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SU
BD SOLUÇÕES E EQUILÍBRIO DE
OM
ÍNI SOLUBILIDADE
O

3.1 Mineralização das águas


3.2 Solubilidade de sais em água
3.3 Equilíbrio químico e solubilidade de sais
3.4 Alteração da solubilidade dos sais
3.5 Desmineralização de águas
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SU
BD SOLUÇÕES E EQUILÍBRIO DE
OM
ÍNI SOLUBILIDADE
O
3.3 Equilíbrio químico e solubilidade de sais

SUMÁRIO: • Equilíbrio de solubilidade e constante de produto de


solubilidade.
• Reações de precipitação.
• Resolução de exercícios e problemas para consolidação
dos conteúdos lecionados.
EQUILÍBRIO DE SOLUBILIDADE
Quando se dissolve um sal em água, a ação da água faz com que os
iões individuais se desprendam do cristal e passem para a solução,
onde permanecem hidratados.
Quando a solução fica saturada, esse processo continua mas,
simultaneamente, alguns dos iões dissolvidos colidem e reagrupam-
-se para regenerar o sólido  precipitação.
No início, o processo de dissolução
ocorre com uma velocidade, vd, maior
que a velocidade de precipitação, vp.
Com o passar do tempo, a velocidade
de dissolução diminui e a velocidade
de precipitação aumenta, até se
igualarem.

Esse é o instante em que a solução se torna saturada e é


atingido o equilíbrio de solubilidade  equilíbrio químico
heterogéneo, em que se distinguem duas fases: a fase sólida do
sal e a fase líquida da solução.
Constante de produto de solubilidade
O PbSO4 é um sal pouco solúvel em água, o que significa que a
quantidade do sal que se dissolve será muito pequena:
2−
PbSO4(s) → Pb (aq) +
2+ SO 4 (aq)

À medida que o PbSO4 se dissolve, vão aumentando as concentrações


de iões em solução, que reagem entre si para regenerar o sólido:
Pb2+(aq) + (aq) → PbSO4(s)
SO 2−
4
Quando as velocidades das duas reações se igualam, é atingido o
estado de equilíbrio:
PbSO4(s) ⇌ Pb2+(aq) + SO 2−(aq)
4

A constante de produto de solubilidade (Kps) corresponde a:


Numa solução saturada de sulfato de chumbo, preparada a partir da
dissolução, em água, de um excesso desse sal, a concentração de
cada um dos iões na solução coincide com a solubilidade:
2−
SO
[Pb ] = [ 4 ] = S
2+

Recorrendo a uma tabela “iVe”,

c / mol dm–3 PbSO4(s) ⇌ Pb2+(aq) +SO 2−


4
(aq)
inicial Constante 0 0
Variação ---- +S +S
equilíbrio Constante S S

obtém-se:
A análise da tabela permite concluir que:

A expressão que relaciona o Kps


com a solubilidade depende da
composição estequiométrica do
sal.
• A constante de produto de solubilidade pode ser diretamente
utilizada para comparar as solubilidades de sais com uma composição
estequiométrica idêntica.
Exemplo: Kps(AgCℓ) > Kps(AgBr), conclui-se que S(AgCℓ) > S(AgBr).

• Não é possível comparar a solubilidade de sais com composições


estequiométricas diferentes a partir dos seus valores de Kps.
Exemplo: S(Ag2CO3) > S(AgCℓ), embora Kps(Ag2CO3) < Kps(AgCℓ).
Exercício resolvido
Um solução de hidróxido de cálcio, Ca(OH)2, também designada água de
cal, pode ser usada para detetar a presença de dióxido de carbono numa
mistura de gases, pois o dióxido de carbono reage com a solução de
hidróxido de cálcio formando carbonato de cálcio, CaCO3, um sal pouco
solúvel que turva a água de cal.
A concentração do catião cálcio numa solução saturada de hidróxido de
cálcio, preparada a partir da dissolução de Ca(OH)2 em água, a 25 °C, é
0,012 mol dm-3.

1. Escreva a equação química que traduz a reação de equilíbrio de


solubilidade do hidróxido de cálcio.
2. Determine a constante de produto de solubilidade do hidróxido de
cálcio a partir da sua solubilidade em água, a 25 °C.
Exercício resolvido (cont.)
3. A expressão que relaciona a constante de produto de solubilidade do
carbonato de cálcio com a sua solubilidade em água, a 25 °C é,___ ,
pelo que, consultando a tabela, se conclui que a solubilidade desse sal
é ____.
(A) … Kps = 4 S3 … 1,0  10-3 mol dm-3 (C) … S = √ 𝐾 ps
… 6,7  10-5 mol dm-3

(B) … Kps = 4 S2 … 3,4  10-5 mol dm-3 (D) … S =


√ 𝐾 ps … 3,4  10-5 mol dm-3
Proposta de resolução

1. Ca(OH)2(s) ⇌ Ca2+(aq) + 2 OH(aq)

2. 1. Construir a tabela “iVe”:


c / mol dm–3 Ca(OH) (s) ⇌ Ca2+(aq) + 2 OH(aq)
2

inicial Constante 0 0
Variação ---- +S +2S
equilíbrio Constante S = 0,012 2S

2.  Escrever a expressão da constante de produto de solubilidade:


Kps(Ca(OH)2) = [Ca2+] [OH]2
3.  Na expressão de Kps, substituir os seus termos pelas respetivas
concentrações de equilíbrio equacionadas na tabela “iVe”:
Kps(Ca(OH)2) = 0,012  (0,024)2 = 6,9  10-6
Proposta de resolução (cont.)

3. Opção (C).
2−
Como o CaCO3 é formado por iões Ca2+ e CO 3 numa proporção
estequiométrica 1:1, então:

⇒S= √ 4,5 × 10
2+ CO
Kps(CaCO3) = [Ca ] [
−9
2−
3] ⇔ Kps = S ⇔ S =
2

= 6,7  10-5 mol dm-3
√ 𝐾 ps
Exercício proposto
Os sais de chumbo formam a base de muitas tintas e pigmentos. O
carbonato de chumbo e o sulfato de chumbo são usados como pigmentos
brancos, mas outros sais de chumbo podem fornecer pigmentos amarelo,
laranja, vermelho e verde.
Kps(PbCO3) = 7,4  10-14 e Kps(PbSO4) = 6,3  10-7, a 25 °C
1. Indique, justificando, qual dos sais apresenta menor solubilidade em
água, a 25 °C.
2. Determine a solubilidade do carbonato de chumbo em água, a 25 °C.
Proposta de resolução

1. Para sais com uma composição estequiométrica idêntica, o sal menos


solúvel é o que tem um menor valor de Kps. Como os dois sais têm
composição estequiométrica idêntica (1:1) e Kps(PbCO3) < Kps(PbSO4),
conclui-se que: S(PbCO3) < S(PbSO4).

2. c / mol dm–3 PbCO3(s) ⇌ Pb2+(aq) + CO 2−


3 (aq)
inicial Constante 0 0
Variação ---- +S +S
equilíbrio Constante S S

Kps(PbCO3) = [Pb2+] [
CO 2−
3] ⇔ K = S2 ⇔ S(PbCO ) =
√ 7 , 4 ×10 − 14 ps 3
√ 𝐾 ps

⇒ S(PbCO3) = = 2,7  10-7 mol dm-3
Reações de precipitação
• Se Q < Kps ⇒ solução não saturada
A solução pode ainda evoluir no sentido da dissolução se for adicionado
mais soluto à solução.

• Se Q = Kps ⇒ solução saturada


Qualquer porção de soluto que se adicione à solução, sem que a
temperatura seja alterada, não será dissolvida, permanecendo no fundo do
vaso de reação.

• Se Q > Kps ⇒ solução sobressaturada


A qualquer momento, o sistema irá evoluir para o estado de equilíbrio,
fazendo com que as concentrações dos iões envolvidos baixem até às
correspondentes concentrações de equilíbrio. A remoção dos iões da
solução é assegurada pela precipitação do composto iónico.
Quando se misturam duas soluções, para que haja formação de precipitado,
é necessário que o quociente de reação de precipitação Q, no momento da
mistura das duas soluções, seja superior ao correspondente valor de Kps.
Omitindo os iões que não intervêm na reação de precipitação, a reação de
equilíbrio químico que traduz a formação de iodeto de chumbo é descrita
pela equação química seguinte:

É frequente usar-se a sua reação inversa – reação de dissolução – para


descrever o equilíbrio de precipitação:

Assim, haverá formação de precipitado se as


concentrações dos iões Pb2+ e I em solução forem
tais que:
Exercício resolvido
Misturaram-se 0,050 mL de uma solução aquosa de nitrato de prata,
AgNO3, 6,0 mol dm-3 com 1000 mL de uma solução aquosa de cloreto de
sódio, NaCℓ, 0,10 mol dm-3, à temperatura de 25 °C. Consultando as
constantes de produto de solubilidade apresentadas na tabela, verifique se
terá havido formação de um precipitado.
Proposta de resolução

1.) Identificar o composto pouco solúvel que, eventualmente, possa


formar precipitado.
As soluções que se misturaram foram preparadas a partir de sais muito
solúveis, cuja dissolução pode ser considerada completa:
H2 O ( ℓ+(aq)
) + −
AgNO3(s) Ag NO
(aq) 3
H 2 O→( +ℓ )
NaCℓ(s) Na
→ (aq) + Cℓ (aq)

Considerando −os quatro iões presentes na mistura das duas soluções (Ag+,
,NO
Na+3e Cℓ ) conclui-se que o precipitado que, eventualmente, se
pode formar é de cloreto de prata, uma vez que todos os sais com
anião nitrato ou com catião sódio são solúveis. A reação em causa
pode ser descrita pela equação química representativa da dissolução
de AgCℓ:
AgCℓ(s) ⇌ Ag+(aq) + Cℓ(aq)
Proposta de resolução (cont.)

2.) Determinar as concentrações de catião prata e anião cloreto na


solução que resultaram da mistura das duas soluções individuais.
Note-se que, como resultado da mistura das duas soluções, a
concentração diminui pois:
Vtotal = Vsolução 1 + Vsolução 2. Neste caso, como o volume de uma das
soluções é praticamente desprezável em relação ao volume da outra,
pode considerar-se Vtotal = Vsolução 2 = 1000 mL
n(Ag+)solução final = n(AgNO3)solução 1
𝑛 ( Ag NO 3 )solu çã o 1
[AgNO3]solução 1 = ⇒
𝑉1
⇒ n(AgNO3)solução 1 = 6,0  0,050  10-3 = 3,0  10-4 mol
n(Ag+)solução final = 3,0  10-4 mol
=
[Ag+]solução final 3,0  10-4 mol dm-3
Proposta de resolução (cont.)

n(Cℓ-)solução final = n(NaCℓ)solução 2


𝑛 (NaC ℓ) solu çã o 2
[NaCℓ]solução 2 = ⇒
𝑉2
⇒ n(NaCℓ)solução 2 = 0,10  1000  10-3 = 0,10 mol

n(Cℓ-)solução final = 0,10 mol


=
[Cℓ-]solução final 0,10 mol dm-3

3.º) Determinar o quociente da reação, Q, no momento da mistura das


duas soluções individuais e comparar com o valor de Kps.
Q(AgCℓ)solução final = [Ag+]solução final [Cℓ-]solução final ⇒
⇒ Q(AgCℓ)solução final = 3,0  10-4  0,10 = 3,0  10-5
Como Q(AgCℓ)solução final = 3,0  10-5 > Kps(AgCℓ) = 1,8  10-10 - há formação
de precipitado.
Exercício proposto
O fosfato de cálcio, Ca3(PO4)2, precipita e acumula-se
nos rins, sendo um dos principais constituintes dos
cálculos renais vulgarmente designados por “pedras
nos rins”. A concentração média de catião Ca2+
excretado na urina é 2,0  10-3 mol dm-3.
Kps(Ca3(PO4)2) = 2,07  10-33, a 25 °C.

3−
1. Calcule a concentração mínima de anião PO 4 que deve estar presente na
urina de uma pessoa para que se forme a “pedra nos rins”, ou seja, a
concentração de anião acima da qual começa a precipitar o fosfato
de cálcio.
2. Dissolvendo fosfato de cálcio em água, a concentração máxima de catião
Ca2+ em solução é ___ que é também ____ vezes maior que a concentração
de anião fosfato.
(A) … 1,14  10-7 mol dm-3 … 3 (C) … 3,42  10-7 mol dm-3 … 1,5
(B) … 3,42  10-7 mol dm-3 … 3 (D) … 1,14  10-7 mol dm-3 … 1,5
Proposta de resolução
3−
1. Ca3(PO4)2(s) ⇌ 3 Ca2+(aq) + 2 P O 4(aq)
A formação de precipitado ocorre quando:
Q = [Ca2+]3 [ ]2 > Kps
3−
2,07  10 = (2,0  10 )  [
-33 -3 3 P O 4]2 ⇔

3− =
⇔ [P O 4] = 5,1  10-13 mol dm-3

2. Opção (C)

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