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Universidade Federal do Ceará - UFC

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Elétrica - DEE

Prof. Raimundo Furtado Sampaio


1. Sistema de Proteção;

2. Componentes de um sistema de proteção;

3. Requisitos básicos de um sistema de proteção;

4. Zonas de proteção
 Objetivo
 Manter a integridade dos equipamentos;
 Garantir a segurança de pessoal;
 Assegurar a continuidade de serviço.
 Definição
 é um sistema ao qual estão associados todos os equipamentos
necessários para detectar, localizar, iniciar e completar a eliminação
de uma falta ou de uma condição anormal de operação de um
sistema elétrico (NBR 8769).
 Proteção:
 Ação automática provocada por dispositivos sensíveis a
determinadas condições anormais que ocorrem num circuito, no
sentido de evitar ou limitar danos a um sistema ou equipamento
elétrico (NBR 5460, 1992).
 Equipamento de proteção:
 Qualquer dos componentes necessários ao desempenho da função
completa de um sistema de proteção (NBR 8769, 1985).
 Zonas de Proteção
 Zona de Proteção Principal
 Zona de Proteção de Retaguarda.
 Local;
 Remota.

 O sistema de proteção de um SEP é composto de relés e disjuntores


instalados nos vãos, protegendo zonas bem definidas.
 Zonas de Proteção
 A filosofia geral de aplicação de relés de proteção em sistemas elétricos
baseia-se na divisão do sistema em zonas distintas, individualmente
protegidas e desconectadas, garantindo ao resto do sistema a
continuidade de serviço quando da ocorrência de uma falta.
 Em geral, um sistema de elétrico de potência pode ser dividido nas
seguintes zonas de proteção:
 Geração,
 Subestações (cada vão corresponde a uma Zona)
 Linhas de transmissão,
 sistema de distribuição
 Divisão do SEP em zonas de proteção
 Zonas de Proteção
 A proteção do sistema elétrico deve ser distribuída por zona para
limitar a extensão do sistema elétrico que será desligado quando da
ocorrência de uma falta.
 O ponto de conexão da proteção com o sistema elétrico normalmente
define a zona e corresponde a localização dos transformadores de
corrente.
 Zonas de proteção de uma SE
Zona de Proteção da Zona de Proteção da
Saída de Linha SL Entrada de Linha EL
SL EL

D2 D1 Zona de Proteção do
B2 Barramento B2
D3

Zona de Proteção do
TR Transformador TR
BC Zona de Proteção
D9 D4 da Barra B1
B1
D5 D6 D7 D8
Zona de Proteção do
Alimentador AL4
AL1 AL2 AL3 AL4

Zona de Proteção do Banco


de Capacitores BC Falta
 Zonas de Proteção – Sistema de Distribuição
Legenda:
R – Religador
13,8 kV S – Seccionalizador
F – Chave Fusível

F2
R3

R1 R2

s
F1
R4

F3
 Sobreposição de zonas de proteção no SEP
 O ideal para o sistema de proteção é que as zonas de proteção sejam
sobrepostas, garantido desta forma que nenhuma parte do sistema
elétrico esteja desprotegido.
 Sobreposição de Zonas de Proteção na SE

Zona de Proteção da SL Zona de Proteção da EL


SL EL

D2 D1 Zona de Proteção do B2
B2
D3
Zona de Proteção do TR
TR
BC Zona de Proteção da B1
D9 D4
B1
D5 D6 D7 D8
Zona de Proteção do AL
AL1 AL2 AL3 AL4

Zona de Proteção do BC
Falta
 Esquema com e sem zona sobreposta
 Proteção Principal
 Sistema ou parte do sistema de proteção do qual se espera a iniciativa
de operar em resposta a uma condição de falta, eliminando-a dentro
de sua zona protegida. (NBR 8769,1985).
 Ocorrência
 Falta no alimentador AL1 TR
 Proteção principal atua eliminando a falta
R3

D3

R1 R2

D1 D2

AL1 AL2
 Proteção de Retaguarda
 Sistema ou parte do sistema de proteção destinado a operar como
substituto da proteção principal, quando uma falha desta, ou de
sua incapacidade de operar (NBR 8769, 1985).
 Equipamento ou sistema de proteção destinado a operar quando
uma falta no sistema elétrico não é eliminada no devido tempo, por
causa de uma falha ou inabilidade da proteção principal em operar,
ou no caso de falha ou inabilidade da proteção principal em operar,
ou no caso de falha de operação de um disjuntor outro que o
disjuntor associado (NBR 5460, 1992).
 Proteção de Retaguarda

TR
Zona de Proteção de Retaguarda ( backup)

Zona de Proteção Principal do AL


R5

D5

R4 R3 R2 R1

D4 D3 D2 D1

AL1 AL2 AL3 AL4


Falta
 Requisitos Básicos de um Sistemas Proteção:
 Coordenação
 Seletividade
 Rapidez ou Velocidade
 Sensibilidade
 Confiabilidade
 Segurança
 Disponibilidade
 Custo.
 Seletividade
 A seletividade é a capacidade do sistema de proteção em discriminar e
somente desconectar do sistema a parte atingida pelo defeito.
 isolar completamente o componente defeituoso
 desligar a menor porção do SEP.
 A seletividade é a principal condição para assegurar ao consumidor um
serviço seguro e contínuo.

F P1 P2 P3
Falta
 Seletividade

F1 - R1 deve interromper a falta.


F2 - D2 deve interromper a falta.
F3 - D3 deve interromper a falta.
F4 - D4, D2 deve interromper a falta.
F5 - D5 deve interromper a falta.
F6 – SE de retaguarda.
F7 - D6 deve interromper a falta.
 Métodos para realizar seletividade:
 Seletividade cronométrica - Graduação de tempo
 Longo tempo de atuação.

 Ótima discriminação/coordenação.

 Seletividade amperimétrica
 Curto tempo de atuação e difícil aplicação.

 Difícil discriminação/coordenação.

 Seletividade Lógica.
 Curto tempo de atuação.

 Ótima discriminação/coordenação.

 Unidade de proteção
 Atuação independe do tempo.

 A velocidade de resposta independe da severidade da falta


 Seletividade Cronométrica - Graduação de tempo
 Os sistemas de proteção, em sucessivas zonas, são configurados
para operar em tempos graduados de acordo com a seqüência dos
equipamentos de proteção.

SE 1
Sistema de Geração SE 2
Sistema de Transmissão Sistema de Distribuição
G TC
D D D D
C
R4 R3 LT R2 R1

Tempo (s) Falta


t4
t3
t2

t1

0 d4 d3 d2 d1 d(km)
 Coordenação
 A coordenação de um sistema de proteção é o relacionamento adequado
entre as características e os tempos de operação dos dispositivos de
proteção de um sistema ou parte de um sistema elétrico, ou de um
equipamento elétrico de forma a garantir a seletividade (NBR 5660, 1996).

SE 1
Sistema de Geração SE 2
Sistema de Transmissão Sistema de Distribuição
G TC
D D D D
C
R4 R3 LT R2 R1

Tempo (s) Falta


t4
t3
t2

t1

0 d4 d3 d2 d1 d(km)
 Características da Seletividade - Cronométrica
 A velocidade de resposta da proteção freqüentemente depende da
severidade da falta.
 Retardo na atuação das proteções:
 Inviabilidade técnica em algumas aplicações;
 Superdimensionamento de cabos e painéis;
 Maiores danos a instalação devido o maior tempo sob efeito
do curto;
 Subtensão momentânea.
 Seletividade Amperimétrica:
 As proteções, em sucessivas zonas, são configurados para operar com
valores de corrente ajustados de acordo com a seqüência dos
equipamentos de proteção.
 Características:
 Necessita uma significativa impedância no sistema para o
ajuste garantir a coordenação.
 Apresenta limitações quanto a sua aplicação (Icc >>).
 Quanto mais próximo da fonte ocorre a falta, maior a
intensidade da corrente de curto.
 Seletividade com Unidade de proteção
 Unidades de proteção são sistemas de proteção que responde somente
para faltas dentro de uma zona definida.
 Sua operação não envolve graduação de tempo, por esta razão sua
atuação é relativamente rápida.
 A velocidade de resposta independe da severidade da falta.
 Exemplos:
 Proteção falta restrita a terra.
 Proteção diferencial.
 Teleproteção.
 Unidade de proteção
 Unidade de proteção
 A unidade de proteção usualmente compara as grandezas elétricas nas
extremidades da zona de proteção definida pela localização dos
transformadores de corrente.
Zona não Protegida Zona Protegida Zona não Protegida

I1 I2
Elemento
Protegido

k1I1 87 k2I2
 Seletividade Lógica:
 Proporciona coordenação entre unidades instantâneas sujeitos ao
mesmo nível de curto-circuito.
 A coordenação é obtida através do envio de sinais digitais de um relé
para o bloqueio da atuação de um outro relé.
 Exemplo:
 A coordenação entre a função instantânea dos relés dos
alimentadores e a função instantânea do relé associado ao
disjuntor geral da barra de média tensão.
 Relés Eletromecânicos não coordenam.
 Relés Microprocessados podem coordenar utilizando
seletividade lógica.
 Seletividade Lógica:
 Coordenação entre unidades instantâneas

TR

R1

D1

R2 R3 R4

D2 D3 D4

AL1 AL2 AL3

Falta
 Rapidez ou Velocidade
 Capacidade de resposta dentro do menor tempo possível, de modo a
garantir a estabilidade do sistema.
 A função do sistema de proteção é isolar as faltas no sistema de
potência o mais rápido possível, de modo a garantir a estabilidade do
sistema, evitar a extensão dos danos no sistema e garantir
continuidade de fornecimento pela remoção de cada distúrbio antes
que este se espalhe e conduza a uma perda de sincronismo e
conseqüentemente ao colapso do sistema de potência.
 Rapidez ou Velocidade
 A rapidez da atuação da proteção:
 Mantém a estabilidade do sistema;
 Minimiza os danos provocados pela falta no sistema, dado que
a energia liberada é proporcional ao quadrado da corrente
vezes a duração da falta (R.I2.t).
 A manutenção de condições normais de operação nas partes
não afetadas do sistema.
 Velocidade – Estabilidade em regime transitório
 A rapidez da atuação da proteção:
 Quando a carga no sistema de potência aumenta, a defasagem
angular entre as tensões nos diferentes barramentos aumenta,
proporcionando o aumento de perda de sincronismo quando
ocorrer um distúrbio provocado por uma falta.

E1 E2
P = E1 E2 sen 
X
Sendo:
X E1 - tensão na barra 1
P E2 - tensão na barra 2
X - reatância de transferência
 - diferença angular entre E1 e E2
P - fluxo de potência
 Velocidade - Relação entre Carregamento do Sistema e Tempo de
Eliminação das Faltas.
 Faltas entre fases proporciona maior efeito no sistema e requer a
eliminação da falta mais rápida.
 Velocidade - Depende da característica do sistema elétrico:
 Depende da característica do sistema elétrico:
 Sistemas de distribuição:
 Normalmente não requer rápida eliminação da falta, sendo
usualmente protegidos por sistema de proteção com
graduação de tempo.
 Plantas de geração e sistemas Extra Alta Tensão (EHV):

 Requer proteções da mais alta velocidade possível, na qual


o único fator limite deve ser a correta operação.

 Usualmente são utilizados teleproteção e redundância das


proteções.
 Sensibilidade
 Capacidade de resposta dentro de uma faixa esperada de ajuste, ou
seja é a capacidade da proteção responder às anormalidades nas
condições de operação, e aos curto-circuitos para os quais foi
projetada (CAMINHA, 1981).
 A sensibilidade deve garantir que a proteção perceba um curto-circuito
na extremidade de um circuito mesmo que o defeito seja de pequena
intensidade.
 O relé ou esquema de proteção é considerado sensível se os
parâmetros de operação são baixos.
 Sensibilidade
 Nos relés eletromecânicos, a sensibilidade era considerada em termos
da sensibilidade da medição do movimento e era medido em termos de
seu consumo em volt-ampere necessários para a operação do relé.
 Nos relés digitais e numéricos a sensibilidade alcançada raramente é
limitada pelo projeto do dispositivo, mas sim pela sua aplicação e
parâmetros de TC/TP.

I cc ,min
Fs 
I pick up
 Confiabilidade (Segurança e Disponibilidade)
 É a Probabilidade de um componente, equipamento ou sistema
funcionar corretamente quando sua atuação for requerida.
 Grau de certeza de não omissão de disparo
 A confiabilidade têm dois aspectos:
 Disponibilidade
 Segurança
 Segurança
 Um sistema seguro é aquele em que havendo um defeito ou
condição anormal, a proteção nunca deve realizar uma
operação falsa ou falhar.
 Segurança é o grau de certeza de não haver operação
indesejada.
 Ex.: Trip falso.

Rp

Rb
 Disponibilidade :
 É o grau de certeza de operação correta.
 Probabilidade de uma função ser executada quando solicitada.

 Ex.: Recusa de atuação

Rp Rb
 Aspectos associado a confiabilidade - Operação Indesejada:
 A operação incorreta ou intempestiva de um dispositivo pode ser
atribuída a uma das seguintes categorias:
 Projeto incorreto.
 Projeto do sistema de proteção.
 Projeto do relé.
 Ajuste incorreto.
 Testes incorreto.
 Instalação incorreta.
 Degradação em serviço.
 Aspectos associado a confiabilidade – Projeto do Esquema de Proteção
deve considerar:
 A natureza, freqüência e duração das possíveis faltas;
 Os parâmetros relevantes do sistema elétrico;
 O tipo de proteção utilizada;
 O projeto do próprio equipamento.

 Projeto do Relé
 Especificação Técnica
 Análise Técnica do Relé.
 Testes em fábrica
 Ensaios de rotina.
 Ensaios de Tipo (apresentação de ensaios).
 Teste no laboratório do cliente utilizando mala de teste.
 Aspectos associado a confiabilidade – ajustes dos Relés
 Grupo de Ajuste dos Relés:
 É essencial considerar os parâmetros do sistema primário nos
ajustes dos relés, incluindo níveis de faltas e cargas,
transformadores de instrumentos, requisitos de desempenho
dinâmicos, etc.

 Mudança nos Ajustes:


 As características do sistema de potência muda com o
tempo, devido as mudanças nas cargas, localização, tipo,
curto-circuitos e quantidade de geração, etc.

 Os valores de ajustes nos relés devem ser atualizados para


evitar operação indevida ou falha de operação do relé.
 Aspectos associado a confiabilidade – Instalação
 A necessidade da correta instalação do sistema de proteção é obvia,
mas a complexidade das interconexões de muitos sistemas e suas
interligações durante a montagem pode dificultar a verificação
detalhada das instalações.

 Os testes de comissionamente da instalação, apesar da


dificuldade de reproduzir todas as condições de falta são
necessários e devem ser direcionados para melhoraria da
instalação, limitando-se a correção das conexões, ajustes dos
relés e prevenção de danos nos equipamentos.
 Aspectos associado a confiabilidade – Degradação em serviço
 Os relés de proteção podem passar dias ou anos sem operar. Durante
este período, podem surgir defeitos não sinalizados que serão
percebidos somente com a falha da proteção no momento de
responder a uma falta no sistema elétrico de potência.
 Exemplos:
 Queima ou desgastes dos contatos
 Bobinas e outros circuitos partidos
 Falha em componentes eletrônicos e dispositivos auxiliares;
 Partes mecânicas podem atracar.
 Aspectos associado a confiabilidade – Degradação em serviço
 Os relés devem ser regularmente testados para verificar seu correto
funcionamento.
 Circuitos importantes que são especialmente vulneráveis devem dispor
de supervisão elétrica contínua.
 Os relés digitais e numéricos possuem autoteste e autodiagnóstico
incorporado que auxiliam na detecção de falhas.
 Aspectos associado a confiabilidade – Avaliação do Desempenho das
Proteções
 O desempenho do sistema de proteção normalmente é avaliado
estatisticamente utilizando engenharia da confiabilidade.
 Este método de avaliação proporciona uma exata avaliação do sistema
de proteção como um todo, mas é rígido no julgamento do
desempenho do relé.
 Em sistemas críticos, pode ser usado um simulador digital para
modelar relevantes seções do sistema de potência e checar o
desempenho dos relés utilizados.
 Diagrama de Bloco Típico configurações de Controle
 Sem redundância

TC Fonte CC TP

Relé

Bobina de
Abertura

Mecanismo
do Disjuntor
 Diagrama de Bloco Típico configurações de Controle
 Redundância de relés

TC Fonte CC TP

Relé

Bobina de
Abertura

Mecanismo
do Disjuntor
 Diagrama de Bloco Típico configurações de Controle
 Redundância de relés, TC’s e TP’s:

TC TP Fonte CC TC TP
1 1 2 2

Relé Relé
1 2

Bobina de
Abertura

Mecanismo
do Disjuntor
 Diagrama de Bloco Típico configurações de Controle
 Redundância de relés, TC’s, TP’s e bobinas de abertura:

TC TP Fonte CC TC TP
1 1 2 2

Relé Relé
1 2

Bobina de Bobina de
Abertura Abertura
1 2

Mecanismo
do Disjuntor
 Diagrama de Bloco Típico configurações de Controle
 Redundância de relés, TC’s, TP’s, bobinas de abertura e fontes CC:

TC TP Fonte CC Fonte CC TC TP
1 1 2 2

Relé Relé
1 2

Bobina de Bobina de
Abertura Abertura
1 2

Mecanismo do
Disjuntor
 Custo
 Máxima proteção com o menor custo.
 Depende das características do sistema:
 Sistema de Geração.
 Sistema de Transmissão.
 Sistema de Distribuição.
 Instalação Industrial.
 Sistema aéreo ou subterrâneo.
 Custo
 Sistema Interligado de Alta Tensão:
 A estabilidade do sistema está em risco se a falta não for
eliminada rapidamente. Neste caso, faz-se necessário investir
em sistemas para assegurar rápido e confiável comando de
abertura, para evitar a extensão dos danos.
 Exemplos:
 Múltiplos sistemas de proteção principal em paralelo e
possivelmente de diferentes tipos
 Proteção de distância distância e unidade de proteção
(teleproteção).
 Proteção de sobrecorrente de retaguarda.
 Custo
 Máxima proteção com o menor custo.
 Conclusão:
 Um sistema de proteção que satisfaça a todos os requisitos
mencionados é praticamente impossível. Porém, dentro de uma
avaliação custo/benefício deve-se buscar as melhores alternativas
para os projetos do sistema de proteção.
Próxima Aula

Tópico 3: Princípios Fundamentais de


Relés de Proteção

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