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HISTÓRIA DO BRASIL REPUBLICANO

3º ENCONTRO
Unidade 3: O governo do General Ernesto Geisel

Professora: Andrea Machado


O governo de Ernesto
Geisel

O General Ernesto Geisel


foi eleito em janeiro de
1973 por um colegiado
composto por membros do
Congresso Nacional e
delegados das Assembleias
Legislativas dos Estados e
tomou posso do cargo de
Presidente da República
em 15 de março de 1974.
Fonte da imagem: G1 Globo.
Geisel não foi sucessor de
Médici...

Cabe salientar que o General


Geisel não foi o sucessor do
Presidente Médici que
representava a linha dura das
forças armadas e o fato está
relacionado aos desgastes do
regime militar e a crise do
petróleo de 1973, que afetou
profundamente a economia
nacional.
Fonte da imagem: InfoEscola.
Crise do Petróleo em 1973.
Boris Fausto (2008) explica
em seus estudos que, com a
crise do petróleo, o governo
Geisel tratou de investir na
produção e exploração de
insumos básicos como:
fertilizantes, aço, petróleo,
alumínio e na geração de
energia por meio da
construção de hidrelétricas e
do programa nuclear.

Fonte da imagem: Agência Brasil –


EBC. Itaipu binacional.
Além disso, o governo
concedeu por meio do
BNDES - Banco Nacional
de Desenvolvimento
Econômico e Social
incentivos de crédito às
grandes empresas privadas
chamadas indústrias de
bens de capital.
São chamadas dessa forma
porque produzem
equipamentos, energia e
instalações industriais para
outras indústrias.
Fonte da imagem: Agência CNI de Notícias.
Entretanto, conforme Boris Fausto
(2008, p.274), “a nova política
colocava no palco da industrialização
brasileira a grande empresa estatal.
Os gigantes investimentos a cargo do
sistema Eletrobrás, da Petrobrás, da
Embratel (telecomunicações) e de
outras empresas públicas que eram
a rigor, o sustentáculo do II Plano
Nacional de Desenvolvimento”.

Fonte da imagem: Assembleia Legislativa do


Estado de São Paulo.
O II Plano Nacional de Desenvolvimento foi instituído pelo Presidente
Ernesto Geisel numa tentativa de criar um novo milagre econômico.

Fonte da imagem: UOL Educação.


Todavia, o novo milagre
econômico não aconteceu.
Isto porque, de acordo com
Boris Fausto (2008), diante do
novo cenário econômico, os
empresários nacionais e
estrangeiros começaram a dar
sinais de descontentamento
em relação ao governo militar e
tecnocrata.
Inclusive lançaram uma
campanha contra o excessivo
intervencionismo do Estado na
economia.
Fonte da imagem: Brainly.com.
Para alguns economistas, o
II Plano Nacional de
Desenvolvimento, que tinha
como principal objetivo uma
segunda experiência do
crescimento acelerado,
acabou por adiar os ajustes
da economia e aumentar
ainda mais a dívida externa.

Fonte da imagem: Tudo Geografia


– FMI.
De acordo com o historiador
Boris Fausto (2008, p. 275)
“ [...] no fim de 1978 a dívida
externa era de US$ 43,5
bilhões de dólares, mais que
o dobro no nível de três anos
antes”.

Fonte da imagem: Blog do Kayser.


Sendo assim, as medidas tomadas pelo governo Geisel teriam
aprofundado a crise econômica e os problemas sociais como perda do
poder aquisitivo, o aumento da inflação e do custo de vida e o
agravamento da pobreza. Fonte da imagem: Jornal A Verdade.
Em resumo, o “milagre econômico” deixou de herança uma dívida
estratosférica que só aumentou no governo Geisel.
E cabe salientar que o pagamento de juros da dívida pesou
fortemente sobre a economia brasileira por muitos anos.
Fonte da imagem: Qconcursos.com.
Na opinião de Boris Fausto
(2008) isso ocorreu porque
grande parte dos recursos dos
empréstimos estrangeiros
foram mal administrados pelos
governos militares ou aplicados
em obras faraônicas que
ficaram conhecidas pelos
brasileiros como “elefantes
brancos”.

Fonte da imagem: Portal Memória


Brasileira. Depois de quase meio
século, a Transamazônica ainda não
está pronta.
• Como era de se esperar, a crise econômica gerou insatisfação de
diferentes segmentos de atuação que até então, apoiavam o
governo militar como a classe empresarial, investidores nacionais e
estrangeiros e parte da classe média e alta que começaram a sentir
os efeitos da inflação.

• E com a inflação veio o aumento do custo de vida que afetou todos


os brasileiros, mas, em particular a população pobre.
Em outras palavras, a crise
econômica, a prática da tortura e
os assassinatos utilizados pelas
forças militares foram fatores
determinantes para que os
movimentos sociais
começassem a se reorganizar.

Fonte da imagem: Brasil Escola UOL –


Governo Geisel (1974-1979).
Com o fortalecimento dos
movimentos sociais,
campesinos e sindicais, o
partido de oposição consentida
- o MDB - também começou a
ganhar espaço político nas
eleições municipais e
legislativas.

Fonte: UOL Educação.


Portanto, o fim do milagre econômico evidenciou a crise política e também
serviu de gatilho para um longo, lento e inseguro processo de abertura
política sob a tutela do próprio regime militar.
Fonte da imagem: extensão.cecierj.edu.br
O Presidente Geisel não podia mais
ignorar os movimentos urbanos e
rurais que se fortaleceram, agora com
apoio das classes médias e alta e,
sobretudo, da Igreja Católica que
clamava pelo fim da tortura, dos
assassinatos e desaparecimentos de
opositores políticos.

Fonte da imagem: CNBB.


Em 1969 o Padre Antônio Henrique
Pereira Neto foi encontrado morto em um
terreno baldio no bairro da Cidade
Universitária, zona oeste do Recife. Foi
sequestrado, torturado e assassinado no
período da ditadura militar.
O general Geisel, que não
representava a linha dura, mas,
que governou com mão-de-ferro,
traçou juntamente com o seu
Chefe de Gabinete – o General
Golbery, uma estratégia para
trilhar um caminho seguro para o
regime militar rumo à abertura
política, tomando muitos
cuidados para que a oposição
não chegasse ao poder antes da
hora determinada pelos militares.

Fonte da imagem : Acervo O Globo. General Golbery,


do golpe à abertura.
Conforme Boris Fausto (2008) a abertura foi lenta, gradual e insegura,
pois, a linha dura se manteve como uma contínua ameaça de
retrocesso até o fim do governo Figueiredo.

Fonte da imagem: G1 Globo. 89 morreram ou desapareceram após reunião relatada


pela CIA em que Geisel autoriza mortes.
O historiador explica que o
processo de abertura só
seria possível se o governo
restaurasse a hierarquia e
se tornasse mais forte que a
linha dura e os órgãos de
repressão que se
fortaleceram a partir dos
governos de Costa e Silva e
Médici.
Fonte da imagem: El País.
Explosão em frente à sede do
Dops, em São Paulo em 1968.
Na opinião de Boris Fausto
(2008, p.271), para restaurar
a hierarquia o Presidente
Geisel precisava “[...]
neutralizar a linha dura,
abrandar a repressão e
ordenadamente promover a
volta dos militares aos
quartéis” e essa foi uma luta
travada nos bastidores.

Fonte da imagem: Brasil de Fato.


CIA diz que Geisel e Figueiredo
autorizaram execuções.
1974 - vitória dos deputados e senadores do MDB
Para o historiador, com a derrota do governo nas urnas em 1974 e a vitória
dos deputados e senadores do MDB nas grandes cidades, Geisel combinou
medidas liberalizantes com medidas repressivas.
Fonte da imagem: Senado Federal.
Podemos citar como liberalizantes a suspensão da censura aos
jornais e como repressivas a forte repressão contra os militantes do
PCB, acusado de estar por trás da vitória do MDB nas eleições.
Fonte da imagem: Documentos Revelados. Registro taquigráfico da audiência
pública sobre a chacina do Parque Nacional.
Geisel tomou algumas medidas contra os órgãos de repressão,
porém, as perseguições, as torturas e os assassinatos continuaram.
Uma morte que causou indignação em São Paulo foi a do jornalista
Vladimir Herzog.
Fonte das imagens: Brasil de Fato e Ponte Jornalismo.
O assassinato do jornalista
mobilizou profissionais dos
meios de comunicação, da
OAB - Ordem dos Advogados
do Brasil e setores da Igreja
Católica contra a prática de
tortura, assassinatos e
desaparecimentos, utilizados
pelos órgãos de repressão.

Fonte da imagem: Acervo Estadão.


A reorganização dos movimentos que lutavam pelos direitos civis e
pela redemocratização do Brasil
Durante o governo Geisel, novas categorias de trabalhadores começaram a
se organizar, dentre elas, os chamados assalariados com diploma.
Fonte da imagem: Rádio Jornal UOL.
Os sindicatos também começaram a se reorganizar, mas, agora
de uma forma independente do Estado, no interior das fábricas.
Com esse novo modelo de sindicato surgiram importantes
lideranças operárias, em particular dos metalúrgicos do ABC
Paulista, que se destacaram no cenário nacional.

Fonte da imagem: Memorial da Democracia. A grande greve dos trabalhadores


do ABC.
Muitas dessas lideranças
eram membros das
comunidades eclesiais de
base da Igreja Católica.
Outra conquista importante
para os trabalhadores foi a
contratação de advogados
pelos sindicatos.

Fonte da imagem: Jornal da


Paraíba. Dom Paulo Evaristo
Arns.
• Com o início da abertura política os trabalhadores começaram a
organizar manifestações coletivas para reivindicar a reposição das
perdas salariais.

• Isto porque, segundo Fausto (2008, p.277), em 1977 o governo Geisel


admitiu “[...] que tinham manipulado os índices oficiais de inflação
referentes a 1973 e 1974 – como eles regulamentaram os índices de
reajuste salarial, verificou-se que os assalariados haviam perdido
31,4% de seu salário real naqueles anos”.
Boris Fausto (2008) explica que milhões de trabalhadores brasileiros
entraram em greve entre os anos de 1978 e 1979, exigindo do governo
correção salarial e outros direitos como: garantia de emprego,
reconhecimento das comissões de fábricas e liberdades democráticas.
Fonte da imagem: Jornal da Verdade.
De acordo com Boris Fausto (2008, p.278) o sindicalismo cresceu no ABC
paulista com autonomia em relação ao Estado e se tornou referência para
outras categorias, pois, tinha elevado o índice de organização.
Para se ter ideia, “em 1978, 43% dos operários metalúrgicos eram
sindicalizados e a afirmação de seus líderes fora da influência da esquerda
tradicional, ou seja, do PCB”.
Sugestão de leitura: Livro Projeto Brasil: Nunca Mais de Dom Evaristo Arns.
Referências Bibliográficas
• ARNS, Paulo Evaristo. Projeto Brasil: Nunca Mais. Editora Vozes. São Paulo,
1985.

• FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995.

• -------------------. História Concisa do Brasil. Edusp. São Paulo, 2008.


• JÚNIOR, Caio Prado. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense,
1987.
• REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura militar, esquerdas e sociedade. Rio de
Janeiro: Zahar, 2000.
• SODRÉ, Nelson Werneck. História militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1969.
Canais de contato:
0800 642 5000 Ambiente Virtual de Aprendizagem DaVinci Talk Professor de Plantão

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