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Orientadora Prof. (a). Dra.

Rafaela

Camargo Maia

EFEITO DA COMPLEXIDADE ESTRUTURAL


DOS TALOS DE MACROALGAS NA
COMPOSIÇÃO
E COLONIZAÇÃO DA COMUNIDADE
BENTÔNICA ASSOCIADA EM UMA PRAIA
ESTUARINA DO CEARÁ.

Acaraú – CE / 2024
Sumário
1. Introdução 6. Material e método
6.1 Área de estudo
2. Revisão de literatura 6.2
Coleta e processamento de material
2.1 Características Gerais de bancos de algas 6.3 Experimento de campo
2.2 Macrofauna associada às algas 6.4 Análise estatística

2.3 Colonização (sucessão ecológica)


7. Resultados
3. Justificativa 7.1 Estudo de fauna associada
7.2 Experimento em campo de manipulação das algas

4. Hipótese científica
8. Discussão
5. Objetivos
5.1 Objetivos gerais 9. Conclusão
5.2 Objetivos específicos
1.
Introdução
1. Introdução
• Praias sao um dos sistemas mais dinâmicos do mundo

• Praias estuarinas

• Fauna bentonica

• Heterogeneidade espacial dos bancos de algas


2.
Revisão de
literatura
2. Revisão de literatura
2.1 Características Gerais de bancos de algas
• O termo algas compreende um agrupamento artificial de organismos que tem
características individualizadas: são exclusivamente aquáticas, desprovidas de
tecidos estéreis envolvendo os órgãos de reprodução, um sistema diferenciado
para condução de água e processos fotossintetizantes.
• Essas macroalgas são altamente seletivas quanto a sua fixação no substrato,
requerendo condições favoráveis, especialmente com relações às condições
físicas e químicas dos habitats, destacando a oscilação de temperatura,
salinidade e a qualidade da água como aspectos particularmente relevantes
para a sua proliferação
2. Revisão de literatura
2.1 Características Gerais de bancos de algas
• No litoral, as algas marinhas podem ser encontradas na zona acima do nível de
maré sizígia, que é classificada como supralitoral, a zona entremarés que é
intermediária, e a zona que fica constantemente submersa, chamada de
sublitoral. Essas algas se fixam a diferentes substratos, classificando-se em
epilíticas (rochas), epipélicas (areia ou lama), epifíticas (plantas) ou epizóicas
(animais), sendo influenciadas pela ação das marés.
• A presença de algas no solo aumenta a estabilidade do substrato, além de
aumentar o favorecimento de algumas propriedades físicas.
2. Revisão de literatura
2.2 Macrofauna associada às algas
• As macroalgas marinhas são colonizadas por uma série de animais vágeis, como
moluscos, anfípodas, nemátodas e equinodermas, constituindo uma comunidade
fital dinâmica (GUTH, 2004). Para se compreender essa comunidade deve-se
considerar outros fatores como a complexidade do habitat, biomassa e o volume
algais.
• No entanto, quando se tem um maior agrupamento de indivíduos pode ser dizer
que os fatores biológicos, como predação, competição por alimento, moradia e
luz, formam um ambiente favorável para a instalação dessas comunidades
Assim, pode inferir que os fatores físicos como poluição, salinidade, exposição
às ondas e movimento das águas interferem na estrutura da comunidade desses
fitais.
2. Revisão de literatura
2.3 Colonização (sucessão ecológica)
• O entendimento dos mecanismos de colonização é importante para a resiliência de
ecossistemas e das comunidades bentônicas e isso ocorre após distúrbios que
podem ser naturais ou antrópicos. Esse processo de colonização se dá por meio da
sucessão ecológica. Portanto, entende-se por sucessão ecológica a instalação de
uma comunidade desde ao não favorecimento, como lugares que não sejam
habitáveis, pois precisam de algum mecanismo que facilite a acomodação de um
organismo, até a sua instalação permanente, que abrange alterações na estrutura da
composição das espécies ao longo do tempo e implica interações biológicas entre
populações.
2. Revisão de literatura
2.3 Colonização (sucessão ecológica)
• As espécies podem ser classificadas em três estágios sucessionais diferentes.
• estágio 1: presença marcante de espécies oportunistas ou mesmo com mais facilidade de
se adaptar a ambientes desfavoráveis, essas espécies têm como características vários
eventos reprodutivos, alto recrutamento, rápido desenvolvimento e alta taxa de
mortalidade, configurando assim a sua alta resistência.
• estágio 2: apresenta espécies com características intermediárias do estágios um.
• estágio 3: pode ser evidenciado pela presença de espécies que equilibram e são
geralmente de maior tamanho e com poucas reproduções, desenvolvimento lento e com
mobilidade que favorecem a sua colonização em termos estáveis.
3.
Justificativa
3. Justificativa
• Os ecossistemas marinhos bentônicos costeiros.

• Grande diversidade de espécies.

• Composição taxonômica da fauna associada as algas.

• A diversidade pode favorecer estratégias conservação de


ecossistemas aquáticos.
4.
Hipótese
Científica
4. Hipótese Científica
• A complexidade estrutural dos talos das macroalgas bentônicas
influencia na colonização pela fauna associada uma vez que um maior
número de talos ramificados permite uma maior área de ocorrência,
proporcionando mais abrigo e alimentação para esse organismos
5.
Objetivos
5. Objetivos

Objetivo geral
X
Objetivos específicos
6.
Material e
métodos
6. Material e métodos
6.1 Área de estudo
• Desenvolvido na Praia do Farol, situada no município de Camocim.

• Área de drenagem de 10.633,66 km2, correspondente a 7% do território


Cearense.

• O rio Coreaú nasce na confluência dos riachos Jatobá e Caiçara, oriundos do


sopé da Serra da Ibiapaba, e desenvolve-se (praticamente sentido sul – norte)
por 167,5 km até o Oceano Atlântico.

• Bacia composta por 24 municípios e apresenta uma capacidade de acumulação


de águas superficiais de 297.090.000 milhões de m³
6. Material e métodos
6.1 Área de estudo
Aspectos fisionômicos incluem:
• Presença falésias e dunas na sua faixa de planície
• Formação rochosa (recifes de arenito)
• Extensão de área de manguezais ribeirinhos.

Figura 1: Área na Praia do Farol em Camocim-CE (A) e imagem de satélite da região (modificada a
partir do site Google Earth, acesso em outubro de 2014. (B)
6. Material e métodos
6.2 Coleta e processamento de material
• Foram coletadas três espécies de macroalgas com diferentes níveis de complexidade
estrutural, representadas por Ulva fasciata (baixa complexidade), Gracilaria
domingensis (média complexidade) e Hypnea musciformis (alta complexidade). A
coleta ocorreu durante a maré baixa de quadratura, resultando em cinco amostras
por espécie.

Figura 2: Aspectos morfológicos das algas, Ulva fasciata


Delile (A); Gracilaria
domingensis;(B) Hypnea musciformis (C). (Fonte do autor)
6. Material e métodos
6.3 Experimento de campo
• Um estudo experimental foi conduzido no mesmo local da primeira coleta, utilizando as
mesmas espécies de algas. Vinte e sete amostras foram coletadas e passaram por um processo
de defaunação. As algas foram reimplantadas individualmente em barras de concreto, fixadas
com pedras para evitar arrastamento pela maré. Durante oito dias, coletas foram realizadas
nos intervalos de dois, quatro e oito dias, avaliando a colonização em termos de riqueza de
espécies, abundância e composição específica da comunidade. As algas foram levadas à
estufa para medir o peso seco. O experimento buscou observar os padrões temporais de
colonização das fitais.

Figura 04: Modelo experimental identificando como as algas foram reimplantadas na


água.

(Fonte do autor)
6. Material e métodos
6.3 Análise estatística
• A ANOVA (análise de variância) foi utilizada para analisar a riqueza de
espécies e abundância entre algas de diferentes complexidades.
• O teste de Tukey foi aplicado após detectar diferenças significativas.
• A relação entre riqueza/abundância e peso/volume foi examinada com uma
Análise de Correlação.
• O padrão de variação na macrofauna bentônica foi avaliado através de um
agrupamento com o índice de similaridade de Bray-Curtis no PRIMER v6.
• No experimento de campo, ANOVA de dois fatores (complexidade da alga e
dias) analisou riqueza e abundância, enquanto a composição foi examinada
com MDS usando a matriz de similaridade de Bray-Curtis por dia do
experimento.
7.
Resultados
7. Resultados
7.1 Estudo de fauna associada aos fitais de diferentes
complexidades
• Organismos Coletados;
• Taxas Identificadas; (Tabela 01)
• Dominância Numérica.

Tabela 01. Dispersão e estrutura da população dos organismos


encontrados na coleta de campo nas diversas categorias de
complexidade das algas.
7. Resultados
7.1 Estudo de fauna associada aos fitais de diferentes
complexidades
• Riqueza de espécies: diferenças significativas entre as
algas de diferentes complexidades amostradas (Figura
05).

Figura 05. Diversidade de espécies média + margem de erro entre as variedades de


complexidades de algas analisadas. Letras distintas apontam diferenças
estatisticamente relevantes conforme o teste de comparações múltiplas de Tukey.
7. Resultados
7.1 Estudo de fauna associada aos fitais de diferentes
complexidades
• Abundância de organismos: sem diferenças
significativas entre as complexidades das algas
(Figura 06).

Figura 06. Quantidade média + variação entre as variedades de complexidades de


algas analisadas..
7. Resultados
7.1 Estudo de fauna associada aos fitais de diferentes
complexidades
• Análise de Cluster:
• Grupos mais semelhantes:
- amostras de algas com alta complexidade (2, 3, 4, e 5) com 60% de
similaridade;
- dois grupos formado por algas de baixa complexidade, o primeiro (3 e 4)
com 78% e segundo (2 e 5) com 50 % de similaridade;
- grupo com algas de média complexidade (1, 2 e 3) com também 78% de
similaridade (Figura 07).
7. Resultados
7.1 Estudo de fauna associada aos fitais de diferentes
complexidades

Figura 07. Comparação de semelhanças entre as amostras de algas


com distintas complexidades estruturais.
7. Resultados
7.2 Experimento em campo de manipulação das algas
• Número de indivíduos coletados:
• Domínio numérico: Arhtropoda da Classe Amphipoda, principalmente
da família Hyalidae (84,46 %) e Ampithoidae (7,17%).
• Moluscos: Classes Gastropoda e Bivalvia com 5,36 %, sendo a família
Turbinidae (Gastropoda) a mais frequente nas diferentes
complexidades.
• Poliquetas: 0,48% do total, encontradas principalmente na segunda
coleta do quarto dia do experimento (Tabela 03).
7. Resultados
7.2 Experimento em campo de manipulação das algas

Tabela 03. Dispersão e estrutura dos organismos


encontrados nas algas em diferentes dias de coleta.
7. Resultados
7.2 Experimento em campo de manipulação das algas

Figura 08. Diversidade média + desvio padrão entre as


variedades de complexidades de algas analisadas durante
os dias de coleta experimental. Letras distintas apontam
diferenças estatisticamente relevantes conforme o teste de
comparações múltiplas de Tukey.
7. Resultados
7.2 Experimento em campo de manipulação das algas
• Gráfico: mostra a relação entre a complexidade das algas e o número de indivíduos (Figura 09).
• Alga de baixa complexidade (A):
• Alga de alta complexidade (C):
• Alga de média complexidade (B):

Figura 09. Quantidade média + desvio padrão entre as


variedades de complexidades de algas analisadas durante
os dias de coleta experimental. Letras distintas apontam
diferenças estatisticamente relevantes conforme o teste de
comparações múltiplas de Tukey.
7. Resultados
7.2 Experimento em campo de manipulação das algas

• Ordenação pelo MDS: separação entre as complexidades de algas estudadas em cada dia.
(dia dois, stress = 0,01; dia quatro, stress = 0,02; e dia oito, stress = 0) (Figura 5).
• Composição da comunidade: sem um padrão claro entre as complexidades de algas, mas formou
diferentes grupos em cada dia de experimento:
- Segundo dia: dois grupos, (A) alga de baixa complexidade e (B) amostras de baixa 2,3; média 1,2,3
e alta 1,2 e 3.
- Quarto dia: cinco grupos, (A) baixa 2, (B) alta 2,3, © média 1, (D) baixa 1,3 ; média ; alta 1 e (E)
média 2; alta 4.
- Oitavo dia: três grupos, (A) média 1, 3; alta 2, 3, (B) baixa 1,2,3; alta 1 © média 2 (Figura 10).
• Principais responsáveis pelos resultados:
- Anfipodas da família Hyalidae e moluscos da família Litorinidae.
- Polychaeta.
7. Resultados
7.2 Experimento em campo de manipulação das algas

Figura 10. Desfecho das análises de semelhança das


amostras em cada dia de coleta avaliado por meio de uma
análise de agrupamento usando o índice de similaridade
MDS, levando em conta os agrupamentos de densidade
relativa das espécies de macrofauna.
8.
Discussão
8. Discussão
• A macrofauna associada coletada nas algas de diferentes complexidades foi
dominada numericamente por anfípodes da família Hyalidae e Ampithoidae,
moluscos gastrópodes da família Turbinidae e Polychaetas. Os crustáceos,
particularmente os anfipodes, são fauna tipicamente associado a algas e os resultados
do presente estudo corroboram com outros trabalhos realizados em habitats
semelhantes e com outras espécies de alga. Os anfípodes foram o grupo que
apresentou maior abundância nessas algas, mas isso se deve ao fato deles
apresentarem uma distribuição agregada, principalmente a família de Hyalidae, pois a
maioria das espécies é comum ao fital Por serem herbívoros, costumam estar
relacionados ao talo da alga. Enquanto aos moluscos, pode se dizer que encontram no
fital um ecossistema favorável, já que são herbívoros raspadores, e procuram uma
fonte de alimento, principalmente para os indivíduos juvenis
8. Discussão
• Os valores de peso seco, úmido e volume não apresentaram correlação significativa com a
riqueza e abundância, portanto, o fator do crescimento e ou biomassa da alga não é um fator
determinante para a colonização da fauna, demonstrando que não houve influência no
processo de colonização de macrofauna. Esse aumento da complexidade estrutural da alga
poderia conferir maior oferta recursos alimentares e um microambiente mais estável.
• No modelo experimental que foi colocado em prática, pode ser observado que não houve
diferença na riqueza e abundância de organismos ao longo do tempo nas diferentes
complexidades estruturais de algas, o que pode ser resultante da quantidade de dias que foi
usado na implantação. É possível que um maior período amostral poderia resultar em dados
mais significativos uma vez que as algas implantas poderiam ter se consolidado no ambiente
além de favorecer um ambiente mais estável para os organismos para consolidar sua
colonização.
8. Discussão
• A comunidade faunal associada às macroalgas pode variar
significativamente de acordo com as características físicas de suas frondes e com as condições
de cada local, fatores e processos, como complexidade estrutural e capacidade de retenção de
partículas, turbidez e hidrodinamismo das ondas, que são importantes agentes reguladores
desses ambientes.
• A coleta realizada no segundo dia de implante de algas evidenciou que as
réplicas de algas de baixa complexidade
foram totalmente diferentes das demais devido a sua ramificação simples, tornando-a diferente
das demais que são mais complexas, por apresentarem um maior número de ramificações em
seus talos.
• As outras amostras se apresentaram de forma bem semelhante,
demonstrando que os indivíduos estãorelacionados um com os outros apresentando um grau de
afinidade entre ele pois os mesmo indivíduos
9.
Conclusão
9. Conclusão
• Os resultados desse estudo indicam que quanto maior for a ramificação de
uma alga, maior será a possibilidade de ser colonizada por indivíduos de
macrofauna bentônica uma vez que ela encontra nesses locais o
favorecimento para seu desenvolvimento, além de uma maior eficiência
para se proteger dos seus predadores e uma maior eficácia para o
forrageio.Os estudos experimentais indicam que os dias de coleta não
interferiram nos padrões de colonização pois a quantidade de dias de
algas implantadas não foi significativa, entretanto, as algas mais
complexas apresentaram a preferência dos indivíduos colonizadores, sem
deixar de ressaltar a relevância das outras algas, tendo em vista que elas
também são colonizadas por organismos bentônicos.

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