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TEORIA DAS

TÓPICAS
MUSICAIS
Os quartetos de VL: propostas analíticas e interpretativas CMU6002-1
Paulo de Tarso Salles – ECA/USP 2018
DESMISTIFICANDO A
“NOVIDADE” A RESPEITO DE
TÓPICAS
 “Descrições de música em termos de linguagem ou disciplinas baseadas na linguagem são
lugar-comum na literatura musicológica” (AGAWU, 1991, p. 7).
 Retórica
 Burmeister, Musica Poetica (1601)
 Mattheson, Vollkommene Capellmeister (1739)

 Semiótica/Linguística/Crítica, séc. XX
 Allan Keiler
 David Lidov
 Lerdahl/Jackendoff
 Charles Rosen
 Leonard Ratner
 Friedrich Blume
RATNER, CLASSIC MUSIC:
EXPRESSION, FORM, AND
STYLE (1980)
 Definição inicial (e provisória) de tópicos musicais da música do século XVIII.
 “A partir do contato com o culto, a poesia, o drama, o entretenimento, a dança, as cerimônias,
o militarismo, a caça e a vida das classes mais baixas, a música do início do séc. XVIII
desenvolveu um catálogo de figuras caracteristicas, que deixaram uma rico legado para os
compositores clássicos. Algumas dessas figuras foram associadas com sentimentos e afetos;
outras ganharam um sabor pitoresco. Elas são designadas como tópicos – temas para um
discurso musical. Tópicos surgem como peças totalmente desenvolvidas, ou seja, tipos, ou
como figuras e progressões dentro de uma peça, ou seja, estilos. A distinção entre tipos e
estilos é flexível; minuetos e marchas representam tipos completos de composição, mas
também oferecem estilo para outras peças” (RATNER, 1980, p. 9).
TIPOS, SEGUNDO RATNER
 Danças (minueto, sarabanda, polonaise, bourée, contredanse, gavotte, gigue, siciliano,
marcha); 
 Estilos (militar e música de caça; estilo cantante; estilo brilhante; abertura francesa; pastoral;
música turca; sturm und drang; sensibilidade; estilo erudito ou estrito; fantasia);
 Pictorialismo e "pintura de palavras" [word-painting]
 Uso dos tópicos: Barroco X Clássico (RATNER, 1980, pp. 26-28)
 Tende a desenvolver uma ideia única no Barroco, por toda a peça
 Emprega misturas e contrastes na música do Classicismo, quase como regra.
A ANÁLISE TÓPICA
 Allanbrook: “a familiaridade com os topoi libera o autor do dilema que ele enfrentaria ao
tentar explicar uma determinada passagem [...]. Ao reconhecer um estilo característico [...] ele
pode articular dentro de certos limites uma resposta compartilhada que determinada passagem
irá evocar” (ALLANBROOK, 1983, pp. 2-3).
 Agawu
 De acordo com Allanbrook, presume-se a competência do ouvinte em reconhecer como lugar comum
algo que lhe seja familiar.
 A combinação de sequências tópicas sugere a possibilidade de uma análise narrativa, como a partir de
um “roteiro”
 “Os tópicos são pontos de partida, mas nunca identidades totais” (AGAWU, 1991, pp. 33-34).
CORRELAÇÃO E MARCAÇÕES
(HATTEN)
 Os tópicos não são capazes de oferecer por si só uma explicação total para uma peça.
 A estrutura formal e harmônica opera em conjunto com as justaposições tópicas, cabe então
correlaciona-las.
 Pode-se refinar o conceito de expressividade ao compreender como os gêneros são marcados
por determinadas estruturas e convenções. Teoria das marcações (markedness).
 Jogo de oposições construído por Hatten, inspirado pelo quadrado de Greimas.
REFERÊNCIAS
 AGAWU, Kofi. Playing With Signs: A Semiotic Interpretation of Classic Music. Princeton:
PUP, 1991.
 ALLANBROOK, Wye J. Rhythmic Gesture in Mozart: Le Nozze di Figaro and Don Giovanni.
Chicago: CUP, 1983.
 HATTEN, Robert. Musical Meaning in Beethoven: Markedness, Correlation, and
Interpretation. Bloomington, Indiana: IUP, 2004.
 MONELLE, Raymond. The Sense of Music: Semiotic Essays. Princeton: PUP, 2000.
 RATNER, Leonard. Classic Music: Expression, Form, and Style. London/New York:
MacMillan/Schirmer, 1980.

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