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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental


PHD 2411 – Saneamento I

FILTROS BIOLÓGICOS AERÓBIOS

Roque Passos Piveli


SISTEMAS DE FILTROS BIOLÓGICOS
AERÓBIOS

Decantador Filtros Decantador


Grade Caixa de areia Biológicos Secundário
Primário

Rio
Adensamento

Digestão

Secagem Lodo “Seco”

PHD-2411 Sa neamento I 18
Reator UASB + Filtro Biológico Aeróbio

SISTEMAS DE FILTROS BIOLÓGICOS


AERÓBIOS
Esgoto Tratado

Reator Filtros Decantador


Grade Caixa de areia UASB Biológicos Secundár io

Rio
Lodo

Seca gem

Lodo “Seco”
PHD-2411 Saneamento I 18
TIPOS DE FILTROS BIOLÓGICOS AERÓBIOS

‫ ﻼ‬Filtro biológico Percolador (FBP)


- Não afogado
- Aeração: ventilação natural

‫ ﻼ‬Filtro Biológico Submerso (FBS)


- Afogado
- Aeração forçada: Soprador + Bolha grossa
FILTROS BIOLÓGICOS AERÓBIOS

Bioquímica e Microbiologia

(CH2O)X + O2  CO2 + H2O + (CH2O)Y

(CH2O)X  CH4 + CO2 + H2O + (CH2O)Y + H2 + H3C-COOH + 


Filtro Biológico - Estrutura do Biofilme
MICROBIOLOGIA

- Parte externa do biofilme: bactérias como aerobacter,


flavobacter, pseudomonas e alcalígenes.

- Parte interna do biofilme: bactérias - sphaerotilus natans,


nocárdia e beggiatoa.

- Parte baixa do filtro: bactérias nitrificadoras,


Nitrossomonas e Nitrobacter.

- Outros grupos de microrganismos atuantes:

Fungos: Mucor, Penicillium e Fusarium


Protozoários ciliados: Opercularia, Epystilis e Vorticella.
Micrometazoários: rotíferos.
Filtros Biológicos Percoladores

‫ ﻼ‬Características Gerais
‫ ﻼ‬Dimensionamento
Exemplo de projeto de Filtro Percolador
Filtro Biológico Percolador - Sucre
ETE CAÇADORES - CAMBÉ/PR
Características dos Materiais de Enchimento dos Filtros

Característica/ Área superficial Massa específica


Porosidade
Material específica (m2/m3) (kg/m3)

Pedras 50 - 70 800 - 1450 40 - 60

Plástico 100 - 200 30 - 100 94 - 97


Sistema de Drenagem - Fundo Falso do Filtro
Arranjos Típicos
Equação Fundamental

Sh / So = 10-k.h.(A/Q)^n , em que:

Sh e So : Concentração de substrato (DBO) à profundidade h e à entrada do


filtro, mg/L

k : Constante da velocidade de remoção de substrato, d -1

h : Profundidade do leito, m

A : Área do filtro, m2

Q : Vazão afluente aos filtros, m3/d

n : Característica do material de enchimento, n = 0,44 para pedras e 0,67 para


anéis plásticos.

k varia entre 0,12 e 0,2 d-1 para esgoto sanitário a 20oC. Para outras
temperaturas corrige-se k através de: kToC = k20oC * 1,08(T – 20)
Estudos em Laboratório

So / Sh = 10k.h.(A/Q)^n
n
log (So / Sh) = k.h.(A/Q)

Portanto, lançando-se em gráfico log (So / Sh) contra


n
h x (A/Q) tem-se uma reta cujo coeficiente angular
corresponde ao valor de k.
Equação de Eckenfelder

Sh / So = 10-K.h.(Sa^m).(A/Q)^n Em que:

K: Constante da velocidade da reação, m/d


h: profundidade do leito, m
Q: Vazão, m3/d
A: Área superficial do filtro, m2
Sa : Área superficial específica do material de
enchimento, m2/m3

m e n : Características do material de enchimento.


Metcalf & Eddy recomendam usar m = n = 1,
caso não se tenham dados mais específicos.
FILTROS PERCOLADORES DE ALTA TAXA
3 2
Carga Hidráulica 10 – 40 (m /m /dia)

0,3 – 1,2
Carga Volumétrica de DBO (kgDBO/m3/dia)

Profundidade do Leito 2,0 – 4,0 (m)

Material de Enchimento pedra/plástico


Recirculação de esgoto tratado para os filtros biológicos

Balanço de massa na entrada do filtro:

Q * So + Q r * S e = ( Q + Q r ) * S i Em que:

So = DBO do afluente ao filtro, antes da mistura com o reciclo


Se = DBO do efluente final, após o decantador secundário
Si = DBO do afluente ao filtro, depois da mistura com o reciclo
Q = Vazão média de esgoto sanitário
Qr = Vazão de recirculação de esgoto tratado

Dividindo-se pela vazão média de esgotos (Q):

S o + r * Se = S i * ( 1 + r )

Si = ( So + r * Se ) / ( 1 + r )
Exercício de dimensionamento

Filtro Biológico Percolador de alta taxa

Dados:
 População atendida: 38.900 hab

 Carga de DBO dos esgotos: 2100 kg/dia

 Vazão média de esgotos: 101,7 L/s = 8789 m3/dia

 DBO = 2.100 / 8789 = 0,239 kg/m3 = 239 mg/L


a) Determinação da vazão de recirculação

Admitindo-se a DBO dos esgotos à entrada dos filtros, após a


mistura com o fluxo de recirculação, Si = 100 mg/L e a DBO dos
efluentes finais, Se = 20 mg/L, tem-se:

Si = ( So + r * Se ) / ( 1 + r )

100 = ( So + r * 20 ) / ( 1 + r )

DBO dos esgotos: 239 mg/L


Eficiência dos decantadores primários na remoção de DBO: 30%
DBO dos esgotos à entrada dos filtros: So = 0,7 x 239 = 167 mg/L
Portanto,
r = 0,84  Qr = 85,2L/s = 307 m 3/h = 7.361 m3/dia
a) Determinação da carga de DBO afluente aos filtros:

Carga DBO = ( Q + Q r ) x Si = ( 8789 + 7361 ) x 0,1 kg/m3 =


1.617 kg/dia

b) Determinação do volume útil

Considerando-se enchimento com brita 4, será usada a taxa de


aplicação volumétrica de DBO de 0,8 kg/m3.d. O volume útil de
filtros necessário será:

VF.B. = 1.617 / 0,8 = 2.020 m3


Considerando-se a profundidade do útil de 2,30 m, a área necessária
será:

AF.B. = 2.020 / 2,30 = 880 m2

Deverão ser utilizados dois filtros de 24 m de diâmetro, perfazendo a


área de 2 x 450 = 900 m2 e volume de 1.040 m3 por filtro.

a) Verificação da taxa de escoamento superficial, com base na


vazão média de esgotos:

Qméd. / As = (8789 + 7361) / 900 = 18 m3/m2/d


a) Área necessária de aberturas para ventilação:

Aabert = 0,01 x AF.B. = 0,01 x 450 = 4,5 m2

b) Área de drenagem dos esgotos à saída do filtro:

Adren = 0,15 x AF.B. = 0,15 x 450 = 67,5 m2


FILTROS BIOLÓGICOS AERADOS
SUBMERSOS

Vazão média de esgoto: 11.625 m3/d


Carga de DBO = 1.037 kg/dia

Taxa de aplicação de DBO por área de enchimento


CA  12 g DBO/m²xdia

Enchimento com anéis plásticos:


Área superficial específica de 120 m²/m³:
CV  1,4 kg DBO/m3xdia

VFB = 1.037 / 1,4 = 740 m3


Sistema de aeração

A aeração será através de tubos perfurados, com


saídas laterais e horizontais de ar, ou através de
difusores de bolha grossa, sempre mais próximo à laje
de suporte das pedras.

A saída de ar deverá estar sempre acima da tubulação


de alimentação de esgoto, para evitar subida do ar pela
tubulação de alimentação.
NECESSIDADE DE OXIGÊNIO

Os filtros operarão como sistema biológico aeróbio e sem


nitrificação, requerendo cerca de 1,0 kgO 2/kgDBO
removida.

Considerando, por segurança, DBO do efluente de 20 mg/L, a


necessidade de oxigênio será:

NEC.O2 = (1.037 – 11.625 x 0,02) x 1,0 = 804,5 kgO 2/dia =


34 kgO2/hora

Aeração com bolhas grossas

Para HU = 2,8 m de enchimento + 0,7 de água: 0  12%


 = 0 x 
  0,6 * 0,12 = 0,07 ou   7%

A necessidade de introdução de oxigênio


será:
34 / 0,07 = 500 kgO2/hora = 2.176 kg
ar/hora = 1.814 Nm3ar/hora = 30 Nm3/min

Para atender às horas de pico, será


considerada a vazão de ar de 37 Nm3
ar/minuto (+ 20%) e pressão de 5 m.c.a.
- PRODUÇÃO DE LODO NOS FILTROS BIOLÓGICOS

X = 0,7 kg SS/kg DBO aplicada

X = 0,7 x 1.037 = 726 kgSS/d


DECANTADOR SECUNDÁRIO

Para efluentes de filtros biológicos, que podem


ser aplicados para filtros biológicos submersos
aerados, o parâmetro básico de
dimensionamento é a taxa de escoamento
superficial, qA.

Pela NBR 12.209 – qA  24 m3/m2xdia

ADS = 11.625/24 = 484 m2


MBBR / IFAS
Qual a diferença?

• MBBR (Moving Bed Biofilm Reactor)

Somente biomassa aderida


(não tem retorno de lodo)

• IFAS (Integrated Fixed-Film Activated Sludge)

Biomassa em suspensão + aderida


(tem retorno de lodo)
Lodo ativado x IFAS

Tecnicamente: resultados semelhantes

Lodo ativado: Maior volume de tanques


Custos de
implantação IFAS: Necessidade da mídia móvel

Custos de
IFAS: Maior consumo de O2 (ODTA = 3,0 mg/L)
Implantação
Relação entre taxa de nitrificação e
concentração de oxigênio dissolvido em sistema com MBBR
(Rusten et al, 1995)
Mídia Móvel

liso

ranhuras

Área superficial específica de 300 - 600 m²/m³


‫ ﻼ‬Condições de Projeto

‫ ﻼ‬% mídia móvel em relação ao volume do tanque: 30 a 70%

‫ ﻼ‬Quantidade de biomassa formada: 12 gSSV/m2

‫ ﻼ‬Taxa de aplicação até 15 g DBO/m2.d

até 1,0 g N/m2.d (para nitrificação)

‫ ﻼ‬Necessidade especial: Telas de retenção da mídia

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