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GEOATIVIDADE 21 - A Identidade Latino-americana: elementos da trajetória histórica na

colocação do problema
Texto adaptado de Euclides André Mance
Disponível em: http://www.solidarius.com.br/mance/biblioteca/Identidade.htm.
Acesso em: 20/05/15
A pergunta pela identidade latino-americana tem origens remotas. Simón Bolívar, chamado El Libertador: que tentara
por fim à dependência colonial e sonhara com a unidade da América Latina liberta de toda forma de dependência
escravizadora se embateu com este problema até o final de sua vida. No discurso de Angostura, em 1819, ele
afirmava o seguinte: "Não somos europeus, não somos índios, mas sim uma espécie intermédia entre os
aborígenes e os espanhóis e portugueses. Americanos por nascimento e europeus por direito, nos
encontramos em meio ao conflito de disputar os títulos de propriedade aos nativos e manter-nos no país que
nos viu nascer, contra a oposição dos invasores. De maneira que o nosso caso é extremamente
extraordinário e complicado. (...) Estamos colocados num grau inferior ao da servidão". "Mantenhamos
presente que o nosso povo não é nem europeu, nem americano do norte, é antes uma composição de África
e América do que uma emanação da Europa... é impossível determinar com propriedade a que família
humana pertencemos".
Nesta busca de construção de uma identidade latino-americana, observam-se, logo após a independência de vários
países, posições contraditórias. A pergunta "quem somos?" é uma permanente fonte de angústias para as
burguesias crioulas.
Por um lado observa-se a valorização do indígena a partir de fins do século XVIII, algumas décadas antes do início
dos movimentos de emancipação política, afirmando a capacidade do índio americano como criador de grandes
culturas. Afirmando-se a capacidade humana de índios, crioulos e mestiços, afirmava-se simultaneamente o direito
de formarem nações independentes da Europa.
Após a independência, contudo, um complexo de inferioridade aparece frente à cultura européia. A América latina
devia modernizar-se e Domingo Faustino Sarmiento proporá a civilização frente à barbárie do passado colonial e
indígena, apresentando como modelo aos países do sul os Estados Unidos da América do Norte: "sejamos os
yanques do sul". Salienta Leopoldo Zea que "sobre a composição racial e cultural heterogênea desta América, os
civilizadores americanos do século XIX, tais como Sarmiento, Alberdi, Lastarria, Bilbao, Mora e outros mais, se
empenharão em colocar a máscara da civilização européia e estado-unidense. Sejamos os Estados Unidos! Sejamos
os yanques do sul! Contraposição de máscaras, representações diferentes, mas sempre alheios e pouco autênticas,
de diversos personagens. Atores sempre e por sê-lo, simuladores..."
Fracassado tal projeto José Marti em Nossa América combate a tese de se pretender apagar a história dos povos da
América em nome de assumir padrões de uma "civilização" que lhes é estranha. Era preciso irmanar o anseio do
futuro com a própria realidade e afirmar seu próprio caminho, uma vez que os livros europeus ou norte-americanos
não apresentavam a chave de compreensão do latino-americano.
Leopoldo Zea aproxima o indigenismo da negritude, isto é, considera a ambos como bandeiras de reivindicação do
homem da América Latina e da África, como expressões concretas desses homens que lutam pelo respeito à sua
própria humanidade. Não se é mais ou menos homem em razão da cor de pele ou da cultura que se tenha. Se a
exclusão do índio consistia em seu desconhecimento, era necessário afirmar o ser do indígena, não para negar o
branco ou rechaçar valores herdados da cultura ocidental, mas para integrar o que estava separado desde a
colonização. Posteriormente no Peru o problema da divisão nacional avançou para análises que subsumiram a
reivindicação indígena na reinvidicação dos direitos de todo o povo poder participar do progresso e da prosperidade
nacionais. Analisando esse processo, comenta Leopoldo Zea: "o indigenismo se transforma, assim, em
latinoamericanismo, em expressão da dupla luta interna e externa que mantém os povos nesta parte do continente
para por fim à situação de dominação e dependência. O racismo é só uma justificativa entre outras que um grupo de
homens levanta para dominar a outros. O racismo serve tanto aos que tratam de manter a exploração realizada pelos
peninsulares espanhóis e seus herdeiros, os crioulos, como aos que a nível internacional originaram o colonialismo.
Por isso a luta na América Latina deverá ser anti-oligárquica e anti-imperialista".
A) Por que é importante conhecer a história da identidade latino-americana?
B) Qual parte dessa história que mais lhe chamou atenção?
C) Qual a sua identidade nesse debate?

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