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O Outro Par | The Other Pair (2014) é pura expressão poética. O curta-metragem do
Egito, dirigido por Sarah Rozik e com roteiro de Mohammed Maher, foi vencedor do Festival
de Luxor, em 2014.
A história desenvolve-se em torno de um menino pobre com um velho chinelo
quebrado que é quase inútil, mas ele mantém-no porque essa é a única forma pela qual ele
andar sem ferir o seu pé. Cansado do chinelo quebrado, o menino senta-se para tentar
consertá-lo, sem sucesso, quando algo inesperado acontece.
Em seis minutos é destacada a situação dos pobres para quem o mundo é muito
frágil e cruel. Mas um tesouro pode sempre cair-lhe nas mãos. Uma lição de vida em tempos
tão desumanos e vorazes.
A obra de Sara Rozik foi inspirada por um verdadeiro
incidente que envolveu Mahatma Gandhi.
Ghandi, nas suas memórias, lembra que, certo dia, ao entrar
num comboio na Índia, escorregou e perdeu um sapato .
Para espanto dos seus companheiros, ele calmamente tirou
o outro sapato e lançou-o para o cais de forma a cair perto
do primeiro, enquanto o comboio se afastava da estação.
Um passageiro perguntou-lhe porque fez isso. Gandhi sorriu
e disse: “– Se um homem pobre encontrar apenas um
sapato de nada lhe servirá. Agora ele terá um par, que eu
tive a honra de doar.”
Este reflexivo e pequeno filme evoca a memória de um
grande homem e contém uma enorme lição.
Saibamos entendê-la.
A língua de Eulália
A língua de Eulália
A obra “A língua de Eulália”, de Marcos Bagno, publicada pela primeira vez no ano
de 1997, traz para o contingente de pesquisas linguísticas um novo modo para abordar as
questões referentes ao PP e ao PNP, partindo do pressuposto de explicar a ocorrência de
fenômenos na língua que são estigmatizados ou conceituados como errados a partir de
explanações lógicas na variedade de PNP.
Bagno desenvolve a narrativa de uma maneira irreverente, através de uma linguagem
de maior acessibilidade, fazendo com que o seu leitor entenda os discursos, mesmo aqueles
que nunca tiveram contato com a disciplina de linguistica. (apresentar a história das três moças
que foram para o sítio e que demonstraram preconceito com o jeito de falar da empregada e
amiga Irene)
Através da personagem Irene, uma linguista renomada aposentada, Bagno apresenta uma
fundamental mudança quanto à perspectiva de ensino de gramática nas escolas, mudança
que parte das pesquisas na língua, pesquisas na área da novíssima ciência, linguistica.
Então a perspectiva visa que o ensino de língua materna não permaneça restrito ao ensino
de gramática tradicional normativa, como pregam muitos gramáticos e paradidáticos, mas
procurar entender o porquê de certos usos e da existência de tantas variedades em nossa
língua.
Irene passa a enfocar a temática a partir de uma manifestação de preconceito que as
três hóspedes apresentaram quanto ao modo de falar de Eulália. A atitude das três mulheres
demonstra o problema do preconceito linguístico, que recai diretamente para pessoas,
geralmente pobres e com baixa escolaridade, que são estigmatizadas pelo seu modo de falar.
A partir da experiência de desconstrução do preconceito, pode-se explicitar os
objetivos do livro, que são demonstrar que não há uma variedade correta e outra errada, mas
sim variedades diferentes que possuem lógica e que não há uma língua única, mas uma
variedade de dialetos. Isso expõe como o ensino de língua portuguesa é ministrado nas escolas
brasileiras, de forma autoritária e sem reflexão.