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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DO

HUAMBO
ISCED-HUAMBO

TEORIA E
DESENVOLVIMENTO
CURRICULAR
Formadora: ERMELINDA CARDOSO
ermelindacardoso57@gmail.com
Telef. 942232267
RESUMO
Pensar o currículo na actualidade implica reconhecer que
as mudanças sociais, estruturais e exigências de
profissionais capacitados, exercem influências na
organização dos currículos, especialmente na
universidade, na qual se constitui num espaço de
aprendizagens e produção de conhecimentos.
O currículo evidencia-se como o grande norteador e
regulador das práticas docentes, e então é a partir dele
que se constitui a ligação dos cursos.

13-03-24
ESTRUTURA DO CURSO
 TEMA 1: FUNDAMENTOS E ENFOQUES
CURRICULARES (DIMENSÃO TEÓRICA);
 TEMA 2 : DESENVOLVIMENTO
CURRICULAR
 TEMA 3 : TEORIAS CURRICULARES;
 (DIMENSÃO PRÁTICA);
 TEMA 4 : AVALIAÇÃO CURRICULAR

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MÉTODO A3
 A ESCOLA INVERTIDA (SALA DE AULA
INVERTIDA)

 APRENDIZAGEM EM AMBIENTE DE
AUTONOMIA

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Moran (2007, p. 181)
Lideranças educacionais reconhecem que
precisam enfrentar os desafios e propor novas
dinâmicas de aula e de aprendizagem , além de
uma nova postura por parte do professor. Assim,
percebe-se que trabalhar pedagogicamente de
forma a mobilizar as competências em seus
estudantes passa a ser um desafio para a formação
de professores, tanto inicial como contínua.

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COMO PODEMOS ENQUADRAR A TEORIA E
DESENVOLVIMENTO CURRICULAR NO
QUADRO DAS CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO?

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OBJECTO DE ESTUDO DO
DESENVOLVIMENTO CURRICULAR
O objecto de estudo do Desenvolvimento
Curricular integra três dimensões principais:
Teorias curriculares ( Técnica, prática e crítica);

Fundamentos ou bases para o planeamento

curricular ao nível da análise ( sociedade, aluno,


cultura e ideologia);
Contextos de decisão curricular (

político/administrativo, de gestão e de realização).

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OBJECTIVOS
Neste módulo, partindo-se de uma perspectiva complexa e pluridimensional
de ensino em contexto global e local, considerando-se a importância das
especificidades do trabalho do professor em tempos de mudança e inovação,
pretende-se:
• Compreender os pressupostos curriculares, as teorias sobre o currículo, o
desenvolvimento, modelos e a avaliação curricular à luz de vários teóricos
proeminentes;
• Reflectir sobre princípios, conceitos e objectivos do currículo formativo, da
pedagogia como um espaço de práticas dos professores e um campo de
estudos da investigação em educação;
• Discutir o papel e as funções do professor no desenvolvimento do currículo;
• Desenvolver nos mestrandos competências profissionais para o exercício da
profissão docente tendo o currículo como o aspecto central do sistema de
Educação e Ensino.
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Princípios pedagógicos orientadores
A acção formativa vai inspirar-se em princípios pedagógicos da escola socioconstrutivista para que os
conteúdos ministrados tenham significado e que esses conteúdos possam criar novos conhecimentos
com diversos significados num processo contínuo e numa perspectiva dinâmica, promovendo a reflexão
sobre currículo, desenvolvimento curricular , modelos curriculares e teorias sobre o currículo para a
partilha de experiências e conhecimento. Posto isto, estão definidos como princípios pedagógicos
orientadores desta UC, os seguintes:
a) Exercícios teóricos e práticos, para permitir que a abstracção seja reforçada com a aplicação prática e
essa seja melhorada a partir de teorias e lógicas já experienciadas. Por esse motivo articular-se-á com o
princípio da prática e teoria, experiência e consciência que define o conhecimento como pré-condição
para experienciar, exigindo que o professor se integre no processo, já que a aprendizagem de conteúdos
é inseparável das condições em que ocorre;
b) A elevação do grau de realidade da UC, fazendo com que o conhecimento experienciado seja
incorporado nas novas formas de aprendizagem, mediante a interacção entre os formandos e estes com
o ambiente concreto. Para melhor concretizar esse princípio importa articulá-lo com o princípio da
mobilidade, como pré-condição para aprender, já que independentemente das idades dos aprendentes,
procura-se mover das premissas institucionais para a vida real e pessoas através da interacção com o
fenómeno;
c) A coerência e visão global, enquanto articulação do ensino e aprendizagem com as experiências do
quotidiano, visando reforçar a compreensão dos aprendentes em relação aos resultados da
aprendizagem;
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COMPETÊNCIAS A DESENVOLVER

Gerais:
Capacidade de análise e síntese;
Capacidade para a autonomia na aprendizagem e no trabalho;
Capacidade para trabalhar com base em obstáculos encontrados no âmbito do
processo de planificação, implementação e avaliação do currículo;
Capacidade para administrar situações-problema;

Específicas:
Analisar conceitos, concepções, teorias e modelos de desenvolvimento curricular;
Abordar o desenvolvimento curricular numa perspectiva complexa e
pluridimensional;
Discutir os cenários e as tendências do desenvolvimento curricular no contexto
angolano.

13-03-24
Cont…
 Analisar o processo de ensino-aprendizagem que potencie as
modalidades e métodos de ensino não tradicionais centrados no
desenvolvimento de competências para subsidiar a tomada de
decisão dos decisores políticos educacionais;
 Discutir o currículo como um projecto formativo e integrado
para subsidiar a tomada de decisão do professor no planeamento
das actividades de ensino, com uma perspectiva de
integralidade na formação;
 Analisar o processo da inovação curricular e a importância da
actualização dos planos de estudo;

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METODOLOGIA
O curso desenvolver-se-á mediante diversas modalidades de
participação, dentro das quais predominará o trabalho de grupo,
prático, reflexão individual e colectivo, e estudo de casos.
Avaliação
Assistência sistemática
Cumprimento de tarefas no contexto da sala de aula e as tarefas extra-
aula e a distância.
Avaliação final
Prova escrita da UC conforme previsto no regulamento.

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 O lexema CURRÍCULO, proveniente
do étimo latino currere, significa
caminho, jornada, trajetória, percurso
a seguir (Pacheco, 1996).

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Origem do termo Currículo

• Encerra em si duas ideias:


- Sequência ordenada, e a

- Noção de totalidade de estudos.

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CONFUSÃO TERMINOLÓGICA:
divergências no pensamento curricular.

 Problemático e conflitual: cada definição não é


neutra.

 Conceito polissémico e ambíguo - imprecisão da


natureza e âmbito – Não há consenso.

09 DE AGOSTO 13-03-24
.

 Sistémico e interactivo, deliberado, de construção e


desenvolvimento.

 implica unidade, continuidade, interdependência


entre o que se decide ao nível do plano normativo ou
oficial e ao nível do plano real ou do processo de
ensino-aprendizagem

13-03-24
Currículo
 Conceito polissémico, carregado de ambiguidade,
sem ter um sentido unívoco, existindo “na
diversidade de funções e de conceitos em função
das perspetivas que se adoptam, o que se traduz
numa imprecisão acerca da natureza e âmbito do
currículo” (Ribeiro, 1990).

13-03-24
Conceito de currículo: sua definição

 Não existe consenso quanto ao âmbito (campo de Acção) e aos


elementos caracterizadores do Currículo.

 Para Machado e Gonçalves (1991),a procura de uma definição


consensual de currículo será estéril , pois as definições
apresentadas por cada investigador variam de acordo com as
concepções e metodologias diferenciadas que cada estudioso
formula e adopta.
13-03-24
Conceito de currículo

 “conjunto de todas as experiências que o aluno


adquire, sob orientação da escola”(Foshay, 1969:
275);

 “O currículo engloba todas as experiências de


aprendizagem proporcionadas pela escola” (Saylor,
1966: 5)

13-03-24
Conceito de currículo

“O currículo é o modelo organizado do


programa educacional da escola,
descrevendo a matéria , o método e a
ordem do ensino - o que, como e
quando se ensina”(Phenix, 1962)

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Conceito de currículo

 O currículo é uma série estruturada de


resultados de aprendizagem que se têm em
vista. O currículo prescreve (ou , pelo
menos ,antecipa) resultados do ensino; não
prescreve meios” (Johnson,1977:6)

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O QUE SE ENTENDE POR
CURRÍCULO?

Fonte: Ribeiro(1999) 13-03-24


EM SUMA,ENTENDE-SE POR
CURRÍCULO:
 o que se ensina
 para que se ensina

 com que o que se ensina

 como se ensina

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Classificações dos enfoques
curricular
Pérez Gómez (1980) define o currículo como
estrutura organizada de conhecimentos:
Ênfase na função transmissora e formadora da
escola;
Concepção disciplinar do conhecimento;
Desenvolvimento de modos de pensamento
irreflexivo sobre a natureza e a experiência do
homem.
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Elaboração do currículo centrada
na:

Expressão da estrutura substantiva e


sintática dos conteúdos e processos, de
conceitos e métodos;
Desenvolvimento de modos peculiares de
pensamento (Schawh, Phenix & Belth).

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Currículo como plano de instrução:

 Documento que planea a


aprendizagem;
 Elaboração e especificação dos
objectivos, conteúdos, actividades e
estratégias.

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Currículo como conjunto de experiências de
aprendizagem:

 Contraposição ao currículo como


programa.
 Conjunto de experiências educativas
planeadas, propiciadas pelo docente e a
instituição escolar (Tyler, Alexander,
Saylor).

09 DE AGOSTO 13-03-24
Currículo como reconstrução do
conhecimento e proposta de acção:

 Análise da prática curricular;


 Solução de problemas em função de

novos conhecimentos (Eisner &


Stenhouse).

13-03-24
CURRÍCULO NO ENFOQUE
HUMANISTA

13-03-24
Currículo no enfoque Humanista

A abordagem humanista propõe que se leve em


consideração a pessoa, que o processo terapêutico ou de
aprendizagem seja focado na pessoa, na valorização
de seus significados e no modo pelo qual ele estabelece
os sentidos sobre si mesmo, o mundo ao seu redor e as
suas relações.
A educação humanista é definida como indirecta, porque nela o
professor permite que os alunos aprendam como também incentiva
e promove tudo:
Explorações;
experiências e
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projectos.
CARACTERÍSTICAS DO
EDUCADOR HUMANISTA

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Cont…
 Deve ser um professor interessado que vê o aluno
como uma pessoa inteira;
 Tente manter uma mente aberta para novas formas

de ensino;
 Em seu ambiente incentiva o espírito de

cooperação;
 É autêntico e genuíno como uma pessoa;

13-03-24
Cont…
 Tente entender seus alunos entrar em seu lugar
(empatia) e agir com grande sensibilidade às
suas percepções e sentimentos;

 Rejeita as atitudes autoritárias e egocêntricas;

 Disponibiliza aos alunos a sua experiência e a


certeza de que quando eles exigem podem tê-lo;
13-03-24
Cont…

Alguns autores humanistas mais conhecidos são:


Erasmo de Roterdão, Francesco Petrarca, François
Rabelais, Thomas Morus e Auguste Comte.
A perspectiva humanista tem em Carl Rogers um de
seus principais repre­sentantes no campo da Psicologia.
O psi­cólogo norte-americano é o proponente de uma
“filosofia de relações humanas centrada na pessoa”,
cujo pressuposto básico é a afirmação de um potencial
inerente a todo ser humano em direcção à auto
realização, ou seja, um potencial para actualizar as
capacidades e potenciais de seu self. 13-03-24
09 DE AGOSTO
Cont…
As reflexões de Rogers estendem-se ao campo da
Educação, preconizando a aprendizagem centrada
no aluno.
O aluno, e não o professor deve ser o centro do
processo de aprendizagem.
A ideia da “aprendizagem centrada no aluno” é a
transmutação da abordagem da “terapia centrada na
pessoa” para o campo da educação, representando
uma crítica ao carácter autoritário da re­lação entre
professor e alunos na prática do ensino tradicional.
13-03-24
Cont…
Angulo, (1994), agrupa os conceitos de currículo do
seguinte modo:
(i) currículo como conteúdo;
(ii) currículo como planeamento; e,
(iii) currículo como realidade interactiva.
É notório no currículo duas grande dimensões: a teórica
que se consubstancia nos fundamentos e enfoques
curriculares (metodológica) e a prática que diz respeito
aos modelos curriculares e desenho curricular
voltados para a execução do currículo, bem como a sua
13-03-24
avaliação
Currículo e processo de ensino

Para se esclarecer melhor a natureza e


âmbito do currículo é importante
relacionar currículo formal e
processo de ensino em situação
escolar.

13-03-24
Continuidade entre currículo e
ensino
PROCESSOS PRODUTOS DESCRIÇÃO DOS
PRODUTOS

Planeamento curricular Currículo Experiências e resultados de


aprendizagem que se propõem
seleccionados e organizados

Planificação do ensino Plano Actividades de ensino


Programa de ensino aprendizagem seleccionadas,
organizadas numa sequência
temporal

13-03-24
Continuidade entre currículo e
ensino
PROCESSOS PRODUTOS DESCRIÇÃO DOS
PRODUTOS

Condução de ensino Resultados reais de Atitudes, aptidões,


aprendizagem conhecimentos
adquiridos, em
consequência do
processo de ensino

Avaliação do ensino Evidência de Situações ou


aprendizagem comportamentos
conseguida indicadores de
aprendizagem
conseguida
13-03-24
Continuidade entre currículo e
ensino
Ao percepcionarmos a continuidade do
currículo e do ensino, com base numa
perspetiva centrada na implementação
curricular, damos conta da discrepância
entre o currículo planeado (formal) e o
praticado (real).

13-03-24
Referências
 Morgado, J.C. (2000). A (des)construção da autonomia
curricular. Lisboa: Edições Asa (pp.15-33).
 Pacheco, J.A. (2001). Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto
Editora (pp.11-20).
 Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. 37. ed. São Paulo: Paz e
Terra.
 Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. 37. ed. São Paulo: Paz e
Terra.
 Ribeiro, A.C (1999). Desenvolvimento Curricular. Lisboa:
Texto Editora
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PENSAMENTO

Freire (1997) o objectivo da escola é ensinar o


aluno e ajudá-lo a ler e a reler o mundo
para poder formá-lo e transformá-lo”.

13-03-24
TEMA 2 - O DESENVOLVIMENTO
CURRICULAR
2.1- DESENVOLVIMENTO CURRICULAR

2.2 - O PAPEL DOS PROFESSORES NA


EXECUÇÃO DO CURRÍCULO

2.3- VIAS PARA O DESENVOLVIMENTO


EFECTIVO DO CURRÍCULO.

MESTRADO EM CE - HUAMBO
No entanto…

Se a noção de currículo integra as ideias de um propósito


(intenções), de um processo de formação ( processo de ensino-
aprendizagem) e de um contexto definido (educação formal ou
informal),
Então…
A noção de DC refere-se ao seu processo de construção e de
realização, isto é da sua concepção, implementação e avaliação.
Elaboração Implementação

Avaliação
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DESENVOLVIMENTO
CURRICULAR
Processo interpessoal, complexo e dinâmico
Processo político
Processo de cooperação e de colaboração
Empreendimento social
Sistema desarticulado da prática de tomada de decisões
Corresponde ao momento de construção do currículo e
também ao momento da sua implementação
Processo de tomada de decisões através do qual se

pretende estabelecer uma ponte entre a intenção e a


realidade.
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Conceito de Desenvolvimento
Curricular

Depende da noção de currículo perfilhada


Teoria técnica
Processo tripartido entre concepção,

desenvolvimento e avaliação
Teoria prática
Empreendimento partilhado

Teoria crítica
Processo de negociação

13-03-24
O desenvolvimento curricular está abordada com
base em três áreas fundamentais:

 Fundamentos curriculares - sociedade, aluno,


cultura e ideologia;
 Teorização curricular – teoria técnica, prática

e crítica;
 Contextos ou níveis de decisão curricular –

político administrativo, de gestão e de realização


(processo didáctico)

13-03-24
Desenvolvimento Curricular

Processo de
Processo de
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Curricular
Curricular

Envolve a participação de diferentes


pessoas
É um processo de construção
Desenvolve-se em torno das seguintes questões:
Quem toma decisões acerca das questões curriculares?
Que escolhas são feitas e que decisões são tomadas?
Como é que essas decisões são implementadas?

09 DE AGOSTO 13-03-24
CONTEXTOS DE DECISÃO
CURRICULAR
* Político-administrativo (Administração Central)
* De gestão(Administração Regional e Escola)
* De realização(Sala de Aula)
O currículo é um processo contínuo de decisão,
que ocorre em diferentes contextos, situados
entre as perspectivas macro e microcurricular.

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Fases do Desenvolvimento Curricular
Currículo prescrito, oficial, formal (Administração
Central)
Currículo apresentado (Editoras)
Currículo programado (Escola)
Currículo planificado (Escola)
Currículo real, em acção, operacional (Sala de Aula)
Currículo avaliado (Ad. Central, Escola e Sala de
Aula)
Currículo oculto

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CONTEXTO SOCIOECONÓMICO, HISTÓRICO,
CULTURAL...

Currículo Plano global de


Currículo Prescrito Formação
Apresentado

Planos Currículo
Mediadores
Curriculares programado
Curriculares Currículo planificado
Programas
Objectivos
(Manuais, Currículo real
Actividades livros Projecto Didáctico
Orientações… de texto…) Projecto Curricular
Projecto Educativo

13-03-24
O PAPEL DO PROFESSOR NA
EXECUÇÃO DO CURRÍCULO.

MESTRADO EM CE - HUAMBO
O papel do professor na EC
Como afirma Gimeno (1989), para uma mais completa
clarificação do que é o currículo e o seu processo de
desenvolvimento, é necessário considerar diversos aspectos
interactuantes:
 as suas dimensões epistemológicas;

 as suas coordenadas técnicas;

 a implicação dos professores;

 as vias pelas quais se transmitem e integram as influências

dentro do sistema curricular e seus determinantes políticos.

13-03-24
Gimeno (2000) num dos seus trabalhos mais recentes
apresenta um modelo de desenvolvimento curricular com
base numa concepção processual de currículo.

Em primeiro lugar, o currículo prescrito, é ditado pelos órgãos político


administrativo e tem um papel de prescrição ou orientação relativamente ao
conteúdo do currículo, sobretudo no que diz respeito à educação obrigatória.
Funciona como referência básica relativamente à ordenação do sistema
curricular, à elaboração de materiais curriculares e no controlo do sistema.

Em segundo lugar, o currículo desenhado ou apresentado é aquele que chega


aos professores através dos meios ou materiais curriculares, dos quais tem
papel de destaque o manual escolar. Estes materiais colocam à disposição do
professor uma interpretação do currículo, geralmente mais concretizada e
orientada para a prática lectiva, facilitando-lhes a actividade de planificação.
Em terceiro lugar, o currículo organizado ou moldado é aquele que resulta da
interpretação do professor, seja a partir do currículo prescrito ou dos materiais
curriculares.
13-03-24
Gimeno (2000) num dos seus trabalhos mais recentes
apresenta um modelo de desenvolvimento curricular com
base numa concepção processual de currículo.
O professor é um agente decisivo na concretização do currículo, é um tradutor
que intervém na configuração do significado das propostas curriculares,
nomeadamente quando realiza o trabalho de planificação, o que tanto pode ser
feito individualmente ou em grupo.
Em quarto lugar, o currículo em acção é o que é praticado na realidade escolar,
o que o professor põe em prática junto dos seus alunos.
Dá-se no momento em que este lecciona as suas aulas, em que concretiza com os
alunos aquilo que preparou (a chamada instrução).
Finalmente, o currículo avaliado é aquele que é valorizado por ser nele que
incidem os testes ou avaliações externas e que, por sua vez, acaba por impor
critérios de relevância para o ensino do professor e para a aprendizagem dos
alunos.
Através do currículo avaliado salienta-se aquilo que verdadeiramente vale, o
que verdadeiramente conta. Por isso, os exames externos têm um forte efeito
regulador, quer das práticas do professor, quer do que os alunos (e pais)
13-03-24
consideram que vale a pena aprender.
Diferentes fases do processo de desenvolvimento
curricular quando globalmente entendido.

Figura 1. O currículo como processo (adaptado de Gimeno,


2000:139).

Currículo
prescrito Currículo
apresentado

Currículo
como
processo
Currículo
moldado

Currículo
avaliado
Currículo
Em acção

13-03-24
O papel do professor na EC
De todos os decisores curriculares, o professor é sem dúvida o mais
determinante no desenvolvimento do currículo que põe em acção na sala de
aula e, por isso, merece uma atenção especial. Logo podemos levantar questões a
volta da sua figura como por exemplo: Como tem sido visto o professor neste
processo? Como se exerce o seu protagonismo curricular?

Flores e Flores (2000:85) referem que, recentemente, o processo curricular


parece “ter evoluído no sentido de uma maior abertura ao contexto, à
participação e envolvimento dos professores e das escolas”. Contudo, subsiste a
ideia de uma perspectiva tecnológica na concretização das práticas curriculares,
onde uns concebem e determinam a mudança e outros a materializam. Fica a
percepção de uma tal estruturação de currículos uniformes que pouco espaço de
decisão resta aos professores que os incrementam.

13-03-24
O papel do professor na EC
Existem correntes que atribuem aos professores somente,
o papel de executores de medidas provenientes da
administração central, enquanto outras os encaram como
sujeitos activos nos processos de tomada de decisões,
reforçando a visão do professor como agente curricular que
formula juízos num contexto político, encontrando-se o
desenvolvimento da escola ligado ao desenvolvimento dos
professores que a integram.
O professor encontra-se numa situação privilegiada para a
realização do processo curricular, uma vez que lhe compete
tomar as decisões necessárias nível da escola e da sala de aula, de
modo a adequar o currículo formal à realidade escolar e às
características dos alunos. 13-03-24
O papel do professor na EC
Não há dúvida de que o desenvolvimento do currículo é um
processo contínuo que ocorre na intersecção de várias decisões e
práticas.
Concepção, realização e avaliação são palavras-chave do processo
de desenvolvimento do currículo, reflectindo-se, de modo mais
directo, na sua operacionalização.
Com efeito, a sala de aula é o espaço de decisão mais concreto
do currículo, fazendo parte do processo global que é o design
curricular. O currículo como projecto de sala de aula corresponde à
elaboração de um projecto relativo à organização do processo
ensino-aprendizagem (projecto didáctico), no quadro definido pelo
currículo como projecto nacional e como projecto da escola e da
comunidade 13-03-24
VIAS PARA O DESENVOLVIMENTO
EFECTIVO DO CURRÍCULO.

MESTRADO EM CE - HUAMBO
VIAS E/OU ELEMENTOS PARA O
DESENVOLVIMENTO EFECTIVO DO
CURRÍCULO

O currículo é um objecto que se constrói


no processo de configuração,
implantação, concretização e expressão
em determinadas práticas pedagógicas e
na sua avaliação, como resultado das
diversas intervenções que operam no
mesmo.

13-03-24
VIAS E/OU ELEMENTOS PARA O
DESENVOLVIMENTO EFECTIVO DO
CURRÍCULO

Concepção, realização e avaliação,


são palavras-chave do processo de desenvolvimento
do currículo, reflectindo-se, de modo mais directo,
na sua operacionalização.

Com efeito, a sala de aula é o espaço de decisão


mais concreto do currículo, fazendo parte do
processo global que é o design curricular.

09 DE AGOSTO 13-03-24
A planificação como processo de operacionalização do
currículo

A planificação traduz o modo como os


professores idealizam o processo de ensino
e aprendizagem em contexto escolar, em
função do que é ou deve ser considerado a
nível nacional, da escola e da sala de
aula.
De um modo geral, pode entender-se a planificação como uma
previsão da acção educativa tendo como finalidades gerir os
elementos operacionais do currículo, optimizar a prática
educativa e ajudar a clarificar e gerir as opções e prioridades
educativas assumidas num dado momento. 13-03-24
A planificação como processo de operacionalização do
currículo
A planificação situa-se ao nível das decisões pré-activas e
permite antever e orientar a actuação do professor na sala de
aula.
Quando consideramos a actividade do professor na planificação
da sua acção com base nos elementos que operacionalizam o
currículo (objectivos, conteúdos, actividades, recursos e avaliação)
situamo-nos no plano do projecto didáctico.
O modo como os professores planificam depende de uma
variedade de factores, desde logo das suas crenças, do
conhecimento sobre os campos académicos de referência, do seu
pensamento curricular, da sua experiência, das condições em que
trabalham, dos recursos de que dispõem, etc.
13-03-24
A planificação como processo de operacionalização do
currículo
Este conjunto de decisões pré-activas determina, em larga medida, o conteúdo e a
forma do que se ensina e do que se aprende nas escolas.
Existem várias definições de planificação:
i) previsão de objectivos a alcançar;
ii) processo que articula fins e meios;
iii) projecto de actividades para a consecução de determinados objectivos;
iv) guia da acção, entre outras.
Contudo, podem identificar-se três grandes ideias associadas ao processo de
planificação didáctica:
a activação de um conjunto de conhecimentos ou ideias sobre a actividade a
1)

desenvolver (enquadramento conceptual);


2) um propósito ou meta a atingir (direcção a seguir);
uma previsão do processo que se consubstancia numa estratégia de actuação
3)

e que inclui os elementos nucleares do currículo acima13-03-24


mencionados
(objectivos, conteúdos, actividades, recursos e avaliação).
A planificação como processo de operacionalização do
currículo

A planificação é uma competência exclusiva do


professor e pode desempenhar várias funções:
i)servir de referência à prática pedagógica e prever, de
modo flexível, a interacção professor-alunos;
ii)configurar os vários elementos didácticos do
processo de ensino e aprendizagem;
iii)estruturar as actividades e as estratégias que vão ser
desenvolvidas;
iv)sustentar as práticas de avaliação, entre outros.

13-03-24
Tipos de planificação
Existem vários tipos de planificação em função do
marco temporal a que se reportam e das suas finalidades:
a planificação anual (a longo prazo);
a planificação trimestral ou de unidade didáctica
(a médio prazo)
e a planificação de aula (a curto prazo).
Os vários tipos de planificação determinam-se
mutuamente, na medida em que cada tipo determina e é
influenciado pelos outros.
13-03-24
MODELOS DE
DESENVOLVIMENTO
CURRICULAR

MESTRADO EM CE - HUAMBO
Centrado nos Objectivos
O modelo de desenvolvimento curricular centrado nos
objectivos ou vertebrado identifica-se com uma
perspectiva científica e tecnológica que predominou,
em termos de estudos dos educativos, até meados da
década de 70. O currículo representa a elaboração de
um plano estruturado de aprendizagem dos alunos,
tendo em vista o seu aperfeiçoamento através dos
objectivos formulados em termos comportamentais e
segundo as duas regras principais da tecnologia
educativa: previsão e precisão de resultados.
13-03-24
Ao ter em Tyler o principal teórico, cuja obra
redimensiona o papel da escola e do professor

 O professor aceitando a estrutura curricular tal como se lhe


apresenta, aceita a tarefa que deve desempenhar: a de um
técnico a quem compete transmitir conhecimentos a
destinatários receptivos e reprodutores mecânicos com base na
memorização.
 Tal como o professor, o aluno assume um papel passivo e
reprodutor, visível pela aprendizagem memorística e pelas
actividades por repetição, papel de consumidor de um
currículo planeado pela administração central e apresentado
pelas editoras através dos professores.

13-03-24
Centrado no Processo

O modelo de desenvolvimento curricular centrado no processo


parte de uma concepção de currículo como projecto, cujo
desenvolvimento é orientado para as resoluções práticas. Como
acentua Gimeno (1988: 196), "o professor é um elemento: ordem
na concretização do processo curricular", tornando-se, por isso,
um sujeito activo e participante que organiza curricularmente o
seu pensamento em função da prática que realiza, visto que esta é
uma acção entre sujeitos, no dizer de Habermas, e não entre
objectos.
O currículo como projecto, centrado no professor, deriva da

teoria curricular prática

13-03-24
Centrado na Situação
O modelo centrado na situação, ou modelo crítico do
desenvolvimento do currículo, tal como a teoria crítica curricular
e, por sua vez, o interesse emancipatório definido por Habermas,
parte da ideia que as pessoas, quando participam em factos e
organizações podem aprender a colaborar e a modificá-las.

Se a teoria crítica a propõe que o currículo não seja uma


construção técnica, deixada nas mãos dos tecnológicos, mas uma
construção emancipatória, assumida pelo colectivo dos
professores da escola, o que se oferece é uma visão crítica
através do trabalho cooperativo dos professores e de todos
quantos intervêm no processo curricular
13-03-24
TEMA 4- AVALIAÇÃO CURRICULAR

MESTRADO EM CE - HUAMBO
AVALIAÇÃO CURRICULAR

A avaliação curricular, é uma dimensão que forma parte


de todos os momentos do desenho e desenvolvimento
curricular analisados anteriormente já que em todo processo
de direcção o controlo é uma tarefa essencial.
A avaliação do desenho e desenvolvimento curricular
constitui um processo mediante o qual se corrobora ou se
comprova a validez do desenho no seu conjunto, mediante o
qual se determina em que medida a sua projecção,
implementação prática e resultados satisfazem as
demandas que a sociedade coloca às instituições
educativas.

13-03-24
Cont…

O anterior supõe considerar a avaliação


curricular como um processo amplo, que
inclui à avaliação da aprendizagem dos
educandos e todo o que tem que ver com
o aparato académico, administrativo,
infraestrutural que suporta a este
currículo.

13-03-24
Cont…
A avaliação é portanto, um processo e ao mesmo tempo que é
um resultado.
Um resultado através do qual pode saber-se até que ponto
(com determinados indicadores) o desenhado se cumpre ou
não.
Se avalia o que está concebido, desenhado, executado
incluindo o processo de avaliação curricular em si mesmo;
daí que a avaliação curricular se inicia na etapa de preparação
do curso escolar, onde se modela ou se planifica a estratégia
tendo em conta os problemas que se têm detectado ou se prevê
que poderão existir.

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Cont…
 Ao desenhar a avaliação curricular os principais elementos a ter em conta são:
 a) Para que? Objectivos mais gerais da avaliação e derivar deles paulatinamente os
objectivos parciais (claros, precisos, alcançáveis e avaliáveis).
 b) Que? A avaliação pode referir-se a todo o currículo ou a um aspecto particular
deste.
 c) Quem? Em dependência do que se vai avaliar e do nível organizativo em que se
realizará se determina os participantes que se incluirão na avaliação e quem a
executará em relação ao nível organizativo de que se trate. Para o desenvolvimento da
avaliação curricular terão em conta, entre outros elementos, os critérios, sugestões, etc.
dos alunos.
 d) Como? Métodos a utilizar em dependência do que se avalia.
 e) Com que? Se valoram os meios, recursos, orçamento, entre outros.
 f) Quando? Se tem em conta a sequencialização ou organização do processo de
avaliação.

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Cont…
Em dependência do que se avalia, a avaliação
curricular deve realizar-se em distintos momentos e
com funções distintas, aplicando os critérios gerais
sobre avaliação.
A avaliação curricular inicial ou diagnóstico
corresponde à etapa proactiva do processo e tem como
principal propósito determinar se as condições para
executar o currículo estão dadas, se não, devem ser
criadas.

13-03-24
Cont…
A avaliação curricular formativa ou
continuada corresponde à etapa activa do
processo de ensino-aprendizagem. Esta fase da
avaliação tem uma importante função
reguladora já que estuda os aspectos
curriculares que não estão funcionando
devidamente e propõe alternativas de solução
para o seu melhoramento.

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Cont…
A avaliação curricular somativa se realiza na etapa
pos-activa do processo de ensina aprendizagem e
permite a tomada de decisões respeitante ao
curriculum, cancela-lo, melhora-lo ou redesenha-lo.
Daí que a avaliação somativa se converte em
avaliação inicial, ou em parte desta, quando serve
para colocar-se a adequação curricular.

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PRINCIPAIS VÍAS PARA O
CONTROLO E AVALIAÇÃO
CURRICULAR

MESTRADO EM CE - HUAMBO
Cont…
Temos colocado os elementos e resultados sobre os que devem
recolher a informação.
A recompilação da informação se apoiará na actividade
investigativa aplicada a este campo específico, é dizer, serão
usados métodos teóricos e empíricos.
Daí que a actividade científica se converte de facto no motor
impulsor das novas mudanças e num princípio básico da
organização científica do processo de ensino-aprendizagem e
constitui um factor essencial no aperfeiçoamento do processo
docente, na superação dos docentes e na formação dos
estudantes.

13-03-24
Cont…
Em dependência das principais particularidades
do contexto, como por exemplo:
domínio e experiência do investigador,
interesses da máxima direcção e necessidades
da localidade; as principais vias para a
avaliação curricular são:
registro de experiência,
trabalho científico metodológico e
investigações.
13-03-24
Registro de experiência
Através das aulas o docente faz um análise crítico e um juízo
valorativo do programa que lecciona, mediante o qual se
determina onde estão centradas as suas principais dificuldades; por
exemplo:
se existe uma formulação muito geral de seus objectivos,

se o conteúdo é excessivo para o tempo que tem previsto no

plano de estudo,
se este requer uma nova reestruturação,

se a literatura recomendada é insuficiente ou não adequada,

entre outros.
Estes e outros aspectos devem ser registrados pelo docente ao
desenvolver da UC e constituem elementos fundamentais para o
aperfeiçoamento dos programas. 13-03-24
O trabalho científico metodológico

É a actividade investigativa ou de desenvolvimento no campo


da didáctica que se realiza fundamentalmente pelos
professores e se concretiza mediante o trabalho docente
educativo.
Tem um carácter concreto e de sistema, já que responde à
solução dos problemas existentes, tanto imediatos como
mediatos.
Os resultados obtidos com este trabalho, concebidos desde o
ponto de vista investigativo, são os critérios básicos para
introduzir as modificações ao processo docente educativo com o
objectivo de aperfeiçoa-lo.

13-03-24
Reflicta sobre os seguintes aspectos:

 Os programas do currículo com que trabalha têm tido


alguma modificação produto da avaliação
curricular?

 Acredita que seja necessária a avaliação curricular


em algum de seus aspectos?

 Se tem investigado se o futuro licenciado de seu


centro escolar se desempenha adequadamente nas
diferentes actividades que ocupam na sociedade?
09 DE AGOSTO 13-03-24
2. Questões básicas a colocar num processo de
Desenvolvimento curricular

 Que competências devem ser esperadas por exemplo, de


qualquer mestre pelo Instituto Superior de Ciências de
Educação do Huambo?
 Que conteúdos de formação (conhecimentos substantivos,
conhecimentos processuais, capacidades, atitudes) promovem
o desenvolvimento de competências esperadas?
 Que papéis para o professor e aluno nesse processo?
 Que processos de avaliação demonstram a presença de
competências?
Ou seja, equacionar e debater questões fundamentais
subjacentes a uma prática educativa que se deseja crítica e
reflexiva: Ensinar o quê? Para quê? Porquê? Como?
09 DE AGOSTO 13-03-24
Referências
GASPAR, M. & ROLDÃO, M. C. (2007). Elementos do
Desenvolvimento Curricular. Lisboa: Universidade Aberta.
PACHECO, J. A. (2006). Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto
Editora.
RIBEIRO,A.C.(1990).DesenvolvimentoCurricular.Lisboa:Texto
Editora.
ROLDÃO,M.C.
(1999).Gestãocurricular:Fundamentosepráticas.Lisboa:DEB,Min
istériodaEducação.
MORGADO, J. C. (2000). A (des)construção da autonomia
curricular. Porto: Edições ASA.
ZABALZA, M. A. (1992). Planificação e Desenvolvimento
Curricular na Escola.
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MUITO OBRIGADA PELA
ATENÇÃO DISPENSADA!

MESTRADO EM CE - HUAMBO

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