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Ministrante:
Tatiane de
Souza
Doutora
MAE/USP
Pós Doutoranda
IGc/ USP
• TATTERSALL, I. Como nos tornamos humanos? edição especial – Scientific American Brasil – Ed. nº
17. 2007
• FOLEY, R. Os Humanos Antes da Humanidade: Uma Perspectiva evolucionista. São Paulo: Ed.
UNESP, 2003.
• MITHEN, S. A pré-história da mente − uma busca das origens da arte, da religião e da ciência.
São Paulo: Unesp, 2002.
KLEIN, Richad G. O despertar da cultura: A polêmica sobre a origem da criatividade humana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2004.
LEROI-GOURHAN, André. Técnica e Linguagem. Edições 70, 1964.
• 4 grandes eventos:
• 1 - 2,5 milhões de anos atrás - Criação da tecnologia da pedra lascada (Olduwainense) pelas
primeiras criaturas do gênero Homo, com cérebros ligeiramente maiores que os dos
Australopithecus;
• 2 - 1,7 milhão de anos atrás - Criação de artefatos de pedra mais sofisticados, como os
machados de mão. As proporções corporais já eram mais parecidas com as dos humanos atuais
• 3 - Foi a partir da utilização do subproduto dos bifaces, que nasceu a técnica levallois. O bloco
inicial era destinado a tornar-se um utensílio na forma de amigdalóide, torna-se a fonte de
lascas pré determinadas que serão os utensílios.
• 4 - 50.000 anos atrás. Revolução Cultural. Os humanos passaram a ter o poder de criar e
manipular a cultura, que entrou em contínuo aperfeiçoamento.
O que caracteriza a integração técnica?
• 5 elementos:
Figura 1 – Klein, R.G. O despertar da cultura. Jorge Zahar. 2004, p.44 . À esquerda, o esqueleto 40% completo de Lucy.
Pressupõe dois seixos, um com o papel do percutor e o outro recebedor do choque. O choque é aplicado num dos bordos, perpendicularmente à superfície e destaca uma lasca que deixa no seixo um negativo bem delimitado, duas ou três lascas que deixa no seixo um negativo mais longo e sinuoso.
Produtos Laminares:
Espanha e Portugal (37 a 29 AP, Portugal á
Europa do sul e central e Solutrense , 21 a
16.500 AP. Presença de numerosas lascas
especialmente longas, ou lâminas quase
Levallois Mouteriense:....
Percussão tangencial nos bordos do biface fez destacar uma matriz de grandes lascas, largas ou sempre retiradas de núcleos preparados de
estreitas, que passaram a ser utilizadas como utensílios cortantes. Foi a partir deste
desenvolvimento , isto é, da utilização do subproduto dos bifaces, que nasceu a técnica, levallois. modo especial e pela abundância de
ferramentas em forma de talhadeiras,
conhecidas como buris. O termo buril.
designa uma ferramenta moderna que serve
para gravar madeira ou entalhar ossos,
marfim e chifres.
Evolução + tecnologia + ferramentas: sofisticação ou simplicidade?
LEROI-GOURHAN, André. Técnica e Linguagem. Edições 70, 1964. pranchas consecutivas: 46,47,48
A igualdade técnica dos primatas superiores versus a intenção técnica humana.
Argumentos em favor da superioridade técnica humana Argumentos contrários à superioridade humana.
LEROI-GOURHAN, André. Técnica e Linguagem. Edições 70, FOLEY, Robert. Os Humanos Antes da Humanidade: Uma Perspectiva
1964. p.117 evolucionista. São Paulo: Ed. UNESP, 2003
• ligação entre técnica e linguagem. • Os últimos achados seriam representantes de classes mais
evoluídas, com isso, o ser humano foi posto num patamar de
superioridade em relação a todas as espécies anteriormente
• A técnica é gesto ou utensílio , estudadas,
organizados em cadeia por uma
sintaxe que dá às séries operatórias
• Esse padrão da progressão também se caracteriza pelo
a sua fixidez e subtileza.
registro dos fósseis, que insistiram no uso de uma
hierarquização, seja pelo tamanho do cérebro, ou pela
• A sintaxe operatória proposta pela localidade em que o achado foi encontrado,
memória e tem origem entre o
cérebro e o meio. • Os conhecimentos que possuímos sobre a evolução técnica
desde os estádios mais antigos até o começo do período atual,
• Utensílios , possuíam , sem dúvida , são essencialmente fundamentados na utensílios de pedra
elos operatórios já muito lascada,
complexos e a linguagem
provavelmente limitada ainda à • Traçar a evolução técnica da humanidade através dos
expressão de situações concretas. utensílios de pedra talhada, é utilizar uma imagem cultural
limitada aos objetos cortantes.
Contraponto ao fato de apenas humanos fazerem ferramentas. Isto significa cultura?
• FULLAZAR & FIELD. 1997. Pleistocene seed-grinding implements from the Australian arid zone. Antiquity
71: 300–307, 1997.
• JONES, C. “Archaeochemistry: Fact or fancy?” in The prehistory of Wadi Kubbaniya, vol. 2, Stratigraphy,
paleoeconomy, and environment. Edited by F. Wendorf, R. Schild, and A. Close, pp. 260–66. Dallas:
Southern Methodist University Press, 1990.
• MAUSS, Marcel. Les techniques du corps. Journal de Psychologie, v. 32, n. 3/4, 1936. (reeditado em:
MAUSS, Marcel. Sociologie et anthropologie. Paris: PUF, 1985. p. 365-86.)
• REDE, Marcelo. Estudos de cultura material: uma vertente francesa. Anais do Museu Paulista. São Paulo.
N. Sér. v. 8/9. p. 281-291 (2000-2001).
• ROCHE, Daniel. Histoire des choses banales. Naissance de la consommation, XVIIe -XIXe siècle. Paris:
Fayard, 1997.
Em que medida o corpo se relaciona aos traços deixados na cultura material?
•(2) lascamento em pedra , característica humana mas que pode ter sido inventado por
australopitecíneo
Uma série de blocos de moer tem sido identificados há 18.000 AP em Arbhen Land, Austrália. Uma série de outros instrumentos se
espalham - instrumentos de alisamento, polidores, ferramentas para polir e alisar a superfície de outras ferramentas, triturar material
orgânico, moer semente secas.
Todos os gestos técnicos foram realizados a partir de artefatos encontrados em Isturitz, Pirineus (data)
Deste modo: O que os instrumentos invisíveis podem nos dizer?
• Estes artefatos são blocos sem bordas ou cantos, o que significa que cestos
ou folhas deveriam serem colocados para coletar os produtos de moagem.
ROUBERT, C. 1990.
Conclusão:
Embora não necessitem de qualquer investimento técnico, estas ferramentas simples
são parte integrante de um sistema operativo complexo.
• Datações:
• (SP) 9250+- 50 AP sítio Capelinha I (Alves, 2008).
• (Sul) 10.500 até 575 AP (Dias, 2003).
Artefatos da Tradição Umbu
Eixo 4 - Reflexões a partir do repertório lítico brasileiro: retomando a sofisticação e a simplicidade em indústrias líticas.
• ARAUJO, A. G. M; PUGLIESE Jr, F. The use of non-flint raw materials by Paleoindians in Eastern South America: a
Brazilian perspective. In: Farina Sternke; Lotte Eigeland; Laurent-Jacques Costa (org). Non-Flint Raw Material Use
in Prehistory – Old prejudices and new directions. Oxford: Oxbow Books, 2009, v.1939, p.169-175.
• BINFORD, L R. Pursuit of the Past: Decoding the Archaeological Record. New York: Thames and Hudson, 1983.
• ______ . The Archaeology of Place. Journal of Anthropological Archaeology. v.1, 1982. p.5-31
• _______ . Organization and formation processes: Looking at curated technologies. Journal of Anthropological
Research. v. 35, n.3, p. 255-273, 1979.
• ______ . Forty-Seven Trips: A case study in the character of some formation processes of the
archaeological record. Ottawa: Musée Nationaux du Canada, Mercury Series, 1976.
• ______ . Interssemblage variability: The mousterian and the functional Argument. In: RENFREW, Colin (ed.). The
explanation of Culture Change: Models in prehistory, Proceedings of a meeting of the research seminar in
Archaeology and related subjects held at the University of Sheffield. London: Duckworth, 1973. p. 227-254.
• MILLER JUNIOR, T. Onde estão as Lascas? Revista Clio Arqueológica, n.24, vol.2, 2009.
• ______ . An archaeological perspective. New York: Seminar Press, 1972.
• SCHMITZ, P. I ROSA, A. O.; BITENCOURT, A. L. V. Arqueologia nos cerrados do Brasil Central: Serranópolis III.
Pesquisas, Série Antropologia, São Leopoldo, RS: Instituto Anchietano de Pesquisas, n.60, 2004.
• SOUZA,T. Pedras e Tintas que contam histórias: Os caçadores-coletores tardios dos Abrigos Vermelhos, MT.
Dissertação de Mestrado, MAE/USP, 2015.
Os complexos tecnológicos líticos antigos e as teorias de degeneração das técnicas: Interpretações
PROBLEMAS - Ao lado destes sistemas tecnológicos formalizados há industrias baseadas em formas e volumes naturais (Lourdeau,
2010).
Processos de regionalização: O que não se encaixa dentro destes complexos tecnológicos foi denominados processos de
regionalização (Bueno, 2009).
Figura 1 -Artefatos da Tradição Itaparica RN segundo Martin, 1997. Figura 2 – Artefatos da tradição Umbu, Paraná
( MILLER JUNIOR, Tom. Onde estão as Lascas? Revista Clio Arqueológica, n.24, vol.2, 2009.
Regionalização: As classificação fragmentárias e o olhar do outro sobre as
coleções
Curadoria: valor positivo – ferramentas ou conjuntos tecnológicos utilizados para diversas tarefas seriam manufaturados em antecipação de uso,
transportados de local para local e reciclados para outras tarefas que não a de projeção inicial
Expediência: valor negativo - utilizadas para a necessidade do momento e no registro arqueológico deveriam produzir conjuntos tecnologicamente
mais simples e formalmente menos padronizados
Contribuições: Estes modelos obtiveram o êxito em substituir a intepretação destes artefatos como fruto de uma involução técnica ou
degeneralização das habilidades dos artesãos (Parry & Kelly, 1987, p.295).
Problemas: considerar este tipo de registro arqueológico oportunístico e extrapola para realidades brasileiras modelos de interpretação de
formação do registro arqueológico a partir de estudos entre os Nunamiut (Canadá).
Síntese: racionalidade na produção tecnológica lítica conforme o olhar do arqueólogo sobre extensas cadeias operatórias de modo que é muito
forte a tradição arqueológica da evolução das técnicas.
Contribuições – Substituir uma visão em que os passos evolutivos das técnicas são únicos
Problemas – Sem a detecção dos suportes de produção, admite-se que estes processos não são tecnologicamente eficientes, criando-se
assimetrias entre os repertórios líticos altamente formalizados e não formalizados.
•
Onde estão as lascas? (MILLER, 2009:7)
Características da maioria das indústrias líticas brasileiras durante o holoceno médio e recente:
• Algumas técnicas não exigem treinamento ou prática e relativamente pouco esforço são consideradas inferiores;
• Peças diferentes selecionadas a partir da mesma pilha para tarefas diferentes não é consideradas tecnologia,
Problemas:
• A tradição arqueológica evolucionista não funciona para nossa realidade. De fato a maior parte dos artefatos em conjuntos arqueológicos consistem em
curtas seqüencia de produção;
•
• O conceito de curadoria versus expediência lítica viciou o olhar do arqueólogo sobre como classificar as indústrias líticas, descartando tudo que não fosse
considerado curado.
• Pesquisadores olham ou esforço empreendido na elaboração de um artefato lítico ou a maior facilidade de enquadrá-lo em tipologias prontas.
Necessidade:
• Não encaixar o instrumento numa tipologia formal já convencionada na Europa, E.UA, África ou qualquer lugar. (Miller, 2009, p.34-35);
• Discutir as causas ou razões da existência deste tipo de repertório artefatual a partir de sua própria composição.
• Necessidade de estudos etnoarqueológicos voltados para contextos de produção deste tipo de repertório artefatual no Brasil.
DETALHE DE MICROSEQUÊNCIAS DE LASCAMENTO
• De uma área externa (4.000 AP), a maior parte das atividades começam a
se desenvolver em uma área interna com a visualização dos signos
parietais a partir de 3.400 (AP) (datação das estruturas de combustão)