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CHROMOS 2023

ARTE 3ª SÉRIE

TROPICÁLIA
MODERNISMO BRASIL
LAND ART

Mayra Lino mayralsfonseca@Hotmail.com


TROPICÁLIA
Ao se falar em Tropicalismo é mais comum associar o movimento à sua
produção musical que, realmente, se tornou a área mais expressiva dessa
corrente artística entre o grande público. Porém, foi nas artes plásticas que a
palavra Tropicália ganhou significado inicial e adquiriu as feições gerais que
mais tarde a consagrariam.
Em abril de 1967, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro recebia a
exposição Nova Objetividade Brasileira, e nela Hélio Oiticica, que se tornaria
o maior nome das artes plásticas do tropicalismo, apresentava a instalação
Tropicália, um ambiente em forma de labirinto com plantas, areia, araras, um
aparelho de TV e capas de Parangolé (um tipo de obra de arte feita para ser
usada como roupa).
Tropicália, Hélio Oiticica
O País passava pelo período de ditadura militar e isso se refletia na
mostra. Se tratava de uma resposta ou uma provocação contra as
condições de vida dentro de uma sociedade determinada por um trabalho
autoritário e com uma parcela significativa da população vivendo na
pobreza à margem da modernidade industrial. Depois de "Tropicália", a
obra, surge "Tropicália”, a música de Caetano Veloso, que daria título ao
movimento. Podemos observar músicas, obras que de arte compostas por
muitas alegorias e metáforas que tinham como objetivo driblar a censura.
Álbum "Caetano Veloso" de 1967 que inclui a faixa "Tropicália"
As artes visuais tropicalistas possuem como característica o uso da emoção e simplicidade com o uso de
elementos tipicamente brasileiros. Os artistas dessa corrente buscavam passar sua mensagem e ideologia
em suas obras de modo compreensível para as massas, sem a presunção de querer elevar o gosto médio
do público e muitas vezes era incentivada a interação do espectador com a obra.
Muitos dos envolvidos com o movimento eram do círculo do concretismo brasileiro e é possível notar
uma influência dessa vanguarda nas produções tropicalistas. A principal meta desses artistas era a
produção de uma arte de vanguarda que não tivesse que copiar as técnicas e ideias dos grandes centros
internacionais, mas falasse ao povo brasileiro e que impusesse uma imagem tipicamente nacional, que
exaltasse a identidade artística brasileira.
"Tropicália é a primeiríssima tentativa consciente, objetiva, de impor uma imagem obviamente
brasileira ao contexto atual da vanguarda e das manifestações em geral da arte nacional. Tudo
começou com a formulação do Parangolé, em 1964, com toda a minha experiência com o samba,
com a descoberta dos morros, da arquitetura orgânica das favelas cariocas (e conseqüentemente
outras, como as palafitas do Amazonas) e principalmente das construções espontâneas, anônimas
nos grandes centros urbanos – a arte das ruas, das coisas inacabadas, dos terrenos baldios, etc."

Hélio Oiticica
Capa do catálogo da exposição da Semana de Arte Moderna, 1922
Di Cavalcanti
Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros - USP - Arquivo Anita
Malfatti

A Semana de Arte Moderna apresenta-se como a primeira


manifestação coletiva pública na história cultural
brasileira a favor de um espírito novo e moderno em
oposição à cultura e à arte de teor conservador,
predominantes no país desde o século XIX.

O movimento modernista brasileiro esteve diretamente


ligado ao contexto histórico da época – as obras tanto na
literatura, na música como nas artes plásticas buscavam
por um identidade artística brasileira sem negar a
modernidade e a industrialização.
Alguns artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922:

• Mário de Andrade (1893-1945)


• Oswald de Andrade (1890-1954)
• Graça Aranha (1868-1931)
• Victor Brecheret (1894-1955)
• Plínio Salgado (1895-1975)
• Anita Malfatti (1889-1964)
• Menotti Del Picchia (1892-1988)
• Ronald de Carvalho (1893-1935)
• Guilherme de Almeida (1890-1969)
• Sérgio Milliet (1898-1966)
• Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
• Tácito de Almeida (1889-1940)
• Di Cavalcanti (1897- 1976)
• Guiomar Novaes (1894-1979)
• Zina Aita (1900-1967)
Anita Malfatti
Anita Malfatti foi uma grande artista plástica do modernismo brasileiro. Anita teve uma grande participação na Semana
de Arte Moderna de 22, onde expôs muitas de suas obras, totalizando 20 telas.
Com certeza, você conhece ou pelo menos já viu alguma obra de Anita Malfatti. Essa artista utilizava muitas cores puras
e vibrantes em suas obras que visavam expressar temas do cotidiano.
Algumas das obras de Anita que se destacaram no modernismo foram: O homem amarelo (1915-16), O Farol (1915), O
homem de sete cores (1916) e Mário de Andrade I (1922).
"O Homem Amarelo" (1917)
TROPICAL 1917
Tarsila do Amaral
Junto de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral foi uma grande artista plástica do modernismo brasileiro. Tarsila tinha uma
grande habilidade de concretizar os ideais modernistas unidos à brasilidade de suas obras.
Tarsila do Amaral reunia ingredientes brasileiros em suas obras. Esses ingredientes eram, por exemplo, tipos e costumes
“caipiras”, paisagens e aspectos da cidade grande.
Além disso, esses ingredientes eram tratados através de construções cubistas nas obras. O cubismo foi muito absorvido
por Tarsila quando ela decidiu se aprofundar nos ideais modernistas.

As principais obras modernistas de Tarsila do Amaral são: A Negra (1923), A Cuca (1924), Morro da Favela (1924) e
Abaporu (1928).
Cândido Portinari
Cândido Portinari foi mais um grande artista plástico do modernismo brasileiro. Cândido retratava em suas obras as
questões sociais do Brasil fazendo uso do surrealismo e cubismo.
Além disso, Cândido valorizava as tradições da pintura em suas obras utilizando elementos artísticos da arte moderna
europeia.
Algumas das principais obras modernistas de Cândido Portinari são: Serenata (1925), Mestiço (1934), Café (1935) e O
Lavrador de Café (1939).

Portinari pintou quase cinco mil obras e conseguiu prestígio nacional e


internacional dificilmente igualado no Brasil.
Sua produção retrata principalmente questões sociais. Alguma vertentes
da arte como o realismo, cubismo, surrealismo e muralismo mexicano
serviram de inspiração para o artista.
Tornou-se renomado ao explorar temáticas brasileiras que incluem a luta
das classes dos trabalhadoras nas plantações, favelas e cidades.
Além disso, produziu obras relacionadas com as lembranças de infância
em sua terra natal.
Portinari pintou os dois painéis Guerra e Paz (1953-1956) com aproximadamente 10 x 14 m cada um
Victor Brecheret
Victor Brecheret foi um grande escultor e precursor do movimento modernista brasileiro. As obras de Victor são
marcadas pelo uso de diferentes técnicas. Durante a Semana da Arte Moderna de 22, Victor estava em Paris à estudos,
mas mesmo ausente, teve 12 esculturas expostas.
Quanto às características das suas obras, temos a geometrização das formas, que foi uma característica muito marcante
nas suas esculturas a partir de 1923. Além disso, em algumas de suas obras, é possível notar a assimilação de temas e
características formais relacionadas às culturas indígenas.
Algumas das esculturas modernistas mais famosas de Victor Brecheret são: Ídolo (1919), Eva (1919), Diana Caçadora
(1920) e Monumento ao Duque de Caxias (1941).
Monumento às bandeiras (1953)
Rubens Gerchman foi um artista plástico brasileiro, descendente de suecos, ligado a tendências
vanguardistas como o pscicodelismo e influenciado pelo pop-art, arte concreta e neoconcreta. O artista usou ícones
de futebol, televisão e política em suas obras.
Pintor, desenhista, gravador, escultor. Com tendências vanguardistas e elementos quase sempre extraídos da
realidade cotidiana, a obra de Rubens Gerchman privilegia temas da vida popular da metrópole. Contaminado pelo
universo da cultura de massa, retrata as multidões e o mundo impresso das páginas dos meios de comunicação.

Foi um dos artistas brasileiros a usar o estilo Pop Art, através de suas obras com temas e formas do cotidiano.
Nessa obra, operários são
retratados com os dizeres “Não
há vagas”. Rubens
Gerchman faz uso da crítica
social com soluções gráficas de
grande apelo popular, no caso, a
pop arte brasileira. Os rostos
não têm individualidade e o
grupo de pessoas se acumula à
direita da tela, dando a ideia de
massa, de crise para uma
maioria. O fundo em verde
amarelo contrasta com a cor dos
Não Há Vagas (1965), de Rubens Gerchman personagens em preto e
vermelho.
Di Cavalcanti, 1897-1976, Rio de Janeiro.
Di Cavalcante foi pintor, desenhista, ilustrador, muralista e caricaturista brasileiro. Sua arte tem como características as
cores vibrantes, formas sinuosas e temas tipicamente brasileiros como carnaval.
O artista é um dos principais e mais ilustres representantes do modernismo brasileiro.

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo conhecido como Di Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro, foi
eleito o melhor pintor brasileiro na Bienal de São Paulo de 1953, e foi um dos idealizadores da Semana de 22.
Também teve contato com diversos pintores internacionalmente conhecidos como Picasso e Matisse, em suas viagens
pela Europa. Gostava de pintar festas populares, favelas, operários, em telas que passavam uma constante sensação de
alegria e celebração.
"Cinco Moças de Guaratinguetá" (1930)
LAND ART
A Land Art (em inglês Earth Art ou Earthwork) é um movimento artístico marcado pela junção da natureza com a
arte. Ele surgiu na década de 60 nos Estados Unidos e na Europa.
O termo “land art”, se traduzido, corresponde a “arte da terra” e tem como característica a possibilidade da utilização
de recursos da própria natureza para a criação da obra de arte.

Em outras palavras, a land art surge a partir da fusão e integração da natureza e da arte, onde a natureza, além de
suporte, faz parte da criação artística.

O intuito era chamar atenção para a grandiosidade da natureza como local central de experimentação artística, bem
como para a ocorrência da efemeridade dessa arte.
Importante destacar que, ao contrário da arte exposta nos museus, a land art propõe ultrapassar as limitações do
espaço tradicional ao sair deles.
Assim, ela é realizada em espaços exteriores e, devido suas grandes dimensões, só é possível conhecê-las por meio de
fotografias e vídeos.

•Fusão da arte com a natureza


•A natureza (espaço exterior) é o meio do suporte artístico
•Efemeridade da arte (desgastada com o tempo desde chuva, neve, erosão)
•Crítica à indústria cultural e a comercialização da arte
•Crítica à industrialização e racionalidade formal
•Oposição à arte apresentada nos museus
•Utilização de recursos naturais
Walter de Maria (1935-2013)
Artista estadunidense, foi um dos pioneiros da land art com
sua obra mais representativa, realizada no novo México,
denominada “O Campo dos Raios” (1977).

Ela é composta por 400 barras de aço (série de para-


raios) em campo aberto que formam uma malha de
aproximadamente 1 km.
Robert Smithson (1938-1973)
Um dos maiores representantes da Land Art com
o exemplo mais conhecido de obra da land art, a
“Plataforma Espiral” (1970), construída no
Grande Lago Salgado em Utah, Estados Unidos.

Trata-se de uma gigantesca espiral, uma


escultura de terraplanagem feita de pedra e areia
que adentra no mar com um comprimento de
457,2 metros e largura de 4 metros.
Michael Heizer (1944)
Artista contemporâneo
estadunidense, considerado um dos
pioneiros da land art.

O“Duplo Negativo” (1969) configura sua obra de terraplanagem mais famosa, realizada no Deserto do Nevada,
Estados Unidos. Segundo o artista californiano:

“Acho que a terra é o material com o maior potencial, porque é o material de fonte original.”
Christo e Jeanne-Claude
Christo Vladimirov Javacheff (1935) é escultor e designer búlgaro e Jeanne-Claude Denat de Guillebon (1935-2009) foi uma escultora
marroquina.
Eles formaram um casal de artistas que ficaram conhecidos por suas famosas instalações de land art. Eles utilizam a técnica de
embrulhar, como na obra em que o Arco do Triunfo é embrulhado.
Richard Long (1945)
Escultor e pintor inglês é um dos mais proeminentes artistas da
land art. Explora muito em seu trabalho as formas geométricas
desde círculos, linhas e espirais, sendo muito famosa suas
esculturas de pedras.

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