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A cartografia como caminho

possível em pesquisa
qualitativa
Prof. Dr. Severino Souza
Compreensões introdutórias
 Originalmente, a cartografia está relacionada à geografia: é a ciência
e a arte de estudar, analisar e produzir mapas.
 No campo das ciências sócio-humanas, a cartografia como método,
foi sugerida por Félix Guattari e Giles Deleuze dentro dos estudos
sobre produção de subjetividades.
 No livro Mil Platôs(2011), os autores inserem a cartografia nos
princípios do conceito de rizoma, utilizado para se referirem ao modo
como concebem produção de subjetividades.
A cartografia como uma política cognitiva
 Propõe o desafio de operar uma reversão do Metá-hódos para Hódos-
metá.
 Coloca em suspeição a neutralidade para afirmar a implicação, o
engajamento, o mergulho no campo-contexto da pesquisa.
 Não se contenta em representar objetos, mas acompanhar processos
que engendram realidades provisórias e cambiantes.
 Pesquisar é, ao mesmo tempo, intervir = saber-fazer-saber.
 Convida à sustentação da abertura de pensamento despeito do desejo
de a tudo querer concluir.
A que se destina a cartografia ?
Acompanhar processos:
“Sempre que o cartógrafo entra em campo há processos em curso”.
 Implica em habitar um território que, em princípio, o pesquisador
não habita.
 Busca-se experimentar um estranhamento, introduzir uma
irregularidade na continuidade familiar.
 Evitar o predomínio da busca de informação para abrir-se ao
encontro
A que se destina a cartografia ?
Habitar um território existencial:
“O método da cartografia não opõe teoria e prática, pesquisa e
intervenção, produção de conhecimento e produção da realidade”.
 O trabalho da cartografia não se faz como sobrevoo conceitual sobre
a realidade investigada.
 Pressupõe o compartilhamento de um território existencial que
sujeito e objeto da pesquisa se relacionam e se codeterminam.
A que se destina a cartografia ?
Habitar um território existencial
 Território = constituído por sentidos e modos de expressão.
 exige um processo de aprendizagem constante por parte do
cartógrafo.
 cartografar é sempre compor um território existencial, engajando-se
nele.
 Implica em cultivar uma dedicação aberta e atenta ao campo, e uma
disponibilidade à experiência.
A que se destina a cartografia ?

Habitar um território existencial, diferente da aplicação da


teoria ou da execução de um planejamento metodológico
prescritivo, é acolher e ser acolhido na diferença que se
expressa entre os termos da relação: sujeito e objeto,
pesquisador e pesquisado, eu e mundo.
O funcionamento da atenção na pesquisa
cartográfica
o Habitualmente, no processo de pesquisar, somos guiados pela atenção
seletiva: “vemos aquilo que queremos ver”.
o O desafio da cartografia é o exercício de uma “atenção nômade”.
o Faz-se necessário estar atento a tudo o que acontece, sem se demorar,
ou demorar apenas o suficiente, no ritmo e na duração da emergência
dos acontecimentos, até que outros pululem e arrastem nossa atenção.
o É a atenção nômade que lança o pesquisador à percepção de processos
em curso, mesmo que, à primeira vista, pareçam-lhe sem sentido,
desconectado.

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