Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aspectos Econômicos
da Colonização
Americana
3
1. OBJETIVOS
• Conhecer e apresentar a dinâmica da economia colonial
considerando os seus principais elementos como: a agri-
cultura, a mineração, o trabalho e o comércio.
• Identificar e entender as principais características da eco-
nomia das treze colônias britânicas na América.
2. CONTEÚDOS
• As haciendas e a “nova” agricultura americana.
• A exploração e a extração de metais preciosos na América.
• Os tipos de trabalho existentes na colonização da América.
122 © História da América II
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, você acompanhou como se deu a cons-
trução e o funcionamento dos mecanismos de administração da
colônia por parte de espanhóis e britânicos. É importante lembrar
que a administração colonial tinha como objetivo a regulação da
vida colonial. Regular as leis e a política da colônia significava, tam-
bém, controlar o seu trabalho, a sua produção e o seu comércio.
Não é novidade que o principal objetivo da empresa colonial
foi a obtenção de riquezas e recursos financeiros para as metrópoles,
tanto a Espanha quanto a Inglaterra. Vários dos recursos aqui produzi-
dos direcionavam-se a endereços certos no mercado europeu.
No entanto, para manter essa "fonte de riqueza", foram ne-
cessários muito trabalho e trabalhadores, a criação de uma rede
de produção e suporte aos colonizadores, a construção de novas
cidades e igrejas, entre tantas outras instituições.
Conclui-se que a história da economia colonial não se resu-
me à história da exploração dos recursos minerais em nosso con-
tinente. Consiste, também, na história das pessoas e do trabalho
aqui desenvolvido.
Mas, afinal, o que se produziu na América? Como se susten-
tavam os homens que aqui viviam? Quais foram as fontes de rique-
zas exploradas por eles? Como eles trabalhavam?
Essas são algumas perguntas que procuraremos responder
ao longo desta unidade. Ao trabalho!
© U3 - Aspectos Econômicos da Colonização Americana 125
Assim, a busca pelo ouro e prata seria algo tão marcante que
influenciaria até mesmo na construção da religiosidade america-
na. Conforme descreve Galeano sobre o poder da prata na cidade
de Potosí:
[...] de prata eram os altares das igrejas e as asas dos querubins nas
procissões: em 1658, para a celebração do Corpus Christi, as ruas
da cidade foram desempedradas, da matriz até a igreja dos Reco-
letos, e totalmente cobertas com barras de prata. [...] A espada e a
Cruz marcharam juntas na conquista e na espoliação colonial. Para
arrancar a prata da América, encontravam-se em Potosí os capi-
tães e ascetas, toureiros e apóstolos, soldados e frades (GALEANO,
1994, p 32).
A mineração
Conforme abordado anteriormente, a busca pelo ouro na
América esteve presente desde o primeiro instante do desembar-
que da expedição de Colombo. Durante a conquista do México, por
exemplo, Cortéz afirmou a um mensageiro de Montezuma: "eu e
meus companheiros sofremos de uma doença do coração que so-
mente o ouro pode curar" (LÓPEZ DE GÓMARA, 1966, p. 58).
De fato, muito ouro foi encontrado pelos espanhóis, princi-
palmente durante a conquista do Peru. No entanto, na história da
mineração da América espanhola, a grande protagonista foi a pra-
ta. Após o primeiro período de saques aos povos indígenas promo-
vidos pela conquista (1520-1540), principal fonte de ouro, a prata
passou a ser predominante não apenas no volume, mas também
no valor.
As primeiras fontes de exploração mineral da prata foram en-
contradas nos domínios da Nova Espanha (zona mesoamericana),
nas cidades de Sultepec e Zumpango, nas proximidades da cidade
do México, em 1530. Contudo, a principal fonte de prata da colô-
nia espanhola, a mina da cidade de Potosí, no atual território da
Bolívia, foi encontrada somente quinze anos mais tarde, em 1545.
Veja a representação do Cerro de Potosí na Figura 2.
© U3 - Aspectos Econômicos da Colonização Americana 129
6. AS HACIENDAS
A chegada dos espanhóis à América produziu uma segunda
revolução agrícola no continente. Se a primeira revolução ocorreu
ainda no período pré-histórico, a segunda foi promovida pelo en-
contro de duas tradições agrícolas: a europeia e a americana.
Da tradição agrícola americana, manteve-se a plantação de
feijão, milho, abóbora e batata, esta cada vez mais incorporada
ao cotidiano do espanhol e do europeu. Por parte dos europeus,
houve a introdução do cultivo de trigo e cevada e a domesticação
de novos animais, como o gado ovino e o suíno. A carne suína, por
exemplo, rapidamente ganhou espaço entre os indígenas.
© U3 - Aspectos Econômicos da Colonização Americana 135
O comércio
As fazendas produziam o alimento necessário para a subsis-
tência dos trabalhadores das minas de prata e ouro da América
espanhola. Esses produtos chegavam até as zonas de mineração
© U3 - Aspectos Econômicos da Colonização Americana 139
A encomienda
A encomienda teve início na América Colonial no ano de
1509. Naquela data, a Coroa espanhola, por intermédio de uma
carta escrita a Diego Colombo, filho de Cristóvão Colombo, deter-
minou que a população indígena da Ilha de La Espanhola fosse re-
manejada.
Diante da sensível diminuição do número de mão de obra
nas Antilhas, a intenção da Coroa era a de redistribuir a população
indígena entre os colonos espanhóis. Dessa maneira, os colonos
poderiam cobrar impostos e serviços daqueles nativos e, em troca,
conforme previa a Coroa, ofertavam a catequese e garantiam a sua
proteção.
Com a expansão da conquista espanhola, essa prática tam-
bém foi adotada nas demais localidades do território americano.
Assim, os colonos que necessitavam de trabalhadores solicitavam
o envio de alguns indígenas sob "encomenda". Daí a origem do
nome “encomienda”.
A escravidão
Como já é de seu conhecimento, a escravidão indígena foi
abolida em 1548. Porém, isso não quer dizer que a escravidão
deixou de existir nos territórios hispano-americanos. A escravidão
negra continuou permitida.
© U3 - Aspectos Econômicos da Colonização Americana 147
As colônias do sul
Ao contrário das terras temperadas do norte, que contribuí-
ram para o surgimento da policultura, o clima do sul permitiu o de-
senvolvimento de uma economia marcada pelas grandes fazendas
dedicadas à monocultura.
Além do fator climático, há de se ressaltar que o tipo de mi-
gração responsável pela colonização do Sul possuía uma concep-
ção de riqueza vinculada à posse da terra, conforme descreveu
Remond (1989, p. 8).
Culta, requintada, essa classe que descendia em parte de cavaleiros
e levava uma existência de nobreza rural transplantou para a Amé-
rica as maneiras de viver da aristocracia européia [...]
[...] na
Península Ibérica, os mouros e judeus tinham se dedicado a
atividades como o artesanato e o comércio. O verbo "mourejar",
sinônimo português de trabalhar, é uma herança desse fato. O ideal
da aristocracia ibérica era, exatamente, levar uma vida na qual o
trabalho braçal não fosse uma necessidade. O trabalho braçal era
coisa de mouros e judeus.
A servidão
O trabalho servil constituiu-se como uma das principais for-
mas de trabalho até meados do século 18. Estima-se que, durante
os quase dois séculos de colonização, cerca de 10% a 15% da popu-
lação branca das treze colônias teria vivido desse tipo de trabalho
forçado e sem remuneração.
Além disso, muitos dos imigrantes que chegaram à América
inglesa nesse período somente tornaram possíveis suas viagens
graças a acordos de servidão realizados ainda em território bri-
tânico. Muitos deles trocavam a passagem de vinda para o Novo
Mundo por um período de servidão que variava de dois a sete
anos. Dessa maneira, amortizavam a dívida adquirida com o seu
trabalho e, por isso, foram chamados de “amortizadores”.
Cerca de 70% de toda a imigração colonial foi composta por
amortizadores. Outro tipo de servidão comum na América do Nor-
te foi aquela formada por aprendizes. Os aprendizes eram crianças
americanas pobres que trocavam o seu aprendizado pela servidão,
que duraria até os 21 anos.
A escravidão
A primeira leva de escravos trazida para as colônias inglesas
deu-se em 1619, no atual estado da Virgínia. Cerca de cinco anos
depois, o primeiro afro-americano nasceria oficialmente na cidade
de Jamestown. Em apenas duas décadas, a escravidão negra já te-
ria se expandido por todas as treze colônias.
No entanto, conforme apresentamos anteriormente, esse
tipo de trabalho não teria uma importância na dinâmica da eco-
nomia colonial antes do século 18, já que, até então, a escravidão
estava relacionada, principalmente, ao trabalho doméstico.
De qualquer forma, ao longo do século 17, a escravidão
ganhou cada vez mais espaço para, no início do século seguinte,
apresentar uma estrutura muito bem definida. Conforme analisa
Aptheker (1967, p. 40), dentro de sua crítica marxista ao sistema
colonial norte-americano:
Por volta de 1720, a escravatura negra americana era um sistema
de escravização bem desenvolvido e comercializado de monocul-
tura e produção de mercadorias. Já passara da forma doméstica
para a plantação, onde as mercadorias eram produzidas para venda
num mercado amplo, de âmbito mundial. Isso, além da ideologia
que relacionava e sustentava o sistema, explica a intensa explora-
ção e brutalidade que caracterizaram o sistema de emprego do es-
cravo negro americano, no início do século XVIII, e continuariam a
caracterizá-lo durante 150 anos.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Qual a importância da discussão, proposta nesta unidade, para a sua formação?
© U3 - Aspectos Econômicos da Colonização Americana 165
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, acompanhamos as principais características e
diferenças da economia e da produção da vida material na América
espanhola e nas treze colônias britânicas. Vimos como se desenvol-
veram o trabalho e a extração de riquezas na América colonial.
A fazenda, a mineração e o comércio foram os principais ele-
mentos da economia colonial em território espanhol, sustentados
pelo trabalho escravo negro ou pelo trabalho compulsório indígena.
Já na América inglesa, o comércio do Norte dividia as aten-
ções com as grandes plantações de fumo, arroz e anil do Sul. Lá
também se desenvolveu com grande importância o trabalho livre
e assalariado, em conjunto com a servidão branca e a mais terrível
escravidão negra da história da humanidade.
Esses são elementos que compõem a estrutura econômica
da sociedade colonial americana. Economia que era sustentada e
conduzida por homens e mulheres comuns que desenvolviam sua
vida em uma sociedade cada vez mais nova e particular. A socieda-
de colonial da América é o tema de nosso próximo assunto.
11. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Eduardo Galeano. Disponível em: <http://blogmetropolitano.blogspot.
com/2008_03_01_archive.html>. Acesso em: 16 mar. 2009.
2. CONTEÚDOS
• Igreja, religião e religiosidade na América espanhola.
• A sociabilidade americana: miscigenação e religiosidades.
• Aspectos da sociedade e da cultura nas treze colônias in-
glesas.
168 © História da América II
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Durante as unidades anteriores, ao descrevermos o início da
colonização, seus aspectos políticos e econômicos, de uma forma
ou de outra, acabamos por apresentar elementos da sociedade e
da estrutura social da colônia.
Os espanhóis
Os dois principais grupos étnicos que compuseram a socie-
dade colonial espanhola foram, sem dúvida, os espanhóis e os in-
dígenas. De certa maneira, ainda que a Coroa possuísse políticas
de inserção do indígena à sociedade colonial, esses dois grupos
acabaram por ocupar espaços diferentes da colônia, compondo
assim uma espécie de dicotomia colonial.
Dessa forma, ambos construiriam aquilo que as pessoas do
próprio século 16 chamaram de a República dos Espanhóis e a Re-
pública dos Índios, em uma clara alusão à nítida separação entre
os dois grupos. Essa divisão acabou por construir outra dicotomia,
agora de ordem geográfica, entre campo e cidade, sendo a cidade
o espaço do espanhol e o campo o lugar dos indígenas.
Dos dois grupos, os indígenas já estavam aqui desde tempos
imemoráveis, há mais de 10.000 anos seguramente, enquanto os
espanhóis somente começaram a sua história no continente com a
chegada das caravelas de Colombo. E, graças às expedições que se
seguiram ano após ano na primeira metade do século 16, os espa-
nhóis construíram a sua sociedade. Os primeiros conquistadores
Figura 4 A cidade de Lima no século 17, segundo o cronista Guamán Poma de Ayala.
Os indígenas
As estimativas a respeito do número de indígenas que aqui
habitavam variam muito, bem como divergem as taxas atribuídas
à redução populacional indígena. Tal discrepância pode ser consta-
tada tanto em Joseph Barnadas (2004) quanto em Ciro Flamarion
Cardoso (na obra América Pré-Colombiana).
Dependendo dos números utilizados, pode-se incentivar a
manutenção da leyenda negra da colonização espanhola, tendên-
cia da historiografia que "vilanizou" os espanhóis, partindo de um
ponto de vista etnocêntrico e interesseiro, já que os incentivado-
res dessa lenda negra foram, sobretudo, os inimigos da Espanha:
Inglaterra, França e Holanda.
Ao longo de todo nosso estudo, mencionamos a assombro-
sa redução das populações indígenas durante a primeira metade
do século 16. Deixamos para tratar mais detalhadamente desse
assunto aqui, pois acreditamos que essa diminuição relaciona-se
com o tipo de sociabilidade que as sociedades nativas passaram a
desenvolver com o advento da colônia.
© U4 - Aspectos Socioculturais da Colonização Americana 181
Os negros
Infelizmente, por constituírem-se em grupos marginais ou
subalternos na sociedade colonial, pouco sabemos sobre os ne-
gros e os mestiços, o que não significa que não se produziu uma
história sobre eles.
Para resolver esse problema de falta de fontes históricas,
o historiador Galindo (1984) recorreu, por exemplo, à análise de
processos criminais que envolviam negros e mestiços. Tal estudo
consta em seu livro Aristocracia y Plebe: Lima, 1760-1830.
Para os estudos de escravos e negros no período colonial,
além dos processos criminais, outras fontes são os registros de ba-
tismos e os registros de compra e venda.
© U4 - Aspectos Socioculturais da Colonização Americana 185
Os mestiços
O mestiço é o resultado quase natural da conquista ameri-
cana, uma vez que, entre os escravos e os colonos espanhóis, o
número de homens era predominantemente maior do que o de
mulheres e, por sua vez, entre os indígenas, por conta das guerras
de conquista, a proporção era inversa.
Tal situação deixou as “portas abertas” à mestiçagem, o que
não significa que essas uniões sejam consequências de casos de
amor e romances, que tiveram como “palco” a sociedade colonial.
Ao contrário, trata-se do resultado de uma mistura racial forçada e
brutal. Não é por menos ser insignificante o número de vezes que
pais espanhóis assumiram seus filhos com índias.
Quando isso ocorria, os filhos dos espanhóis recebiam todo
o tratamento de um criollo comum, com direito à educação e à
ocupação de cargos no cabildo, além de eles herdarem os bens de
seus pais, possuírem uma empresa de comércio etc. Porém, repe-
© U4 - Aspectos Socioculturais da Colonização Americana 189
Figura 12 Catedral de Cuzco. Prédio construído em cima de antigas ruínas incas. Localiza-
se à frente da Plaza de Armas, dividindo o espaço com mais três igrejas coloniais.
A educação colonial
A partir do século 17, todas as instâncias da Igreja já pos-
suíam suas representações na América, o que provocou a estag-
nação do movimento de sua expansão. Somente em um aspecto a
Igreja continuou a se expandir: no campo educacional.
A participação da Coroa na educação superior foi pratica-
mente nula, mantendo e financiando somente as universidades
dos vice-reinos, San Marcos em Lima e a Universidade do México.
Além dessas duas, a iniciativa privada possuía outras três institui-
ções erguidas ainda no século 16, em Santo Domingo, Quito e Bo-
gotá.
© U4 - Aspectos Socioculturais da Colonização Americana 195
7. A RELIGIOSIDADE HISPANO-AMERICANA
Quando mencionamos os indígenas anteriormente, afirma-
mos que a religião espanhola não se infiltrou de maneira decisiva
nas comunidades rurais. Apesar de o cristianismo apresentar mais
© U4 - Aspectos Socioculturais da Colonização Americana 197
Isso fica bem representado pelo trato firmado pelos 120 tri-
pulantes do navio Mayflower, os chamados “pilgrim fathers”. O
acordo conhecido por “Mayflower Compact" foi assinado por 41
homens protestantes e com formação escolar desenvolvida. Com
as assinaturas, comprometeram-se a seguir leis iguais e justas.
Para Karnal (2003, p. 38):
[...] estes puritanos (protestantes calvinistas) tinham em altíssima
conta a ideia de que constituíam um 'novo Israel': um grupo esco-
lhido por Deus para criar uma nova sociedade de 'eleitos'.
meros filhos, uma média de sete, a família possuía o pai como figu-
ra maior da hierarquia do lar. Contudo, cabia à mãe a organização
da vida cotidiana, da confecção das roupas dos pais e filhos ao
jantar diário.
Da mesma forma que na América espanhola, as mulheres
não tinham identidade legal, o que as deixava sempre à sombra
dos pais ou dos maridos. Quanto às crianças, a partir dos sete
anos, já eram tratadas como pequenos adultos.
Outra parte significativa da população norte-americana era
formada por negros. Aproximadamente 20% do total de habitan-
tes. Como apresentamos na unidade anterior, ser negro na Amé-
rica era sinônimo de ser escravo, tanto na colônia ibérica quanto
na inglesa.
Entretanto, diferentemente das colônias espanholas, em
que a escravidão negra se vinculou à extração do ouro e também
fortemente à cidade, nas colônias inglesas a presença negra esteve
diretamente vinculada ao campo e à escravidão nas plantations do
sul.
Veja a Figura 18 que representa a escravidão nos Estados
Unidos.
A religiosidade
Conforme já afirmamos, a religiosidade era um elemento
que compunha a vida dos homens europeus da Idade Média e de
boa parte da Idade Moderna. As concepções de vida eram muitas
vezes norteadas por preceitos religiosos, o que fazia com que a
religião fosse mais do que um elemento cultural, regulando a vida
e norteando as ações de homens, mulheres e instituições. Justa-
mente por isso, a religião, naturalmente, confundia-se com a pró-
pria política, como vimos na Unidade 2.
Assim, não há necessidade de explicar o quanto a religião e a
religiosidade foram importantes para a organização da vida social
das colônias americanas. No entanto, o grande diferencial entre
a América Inglesa e a Ibero-América é que, enquanto no mundo
ibero-americano prevaleceu a "unidade" católica, nas colônias in-
glesas houve uma pluralidade de religiões cristãs, predominante-
mente protestantes (puritanos, batistas e quakers).
© U4 - Aspectos Socioculturais da Colonização Americana 209
A educação
A relação do protestantismo com a educação remete-se
a seus primórdios. Quando Martinho Lutero (veja a Figura 21)
compreendeu que o acesso à Bíblia não poderia ser um monopólio
da Igreja, mas uma necessidade de cada cristão, decidiu traduzir o
texto sagrado do latim para sua língua nativa, o alemão. Todavia,
mesmo fazendo isso, Lutero percebeu que existia, ainda, outra
barreira entre o fiel e a Bíblia: o analfabetismo.
Carvalho observava que "no Brasil, há uma escola para 1.356 habi-
tantes, ao passo que nos Estados Unidos há uma escola para 160"
(CLARK, s/d p. 6).
A primeira universidade norte-americana foi Harvard (veja
a Figura 22), fundada em 1636. Houve vinculação da educação
com a religião também na formação dos colégios e universidades.
Como nos lembra Remond (1989, p. 6):
[...] no começo eram instituições com fins essencialmente religio-
sos: serviam à formação dos futuros ministros. Essa marca deixada
pela religião nos primeiros estabelecimentos de ensino não desa-
pareceu inteiramente dos Estados Unidos.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Qual a importância da discussão, proposta nesta unidade, para a sua forma-
ção?
10. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao término da quarta e última unidade da obra
História da América II!
A sociedade colonial americana, tanto a espanhola quanto
a inglesa, era muito mais dinâmica do que foi visto nesta unidade.
Tentamos demonstrar como eram as vidas além das estruturas,
apesar de nós reconhecermos a influência destas no cotidiano das
pessoas.
© U4 - Aspectos Socioculturais da Colonização Americana 215
11. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Pancho Fierro. Disponível em: <http://www.afropop.org/img/world_music/
african_music/webreadypix/pancho_fierro.jpg>. Acesso em: 13 jul. 2011.
Figura 2 Aquarela intitulada Esclavo Aguadero, do pintor colonial Pancho Fierro.
Disponível em: <http://farm1.static.flickr.com/100/314023971_84322cf278_o.jpg>.
Acesso em: 14 jul 2011.
Figura 3 Aquarela intitulada El Médico, do pintor colonial Pancho Fierro. Disponível em:
<http://www.lablaa.org/blaavirtual/todaslasartes/pancho/pancho3.htm>. Acesso em:
14 jul. 2011.
Figura 4 A cidade de Lima no século 17, segundo o cronista Guamán Poma de Ayala.
Disponível em: <http://img.kb.dk/ha/manus/POMA/poma550/POMA1039v.jpg>.
Acesso em: 14 jul. 2011.
Figura 5 Aquarelas intituladas El Hacendado, Mujer a Caballo e El Notario Público, do
pintor limenho da época colonial Pancho Fierro. Disponível em: <http://www.lablaa.org/
blaavirtual/todaslasartes/pancho/pancho3.htm>. Acesso em: 14 jul. 2011.
Figura 6 Aquarelas intituladas Pulperia, Bizcochero e Misturera, do pintor limenho da
época colonial Pancho Fierro. Disponível em: <http://bp1.blogger.com/__gsTkvqIgGM/
R9G9dW5l5dI/AAAAAAAAAC0/k1jOWyzEQZ4/s1600-h/Imagen2.jpg> e <http://www.
lablaa.org/blaavirtual/todaslasartes/pancho/pancho3.htm>. Acesso em: 14 jul. 2011.
Figura 7 Aquarela intitulada Índio de La Sierra, do pintor colonial Pancho Fierro. Disponível
em: <http://www.lablaa.org/blaavirtual/todaslasartes/pancho/pancho3.htm>. Acesso
em: 15 jul. 2011.
Figura 8 Aquarelas intituladas Prueba de Toro Montado e Sirvienta Espulgando a su Ama,
do pintor limenho da época colonial Pancho Fierro. Disponível em: <http://www.lablaa.
org/blaavirtual/todaslasartes/pancho/pancho3.htm>. Acesso em: 15 jul. 2011.
Figura 9 Inca Garcilaso de La Vega. Disponível em: <http://weblogs.clarin.com/
revistaenie-nerdsallstar/archives/0072inca.jpg>. Acesso em: 18 jul. 2011.
Figura 10 Aquarelas Vendedora de Fruta e Jarana Peruana, do pintor limenho da época
colonial Pancho Fierro. Disponível em: <http://www2.uah.es/vivatacademia/images/
n53/figura6.jpg> e <http://blog.pucp.edu.pe/media/1987/20080730-pancho4.jpg>.
Acesso em: 18 jul. 2011.
Figura 11 Missionários catequizando. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.
br/navegando/iconograficos/Jesuitas_catequizando_indios.jpg>. Acesso em: 18 jul.
2011.
Figura 15 Modelo idealizado de colonos norte-americanos, os puritanos. Disponível
em: <http://4.bp.blogspot.com/_sULk00bBODc/R8ygDTL8GwI/AAAAAAAAAFU/
WSGL7tHBAbc/s320/puritanos3[1].jpg>. Acesso em: 18 jul. 2011.
© U4 - Aspectos Socioculturais da Colonização Americana 217
Site pesquisado
CLARK, J. U. O desenvolvimento da política provincial e da educação no período de
transição do Império para a República. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.
unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_048.html>. Acesso em: 18 mar. 2009.
GALINDO, A. F. Aristocracia y Plebe: Lima, 1760-1830. Lima: Mosca Azul, 1984. ______.
Buscando un inca: identidad y utopia en los Andes. In: GALINDO, A. F. Obras Completas.
Tomo III (I). Lima: SUR, 1994.
GILES, T. R. História da educação. São Paulo: EPU, 1987.
KARNAL, L. Estados Unidos: a formação da nação. São Paulo: Contexto, 2003.
MALAMUD, C. Historia de América. Madri: Alianza Editorial, 2005.
REMOND, R. História dos Estados Unidos. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
ROMANO, R. Os mecanismos da conquista colonial: os conquistadores. São Paulo:
Perspectiva, 1973.
VAINFAS, R. Economia e sociedade na América Espanhola. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
WACHTEL, N. Os índios e a conquista espanhola. In: BETHELL, L. (Org.). História da
América Latina: a América Latina Colonial. São Paulo: Edusp; Brasília: Fundação Alexandre
Gusmão, 2004. v. I.