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RESENHA CRÍTICA

PARA QUE SERVE UMA RESENHA?

 Divulgar objetos de consumo cultural;


 Ela é muito mais do que um mero resumo informativo, deve
trazer ideias e referências complementares;
 Análise crítica da obra
 1. Identifique a obra - tema
 2. Identifique o autor
 3. Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto
a ser resenhado;
 4. Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco
narrativo ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo, linguagem;
 5. Descreva o conteúdo (resumo)
 6. Analise de forma crítica (ao longo do texto)
 7. Aborda a relevância social da obra.
 8. Recomende a obra
OBRA NARRADORES DE JAVÉ
 Se fosse possível colocar uma trilha sonora para esta resenha do filme Narradores de Javé
certamente ela não poderia ter a cadência dramática e sóbria que em geral é usada em
filmes sobre o sertão nordestino. A sutileza, as ironias e os momentos tragicômicos de
Narradores de Javé só podem mesmo ser embalados pelo som eletrônico-regional-pulsante
de DJ Dolores, responsável pela trilha sonora do filme. É nesse clima que se dá abertura
para o espectador vislumbrar a importância dos sujeitos na História e as soluções e saídas
para o sofrimento do sertão.
 O longa, dirigido por Eliane Caffé, reúne tantos elementos interessantes para discussão,
que é difícil eleger os que devem ocupar o espaço de uma resenha. Além disso, os oito
prêmios recebidos pelo filme apontam a qualidade com que foram abordados esses
elementos. Muitos temas relacionados com a História estão presentes: a história oral, a
oficial, sua cientificidade, o limiar com a literatura, o vídeo e o próprio cinema, diferentes
suportes para a História, diferentes olhares e intercâmbios, a busca de uma "verdade",
teoria e método. Esse segundo filme da cineasta (o primeiro foi Kenoma-1998), trata de
um povoado fictício (Javé), que está prestes a ser inundado para a construção de uma
hidrelétrica. Para mudar esse rumo, os moradores de Javé resolvem escrever sua história e
tentar transformar o local em patrimônio histórico a ser preservado. O único adulto
alfabetizado de Javé, Antônio Biá (José Dumont) é o incumbido de recuperar a história e
transpor para o papel de forma "científica" as memórias dos moradores.
 Ironicamente, Biá, que havia sido expulso da cidade por inventar fofocas escritas sobre os
moradores, é o escolhido para escrever o "livro da salvação", como eles mesmos chamam.
O artifício de "florear" e inventar fatos locais já era usado pela personagem para aumentar
a circulação de cartas, obviamente escassas no povoado, e manter em funcionamento a
agência de correio onde ele trabalha. Escrever a história de Javé e salvá-la do afogamento é
sua oportunidade de se redimir. E a redenção parece ter que se dar justamente aflorando
seu lado mais condenável. "Bendita Geni", pois é justamente a capacidade de Biá de
aumentar as histórias que traz à tona o papel do historiador interferindo na História,
reunindo relatos, selecionando-os, conectando-os de forma compreensível.
O outro par
O OUTRO PAR

O Outro Par | The Other Pair (2014) é pura expressão poética. O curta-metragem do
Egito, dirigido por Sarah Rozik e com roteiro de Mohammed Maher, foi vencedor do Festival
de Luxor, em 2014.
A história desenvolve-se em torno de um menino pobre com um velho chinelo
quebrado que é quase inútil, mas ele mantém-no porque essa é a única forma pela qual ele
andar sem ferir o seu pé. Cansado do chinelo quebrado, o menino senta-se para tentar
consertá-lo, sem sucesso, quando algo inesperado acontece.
Em seis minutos é destacada a situação dos pobres para quem o mundo é muito
frágil e cruel. Mas um tesouro pode sempre cair-lhe nas mãos. Uma lição de vida em tempos
tão desumanos e vorazes.
A obra de Sara Rozik foi inspirada por um verdadeiro
incidente que envolveu Mahatma Gandhi.
Ghandi, nas suas memórias, lembra que, certo dia, ao entrar
num comboio na Índia, escorregou e perdeu um sapato .
Para espanto dos seus companheiros, ele calmamente tirou
o outro sapato e lançou-o para o cais de forma a cair perto
do primeiro, enquanto o comboio se afastava da estação.
Um passageiro perguntou-lhe porque fez isso. Gandhi sorriu
e disse: “– Se um homem pobre encontrar apenas um
sapato de nada lhe servirá. Agora ele terá um par, que eu
tive a honra de doar.”
Este reflexivo e pequeno filme evoca a memória de um
grande homem e contém uma enorme lição.
Saibamos entendê-la.
A língua de Eulália
A língua de Eulália

A obra “A língua de Eulália”, de Marcos Bagno, publicada pela primeira vez no ano
de 1997, traz para o contingente de pesquisas linguísticas um novo modo para abordar as
questões referentes ao PP e ao PNP, partindo do pressuposto de explicar a ocorrência de
fenômenos na língua que são estigmatizados ou conceituados como errados a partir de
explanações lógicas na variedade de PNP.
Bagno desenvolve a narrativa de uma maneira irreverente, através de uma linguagem
de maior acessibilidade, fazendo com que o seu leitor entenda os discursos, mesmo aqueles
que nunca tiveram contato com a disciplina de linguistica. (apresentar a história das três moças
que foram para o sítio e que demonstraram preconceito com o jeito de falar da empregada e
amiga Irene)
 Através da personagem Irene, uma linguista renomada aposentada, Bagno apresenta uma
fundamental mudança quanto à perspectiva de ensino de gramática nas escolas, mudança
que parte das pesquisas na língua, pesquisas na área da novíssima ciência, linguistica.
Então a perspectiva visa que o ensino de língua materna não permaneça restrito ao ensino
de gramática tradicional normativa, como pregam muitos gramáticos e paradidáticos, mas
procurar entender o porquê de certos usos e da existência de tantas variedades em nossa
língua.
Irene passa a enfocar a temática a partir de uma manifestação de preconceito que as
três hóspedes apresentaram quanto ao modo de falar de Eulália. A atitude das três mulheres
demonstra o problema do preconceito linguístico, que recai diretamente para pessoas,
geralmente pobres e com baixa escolaridade, que são estigmatizadas pelo seu modo de falar.
A partir da experiência de desconstrução do preconceito, pode-se explicitar os
objetivos do livro, que são demonstrar que não há uma variedade correta e outra errada, mas
sim variedades diferentes que possuem lógica e que não há uma língua única, mas uma
variedade de dialetos. Isso expõe como o ensino de língua portuguesa é ministrado nas escolas
brasileiras, de forma autoritária e sem reflexão.

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