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A Diáspora Africana nas

Américas
1 – A conquista política do
direito à tradição
2 – Uma visão pós-colonial
A conquista política do
direito à tradição
Dados gerais e definições, ainda hoje em
luta por reconhecimento de importância
histórica;
Reparações e recuperações de memórias
(de onde viemos, como e quando, as
migrações, etc);
Conhecimento e reconhecimento da
participação nas histórias das nações que
foram fundadas já com sua presença.
Tráfico Atlântico: totais por
séculos

1500 a 1867: 10.879.000 (Lovejoy, 2002)


Séc XVI: 328.000 –Principalmente Portugueses
– ponto de partida do Congo – destino: mais de
80% Brasil;
Séc XVII: 1.348.000 Costa ocidental:
Portugueses, Ingleses, Franceses, Espanhóis,
Holandeses – Destino: 50% Brasil – 45%
Caribe-América Central – 5% México e EUA
Tráfico...
Séc XVIII: 6.090.000 Costa Ocidental:
Portugueses, Brasileiros, Ingleses, Franceses,
Holandeses – Destino: 40% Brasil – 40%
América do Sul, Central e Caribe – 20%
América do Norte.
Sec XIX até 1867: 3.113.000 (ao sul do Equador).
incorpora amplas regiões da costa oriental.
Portugueses e Brasileiros, Espanhóis,
Holandeses. Destino: 45% Brasil – 45%
América do Sul, Central e Caribe – 10%
América do Norte
ABOLIÇÕES
Do tráfico britânico: 1808;
Escravos na Grã-Bretanha: 1838;
Barbados-1816; Guiana Inglesa-1823;
Jamaica-1831-2; Venezuela-1854;
Colômbia-1851; Equador-1851;
Peru-1855; Cuba-1884
CONCENTRAÇÕES
Brasil: Recife, Bahia, RJ e Maranhão;
América do Sul: Guianas, Venezuela,
Colômbia, Equador
Ilhas do Caribe: Cuba, São
Domingos/Haiti, Porto Rico, Jamaica;
América do Norte: México (nova
Espanha), Toda costa sudeste dos EUA
(Nova Orleans e Louisiânia, Virgínia,
nova York, Boston, Halifax)
ALGUMAS HISTÓRIAS
Suriname
Colônia açucareira criada pelos
holandeses após serem expulsos do
recife. Polderes – terrenos drenados, ganhos ao mar – a
“Vaca Leiteira dos Holandeses” –
Abolição da escravatura: 1863.
Os SARAMACCAS.povo negro-Cimarrons
que obteve sua autonomia do estado
colonial holandez, no final do século
XVIII, por meio de um tratado de paz
oficial. Imigração Javanesa
Haiti

500.000 escravos - 30.000 brancos


513 funcionários de Estado, em 1789;
A mais rica colônia das Américas;
A única Revolução de Escravos Vitoriosa, no
novo mundo;
A ajuda de Pétion a Bolivar
As consequências...
Martinica
Guerra do Diamant: 1925 “Evento ilustrativo do
auge do colonialismo na Martinica e das repetidas
tentativas das elites colonial branca e do governo
colonial de manter o controle mesmo dentro de um
sistema formalmente democrático” (Ribeiro, 1998: 157)
Medard Aribot, artista, produz uma escultura do
coronel Coppens, político branco da Ilha, cujo
assassinato foi um evento central na Guerra – preso,
tornou-se um mártir e uma lenda;
FRANZ FANON e AIMÉ CEZAIRE
São Domingos - A Revolta de Makandal, em
1740-45
Cuba – PIC-Partido Independente de Cor.
Surgiu ao final da segunda intervenção norte-
americana. Fundado por Evaristo Estenoz. O
partido é tornado ilegal pela emenda Morúa
(Marin M. Delgado) – explica parcialmente o
genocídio de 1912: mais de 2 mil militantes
mortos.
Honduras - Os Garífonas: a liderança de Celeo
Álvares Cacildo
Costa do Pacífico
Equador: “Esmeralda” – primeiro
desembarque de escravizados;
Concentrações na Costa do pacífico da
Colômbia e no Perú.
EUA
A Maçonaria Prince Hall – Sistema de Pedreiros
Livres desde o século XVII – Aí estava Martin
Delany – Douglass era contra, pois era necessário ser
livre para ser aceito.
“Retornados” – A criação da Libéria (capital
Monróvia) nos anos 1820.
Olaudah Equiano – Margareth Gardner – Phillis
Wheatley – Martin R. Delany – Frederick
Douglass – W.E.B. Du Bois – Marcus Garvey –
Richard Wright
Mohammah Gardo Baquaqua
Escravizado na África ocidental, aparentemente entre
o início e meados dos anos 1840. Foi transportado
para o Brasil por volta de 1845, alcançando sua
liberdade na cidade de Nova Iorque em 1847.
Antes migrara para o Haiti - lá viveu por dois anos.
Estudou por três anos (1850-53) no Central College,
em McGrawville, no estado de Nova Iorque, onde se
tornou um abolicionista;
Publicou sua própria autobiografia em Detroit em
1854 e viajou para Liverpool, na Inglaterra no ano
seguinte
Marcus Garvey
(anos 1920 e 30):
UNIA-Associação do Negro Unido Pelo Progresso
“Repatriar” negros dos EUA para o continente africano;
As ligações de Garvey e da Nação do Islã, com a Klan – O encontro
com Edward Clarke, o segundo no comando da Ku Klux Klan, em Atlanta-
Junho de 1922 –(a denúncia e recusa de Malcom X, nos anos 60)

“Em nosso desejo de alcançar a grandeza como raça, somos liberais o


suficiente para estender aos outros um direito similar... Todas as raças
deveriam ser puras em matéria de moral e perspectivas, e por isso nós, como
negros, admiramos os líderes e membros dos clubes anglo-saxões. Eles são
honestos e honrados em seu desejo de purificar e preservar a raça branca,
assim como nós estamos determinados a purificar e padronizar a nossa raça”.
The ideals of two races.
O Pan Africanismo
Precursores: Silvester Williams e Joseph
Mason (a Sociedade Africana) –Edward Wilmot
Blyden (Antilhano); Alexander Crummell (Libéria);
Africanus Horton (Serra Leoa)
George Padmore e Nella Larsen – prisão na
Dinamarca no início dos anos 1930 – Colonial Seamen’s
Association; C. L. R James e os Jacobinos Negros
A Diáspora e o Pan Africanismo: Londres 1900
(Silvester Williams); Paris 1919 (Du Bois); Londres
1921; Londres/Lisboa 1923; New York 1927-
28; Manchester 1946.
O Movimento pelos Direitos
Civis
O filme “O pastor”
Martin Luther King Jr
Malcolm X
Muhamad Ali
James Baldwin
O Black Panther
A Motown – A música Negra
A tradição a ser conquistada
Essa visão de Diáspora volta-se muito para o
passado: características de sua introdução nas
localidades, para a memória das lutas
(Marronajes, Palenqueñas, Aquilombamentos),
etc); e para certa idealização das raízes
africanas;
Outra questão cara a essa visão de Diáspora é
a pobreza que aflige a maioria das populações
negras onde quer que se encontre –
VITIMIZAÇÃO?
A tradição...
Referenciais culturais exclusivizados
como manifestações culturais e
religiosas. Em geral, tomadas e
valorizados como principais indicativos
de identidade;
Que outros fatores de identidade?
Identidade como construção
dinâmica,recriando-se permanentemente,
conforme os movimentos da história
Problematização...
 Antropólogos, historiadores, folcloristas,
lingüistas e outros estudiosos “dos outros”,
costumam apreciar as tradições “dessa”
Diáspora, emoldurando-as ou descontruíndo-
as, mas produzindo conhecimentos (e
acumulando massa crítica e prestígio, etc), às
vezes valiosos e sublimes(!) a seu respeito;
muitas vezes vivendo lá, respeitando-os
verdadeiramente, doando-se em projetos
sociais, colaborando em seu reconhecimento
externo (fora de suas fronteiras étnicas) e
mesmo internacional, etc.
Uma visão pós-colonial
Os eventos históricos são mais amplos e
complexos, do que costuma se ter em
narrativas disponíveis: encontram-se
imbricados colonizadores e colonizados,
traficantes e escravos;
Dirigentes e súditos coloniais
despossuídos, mas valorizados como
“brancos”; quilombolas e repressores,
distintos interesses comerciais, etc.
O pós-Colonial
A visão pós-colonial se interessa por sujeitos
históricos: para o “bem” e para o “mal” todos são
responsáveis, em algum grau, por tudo que aconteceu.
Não há o simplismo de vítimas e
opressores:
a) Por um lado, questiona a prisão a referenciais
exclusivamente centrados em narrativas produzidas a
partir do olhar do colonizador; o que resulta no
combate reflexo: o anti-racismo, o anti-colonialismo,
anti-imperialismo, etc.
O pós-Colonial
b) Por outro lado, impõe ao sujeito histórico
que se encontra “no prejuízo”, a
responsabilidade de identificar seus pontos
fortes e fracos, erros, falhas e
inconsistências, e de produzir novas visões e
ações teóricas e estrategicamente mais
eficazes.
O anti-racismo, por exemplo, é visto como uma
etapa, e é preconizada sua superação.
Agentes Políticos
no Mundo Contemporâneo
 Estados Nacionais – Organismos Multilaterais –
Corporações Transnacionais – ONGs (0,07% do
PIB);
O mundo criado pelo colonialismo, e a barbárie neo-pós-
colonial, denunciam a inconsistência do ideário
proclamado pela modernidade ocidental, denunciam
seu racialismo e pugnam pelo cumprimento daquele
ideário.

Como foi criado esse mundo?


Agentes Políticos...
A emergência de novos atores políticos e institucionais
no mundo contemporâneo é inexplicável sem outros
olhares sobre a história da Diáspora...
O Conceito de Direitos Humanos sucede o
“trauma” das Guerras: a “civilização”
percebia os seus “outros” nas relações entre
os próprios europeus;
Democracia-Justiça: A institucionalização além
dos povos “brancos” vem sendo uma conquista
gradual dos “povos de cor”;

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