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SEÇÃO 4.

2 CURRÍCULO E
AVALIAÇÃO DE GEOGRAFIA –
CICLO I (ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL)
• Sempre que há a iminência de mudanças em parâmetros ou diretrizes
curriculares, que sejam significativas para a práxis docente, é comum que
haja no ambiente escolar certa apreensão perante uma nova situação e suas
demandas específicas.
• Trata-se de um momento em que a prática docente passa por turbulências
em múltiplas redes escolares, uma vez que há um processo vertical que
retira os educadores de sua zona de conforto pedagógico. Todo processo de
revisão ou construção dessas novas regras por parte do Estado é sempre
profícuo, uma vez que fomenta, nas redes e unidades escolares, o debate e a
reflexão acerca das práticas docentes e dos objetivos de aprendizagem que
tem sido norteadores de sua concepção pedagógica.
• Momentos de análise e debates costumam ocorrer em reuniões de
planejamento ou replanejamento anual, muito comum ao desenvolvimento
do calendário escolar. Nessas reuniões os professores são orientados, de
maneira geral, pela gestão pedagógica da unidade escolar; posteriormente,
são agrupados de acordo com sua área de atuação. É muito comum que
diretores deleguem aos professores mais antigos da casa, ou aqueles que
demonstram melhores competências no assunto, a responsabilidade de
capitanear as discussões e a produção de um documento escrito, o qual deve
ser resultado do trabalho coletivo e aprovado por todos os participantes.
• Ao analisarmos criticamente a construção de uma estrutura curricular oficial, que
embasaria as práticas docentes por todo o território nacional, de maneira que
temos uma culminância, na qual podemos aplicar as habilidades desenvolvidas,
no sentido de desenvolver a competência para lidar com os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) e com uma Base Nacional Comum Curricular
(BNCC). Quando se fala em competência para lidar com essas determinações,
deve-se considerar o discernimento de oportunidade e a capacidade de analisar
criticamente cada determinação, adaptá-la a sua práxis e às peculiaridades locais,
ou mesmo rejeitar concepções inseridas nessas abordagens.
• Claro que se tratam de produções oficiais estatais, que têm por definição
uma abrangência nacional e o objetivo de homogeneizar o conteúdo a ser
trabalhado em cada disciplina, sendo que os PCNs foram concebidos como
uma proposta, um material de suporte aos educadores, enquanto a BNCC se
configura como uma exigência ao construir um “currículo mínimo”.
PCN
• O ensino de Geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma
mais ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais
consciente e propositiva. Para tanto, porém, é preciso que eles adquiram
conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos
com os quais este campo do conhecimento opera e constitui suas teorias e
explicações, de modo a poder não apenas compreender as relações
socioculturais e o funcionamento da natureza às quais historicamente
pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de
pensar sobre a realidade: o conhecimento geográfico.
• Analisando o pensamento geográfico, concebido nos PCNs, devesse ter em
mente duas questões principais: a primeira está nos próprios objetivos gerais de
aprendizagem, ao destacar a importância da formação cidadã como parte
fundamental dos processos educativos, e a segunda diz respeito ao paradigma
que influencia ou direciona o pensamento geográfico. Sendo uma disciplina
humana, cujo foco está nas relações sociais de construção do espaço, a
Geografia assume aqui um papel fundamental, juntamente com a História. Ao
analisarmos as grades disciplinares das redes escolares públicas e privadas,
constatamos que, salvo exceções, essas duas disciplinas são as maiores
responsáveis por trabalhar esse conceito de cidadania e os conteúdos a ele
relacionados.
CONCEITOS DE ESTUDO
• Para os PCNs, nos primeiros ciclos, devem-se trabalhar os conceitos geográficos
mais básicos e próximos aos alunos. O estudo da paisagem local, identificando e
diferenciando elementos naturais dos elementos artificiais é um bom ponto de
partida. Permite-se ao aluno concluir que o espaço geográfico, mesmo visto como
construção social, também possui elementos naturais. Em uma abordagem mais
fenomenológica, buscar a identificação de elementos que vinculam os educandos aos
seus lugares e constroem a noção de pertencimento. Já em uma abordagem crítica,
haveria foco nas diferenças socioeconômicas entre os lugares e na análise da gênese
desta diferenciação, assim como pensar o papel dos educandos na construção de um
futuro menos desigual.
PCN
• Ao final do primeiro ciclo, os alunos devem ter avaliadas suas conquistas
numa perspectiva de continuidade aos seus estudos. A avaliação deve ser
planejada, assim, relativamente aos conhecimentos que serão
recontextualizados e utilizados em estudos posteriores. Para isso é
necessário estabelecer alguns critérios. De modo amplo, são eles:
• Reconhecer algumas das manifestações da relação entre sociedade e
natureza presentes na sua vida cotidiana e na paisagem local
• Reconhecer e localizar as características da paisagem local e compará-las
com as de outras paisagens
• Ler, interpretar e representar o espaço por meio de mapas simples
BNCC
• Ao analisar o conteúdo de Geografia na BNCC, há ainda muitas críticas, no
sentido de que os objetivos de aprendizagem se caracterizam de forma muito
ampla, diluída, o que pode trazer mais insegurança e dúvidas aos docentes,
responsáveis por traduzir os desejos dessa base em seu processo pedagógico.
Em função de toda essa discussão, percebe-se que a base buscou construir um
currículo que fosse mais maleável e democrático e, nessa indecisão entre
estipular o conteúdo e manter a diversidade, se constrói um currículo oficial
que não cumpre seu papel real.
BNCC
• Estudar o mundo a partir do olhar da Geografia envolve questões que são
específicas da ciência geográfica e da disciplina escolar. Abordar os
conteúdos considerando os eixos permite trabalhar em todo o Ensino
Fundamental com este aparato didático pedagógico, de modo a complexificar
e aprofundar o pensamento e o conhecimento. Cabem aqui as observações
apresentadas a seguir, de modo a sugerir o aprimoramento da proposição:
• O sujeito e seu lugar no mundo
• Conexões e escalas
• Ambiente e sustentabilidade
• Formas de representação e pensamento espacial
• Pode-se encontrar um descompasso entre os PCNs e a BNCC. A primeira
aponta para a necessidade de se realizar uma avaliação formativa e
diversificada, inclusive adaptada aos conteúdos transversais, ou seja, à
possiblidade de as disciplinas ultrapassarem seus conteúdos tradicionais; e
a segunda se notabiliza por centralizar o conteúdo como elemento definidor
das práticas docentes.
• A solução desse impasse está em desconsiderar momentaneamente os
aspectos políticos e ideológicos para avaliar as propostas mais práticas dos
documentos

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