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Curso de Mestrado e Doutorado em Física e

Astronomia

FÍSICA ESPACIAL I

A Ionosfera Terrestre

Professor
Marcio Muella

São José dos Campos, 1


Novembro, 2023
A Ionosfera
REGIÃO DA ATMOSFERA LOCALIZADA ENTRE ~60-1000
QUILÔMETROS DE ALTITUDE, COMPOSTA POR UM PLASMA
FRACAMENTE IONIZADO, PORÉM, COM UMA DENSIDADE
ELETRÔNICA SUFICIENTE PARA AFETAR A PROPAGAÇÃO DE
ONDAS ELETROMAGNÉTICAS.

O Processo de Fotoionização
PRINCIPAL PROCESSO DE FORMAÇÃO DE IONIZAÇÃO NA ATMOSFERA, ONDE A ENERGIA DO
FÓTON SOLAR IONIZA UM CONSTITUINTE, REMOVENDO-LHE UM ELÉTRON.

A ABSORÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR OCORRE PRINCIPALMENTE NAS FAIXAS DO UV, EUV, RAIOS X
E RAIOS CÓSMICOS (SOL E OUTRAS FONTES DO SISTEMA SOLAR).

2
Ionização Primária (Fotoionização)
FÓTONS COM ENERGIA  12 eV SÃO CAPAZES DE IONIZAR OS
COMPONENTES DA ATMOSFERA.

Ionização Secundária
CAUSADA POR PARTÍCULAS IONIZADAS ENERGÉTICAS ATRAVÉS DE
COLISÕES COM AS MOLÉCULAS NEUTRAS (POR EXEMPLO,
PRECIPITAÇÕES).

Teoria Básica da Formação da Ionosfera


CONSIDERA A ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR QUANDO ESTA PENETRA NA ATMOSFERA
E DETERMINA UMA FÓRMULA GERAL PARA A TAXA DE PRODUÇÃO DE IONIZAÇÃO (q) ,
COMO UMA FUNÇÃO DA ALTURA (h) E DO ÂNGULO ZENITAL SOLAR ().

3
Absorção da Radiação Solar

Radiação Solar
(EUV/Raios-X/Raios Cósmicos)

Atmosfera Terrestre

Absorção

Dissociação Ionização

Química das Recombinação


Partículas Neutras
Ionosfera
Luminescência

Aquecimento do Gás Aquecimento de Íons e


Neutro (Termosfera) Elétrons (Plasma)

4
Suposições Iniciais

 A RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE (I) É ASSUMIDA COMO


SENDO MONOCROMÁTICA, OU SEJA, UM ÚNICO
COMPRIMENTO DE ONDA.

 A ATMOSFERA CONSISTE DE APENAS UM ÚNICO


CONSTITUINTE QUE ABSORVE A RADIAÇÃO, E QUE SUA
CONCENTRAÇÃO DECAI EXPONENCIALMENTE COM A
ALTURA À UMA ESCALA H.

 A ATMOSFERA É ASSUMIDA PLANA E HORIZONTALMENTE


ESTRATIFICADA.

5
Absorção da Radiação Solar e Altura
Máxima de Ionização
Variação do fluxo solar devido à absorção do gás neutro:

dI    I  .n. a .dS
I numa altitude de referência z arbitrária:

 
I z  I  . exp   n. a .dS
0 
Profundidade Óptica () :

  sec  . a  n.dz
z
Expressão geral da absorção solar para um dado :

I( )  I  ( ). exp   6
No local onde a produção de ionização é máxima ( =1) :
1
nT 
a
Densidade numérica (1° Aproximação) :

  z  z 0 
n  n 0 exp  
  H 
  n.dz  n.H
z

Densidade Numérica (2° Aproximação) :


 1  
  
 H    
n  n 0    n.dz  n.H
 H0  z

Densidade Numérica (3° Aproximação) :

 z'  R T2 z  z 0 
n  n 0 exp   z' 
 H 0
R T  z R T  z 0 

7
  z  z 0 
Para  = 1 e, n  n 0 exp   H  temos que:
  

z m ( ,  )  H. ln n 0 H a ( ) sec  

Produção de Ionização e Camada de Chapman

A TAXA DE PRODUÇÃO DOS PARES ÍONS-ELÉTRONS (q) É PROPORCIONAL AO NÚMERO DE FÓTONS INCIDENTES I, AO
NÚMERO DE PARTÍCULAS IONIZÁVEIS E À SEÇÃO TRANSVERSAL DE IONIZAÇÃO, TAL QUE:

q  n. I.i

8
 A maior densidade de íons ocorre
próximo a 300 km. A concentração de
íons é pequena abaixo de 80 km
porque nestas regiões muito da
radiação de ondas curtas necessária
para ionização já foi esgotada. Acima
de ~400 km a concentração é pequena
por causa da densidade extremamente
pequena do ar, possibilitando a
produção de poucos íons.

O2 O N2 N _______________Região F

O2 O N2 ______Região E Densidade eletrônica: as camadas da ionosfera e sua


população de ions predominate em suas respectivas
altitudes acima da superfície
O2 O N2 ---------------Região D
O3

Penetração da radiação solar na atmosfera e as espécies neutras 9


mais abundantes.
Perdas de Íons e Elétrons
A distribuição vertical de ionização da atmosfera superior depende; (a)
da taxa de produção iônica; e (b) dos diferentes processos de perda.

As perdas podem ocorrer por diversos processos:

(i)Recombinação iônica: X+ + Y-  X + Y i
(ii)Recombinação eletrônica ou dissociativa: X+ + e  X + M e
X+ + e  X + h
XY+ + e  X + Y
(iii)Troca de Carga: X+ + YZ  XY+ + Z 
(iv)Junção Eletrônica: X + e + M  X- + M
(v)Separação Associativa: Y- + M  YM + e

onde i, e e  denotam a taxa efetiva ou coeficiente efetivo de


recombinação.

Na ionosfera o processo de perda mais eficiente é a (ii) de


recombinação eletrônica ou dissociativa. 10
As Camadas e Regiões da Ionosfera

http://www.py2yp.com/comportamento.php http://blog.sarmento.eng.br/?p=24

A estrutura da ionosfera consiste de 3 regiões de densidade variável de íons:


as regiões D, E e F. Como a produção de íons requer a radiação solar direta, a
concentração de íons diminui do dia para a noite. Assim, a região D
desaparece à noite, a região E se enfraquece consideravelmente, mas a 11
região F continua presente à noite.
Região D – Produção de Ionização
 A região D é a porção inferior da ionosfera compreendida
entre ~50 a 90 km.
 Sua formação ocorre devido à incidência de raios-X com 
< 10Å, que ioniza as espécies majoritárias, tais como O2, N2
em altitudes menores que 68 km e entre 81-85 km.
 Radiação ultravioleta no EUV também ioniza O2 e N2.
 O espectro do EUV entre 1027-1118Å ioniza o oxigênio no
estado excitado O2(1g) entre 80-105 km.
 Faixa do espectro solar Lyman- (1215Å) que penetra
abaixo dos 95 km (68-92 km) ioniza o NO.
 Os raios cósmicos são uma das fontes majoritárias, pois a
taxa de produção nesta faixa aumenta em altitudes
menores com o aumento da densidade do ar,
principalmente abaixo dos 61 km.
12
Região D – Química dos Íons Positivos e
Negativos
 P: O2+ + O2 + M  O4+ + M
O íon O4+ desempenha papel importante na aglutinação
(íons aglomerados).
 L: O4+ + O  O2+ + O3
O4+ + H2O  O2+(H2O) + O2
Uma sequência de reações ainda se segue, envolvendo
íons pesados como o O2+(H2O), que como são moléculas
grandes as taxas de recombinação são altas, o que explica
em parte por que a [ne] na região é baixa.
Os íons positivos principais na região D são NO+, O2+ e N2+,
sendo que N2+ é convertido para O2+ pela reação de troca de
carga:
13
N2+ + O2  O2+ + N2
Região D – Química dos Íons Positivos e
Negativos
 Os íons negativos mais importantes são O2-, O3- e NO2-.
 Elétrons podem ser liberados a partir das seguintes
reações:
O2 - + O  O 3 + e
O2- + O2*  2O2 + e
O2- + h  O2 + e
 Onde o íon O2- pode ser gerado a partir da junção
eletrônica (attachment) sobre uma molécula de O2.

e + O 2 + M  O2- + M
Estas reações acima conduzem ao balanço entre os íons
negativos e elétrons na região D. 14
Região D – Termo de Perda
 Na região D predomina a perda eletrônica na forma
quadrática, onde L = .ne2.
Da relação de íons negativos e elétrons tiramos que:
 = n-/ne
Na condição de neutralidade de carga:
n+ = ne + n- = ne +  ne = (1 + )ne
Supondo que as perdas para os íons positivos são dados
pelos processos de recombinação iônica e eletrônica:

X+ + Y-  X + Y i
X+ + e  X + h e

onde é possível deduzir que L(n+) = e.ne2


15
Região E – Produção de Ionização
 A região E é a porção da ionosfera compreendida entre 90
e 150 km.
 A seção transversal de absorção a < 5 x 10-8 cm2.
 Sua formação ocorre devido à incidência de raios-X fracos
com 31Å <  < 100Å, que ioniza principalmente O2, N2 e O.
 Radiação no EUV ( < 910Å) ioniza N2 e O, e entre 911-
1027Å ioniza O2, N2 e O.
 Lyman- (1025Å) e a linha C[III] em (977Å) ionizam o O2.
 Lyman contínuum em 910Å ioniza o O.
 As principais reações de produção por fotoionização são:
O + h  O+(4S) + e
O + h  O+(2D) + e
O2 + h  O2+ + e 16
+
Região E – Processos e Termo de Perda
 Os principais processos de perda na região E são:
(a) RECOMBINAÇÃO ELETRÔNICA DISSOCIATIVA:
O2 + + e  O + O D
NO+ + e  N + O
N2+ + e  N + N
(b) TROCA DE CARGA
O+(4S) + NO  NO+ + O 1
O+(4S) + O2  O2+ + O 2
O+(2D) + N2  N2+ + O 1*
N2+ + NO  NO+ + N 3
O2+ + NO  NO+ + O2 5
N2+ + O2  O2+ + N2 9
17
 Na região E a perda eletrônica na forma quadrática é
Camada E Esporádica (Es)
 Adensamento do plasma ionosférico com espessura inferior à 10 km, e
que pode ocorrer numa faixa entre 90-160 km de altitude na região E.

 Formada basicamente por íons metálicos, como Fe+, Mg+, Ca+, Si+ e Na+.

 Em regiões de latitudes altas as camadas Es são devidas à precipitação


de partículas e a ação de campos elétricos.

 Em regiões de médias e baixas latitudes as camadas Es provem de


partículas dos meteoros e a mecanismos de cisalhamento de ventos
(ondas de gravidade e marés atmosféricas) e campos elétricos
equatoriais.

 As camadas Es podem ser estudadas a partir de observações com


ionossondas, onde recebem diferentes classificações.

18
Camada E Esporádica (Es)

 As camadas Es podem ser estudadas a partir de observações com


ionossondas, onde recebem diferentes classificações.

19
Região F – Produção de Ionização
 A região F é a porção da ionosfera localizada acima dos
150 km de altitude.
 A seção transversal de absorção a > 10-17 cm2.
 Divide-se em duas camadas: A camada F1 situada entre
150-180 km e a camada F2 acima dos 180 km, onde
engloba o pico de densidade eletrônica (entre 300-400 km).
 Uma terceira camada F3 pode ser formada em latitudes
equatoriais.
 A formação da região F ocorre devido à absorção da
radião solar na faixa do EUV entre 100Å <  < 900Å, que
ioniza principalmente O2, N2 e O.
 Como a atmosfera é rarefeita em altitudes da região F, a
recombinação dos íons ocorre mais vagarosamente depois
do pô-do-Sol, o que favorece em parte a permanência da
região F durante a noite. 20
A Camada F1
 Na camada F1 a densidade encontra-se entre 105-106
elétrons/cm3, e assim como as regiões D e E desaparece
durante a noite.
 O íon NO+ domina até ~170 km, e acima desta altitude o
oxigênio atômico por ser o constituinte dominante torna-se
importante no balanço de ionização.
 Produção (Fotoionização)
O + h  O+ + e I

Processos de Perda
Reação íon-neutro: O+ + N2  NO+ + N 
Recombinação Dissociativa: NO+ + e  N + O D
 Recombinação de O+ + e  O* por ser um processo com
tempo de reação grande, torna-se irrelevante na camada F1.21
A Camada F1
 A camada F1 caracteriza-se por um pequeno pico de
ionização secundário na concentração eletrônica ou uma
inflexão na curva de densidade em torno dos 180 km.

Na camada F1 ocorre a transição das perdas quadráticas


de Ne para as perdas lineares. Isto ocorre na altitude em
que:
.ne = .ne2

Quando q = .ne2 a densidade eletrônica térá um pico na


mesma altura h0 em que q é máximo. No caso em que q =
.ne, a densidade eletrônica aumenta com o aumento da
altitude.
22
Transição Perda Quadrática e Linear

Nota-se do gráfico acima que ambos, q e , decrescem acima


de h0. Entretanto,  decresce mais rapidamente, logo, ne = q/
tem uma taxa de crescimento menor para altitudes h > h0.
23
A Camada F2
 Engloba a região do pico de ionização da ionosfera, ou
pico da camada F2. Como a taxa de perda decai mais
rapidamente do que a taxa de produção, ne aumenta com a
altitude na camada F2.

Na camada F2 predomina o íon O+ e a perda é
principalmente por O2 e N2:
O+ + N2  NO+ + N k1
O+ + O2  O2+ + O k2

Como na camada F2 predomina a perda linear, o taxa de


perda é dada por:
 = k1[N2] + k2[O2] 24
A Camada F2
 A camada F2 encontra-se em equilíbrio difusivo, o plasma
se distribui com sua própria escala de altura,
Hp = k(Te + Ti)/mig

e a distribuição eletrônica é exponencial na forma


ne = n0.exp(-h/Hp)

No pico da camada F2, ne = q/, difusão e fotoquímica são


iguais, logo o coeficiente  = DP/Hp2, onde DP denota a taxa
de difusão.

 Além dos processos de ionização e recombinação, o perfil


de distribuição da camada F2 é determinada pelos
processos de transporte (difusão e ventos).
 O campo magnético da Terra exerce grande influência na
25
distribuição de ionização da camada F2.
Processos de Transporte na Ionosfera
(1) VENTOS NEUTROS TERMOSFÉRICOS

Acionado pela expansão térmica da termosfera devido à


absorção da radiação solar incidente. O sistema de ventos são
importantes para a manutenção da camada F2 durante a noite.
Isso ocorre pois, devido à ação dos ventos o plasma é
transportado para altitudes maiores, onde os efeitos de
recombinação tendem a diminuir.
A componente do vento termosférico ao longo do meridiano
magnético (UM) é quem transporta o plasma ao longo das
linhas de campo magnético (B) e modifica o perfil vertical de
ionização na região F.

UM = Ugeog.Mer.cos(D) + Ugeog.Zon.sen(D)

26
onde D é a declinação magnética.
Processos de Transporte na Ionosfera

27
Processos de Transporte na Ionosfera
(1) VENTOS NEUTROS TERMOSFÉRICOS

28
Processos de Transporte na Ionosfera
(2) CAMPOS ELÉTRICOS

As principais fontes de campos elétricos na ionosfera são os


dínamos das regiões E e F.

Dínamo da Região E

O dínamo da região E, ou dínamo atmosférico, ocorre em


torno dos 110 km de altitude, onde a condutividade ionosférica
é máxima.
Na região E o movimento dos ventos é conduzido por
oscilações de marés, e que estão associados à absorção da
radiação solar.
A ação dos ventos neutros sobre o plasma da região E imerso
no campo magnético da Terra, provoca o surgimentos de
campos elétricos. 29
A ação do dínamo pode ser descrita por:

1.Os ventos agem sobre as partículas carregadas (íons e


elétrons) movimentando-os ao longo do campo magnético B,
com uma velocidade VU.

VU // 
 

U.B B
B2
2.A componente do vento perpendicular a B faz com que íons
e elétrons movam-se em sentidos opostos, perpendicularmente
tanto a U quanto a B, com velocidades:
 
 UB
VU  
 B
onde  denota a frequência de colisão das partículas
carregadas com as partículas neutras e  é a girofrequência.
30
 = |q|B/m
3. Os campos elétricos locais induzidos pelos ventos neutros
são dados por:
  
Ei  U  B
4. Estes campos elétricos conduzem a uma corrente:
 
J  [ ].E i

onde [] é o tensor condutividade.

O sistema de
correntes
ionosféricas que
surge é conhecido
como sistema de
corrente solar quiet
(Sq). 31
(Rezende, 2010)
5. Como esta corrente não apresenta divergência nula, um
acúmulo de carga ocorre nos pontos em que:

.J  0
6. A distribuição de cargas acumuladas dá origem a um campo
elétrico de polarização Ep.

7. Estes campos elétricos de polarização Ep se mapeados ao


longo das linhas de campo magnético até a região F, faz com
que íons e elétrons movam-se com uma velocidade de deriva
vertical dada por:  
 Ep  B
V
B2
Quando a velocidade dos íons Vi iguala a velocidade dos
elétrons Ve, o plasma movimenta-se como um todo e diz-se
que temos um movimento de deriva. 32
Dínamo da Região F

O dínamo da região F ocorre devido à ação dos ventos


neutros termosféricos sobre o plasma da região F.

Neste caso a corrente de dínamo é


   
J  n.e.U 
  33
Existem 3 casos em que se tem deriva do plasma

(A) Na região superior da ionosfera ( >> ) os campos


elétricos de polarização produzem a deriva.
(B) Em qualquer altitude, devido a componente do vento ao
longo de B.
(C) Na baixa ionosfera ( << ) um vento U move íons e
elétrons em sua própria direção e à sua própria velocidade.

34
(3) DIFUSÃO AMBIPOLAR DO PLASMA

O plasma tende a ter uma difusão ao longo das linhas de


campo magnético, sob a ação da gravidade e dos gradientes
de pressão.

As forças elétricas entre elétrons e íons tendem a mantê-los


juntos, de maneira que ambos assuma uma mesma
velocidade.

Caso a velocidade de ambas sejam distintas, pois os elétrons


tendem a se difundir mais do que os íons, um campo elétrico
intrínseco (Ei) pode surgir devido à difusão, o que
consequentemente, tenderia a desacelerar os elétrons e
acelerar os íons.

35
Processos de Transporte na Ionosfera
A equação da continuidade relaciona os efeitos dos vários
processos (produção, perda e transporte de ionização) que
alteram a densidade eletrônica (ne) e iônica (ni).
n i
 .n i v i   Pi  L i
t
n e
 .n e v e   Pe  L e
t
A equação do movimento para íons e elétrons na ionosfera é
escrita como:
     
 i
mi 
dv
  m i
 1
g   p i e E  v i  
B  m 
i inv i  U m 
e ei v
 
i  ve 
 dt  ni
    
 dv e 
me    m e
 1
g   p e  e 
E  v e  B 
 m 
e en v

e  U m 
e ei v
 
e  vi 
 dt  ni

36
Deriva Vertical do Pico F2 fora do
Equador Magnético
 E   DS  2
VV    cosI   U M cosI senI    sen I 
 B   2H 
onde o primeiro termo denota a componente horizontal do
plasma sofrendo uma deriva devido ao campo elétrico E  B;

o segundo termo representa a componente vertical devido ao


vento meridional magnético, onde o sinal + denota hemisfério
sul;

o terceiro termo representa a contribuição vertical da


velocidade de difusão do plasma, onde DS é o coeficiente de
difusão ambipolar do plasma. 37
O Efeito Fonte e a Anomalia na
Ionização Equatorial (ou Anomalia de
Appleton)
 Durante o dia as condutividades das regiões E e F são
acopladas através das linhas de campo magnético, o que
curto circuita o dínamo da região F.
 Como a condutividade na região E é elevada, o circuito de
corrente através das linhas de campo torna-se mais efetivo.
 Devido a presença dos campos
elétricos zonais para leste, o
plasma no equador deriva em
direção a altitudes mais elevadas.
 Em seguida, o processo de difusão
transporta o plasma em direção a
latitudes mais afastadas do
Paulino et al. (2007)
equador. 38
 Este padrão de transporte de plasma para fora do equador
é chamado de “efeito fonte equatorial”.
 Em consequência disso, surge a norte e a sul do equador,
entre ~15°-20° de latitude, regiões com elevada
concentração de plasma.
 Estas regiões são as cristas de ionização da anomalia
equatorial de Appleton.

39
 Os efeitos da deriva E x B e da difusão, tendem a produzir
uma distribuição simétrica de ionização sobre o equador.
 Assimetrias nas regiões das cristas são devidas à ação dos
ventos neutros termosféricos.

Mcnamara et al. (1991) 40


Variabilidade Diária da Ionosfera

41
42
Pico Pré-Reversão na Deriva Vertical
 No início da noite, ou logo após o entardecer, a
condutividade da região E diminui e o circuito é interrompido.
 Se o vento estiver soprando para leste quando a
condutividade diminuir e o curto-circuito for interrompido,
então campos elétricos de polarização (para leste)
associados ao dínamo da região F serão intensificados e um
aumento brusco da deriva vertical será observado.

43
FONTE: Santos (2010) 44
Eletrojato Equatorial (EEJ)
 O EEJ é uma corrente eletrônica horizontal que circula ao
longo do equador magnético numa faixa de ~6° de latitude.
 O sistema de correntes na região E (90-120 km) polariza
positivamente o terminadouro do amanhecer e
negativamente o terminadouro do anoitecer.
 Corrente fluem do amanhecer para o anoitecer nos dois
lados da Terra.

 Corrente flui para leste durante o dia e para oeste durante a


noite. 45
Irregularidades na Região F Equatorial
 As irregularidades na ionosfera equatorial foram detectadas
pela primeira vez em 1938 por Booker e Wells.
 As irregularidades na região F são depleções na densidade
do plasma ionosférico.
 Estas irregularidades são formadas na região do equador
magnético, e se estendem ao longo das linhas do campo
geomagnético até regiões de latitudes mais afastadas em
ambos os lados do hemisfério (podem apresentar centenas
de km).

46
http://www.sarmento.eng.br/Tecnica12.htm
Irregularidades na Região F Equatorial
 As irregularidades na região F são normalmente designadas
por bolhas de plasma, termo utilizado para caracterizar as
irregularidades de larga escala observadas nas imagens de
luminescência.

47
Irregularidades na Região F Equatorial
 O termo inicialmente empregado para designar as
irregularidades na região F da ionosfera foi “equatorial
spread-F – ESF” (espalhamento F equatorial), devido ao
espalhamento observado nos traços dos ionogramas.

48
Irregularidades na Região F Equatorial
 As irregularidades na região F da ordem de centenas de
metros até dezenas de quilômetros causam as flutuações
(ou cintilações nos sinais do GPS.

49
Irregularidades na Região F Equatorial
 As irregularidades de pequena escala com poucos metros
pode ser estudada a partir de dados de radares em VHF,
chamadas de plumas (“plumes”).

http://en.wikipedia.org/wiki/Jicamarca_Radio_Observatory#mediaviewer/File:Esf.jpg
50
Formação das Irregularidades
 A Instabilidade Gravitacional Rayleigh Taylor (GRT) é a
teoria mais aceita para explicar a formação das
irregularidades na região F.

FONTE: Kelley, 1989.

(1) Considera-se, inicialmente, um ambiente que possua duas


regiões com densidades de plasma distintas, uma região
mais elevada com densidade N1 e uma outra região
localizada logo abaixo com densidade N2 = 0. 51
Formação das Irregularidades
(2) Um gradiente vertical na densidade do plasma (n)
antiparalelo a g favorece que o sistema passe do estado de
equilíbrio para o estado perturbado.
(3) Uma perturbação senoidal então surge na interface entre as
duas regiões, provocando uma mudança de carga nas suas
fronteira (fluxo de cargas).

(4) Como resultado da ação do campo gravitacional g na


presença do campo magnético B, uma corrente J tende a se
desenvolver perpendicularmente a g e B e fluir na direção x
(direção leste-oeste).
52
Formação das Irregularidades
(5) Como consequência da perturbação, o fluxo de corrente
não apresentará divergência nula, e um acúmulo de carga
ocorrerá nas bordas da perturbação.

(6) Estas cargas acumuladas darão origem a campos elétricos


de polarização (E) na região da perturbação.
(7) Estes campos farão com que íons e elétrons se movam
com uma velocidade de deriva proporcional a E X B/B2,
deslocando a região de depleção pra cima e a região de
densidade maior para baixo.
(8) E acaba tornando o sistema mais instável e amplificando a
perturbação inicial.
53
Instabilidade Rayleigh-Taylor
g

n

54
Instabilidade Rayleigh-Taylor
A taxa de crescimento linear da instabilidade gravitacional
Rayleigh-Taylor (GRT), baseada em quantidade locais, pode
ser expressa como:

 E zonal g  1 n 0 
L        L
 B  in  n 0 h 

onde n0 é a densidade eletrônica ambiente e L é a taxa de


recombinação local para as espécies iônicas majoritárias.

•Fatores que podem controlar a geração e evolução das


irregularidades: ondas de gravidade, EEJ, pico pré-reversão,
declinação magnética, condutividades e ventos neutros.
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Referências
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