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SEXUALIDADE

E
RELIGIÃO
A sexualidade na história sob a perspectiva da religião
▪ A Igreja diz: O corpo é uma culpa.

▪ A Ciência diz: O corpo é uma máquina.

▪ A publicidade diz: O corpo é um negócio.

▪ O corpo diz: Eu sou uma festa.

(Eduardo Galeano)
APRESENTAÇÃO

Existem diversas perspectivas para se obervar o corpo,


entretanto o foco é a religião que o relaciona com
culpa. É perceptível que certas religiões condenam a
relação sexual e o autoconhecimento corporal. Tal
visão traz diversas complicações, porque a falta de
conhecimento gera ignorância e até ingenuidade.
RELIGIÃO E SEXUALIDADE

In
RELIGIÃO E SEXUALIDADE: UMA VIAGEM NA
HISTÓRIA E NA FILOSOFIA
Taoísmo, Budismo e Confucionismo

▪ Yin Yang: São dois aspectos da força primordial que governa o universo.

▪ Yin é tudo que receptivo, o recanto, acolhedor, a sombra, o feminino e frio.

▪ Yang tem poder de expansão, luz, verão, duro, calor, masculino.

▪ Yin e Yang não são forças conflitantes, mas sim complementares: uma
depende da outra.

▪ Não se pode ver a chama ou a luz, sem que haja escuro ou sombra.
Taoísmo, Budismo e Confucionismo
▪ As religiões e filosofias orientais baseiam-se sempre no
equilíbrio e complementaridade entre princípios
opostos, simbolizados principalmente pelo : “feminino"
(yin) e "masculino" (yang).

▪ As mulheres têm um inexaurível suprimento de Yin


enquanto o homem tem uma limitada quantidade de
Yang. Isso pode ser compensado no ato sexual: o homem
retardando o orgasmo e proporcionando o máximo de
prazer à mulher em múltiplos orgasmos, absorve grande
parte da energia Yin de sua companheira.
Taoísmo, Budismo e Confucionismo

▪ Os chineses descobriram o
equilíbrio através da natureza e
aplicaram em todas as áreas da
sua vida inclusive na
sexualidade...
Os gregos
Os gregos surgem como os mais liberais,
porém esta liberdade está associada a
algo natural e não necessariamente
libertino.
Consideravam “a atividade sexual, tão
profundamente ancorada na natureza e
de maneira tão natural, não poderia ser
considerada má”.
(Foucault, p.47)
Os gregos

Estimulava o debate na ágora, como consequência


emergiu-se o senso crítico. Filósofos como Sócrates
impulsionavam o debate utilizando o método
dialético, que consistia em utilizar o diálogo para se
chegar a uma conclusão. A principal intenção era
construir um pensamento intelectual.
Os gregos
Os gregos

▪ “Se acontece tão frequentemente de os


filhos dos humanos não parecerem
com seus pais é que estes – no
momento do ato sexual – têm a alma
agitada de vários modos em vez de só
pensar no que fazem nesse instante”.
(Foucault, p.113)
Os gregos

Os Gregos afirmam que na relação sexual a falta de relaxamento


causa complicações. É um questionamento importante, pois o
sexo traz muitas vantagens, entre elas: Melhora na autoestima e
bem estar, qualidade do sono, queima de calorias e maior
imunidade corporañ
IDADE MÉDIA
● A sexualidade continua ocupando um papel importante
nos hábitos sociais, mudando-se apenas sua conotação,
fala-se agora da repressão da sexualidade
Idade Média

O foco da repressão da sexualidade é no sexo


feminino. Mulheres que possuiam desejos sexuais
aflorados, habilidosas em lidar com a vida e
independentes atraiam muita desconfiança. Dessa
forma, geravam-se perseguições e elas recebiam
castigos. Um deles eram ser queimadas na
fogueira.
IDADE MÉDIA

A ética medieval se fundamenta a partir da


seguinte concepção metafísica:

▪ Deus criador.
▪ Verdade revelada (plano de Deus).
▪ Mandamentos de Deus.
▪ Desobediência é igual a pecado.
▪ Homem pecador deve buscar a salvação.
▪ O sobrenatural tem primazia sobre o natural
IDADE MÉDIA
● Como a sexualidade está no âmbito material é, portanto
fonte de pecado e deve-se ficar afastado de suas
“tentações”.
● É necessário levar uma vida simples e afastada dos
prazeres e desejos.

● O problema da nova fé era em relação ao casamento:


como conseguir manter um dos princípios básicos do
cristianismo aceitos na forma do "crescei e multiplicai-vos"
sem considerar a atração ou o prazer sexual?
● Pg 08
Idade Média
Santo Agostinho
● No encontro de dois corpos e pela penetração através do contato
genital, Agostinho encontrou a explicação para a maneira pela qual o
pecado original nos foi transmitido.
● Assim, para Agostinho “a relação sexual ou mais precisamente o
prazer sexual, é o que transmite o pecado original continuamente de
geração em geração.”

(Heinemann,1995, p.90, apud Nascimento) 22.


Idade Média

▪ Jesus veio ao mundo através de uma santa e milagrosa


exceção, que fez do ventre de Maria, um habitat sagrado
não contaminado pelo sêmen dos descendentes de
Adão.

▪ Por isso, Jesus também é o redentor da nossa


humanidade, pois estaria livre em seu Ser, de ter sido
contaminado pelo pecado original, desde que este, é
transmitido pelo ato sexual, do qual Maria não
participou.
▪ Pg 09
Idade Média

▪ O prazer carnal deveria ser evitado e toda a


busca do prazer seria condenável mesmo
entre os cônjugues
▪ “O casamento era desprezível apenas
enquanto pretendia buscar o prazer carnal.
Porém, se destinado à procriação, o
matrimônio constituía-se num bem”. - Santo
Agostinho
Idade Média

A Igreja nega o prazer sexual mesmo


dentro do casamento e define regras
em relação às posições sexuais e
limita a frequência de relações.
Permitia apenas a que o homem
estava em uma posição superior
Brasil

▪ No Brasil a religião teve uma influência na


moralidade sexual a partir dos primeiros padres
jesuítas e discutem a questão da nudez indígena
como algo pecaminoso

▪ Entretanto, o estupro às indígenas não era


condenado. O padrão sempre se repete, a
sexualidade feminina ou de grupos vistos como
inferiores é reprimido. E o dos homens é favorecido
e o estupro normalizado.
Brasil
▪ A ação do Santo Ofício também
impôs um comportamento sexual
condenando a homossexualidade, o
casamento dos padres, a
contracepção e o prazer sexual em
geral especialmente das mulheres e,
finalmente a igreja normatiza a
sexualidade ora impondo normas.
Posições oficiais de algumas religiões
em relação à sexualidade
Igreja Católica
Igreja Católica
O papa Bento XVI rejeita e o uso de métodos
contraceptivos artificiais, é contrário à ordenação de
mulheres e defende a necessidade de moralidade sexual,
estando perfeitamente de acordo com a tradição católica.
Para ele, "a única forma clinicamente segura de prevenir a
AIDS é se comportar de acordo com a lei de Deus“.

Defende a castidade, é contra o sexo antes do casamento,


contra o aborto e as pesquisas com células-tronco,
condena o uso de camisinhas e de métodos
anticoncepcionais. É contra a balada dos jovens, a boemia
dos veteranos
Protestantismo
Protestantismo
▪ É aceitável o uso de métodos contraceptivos em relação
ao planejamento familiar;

▪ São contrários ao sexo antes do casamento; condenam o


adultério, o aborto e o homossexualismo (sendo
considerado pecado);

▪ Há liberdade quanto ás variações sexuais, mas sexo anal


é condenado; sobre as disfunções sexuais rotina é se
aconselhar com o pastor que costuma encaminhar o
casal.
Kardecismo
Kardecismo

▪ É livre a escolha dos métodos contraceptivos, desde


que lesem o plano físico (a laqueadura de tombas e a
vasectomia são proibidos, salvo necessidade médicas);

▪ são contrários ao aborto; condenam o adultério; em


relação a sexo antes do casamento e suas variações
existe o consenso de que a união de duas pessoas tem
de ocorrer sem formalidades, contratos ou rituais; o
homossexualismo é aceito.
Umbandismo
Umbandismo
▪ Não há restrições quanto ao sexo antes do casamento e
suas variações, embora a penetração seja proibida aos
médiuns em dias de ritual;

▪ São radicalmente contra o adultério e ao aborto;

▪ Não há restrições a masturbação ou a métodos


anticoncepcionais;

▪ Frente a uma disfunção sexual é recomendado ajuda


médica, sendo que guias e orixás dão proteção ao
profissional que irá lhe prestar auxílio.
Judaísmo
▪ É neutro quanto ao sexo antes do casamento;

▪ É condenado o casamento com adeptos de outras religiões;

▪ Há condenação do adultério;

▪ A prática masturbatória e as variações sexuais são liberadas, exceto


o sexo anal;

▪ Em relação aos contraceptivos, são aconselhados os métodos


naturais (tabelinha), não sendo aceitos os artificiais;

▪ Em relação a disfunções sexuais , deve-se procurar primeiro o


rabino, que poderá sugerir uma terapia.
Maometismo
Maometismo
▪ O sexo antes do casamento é proibido;
▪ Existe uma valorização da virgindade masculina e
feminina;
▪ Não é aceito o casamento com adeptos de outra religião;
▪ São contra o aborto;
▪ São contra qualquer método contraceptivo; é proibido o
adultério;
▪ É proibida a masturbação; vínculo sexo-reprodução é
notoriedade;
▪ Em relação as disfunções sexuais, não são valorizadas se
forem femininas, mas se forem masculinas é natural a
ajuda de um profissional.
Budismo
▪ Tudo é permitido, desde que não haja prejuízo físico a
outros

▪ Quanto aos contraceptivos, variações sexuais, tipos de


relacionamento, opções sexuais; quanto ao aborto, a
orientação é dada no sentido de conhecer a importância
da vida;

▪ Recomendam o tratamento das disfunções sexuais, pois


a meta é o indivíduo ser feliz.
Investigação disciplinar

▪ Como a sexualidade está no âmbito material é, portanto fonte de


pecado e deve-se ficar afastado de suas “tentações”.
▪ É necessário levar uma vida simples e afastada dos prazeres e desejos.
▪ A partir deste rápido histórico podemos levantar alguns
questionamentos:
▪ Qual a consequência de uma moral sexual repressora?
▪ Por que as Igrejas impõem uma moral sexual rígida e fazem vistas
grossas aos membros religiosos que nem sempre seguem essas regras?
▪ As posições do atual papa em relação ao aborto, à contracepção, ao
homossexualismo são realmente necessárias e corretas?
▪ Todo tipo de amor é válido?
▪ Ainda hoje é possível encontrar na sexualidade e nas práticas sexuais
sinais legados pelo Cristianismo para a história da civilização ocidental,
associados a proibições, como a noção de culpa?
Referências
AGOSTINHO, Santo. A virgindade consagrada. São Paulo: Paulinas, Selecionadas.
v. 5. São Leopoldo: Sinodal, 1995.
BROWN, Peter. Corpo e sociedade. O homem, a mulher e a renúncia sexual no
início do cristianismo. Rio: Zahar, 1990.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo,
Martins Fontes, 2001.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro:
Graal, 2001.
LUTERO, Martinho. Ética - Fundamentos, Oração, Sexualidade... - vol. 5 Sindal ,
1995.
SOUZA, Laura de Mello O Diabo e a Terra de Santa Cruz. Ed. Companhia das
Letras, 1986.
VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos Pecados: moral, sexualidade e Inquisição no Brasil
Colônia. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

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