DEVOLUÇÃO DE

INFORMAÇÃO DO PROCESSO
PSICODIAGNÓSTICO
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA III
PROFª DANIELA HEITZMANN AMARAL
DANIHAPSI@YAHOO.COM.BR
 ENTREVISTA DEVOLUTIVA

 ETAPA DO PSICODIAGNÓSTICO QUE TEM COMO OBJETIVO

EXPLICAR AO CONSULTANTE AS CONCLUSÕES
EXTRAÍDAS E CONVERSAR SOBRE ISSO;
 O MESMO É FEITO COM OS PAIS DE UMA CRIANÇA OU
ADOLESCENTES;
 NO CASO DE UM ADULTO PSICÓTICO OU ADULTO
INCAPACITADO: DEVOLUÇÃO PARA CÔNJUGE, FILHOS OU
RESPONSÁVEL;
 IMPORTÂNCIA DA TÉNICA DEVOLUTIVA
NO PSICODIAGNOSTICO:

 DEPOIS DE FEITO OS ESTUDOS, A FAMÍLIA E O SUJEITO,

AGUARDAM SABER O QUE FOI ESTUDADO E O QUE
PENSAMOS;
 A NECESSIDADE DE TRANSMITIR ESSES RESULTADOS
ESTÁ NO FATO DE QUE PODEMOS REGISTRAR AS
REAÇÕES NESSA ENTREVISTA FINAL QUE PODE
CORROBORAR OU MODIFICAR NOSSO DIAGNÓSTICO,
ENRIQUECENDO AS INFORMAÇÕES;
 PODEM SURGIR LEMBRANÇAS QUE NÃO FORAM
RELATADAS ANTERIORMENTE;
 ASSOCIAÇÕES ÚTEIS PARA O DIAGNÓSTICO
(REAÇÕES VERBAIS);
 REAÇÕES EMOCIONAIS (AUSÊNCIA DE UM DOS
GENITORES);
OBS: É IMPORTANTE A PARTICIPAÇÃO DE AMBOS OS
GENITORES OU RESPONSÁVEIS PARA QUE ESCUTEM
AS CONCLUSÕES E POSSÍVEIS RECOMENDAÇÕES
TERAPÊUTICAS, POIS AMBOS DEVEM CONCORDAR E
DIVIDIR AS RESPONSABILIDADES.
 É NECESSÁRIO DEVOLVER-LHES (AOS PAIS) UMA IMAGEM
DO FILHO, DELES E DO GRUPO FAMILIAR, QUE NEM SEMPRE
COINCIDE COM AQUELA QUE É TRAZIDA POR ELES NA
PRIMEIRA ENTREVISTA;
 PODE HAVER RESISTÊNCIAS: OBSERVAR COMO FUNCIONA,
QUEM É O PORTA-VOZ DELA, SE AS REAÇÕES SE REPETEM
EM UM PROCESSO PSICOTERÁPICO;
 O PACIENTE NECESSITA DO RETORNO DA INFORMAÇÃO,
SABENDO QUE HAVERÁ O RETORNO, ASSUMIRÁ O
COMPROMISSO COM MAIOR AFINCO E COLABORAÇÃO. NÃO
HAVENDO O REPASSE, SURGIRÃO AS FANTASIAS DE
DOENÇAS, INCURABILIDADE E OUTROS.
 O PAPEL DO PSICÓLOGO

 “ASSIM A TAREFA DO PSICÓLOGO NÃO É UMA

TAREFA FÁCIL. NÃO SE TRATA DE “MARTELAR” NA
CABEÇA DO SUJEITO ATÉ OBTER O SEU
RECONHECIMENTO, MAS DE CHEGAR A
MOBILIZAR AS SUAS RESISTÊNCIAS E OBTER UM
POUCO DE ‘INSIGHT” (ARZENO).
 CONFORME AS RESPOSTAS E REAÇÕES QUE
RECEBER O PSICÓLOGO QUE AGE COMO UM
OBSERVADOR RECEPTIVO PODE OPTAR PELO
CAMINHO E ORIENTAÇÃO MAIS SEGURA PARA O
CASO;
 EM ALGUNS MOMENTOS SERÁ PRUDENTE COLOCAR-
SE A DISTANCIA SILENCIOSO PARA ACEITAR A
DINÂMICA DO QUE ESTÁ OCORRENDO E O SEU
SIGNIFICADO, EM OUTROS PARTICIPAR ATIVAMENTE
PARA ATINGIR O OBJETIVO QUE É A TOMADA DE
INSIGHT EM RELAÇÃO AO CONFLITO CENTRAL;
 NESSE ÚLTIMO CASO NÃO É UMA POSTURA TIRANA E CRUEL,
DEVE-SE SEMPRE OBSERVAR AS POSSIBILIDADES REAIS DO
SUJEITO DE TOMAR CONSCIÊNCIA, SEUS LIMITES,
PROCEDENDO COM CAUTELA E PRUDÊNCIA.
 NÃO SE DEVE IMPOR UMA VERDADE QUANDO NA
REALIDADE ELA ESTÁ ATUANDO COMO UM AGRESSOR E
REPRESSOR QUE JULGA O SUJEITO, SENDO UMA ATITUDE
CONTRAPRODUCENTE; 
 “O TOM AFÁVEL DE UM CONSELHO PROTETOR FAZ COM QUE
SEJA INTROJETADO NO EGO, O TOM DE IMPOSIÇÃO FAZ COM
QUE SEJA INCORPORADO NO SUPEREGO, AUMENTANDO A
RIGIDEZ” (ANA SEGAL);
 A TÉCNICA A SER EMPREGADA: INFORMAÇÕES COMO
SUGESTÕES E NÃO ORDENS;
 ALGUNS INDICADORES:

NO QUE SE REFERE À TÉCNICA DE DEVOLUÇÃO

PODE-SE RESUMIR ALGUNS INDICADORES,
CONTUDO TORNA-SE IMPOSSÍVEL DETERMINAR
TODAS AS VARIÁVEIS POSSÍVEIS NUMA
ENTREVISTA DESSA NATUREZA.
 UMA VEZ CONCLUÍDAS TODAS AS ETAPAS ANTERIORES,
ESTUDAR TODO O MATERIAL DIAGNÓSTICO OBTIDO;
 INTERPRETAR CADA TESTE SEPARADAMENTE E DEPOIS
PROCURAR AS RECORRÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS:
RECORRÊNCIAS: É A REPETIÇÃO DA MESMA FANTASIA,
CONFLITO OU PROBLEMA, EXPRESSO ATRAVÉS DE
ELEMENTOS SEMELHANTES OU DE SIGNIFICADOS
SIMBÓLICOS EQUIVALENTES.
CONVERGÊNCIAS: INFORMA FANTASIAS, CONFLITOS OU
PROBLEMAS DIFERENTES, MAS COMPLEMENTARES
 INTEGRAR TODO O MATERIAL COM AS
ENTREVISTAS INICIAIS;
 RETORNO AS HIPÓTESES PRELIMINARES
ELABORADAS APÓS AS ENTREVISTAS INICIAIS
PARA RETIFICÁ-LAS OU RATIFICÁ-LAS E
EXPLICITÁ-LAS DE FORMA ACESSÍVEL AOS
CONSULTANTES:
 • UMA VEZ ELABORADA A
HIPÓTESE QUE MELHOR EXPLICA
A SITUAÇÃO, É IMPORTANTE
RESUMIR OS MOTIVOS DA
CONSULTA TRAZIDOS PELO
SUJEITO E SEUS FAMILIARES E,
COLOCÁ-LOS EM UMA ORDEM
CRESCENTE DE PATOLOGIA,
AVANÇANDO DO MAIS TRIVIAL
AO MAIS SEVERO;
• OBSERVAR ASPECTOS POSITIVOS
DO SUJEITO E QUE MUITAS VEZES
NÃO FORAM APONTADOS NA
PRIMEIRA ENTREVISTA POR
CAUSA DA ANSIEDADE EM FALAR
SOBRE O QUE ESTÁ
PREOCUPANDO;
• É FUNDAMENTAL FALAR
PRIMEIRAMENTE DOS ASPECTOS
SADIOS E POSITIVOS PARA
DEPOIS ENTRAR NAQUELES QUE
NÃO ESTÃO BEM, NA ORDEM
EXPOSTA ANTERIORMENTE;
• “DEVEMOS DESTACAR QUE É
MUITO IMPORTANTE
ESTABELECER COM CLAREZA O
QUE DEVE OU NÃO SER DITO,
COMO ELEMENTOS DE LIMITE
DENTRO DOS QUAIS PODERÁ SE
DESENVOLVER A ENTREVISTA
DE DEVOLUÇÃO DEVEMOS
PENSAR EM CADA CASO”
(ARZENO).
 HÁ SITUAÇÕES ESPECIAIS NAS QUAIS EXISTEM RISCOS
DE MORTE, LOUCURA OU MARGINALIDADE POR
EXEMPLO; NO QUAL O PSICÓLOGO TENTA
PROGRESSIVAMENTE APELAR PARA TODOS OS MEIOS
QUE O SUJEITO TOME CONSCIÊNCIA DA GRAVIDADE DO
CASO E DA NECESSIDADE DE TRATAMENTO. HAVENDO
NECESSIDADE DE RECOMENDÁ-LO A OUTREM,
DEVEMOS ESCLARECER NOSSA INDICAÇÃO E PREVENIR
OS RISCOS QUE, TANTO, OCORREM O PACIENTE COMO A
FAMÍLIA, CASO NÃO SEJA ACEITO A RECOMENDAÇÃO.
 NA ENTREVISTA DE DEVOLUÇÃO ESTAMOS EM UM
CAMPO DE TRANSFERÊNCIAS E
CONTRATRANSFERÊNCIAS;
 EM CADA CASO DEVEMOS ESCOLHER AS
TERMINOLOGIAS MAIS ACESSÍVEIS E
COMPREENSÍVEIS A QUEM ESCUTA: MAIS OU MENOS
FORMAL:
CRIANÇAS COMPREENDEM MELHOR QUANDO
FAZEMOS USO DE METÁFORAS, JOGOS, ETC;
COM ADOLESCENTES TEMOS QUE UTILIZAR AS
TERMOS DA MODA;
ADULTOS PODEM NÃO COMPREENDER EXPRESSANDO
FACIALMENTE POR NÃO SE SENTIREM A VONTADE
PARA PERGUNTAR;
A LINGUAGEM TÉCNICA É QUASE SEMPRE
DESCARTADA: PODEM SE SENTIREM EXCLUÍDOS E
CORE-SE O RISCO DA NÃO COMPREENSÃO DA
MENSAGEM, ALÉM DE QUE ALGUMAS TERMINOLOGIAS
CIENTÍFICAS NEM SEMPRE SÃO ÚNICAS PODENDO SER
INTERPRETADA CONFORME QUEM A ESCUTA;
GERALMENTE MOSTRAMOS O REGISTRO DOS TESTES
SOMENTE A QUEM O REALIZOU;
EXEMPLOS:
“ O CASO DE UMA MENINA CUJA PROBLEMÁTICA ESTAVA LIGADA A UMA INTENSA
RIVALIDADE COM SUA MÃE. USEI COM ELA E TAMBÉM COM, SEUS PAIS O DESENHO DA
FAMÍLIA JÁ QUE A IMAGEM ERA MAIS ELOQUENTE QUE AS MINHAS PALAVRAS: O
TAMANHO DA SUA PRÓPRIA FIGURA ERA MAIOR QUE O DA MÃE; SEU ASPECTO ERA O DE
UMA PRINCESA ENQUANTO QUE O DA SUA MÃE ASSEMELHAVA-SE MAIS À GATA
BORRALHEIRA. COLOCOU-SE JUNTO AO PAI E DISSE QUE AMBOS ESTAVAM ESCUTANDO
MÚSICA, ENQUANTO QUE A MÃE APARECIA NUM PLANO INFERIOR JUNTO AO FILHO
HOMEM COZINHANDO. LOGICAMENTE EU NÃO TERIA MOSTRADO O DESENHO A SUA MÃE
QUE ABRIGASSE A MESMA REJEIÇÃO QUE SUA FILHA SENTIA POR ELA POIS ISTO
APROFUNDARIA AINDA MAIS O CONFLITO EXISTENTE ENTRE ELAS. DESDE O INÍCIO DA
ENTREVISTA INICIAL E LOGO NA ENTREVISTA DE DEVO­LUÇÃO HAVIA CONSTATADO A BOA
RELAÇÃO DO CASAL E A ATITUDE COMPREENSIVA DA MÃE COM A FILHA, QUE SOFRIA DE
DIVERSOS MEDOS INTENSOS QUE LIMITAVAM BASTANTE A SUA VIDA E A DO RESTO DA
FAMÍLIA. MOSTREI O DESENHO À MENINA E DISSE-LHE: "VEJA QUE GRANDE VOCÊ SE
DESENHOU", AO QUE ELA RESPONDEU: "É PORQUE EU ESTOU MAIS NA FRENTE". "BEM,
DISSE-LHE, ASSIM É COMO VOCÊ SE SENTE, À FRENTE DA MAMÃE E MAIS JUNTINHO DO PAI
DO QUE ELA; GOSTARIA DE SER A RAINHA DA CASA MAS A RAINHA É A MAMÃE E ISSO
PROVOCA RAIVA EM VOCÊ; DEPOIS VOCÊ FICA COM MEDO DA ESCURIDÃO, DOS
CACHORROS, DOS FANTAS­MAS, MAS É SÓ MEDO DE QUE A MAMÃE QUEIRA VINGAR-SE".
EM CERTOS CASOS ESTE É TODO O CONTEÚDO DA DEVOLUÇÃO PORQUE OBSERVAMOS
QUE O ASPECTO CARINHOSO DO VÍNCULO COM A MÃE A FAZ SENTIR MUITA CULPA AO
ESCUTAR-NOS”.
“AS CRIANÇAS MUITO PEQUENAS MOSTRAM SEUS
CONTEÚDOS INCONSCIENTES COM MAIS
NATURALIDADE E CONSEGUEM ESCU­TAR-NOS
COM UMA PERMEABILIDADE MAIOR. ELAS PODEM
DIZER NATURALMENTE, POR EXEM­PLO, AO FAZER
O DESENHO DOS SEUS PAIS: "ESTA É A MINHA MÃE,
VOU DESENHÁ-LA COMO UMA BRUXA PORQUE
ELA É UMA BRUXA E O MEU PAI VOU DESENHAR
COMO UM DIABO PERQUE ELE É BRAVO".
 “O USO DE METÁFORAS PODE SER MUITO ÚTIL ASSIM COMO O DE CONTOS E LENDAS
POPULARES. LEMBRO DE UM CASO, PARA EXPLICAR A UM MENINO DE ONZE ANOS OS
SEUS TEMORES PERMANENTES SURGI­DOS DE REPENTE DISSE-LHE QUE O QUE
OCORRIA COM ELE ACONTECIA COM TODOS OS MENINOS QUE SE TRANSFORMAM
EM HOMENS E SENTEM MUDANÇAS EM SEU PRÓPRIO CORPO, INCLUSI­VE EREÇÕES.
DISSE-LHE TAMBÉM QUE ISSO OCORRE DESDE QUE O HOMEM CIVILIZADO EXISTE E
QUE OS GREGOS JÁ HAVIAM ESCRITO SOBRE ISSO. EM FORMA DE NOVELA, RELATEI-
LHE A TRAGÉ­DIA DE EDIPO. A MÃE ESTAVA PRESENTE POIS O MENINO NÃO QUERIA
SEPARAR-SE DELA. ELA OUVIU A HISTÓRIA COM MUITA ATENÇÃO. ACABEI DIZENDO
QUE ISSO ERA SIMPLESMENTE UM CONTO E QUE NA VIDA REAL AS HISTORIAS NÃO
ACABAM DESSA FORMA, MAS QUE CRIAM CERTAS DIFICULDADES. QUE O SEU MEDO
DE SER ABANDONADO PELOS PAIS ASSEMELHAVA-SE MUITO À CONDENAÇÃO AO
EXÍLIO SOFRIDA POR ÉDIPO. O SEU PAVOR DE SER SEQUESTRADO POR UM HOMEM É
PRODUTO DO MEDO DE COMPETIR COM O PAI, QUE REPENTINAMENTE
TRANSFORMA-SE NUM VELHO DECRÉPITO A QUEM ELE PODERIA MATAR COMO
ACONTECE COM ÉDIPO. MAS... "ISSO OCORRE NA SUA FANTASIA. NA REALIDADE O
PAI CONTINUA O MESMO E AINDA FALTA MUITO TEMPO PARA QUE VOCÊ TENHA
REALMENTE MAIS PODER FÍSICO QUE ELE. MESMO SEN­TINDO-SE SEU RIVAL, ELE
AMA VOCÊ E NÃO PENSA EM TIRÁ-LO DO MEIO". O MENINO SENTIA-SE MAIS E MAIS
ALIVIADO. NOTEI QUE SOLTOU A MÃO DE SUA MÃE E QUE ESTA, POR SUA VEZ,
SENTIA-SE MAIS RELAXADA DA TENSÃO PRODUZIDA NELA POR ESSE FILHO QUE
REPENTINAMENTE HAVIA SE TORNADO TEMEROSO E ABSORVENTE”.