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INTRODUÇÃO À

CONTABILIDADE
DIGITAL II
1. Operações com mercadorias.
1.1 CMV
1.1 Inventário Permanente.
1.2 Atribuições de preços aos inventários
1.3 Valor Realizável Líquido e Provisão para perdas nos estoques
1.4 Inventário Periódico.
1.5 Fatos que alteram os valores de compras e vendas
1.5.1 Devoluções e Abatimentos
1.5.2 Descontos Comerciais
1.5.3 Gastos com Transporte
1.5.4 Descontos Financeiros
1.6 CPC 16 - Estoques
1.7 Tributações básicas nas operações mercantis
OPERAÇÕES COM MERCADORIAS

O Resultado Bruto com Mercadorias (RCM), ou Resultado com


Mercadorias, é a diferença total entre as receitas obtidas pelas vendas e
o custo dessas mercadorias que foram vendidas. Essa diferença bruta
não leva em consideração as demais receitas e despesas da empresa,
como receitas de juros, despesas com aluguéis, salários, impostos etc.
Estas aparecem quando se deseja conhecer o Resultado Líquido do
Exercício.
Conhecer esse resultado, atualmente denominado Resultado Bruto ou
Lucro Bruto, é de grande importância para as empresas comerciais que
trabalham com Compra e Venda de Mercadorias. Depois de calculado,
esse resultado é adicionado às demais receitas, e dessa soma são
subtraídas as demais despesas para se obter o Resultado Líquido/Lucro
Líquido.
Pode-se elaborar uma Demonstração de Resultados de forma dedutiva.

Por exemplo: no fim do ano X1, a Cia. A apresenta os seguintes valores:

Vendas do Ano  150.000

Custo das Mercadorias Vendidas  105.000

Despesas de Salários  15.000

Despesas Diversas  6.000

A Demonstração de Resultados será:


CMV = CUSTO DAS MERCADORAIS VENDIDAS

Inventário periódico  Ao final do período, a sociedade realiza o inventário por meio da contagem de todas
as mercadorias em estoque e, dessa forma, passa a ter condições de avaliar (mensurar) o valor das
mercadorias.

O inventário periódico é aquele realizado de tempos em tempos,


periodicamente. Pode ser mensal, trimestral etc.

D Mercadorias / Estoque
C Fornecedores / Caixa / Banco / Duplicata a pagar R$ 10.000,00

D Cliente / Banco
C Receita de vendas R$ 30.000,00

D Custo das Mercadorias Vendidas


C Mercadoria / Estoque R$ 10.000,00
Métodos de avaliação dos estoques
O Inventário Permanente tem como característica o controle contínuo dos
estoques, os custos das mercadorias vendidas são apurados a cada venda.

Custo
Específico

Custo Médio Ponderado

Primeiro que entra Primeiro que Sai –


PEPS

Último que entra Primeiro que Sai - UEPS


Existem em Estoque (valor inicial) cinco automóveis usados adquiridos de uma frota de táxi por $ 13.000 cada
um; ao iniciarmos o período novo, são comprados mais três, de outra frota, por $ 15.000 cada um, e logo em
seguida são vendidos dois por $ 16.000 cada um, porém sabendo-se que um pertence ao lote inicial e o outro
foi adquirido no período. Daremos nesse caso básico, como Custo de Mercadorias Vendidas, do valor específico
da compra qde
ue cada um ($ 13.000 e $ 15.000).
q ue
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r i me 00
d o p 13. 0 00
u lo u $ 3 .0 Custo - $ 13.000 - cada
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Custo - $ 15.000 - cada
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PREÇO ESPECÍFICO
Considere um Estoque Inicial, em 1-9-x1, composto de 30 unidades de carros novos iguais,
adquiridos por $ 40.000 cada um, num total de $ 1.200.000 e no mês ocorrer a seguinte
movimentação:
2/9 – compra de 10 unidade por $ 42.000 cada uma
3/9 – venda de 3 unidades por $ 50.000 cada uma
4/9 – Venda de 28 unidades por $ 45.000 cada uma
5/9 – Compra de 5 unidades por $ 41.000 cada uma
6/9 – Venda de 10 unidades por $ 48.000 cada uma

PEPS
Primeiro que Entra, Primeiro que Sai
Ficha de Controle de Estoque PEPS
Automóveis Novos
Data Entrada Saída Saldo
Qtde. $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total
1-9 30 40.000 1.200.000
2-9 10 42.000 420.000 30 40.000 1.200.000
10 42.000 420.000
3-9 3 40.000 120.000 27 40.000 1.080.000
10 42.000 420.000
4-9 27 40.000 1.080.000
1 42.000 42.000 9 42.000 378.000
5-9 5 41.000 205.000 9 42.000 378.000
5 41.000 205.000
6-9 9 42.000 378.000
1 41.000 41.000 4 41.000 164.000

SOMA 15 625.000 41 1.661.000 4 41.000 164.0000

Estoque inicial 30 unidades por $ 40.000


2/9 – compra de 10 unidade por $ 42.000 // 3/9 – venda de 3 unidades por $ 50.000
4/9 – Venda de 28 unidades por $ 45.000 // 5/9 – Compra de 5 unidades por $ 41.000
6/9 – Venda de 10 unidades por $ 48.000 cada uma
Ficha de Controle de Estoque UEPS - Automóveis Novos
Data Entrada Saída Saldo
Qtde. $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total
1-9 30 40.000 1.200.000
2-9 10 42.000 420.000 30 40.000 1.200.000
10 42.000 420.000
3-9 3 42.000 126.000 30 40.000 1.200.000
7 42.000 294.000
4-9 7 42.000 294.000
21 40.000 840.000 9 40.000 360.000
5-9 5 41.000 205.000 9 40.000 360.000
5 41.000 205.000
6-9 5 41.000 205.000
5 40.000 200.000 4 40.000 160.000

SOMA 15 625.000 41 1.665.000 4 40.000 160.0000

Estoque inicial 30 unidades por $ 40.000


2/9 – compra de 10 unidade por $ 42.000 // 3/9 – venda de 3 unidades por $ 50.000
4/9 – Venda de 28 unidades por $ 45.000 // 5/9 – Compra de 5 unidades por $ 41.000
6/9 – Venda de 10 unidades por $ 48.000 cada uma UEPS
último que entra, primeiro que sai
Ficha de Controle de Estoque Média - Automóveis Novos
Data Entrada Saída Saldo
Qtde. $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total
1-9 30 40.000 1.200.000
2-9 10 42.000 420.000 40 40.500 1.620.000

3-9 3 40.500 121.500 37 40.500 1.498.500
4-9 28 40.500 1.134.000 9 40.500 364.500
5-9 5 41.000 205.000 14 40.678 569.500

6-9 10 40.678 406.780 4 406.678 162.720

SOMA 15 625.000 41 1.662.280 4 40.678 162.720

① $ 1.200.000+420.000 = 1.620.000 / 40 = R$ 40.500

② $ 364.500+205.000 = 569.500/14 = R$ 40.678,00

CUSTO MÉDIO
COMPARANDO OS CRITÉRIOS
PEPS UEPS Média Ponderada
Vendas 1.890.000 Vendas 1.890.000 Vendas 1.890.000
(-) CMV 1.661.000 (-) CMV 1.665.000 (-) CMV 1.662.280
Resultado 229.000 Resultado 225.000 Resultado 227.720
Est. final 164.000 Est. final 160.000 Est. Final 162.720

Se três empresas tivessem adquirido mercadorias, nas mesmas situações de preço, qualidade, venda e outras
variáveis, as situações reais seriam idênticas, mas suas demonstrações contábeis, seriam diferentes, embora
todos se baseassem no custo de aquisição.

A fórmula mais utilizada pelas empresas em suas apurações oficiais é a


Média Ponderada, mas gerencialmente podemos adotar qualquer uma
delas.
ATIVIDADE

Vamos treinar
o que aprendemos?

Exercícios 1 a 4
TRIBUTOS
A tributação não cumulativa sobre a produção e circulação de bens e serviços impacta o custo das
mercadorias. Os tributos não cumulativos pagos nas aquisições, quando recuperáveis, não integram o
custo das mercadorias adquiridas. Além do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), nas
atividades industriais, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) também é recuperável no
momento de aquisição das matérias-primas.
As contribuições ao PIS/PASEP e COFINS apuradas no regime não cumulativo também não irão
compor o custo das mercadorias adquiridas. Os impostos incidentes na aquisição, quando recuperáveis
(IPI, ICMS, PIS/PASEP e COFINS), são contabilizados em uma conta de ativo para serem compensados
com a incidência dos tributos no momento da venda. As alíquotas do PIS/PASEP e COFINS no regime
não cumulativo são de 1,65% e de 7,6%, respectivamente.
TRIBUTOS
Sendo assim, o tributo que é pago na aquisição das mercadorias é recuperado na conciliação de contas
com o mesmo tributo incidente no momento das vendas. O valor efetivamente dispendido com o tributo
será a diferença entre o imposto incidente nas operações de venda e aquele que foi pago por ocasião da
aquisição das mercadorias.

Quando os tributos são recuperáveis, o valor do imposto sobre as compras não é incorporado ao
valor da mercadoria. Assim, numa compra de mercadorias, com a incidência de ICMS, o valor a ser
contabilizado na conta de estoques é o valor da nota diminuída do valor atribuído ao imposto. Vamos
exemplificar pelo lançamento de uma compra, a prazo, de R$ 1.000,00 em mercadorias com a
incidência de ICMS à alíquota de 18%:
Empresas
comerciais

Não há alteração, Prestadoras de


Empresas modificação ou serviço
industriais ou transformação em
equiparadas produtos, apenas
comercializa da Não produz ou
TRIBUTOS RECUPERÁVEIS QUE
forma como comercializa
Transforma a MP produtos e sim
SÃO REGISTRADOS EM
ou outro produto adquiriu. CONTAS DO ATIVO = DIREITO.
presta serviço.
em acabado ou Tributos: QUANDO NÃO RECUPERÁVEIS
semiacabado. a) ICMS Tributos: SÃO CONSIDERADOS CUSTOS.

b) PIS a) ISS
b) PIS
Tributos: c) COFINS
c) COFINS
a) IPI
b) ICMS
c) PIS
d) COFINS
a) Aquisição de mercadoria:

D Estoque – Mercadoria para revenda 820,00


D ICMS a recuperar 180,00
C Fornecedores 1.000,00

Direito!
Ativo!!!

Agora, admita que essa mesma empresa vende essa mercadoria, à vista, pelo preço de R$
2.000,00, mantendo-se a alíquota de ICMS a 18%, teremos os seguintes lançamentos:
b) Pela venda

D Banco 2.000,00
C Receita de vendas 2.000,00

D CMV 820,00
C Estoque - Mercadoria para revenda 820,00

D ICMS sobre vendas (2.000 x18%) 360,00


C ICMS a recolher (P) 360,00
ICMS a recuperar (Ativo) ICMS a recolher (passivo)

180,00 (1) 180,00 (1) 180,00 360,00

180,00

b) Pela apuração do ICMS a pagar

D ICMS a recolher (P) 180,00


C ICMS a recuperar (A) 180,00
a) Admita que a empresa ABC comprou mercadorias a prazo por $

3.000, com 18% de ICMS sobre esse valor, PIS de 1,65% e

COFINS de 7,60%, também recuperáveis. Proceda a

contabilização dessa aquisição.

D Estoque – Mercadoria para revenda 2.182,50


D ICMS a recuperar 540,00
D PIS a recuperar 49,50
D
COFINS a recuperar 228,00

C Fornecedores 3.000,00
ATIVIDADE

Vamos treinar
o que aprendemos?

Exercícios 5 a 8
FATOS QUE ALTERAM OS VALORES DE
COMPRAS E VENDAS

Existem fatos que modificam os valores das


compras e, consequentemente, impactam a
apuração do custo das mercadorias vendidas.
Dessa forma, temos os seguintes fatos que
alteram o valor das compras:
a) transporte e seguro;
b) devoluções de compras/ vendas
c) descontos incondicionais e abatimentos.
Transporte e Seguro - Os gastos com transportes e os seguros contratados para proteger as mercadorias
são itens que devem ser somados às compras para a correta determinação do custo das mercadorias
adquiridas em certo período. Devem ser considerados os gastos com transporte realizados até o
estabelecimento do comprador (frete). Ressalte-se que além dos gastos com frete e seguro (que são os mais
comuns) devem ser computados todos os eventuais gastos que são necessários para deixar as mercadorias
em condições de serem vendidas.

Exemplo
A empresa ABC situada em São Paulo, comprou em 01/01/x1, 500 notebooks no valor total de R$
575.000,00 do fornecedor Amazônia Eletro Ltda. que fica em Manaus, a ser pago em 01/03/x1. O
valor do frete será pago pela ABC e será de R$ 20.000,00.

Os tributos da empresa são: 12% de ICMS / PIS 1,65% / COFINS 7,60%


Transporte e Seguro

D Estoque de mercadoria para revenda 452.812,50

D ICMS a recuperar 69.000,00

D PIS a recuperar 9.487,50


D COFINS a recuperar 43.700,00
C Fornecedor 575.000,00

D Estoque de mercadoria para revenda 15.750,00 Estoque de


mercadoria será
D ICMS a recuperar 2.400,00 no valor de R$
468.565,50
D PIS a recuperar 330,00
D COFINS a recuperar 1.520,00
C Fornecedor – frete 20.000,00
Devoluções - Em certas ocasiões, as mercadorias recebidas não cumprem a expectativa do comprador.
Nesses casos, o adquirente pode devolver as mercadorias que não cumpriram as especificações
contratadas, ou, então, requisitar um abatimento no preço.
Devoluções

D Estoque de mercadoria para revenda 727,50

D ICMS a recuperar 180,00

D PIS a recuperar 16,50


D COFINS a recuperar 76,00
C Fornecedor 1.000,00

Agora admita que a empresa devolveu 10% da mercadoria adquirida...


Devoluções
D Fornecedores 100,00

C Devolução de compras* 72,75

C ICMS a recuperar 18,00


C PIS a recuperar 1,65
C COFINS a recuperar 7,60

* Algumas empresas creditam a “devolução de compras” direto na conta de Mercadorias e assim não
precisam “zerar” a conta específica Devolução de compras. Agora se a empresa possui uma conta
específica, terá mais um lançamento para baixar o estoque!

D Devolução de compras 72,75


C Estoque mercadoria para revenda 72,75
Devolução direto na conta de
mercadoria

Estoque Mercadoria (Ativo) ICMS a recuperar (Ativo) PIS a recuperar (Ativo)

727,50 72,75 180,00 18,00 16,50 1,65

654,75

COFINS a recuperar (Ativo) Fornecedor (Passivo)

76,00 7,60 100,00 1.000,00


Como tenho uma conta exclusiva de devolução, preciso de mais um
lançamento para ajustar o estoque!

Estoque Mercadoria (Ativo) ICMS a recuperar (Ativo) PIS a recuperar (Ativo)

727,50 72,75 180,00 18,00 16,50 1,65

654,75

COFINS a recuperar (Ativo) Fornecedor (Passivo) Devolução de mercadoria

76,00 7,60 100,00 1.000,00 72,75 72,75


Comprador
Ficha de Controle de Estoque ** COMPRADOR
Data Entrada Saída Saldo
Qtde. $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total
xx 10 72,75 727,50 10 72,75 727,50
xx (1) (72,75) (72,75) 9 72,75 654,75

D Estoque de mercadoria 727,50


D ICMS a recuperar 180,00
D PIS a recuperar 16,50
D COFINS a recuperar 76,00
C Fornecedor 1.000,00

D Fornecedor 100,00
C Devolução de compras 72,75
C ICMS a recuperar 18,00
C PIS a recuperar 1,65
C COFINS a recuperar 7,60
Vendedor
Ficha de Controle de Estoque ** VENDEDOR
Data Entrada Saída Saldo
Qtde. $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total Qtde $ Unit. Total
xx 120 40,00 4.800,00
xx 10 40,00 400,00 110 40,00 4.400,00
(1) (40,00) (40,00) 111 40,00 4.440,00

D Cliente 1.000,00 D Devolução de vendas 100,00


C Receita de Vendas 1.000,00 C Cliente 100,00

D CMV 400,00 D Estoque 40,00


C Estoque 400,00 C CMV 40,00

D Tributos sobre vendas 272,50 D Tributos a recuperar 27,25


C Tributos a recolher 272,50 C Tributos s/ vendas 27,25
Descontos incondicionais - Os descontos incondicionais ou os descontos obtidos no momento da compra
não são usualmente contabilizados pelo adquirente das mercadorias, eles são negociados antes da
formalização da nota fiscal.
Negociados antes da NF

D Caixa 8.000,00
C Receita de vendas 8.000,00

Exemplo
Consideremos uma operação de venda com desconto incondicional, no qual é transcrito na nota fiscal
o valor da mercadoria de R$ 10.000,00 e há um desconto promocional de 20%. A nota fiscal seria
assim emitida:
• Mercadoria X R$ 10.000,00
• (-) desconto (R$ 2.000,00)
• Total da NF R$ 8.000,00

D Caixa 8.000,00
D Descontos incondicionais (redutora da receita) 2.000,00
C Receita de vendas 10.000,00
Descontos Condicionais (ou desconto financeiro) que são aqueles que dependem de evento posterior à
emissão da nota fiscal, usualmente, do pagamento da compra dentro de certo prazo, e configuram despesa
financeira para o vendedor e receita financeira para o comprador.

Exemplo
Determinada empresa pagou uma duplicata do valor de R$ 20.000,00, obtendo um desconto de 5%
(R$ 1.000,00) por ter efetuado o pagamento 15 dias antes da data do vencimento, teremos os
seguintes lançamentos:

Compradora Vendedora

D Fornecedor 20.000,00 D Banco 19.000,00


C Banco 19.000,00 D Despesa financeira 1.000,00
C Receita financeira 1.000,00 C Clientes 20.000,00
Abatimentos - Os abatimentos dizem respeito a descontos que são concedidos aos clientes após a entrega
dos bens ou serviços vendidos em razão de falhas, avarias, atraso na entrega, defeitos nas mercadorias etc.
É uma alternativa à operação de devolução das mercadorias. Como são negociadas após a emissão das
notas fiscais e o recebimento das mercadorias, tais reduções no preço não influem nos tributos incidentes
nas operações.

Exemplo
Em razão de determinadas avarias que foram detectadas no recebimento da aquisição das
mercadorias, foi negociado entre o adquirente e o vendedor um abatimento de R$ 5,00.

Compradora Vendedora

D Fornecedor 5,00 D Abatimentos 5,00


C Abatimento s/compras 5,00 C Clientes 5,00

D Abatimento s/compras 5,00


C Mercadoria - estoque 5,00
Prof. Fernando Aprato
ATIVIDADE

Vamos treinar
o que aprendemos?

Exercícios 9 a 11
CPC 16 (R1) – Estoques

O CPC 16 é o que orienta sobre os estoques. Ele foi aprovado em


08/05/2009, divulgado em 08/09/2009 e corresponde ao IAS 2.
Sua versão atual já consta com a revisão de alguns itens, por isso a
inclusão do R1.

OBJETIVOS:
Tratamento contábil
Contabilização dos Estoques Valor de custo
Redução ao valor realizável líquido
• Contratos de Construção, que será tratado em outras
unidades através do CPC 47 – Receita de Contrato
com clientes;
• Instrumentos Financeiros – outra disciplina
• Ativos Biológicos, que será tratado em outras
unidades através do CPC 29;
Os estoques são normalmente o item mais
importante de uma empresa, pois ele está
relacionado com a atividade da companhia.

Os estoques nas empresas comerciais são representadas pelas


compras adquiridas e posteriormente vendidas. Já nas indústrias
os estoques são mais elaborados, pois possuem matérias primas,
produtos em elaboração, e produtos acabados.
Estoques são relacionados aos bens tangíveis e são
classificados no Ativo Circulante, representando um direito
da Companhia.
Sendo assim, os estoques podem ser classificados em:

a) Mercadorias destinadas a venda.


b) Produtos acabados destinados a venda.
c) Produtos em processo de elaboração.
d) Matérias-primas destinadas à produção de produtos.
e) Materiais destinados à produção de produtos.
Os estoques estão representados por:

a) itens que fisicamente estão sob a guarda da empresa, excluindo‐se os que estão
fisicamente sob sua guarda, mas que são de propriedade de terceiros, seja por terem
sido recebidos em consignação, seja para beneficiamento ou armazenagem por
qualquer outro motivo;
b) itens adquiridos pela empresa, mas que estão em trânsito, a caminho da sociedade, na
data do balanço, quando sob condições de compra FOB (responsabilidade do vendedor),
ponto de embarque (fábrica ou depósito do vendedor);
c) itens da empresa que foram remetidos para terceiros em consignação, normalmente em
poder de prováveis fregueses ou outros consignatários, para aprovação e possível
venda posterior, mas cujos direitos de propriedade permanecem com a sociedade;
d) itens de propriedade da empresa que estão em poder de terceiros para armazenagem,
beneficiamento, embarque etc.
A empresa AGRO é uma indústria, fabricante de
máquinas agrícolas. A empresa RURAL é uma
revendedora de diversos produtos na área agrícola,
inclusive das máquinas fabricadas pela AGRO. Essas
máquinas são em regime de consignação.

Os riscos e benefícios das máquinas agrícolas pertencem a empresa AGRO,


somente um evento futuro, por exemplo, a venda dessas máquinas a um
cliente que o bem seria transferido para a empresa RURAL.

Pergunta: quando a Rural deve reconhecer


essas máquinas como estoques?
A empresa RURAL, deve reconhecer as máquinas agrícolas como
um ativo apenas quando os riscos e benefícios da
propriedade tenham sido transferidos.

D – Produtos Remetidos em Consignação (CCA) R$ 10.000


C – Remessa de Produtos em Consignação (CCP) R$ 10.000
Pela remessa das máquinas agrícolas
AGRO

D – ICMS nas Consignações Mercantis (AC) R$ 2.000


C – ICMS a Recolher (PC) R$ 2.000
ICMS pela circulação da mercadoria

D – Remessa de Produtos em Consignação (CCP) R$ 10.000


C – Produtos Remetidos em Consignação (CCA) R$ 10.000
Venda efetivada – reversão da remessa

CCA = Conta de compensação ativa / CCP = Conta Compensação passiva


D – Cliente (AC) R$ 10.000
C – Receita com vendas R$ 10.000
Venda de máquinas agrícolas

D – ICMS a Recolher (Resultado) R$ 2.000


C – ICMS nas Consignações Mercantis (AC) R$ 2.000
Pela compensação do ICMS na consignação

Os lançamentos na empresa RURAL serão na mesma metodologia, vejamos:


RURAL

D – Entrada de mercadoria em Consignação (CCA) R$ 10.000


C – Mercadorias recebidas em consignação (CCP) R$ 10.000
Pelo recebimento de máquinas agrícolas

CCA = Conta de compensação ativa / CCP = Conta Compensação passiva


D – ICMS a recuperar (AC) R$ 2.000,00
C - ICMS nas Consignações Mercantis (PC) R$ 2.000,00
ICMS pela circulação de mercadorias

D – Estoque (AC) R$ 8.000


D - ICMS nas Consignações Mercantis (PC) R$ 2.000
C – Fornecedores R$ 10.000
Reconhecimento para posterior venda

D – Banco R$ 14.000,00
C – Receita de venda R$ 14.000,0
Venda a terceiros
Uma empresa decide alterar o critério de valorização de seus estoques, passando de média pondera para
PEPS, alegando que tal mudança resultará em melhores comparabilidade com as empresas concorrentes.
Esta mudança deve ser comunicada aos usuários externos?

Sim, o CPC 16 (R1) exige a divulgação das políticas


contábeis utilizadas para a valorização dos estoques,
incluindo o método adotado pela companhia.
Cooperativas Agropecuária do Rio Grande do Sul
BAIXA DE ESTOQUE

Como define o CPC 16 – Estoques, o momento em que os estoques são baixados ocorre
quando:
a) as receitas a que se vinculam são reconhecidas;
b) são consumidos nas atividades a que estavam destinados, sempre desvinculados
de itens para geração de receita futura; e
c) há redução ao valor realizável líquido ou quaisquer outras perdas.

O pronunciamento ainda define que o valor do estoque baixado, reconhecido como


despesa durante o período, o qual é denominado frequentemente como custo dos
produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos, consiste nos custos que estavam
incluídos na mensuração do estoque que agora é vendido.
Baixa dos estoques
Logo, “custo dos produtos vendidos”, “custo dos serviços prestados” etc. são genuínas
contas de despesas. Outro ponto a destacar é que os estoques também podem ser
registrados em outras contas do ativo, em casos específicos. Por exemplo, quando usados
para a construção de ativos imobilizados, sendo alocados como despesa durante a vida útil
desse ativo e na proporção da baixa deste.

Uma empresa efetua a venda uma venda de 10 produtos a R$ 30.000,00 para


recebimento daqui a 30 dias. O custo dos produtos é de R$ 17.000,00, veja os
lançamentos contábeis:

D – Duplicatas a receber R$ 30.000,00


C – Receita com vendas R$ 30.000,00

D – CMV (DRE) R$ 17.000,00


C – Estoques R$ 17.000,00
Item 10 (CPC16) O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e
de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua
condição e localização atuais.

Exemplo de custos incorridos para trazer os estoques a


sua condição e localização atual:

Uma construtora adquire um terreno e na liberação das licenças junto a prefeitura, a


mesma designou que a empresa fizesse uma reforma na praça ao lado da futura
construção. O valor gasto com essa reforma, será considerado um “custos incorridos
para trazer os estoques a sua condição e localização atual”
“11. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e
outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro,
manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços.
Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação
do custo de aquisição.”

Aquisição de mercadorias para revenda, para pagamento em 20.2.2016, por R$180.000,00. Nesse valor
estão incluídos: ICMS recuperável no valor de R$ 21.600,00; PIS recuperável no valor de R$ 2.970,00; e

COFINS recuperável no valor de R$13.680,00. Indique o valor de custo e faça a contabilização .

D – Estoques R$ 141.750,00
D – ICMS a recuperar R$ 21.600,00
D – PIS a recuperar R$ 2.970,00
D – COFINS a recuperar R$ 13.680,00
C – Fornecedores R$ 180.000
Uma indústria fabrica bolos, seus custos incluem as matérias primas (ovos, farinha,
frutas para o recheio, etc.), mão de obra, e gastos gerais de fabricação (GGF).
Vale lembrar que os GGF (gastos gerais de fabricação) são custos indiretos e são
calculados na proporção da produção de bolos.

Pergunto, podemos contabilizar os GGF diretamente como despesa no resultado


considerando o regime da prudência ou de conservadorismo? Sim ou não....
Justifique......

Não!!! O CPC 16 (R1) determina que


esses valores sejam reconhecidos nos
custos dos estoques.
Pensando ainda na fábrica de bolo. Imagine que
ocorram desperdícios na produção dos alimentos.
Esse valor deve ser considerado como custo dos
produtos??

Sim, eles devem ser reconhecidos como


custos, apenas desperdício ANORMAL
não deve ser escriturado nos estoques.
Itens não-incluídos:

• valor anormal de desperdício de materiais, mão-de-obra


ou
outros insumos de produção;
• gastos com armazenamento, a menos que sejam necessários ao
processo produtivo entre uma e outra fase de produção;
• despesas administrativas que não contribuem para trazer
o
estoque ao seu local e condição atuais; e
• despesas de comercialização, incluindo a venda e a entrega dos
bens e serviços aos clientes.

DESPESA DO
PERÍODO
Estoques Importados

Quando adquirimos mercadorias importadas, temos a variação cambial


que pode ser ativa ou passiva, ou seja, pode representar um ganho ou
uma perda para a empresa em relação ao valor negociado. Essa
diferença de câmbio deve ser considerada como custo???

Não, o CPC 2 (R2) que trata dos Efeitos das


Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de
Demonstrações Contábeis trata sobre isso e
não permite essa apropriação para o custo.
Estoques Importados
Uma empresa encomendou mercadorias no exterior, no valor de US$ 10,000.
Vamos as transações ocorridas, bem como aos lançamentos contábeis:

1 – Fornecedor entregou as mercadorias na porta de sua fábrica


no
exterior em 10 de agosto de 20x3 (US$ 10,000 × R$ 2,00 = R$ 20.000).
D – Estoques de mercadorias em trânsito R$ 20.000,00
C – Fornecedores no exterior a pagar R$ 20.000,00

2 – Mudança na taxa de câmbio em 31/08/20x3, de R$ 2,00 para R$ 2,20


(US$ 10,000 × R$ 2,20 = R$ 22.000 – R$ 20.000 = R$ 2.000 = diferença
de câmbio).

D – Perda cambia (DRE) R$ 2.000,00


C – Fornecedor no exterior a pagar R$ 2.000,00
3 – Despesas incorridas na importação e pagas a vista (seguro,
transporte, despachante, despesas alfandegárias etc.), no montante de R$
3.500.
D – Estoques de mercadorias em trânsito R$ 3.500,00
C – Banco R$ 3.500,00

4 – Chegada das mercadorias no depósito da Empresa em 7 de setembro


de 20x3.
D – Estoque de mercadorias R$ 23.500,00
C – Estoque de mercadoria em trânsito R$ 23.500,00
5 – Mudança na taxa de câmbio em 25 de setembro de 20x3, passando de
R$ 2,20 para R$ 2,45 (US$ 10,000 × R$ 2,45 = R$ 24.500 – R$ 22.000 =
R$ 2.500 = diferença de câmbio).

D – Perda cambial (DRE) R$ 2.500,00


C – Fornecedor exterior a pagar R$ 2.500,00

6 - Pagamento da dívida junto ao fornecedor em 25 de setembro de 20x3.

D – Fornecedor exterior a pagar R$ 24.500,00


C – Banco R$ 24.500,00
Os estoques são mensurados pelo custo de aquisição. Entretanto, podem ocorrer situações em que
o valor atribuído às mercadorias em estoque fica superdimensionado em relação ao valor que seria
obtido pela venda das mesmas mercadorias, diminuído dos gastos para efetivar a operação e venda.

Essa situação pode ocorrer, por exemplo, quando determinada mercadoria sofre danos, fica obsoleta
ou quando os consumidores passam a não ter mais a preferência por aquele determinado item.
Nesses casos, a entidade deve realizar um lançamento de ajuste, debitando uma conta de despesa
(resultado), em contrapartida a uma conta redutora dos estoques: perdas estimadas com
estoques. Essa conta tem a natureza credora.

O lançamento nessas circunstâncias atende ao disposto no pronunciamento CPC 16, que determina
que os estoques devem ser mensurados ao valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos
dois o menor. Tal prática atende a um importante pressuposto da Contabilidade: nenhum ativo deve
estar registrado por um valor superior àquele que estima que pode ser recebido pela sua venda.
O VLR é o preço de venda
estimado no curso normal dos
negócios deduzidos dos custos
estimados para sua conclusão e
dos gastos estimados
necessários para venda.

Esse controle deve ser feito para cada item que compõe o grupo dos estoques de mercadorias. Para ilustrar, segue
um exemplo relativo ao estoque de 30 pares de tênis da marca C com o saldo de R$ 3.000,00, em estoques,
correspondente a R$ 100,00 a unidade. Ao avaliar o valor realizável líquido, a entidade verificou que aquela
marca não tinha mais o mesmo potencial de vendas, e a unidade teria um valor unitário realizável deduzido dos
gastos para concretizar a venda de R$ 80,00. Assim, essa sociedade deverá realizar um lançamento de ajuste, de
forma a representar essa perda.
D Perda com estoque (DRE) 600,00
C Perdas estimadas com estoque (Ativo) 600,00

BALANÇO PATRIMONIAL

ESTOQUE
Tênis marca C 3.000,00
(-) Perda Estimada (600,00)
Critério básico
Conforme determina o Pronunciamento Técnico CPC 16 – Estoques, fins de
para
mensuração dos estoques, a valor de custo ou
é:
regra
valor
realizável líquido, dos dois o menor.

Por valor realizável liquido entende‐se o preço de venda estimado no curso

normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos

gastos estimados necessários para se concretizar a venda.


Valor realizável líquido não deve ser
confundido com o valor justo. O mesmo
pronunciamento define valor justo como
aquele
pelo qual um ativo pode ser trocado ou um passivo
liquidado entre partes interessadas, conhecedoras
do negócio e independentes entre si, com ausência
de fatores que pressionem para a liquidação da
transação ou que caracterizem uma transação
compulsória.

3
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Então qual é a diferença??
A principal diferença entre o valor realizável líquido e valor justo

é que o primeiro representa o montante líquido que a entidade

espera realizar no decurso normal de suas operações, ou seja, este

montante representa um valor especifico relacionado à entidade,

enquanto o valor justo representa o montante que poderia ser

obtido pelos mesmos estoques quando trocados no mercado, não

estando, portanto, relacionado com as características específicas da

entidade. Assim, pode acontecer de serem valores iguais em

algumas poucas situações.


Então qual é a diferença??
Sendo assim, devemos entender como valor realizável líquido:

O preço de venda estimado no curso normal dos negócios


deduzidos dos custos estimados para sua conclusão e dos
gastos estimados necessários para venda.
Uma sociedade empresária mantém no seu estoque de produtos para
venda as mercadorias A, B e C. Os valores totais de custo de aquisição,
preço de vendas e previsão de gastos com vendas, para fins de cálculo
do Valor Realizável Líquido, na posição de 31.12.2013, estão detalhados
a seguir:

Mercadoria Custo de Aquisição Preço de Venda Gastos com venda


A R$ 420,00 R$ 500,00 R$ 100,00
B R$ 650,00 R$ 900,00 R$ 130,00
C R$ 900,00 R$ 850,00 R$ 170,00

O valor realizável líquido de cada item será:


• R$ 500 – R$ 100 = R$ 400
• R$ 900 – R$ 130 = R$ 770
• R$ 850 – R$ 170 = R$ 680
O que o CPC 16 (R1) determina: os estoques devem ser mensurados
pelo valor de custo ou pelo valor líquido realizável, dos dois o
menor

Mercadoria Custo de Aquisição Valor Dos dois o menor


realizável
líquido
A R$ 420,00 R$ 400,00 VRL
B R$ 650,00 R$ 770,00 Custo
C R$ 900,00 R$ 680,00 VRL

O estoque deve ser ajustado para:


• Produto A = R$ 400,00, logo uma perda de R$ 20,00
• Produto B = não terá ajuste
• Produto C = R$ 680,00, logo uma perda de R$ 220,00
D – Perda com estoques (DRE) R$ 240,00
C – Estimativa de perda com estoque (red. Ativo) R$ 240,00

Percebam que a análise foi promovida para cada item do estoque, conforme
exigido pelo CPC 16 (R1). Assim, o valor atual do estoque será:

Ativo Circulante

Estoque R$ 1.970,00
(-) Estimativa perda (R$ 240,00)
Saldo estoque R$ 1.730,00
Sendo assim, o custo é base elementar para a avaliação, mas quando houver a perda de

utilidade ou a redução no preço de venda ou de reposição de um item que reduza seu

valor recuperável a um nível abaixo do custo, deve‐se então assumir como base final de

avaliação tal preço de mercado inferior ao custo, mediante o registro de uma perda

estimada, mantendo‐se os controles de estoques ao valor original de custo.

Essa regra tem como finalidade, portanto, eliminar dos estoques a parcela dos

custos que provavelmente não seja recuperável.


A aplicação desse critério deve ser realizada na avaliação dos inventários ao final de

cada ano, no sentido de que as perdas resultantes de estragos, deterioração,

obsoletismo, redução na estrutura de preços de venda ou de reposição sejam

reconhecidas nos resultados do exercício em que tais perdas ocorrem e não no exercício

em que a mercadoria é vendida, reposta ou transformada em sucata.

Essa prática de reduzir o valor de custo dos estoques ao valor realizável líquido é

coerente com a ideia que não se deve ter registrado valores superiores aos que se

espera realizar quando da ocorrência da venda ou do uso (faz parte do conceito geral de

impairment).
São deteriorados ou obsoletos os estoques que não possam ser usados na produção

normal por estarem danificados, fora das especificações, por serem relativos à linha fora

de produção etc. Esses estoques devem ser avaliados por seu valor líquido realizável, o

qual, em alguns casos, pode ser o valor estimado da venda para terceiros nas condições

em que se encontram, ou venda como sucata.

Vale destacar que tal perda estimada não é dedutível para fins fiscais.

Esses conceitos de apuração de custo expostos, aplicam‐se mais a empresas industriais

e comerciais, sendo que, para certos ramos de atividade, tais conceitos, mesmo que

ainda válidos, não são aplicados por haver critérios alternativos de uso mais corrente e

generalizado, que passaram a ser “generalizadamente aceitos’’.


Exemplo com estimativa perda já reconhecida
Suponha que uma entidade tenha um valor de estoques no montante de $ 10.000
e que ao final do exercício x1, apurou uma perda de $ 2.000, seu Balanço e DRE
apresentará:

NO BALANÇO PATRIMONIAL
NA DRE:
Ativo Circulante
.....
Estoques..................................................$
(-) Perdas Estimadas..............................($
10.000
2.000)
(-) Estimativas de Perdas......................($2.000)

Saldo...................................................$ 8.000

D – Perdas Estimadas de estoque (DRE) $ 2.000


C – Estimativas de Perdas (A) R$ 2.000
Exemplo com estimativa perda já reconhecida
Em x2, efetuou uma venda por $ 8.500,00, vejamos os lançamentos contábeis:

D – Duplicatas a receber R$ 8.500


C – Receita com vendas R$ 8.500

D – CMV (DRE) R$ 8.000


D - Estimativas de Perdas (A) R$ 2.000
C – Estoque $ 10.000
Estoque (ativo) Estimativa Perdas (A) Despesa com perda (R)

10.000,00 10.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00

Duplicatas (A) Receita de Vendas (R)

8.500,00 8.500,00

CMV (R)

8.000,00
Exemplo com estimativa perda já reconhecida
Agora suponha, que a empresa, ao analisar o valor realizável líquido detectou que
seus ativos valem $ 10.000. Neste caso, precisamos fazer a reversão do
lançamento de perda, veja:

D – Estimativas de Perdas (A) $ 2.000


C – Reversão de perda de estoques R$ 2.000

Se o valor realizável líquido for de R$ 12.000, faço a reversão até o limite do custo

original, lembre-se: valor de custo ou valor realizável líquido,


dos dois o menor.
Ajuste a Valor Presente

Os arts. 183 e 184 da Lei no 6.404/76 e alterações posteriores estabelecem que os


elementos do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo devem
ser ajustados a valor presente. Já os elementos do ativo circulante e passivo
circulante devem ser ajustados quando houver efeito relevante.

Por sua vez, temos o CPC 12, item 9, que estabelece que ativos e passivos monetários
com juros implícitos ou explícitos embutidos devem ser mensurados pelo seu valor
presente quando do reconhecimento inicial. Para a determinação do valor presente,
devem ser utilizadas taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do mercado
quanto ao valor do dinheiro no tempo e aos riscos específicos do ativo e do passivo em
suas datas originais.
Ajuste a Valor Presente

Consequentemente, as contas a receber de clientes e as contas a pagar aos


fornecedores que vencerem no longo prazo devem ser mensuradas a valor
presente e aquelas que vencerem no curto prazo serão reconhecidas a valor
presente se o efeito for relevante.

Assim, se as compras de mercadorias ou os valores a receber de clientes forem ajustados


a valor presente e forem contabilizados os encargos financeiros ao longo do tempo,
quando ocorrer a antecipação do pagamento ou do recebimento não haverá nenhum
registro contábil de desconto financeiro (exceto se o desconto for concedido a uma taxa
de juros diferente da taxa originalmente contratada).
A Cia. BMG realizou uma venda a prazo pelo valor de $ 2.000 que será recebido após dois
meses e sabe-se que, se a venda fosse realizada à vista, o valor seria $ 1.850. Os juros
foram de R$ 150,00, R$ 75,00 para cada mês.

D – Cliente R$ 2.000,00
C – Encargos a apropriar (ativo) R$ 150,00 Venda
C – Receita de Vendas R$ 1.850,00

D – Encargos a apropriar R$ 75,00


1° mês
C – Receita Financeira 75,00

D – Encargos a apropriar R$ 75,00


2° mês
C – Receita Financeira 75,00

D – Banco
Recebimento
C – Cliente 2.000,00
Contabilização na compradora!
D – Estoque R$ 1.850,00
D – Encargos a apropriar (passivo) R$ 150,00 Venda
C – Fornecedores R$ 2.000,00

D – Despesa financeira R$ 75,00


1° mês
C – Encargos a apropriar 75,00

D – Despesa financeira R$ 75,00


2° mês
C – Encargos a apropriar 75,00

D – Fornecedores
Recebimento
C - Banco 2.000,00
Prof. Fernando Aprato
ATIVIDADE

Vamos treinar
o que aprendemos?

Lista – Aula 2 – Parte 2


(toda)
Bibliografia Básica
EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. 11 ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ALMEIDA, M.C. Curso de contabilidade introdutória em IFRS e CPC: atende à
programação do primeiro ano dos cursos de Ciências Contábeis, Administração de
Empresas e Economia. São Paulo: Atlas, 2014.
Bibliografia Complementar
CPC – Estrutura Conceitual para a Elaboração e CPC 26 Apresentação das
Demonstrações Contábeis.
Disponível em www.cpc.org.br
FIPECAFI/USP. Manual de contabilidade societária. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 2013
IUDÍCIBUS, Sérgio de, MARION, José Carlos. Contabilidade comercial. 9. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de contabilidade básica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
STICKNEY, Clyde P., ROMAN, L. Weil. Contabilidade financeira: uma introdução aos
conceitos, métodos e aplicações. 12 ed, São Paulo: Cengage, 2010.

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