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br/didmetenshis-
gs0133-fev-2023-grad-ead/)
1. Introdução
Boas-vindas! Você iniciará o estudo de
, uma das disciplinas que compõem os cursos de graduação na moda-
lidade EaD.
A maneira como você vai ensinar, organizar a sua aula e interagir com os es-
tudantes e com o conhecimento, bem como a concepção que tem ou terá com
relação ao signi�cado social de sua pro�ssão como professor serão objetos
permanentes de re�exão nesta disciplina.
2. Informações da Disciplina
Ementa
A disciplina aborda dois eixos
da construção do conhecimento, sendo o primeiro a Didática, sua visão histó-
rica e objeto de estudo e a formação de professores; e o segundo a Metodologia
do ensino de História. Dessa forma, discute-se, no primeiro eixo, o processo de
ensino e aprendizagem nas diferentes abordagens pedagógicas, os elementos
didáticos, planejamento escolar e avaliação da aprendizagem, a partir de sua
conceituação, importância, tipos e instrumentos avaliativos, bem como a
questão da formação de professores, sua identidade e contextos de trabalho.
No segundo eixo, propõe-se analisar e re�etir acerca do processo de constru-
ção do conhecimento histórico escolar, das propostas teórico-metodológicas
para o ensino de História na Educação Básica, da utilização de apostilas, livros
didáticos e paradidáticos em sala de aula e do planejamento e da avaliação na
prática docente do ensino de História. Nesse eixo, a disciplina aborda, ainda, o
ensino de História a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o
Ensino Fundamental, Anos Finais, e Médio, contextualizando seu processo de
elaboração, as tensões e disputas políticas e analisando sua estrutura, pressu-
postos, fundamentos pedagógicos e proposições.
Objetivos Gerais
• Compreender os fundamentos da Didática e da Metodologia de Ensino,
bem como os pressupostos teórico-metodológicos que norteiam o ensino
de História.
• Discutir as relações entre tendências pedagógicas/abordagens de ensino,
correntes historiográ�cas e ensino de História.
• Identi�car os conceitos de competências e habilidades na relação
professor-estudante-conhecimento.
Objetivos Especí�cos
• Analisar e contextualizar a trajetória histórica da Didática como campo
de estudos e pesquisas.
• Reconhecer o papel da Didática nos processos de ensino e aprendizagem.
• Identi�car as principais características de cada uma das tendências pe-
dagógicas/abordagens de ensino apresentadas e a atuação do professor.
• Entender e analisar a ação e postura do professor-re�exivo-investigador,
numa perspectiva humanista, com sólida formação na área, seus funda-
mentos e concepções didático-pedagógicas, capaz de se adaptar à diver-
sidade e à práxis pedagógica de forma crítica, criativa e autônoma.
• Compreender o processo de construção do conhecimento cientí�co e es-
colar na área de História.
• Discutir as relações entre historiogra�a e ensino de História.
• Analisar as atuais propostas curriculares e teórico-metodológicas do en-
sino de História para o Ensino Fundamental e Médio.
• Re�etir sobre o caráter pluriétnico da sociedade atual e discutir a questão
dos currículos de História em uma perspectiva multicultural.
• Analisar as possibilidades e os desa�os da utilização de apostilas e livros
didáticos em sala de aula.
• Compreender e discutir os princípios do planejamento e da avaliação no
processo de ensino e aprendizagem em História.
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Objetivos
• Analisar e contextualizar a trajetória histórica da Didática como campo
de estudos e pesquisas.
• Reconhecer o papel da Didática nos processos de ensino e aprendiza-
gem.
• Identi�car as principais características de cada uma das tendências pe-
dagógicas/abordagens de ensino apresentadas e a atuação do professor.
Conteúdos
• Visão histórica da Didática, sua conceituação contemporânea e objeto de
estudo.
• O processo de ensino-aprendizagem nas diferentes tendências pedagó-
gicas/abordagens de ensino.
• A Didática da História como teoria da aprendizagem histórica.
Problematização
O que é Didática? Qual o objeto de estudo da Didática? Como a Didática pode
contribuir para o trabalho pedagógico do professor da área de História? Como
a Didática foi se constituindo na história da educação e na docência na área
de História? Quando e como a História se tornou disciplina escolar? Como se
constituiu a Didática da História?
Orientação para o estudo
Neste primeiro ciclo de aprendizagem, apresentaremos uma contextualiza-
ção da trajetória histórica da Didática como campo de estudos e pesquisas e
as principais características das tendências pedagógicas/abordagens de en-
sino e da atuação do professor, bem como uma discussão acerca do papel da
Didática nos processos de ensino e aprendizagem na área de História.
Desse modo, este ciclo visa contribuir para o desenvolvimento de sua apren-
dizagem da Docência, estimulando uma postura crítico-re�exiva diante dos
conteúdos e das atividades que serão realizadas.
Bons estudos!
1. Introdução
Antes de apresentarmos um pouco da trajetória histórica da Didática e seu de-
senvolvimento no contexto das tendências pedagógicas/abordagens de ensi-
no, é preciso ressaltar que o processo de ensino e aprendizagem tem sido estu-
dado sob diferentes enfoques. Nesse sentido, de acordo com Santos (2005, p.
19-20):
Vamos lá?
4) As ações de
ensino estão cen-
tradas na exposi-
ção do conheci-
mento pelo pro-
fessor.
1) Entre as carac- 1) É entendida co-
terísticas desse mo "direção da
movimento, aprendizagem",
destacam-se: a considerando o
valorização da aluno como sujeito
criança, dotada de da aprendizagem.
liberdade, iniciati- 2) O que o profes-
va e interesses sor tem de fazer é
próprios, sujeito colocar o aluno
de sua aprendiza- em condições pro-
gem. Tratamento pícias para que
cientí�co do pro- (partindo de suas
cesso educacio- necessidades e
nal, considerando particularidades)
as etapas sucessi- possa buscar por
vas do desenvol- si mesmo conhe-
vimento biológico cimentos e experi-
e psicológico, res- ências.
A partir do �nal do
peitando as capa-
século 19.
cidades e aptidões 3) O professor in-
individuais, indi- centiva, orienta,
vidualização do organiza as situa-
ensino conforme ções de aprendiza-
os ritmos próprios gem, adequando-
de aprendizagem. as às capacidades
2) Essa tendên- e características
cia assume um individuais dos
princípio nortea- alunos. Dá impor-
dor de valorização tância aos méto-
do indivíduo co- dos e técnicas co-
mo ser livre, ativo mo o trabalho em
e social. grupo, atividades
cooperativas, estu-
3) O centro da do individual, pes-
atividade escolar quisas, projetos,
não é o professor experimentações.
nem os conteúdos O professor ajuda
disciplinares, mas
sim o aluno, como
ser ativo e curio-
so.
3) A maioria dos
livros didáticos
utilizados nas es-
colas é elaborada
com base na tec-
nologia da instru-
ção.
1) No início dos 1) Não há uma
anos 1960, surgi- Didática explícita.
ram os movimen- 2) O professor se
tos de educação põe diante de uma
de adultos que ge- classe com a tare-
raram ideias pe- fa de orientar a
dagógicas e práti- aprendizagem dos
cas educacionais alunos. A ativida-
de educação po- de escolar é cen-
pular, con�guran- trada na discussão
do a tendência de temas sociais e
que veio a ser de- políticos.
nominada
Tendência 3) O ensino está
Libertadora. centrado na reali-
2) A Pedagogia dade social, em
libertadora tem que o professor e
sido empregada os alunos anali-
Início dos anos
com muito êxito sam problemas e
1960.
em vários setores realidades do meio
dos movimentos socioeconômico e
sociais, como sin- cultural, da comu-
dicatos, associa- nidade local, com
ções de bairro, co- seus recursos e
munidades religi- necessidades, ten-
osas. Por isso, é do em vista a ação
muito utilizado coletiva frente a
com adultos que esses problemas e
vivenciam uma realidades. Nesse
prática política e processo em que
onde o debate so- se realiza a dis-
bre a problemáti- cussão, os relatos
ca econômica, so- de experiências
cial e política po- vividas, a pesquisa
de ser aprofunda- participante, o tra-
do com a orienta- balho em grupo,
ção de intelectu- vão surgindo te-
mas geradores que
podem vir a ser
sistematizados pa-
ra efeito e consoli-
dação de conheci-
ais comprometi- mentos.
dos com os inte-
resses populares. 4) É uma didática
que busca desen-
3) Em relação à volver o processo
escola fundamen- educativo no inte-
tal, não foi organi- rior dos grupos so-
zada uma orienta- ciais e, por isso, o
ção pedagógico- professor é o coor-
didática. denador ou ani-
mador das ativida-
des que se organi-
zam sempre pela
ação conjunta dele
e dos alunos.
1) Para esta ten-
dência, o que im-
porta é que os co-
nhecimentos sis-
1) O objeto de es-
tematizados se-
tudo é o processo
jam confrontados
de ensino nas su-
com as experiên-
as relações com a
cias sociocultu-
aprendizagem.
rais e a vida con-
2) A didática tem
creta dos alunos,
como objetivo a
como meio de
direção do proces-
aprendizagem e
so de ensinar, ten-
melhor solidez na
do em vista �nali-
assimilação dos A partir das déca-
dades sociopolíti-
conteúdos. das de 1970 e 1980.
cas e pedagógicas
2) O ensino sig-
e as condições e
ni�ca a tarefa de
meios formativos.
proporcionar aos
alunos o desen-
3) É uma didática
volvimento de su-
que re�ete e busca
as capacidades e
alternativas para
habilidades inte-
as di�culdades
lectuais, mediante
educacionais.
a transmissão e
assimilação ativa
dos conhecimen-
tos.
A partir das re�exões do Prof. Luis Cerri, percebemos que o estudo da História
é importante para o conhecimento de si mesmo e do outro e, também, para
ampliar o diálogo, a re�exão e o respeito à diversidade, que são princípios in-
dispensáveis ao exercício da cidadania e à convivência pací�ca e solidária en-
tre os povos. Portanto, cabe a nós, professores de História, inserir o educando
nesse processo de re�exão e de construção de valores e saberes.
5. Considerações
Estamos chegando ao �nal deste primeiro ciclo de aprendizagem. Nele, apre-
sentamos a concepção atual de Didática, sua trajetória histórica e o processo
de ensino-aprendizagem nas diferentes tendências pedagógicas/abordagens
de ensino com o intuito de propiciar o reconhecimento do papel da Didática
nos processos de ensino e aprendizagem, bem como das principais caracterís-
ticas de cada uma das tendências pedagógicas/abordagens de ensino apre-
sentadas e a atuação do professor.
Esperamos que seus conteúdos e atividades tenham contribuído para sua for-
mação e sugerimos que você continue pesquisando sobre as temáticas desen-
volvidas e aprofundando cada vez mais seus estudos.
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Objetivos
• Reconhecer o planejamento e a avaliação como ações pedagógicas es-
senciais ao processo de ensino, superando sua concepção mecânica e
burocrática no contexto do trabalho docente.
• Compreender o processo de construção do conhecimento cientí�co e es-
colar na área de História.
• Discutir as relações entre historiogra�a e ensino de História.
Conteúdos
• Elementos constitutivos da Didática: planejamento e avaliação da
aprendizagem.
• Didática e metodologia do ensino de História.
• A construção do conhecimento histórico escolar.
Problematização
Quais os elementos constitutivos da Didática? O que é planejamento de ensi-
no? Como articular Projeto Político-pedagógico, Planejamento, Plano de
Ensino e Plano de Aula? Como organizar a prática pedagógica, tendo em vis-
ta diferentes objetivos? Como selecionar e organizar os conteúdos como meio
para o desenvolvimento integral dos estudantes? Como planejar as aulas de
História? Como avaliar os estudantes? Quais as especi�cidades do conheci-
mento histórico escolar? Quais conceitos básicos de História devem ser de-
senvolvidos no Ensino Fundamental e Médio?
1. Introdução
No primeiro ciclo de aprendizagem, estudamos a trajetória histórica e a con-
ceituação atual de Didática, como a Didática tem in�uenciado as experiências
históricas da educação e da escolarização, o processo de ensino-
aprendizagem nas diferentes tendências pedagógicas/abordagens de ensino e
os pressupostos da Didática da História como teoria da aprendizagem históri-
ca.
Assim, os itens a seguir visam promover uma re�exão acerca da ação didática
no ensino de História, estabelecendo a relação entre teoria e prática, funda-
mentada nos elementos constitutivos da Didática.
Vamos lá!
Além disso, é preciso destacar que, em nosso cotidiano escolar, essas ações
nem sempre são vivenciadas de forma integrada e dinâmica, pois muitos es-
tudos indicam que, assim como no planejamento, as dimensões técnica e bu-
rocrática ainda prevalecem na avaliação da aprendizagem.
Acerca das noções sobre o tempo e sua relação com a História, indicamos que
assistam ao vídeo a seguir, "História e temporalidade". Nele, os pesquisadores
Raquel Glezer e Carlos Bacelar discutem o tempo como elemento articulador
da História, a relação entre o passado, o presente e o futuro na construção do
conhecimento histórico e o papel do historiador nesse processo.
A partir dessas re�exões acerca da relação História e temporalidade, podemos
discutir seus desdobramentos no ensino de História, mediante o desenvolvi-
mento de situações de aprendizagem que possibilitem aos estudantes a identi-
�cação, comparação e diferenciação de experiências históricas, bem como a
análise de continuidades e rupturas ao longo do tempo.
Leitura complementar
Para que possamos re�etir um pouco mais sobre essas questões que en-
volvem o ensino de História ou a Didática da História, propomos a leitura
do artigo Aula de História: evento, ideia e escrita (http://www.uel.br/re-
vistas/uel/index.php/histensino/article/view/23852/17740).
Nesse período, marcado pelo predomínio da fé, a escrita da história não tinha
a mesma preocupação com os métodos de investigação e explicação como os
gregos da Antiguidade, e sua produção voltou-se para as crônicas encomenda-
das pela nobreza e para os relatos sobre a vida dos santos, a maior parte deles
escrita por membros do próprio clero.
O conhecimento histórico mergulha cada vez mais nas formas de sua produção,
em como foi e em como pode e deve ser escrito, isto é, sua própria história e nas
formas de procedimento que lhe são próprias como forma de conhecimento.
Esses estudos demonstram o intenso debate que envolve a história das disci-
plinas escolares, em especial, da disciplina História, dos currículos e da pró-
pria história da educação e do ensino e a tendência das pesquisas de forma
geral de ampliar e diversi�car seus objetos de análise, fontes e perspectivas
interpretativas na tentativa de preencher as lacunas desse campo do conheci-
mento e adentrar espaços antes negligenciados pelos pesquisadores, como o
das dimensões internas e externas do espaço escolar, que, segundo Gasparello,
buscam compreender:
A história nova ocupa-se de tudo aquilo que homens e mulheres �zeram no passa-
do e também fazem no tempo presente. Ela reconhece que há várias formas de
marcar e viver o tempo. Os vários tempos convivem e o homem e usa vários calen-
dários. Portanto, a história noiva não estuda apenas os fatos passados apresenta-
dos de forma linear, mas a história nos diversos ritmos, tempos e espaços
(FONSECA, 2003, p. 42).
Antes disso, a História não se constituía como disciplina escolar e tinha uma
função eminentemente instrumental, ou seja, no período jesuítico, confundia-
se com a catequese, com o estudo da história sagrada, que era entremeada
com a leitura de textos clássicos, como Tucídides e Xenofonte, o que atendia
aos interesses da colonização portuguesa e da Companhia de Jesus. E, mesmo
no período pombalino, na segunda metade do século 18, quando se implantou
no país uma educação mais pragmática que visava à formação de quadros po-
líticos e administrativos da burocracia estatal, como a�rma Thais Fonseca
(2003), o ensino de história continuou voltado para o estudo da religião e da
Antiguidade grega e romana, atendendo aos interesses do Estado português,
que, dentro de uma perspectiva nacionalista, se preocupava em formar o ho-
mem cristão e o súdito-cidadão.
O foi uma escola secundária criada em 1837 no Rio de Janeiro pelo governo
imperial para servir como modelo para as demais escolas desse nível de ensino no país.
[...] os feitos dos 'grandes homens', seres de uma elite predestinada, haviam criado
a Nação, e os representantes dessas mesmas elites cuidariam de conduzir o país ao
seu destino (BITTENCOURT, 2004, p. 64).
Essa história nacional era marcada pela exaltação da História Pátria e pelo
culto aos seus heróis, uma característica que se fortaleceu após a Primeira
Guerra Mundial com a defesa dos estudos biográ�cos como recurso para esti-
mular a conduta cívica e patriótica e que conquistou maior espaço nas déca-
das de 1930 e 1940, quando houve uma centralização das políticas educacio-
nais e a História consolidou-se como disciplina escolar.
Essa centralização, segundo Thais Fonseca (2003, p. 52), provocou "a uni�ca-
ção de conteúdos e metodologias, em detrimento de interesses regionais", a�-
nal, nesse período, o país estava vivenciando um processo de mudanças
econômicas e políticas em que a construção da unidade nacional estava no
centro das discussões. Dessa forma, os programas curriculares para o ensino
de História implementados pela Reforma Francisco Campos (1931) enfatiza-
vam os conteúdos sobre as origens do povo brasileiro e sobre a estrutura das
instituições econômicas, políticas e administrativas vigentes, além de manter
os estudos biográ�cos e os relatos episódicos. Os estudos sobre as origens do
povo brasileiro incorporaram a tese da democracia racial, na qual portugue-
ses, indígenas e negros formaram um povo mestiço, sem con�itos e precon-
ceitos, que convivia de forma harmoniosa; ademais, apesar da História do
Brasil e da História da América aparecerem nas propostas como elementos
centrais do ensino, elas continuaram sendo tratadas como apêndices da
História da civilização ocidental, o que demonstrava a in�uência da pedago-
gia norte-americana. Essa in�uência também se re�etiu nos currículos da es-
cola elementar, que, na composição de seus programas, substituiu as discipli-
nas História e Geogra�a pelos Estudos Sociais (PCN, 1997).
Além disso, na década de 1930, os programas curriculares de História, in�uen-
ciados pelos princípios da , propunham mudanças na metodolo-
gia de ensino, como a utilização de �lmes e excursões, considerados métodos
ativos de aprendizagem, porém, na prática, o ensino enciclopédico, em que o
aluno deveria memorizar um extenso conteúdo, prevaleceu.
Nacional.
Quanto aos métodos de ensino, não houve alterações consistentes, pois os li-
vros didáticos continuaram sendo as ferramentas fundamentais para “indicar
os rumos da aula, a maneira correta de o professor dar aula” (BITTENCOURT,
2004, p. 88).
O governo militar pós-1964, apesar de não ter conseguido frear essa crescente
demanda escolar, criou mecanismos de controle ideológico para eliminar pos-
síveis resistências ao regime autoritário vigente. Sob a ótica da Doutrina de
Segurança Nacional e Desenvolvimento, o ensino de História aprofundou a
concepção de história tradicional, que enfatizava os fatos políticos e as biogra-
�as de personagens célebres e objetivava a formação moral e cívica.
Todo o sistema de informações e repressão brasileiro no período militar fundamentou-se
nessa doutrina e o alvo principal era o “inimigo interno”, ou seja, elementos brasileiros ou
estrangeiros que agiriam subversivamente, pondo em risco a segurança nacional.
Disponível em: <http://www.acervoditadura.rs.gov.br/doutrina.htm>. Acesso em 15 fev.
2009.
No 2º grau, hoje Ensino Médio, em que a disciplina História subsistiu com car-
ga horária reduzida, os conteúdos propostos nos programas curriculares fo-
ram organizados em uma perspectiva de tempo linear, utilizando a periodiza-
ção eurocêntrica da História (Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea)
e da História do Brasil (Colônia, Império e República), tendo como marcos os
acontecimentos da história política e demonstrando a prevalência de uma
concepção tradicional de História e de um ensino diretivo, não re�exivo.
Assim, "o ensino de História assumia a tarefa de formação cívica, impondo re-
gras de conduta política por meio de estudos e temas que eram de interesse
central do governo" (FONSECA, 2003, p. 25).
Esse ensino diretivo, não re�exivo, estava alicerçado nos métodos de ensino
mnemônicos e na utilização constante dos livros didáticos, que, frequente-
mente, difundiam os ideais do governo militar e mantinham os alunos em
uma atitude passiva e receptiva, em uma relação professor/aluno marcada pe-
lo autoritarismo, o que, naquele momento, estava em perfeita consonância
com os princípios do regime político vigente.
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Objetivos
• Analisar as atuais propostas curriculares e teórico-metodológicas do en-
sino de História para o Ensino Fundamental e Médio.
• Re�etir sobre o caráter pluriétnico da sociedade atual e discutir a ques-
tão dos currículos de História em uma perspectiva multicultural.
Conteúdos
• As propostas curriculares e teórico-metodológicas para o ensino de
História no Ensino Fundamental e Médio.
• O ensino de História a partir da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC).
• O saber histórico em sala de aula: construindo o conhecimento e for-
mando cidadãos.
Problematização
Quais princípios devem nortear o ensino de História no Ensino Fundamental
e Médio na atualidade? Quais as atuais propostas teórico-metodológicas para
o ensino de História no Ensino Fundamental e Médio? Como colocar em prá-
tica um ensino de História que contribua para a a�rmação das identidades e
para o respeito e a tolerância entre os diversos grupos que compõem a socie-
dade brasileira? Como desenvolver as aulas de História na perspectiva da in-
terdisciplinaridade, da construção de conceitos históricos e da formação da
consciência histórica? Quais estratégias de ensino e recursos didáticos o pro-
fessor de História pode utilizar? Como planejar as aulas de História a partir
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?
Bons estudos!
1. Introdução
Com base em um discurso de modernização educativa, o Brasil realizou, nas
últimas décadas, reformas educacionais alinhadas com a política econômica
neoliberal e orientadas por instituições �nanceiras internacionais, como o
Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), o Banco
Mundial e o Fundo Monetário Internacional, que implicaram mudanças nos
currículos, na gestão escolar, na avaliação dos sistemas e na pro�ssionaliza-
ção dos professores.
Essa seleção temática dos conteúdos foi alvo de muitas críticas, pois, para al-
guns pro�ssionais da área, essa proposta pode limitar ou esvaziar os conteú-
dos e é preciso distinguir a história temática, produzida pelos historiadores,
que delimitam o tempo, o espaço e as fontes documentais a serem analisadas,
buscando pesquisar um tema em profundidade, e a história por eixos temáti-
cos, produzida pelos currículos escolares, que são norteados por pressupostos
pedagógicos, como a faixa etária e o nível escolar.
Leitura complementar
Indicamos, agora, que você dê uma pausa na sua leitura e re�ita sobre sua
aprendizagem, realizando a questão a seguir:
5. Considerações
Neste ciclo, veri�camos que as propostas curriculares e teórico-metodológicas
para o ensino de História estão centradas no desenvolvimento de conceitos e
de habilidades, na utilização de diferentes linguagens e de procedimentos de
pesquisa e na vivência de situações de aprendizagem que aproximem os estu-
dantes de sua própria realidade e, ao mesmo tempo, ampliem suas experiênci-
as e visão de mundo.
Para colocar em prática essas propostas, é essencial que o(a) futuro(a) profes-
sor(a) considere novas possibilidades de trabalho pedagógico, nas quais os es-
tudantes sejam motivados a construir e a reconstruir conceitos, vivenciando
situações em que possam pesquisar, coletar informações em diferentes fontes,
discutir, re�etir e interagir de forma a contribuir para a formação de sujeitos
ativos, criativos e consequentes em seu meio.
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gs0133-fev-2023-grad-ead/)
Objetivos
• Discutir as possibilidades de desenvolver práticas interdisciplinares no
ensino de História.
• Analisar as possibilidades e os desa�os da utilização de apostilas e li-
vros didáticos em sala de aula.
• Compreender e discutir os princípios do planejamento e da avaliação no
processo de ensino-aprendizagem em História.
Conteúdos
• Práticas interdisciplinares e transversalidade no ensino de História.
• Apostilas e livros didáticos de História: uma análise crítica.
• Planejamento e avaliação na prática docente em História.
Problematização
Quais as possibilidades de desenvolver práticas interdisciplinares no ensino
de História? Por que e como utilizar apostilas e livros didáticos nas aulas de
História? Como planejar e avaliar as aulas de História a partir da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC)? Quais princípios devem orientar o pro-
cesso de planejamento e avaliação no ensino de História? Como planejar e
avaliar o processo de ensino-aprendizagem na área de História?
1. Introdução
Nos ciclos de aprendizagem anteriores, apresentamos os fundamentos do en-
sino de História e os principais elementos das atuais propostas curriculares e
teórico-metodológicas para o ensino deste componente curricular no Ensino
Fundamental e Médio.
Algumas das propostas descritas, com destaque para a proposta da BNCC para
o Ensino Médio, estão respaldadas na concepção de interdisciplinaridade, que
envolve um trabalho integrado entre os diversos campos do saber, tendo em
vista que a realidade é una e indivisível, assim como os conhecimentos pro-
duzidos sobre ela.
[...] o livro didático tem sido, desde o século XIX, o principal instrumento de traba-
lho de professores e alunos, sendo utilizado nas mais variadas salas de aula e con-
dições pedagógicas, servindo como mediador entre a proposta o�cial do poder ex-
pressa nos programas curriculares e o conhecimento escolar ensinado pelo profes-
sor.
Assim, para melhor explicar o que escrevemos nesta introdução, nos tópicos a
seguir, estudaremos, com mais detalhes, cada uma das temáticas abordadas.
Vamos lá!
Uma das estratégias indicadas pela autora que podem contribuir para a mu-
dança das práticas no ensino de História é a estratégia de projetos. Para
entendê-la melhor, indicamos que assista ao vídeo recomendado a seguir, que
pressupõe um trabalho educativo com a participação ativa dos estudantes em
seu processo de aprendizagem.
Entretanto, em nosso cotidiano escolar, essas ações ainda não são vivenciadas
de forma articulada, e temos como desa�o superar as dimensões técnica e bu-
rocrática, que caracterizam os processos de planejamento e avaliação da
aprendizagem em nossas escolas e, em especial, na área de História.
Os �lmes, por sua vez, são produtos culturais que transmitem informações,
emoções e sentimentos, registram a vida contemporânea e reconstroem acon-
tecimentos do passado, mas não exatamente como ocorreram e, sim, como
.
Imprensa e propaganda
A tendência historiográ�ca contemporânea de incorporar novos objetos, fon-
tes e problemas ao estudo da História tornou a imprensa escrita um importan-
te e polêmico objeto e fonte de pesquisa, pois, como meio de comunicação pe-
riódica, divulga os acontecimentos e informações de uma determinada reali-
dade social, mas que precisa ser compreendida em sua complexidade, ou seja,
como instrumento de intervenção social e de manipulação de interesses. O
jornal, como instituição pública e privada, enfrenta os desa�os de uma empre-
sa que tenta vender seu produto ao mesmo tempo em que se apresenta como
formador da opinião pública ligado a interesses diversos, como os interesses
de um determinado grupo social ou econômico e do próprio dono do jornal.
Segundo Bittencourt (2004, p. 337), a imprensa escrita, como objeto e fonte his-
tórica, envolve múltiplas possibilidades, como:
[...] a análise dos conteúdos das notícias (políticas, econômicas, culturais, etc.), da
forma pela qual são apresentadas as notícias, as propagandas, os anúncios, as foto-
gra�as, etc. e de como esse conjunto de informações está distribuído nas diversas
partes do jornal, entre outras.
O domínio das consciências, uma das técnicas mais e�cazes de controle social, foi
levado nesse período às últimas conseqüências. A 'grande imprensa' veiculou a
ideologia dominante... falou a 'todos' e por 'todos', adequando valores 'eternos' às
necessidades imediatas suscitadas pelas conturbações políticas e sociais.
Além dos jornais, das charges e das tirinhas, a propaganda também se tornou
uma importante fonte para a pesquisa e o ensino de História, pois, consideran-
do seu papel na sociedade capitalista, apresenta muitas potencialidades para
seu estudo, como a investigação sobre os hábitos de consumo de uma deter-
minada época, os sonhos, os valores, os desejos e as expectativas das pessoas
às quais os anúncios ou as campanhas publicitárias se dirigem para satisfazer
ou criar necessidades, ou seja, pode ser compreendida como mais um recorte
do real, uma expressão de uma época.
De acordo com Cerri (2005), a propaganda deve ser entendida no campo das
representações, pois, ao mesmo tempo em que representa um apelo ao consu-
mo, à compra de produtos e serviços, busca a adesão a ideias, comportamen-
tos, valores e formas de pensar a sociedade.
Literatura
A utilização da literatura como fonte histórica e como recurso didático para o
ensino de História vem se ampliando ao longo dos anos, porém, ainda provoca
polêmicas e debates acirrados sobre suas limitações e contradições, já que, por
sua natureza, são consideradas totalmente diversas, pois a literatura lida com
a �cção, e a história, com a realidade.
[...] analisar os textos como documentos de época, cujos autores (os criadores das
obras) pertencem a determinado contexto histórico e são portadores de uma cultu-
ra exposta em suas criações, seguidores de determinada corrente artística e repre-
sentantes de seu tempo.
Cinema
O cinema possui grande potencial didático para o ensino de História, pois con-
fere materialidade aos acontecimentos históricos e possibilita reconstruir
uma realidade com uma linguagem própria, que, se utilizada em sala de aula,
pode motivar os alunos, ampliar as fontes de investigação e integrar a História
a outras áreas do saber, como a , a Linguística e a Sociologia, em
um estudo interdisciplinar, capaz de constituir um conhecimento menos frag-
mentado e mais signi�cativo.
A utilização de �lmes nas aulas de História ganhou maior destaque com a dis-
cussão historiográ�ca sobre a diversi�cação das fontes de pesquisa e, tam-
bém, com o debate sobre a necessidade de romper com o ensino tradicional,
pautado na memorização dos fatos e na análise exclusiva de documentos es-
critos, porém, essa linguagem tardou a ser reconhecida como um recurso pe-
dagógico signi�cativo e, ainda hoje, tem sido utilizada mais como ilustração e
desvinculada de uma metodologia de análise que explore suas potencialida-
des e limitações.
Nessa perspectiva, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino
Fundamental II sugerem que o �lme seja utilizado como um documento que
deve ser analisado em sua complexidade:
Um �lme abordando temas históricos ou de �cção pode ser trabalhado como docu-
mento, se o professor tiver a consciência de que as informações extraídas estão
mais diretamente ligadas à época em que a película foi produzida do que à época
que retrata. É preciso antes de tudo ter em mente que a �ta está impregnada de va-
lores, compreensões, visões de mundo, tentativas de explicação, de reconstituição,
de recriação, de criação livre e artística, de inserção de cenários históricos cons-
truídos intencionalmente ou não por seus autores, diretores, produtores, pesquisa-
dores, cenógrafos etc. (PCN, 1998, p. 88).
Segundo Kornis (1992 apud BITTENCOURT, 2004, p. 375), essa análise crítica
deve considerar três aspectos fundamentais:
: entrega de uma sinopse do �lme e apresentação dos objetivos da aula; exibição de um trecho
do �lme Tempos Modernos, de Charles Chaplin (38 min.); comentário sobre o �lme; e proposta de
questões para re�exão e discussão.
: apresentação e análise da música Fábrica, da banda Legião Urbana, e elaboração de texto so-
bre a temática.
De acordo com o plano de aula e como forma de ampliar a análise desses do-
cumentos, podemos propor as seguintes questões:
• Sobre o �lme: Quem é o autor do �lme? Quando e onde o �lme foi lança-
do? Qual o contexto sociopolítico e econômico da época? O tema do �lme
tem alguma relação com a época em que foi produzido? etc.
• Sobre a música: Quando e por quem foi composta a canção? Qual o tema
da canção? Qual o contexto político do Brasil na época? Qual o ritmo da
música? etc.
Além disso, é necessário trabalhar a relação entre o �lme e a música, desta-
cando suas diferenças e semelhanças e discutindo as especi�cidades de suas
linguagens, bem como sua historicidade, na tentativa de estabelecer conexões
e sistematizar os conhecimentos.
No Brasil, muitos desses estudos, como a�rma Bittencourt (2004), estão relaci-
onados a temas de pesquisa sobre a vida dos trabalhadores, sobre as questões
de discriminação étnica e de gênero e, principalmente, sobre os governos dita-
toriais, como o período varguista e a ditadura militar, a censura e a contrapo-
sição entre músicas de protesto, ou engajadas, e músicas ditas “alienadas” etc.,
evidenciando que as potencialidades dessa linguagem ainda não foram total-
mente exploradas, pois a música compõe uma fonte de informação histórica
que pode contribuir para a compreensão do cotidiano e da produção cultural
de uma sociedade e até mesmo de seus aspectos econômicos e políticos.
Além disso, como a música envolve o prazer e está próxima da vivência dos
alunos, sua utilização como recurso didático capaz de motivar e facilitar a
aprendizagem foi defendida por vários estudiosos da educação, conforme a�r-
ma Bittencourt (2004, p. 379):
Desse modo, a análise de uma música em sala da aula deve considerar a épo-
ca em que ela foi produzida, o local, o autor, o tema, o ritmo, a interpretação, os
instrumentos musicais, as técnicas de gravação, a tradução, dentre outros as-
pectos, buscando ampliar as formas de abordagem e instigando os alunos a
questionar e a investigar as diferentes concepções e formas de ouvir música
em outros tempos e espaços, a relação entre música e dança etc.
Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz, mas eu digo que vem
Vem, vem reviver comigo amor
O centenário em poesia
Nesta pátria mãe querida
O império decadente, muito rico incoerente
Era �dalguia e por isso que surgem
Surgem os tamborins, vem emoção
A bateria vem, no pique da canção
E a nobreza enfeita o luxo do salão, vem viver
Vem viver o sonho que sonhei
Ao longe faz-se ouvir
Tem verde e branco por aí
Brilhando na Sapucaí e da guerra
Da guerra nunca mais
Esqueceremos do patrono, o duque imortal
A imigração �oriu, de cultura o Brasil
A música encanta, e o povo canta assim e da princesa
Pra Isabel a heroína, que assinou a lei divina
Negro dançou, comemorou, o �m da sina
Na noite quinze e reluzente
Com a bravura, �nalmente
O Marechal que proclamou foi presidente
Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz,
Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz (Disponível em: <http://www.muitamusica.com.br/11122-
imperatriz-leopoldinense-rj/419657-samba-enredo-1989/letra/>. Acesso em: 6 jun.
2009).
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim �orescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal (Disponível em: <http://www.chicobuarque.com.br/letras/apesar-
de_70.htm>. Acesso em: 3 jun. 2009).
Imagens
Na época contemporânea, vivenciamos um bombardeio constante de ima-
gens, que registram a vida humana e servem de suporte à memória individual
e coletiva, como as fotogra�as, os vídeos, os �lmes, os programas de televisão,
dentre outras, mas que também estão suscetíveis às formas de consumo ma-
nipuladoras e ideológicas criadas pela indústria cultural, o que se traduz, para
os historiadores, como potencialidades de pesquisa e, principalmente, como
desa�os para a construção do conhecimento histórico, pois sua utilização co-
mo documento histórico demanda métodos de análise especí�cos.
O quadro A Primeira Missa no Brasil (Figura 7), de Victor Meirelles (1861), pre-
sente em muitos livros didáticos e utilizado em sala de aula para ilustrar o iní-
cio da colonização portuguesa no Brasil, é considerado uma imagem canônica
da história nacional. Segundo Moreira e Vasconcelos (2007, p. 82), é uma ima-
gem que "para além de representar um fato ou pessoa, pretendem ser o fato ou
pessoa", ou seja, foi produzida com o intuito de representar um acontecimento,
legitimar valores e uma determinada versão desse acontecimento.
Desse modo, para explorar as potencialidades dessa pintura como recurso di-
dático, é necessário, inicialmente, analisar seus aspectos internos, como a ce-
na retratada, os seus personagens e o cenário, e seus aspectos externos, como
a época em que foi produzida, o pintor e suas obras e os objetivos e valores que
pretende transmitir.
Na atualidade, essa questão se tornou ainda mais problemática, pois temos so-
�sticados recursos técnicos de manipulação da imagem. Nesse sentido,
Moreira e Vasconcelos (2007, p. 76)propõem que o professor conduza o traba-
lho pedagógico com as fotogra�as pautado nos seguintes questionamentos:
Dessa forma, percebemos que é preciso fazer uma leitura interna e externa da
fotogra�a, além de incluir uma análise de verbalização dirigida ao observador
da imagem, como a�rma Bittencourt (2004), para recompor aspectos de sua
percepção.
O estudo sobre a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), por exemplo, poderá ser
desenvolvido com base na análise de fotogra�as como a das Crianças ciganas
vítimas de experiências médicas em Auschwitz (Figura 9), que, apesar das
poucas informações disponíveis sobre a autoria e a técnica utilizada, poderá,
inicialmente, motivar os alunos e, em seguida, fornecer informações sobre o
nazismo alemão e o holocausto mediante uma leitura interna sobre as pesso-
as retratadas na fotogra�a, o local e a época, além de uma leitura externa, le-
vantando hipóteses sobre sua autoria, técnica, composição e motivação.
No Brasil, o estudo sobre o regime militar (1964-1985) também pode ser desen-
volvido com base na análise de fotogra�as, pois há uma variedade de imagens
desse tipo disponíveis que fornecem informações signi�cativas sobre esse pe-
ríodo da história do país e possibilitam a re�exão e a discussão sobre várias
temáticas, como a repressão, a censura e até mesmo a constituição da memó-
ria. Podemos ver um exemplo dessas imagens na Figura 10.
Figura 10 Foto Brasil, 1968.
NTICs
A difusão dos computadores, da internet e de outras tecnologias da informa-
ção e comunicação, as NTICs, vem transformando o modo de vida das pesso-
as, as atividades de trabalho e de pesquisa e o próprio processo de ensino e
aprendizagem, haja vista a expansão e o fortalecimento da Educação a
Distância no país.
Figura 11 Planejamento.
Esboça uma situação futura a partir da situação atual e prevê o que, como, onde,
quando e o porquê se quer realizar tal objetivo, a �m de garanti a objetividade, a
funcionalidade, a continuidade, a produtividade e a e�cácia das ações planejadas,
tornando o ensino produtivo e a aprendizagem garantida.
Plano de Ensino.
História.
g) A II Guerra Mundial.
h) O período Vargas.
Os processos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com
coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modi�car sua conduta, em função
dos objetivos previstos (TURRA, 1982 apud PILETTI, 2007, p. 67).
• diversi�cados e estimulantes;
• coerentes com os objetivos propostos;
• adequados às necessidades e às potencialidades dos alunos.
Plano de aula.
História das representações e das relações de poder.
Entradas e bandeiras.
7º e 8º.
Quatro aulas.
Antes de começar, a turma já deve dispor de informações básicas para a
compreensão do fenômeno das bandeiras e das conseqüências dessas expe-
dições.
Assim, é importante que o professor elabore seus planos de aula não como
meros documentos burocráticos, mas como instrumentos de apoio à sua práti-
ca pedagógica, visando orientar suas ações e, ao mesmo tempo, re�etir sobre
elas em um processo contínuo de ação-re�exão-ação.
Dessa forma, percebemos que tanto a prova como qualquer outra atividade
avaliativa devem ter um caráter formativo e não punitivo, pois, conforme a�r-
mam Moreira e Vasconcelos (2007, p. 105):
5. Considerações
Vimos, no decorrer das leituras e atividades propostas neste ciclo, que o traba-
lho interdisciplinar deve permitir a integração das diversas disciplinas ou
componentes curriculares e dos professores em torno de um projeto comum,
que é a formação integral dos estudantes.
gs0133-fev-2023-grad-ead/)
Objetivo
• Entender e analisar a ação e a postura do professor-re�exivo-
investigador, em uma perspectiva humanista, com sólida formação na
área, seus fundamentos e concepções didático-pedagógicas, capaz de se
adaptar à diversidade e à práxis pedagógica de forma crítica, criativa e
autônoma.
Conteúdo
• Formação de professores: identidade e contextos do trabalho docente no
ensino de História.
Problematização
O que é ser professor de História na atualidade? Quais os saberes necessários
à formação e à prática docente? Qual a relação da didática e metodologia de
ensino com a formação de um professor crítico-re�exivo? Quais os desa�os e
perspectivas do docente na sociedade contemporânea?
Bons estudos!
1. Introdução
A partir da década de 1980, a questão da formação docente emergiu na pauta
das discussões sobre educação e, até os dias atuais, envolve polêmicas, como:
políticas de valorização pro�ssional dos professores, condições de trabalho,
superação da tendência tecnicista dos processos formativos, dentre outras.
Essas autoras utilizam o termo saberes, e não competências, como outros teó-
ricos da atualidade, e a�rmam que, nos processos formativos dos docentes, é
imprescindível considerar a conjunção dos saberes das áreas de conhecimen-
to, dos saberes pedagógicos, dos saberes didáticos e dos saberes da experiên-
cia, que se referem ao modo como nos apropriamos do ser professor.
Os saberes docentes, segundo Tardif (1999 apud Nunes, 2001), são construídos
para e no trabalho e apresentam as seguintes características: são especializa-
dos, formalizados e pragmáticos, pois estão voltados para a solução de proble-
mas, demandam improvisação a situações novas e, consequentemente, exi-
gem uma formação contínua para acompanhar sua evolução, sendo que sua
utilização é de responsabilidade do próprio pro�ssional, o que envolve, neces-
sariamente, autonomia e capacidade re�exiva.
No caso dos professores que vão ensinar História, é preciso promover uma for-
mação geral e humanística, na qual o estudante construa uma visão ampla
sobre as relações entre o homem e o mundo, a escola e a sociedade e sobre o
papel do professor-historiador, além de compreender o processo de constru-
ção do conhecimento histórico, os fundamentos da pesquisa histórica e os
fundamentos e métodos do ensino dessa disciplina.
Nesse sentido, a formação docente deve ser entendida como um processo que
envolve o desenvolvimento da capacidade de ação-re�exão e de variados sa-
beres e competências, não somente como capacitação técnica, mas também
com foco no aprender a conviver com mudanças e incertezas da sociedade
contemporânea.
Este documento está alinhado à BNCC, e ambos são alvo de muitas críticas por
parte de professores, pesquisadores da área e de associações como a
Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), que
publicou uma nota elencando um conjunto de motivos pelos quais a entidade
se opõe ao documento DCN-BNC (ANPED, 2019, n.p.), como: