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Subdomínio 1.

2- Energia dos eletrões nos


átomos

1.1- Espetro eletromagnético e espetros atómicos


A radiação eletromagnética que o Sol emite chega até nós
através do espaço em forma de ondas eletromagnéticas. O
conjunto das radiações eletromagnéticas constitui o espetro
eletromagnético.
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Espetro
eletromagnético

Representa o conjunto de todas as radiações eletromagnéticas


existentes, ordenadas pelas suas energias ou frequências.
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NOTA: As radiações visíveis são uma pequena parte do espetro
eletromagnético.

A radiação eletromagnética pode ser caracterizada como onda


ou como um conjunto de partículas designadas por fotões.

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Onda periódica

Evolução no espaço Evolução no tempo


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A (amplitude) – distância entre a posição de equilíbrio e
a crista da onda. (m)
λ (comprimento de onda) – distância entre dois pontos
da onda que se encontram na mesma fase de vibração.
(m)

ƒ (frequência) – número de oscilações por segundo. (


Hz ou s-1)

T(período) – tempo que demora a executar


uma oscilação completa. (s)

T1
= f
5
Quanto maior a frequência da radiação (f).
Menor é o seu comprimento de onda (λ).

Maior é a energia da radiação (E).

Toda a radiação eletromagnética propaga-se no vácuo (vazio)


com uma velocidade constante, c, de valor aproximado
3,0×108 m s-1. No ar este valor é praticamente o mesmo.

c=λ×f
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A
energia de cada fotão relaciona-se com a frequência da radiação,
de acordo com a expressão:

Efotão = h × f

A energia de um feixe com N fotões é:

Eradiação = N × h × f E – energia do fotão (J)


h (Constante de Planck) = 6,63 x 10-34 J.s
N – nº de fotões do feixe.
f – frequência da radiação (Hz)

A intensidade de uma radiação é proporcional ao nº de fotões


emitidos por unidade de tempo.
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Tipos de espetros
Isaac Newton demonstrou que a luz branca como a luz do sol,
ao passar por um prisma, decompõe-se em luz de diferentes
cores, formando um espetro como o arco-íris.
Dispersão da luz branca – é a decomposição da luz branca nas
cores simples que a constituem.
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Espetro
Emissão Absorção Resulta da
Resulta da decomposição da absorção de luz pela matéria
luz emitida pela matéria

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Os espectros de emissão contínuos são constituídos por um
conjunto de radiações de frequências tão próximas que variam
de um modo praticamente contínuo.
(Apresentam um conjunto ininterrupto de radiações emitidas)

Exemplos:
- Lâmpadas de incandescência (lâmpada
vulgar); - Corpos incandescentes;
- Lâmpadas de halogéneo.
Os espectros de emissão descontínuos (ou de riscas) apresentam
somente certas frequências, são constituídas por riscas
brilhantes e separadas sobre um fundo escuro.
(Apresentam apenas determinadas radiações emitidas)

Exemplos:
- Lâmpadas fluorescentes;
- Lâmpadas de vapor de sódio;
- Néons;
- Fogo de artifício;
- Teste de chama.

Nota: Os espetros atómicos são descontínuos.


Átomos de elementos químicos diferentes originam espetros
atómicos diferentes, o que significa que os espetros são
característicos de cada elemento.

Hidrogénio Hélio Néon

Sódio
Mercúrio

Comprimento de onda
Nota: Observam-se espectros de absorção quando parte da
radiação emitida por uma fonte luminosa é absorvida por
substâncias colocadas entre a fonte e o observador. Estes
espectros apresentam riscas escuras num fundo brilhante.

Exemplos de espetros de absorção:


- espetro solar
- espetro de estrelas
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Se o espetro solar for observado em espetroscópios mais potentes,
encontra-se uma série de riscas negras (riscas de absorção).
São as riscas de Fraunhofer

He
As riscas negras resultam da absorção de radiação por
elementos presentes na parte mais externa do Sol.

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oo

Absorção por
elementos presentes Riscas de
no Sol
absorção
15
Nos espetros de emissão e de absorção de um dado elemento, as
riscas são coincidentes (têm a mesma posição), ou seja, surgem nos
mesmos valores de energia (mesmos λ). Um elemento emite radiação
nos mesmos valores de energia nos quais absorveu.

Espetros de emissão e de absorção do A Professora: Olga Silva 16


hidrogénio e hélio:
Como será possível saber que elementos existem no Sol e noutras
estrelas mais longínquas?
Resposta: a partir da análise e da comparação dos espetros das
estrelas com a dos elementos.

O espetro da estrela revela que esta contém hidrogénio e sódio.


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Se
uma
dada

estrela emite luz com esta composição:


λ
certamente que contém .......?........
hidrogénio

Espectro de emissão de um elemento X


λ

λ
Espectro de emissão do H
O
modelo atómico de Bohr – quantização da energia

Bohr foi o primeiro cientista a apresentar uma explicação para a


descontinuidade dos espetros atómicos de emissão.

Modelo atómico de Bohr –


com um núcleo central e os
eletrões circunscritos a órbitas
circulares bem definidas, cada
uma, de determinada energia
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Bohr, no seu modelo, estabeleceu que:
1 - o eletrão só pode ocupar certas órbitas com determinado raio;

2 - às órbitas dos eletrões correspondem energias dos


eletrões bem definidas (quantização da energia); quanto mais
afastado do núcleo estiver, maior será a energia do eletrão;

3 - as saídas dos eletrões das órbitas só são permitidas por


absorção (excitação) ou emissão (desexcitação) das quantidades
de energia bem definidas.

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A excitação dos átomos pode acontecer por:
- aquecimento, descargas elétricas e radiação.

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As riscas observadas no espetro de emissão do átomo de hidrogénio
correspondem à emissão de uma radiação, resultante da transição do
eletrão para um nível de menor energia (desexcitação eletrónica).
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Uma analogia com uma situação corrente poderá ser útil para
se perceber o conceito de quantificação:
quando de pretende subir uma escada só se consegue subir
degrau a degrau ou, eventualmente, de dois em dois degraus e
nunca para uma altura situada a meio deles. Isto significa que a
altura que se consegue atingir, em cada passada, está
quantificada.

Em contraste, a subida por uma rampa é um processo contínuo:


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1.2 - Espetro
do átomo de hidrogénio Quando se produz uma
descarga elétrica através de hidrogénio rarefeito (a baixa
pressão), as moléculas H2 dissociam-se e os átomos H,
excitados, regressando ao estado fundamental, emitem
radiações com energias (e comprimentos de onda) bem
determinados (espetro de riscas).

Algumas das riscas


situam-se na zona
ddp
elevada
H2rarefeito

do visível

Espetro atómico do H
A radiação emitida pelo hidrogénio atómico origina um espetro
descontínuo.

A quantização de energia do átomo de H implica níveis de


energia bem definidos para os seus eletrões.

A energia do eletrão nos diferentes níveis do átomo de H calcula


se a partir da expressão deduzida por Bohr.

2,18 10
x −J com n 18
En
=−= 1,2 ...
2
n

Nota: As energias são tanto mais negativas quanto mais próximo


o eletrão estiver do núcleo.
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-Os níveis vão-se aproximando à


medida que n aumenta;

-Por convenção, a energia do


eletrão livre, afastado
infinitamente do núcleo, é zero
(E∞= 0).

-Todas as energias permitidas


para o eletrão serão sempre
inferiores a zero.
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Nível n=1
(estado fundamental)

Níveis n>1
(estados excitados)

Nível de menor energia


(Mais negativo, mais estável e
mais próximo do núcleo) (Menos negativos, menos
estáveis e mais afastados do
núcleo)

Níveis de maior energia


Um eletrão do átomo só pode transitar de um nível de energia
para outro se absorver ou emitir um fotão de energia igual ao
valor da diferença de energia dos níveis considerados.

ΔE = Enível final – Enível inicial

Quanto maior for a diferença de energias, maior será a


frequência da radiação.

Na absorção tem-se ΔE > 0


Na emissão tem-se ΔE < 0

Nota: A energia de uma radiação é sempre

positiva. Eradiação = |ΔE|


Transições eletrónicas
Nas transições para níveis de menor energia, um átomo de
hidrogénio pode emitir radiação IV, visível e UV.

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As riscas do espetro do átomo do hidrogénio agrupam-se em
séries que correspondem a transições para um mesmo nível
energético.

A Professora:
Olga Silva 30
A Professora: Olga Silva 31
Na desexcitação eletrónica, o tipo de radiação emitida depende
do nível final para o qual o eletrão transita.
Transição Radiação emitida Série espetral
n>1 → n=1 UV Lyman
n>2 → n=2 Visível Balmer
n>3 → n=3 IV Paschen

A Professora: Olga Silva 32


Riscas
visíveis do espetro do átomo de hidrogénio (há
ainda outras riscas violetas de fraca intensidade).
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A Professora: Olga Silva 34
1.3 – Modelo da
nuvem eletrónica
A energia de ionização do átomo de H é a energia mínima
necessária para remover o eletrão de um átomo isolado de H,
no estado gasoso, quando este se encontra no estado
fundamental.
H (g) + Eionização → H+(g) + e
-18
Eionização = ΔE = E∞ – E 1 = 0 - (-2,18×10 ) = 2,18×10 -18 J

Energia de remoção
eletrónica
A energia de remoção é a energia necessária para remover um
qualquer eletrão de um átomo que pode estar num nível mais
interior ou mais exterior da nuvem eletrónica desse átomo.
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Teremos então:
Fóra do átomo,
Eletrão livre

Energia
Eletrão livre Eletrão no átomo pode ser qualquer

0
Estado
fundamental
Estados a energia do eletrão
excitados
ionizaçã H(g)
o

Energia quantificada +
H (g) Energia de
Num átomo polieletrónico ocorrem 2 fenómenos:
- a atração eletrões-núcleo, o que faz diminuir a energia do

eletrão;

Forças
atrativas
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- a repulsão eletrão-eletrão, o que faz aumentar a energia do eletrão;

Forças
repulsivas
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Quanto mais próximo o eletrão estiver do
núcleo (menor é o nível de energia)

Maior atração núcleo-eletrão

Mais difícil de remover

Maior é o valor da energia de remoção

Espetroscopia
fotoeletrónica
A energia dos diferentes eletrões de um átomo pode ser
determinada a partir da energia de remoção, recorrendo à
técnica da espetroscopia fotoeletrónica (PES).

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Espetro fotoeletrónico do sódio


6 eletrões
2 eletrões 2 eletrões 1 eletrão

No espetro fotoeletrónico:
- cada pico corresponde a um valor de energia de remoção
diferente;
-a altura do pico é proporcional ao nº de eletrões que
apresentam o mesmo valor de energia de remoção.

(O sódio apresenta 4 valores distintos de energias de remoção).


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Diagrama de energia
dos 11 eletrões do
átomo de sódio (Na)
Um nº de valores de energia de remoção superior ao nº de níveis
de energia indica a existência de subníveis de energia.

Valores de energia de remoção:


-próximos, indicam que o nível se encontra dividido em
subníveis; -muito afastados, indicam diferentes níveis
energéticos.
Ver livro página 59 A Professora: Olga Silva 41
2 picos → 2 subníveis de energia
2 valores muito distintos → 2 níveis de energia
2 eletrões no 1º subnível e 1 eletrão no 2º subnível → 2+1= 3 eletrões
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3 picos → 3 subníveis de energia
2 grupos de valores muito distintos → 2 níveis de energia 2
eletrões no 1º subnível, 2 eletrões no 2º subnível e 5 eletrões
no 3º subnível → 2+2+5= 9 A Professora: Olga Silva 43

eletrões
5 picos → 5 subníveis de energia
3 grupos de valores muito distintos → 3 níveis de energia 2
eletrões no 1º subnível, 2 eletrões no 2º subnível, 6 eletrões no
3º subnível, 2 eletrões no 4º subnível, 6 eletrões no 5º subnível
→ 2+2+6+2+6 = 18 eletrões
A Professora: Olga Silva 44
Valor da energias de remoção para os átomos com Z até 12.
A
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Modelo quântico do átomo

A teoria de Bohr só teve sucesso com o átomo de H (e outras


partículas com um só eletrão). Para átomos com mais eletrões
foi necessário recorrer a outras teorias.

Heisenberg demonstrou que é impossível determinar em


simultâneo e com exatidão a posição e a energia do eletrão, isto
é, não é possível conhecer simultaneamente a órbita e a energia
de um eletrão. - Princípio da Incerteza de Heisenberg.
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Modelo atómico de Bohr Modelo da


nuvem eletrónica ou
modelo quântico
Substituição do termo posição por densidade eletrónica ou nuvem
eletrónica

Substituição do termo órbita


por orbital ou orbital atómica
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Orbital- região do espaço em torno do núcleo do átomo onde
existe maior probabilidade de encontrar um eletrão.
Nuvem mais densa (menor probabilidade de
(maior probabilidade de encontrar o eletrão)
encontrar o eletrão)
Nuvem menos densa
Os eletrões estão distribuídos por níveis, subníveis e orbitais.
Quanto maior for o nível de energia, maior é o tamanho da
orbital.
A forma das orbitais depende do subnível de

energia: Orbitais s “forma” esférica

Existe uma orbital s por cada nível de energia.


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Orbitais p (px, py e pz) “formas” lobulares
À exceção do nível 1, existem 3 orbitais p por nível de energia.
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Orbitais d complexas
“formas” variadas mais
Quando existem orbitais d num nível de energia, são sempre 5.

Nota: Cada subnível possui um número determinado de


orbitais com a mesma energia (orbitais degeneradas) Ex: as
orbitais px, py e pz.

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1.4 -
Configuração eletrónica dos átomos

A distribuição dos eletrões pelos vários níveis, subníveis e


orbitais constitui a configuração eletrónica do elemento.
Obedece a várias princípios:

O Princípio da exclusão de Pauli estabelece que cada orbital só


pode comportar, no máximo, 2 eletrões que terão spins opostos.
A Professora: Olga Silva 52
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O
Princípio da Construção (ou Princípio da Energia Mínima)
estabelece a ordem que confere a maior estabilidade para o
átomo e, consequentemente, o estado de mais baixa energia
para esse mesmo átomo.
Os eletrões ocupam preferencialmente os subníveis de menor
energia.

A ordem de preenchimento é:
1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p …

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Regra de Hund
- Num conjunto de orbitais com a mesma energia
ocupam-se primeiro (parcialmente) as orbitais vazias e só
depois se passa ao emparelhamento de eletrões (se os
houver).

Diagrama de caixas e energia:

Diagrama de caixas:
O átomo encontra-se no estado fundamental (estado de menor
energia), se a configuração eletrónica seguir estas regras.
6C - 1s2 2s2 2px1 2py1 2pz0
Quando o átomo se encontra no estado excitado (estado de
maior energia), pode adotar a configuração eletrónica: 6C - 1s2
2s1 2px1 2py1 2pz1
Uma configuração eletrónica pode ser feita na sua forma
condensada, onde os eletrões do cerne do átomo são
representados pelo gás nobre que o antecede e os eletrões
colocados para além do gás nobre são os eletrões de valência:
2 2
6C - [He] 2s 2p

2 eletrões do cerne 4 eletrões de valência


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Todas as orbitais atómicas com o mesmo valor de n são orbitais
do mesmo nível de energia

Todas as orbitais atómicas com o mesmo valor de n e o


mesmo tipo de orbital são do mesmo subnível (têm o mesmo
valor de energia).

2 2 1 1 1 2 2
7N - 1s 2s 2px 2p y 2p z 2 níveis de energia 7N - 1s 2s

2px1 2py1 2pz1 3 subníveis de energia

Se a configuração eletrónica for feita na forma expandida, é


fácil contabilizar as orbitais

2 2 1 1 1
7N - 1s 2s 2px 2p y 2pz 5 orbitais atómicas
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Número de eletrões na orbital Designação da


orbital Designação dos eletrões Orbital
Orbita semipreench

0 --- 1 desemparelhado

2 Orbital completa ou emparelhados


totalmente preenchida

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Em cada nível há n2 orbitais.
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FIM
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