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O Batismo do Espírito Santo

• A doutrina do batismo do Espírito Santo, para ser devidamente


compreendida, deve ser estudada, como as demais doutrinas
bíblicas, dando-se atenção à sua evolução histórica, às
circunstâncias que determinaram os acontecimentos relacionados
com ela, e aos termos pelos quais a própria Bíblia a define e
aplica. Vamos dividir o assunto em três partes.

• 1º O Batismo do Espírito Santo Profetizado e Prometido.


• 2º O Batismo do Espírito Santo Definido.
• 3º O Batismo do Espírito Santo Realizado.
1º O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO PROFETIZADO E
PROMETIDO

A primeira alusão ao batismo do Espírito Santo é feita por


João Batista em forma profética, e se acha nos quatro
Evangelhos.

• Mateus 3: 11. “Eu, em verdade, vos batizo com água, para o


arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais
poderoso do que eu... ele vos batizará com o Espírito Santo e
com fogo”.
• Marcos 1: 8. “Eu, em verdade, vos batizo com água; ele,
porem, vos batizará com o Espírito Santo”.
• Lucas 3: 16. “Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que
vem aquele que é mais poderoso do que eu ... esse vos batizará
com o Espírito Santo e com fogo”.
• João 1: 33-34. “Eu não o conhecia, mas o que me mandou a
batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o
Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito
Santo. E eu vi, e tenho testificado que é o Filho de Deus”.
• Quando mais tarde Jesus ensinava aos discípulos o valor da
oração e a boa vontade do Pai em lhes conceder todas as coisas
boas que lhe pedissem, proferiu esta promessa, a que ainda mais
tarde alude como “a promessa do Pai que de mim ouvistes”: “E
eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á: buscai, e achareis; batei,
e abrir-se-vos-á... Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas
dádivas a vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o
Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”. Lucas 11: 9-13.
• Assim chegamos a uma terceira etapa nas predições concernentes
ao batismo do Espírito Santo. Não o tendo os discípulos pedido
nem recebido, Jesus mesmo agora, na véspera de sua morte,
promete-lhes: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador
para que fique convosco para sempre, o Espírito de verdade, que o
mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas
vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós” (João
14: 16-17).
• Notemos as verdades mais salientes deste texto antes de
passarmos adiante. Primeiro que tudo, é notável a substituição da
recomendação — pedi — da passagem anteriormente citada, pela
declaração: “Eu rogarei”. Já não são mais os discípulos quem tem
de pedir; porque Jesus mesmo se encarrega de rogar e obter.
• Em segundo lugar, contrasta-se o mundo, que não pode receber o
Espírito Santo, com os crentes — “vós” — que o conhecem e em
quem ele há de estar. Este contraste é sempre mantido no Novo
Testamento, e nunca um contraste entre crentes que tenham
recebido o Espírito Santo e crentes que o não tenham recebido.
Segundo Jesus, ao passo que nenhum descrente pode receber o
seu Espírito, nenhum crente pode deixar de o receber e de o ter
permanentemente residindo em seu coração. Vemos, em terceiro
lugar, as duas atitudes do Espírito Santo em relação aos
discípulos, antes e depois de sua prometida vinda como Paráclito.
Antes ele estava com eles, pois presidia a todo o ministério de
Jesus; mas depois estaria neles, residindo em seus corpos, que se
tornariam em santuários de Deus.
• Avancemos para outro marco. Depois de ressuscitado, Jesus se
manifestou aos discípulos por espaço de quarenta dias. “E,
estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de
Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse
ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com
água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não
muito depois destes dias” (Atos 1: 4-5). Esta ordem de Jesus
confirma a promessa anterior, de que ele mesmo é que ia rogar
ao Pai que lhes enviasse o Paráclito; define a natureza dessa
vinda como sendo o batismo do Espírito Santo profetizado por
João e simbolizado no seu batismo d’água; e determina o lugar
e o tempo em que esse batismo se havia de realizar, isto é, em
Jerusalém e dentro de poucos dias.
2º O BATISMO DO ESPIRITO SANTO DEFINIDO

• No dia de Pentecostes se realizou a vinda do Espírito Santo.


Essa vinda foi a mudança temporária de sua residência do céu
para a terra, onde ele veio habitar em cada coração crente, e
significou, como já vimos, um selo, um penhor, uma unção e
um batismo, além do fato declarado de haver ele naquele dia
enchido a todos quantos se achavam sentados na casa. Daí se
segue que procedem precipitadamente os que concluem, sem
mais estudos do assunto, que todos os fenômenos daquele dia
são inseparáveis do batismo do Espírito Santo. O que nos
convém fazer é indagar nas Escrituras, deixando que elas
mesmas nos digam em que consiste o batismo do Espírito
Santo, assim como já nos mostraram em que consistem o selo,
o penhor e a unção.
• O apóstolo Paulo nos diz com suficiente clareza em que
consiste o batismo do Espírito Santo, tornando o assunto ainda
mais claro por meio de uma ilustração. Abramos a Primeira
Epístola aos Coríntios no capítulo 12 e leiamos os vs. 12 e 13.
“Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e
todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é
Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um
Espírito, formando um corpo”.

• Dizendo Paulo que “fomos batizados com um Espírito,


formando um corpo”, fica explicado em que consiste o
batismo do Espírito Santo. É o ato pelo qual o Espírito Santo
nos une ao corpo místico de Cristo, de modo que ficamos
fazendo parte dele, como o pé ou a mão fazem parte do corpo
humano (v. 15).
• Não é geralmente reconhecido, mas é verdade que a idéia
fundamental de batizar, nas Escrituras, é unir, identificar,
tornar um. Quando os israelitas atravessaram o Mar Vermelho
miraculosamente aberto e viram perecer afogados os seus
perseguidores egípcios que tinham saído para os destruir,
tiveram pela primeira vez os seus corações verdadeiramente
unidos ao de Moisés em sua atitude para com o Egito e para
com Deus, atitude que Moisés assumira quarenta anos antes. O
cap. 14 do Êxodo, que narra esse acontecimento, encerra-se
com a afirmação: “E creram no Senhor e em Moisés, seu
servo”. Paulo, querendo indicar como o povo se identificou
com Moisés nessa transação, diz: “E todos foram batizados em
Moisés na nuvem e no mar” (1 Co. 10: 2).
3º O BATISMO DO ESPIRITO SANTO REALIZADO

• Até aqui temos visto, pelo ensino claro e insofismável da


Palavra de Deus, que o batismo do Espírito Santo é esse ato
pelo qual ele une os crentes espiritualmente de modo a
formarem o corpo místico de Cristo, o qual é sua Igreja
invisível e real, assim como pelo batismo ritual com água
somos unidos à Igreja visível. Vimos que houve em todos os
tempos pessoas renascidas pelo Espírito Santo, e que, com a
vinda de Jesus ao mundo, os que nele creram foram tornados
filhos de Deus, mas esses filhos se achavam dispersos, não
constituídos em um corpo, pois ainda lhes faltava o vínculo, o
batismo do Espírito Santo, que os havia de unir, ligar, formar
esse organismo místico, cuja cabeça é o Senhor Jesus Cristo
glorificado.
• A formação desse corpo começou no dia de Pentecostes com a
vinda especial do Espírito de Deus para residir nos crentes como
selo, penhor, unção e batismo. Sendo o cumprimento de uma
promessa especial; importando na inauguração da nova residência
da Terceira Pessoa da Trindade na terra, e efetuando o início de
uma nova entidade no mundo; que era a Igreja Universal, — não
podia esse acontecimento deixar de ser acompanhado de
manifestações exteriores, sensíveis, que o autenticassem perante
crentes e descrentes.

• O Pentecostes, tal como se cumpriu naquele ano em Jerusalém, foi


acontecimento único, singular, e não há mais Pentecostes. As
pessoas que em Jerusalém estavam reunidas tinham uma promessa
especial do batismo do Espírito Santo, que devia se realizar
naquele lugar determinado e dentro de poucos dias (Atos 1: 4-5).
Nunca mais, em tempo algum, houve um grupo de crentes que
pudesse alegar tais circunstâncias.
• É pura insensatez, ainda que muito bem intencionada,
reunirem-se em tempo e lugar que o Senhor não lhes
determinou para reclamarem uma promessa que lhes não foi
feita a eles, promessa, porém, que o Senhor já cumpriu nos
termos em que foi feita.

• O conjunto de sinais exteriores só essa vez se efetuou.


a) Um som ou ruído como de um vento veemente e impetuoso,
que encheu toda a casa, e foi também ouvido fora na cidade
(v. 6,V.B.).
b) Línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram
sobre cada um deles.
c) O “fala em outras línguas” nos dialetos de catorze
nacionalidades ali representadas, que os ouviram exprimir-se
nos provincianismos das terras donde vieram.
E Agora!

Verificado que a situação histórica do Pentecostes não se pode


reproduzir em tempo algum, já porque a significação típica da
festa se realizou então de uma vez por todas, à semelhança do
que se deu com as festividades da páscoa e das primícias, já
porque ninguém, senão aqueles discípulos, recebeu do Senhor
instruções e promessas tão definidas para lugar e tempo
determinados: verificado igualmente que os fenômenos
exteriores da presença do Espírito de Deus no Pentecostes
jamais se reproduziram em seu conjunto, podemos ter a mais
absoluta certeza de que o Pentecostes nunca se repetiu, não se
está repetindo, nem jamais se repetirá.

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