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Este sumário dá ideia dos objectivos, conteúdos, experiências e correspondente relacionação que
presidem ao desenvolvimento de um currículo como o proposto, centrado em funções sociais ou
quadros de vida permanentes.
Sublinhe-se, uma vez mais, que o modelo de organização curricular centrado em actividades,
funções e problemas sociais tem funcionado, sobretudo, como critério justificativo da selecção de
objectivos e conteúdos curriculares e como centro organizador de ensino em várias áreas e unidades
programáticas e não tanto como um modelo global, claramente especificado na sua estrutura e
desenvolvimento.
Os conteúdos são seleccionados com base nas actividades, projectos e interesses em jogo, dentro
do pressuposto de que a sua aprendizagem só é significativa quando cada educando os organiza por si
próprio em resposta a solicitações problemáticas. Não interessa tanto o âmbito de conteúdos a
(abranger, a sua estrutura em disciplinas estanques e até a sua sequência, como sobretudo a sua
aprendizagem integrada e pessoalmente significativa.
As estratégias de ensino e actividades de aprendizagem visam, pela parte do professor, facilitar
a aprendizagem do aluno e, por parte deste, o envolvimento na procura de meios e materiais para
levar a cabo um determinado projecto de estudo ou plano de actuação; os materiais e recursos
disponíveis devem ser bastante variados para permitir a exploração e organização próprias.
Sobressaem, aqui, modalidades de estudos, trabalhos ou projectos individuais, sob a orientação e
apoio do professor, ofertas curriculares variadas para escolha dos alunos, proposta ou selecção de
projectos e problemas a serem desenvolvidos pelos alunos, segundo uma metodologia de identificação,
planificação, execução e avaliação do projecto.
O papel do professor não consiste em seleccionar, organizar e apresentar informações ou
dados definitivos mas em guiar, facilitar e orientar as actividades dos alunos.
Quanto à avaliação, privilegiam-se modalidades mais informais do que formais de diagnóstico e
apreciação do progresso do educando e preconiza-se a sua participação nesse processo.
No tocante a factores de organização escolar - grupos, tempos e espaços de ensino - o princípio
norteador é, obviamente, o da máxima flexibilidade na sua estruturação; em particular, o espaço da
sala de aula organiza-se por áreas ou centros de recursos variados, de acordo com tipos de actividades.
As vantagens deste modelo organizacional prendem-se com a personalização, significado e
motivação intrínseca da aprendizagem, o relevo dado ao desenvolvimento da autonomia e efeitos
educativos atitudinais mais do que aos resultados de aproveitamento escolar.
As limitações relacionam-se com a relativa negligência de objectivos comuns a todos os alunos e
um certo menosprezo da função social da educação ou da transmissão de uma herança cultural comum;
resultam, também, da imprecisão e risco de deturpações no significado de «interesses», da extrema
flexibilidade na organização dos programas de ensino, dificultando a decisão acerca das experiências
significativas a promover, a transformação das actividades de aprendizagem em conhecimentos
estruturados e socialmente relevantes assim como o estabelecimento da continuidade da aprendizagem.
Convirá não esquecer que existem alguns limites pare a auto-aprendizagem por descoberta, em
que este modelo se baseia:
a) não se pode prescindir da orientação do professor e, na ausência de um currículo ou programa
estabelecido, requere-se deste mais competência e melhor qualidade de formação;
b) requer muito tempo e bastantes recursos educativos;
c) baseando-se em contactos e experiências directas, ditadas por interesses, não deixa de correr-se
o risco de cair em experiências desconexas e sem sentido.
Assinale-se, por fim, que esta estrutura curricular tem sido aplicada, sobretudo, ao nível da
educação pré-escolar e nos primeiros níveis de escolaridade, onde, aliás, conta com uma longa tradição
e um interesse sempre renovado. No entanto, em outros níveis do sistema educativo, ela não deixa de
ter viabilidade como forma de estudos e projectos individuais em segmentos curriculares apropriados
ou em «espaços» para actividades de complemento curricular. Em modalidades de educação informal
ou de auto-formação, sobretudo para populações adultas, este modelo curricular, devidamente
adaptado, encontra um largo campo de aplicação e representa, aliás, uma forma eficaz de
aprendizagem.