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MATERIAIS METÁLICOS

Curvas TTT e TRC

Jorge Lino

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DIAGRAMAS
DE
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA

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Diagrama de transformação isotérmica

Estudo, durante o estágio a uma temperatura qi, da evolução qualitativa e quantitativa da fase
austenítica em função do tempo.
Por análise micrográfica, dilatométrica, térmica,...

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Estruturas micrográficas que surgem com o aumento da Veloc. (V)

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Estruturas micrográficas que surgem com o aumento da Veloc. (V)

Transformações com difusão


Quando a temperatura do banho está entre A1 e Ms: AF+C

Fazendo variar qi, determina-se:

t0 (qi): início de transformação de A

t1 (qi): fim de transformação de A

ty (qi): fracção mássica y de A transformada

obtendo-se assim as curvas isoausteníticas

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Diagrama de transformação isotérmica
Porquê a forma em “C” da curva ?
Um produto de transformação (perlite ou bainite) forma-se a partir da austenite por germinação e crescimento.

T C

Crescimento do produto de
transformação é tanto mais rápido C+G
quanto maior for a temperatura.

G
Germinação é tanto mais rápida
quanto menor for a temperatura.

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t 6
Diagrama de transformação isotérmica

Transformações com difusão


Existem 3 categorias de transformação dando 3 tipos de agregados F+C; perlítica, bainítica superior e
bainítica inferior. Cada uma destas transformações corresponde a 1 “C” de isoausteníticas.

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Diagrama de transformação isotérmica

Transformações sem difusão


Quando a temperatura qi<Ms, a A dá M. A cada temperatura qi, uma fração mássica de A transforma-se em M. Um estágio
isotérmico entre Ms e Mf não modifica a taxa de avanço da reação: é uma transformação atérmica. As
isoausteníticas são paralelas ao eixo do tempo.

Um estágio isotérmico não faz evoluir a transformação A  M, mas pode estabilizar a g relativamente a uma transformação em martensite
durante um arrefecimento posterior, transformar Ares noutro constituinte (por exemplo, em bainite inferior) ou conduzir a um autorevenido da
martensite se Ti for suficientemente elevada.

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Diagrama de transformação isotérmica

Parâmetros que influenciam as


transformações da Austenite

Composição química do aço

Todos os elementos de liga (exceto Co) aumentam os tempos de


incubação puxando as curvas para a direita: propriedade essencial
(ver temperabilidade) e que justifica o uso dos aços ligados para
tratamentos térmicos.

O Mo é particularmente ativo na criação desta janela – estágios


elevados sem transformação (laminagem a quente).

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Diagrama de transformação isotérmica

Relação de Andrews: aços de baixa liga, %C < 0,6:

Ms (ºC) = 539 – 423 C – 30,4 Mn –17,7 Ni – 12,1 Cr – 11 Si – 7 Mo

Símbolos representam % dos diversos elementos

Relação de Eldis válida para %C = 0,1/0,8; %Si < 1,5; %Mn = 0,35/1,80; %Mo < 0,9; %Cr < 1,5; %Ni < 4,5.

Ms (ºC) = 531 – 391,2 C – 43,3 Mn – 21,8 Ni – 16,2 Cr

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Diagrama de transformação isotérmica
Parâmetros que influenciam as transformações da Austenite

Condições de austenitização, qa e Ta

• Composição química da austenite

Pode ser diferente da do aço se a austenitização for parcial

• Tamanho de grão da austenite

O aumento do tamanho de grão aumenta os tempos de incubação

menor nº de locais para precipitação de


Área junta de grão
novas fases

A presença de inclusões exógenas ou de precipitados pode agir sobre os tempos de incubação, fornecendo locais de germinação ou limitando o
aumento do grão.
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Diagrama de transformação isotérmica

Interpretação

ASTM
G = 9 (aproximadamente 3.970 grãosmm-2), grão fino ~16mm

Norma francesa AFNOR, diagramas disponíveis num atlas do IRSID (Institut de Recherches de la Sidérurgie Française).

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Classificação tamanho de grão Equivalências das Medidas de Avaliação do Tamanho

Diâmetro médio do grão Nº de


Nº ASTM
(mm) grãos/mm2
Uma solução existente para a avaliação não 00 0,508 3,88
0 0,359 7,75
padronizada dos tamanhos de grão é medi-los com a 1,0 0,254 15,5
1,5 0,214 21,9
2,0 0,180 31,0
escala micrométrica e converter o valor de mícron para 2,5 0,151 43,8
3,0 0,127 62,0
o número ASTM de tamanho de grão. Esta conversão é 3,5 0,107 87,7
4,0 0,0898 124
4,5 0,076 175
dada pela equação abaixo onde o tamanho do grão 5,0 0,064 248
5,5 0,0534 351
(Lmm) medido em milímetros é inserido na fórmula e se 6,0 0,045 496
6,5 0,038 701
7,0 0,032 992
obtém o número do tamanho de grão (G) ASTM.
Grosso 7,5 0,027 1 400
8,0 0,0224 1 980
8,5 0,0189 2 810
9,0 0,0159 3 970
G = – 3,2877 – [6,6439 x log(Lmm)] 9,5 0,0134 5 610
10,0 0,0112 7 940
Médio 10,5 0,00944 11 200
11,0 0,00794 15 900
11,5 0,00667 22 400
Fino: 11 a 15 12,0 0,00561 31 700
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Muito fino: > 15
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Diagrama de transformação isotérmica

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Diagrama de transformação isotérmica

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AÇO DIN 100 MnCrW 4 (1,00%C; 1,0%Mn)

1) Tempo de incubação para 620ºC.

2) Tempo de incubação para 450ºC.

3) Indique a estrutura do aço após um estágio de


200 segundos a 610ºC.

4) Indique a composição estrutural do aço à Tamb


após um estágio de 400 segundos a 350ºC
seguindo-se um arrefecimento brusco até à
Tamb.

5) Indique a composição estrutural do aço à Tamb


após um estágio de 1 hora a 600ºC seguindo-se
um arrefecimento brusco até à Tamb.

1) 60 segundos 4) 50% Bainite + 50% Martensite com


possivelmente alguma A.R.
2) 20 segundos

3) 50% Perlite + 50% Austenite 5) 100% Perlite

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DIAGRAMAS
DE
TRANSFORMAÇÃO CONTÍNUA

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Diagrama de transformação contínua

Introdução
Amostras de pequenas dimensões, depois de austenitizadas, são submetidas a leis de
arrefecimento diferentes, variando de alguns graus/hora a centenas de graus/segundo.

Pode-se assim simular aproximadamente as leis de arrefecimento caracterizando os


diferentes locais duma peça desde o núcleo até à superfície.

Para um mesmo aço e condições de austenitização idênticas, as curvas em arrefecimento


contínuo estão deslocadas para a direita e para baixo relativamente às transformações
isotérmicas.

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua

Parâmetro de arrefecimento

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Diagrama de transformação contínua

Curva dilatométrica

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua
Aço-carbono hipereutectoíde
Curvas:

100% Perlite
215HV
20HRC
32HRC
39HRC
45HRC
63HRC
64HRC

11 de outubro de 2023

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua
AÇO AFNOR 30 DCKV 28 – (0,30%C; 2,8%Mo; 2,8%Cr, 2,8%Co; 0,65%V)

Indique no diagrama a curva de


menor velocidade de
arrefecimento:
Dureza: 327 HV
Estrutura à Tamb.: 76%P (+K)
+
24%B

Curva de arrefecimento que


confere ao aço uma dureza de
514 HV:
Estrutura à Tamb.:
58%B + 42% (M com
eventualmente alguma A.R.)

Traçar a curva de arrefecimento


correspondente à velocidade
crítica superior de têmpera.
Indique, para esta velocidade de
arrefecimento:
11 de outubro de 2023 -31
a estrutura do aço
- a dureza do aço

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Diagrama de transformação contínua

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Diagrama de transformação contínua

AÇO AFNOR 30 DCKV 28 – (0,30%C; 2,8%Mo; 2,8%Cr, 2,8%Co; 0,65%V)

Parâmetro de arrefecimento, λ B – bainite


F – ferrite
K – carbonetos
M – martensite
P – perlite
RA – austenite residual
Estruturas, %

arrefecimento em óleo
arrefecimento ao ar

Diâmetro, mm
1 – arrefecimento da superfície
2 – arrefecimento do núcleo

Exemplo: peça com 100 mm de espessura e


Tempo de arrefecimento entre 800ºC e 500ºC em segundos arrefecimento no óleo.

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O aço DIN 100MnCrW4 é um aço utilizado no fabrico de diversos tipos de ferramentas como, por exemplo, ferramentas de
roscar, fieiras, caçonetes, matrizes e punções de corte, calibres, réguas e escantilhões, corrediças e colunas de guiamento.

http://www.lisete-fernando.pt/produto_detalhe.php?id=11&id_cat=8

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O aço DIN 100MnCrW4 é um aço utilizado no fabrico de diversos tipos de ferramentas como, por exemplo, ferramentas
de roscar, fieiras, caçonetes, matrizes e punções de corte, calibres, réguas e escantilhões, corrediças e colunas de
guiamento. Considerando a informação técnica disponível:

a) Indique a temperatura em que se inicia a transformação da austenite em martensite.

b) Qual o tempo de incubação à temperatura de 400ºC?

c) Qual o tempo necessário para a transformação completa da austenite a 370ºC?

d) Qual a composição estrutural após estágio de uma hora a 600ºC?

e) Como proceder para obter uma composição estrutural de 50% de perlite e 50% de bainite?

f) Uma lâmina de plaina com 10 mm de espessura vai ser confecionada em aço DIN 100MnCrW4. Por questões de
funcionamento necessita de ser tratada termicamente de forma a apresentar uma dureza final de 62 HRC. Elabore uma
sequência de tratamento térmico adequada.

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a) Indique a temperatura em que se inicia a transformação da austenite em martensite.

DIN 100MnCrW4

A martensite é uma estrutura do tipo acicular, de


grande dureza e de grande resistência mecânica.

Forma-se para uma vel. Arref. rápida que impede a


transformação da austenite em condições de
equilíbrio.

Por consulta do diagrama TRC do aço DIN


100MnCrW4, concluímos que Ms é, sensivelmente,
250ºC).

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b) Qual o tempo de incubação à temperatura de 400ºC?

DIN 100MnCrW4

O tempo de incubação corresponde ao


tempo até ao início da transformação da
austenite à temperatura correspondente.

De acordo com o diagrama TTT, o tempo


de incubação é de, ~20 seg.

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c) Qual o tempo necessário para a transformação completa da austenite a 370ºC?

DIN 100MnCrW4

O tempo para a
transformação completa
da austenite a 370ºC é
obtido pela leitura do
diagrama TTT. No caso,
corresponde a,
sensivelmente, 1000 seg

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d) Qual a composição estrutural após estágio de uma hora a 600ºC?

DIN 100MnCrW4

Da consulta do diagrama TI, resulta


que a composição estrutural após
estágio de uma hora a 600ºC é de
100% de perlite

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e) Como proceder para obter uma composição estrutural de 50% de perlite e 50% de bainite?

DIN 100MnCrW4
A obtenção de uma estrutura bifásica de
50% P e 50% B passa inicialmente pela TI
da austenite em P (por exemplo, à
temperatura de 600ºC durante 200 seg.
para garantir a formação dos 50% de
perlite) e, em seguida, colocar a 400ºC
durante um mínimo de 300 seg. para
garantir a transformação dos restantes
50% de austenite em bainite.

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f) Uma lâmina de plaina com 10 mm de espessura vai ser confecionada em aço DIN 100mMnCrW4. Por
questões de funcionamento necessita de ser tratada termicamente de forma a apresentar uma dureza final de
62 HRC. Elabore uma sequência de tratamento térmico adequada.

O aço DIN 100MnCrW4 inclui-se no grupo dos aços de média liga para têmpera em óleo e apresenta
características de fraca variação dimensional.

O seu tratamento térmico deve iniciar-se com um recozido de distensão com o objetivo de eliminar as
tensões internas provenientes da maquinagem, efetuado imediatamente antes do acabamento final da peça.

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• A peça deve ser empacotada com papel ou aparas de fundição, colocada em caixa fechada e aquecida
lentamente atá aos 600ºC.

• Depois de mantida durante um período de 2 h deve ser arrefecida lentamente no próprio forno.

• Segue-se o tratamento de têmpera para o qual se aconselha um aquecimento lento e homogéneo até ao
núcleo para evitar o aparecimento de empenos ou deformações por distribuição não homogénea da
temperatura.

• Preferencialmente poder-se-á optar pela realização de um estágio intermédio a 600ºC antes de


prosseguir até à temperatura de austenitização.

• Para evitar a descarburação ou oxidação superficial deverá ser feito o empacotamento ou utilizar fornos
de atmosfera neutra.

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Tratando-se de uma pequena peça, a têmpera deve efetuar-se no limite inferior (780 – 820ºC) da zona de
temperaturas de tratamento.

O tempo de estágio recomendado em catálogo é de 5 m/10 mm de espessura média.

O arrefecimento faz-se em óleo até atingir a temperatura ambiente. Em seguida procede-se a uma lavagem
em água fervente para eliminar pequenas incrustações superficiais.

Segue-se o tratamento de revenido com o objetivo de eliminar tensões residuais e conferir a dureza final
desejada.

Para o valor pretendido de 62 HRC, e por consulta do diagrama de revenido disponibilizado pelo fabricante
(ver características técnicas do aço DIN 100MnCrW4), a temperatura deverá ser de 200ºC. O tempo de
estágio recomendado em catálogo é de 1 h/ 20 mm de espessura, considerando um estágio mínimo de 2
horas. O arrefecimento far-se-á ao ar calmo.

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Agradecimento ao colega António Magalhães pela partilha de alguns destes exercícios

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