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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
DISCIPLINA : MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA ll

Classificação e seleção de Aços


6.1 – Classificação e especificação

• A classificação dos aços e ligas é de suma importância,


porque induz à economia produtores e compradores. Além
disso, a classificação é importante porque melhora a relação
comprador-vendedor. Dito isso, a classificação possui dois
métodos:

1.Classificação baseada em características do aço ou liga. Ex.:


propriedades mecânicas, composição, etc.

2.Classificação baseada no emprego do aço ou liga.


Ex.: aços para ferramentas, aços para
construção mecânica, etc.
6.1 – Classificação e especificação
• Vários aspectos são levados em consideração no que diz
respeito a uma classificação de aço, tais como:

 Composição química;

 Propriedades mecânicas e/ou tecnológicas;

 Tamanho do grão;

 Temperabilidade;

 Nível de inclusões não-metálicas;

 Resistência ao impacto;

 Propriedades físicas;
6.1 – Classificação e especificação
• No entanto, deve-se lembrar que, quanto mais propriedades
especificadas, maior o preço final do aço e maior será a
burocracia para produzi-lo. Por isso, é importante que se evitem
alguns erros de classificação, tais como:

 Ser muito geral, causando a aceitação de material


inadequado;
 Ser muito restritiva, a ponto de não aceitar material
adequado;
 Ser baseada em critérios impróprios ou inadequados;

 Ser impraticável;

• Deve-se atentar para uma classificação que seja plausível


economicamente, mas que consiga atender às demandas do
seu uso.
6.2 - Seleção
• A seleção de materiais é uma tarefa complexa. Para cada
aplicação de um material, existe um conjunto de requisitos
que devem ser atendidos, e traduzir esses requisitos para
características de um material, bem como convertê-las em
propriedades controláveis, é uma tarefa árdua. Além disso,
existe outro empecilho no fato de que, para ser adequada,
uma seleção de material deve, além de atender aos
requisitos mínimos, ter o menor custo possível.

• No processo de seleção, visa-se correlacionar parâmetros


de desempenho (mais dificilmente manipuláveis) e
características mais facilmente controláveis (como dureza,
por exemplo), até se encontrar um material otimizado para
determinada aplicação.
6.3 – Seleção de aços
• Aços são os materiais industriais mais empregados há
mais de um século, e isso se dá pela obtenção de
muitas propriedades e características de desempenho a
custo baixo, especialmente devido à grande
disponibilidade de ferro na crosta terrestre e à extrema
otimização dos processos de fabricação do aço;

• Atualmente, os padrões de qualidade e os conjuntos de


propriedades que se atingem com aços convencionais
superam, e muito, as características de aços que eram
considerados “especiais” há poucas décadas. A seleção
de um aço deve levar em consideração, além das
propriedades do aço pretendido, as tendências de
desenvolvimento da indústria do aço.
6.3 – Seleção de aços

Valor da produção mundial, em dólares, de alguns dos materiais mais


importantes para a engenharia. (Fonte: Aços e ligas especiais).
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica
• Uma parcela significativa da produção de aços se destina,
presentemente, a produtos planos (folhas, tiras ou chapas)
destinados à conformação mecânica antes da aplicação (ex.:
embalagens de alimentos e bebidas, painéis de carroceria de
automóveis). Para atender a essa demanda, o aço precisa ter
dois aspectos fundamentais, que são baixo custo e uma boa
formabilidade, e esses aspectos são obtidos com aços de
baixo ou ultrabaixo carbono, laminados a frio e recozidos.

• Além disso, outras características são requeridas para o uso


do aço baixo carbono, tais como um bom acabamento
superficial e uma rígida tolerância dimensional. No entanto, a
obtenção dessas características para um mesmo aço é um
desafio para a indústria siderúrgica, principalmente no que
diz respeito ao custo de produção e de mercado.
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica

Relação entre características importantes e fatores na seleção


e especificação de aços baixo carbono para conformação.
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica
• A formabilidade do aço é de difícil caracterização,
principalmente porque a capacidade do aço de se
deformar, sem sofrer deformação localizada ou
rompimento, depende do estado de tensões aplicado.
• Porém essa caracterização pode ser realizada a partir de,
por exemplo, uma curva-limite de deformação. Além disso,
são caracterizações de aços o alongamento total, o
coeficiente de encruamento e a anisotropia de deformação.
• Essas medidas determinam o comportamento dos aços
sob tensão e são capazes de fornecer informações sobre o
comportamento dos aços antes mesmo de sua
manipulação.
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica
• Alguns aspectos são importantes para a obtenção de
texturas adequadas à conformação, tais como baixos
teores de carbono em solução ou precipitação de nitreto
de alumínio.
• Para eliminar a ocorrência de escoamento nítido,
associado à presença de elementos intersticiais (C e N),
existem dois métodos:
1. A precipitação de compostos que retirem os
intersticiais de solução sólida (geralmente
cementita e nitreto de alumínio);
2. A realização de uma pequena deformação plástica
antes da conformação, ultrapassando o limite de
escoamento nítido.
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica
• Produzir um aço adequado à conformação envolve,
portanto:
1. A obtenção de uma textura adequada ao controle de
anisotropia;
2. A eliminação do escoamento nítido, com o nível de
resistência eventualmente desejado pelo cliente .
• Esses parâmetros dependem da harmonização entre
composição química, parâmetros e condições de
laminação a quente, parâmetros de laminação a frio e
parâmetros e condições do tratamento de recozimento.
• Em geral, a seleção desses aços é baseada nas
propriedades de conformação e na resistência
mecânica, sendo a composição química e o
processamento ajustados pelo produtor.
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica

• Existe uma dificuldade para correlacionar testes com o grau de


estampagem aceitável para um material, visto que os testes
apresentavam sempre algum tipo de fracasso ou ineficiência.
Mas graças a programas de modelamento por elementos
finitos, é possível simular o comportamento do material e das
ferramentas de conformação, diminuindo significativamente a
margem de erro na seleção dos aços para suas aplicações.
6.4 – Aços baixo carbono para conformação
mecânica

Figura 4: Faixas de propriedades especificadas para os principais graus


de aços para conformação segundo a norma SAE J2329 (inclui-se
nomenclatura AISI obsoleta).
6.5 – Aços estruturais para caldeiras, vasos
de pressão e tubulações
• Por aços estruturais entendem-se, basicamente, vergalhões
para reforço de concreto, barras, chapas e perfis para
aplicações estruturais;
• Para estruturas e aplicações de maior responsabilidade,
aços de alta resistência e baixa liga vem sendo
extensivamente desenvolvidos nas últimas décadas. Além
disso, existem aplicações que exigem o uso de aços de
baixa ou média liga, como aços para reatores nucleares;
• Nessa classificação de aços, a relação resistência/preço é
fator decisivo na seleção;
• Podem ser obtidos através de laminação, forjamento e
fundição.
6.5 – Aços estruturais para caldeiras, vasos
de pressão e tubulações
• Os principais requisitos que um aço estrutural deve
atender são:

 Tensão de escoamento elevada;

 Elevada tenacidade;

 Boa soldabilidade;

 Boa formabilidade;

 Custo mínimo.
6.5.1 – Tenacidade e prevenção de fratura
rápida
• A prevenção de falhas catastróficas em componentes
estruturais não foi eficaz com o tempo. Apenas nas
últimas décadas os conceitos de mecânica da fratura
foram aplicados, para estabelecimento de critérios que
relacionam propriedades do material com as tensões
aplicadas e os defeitos presentes nos materiais;
• Nos últimos anos foram realizados trabalhos capazes
de definir bem essa correlação de propriedades e
defeitos, a partir de ensaios baratos, como um ensaio
de impacto Charpy-V;
• A partir do ensaio Charpy-V, resultou o
estabelecimento do conceito de máster curves, que
permite obter uma boa estimativa da tenacidade à
fratura de um aço a partir de uma energia medida na
região de transição dúctil-frágil.
6.5.1 – Tenacidade e prevenção de fratura
rápida
6.5.2 – Emprego de aço estrutural à
temperatura elevada
• A temperatura de operação elevada pode conduzir à
deformação por fluência, por parte do aço. Por isso
prefere-se selecionar aços com características que
permitam a operação sem deformação dependente do
tempo.

• Essa temperatura de trabalho independe do tempo e é


definida pela comparação entre o limite de escoamento
e a tensão necessária para causar 1% de deformação
permanente após 100.000 h
6.5.2 – Emprego de aço estrutural à
temperatura elevada
6.5.2 – Emprego de aço estrutural à
temperatura elevada
6.6 – Vergalhões para concreto
6.7 – Chapas e perfis estruturais
• Chapas e perfis geralmente são especificados de acordo
com suas resistências. É importante ter em mente que a
formabilidade (para conformação a frio) é uma
propriedade que exige atenção, pois sempre que se
desejar aço estrutural para posteriores
desdobramentos, é conveniente verificar a resistência
desse material e sua adequação para essa operação.

• É necessário certificar-se da capacidade do fornecedor


de produzir soldas com o nível de qualidade desejado.
Porém, em situações de pouca importância, não há
sentido em se exigir inspeção das soldas, em favor do
custo.
6.8 – Aços de baixa resistência e baixa liga
(ABRL)

• Inicialmente, o projeto de estrutura levava em


consideração o limite de ruptura e o carbono como
principal elemento de liga. Possuía um baixo custo,
porém não era tenaz e solúvel.

• O advento da soldagem, fez com que o teor de carbono


diminuísse e para manter uma boa resistência o
manganês foi adicionado

• Devido a falhas catastróficas de estruturas soldadas, o


teor de carbono foi diminuindo e o limite de
escoamento foi levado em consideração.
6.8 – Aços de baixa resistência e baixa liga
(ABRL)

• Assim, aços de grãos finos foram desenvolvidos, Com


isso, o limite de escoamento aumentou por meio de
endurecimento por precipitação.

• Aços ABRL são empregados como aços estruturais,


aços para indústria automobilística, aços para
tubulações, vasos de pressão, etc.

• Suas características e propriedades são especificadas


a partir de sua composição química, processamento e,
consequentemente da sua estrutura (macro e micro).
6.9 – Aços para construção mecânica

• São utilizados para atender as faixas de composições


químicas.

• A classificação é dada pela ABNT (NBR NM 87).

• Além dos algarismo são utilizados “H” no final


(Temperabilidade assegurada) e “B” no meio (presença
de boro, que aumenta a temeprabilidade)
6.9 – Aços para construção mecânica
6.9 – Aços para construção mecânica
6.9 – Aços para construção mecânica
6.9 – Aços para construção mecânica-
Seleção baseada na temperabilidade

• Na seleção de aços a propriedades não terão sempre as


mesmas prioridades.

• Assim, deve-se analisar bem qual a propriedade é mais


importante e assim selecionar o material.

• A microestrutura que possui uma combinação melhor


de resistência e tenacidade é a martensita revenida.

• A temperabilidade é o parâmetro mais importante para


a seleção de aços para têmpera e revenimento.
6.9 – Aços para construção mecânica-
Resistência mecânica desejada
•Com a finalidade de evitar a deformação plástica, um
forma disso ocorrer é acrescentar um coeficiente de
segurança ao valor de uma determinada propriedade para
que o material não falhe

• Mesmo a tenacidade não sendo uma propriedade


explicitamente tratada nesse tipo de seleção, ela é
extremamente importante.

•Logo, cabe ao engenheiro garantir que a peça terá


tenacidade adequada ao emprego e isso se dá por meio da
escolha da temperatura e tempo correto de revenido.
6.9 – Aços para construção mecânica-
Dureza final

• Resistência mecânica e dureza representam uma boa


correlação nos aços. A equação empírica que descreve
a relação limite de ruptura (em MPa) com a dureza
Brinell com esfera de 10mm e carga de 3.000kg é:

LR (Mpa) = 3,55 x HB HB≤175


LR (Mpa) = 3,38 x HB HB≥175
6.9 – Aços para construção mecânica-
Dureza final

Relação entre o limite de ruptura e a dureza (HB) para aços nas condições temperado e revenido,
normalizado ou como laminado
6.9 – Aços para construção mecânica-
Dureza final
• Quando a propriedade importante para o projeto é o
limite de escoamento, a estimativa da relação elástica
permite aplicar as correlações entre dureza e limite de
ruptura.

Relação elástica (limite de escoamento/limite de ruptura) para


aços em função do limite de escoamento.

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