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ANÁLISE DOS MOVIMENTOS HISTÓRICOS NO ENSINO SUPERIOR

A HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE NO BRASIL

Unidade I

Prof. Dr. Fernando Henrique Cavalcante de Oliveira


 Antes de estudarmos os movimentos históricos do ensino superior no
Brasil, é mister considerar aqui os períodos históricos de nossa nação.
Sendo assim, podemos dividir nossa história em:
1) Brasil Colônia
2) Brasil Império
3) Brasil República (Velha)
4) Brasil Estado Novo
5) Brasil Regime Militar
6) Brasil – Redemocratização
7) Brasil Nova República
A PRIMEIRA UNIVERSIDADE NO BRASIL

 A primeira tentativa de criação de uma Universidade no Brasil partiu dos jesuítas, no século
XVI devido a necessidade de enviar os alunos graduados em seus colégios para as
universidades europeias, mormente Portugal, para completar seus estudos.

 Em 1597, o colégio da Bahia recebeu autorização de Roma para conceder o grau


acadêmico de mestre em Artes. Todavia, a ideia de universidade continuava distante
(FÁVERO, 2000, p. 18). A segunda tentativa para criação de uma universidade estava
vinculada aos planos da Inconfidência Mineira, também sem sucesso. Outra tentativa ocorreu
com a chegada da Coroa Portuguesa na Bahia.
PROCESSOS HISTÓRICOS

 Após a Independência, em 1822, planos e projetos foram apresentados sobre a necessidade de criação
de instituições universitárias do Brasil; porém, a situação indefinida continuaria inalterada durante todo
período imperial.
 Um projeto promissor foi apresentado na primeira Assembleia Geral Constituinte de em 1823:
 A Assembleia Geral Constituinte e legislativa decreta:
1) Haverá duas universidades, uma na cidade de São Paulo e outra na de Olinda, nas quais se ensinarão
todas as ciências e belas-artes;
2) Estatutos próprios regularão o número e o ordenado dos professores, a ordem e o arranjamento dos
estudos;
3) Em tempo competente se designarão os fundos precisos a ambos os estabelecimentos.
4) Entretanto, haverá desde já, um curso jurídico na cidade de São Paulo, para
o qual o governo convocará mestres idôneos, os quais se governarão
provisoriamente pelos estatutos da Universidade de Coimbra, com aquelas
alterações e mudanças que eles, em mesa presidida pelo Vice-Reitor, julgarem
adequadas às circunstâncias e luzes do século.

5) Sua Majestade, o Imperador, escolherá dentre os mestres um para servir


interinamente de Vice-Reitor.
 A Escola Politécnica do Rio de Janeiro originariamente Academia Real militar, instituída
em 4 de dezembro de 1810, transformada em 1874 na Escola Politécnica.
 A Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro criada em 2 de abril de 1808, transformada
em 1832 na Faculdade de Medicina.
 A Faculdade de Medicina da Bahia criada em 18 de fevereiro de 1808 como Escola de
Cirurgia no Hospital Real, transformada em 1832 na Faculdade de Medicina.
 A Faculdade de Direito de São Paulo criada em 11 de agosto de 1827 como Curso de
Ciências Jurídicas e Sociais, transformada em Faculdade em 1854.
 A Faculdade de Direito do Recife criada em 11 de agosto de 1827 como curso de
Ciências Jurídicas e Sociais de Olinda e transformada em Faculdade em 1854, transferindo-
se para o Recife.
 Escola de Minas de Ouro Preto criada em 6 de novembro de 1875.
“A ideia de universidade não se reduz em sua realização
objetiva à concentração, em certo e determinado local de
três, quatro ou cinco estabelecimentos de ensino superior.
Deve ser a tradução da síntese do saber, ligadas entre si
as partes integrantes das instituições de que ela há de se
compor, são relacionadas estas umas com as outras, de
modo que constituam um todo harmônico, animado no
mesmo espírito, e tendendo ao mesmo fim. Deve ser um
foco luminoso, cuja radiação se prossegue por todo
Fonte: Rui Barbosa foi um notável jurista e político brasileiro. Império. Deve ser o centro pedagógico e o motor da
Keystone Brazil/Everett Collection inspeção que promoverá e realizará, como convém, a
uniformidade; é a um tempo garantia de ordem, condição
da unidade moral da nacionalidade e expressão de
grandeza. E não se pode contestar o direito de assentar a
universidade em tais bases, ainda em suas relações com
os estabelecimentos, impropriamente denominados de
ensino livre” (BARROS, 1986, p. 402).
A HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE NO BRASIL REPÚBLICA

 A ideia de dependência cultural do Brasil em


importar modelos europeus levantou muitas
perguntas para os pesquisadores. Como aceitar
que se tenha perdido todo século XIX e cerca de
1/3 do século XX para que surgissem as
primeiras universidades somente a partir de
1934? Várias tentativas e projetos de criação de
universidades foram infrutíferas. Os projetos
apresentados não passaram de boas intenções
de políticos idealistas, sem qualquer proposta de
viabilidade.
A reforma de Benjamin Constant propunha,
como objetivos do ensino superior:

1) Para matricular-se no ensino superior o aluno deveria apresentar o certificado de estudos


secundários ou título de bacharel em ciências e letras. Essa exigência era a forma de
garantir o ensino secundário seriado;
2) Estender aos colégios estaduais que seguissem o currículo do Colégio Pedro II, a
emissão de certificados que permitissem ao aluno matricular-se em estabelecimentos de
ensino superior sem prestar exame de ingresso. Os alunos das escolas particulares
deveriam prestar os exames nas escolas oficiais, para obter o certificado que os isentaria
do exame às Escolas superiores;
3) Que os diplomas da Escola Superior de instituições particulares tivesse o mesmo valor
dos exames oficiais.
INTERATIVIDADE
Dentre as reformas de Benjamin Constant, alguns objetivos do ensino
superior propõem mudanças significativas. Dentre estas, podemos afirmar:

a) Para matricular-se no ensino superior o aluno deveria apresentar o certificado de estudos


secundários ou título de bacharel em Ciências e Letras.
b) Estender aos colégios estaduais que seguissem o currículo do Colégio Pedro II, a
emissão de certificados que permitissem ao aluno matricular-se em estabelecimentos de
ensino superior sem prestar exame de ingresso.
c) Os alunos das escolas particulares deveriam prestar os exames nas escolas oficiais para
obter o certificado que os isentaria do exame às escolas superiores.
d) Que os diplomas da Escola Superior de instituições particulares tivessem o mesmo valor
dos exames oficiais.
e) Todas as alternativas estão corretas.
RESPOSTA COMENTADA
CORRETA: E
Dentre as reformas de Benjamin Constant, alguns objetivos do ensino superior propõem
mudanças significativas. Dentre estas, podemos afirmar:

e) Todas as alternativas estão corretas.

Comentário: de fato, todas as alternativas


apontam para pontos assumidos na reforma
Benjamin Constant para o ensino superior.
REFORMA FRANCISCO CAMPOS – BRASIL REPÚBLICA

 A Reforma Francisco Campos, com o Decreto n.º


19.851, de 11 de abril de 1931, propôs nova política
para o ensino universitário. A reforma foi elaborada por
uma equipe de alto nível, composta de educadores
renomados, como Anísio Teixeira, Lourenço Filho,
Abgar Renault, Carneiro Filho Hahneman e Rodrigo
Melo Franco de Andrade.
 O ensino superior no Brasil não seguir os modelos
europeus, embora tivesse recebido sua influência e os
intelectuais brasileiros tivessem ido até lá buscar a
formação universitária. A ideia de universidade não
vingou. E, por isso, o ensino superior brasileiro adotou o
sistema de faculdades estatais isoladas e depois de
faculdades livres.
ENSINO SUPERIOR – BRASIL REPÚBLICA

 A nova sociedade brasileira surgida com o período republicano e o processo


de industrialização emergente no final do século XIX levaram o governo a
reagir, buscando a afirmação da consciência cultural.

 Os temores tradicionais e os exageros nacionalistas retardaram o processo e,


muitas vezes, quase colocaram tudo a perder, mas sempre se levantaram os
que acreditavam no Brasil novo e numa nova sociedade.
ENSINO SUPERIOR – BRASIL REPÚBLICA

 A nova universidade brasileira deveria


identificar sinais com a realidade nacional,
colocar-se a serviço do desenvolvimento
do país para dinamizar a sociedade
integrada no contexto internacional, o que
representava um grande desafio a ser
vencido, porque teria de romper com as
estruturas tradicionais e vencer as resistências
intelectuais e políticas tão afeitas ao
costumeiro e às ideias oriundas do Império e
acomodadas a viver num país dependente de
outras culturas.
ENSINO SUPERIOR – BRASIL REPÚBLICA

 A nova universidade passou a ser motivo de discussão e debate para


promover a reforma do ensino superior.
 Para discutir e entender a ideia de universidade nova, integrada e
comprometida com a sociedade, várias comissões foram criadas
envolvendo professores intelectuais.
 O governo federal se propôs a discutir a universidade, levando em
conta a realidade nacional.
ENSINO SUPERIOR – BRASIL REPÚBLICA
RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL E OS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO

 A universidade, na sociedade moderna, deve assumir o lugar de destaque


para a formação de elites, de pensadores, sábios, cientistas, técnicos e
educadores. O novo conceito de universidade combaterá os formadores de
opinião, através de diferenciação econômica ou social. Por isso que a
proposta educacional para a nação brasileira deveria passar por uma reforma
na vida brasileira:

1) A necessidade urgente de repensar a educação para a nova sociedade


ressurgiria após a Primeira Guerra Mundial(1914-1918).
RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL E OS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO

2) Desde 1920, observa-se com mais ou menos acuidade em dois ou três centros do
país esse estado de efervescência intelectual que irradiava pelos setores das artes,
letras, e de educação, e tinha em sua base o seus fatores principais, o primeiro surto
industrial e o processo de urbanização.

3) A reforma Sampaio Dória de 1920 em São Paulo, a Semana de Arte Moderna em


1922, a inquietação pedagógica que aqui então se manifestava, sobretudo em São
Paulo e no Rio de Janeiro, em conferências e debates; o Inquérito sobre educação
pública em São Paulo, a reforma educacional de 1928 no Distrito Federal, eram outras
manifestações das ideias renovadoras inovadoras no terreno educacional.
RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL E OS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO

 O Manifesto, na área de ensino superior, também propunha como política


educacional:
a) Criação de universidades de tal maneira organizadas e aparelhadas que possam
exercer a tríplice função que lhes é essencial, de elaborar ou criar a ciência.

b) A formação do professorado para as escolas primárias, secundárias, profissionais e


superiores; a formação de profissionais em todas as profissões de base científica; a
vulgarização científica, literária e artística por todos e todos os meios de extensão
universitária (AZEVEDO, 1932, p. 88-89.)
RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL E OS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO

 Num primeiro momento, as universidades tinham a orientação de dar uma maior


ênfase ao ensino do que à investigação. Instituições extremamente elitistas, com
forte orientação profissional.
 No período de trinta anos, compreendido entre 1930 (Revolução Industrial) e 1964
(governo militar assume o poder), foram criadas mais de 20 universidades federais
no Brasil. O surgimento das universidades públicas, como a Universidade de São
Paulo, em 1934, com a contratação de grande número de professores europeus,
marcaram a forte expansão do sistema público federal de educação superior. Nesse
mesmo período, surgem algumas universidades religiosas (católicas e
presbiterianas).
RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL E OS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO

 Em 1968, inicia uma terceira fase da educação superior brasileira com o


movimento da reforma universitária, que tinham como base a eficiência
administrativa, estrutura departamental e a indissociabilidade do ensino,
pesquisa e extensão como mote das instituições de Ensino Superior.

 O contexto da época, na década de 1970, impulsionou o desenvolvimento de


cursos de pós-graduação no Brasil e a possibilidade de realização de cursos
de pós-graduação no exterior, com vistas à capacitação avançada do corpo
docente brasileiro.
RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL E OS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO

A partir dos anos 1990, inicia uma quarta fase com a Constituição de 1988 e
com a homologação de leis que passaram a regular a educação superior.
Havia a necessidade de flexibilização do sistema, redução do papel exercido
pelo governo, ampliação do sistema e melhoria nos processos de avaliação
com vistas à elevação da qualidade.
INTERATIVIDADE
O período marcado pelo impulso no desenvolvimento de cursos de pós-graduação no Brasil e
da possibilidade de realização de cursos de pós-graduação no exterior com vistas à
capacitação avançada do corpo docente brasileiro, sucedeu-se com forte ênfase na década de:
a)1990.
b)1970.
c)1960.
d)1950.
e)1930.
RESPOSTA COMENTADA
CORRETA: B
O período marcado pelo impulso no desenvolvimento de cursos de pós-graduação no Brasil e
da possibilidade de realização de cursos de pós-graduação no exterior com vistas à
capacitação avançada do corpo docente brasileiro, sucedeu-se com forte ênfase na década de:

b) 1970

Comentário: a década de 1970 (século XX) foi o período


que ampliou o desenvolvimento dos cursos de pós-
graduação, bem como de sua realização no exterior,
visando formação de profissionais com competências no
âmbito do ensino e pesquisa.
ATÉ A PRÓXIMA!

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