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TRANSFORMAÇÃO DE FASES

Aula 3
Transformação de fases
Conceitos fundamentais

Tratamento Térmico
projetado com base na
Propriedades influência da
temperatura na taxa de
transformação de fases.

Processamento Estrutura
Transformação de fases

Gráfico de Microdureza Vickers antes e após


tratamentos térmicos para um aço 8640 (ARBL)
Transformação de fases

- Transformação de fase é a alteração no números de fases e/ou na


natureza da fase que envolve alguma alteração na microestrutura.
- Os Diagrama de fase são sistemas nos quais as microestrutura se
desenvolvem, supondo que a temperatura fosse alterada
lentamente o suficiente para manter o equilíbrio termodinâmico.
- Entretanto, os materiais muitas vezes, não são produzidos nem
utilizados nos seus estados de equilíbrio  o tempo se torna um
fator importante.
- As transformações de fases não são instantâneas  Cinética
(velocidade com que um dado processo ocorre)
Transformação de fases
Classificação
1. Dependentes da Difusão
- sem alterações na composição de fase ou números
de fase presentes. Exemplo: solidificação,
transformações alotrópicas, recristalização, etc. Difusão
- Com alguma alteração na composição das fases Transporte de
e/ou no número de fases. Exemplo: Reações matéria pelo
movimento dos
eutetóide, eutética e peritética.
átomos.

2. Sem dependência da Difusão


Resultando numa fase metaestável. Exemplo:
Transformação martensítica.

Fases metaestáveis: suas propriedades ou


características mudam lentamente com o tempo, ou
seja, o estado de equilíbrio não é nunca alcançado.  
Transformação de Fases
Divergem dos
Diagrama de Transformações
processamentos
Equilíbrio muito lentas
industriais

Para transformações fora do equilíbrio:


- No resfriamento, as temperaturas de transformação são deslocadas para
T inferiores do que as indicadas no diagrama de fases (super-resfriamento)
- No aquecimento, as temperaturas de transformação são deslocadas para
T superior (superaquecimento)
Exemplo: em taxas de resfriamento normais, a reação eutetoide é
deslocada tipicamente de 10°C a 20°C para baixo da temperatura de
transformação em equilíbrio.

Diagrama de Resfriamento Isotérmico (Diagrama T-T-T)


Transformações em
condições realísticas
Diagrama de Transformação por Resfriamento Contínuo
(TRC)
Transformação de fases
Estados Metaestáveis x Estados de Equilíbrio
- As transformações de fases podem ser realizadas em sistemas de ligas metálicas
mediante uma variação na temperatura, na composição e na pressão externa,
entretanto, as variações na temperatura por meio de tratamentos térmicos são a
maneira mais convenientemente utilizada para induzir transformações de fases.
- Isso corresponde a cruzar uma fronteira entre fases no diagrama de fases
temperatura-composição.
- Durante uma transformação de fases, uma liga prossegue em direção a um
estado de equilíbrio, que é caracterizado pelo diagrama de fases em termos das
fases resultantes.
- A taxa de aproximação do equilíbrio para os sistemas sólidos é tão lenta que
estruturas em verdadeiro equilíbrio raramente são atingidas.
- Para muitas ligas tecnologicamente importantes, o estado ou a microestrutura
preferida é uma microestrutura metaestável, intermediária entre os estados inicial
e de equilíbrio.
Transformação de Fases
Considerações sobre transformações de fases no estado
sólido
- O progresso da transformação é
verificado geralmente por meio de
um exame microscópico ou através
da medição de alguma propriedade
física cuja magnitude seja
característica da nova fase.
- Os dados são representados como
a fração de material transformado
em função do logaritmo do tempo.
- Uma curva em forma de “S”, que
representa o comportamento típico Gráfico da fração reagida em função do
da maioria das reações no estado logaritmo do tempo, típico para muitas
transformações em estado sólido nas
sólido. quais a temperatura é mantida constante.
Transformação de Fases
- Para transformações no estado sólido que exibem o comportamento
cinético da curva em “S”, a fração transformada y é uma função do tempo t
de acordo com:

Dependência da fração
transformada em relação ao tempo
EQUAÇÃO DE AVRAMI

onde k e n são constantes que independem do tempo para a reação


específica.
- Por convenção, a taxa de uma transformação é tomada como o inverso
do tempo necessário para que a transformação prossiga até a metade de
sua conclusão, t0,5, ou seja,
Taxa de transformação – Inverso do
tempo de transformação para a
conclusão de metade da reação
Taxa de transformação
Transformação de Fases
Alterações Microestruturais e Propriedades em Ligas Fe-C
1. PERLITA
- Formação da Perlita (Influência da
temperatura na taxa de
transformação).
Para cada curva, os dados da curva
foram coletados para uma amostra
composta inicialmente de 100% de
austenita e resfriada até a
temperatura indicada no gráfico, na
qual se processou a transformação. Fração que reagiu isotermicamente em
função do logaritmo do tempo para a
transformação da austenita em perlita.

Reação Eutetóide
Transformação de Fases
- Digrama de transformação
isotérmica (Diagrama TTT –
transformação-tempo
temperatura): Gerado a partir
de uma série de curvas em
forma de S.
- A maneira mais conveniente 727°C

de representar
transformações de fases
dependentes tantos do tempo
quanto da temperatura.
processou a transformação.
Transformação de fases
Transformação de fases
Diagrama de transformação isotérmica para uma liga ferro-carbono com
composição eutetóide, mostrando a superposição da curva para um tratamento
térmico isotérmico (ABCD).
Transformação de fases

Fotomicrografia de (a) perlita grosseita (b) perlta fina.


Ampliação 300x.

727°C > formação > 540°C

formação ≈ 540ºC
Transformação de fases

Transformação de Fase para um Aço Eutetóide


Transformação de fases
2. BAINITA

- Forma-se como agulhas ou


placas (temperatura) é
extremamente refinadas.

- Transformação concorrente
(Perlita x Bainita).

- Forma-se em T entre 540°C e


215°C para aços eutetoides,
enquanto a Perlita se forma
entre 727°C e 540°C.

Diagrama de transformação isotérmica de


uma liga Fe-C eutetóide.
Transformação de Fases

(c) Microscopia Eletrônica de transmissão apresentando a estrutura


da bainita. Um grão de bainita consistindo em uma partícula
alongada em forma de agulha de Fe3C em uma matriz de ferrita e
envolvida por uma fase de martensita.
Transformação de Fases
3. CEMENTITA GLOBULIZADA
Estrutura obtida pelo aquecimento prolongado (18 a 24h) da Austenita ou
Perlita a aproximadamente 700°C.
- Transformação mediante difusão
adicional do carbono, sem alteração
na composição das fases ferrita e
cementita.
- A força motriz para essa
transformação é a redução na área
da fronteira entre as fases.
- A cinética da transformação da
cementita globulizada não aparece
nos digramas TTT.
Aço com microestrutura de cementita globulizada. A
fase contínua é ferrita α. (Ampliação de 1000x)
Transformação de Fases
4. MARTENSITA
Estrutura obtida por resfriamento rápido da austenita (CFC) até
temperatura próximo da ambiente.
O resfriamento rápido evita a difusão do carbono (transformação
adifusional), permanecendo retido como impurezas intersticiais,
resultando em uma solução sólida supersaturada.
Estrutura TCC

Transformação instantânea
(sem difusão)  elevada
taxa de transformação 
praticamente independente
do tempo.

Movimento coordenado dos átomos é inferior a uma Sítio do


átomo de C
distância atômica.
Transformação de Fases
- A transformação martensítica também é chamada “displaciva”
(displacive) por causa dos movimento coordenado de deslocamento dos
átomos.
- Dentre as várias maneiras de visualizar as transformações “displacivas”
que podem conduzir a estrutura TCC, a mais comumente aceita é a
distorção de Bain.
- A estrutura TCC pode ser visualizada como uma distorção da estrutura
CCC em que o parâmetro da rede na direção [001] não é igual ao
parâmetro nas direções [010] e [100].
- Os parâmetros da rede cristalina TCC da martensita dependem
diretamente do teor de carbono, uma vez que, como elemento intersticial,
é o responsável por distorcer a rede cristalina.
Transformação de Fases
- Admiti-se que a martensita
apresenta uma estrutura tetragonal
centrada, formada por um
movimento de átomos em planos
específicos da austenita.
- Caracterizada pela supersaturação
de carbono, e por apresentar tensões
Aspecto micrográfico de um aço temperado:
internas e tensões térmicas
martensita. Ampliação 1000x. (resultantes do resfriamento não
uniforme).
- Tem-se a parte central sob
compressão e as camadas mais
externas sob tração.
Resfriamento
rápido
Transformação de Fases

Relação entre dureza, teor de carbono e quantidade de


martensita.
Transformação de Fases
- A martensita é metaestável e
pode persistir indefinidamente na
Tamb, mas se transformará em fases
de equilíbrio por recozimento a
altas temperaturas.

- A transformação não envolve


difusão e forma-se por
escorregamento de planos da
austenita.
Linhas horizontais do percentual de
transformação da austenita em martensita.

Diagrama TTT completo para uma liga Fe-C


com composição eutetóide. A (austenita); B
(bainita); M (martensita) e P (Perlita)
Transformação de Fases

Fotomicrografia da microestrutura
martensiítica. Os grãos em forma de
agulha são a fase martensítica e as regiões
claras são austenita que não se
transformou em martensita durante o
resfriamento brusco. (Ampliação 1220x)

Consequências:
 Geração de tensões residuais
 Risco de Trincas
 Aumento de Volume

Transformação γ  α’ resulta em uma


expansão volumétrica de 4%
Transformação de Fases
TIPOS DE MARTENSITA Quando %C > 0,6% Lenticular
(Martensita Maclada)
Quando %C < 0,6% Ripas
(Martensita Escorregada)
Transformação de Fases

5. MARTENSITA REVENIDA

- Obtida pelo reaquecimento


da martensita.
- Realização de revenimento
em temperaturas entre 250 e
650°C (abaixo da Teutetóide).
- Precipitação de carbonetos
Redução da dureza excessiva e
das tensões internas.
Transformação de Fases
- A microestrutura consiste em
partículas de cementita
extremamente pequenas em uma
matriz contínua de ferrita.
- A MR pode ser dura e resistente,
porém apresentando alguma
ductilidade e tenacidade.
- Dureza e a Resistência: grande área
de fronteiras por unidade de volume
entre as fases.
- Cementita dura reforça a matriz
ferrítica ao longo das fronteiras e
servem de barreira ao movimento
das discordâncias.
Transformação de Fases
Resfriamento
rápido (têmpera)

Resfriamento
Resfriamento
moderado
lento

Reaquecimento

Ferrita ou cementita

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Você em Ação
Exemplo 1
Supondo que uma amostra a 760°C seja
submetida aos tratamentos térmicos
descritos abaixo, descreva a microestrutura
final (em termos de microestrutura e
porcentagens aproximadas)
a) Resfriamento rápido até 350°C,
mantida por 104 s e, então, temperada
até temperatura ambiente.
b) Resfriamento rápido até 250°C,
mantido por 100 s e, então, temperado
até temperatura ambiente.
c) Resfriamento rápido até 650°C,
mantido por 20 s, resfriado
rapidamente por até 400°C, mantido
por 103 s e, então, temperado até a
temperatura ambiente.
Você em Ação
Atividade 1

Supondo que uma amostra a 760°C


seja submetida aos tratamentos
térmicos descritos abaixo, descreva a
microestrutura final (em termos de
microestrutura e porcentagens
aproximadas).

a) Resfriamento rápido até 350°C


mantida por 103 s e, então, têmpera
até temperatura ambiente.
100% Bainita
b) Resfriamento rápido até 690°C
mantida por 2 h.
100% Perlita Grosseira
Você em Ação

c) Resfriamento rápido até 625°C


mantida por 10 s e, então temperado
até a temperatura ambiente.
50% Perlita e 50% Martensita
d) Resfriamento rápido até 300°C
mantida nessa temperatura por 20 s
e, então têmpera em água até a
temperatura ambiente.
Reaquecimento até 425°C mantida
nessa temperatura por 103 s, e
resfriada lentamente até a
temperatura ambiente.
100% Martensita
(Martensita revenida)
Transformação de Fases
Fatores que influenciam na posição das curvas TTT
a. Composição Química (teor de carbono e elementos de
liga)
b. Tamanho de grão da austenita
c. Homogeneidade da austenita

1. Composição Química

- O aumento do teor de carbono tende a deslocar a curva em C para a


direita, isto é, retarda o início e o fim da reação da perlita.
- As curvas em C se aproximam tanto mais do eixo das ordenadas quanto
menor o teor de cabono.
Transformação de Fases
Transformação de Fases
- Com o aumento do teor de carbono, a temperatura de reação da
martensita é gradativamente rebaixada.
- Quanto menor o teor de carbono, tanto mais difícil, de se obter por
resfriamento, ainda que muito rápido, estrutura unicamente martensita.
Transformação de Fases
- No que se refere à composição química, todos os elementos de liga que
são adicionados com exceção do cobalto, deslocam as curvas de início e
fim da transformação para a direita, ou seja, retardam a transformação.
Transformação de Fases

Aço 4340.
Transformação de Fases
2. Tamanho de grão da austenita
- Quanto maior o tamanho de grão da austenita antes do resfriamento mais para
a direita se deslocam as curvas, resultando no atraso do início e do fim da
formação de perlita.
- As transformações iniciam nos contornos de grão, então, se a austenita
apresentar tamanho de grão grande, sua transformação total levará mais tempo
do que se apresentar grão menor.
- Aços com tamanho de grão austenítico grande tendem a apresentar, no
resfriamento, estrutura martensítica mais facilmente do que aço com tamanho de
grão menor.
- No entanto, o aumento do tamanho de grão prejudica as propriedades do aço.

Efeito do tamanho de grão sobre a relação de


transformação da austenita ; nota-se que o grão
menor apresenta reação completa, ao passo que
no maior, cujo início da reação coincidiu com o
do menor, a mesma não se completou.
Transformação de Fases
3. Homogeneidade da austenita

- Quanto mais homogênea a austenita (sem partículas de carboneto,


impurezas, etc...) mais para a direita se deslocam as curvas TTT, facilitando
a Têmpera.
- Em geral, quanto mais alta a temperatura de aquecimento e quanto
maior o tempo de permanência mais homogênea a austenita.
- Quanto menos homogênea a austenita, ou seja, quanto maior a
quantidade de carbonetos residuais de áreas localizadas ricas em carbono,
tanto mais rápido é o início da reação de formação de perlita.
- Os carbonetos residuais não dissolvidos atuam como pontos de
nucleação para a reação de formação da perlita, de modo que o início da
transormação da austenita é acelerado.bb
Você em Ação
e) Resfriamento rápido até 575°C,
manutenção nessa temperatura
durante 20 s, resfriamento rápido até
350 °C, manutenção dessa
temperatura até durante 100 s e,
então têmpera até a temperatura
ambiente.
100% Perlita fina
f) Resfriamento rápido até 665°C,
manutenção dessa temperatura
durante 103 s e, então têmpera até a
temperatura ambiente.

100% Perlita Grossa


Você em Ação
g) Resfriamento rápido até 350°C,
manutenção dessa temperatura
durante 150 s e, então têmpera até a
temperatura ambiente.
50% Bainita e 50% Martensita

h) Resfriamento rápido até 300°C e,


então manutenção dessa
temperatura por 1 dia.

100% Bainita
Transformação de Fases
Diagrama de Transformação por Resfriamento Contínuo
- A maioria dos tratamentos térmicos para
os aços envolve o resfriamento contínuo
de uma amostra até a temperatura
ambiente.
- No resfriamento contínuo o tempo
exigido para que uma reação tenha seu
início e o seu término é retardado e as
curvas são deslocadas para tempos mais
longos e temperaturas mais baixas.
- A transformação tem início após um
período de tempo que corresponde à
intersecção da curva de resfriamento com
a curva de início da reação, e termina com
o cruzamento da curva.
Superposição dos diagramas de resfriamento
contínuo e isotérmico para uma liga Fe-C eutetoide.
Transformação de Fases
- A transformação tem início após um
período de tempo que corresponde à
intersecção da curva de resfriamento
com a curva de início da reação, e
B
termina com o cruzamento da curva. A

- Para qualquer curva de


resfriamento que passe através de AB
a austenita que não estiver reagido
se transforma em martensita após
M(s).
TRC – Taxa de resfriamento crítica
Taxa mínima de resfriamento brusco para Faixa de taxa de resfriamento ao longo
produzir uma estrutura totalmente da qual serão produzida Perlita e
martensítica. Martensita.
Transformação de fases

A (FORNO) = Perlita grossa


B (AR) = Perlita + fina (+ dura que
a anterior)
C (AR SOPRADO) = Perlita + fina
que a anterior
D (ÓLEO) = Perlita + martensita
E (ÁGUA) = Martensita

No resfriamento contínuo, as curvas


TTT deslocam-se um pouco para a
direita e para baixo
Você em Ação
Atividade 2

Nomeie os produtos microestruturais


microestruturais de amostras para uma
liga ferro-carbono eutetóide (0,76%p C)
que foram, primeiro, completamente
transformadas em austenita, então
resfriadas até a temperatura ambiente
nas seguintes taxas:
a) 1 °C/s
b) 20 °C/s
c) 50 °C/s
d) 175 °C/s

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