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A PRODUÇÃO

SERIGRAFICA DE
DIONÍSIO DEL
SANTO
DIONÍSIO DEL SANTO
 Capixaba radicado no Rio de Janeiro:
 Nasceu em Colatina, 31 de janeiro de 1925.
 Estudou no Seminário de São Francisco de
Assis, município de Santa Teresa- ES.
 Primeira tentativa de ir ao Rio de Janeiro-
Escola de Belas Artes- 1942;
 Retoma aos estudos em uma escola formal.
 É convocado para o serviço militar no Terceiro
Batalhão de Caçadores, em Vila Velha, em
1946;
DIONÍSIO DEL SANTO
 Frequenta exposições e mantém contato com
artistas;
 Conhece o pintor capixaba Alcebíades Ghiu,
radicado no Rio de Janeiro;
 Retorna ao Rio de Janeiro, lá ele passa a
frequentar cursos livres de curta duração;
Apesar de não ter uma formação
acadêmica, mostrou-se um artista aplicado, o
que o ajudou na escolha de caminhos a seguir
e na definição da sua linguagem artística.
DIONÍSIO DEL SANTO
 Estada no Rio de Janeiro:
 trabalho industrial das artes gráficas;
 ampliações de cartazes, posteriormente
oficina de serigrafia;
 adquire um virtuosismo técnico;
 executa impressões de projetos de
outros artistas: Scliar, Glauco Rodriges,
Anna Letycia, Rubens Gerchman,
Carlos Vergara
CONSTRUÇÃO DE SUA PRÓPRIA
POÉTICA

 Através da manipulação das serigrafias,


descobriu que este meio poderia
proporcionar-lhe múltiplas
possibilidades de criação, que iriam
além, do recurso mecânico de
multiplicação.
ARTISTA- ARTESÃO
 Encarar o trabalho do artesão como parte da
criação da obra;
 Conscientizou-se que ele não se restringia a
imprimir o trabalho de outros artistas, mas interferia
nesses com o seu próprio conhecimento.
 Considera a prática artesanal indispensável à
criação serigráfica;
“[...] Quando o próprio artista é o artesão, a
serigrafia pode se oferecer como uma técnica
aberta e experimental, e deste modo ultrapassar a
dimensão meramente gráfica” (DEL SANTO, 1985).
POÉTICA PESSOAL DE DIONÍSIO
DEL SANTO
 Inclinação pelas formas figurativas;
 Mundo simbólico das figuras;
 O tema rural:
 animais mortos, feras, vítimas e
pássaros,
 lembranças de sua infância no interior:
vacas, flores, lenhadores, pastores e
cavaleiros.
PRODUÇÃO ARTÍSTICA: GRAVURAS

 Xilogravura;
 Serigrafia;

“A gravura transformava-se no
seu verdadeiro laboratório de
experimentação e de criação”.
XILOGRAVURAS
 Início dos anos cinquenta;
 Lançou mão do uso expressivo de linhas
que acompanhou toda sua produção
posterior ;
 As linhas constroem os planos e definem
as figuras;
 As áreas negras, comuns às xilogravuras,
nas obras de Dionísio Del Santo quase não
aparecem e a linha destaca-se na obra.
Dionísio Del Santo. Cachorro Morto.
Xilogravura, 22,5 x 30,5 cm, 1959. MAES.
SERIGRAFIAS
 Diversas fases de sua produção, em especial
no período que vai de 1966 a 1997;

 Dá à serigrafia um estatuto de arte;


O processo serigráfico mostrou-se como
um meio autônomo de criação, que pode levar
a resultados imprevistos, além de demonstrar
uma linguagem particular do artista.
SERIGRAFIAS
 Levou a manipulação desta técnica à
ampliação desse recurso, com sua
pesquisa descobriram maneiras de
manipular as formas, e a cada
impressão surgia uma nova obra.
 Permutações:
 jogo de formas e cores, e conseguiu
fazer nascer de cada impressão uma
nova imagem.
SERIGRAFIAS-
PERMUTAÇÕES
 Usava uma mesma matriz para fazer
impressões com uma vasta variação de
cores, mantendo a mesma estrutura
formal e modificando a imagem através
das cores.
 O artista lançou mão do uso da inversão
de matrizes que produzia versões
imprevistas do projeto original.
Dionísio Del Santo. Moça e flores-tiragem 51/150. Dionísio Del Santo. Moça e flores. Serigrafia, 54 x 38
Serigrafia, 54 x 38 cm, 1970. Dan Galeria (SP). cm, 1970. Dan Galeria (SP).
SERIGRAFIAS
 Explorou a serigrafia de modo a lhe
conferir uma grande estrutura plástica.
Para ele, “o interesse máximo da
serigrafia deve basear-se, portanto, em
seu ângulo criativo e inovador” (DEL
SANTO, 1985).
 Del Santo promoveu a serigrafia, dentro
do mundo das artes, por acreditar no seu
caráter inventivo que deveria ser
dominado pelo artista pesquisador.
Fases e Obras
Geométricas Figurativas
 Vocabulário plástico repleto de figuras
geométricas:
 temas: homem, mulher, criança a
cavalo, um cão.
 personagens com formas geométricas:
círculos, quadrados e retângulos, que
se integram com o forte colorido.
 cores alegres e fortes; vermelhos, azuis,
verdes, amarelos e marrons.
Geométricas Figurativas
 São signos que pertencem a um
vocabulário individual do artista.
 Essas figuras não intencionam retratar o
mundo real, o artista as constrói por
meio da síntese ou estilização das
formas geométricas, elas buscam
simbolizar o mundo pessoal do artista.
Dionísio Del Santo.
Viagem. Serigráfia s/ papel.
56 x 46 cm, 1973. Dan
Galeria
Geométricas Figurativas
 Revelam tramas lineares de caráter
exclusivamente gráfico;
 Em algumas delas aproveitava o branco
expressivo do fundo;
 Em outras superpõe as tramas lineares de cores
diferentes causando-lhes uma ativação visual,
numa articulação essencialmente ótica.
 Nessas composições o artista integra elementos
figurativos a tramas lineares, utilizando-se de
cores puras, chapadas e sem gradações.
Dionísio Del Santo. Viagem – Tiragem Dionísio Del Santo. Viagem – Tiragem 73/
21/121: Serigrafia s/ papel, 48 x 34 cm; 120. Serigrafia s/ papel, 46 x 34 cm, 1970.
1970. Dan Galeria (SP). Dan Galeria (SP).
Dionísio Del Santo. Cena Silvestre. Serigrafia
sobre papel, 70 x 50 cm, 1970. Museu de Arte
do Espírito Santo (MAES).
TINTAS TRANSPARENTES
 Possuem um efeito rico de texturas como as
tintas de uma pintura e causam efeitos de
superposição;
 alcança variedades tonais, dégradés e nuances
de cores que jamais seriam alcançadas com as
tintas opacas;
 As formas geométricas lhe garantem maior
liberdade para trabalhar com esses recursos
cromáticos, com as transparências das cores
atinge a transparência das formas, que agora
parecem movimentar-se no espaço.
TINTAS TRANSPARENTES
 Nessas composições cria
superposições de quadrados, triângulos
e círculos que se tornam visíveis na
superfície da imagem dependendo da
estrutura cromática.
 Criar uma terceira cor, puramente
visual, que surge com a aproximação de
formas ou sobreposição das cores.
Dionísio Del Santo. Dobra Dionísio Del Santo. Dobra
transparente- Permuta XVII 1/1. transparente- Permuta IVI 1/1.
Serigrafia s/ papel, 44 x 44 cm, Serigrafia s/ papel, 44 x 44 cm,
1983. Dan Galeria (SP). 1983. Dan Galeria (SP).

Dionísio Del Santo. Dobra Dionísio Del Santo. Dobra


transparente- Permuta LXXI 1/1. transparente- Permuta XX 1/1.
Serigrafia s/ papel, 44 x 44 cm, Serigrafia s/ papel, 44 x 44 cm,
1984. Dan Galeria (SP). 1984. Dan Galeria (SP).
Vibrações
 As linhas paralelas vão conferir
efeitos vibratórios. Caracterizam-
se pelos resultados óticos do
jogo entre formas e cores.
 Aproximações com a Op Art.
Dionísio Del Santo. Halo expansivo-
tiragem: 118/134; Permutação XXIV
416. Serigrafia sobre papel, 46 x 46
cm, 1973. Dan Galeria.
Jano Binfronte
 Volta a utilizar temas figurativos.;
 Jano:
Deus tutelar de tudo que se inicia, e regente ainda
daquilo que regressa ou se fecha, assim controlava tanto
o passado como o presente. Parte da tradição Romana
como o Deus da iniciação nas artesanias. Havia também
nesse tema, implicações astrológicas, que lhe remate o
título “senhor do passado, presente e futuro”.
 Composição plástica: figuras geométricas planas, mas
com uma insinuação figurativa;
 Ambigüidade entre figuração e abstração; entre figura e
fundo.
Dionísio Del Santo. Jano Binfornte, senhor do tríplice tempo: passado, presente e futuro-
(Januarius- Janeiro); Permuta LIX= 1/1. Serigrafia, 42 x 60 cm, 1980. Dan Galeria.
Matriz Espontânea
 Possibilitaram criar um número ilimitado
de impressões:
A partir de papéis recortados ou
rasgados uma nova matriz surge e dá
origem a inúmeras outras imagens.
 Fragmentação das formas geométricas e
com elas surgiram novos elementos
gráficos. Esses elementos criaram
composições movimentadas e vibrantes.
Matriz Espontânea
 Os fragmentos poderiam ser
distribuídos de maneira
conscientemente controlada ou
casualmente;
No trabalho tido no arranjo dos elementos
sobre a folha de papel que leva essa
composição para a tela de nylon.
Dionísio Del Santo. Sem título, serigrafia, 50x50
cm, 1978. Museu de Arte do Espírito Santo
(MAES).
Dionísio Del Santo. Fragmentos- Permuta
XXXVIII: 1/1. Serigrafia, 62 x 42 cm, 1975. Dan
Galeria.
INTRODUÇÃO DE MATERIAL
PLÁSTICO
 Introdução da matéria como possibilidade plástica:
 o pó de grafite junto com as tintas serigráficas vai
ocasionar texturas e efeitos visuais variados;
 As formas vão se ampliando, vão ficando mais
livres e criam diferentes figuras.
 Há uma restrição no uso das cores, com a
introdução da matéria, elas se tornam mais
densas e soturnas, ao invés dos habituais
vermelhos, laranjas, verdes, surgem tons escuros
como: cinzas, verde- escuro azul- escuro e preto.
Dionísio Del Santo. Sem titulo.
Serigrafia sobre papel, 44,5 x 44,5 cm,
1994. Museu de Arte do Espírito Santo
(MAES)
Dionísio Del Santo. Sem titulo. Serigrafia sobre papel, 70 x 50 cm, 1997. Museu
de Arte do Espírito Santo (MAES).
INFLUÊNCIAS
 Concretismo;
 Neoconcretismo;
 Op Art
Dionísio Del Santo. Estrutura. Oléo s/
tela, 60 x 60 cm, 1957. Coleção João
Sattamini. MAC- Nitéroi.
CONCRETISMO
 Não vincula-se a grupos, mas mantém características
essenciais ao concretismo:
 mesmo produzindo uma arte geométrica pura, não
consiguia renunciar ao vocabulário figurativo;
 sua obra evolui para a retirada de toda figuração,
chegando à construção de pinturas onde utilizava
apenas as formas geométricas;
 características presentes em sua produção: uso das
formas geométricas, das linhas e de cores puras.
 fase de maior aproximação do artista com a produção
concreta foi das pinturas pertencentes à série
“vermelha e branca”.
NEOCONCRETISMO
 Não podemos o incluir forçosamente na produção
Neoconcretista, visto que sua produção não parece
querer comunicar aspecto subjetivo, ela se completa
pelo seu resultado visual, sua plasticidade;
 Traz para sua obra concreta um novo elemento,
linhas figurativas.
 Porém, ele não deixa de considerar a pintura dentro
de suas noções tradicionais, o espaço bidimensional
continua regendo sua produção. A concepção de tela
não se altera e Dionísio Del Santo não chega à
construção de objetos como fez alguns outros
artistas neoconcretistas.
Dionísio Del Santo. S/ título.
Tiragem: 8,11,14/20. Serigrafia
s/ papel, 52 x 36 cm, 1968. Dan
Galeria- SP.
OP ART
 Assume características ópticas:
 esses efeitos ópticos apareceram claramente,
no uso de linhas ou na construção das matrizes
espontâneas, onde utilizava pequenos pedaços
de papéis;
 Mas foi apenas com as pinturas intituladas
“Cordéis” que os efeitos ópticos se manifestam
mais efetivamente em sua produção. Nesses
trabalhos o movimento torna-se um novo
elemento da obra e o espectador participa de
sua construção.
CURSOS MINISTRADOS
 OBJETIVOS:
 mostrar os recursos práticos e plásticos
que a serigrafia poderia oferecer como
possibilidade de criação autônoma;
 Além de ensinar o manuseio técnico da
serigrafia ele dialogava com seus alunos
a respeito da criação, seu principal
objetivo era mostrar que a técnica era
impulsionadora do processo de criação.
CURSOS MINISTRADOS
 Cursos de serigrafia ministrados em paralelo
com as exposições que realizava de suas obras:
 Professor, durante anos, de uma oficina de
serigrafia na Escola de Artes Visuais do Parque
Lage;
 Cursos de “Serigrafias-Matriz espontâneos”:
 1977, promovido pela Galeria de Arte e Pesquisa
da Universidade Federal do Espírito Santo;
 1993, 5º Festival de Verão de Nova Almeida-
UFES.
Dionísio Del Santo

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