTO NOR
(Passchier & Trouw 2005) b ric
s 1
fa
ain
str
w
Lo

OR
Low-Med TºC
▪ Quartzo é altamente suscetível ao stress; Greenschist to
amphibolite
▪ Geração de slip systems com progressão do
aumento da temperatura (vs grau metamórfico) e
sentido do transporte tectônico, condicionado à
orientação dos eixos com a cinemática;
▪ Slip <a> basal/rhomb/prismático (m) – são mais 4
(Carreras & Celma, 1982)
favoráveis que ao longo do <c> prismático -
devido às forças de ligação atômicas ao longo do
eixo c...
OCP DE QUARTZO EM ZONA DE CISALHAMENTO
(Passchier & Trouw 2005)
▪ O ângulo da zona de pequenos círculos (small circle girdles) de eixo-c em guirlandas
do Tipo I – crossed girdles, deverá diminuir com o aumento da deformação (strain);
▪ Efeito de ‘rotação’ de estrutura cristalográfica – ‘eixo-c’ – dado por processos de
recristalização dinâmica com aumento da deformação (strain)

(Herwegh 1997)
CONSIDERAÇÕES Slave craton, AUS

▪ Correlação de feições microscópicas com macroscópicas regionais típicas – do micro ao


macro;
▪ Desmitificação das feições de orientação de formas serem correlacionadas com a
orientação cristalográfica;
▪ Diferentes resultados:
▪ OF – feição macroscópica, contribui para determinação de indicadores cinemáticos, transporte
tectônico;
▪ OC – feição microscópica, contribui para determinação de processos e mecanismos deformacionais (Fossen et al. 2017)
– P, T, tx deformação, padrão de cisalhamento

▪ A correlação do OCP de acordo com a distância em direção ao núcleo de uma zona de


cisalhamento é de relevante abordagem, sobretudo para estudos de transporte tectônico,
direção de fluxo, aliado ao estudo das relações axiais de forma é possível verificar
diferentes eventos e picos de temperatura ocorridos no registro deformacional;

▪ Há na literatura geológica um vasto número de trabalhos lidando com a OCP, OFP, e suas
implicações em diferentes ambientes deformacionais (principalmente milonitos), em variados
graus metamórficos e com diferentes fases minerais, o que contribui para a possível quebra de
paradigmas, principalmente sobre a geologia estrutural, podendo gerar novos insights e
desafiar o status quo de áreas antigamente trabalhadas, e quem sabe inferir até potenciais
influências em sistemas mineralizados, principalmente em ouro do tipo-orogênico. (Fusseis & Handy 2008)

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