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Depois de 3 dias de preparação, acabei por chegar tarde.

Nem queria acreditar que


estava a entrar completamente esbaforida, num hotel no centro de Lisboa, para a minha
primeira entrevista com um escritor (ainda por cima alguém cujos livros me agradam mais
que muito) e que estou atrasada. Que imagem poderia eu transmitir?
Depois das apresentações rápidas no hall do hotel e de uma, algo constrangedora, viagem de
elevador, a respiração e o ritmo cardíaco acalmaram e os meus temores acabaram por se
revelar infundados.
Maite Carranza é uma verdadeira senhora. Simples, de uma simpatia e alegria contagiantes e
de uma inteligência e perspicácia que nos desarmam. Sempre com um sorriso no rosto,
respondeu a todas as minhas perguntas. E a conversa tornou-se tão agradável, o clima tão
descontraído que, quando olhámos para os relógios, quase duas horas depois nem queríamos
acreditar no tempo que havíamos passado embrenhadas no mundo dos livros sem que de tal
dos apercebêssemos.
Numa época em que quase só se vêem vampiros, nos livros, nos filmes, porquê as bruxas? Sei
que no norte de Espanha há muitas lendas e uma grande tradição em torno das bruxas, será
que esta realidade foi uma influência?
M.C - No meu entender as bruxas são o mais original, são o único ser fantástico ou mitológico que
forma parte da tradição popular que realmente existiu, foi julgado, acusado e queimado. Não consta
que tenham queimado nem sereias, nem dragões, gigantes ou vampiros mas bruxas, sim. São
personagens que têm um pé no mundo da fantasia e outro na realidade. Eu sou antropóloga e
quando estava na faculdade interessei-me pela demonologia e, influenciada pela cultura em torno do
demónio que é muito forte na Catalunha, comecei a fazer uma tese sobre a figura do demónio na
tradição popular. Quando comecei a investigar dei-me conta que a bruxaria e a demonologia estão
fortemente ligadas e penso que foi nesta época que fiquei com mais vontade de falar das bruxas.

As Odish são maléficas mas neste segundo livro vimos amor da sua parte. Gunnar, por
exemplo, era Odish e amava realmente a Seléne, também Cristine Olav demonstrou amor
pela neta. Serão estas bruxas capazes de amar verdadeiramente?
Eu prometo que no terceiro livro vão poder ler um acto de amor das Odish…de uma bruxa Odish ou
da parte das bruxas Odish. Mas a tua pergunta interessou-me porque eu não acredito na maldade
absoluta nem na bondade absoluta.

Os seus personagens não são exclusivamente bons nem exclusivamente malvadas, são quase
humanas, têm em si o bem e o mal como qualquer ser humano. Porquê? Não acredita na pura
maldade, ou que se possa ser simplesmente boa pessoa, ou queria fugir um pouco àqueles
clássicos em que o herói é sempre muito bonzinho, sem nenhuma maldade?
Eu penso que como autor tens que conhecer muito bem os teus personagens. Se te debruças sobre
um protagonista, este tem que ter as suas debilidades, os seus pontos fracos. Como todo o ser
humano tem que ter os seus medos, os seus tabus e os seus enganos ao mesmo tempo que tem
desejos, objectivos, os seus sonhos e amores. Todas estas limitações tornam o personagem mais
humano que todas as suas virtudes, espelham a fragilidade humana. Se os teus personagens,
principalmente os protagonistas, nunca erram, nunca têm medo ou dúvidas, se nunca se enganam,
não são humanos, são recipientes vazios. Se consegues fazer isto com os teus protagonistas e
também com os teus antagonistas -que tens que os ter para se oporem ao “herói”-, se conseguires
explicar verdadeiramente o que leva uns e outros a agir de determinado modo, então não pode
deixar de haver empatia entre o leitor e o personagem.
Às vezes leio livros que me decepcionam porque os personagens são absolutamente previsíveis,
muito lineares. Aqui temos personagens menos típicos. Basta ver que no seio das próprias Omar há
algumas bruxas com atitudes mais negativas, Ludmila é muito injusta; Deméter quando leva a filha
a julgamento sem sequer a avisar…

Esta saga é quase como um retrato de três gerações da mesma família, conhecemos primeiro
Anaíd e no segundo volume temos Seléne em grande destaque. Isto significa que no próximo
livro vamos conhecer melhor Deméter?
Não, não. Não porque não cabia (risos)… Gostava de poder fazer uma retrospectiva da sua
juventude, ainda por cima ela tem a irmã, Criselda, que é o seu oposto, são como água e azeite. Vai
ter um papel importante no terceiro volume mas não há uma explicação da sua história pessoal. Já
me perguntaram porque é que não escrevo o livro da Deméter mas…na altura, já era demais.

Quantos anos demorou a escrever A Guerra das Bruxas?


Três anos.

Após três anos de trabalho não tem vontade de voltar a este mundo e conhecer melhor alguns
dos personagens? Clodia e a mãe, Cristine, Deméter… Devem ter ainda algo para dar.
Agora, com mais distância, sim. Quando acabei de escrever a trilogia estava muito cansada, tinha
necessidade de me afastar um pouco. Mas a distância, às vezes, já me leva a pensar em
determinados personagens nesses termos.

Roc presenciou todo o episódio da morte da irmã, a sua mãe é bruxa e ele, ainda que o
desconheça, vive neste mundo de bruxas e acontecimentos algo sobrenaturais. Apaixonou-se
por Anaíd, houve ali uma aproximação e depois a fuga dela. Vamos poder vê-los juntos?
Bem, esse é o grande dilema da trama amorosa, há duas histórias de amor - a de Anaíd e Roc e a de
Seléne e Gunnar – e são aspectos que vão ter que se resolver no terceiro livro de um modo ou de
outro. Não posso adiantar mais mas ambas as histórias vão ter definitivamente um desfecho.

Gunnar esteve realmente convicto de que a ursa matou Seléne e Anaíd e agora, de repente,
aparece. O livro acabou precisamente aí e eu, que estou morta de curiosidade, não posso
deixar de perguntar se é mesmo ele?
Sim. É realmente ele. Não posso adiantar mais, é um mistério para leres no próximo livro mas é
mesmo ele, sim.
Voltando ao Roc. Ele, os seus irmãos e o seu pai vivem neste mundo mágico e, tal como todas
as pessoas que vivem naquela aldeia nem sequer se apercebem da existência das bruxas e de
todo este poder. Porque é que os humanos não vêem a magia? Perdemo-la, somos tão
individualistas e metidos connosco próprios que não o vemos ou simplesmente, se vemos algo
mágico a tendência é logo para dizer “estou louco, ando a ver coisas”?
Penso que não há maior cego que aquele que não quer ver e quanto mais perto estão as evidências
mais as pessoas resistem a acreditar que determinado facto possa ser verdade. A hipótese de que a
sua mãe, ou esposa, possa ter uma vida oculta, ou segredos, é coisa que não se coloca. Num caso
destes tende a desconfiar mais quem está de fora do que propriamente quem está dentro daquele
pequeno mundo, quem lida com elas todos os dias já não vê as peculiaridades, aceita-as como algo
natural.

Uma coisa que despertou muita curiosidade foi a profecia. No primeiro livro temos várias
profecias e não pude deixar de perguntar-me como surgiu esta parte da trama. Escreveu
primeiro a história e apoiou-a nas profecias ou surgiu primeiro a profecia e a história é que se
lhe adaptou?
Primeiro surgiu a Profecia de O, a da eleita. Essa sim foi a faísca que deu lugar a todo este processo
e que originou a trilogia. Havia a ideia do messianismo, da eleita, da esperança e quando a desenhei
foi um bocado em função disso, de conseguir misturar estes elementos com coisas tão simbólicas
como o Sol e a Lua. Quem será o raio de sol? E a lua que se lhe opõe? Era um pouco como um jogo
em que apropria profecia me obrigava a criar uma história. Com as outras profecias foi o contrário,
a história já estava escrita e criei-as para a suportar, faltava poesia ao livro. O segundo livro ainda
não estava escrito mas eu já tinha uma ideia daquilo que ia escrever, sabia da fuga, da chegada ao
Norte, do episódio da ursa, enfim… sabia o que queria escrever e através das profecias criei um
suporte para essas ideias.
No fundo, uma profecia deu origem à história que, por sua vez, deu origem a outras profecias.
Adorei escrevê-las, foi mesmo genial, senti-me como Nostradamus, ali a brincar com os destinos
dos meus personagens. Deu-me muito gozo. Cheguei a pensar mudar de profissão, dedicar-me a
profetizar. (risos)

Há muitos livros que parecem ser feitos apenas para nos dar lições de moral. Nos seus livros
podemos, se quisermos, ver algumas lições de vida. Contudo, se quisermos limitar-nos apenas
a ler pelo prazer de ler, podemos fazê-lo. É realmente um prazer lê-los, de tal modo que, lendo
certas passagens, não posso deixar de pensar que tem realmente que lhe dar muito prazer, a
si, escrevê-los, de tal modo que nos consegue transmitir a nós leitores esse prazer.
Isso é bem verdade, deu-me realmente um prazer enorme escrever estes livros. Além disso, tocas
num tema do qual quero muito falar. No mundo editorial infanto-juvenil existe uma censura velada,
não é explícita mas há certas coisas das quais um autor deste género não fala e há certas
considerações das próprias editoras e deste mundo editorial, rótulos do género “não promove os
valores”. Isto não é uma olimpíada de valores, não podes medir os valores de que falas em cada
capítulo. Eu deixei de escrever durante sete anos por causa disso, fartei-me.
Escrevia o que queria e, ainda por cima, escrevia humor. O humor tem que ser muito transgressor,
se não te ris de alguma coisa, se não aprendes a rir-te de ti mesmo, das coisas mais sagradas para ti
e para a sociedade… A literatura tem que ser transgressora. Se és um conformista e não pões em
causa as verdades adquiridas, se não procuras novos caminhos, és apenas uma espécie de correia de
transmissão. É necessário deixar para trás o conhecido e abrir novos caminhos. Naquela época, não
me deixavam fazê-lo e, então deixei de escrever. Sete anos depois, regressei à literatura com a firme
convicção de que apenas escreveria aquilo que me apetecesse, que se não lhes agradasse…bem,
partia para outra coisa, mudava de editora ou o que fosse preciso.
Deixei de escrever em 93, regressei em 2001. Entretanto escrevi guiões mas nada de livros. Então,
em 2001, escrevi um livro de humor branco, muito respeitoso no qual expunha princípios da
família, entre outros. O livro foi publicado pela EdB, foi premiado e foi com esta editora que eu fiz
o pacto de escrever de bruxas, sem dar lições de moral ou de bem e do mal. A editora foi muito
inteligente, deram-me carta-branca e eu não me reprimi, caso contrário teria sido uma espécie de
dejá vu, mais do mesmo. Com estes livros deixei que os meus personagens, apesar de já terem
determinada forma, me surpreendessem. Penso que foi o que aconteceu, desfrutei muito ao escrever
acerca de coisas que me surpreendiam a mim mesma.

Neste mundo das editoras e na sociedade em geral, o fantástico e a literatura para jovens são,
muitas vezes, vistos um pouco como os “parentes pobres”, não são realmente mal vistos mas
também não lhes é dada importância suficiente. Vejo que aos leitores lhes agradam cada vez
mais estes géneros, que às vezes jovens que nunca tinham lido um livro, devoram os seus
livros, ou os da Laura Gallego Garcia, por exemplo. Mas as escolas e no âmbito de eventos
institucionais nunca se chamam os autores que agradam ao público jovem. Enquanto autora,
como vê esta realidade? Como encara o facto de ser acarinhada pelo publico e deixada de lado
pelas instituições?
Penso que quem tem o poder no mundo institucional e escolar ainda não aceitou que a literatura
possa ser algo lúdico e não pedagógico. Vinculam sempre a literatura ao ensino, à aprendizagem e,
como falávamos antes, à transmissão de valores. Se tudo isto não está lá de uma forma clara,
consideram o livro uma perda de tempo. Os detentores do poder decisório neste campo ainda não
descobriram, por si mesmos, que o livro deve ser sobretudo um prazer. Foi também por isso que a
literatura policial foi considerada um divertimento sem qualquer tipo de pedigree cultural. Aos
poucos as coisas vão normalizando, vão sendo aceites.
Quando um autor de um livro muito sério que ninguém leu vai presidir um acto oficial no qual
nenhum dos jovens presentes o conhece ou se interessa minimamente, eu rio-me. Só posso rir-me…
Este ano, por um ponto, não ganhei um prémio nacional de literatura com o livro “Magia de una
noche de verano” e, ainda ontem, a Laura Gallego comentava comigo “Vamos lá ver quando
começam a premiar o fantástico”. Pessoalmente, creio que neste momento, se há autora que o
merece é ela. Pôs a ler uma infinidade de gente que nunca tinha sequer pegado num livro, vendeu
milhares de exemplares, difundiu a literatura, criou uns fóruns fantásticos na internet… É uma
pessoa que ama o seu trabalho e sabe fazê-lo e nunca premeiam este tipo de trabalho. Realmente, é
como dizes, a fantástico e a literatura juvenil são “o parente pobre” mas que vamos fazer? Rir-
nos…
Com a Maité e com a Laura aconteceu quase o mesmo, não houve quase publicidade, o vosso
público formou-se com base no facto de que os jovens leitores passassem palavra. Tiveram
sorte?
Sim, na verdade tivemos sorte. Agora há tanta coisa, vinda de todo o lado, que as editoras também
não podem gastar muito dinheiro com todos os autores mas, a verdade, é que penso que tivemos
sorte. As nossas trilogias começaram a sair em 2005, penso que se fosse agora, nesta época em que
há tantas novidades, em que também chega tanta coisa do estrangeiro, o mais provável é que
passassem despercebidas.

E como encara este facto de ter conseguido cativar tantos jovens para a leitura? Ao fim e ao
cabo, ajuda todos os dias um pouco a moldar futuros leitores.
Se pensas muito nisso…Bem, a verdade é que te impressiona muito. Às vezes cruzo-me com
pessoas, adultos, na rua que me dizem: “Li os seus livros quando era pequeno e influenciou-me
muito” e eu só posso perguntar se a influência foi positiva ou negativa. Depois acrescentam: “fez-
me pensar”. E aí penso na responsabilidade que é influenciar alguém que se está a formar enquanto
pessoa, a criar os seus valores, que tenta encontrar o seu lugar neste mundo e lembro-me dos
autores que eu lia em pequena, de como eram importantes para a minha formação e a minha
percepção do mundo. Com isto tudo, é melhor não pensar muito no assunto. É melhor não pensar
senão ainda me ponho moralista (risos). Não quero ir pelo politicamente correcto.

Sei que, enquanto mãe, tem uns horários muito rígidos e não viaja muito em busca de
inspiração, para pesquisa e etc. Aquilo que me pergunto é, como faz para nos dar estas
descrições tão vividas e reais? Não sente falta deste tipo de viagens?
Gostava muito de viajar, sim. Gostava de poder usar a desculpa do “oh, vou-me inspirar” para
poder viajar mais mas tenho que reprimir-me e ficar em casa.
Quando era miúda lia Júlio Verne, que é um mago das descrições, e alucinei completamente quando
descobri que ele nunca tinha saído de Paris, nunca saiu de França!! Fazia tudo a partir de uma
biblioteca – e naqueles tempos nem sequer havia internet para podermos ver as imagens no Google
– onde não podia ver sequer fotografias. Júlio Verne descrevia tudo a partir de atlas e de diários de
viagem de outras pessoas.
O modo como mais gosto de documentar-me é através de conversas. Às vezes de uma conversa de
duas horas retiro apenas uma palavra mas essa palavra pode ser o ponto de partida para algo
importante.

Para a viagem ao norte neste segundo volume li uma viagem de Ramon Larramendi que é o relato
de uma travessia do Árctico que durou 3 anos e que está escrita com tal minúcia que me coloquei
mesmo na pele dos personagens e comparti com aqueles viajantes todo o percurso. Foi este livro
que mais me ajudou, mais que ver postais, mais que ler dados geográficos… através deles estive ali.

Quando era mais jovem, com certeza, lia muito…


Sim, sim. E continuo a ler bastante.
Quais foram os autores que mais a marcaram?
Júlio Verne, li-o muito precocemente, às vezes penso que com aquela idade não devia compreender
grande coisa mas, na verdade, algo ficava e marcou-me muito. Também lia muito “Las Aventuras
de Guillermo Brown”, de Richmal Crompton, que era um personagem inglês que me fazia rir muito,
eram livros muito irreverentes e divertidos.
Creio que até aos 8 anos fui fã de Guillermo Brown, depois não havia, como há hoje, uma literatura
direccionada para crianças e jovens, entravamos directamente num mundo de literatura mais
adulta… Júlio Verne, Louisa May Alcott, Dumas… entrei ali nas aventuras, n’ “As Mulherezinhas”
e depois passei directamente aos autores franceses e russos, Tolstoi, Dostoievsky, Balzac… Eram
tramas densas que não acabavam nunca. E escreviam muito, em grandes quantidades. Eram obras
realistas, clássicos e românticos, também, foram estas as minhas bases. Li muito poucos autores
espanhóis porque também não havia muitos na época, era sobretudo literatura europeia.

Como é para uma fã da literatura russa ser traduzida e reconhecida na Rússia?


Oh, sim… é de loucos. Vão convidar-me para ir a Moscovo, a editora lá quer fazer uma campanha
e… Bem, é muito emocionante porque os valores… Enfim, eu estive na Rússia e foi como uma
viagem iniciática à minha adolescência e juventude. Conheci as estepes, toda a alma russa, a dor…
A verdade é que este reconhecimento é como um prémio por ter percorrido este caminho.

Que títulos recomendaria aos fãs portugueses?


Recomendo clássicos sobretudo. Quando digo clássicos refiro-me a recuperar livros que os jovens
leitores talvez nunca tenham lido, mesmo dentro da literatura fantástica. Neste campo há um que
destaco, a trilogia “Mundos Paralelos” de Pullman que é uma maravilha, penso que não sai de
moda e é óptimo que o filme que foi feito tenha dado novo alento a esta trilogia.

Para terminar... O Ceptro do Poder é um objecto poderosíssimo, cobiçado por muitos e que
está guardado numa caixa de sapatos. Se esta caixa lhe fosse parar às mãos o que faria como
Ceptro?
(risos) Eu penso que recusá-lo. Penso que já o recusei várias vezes. O poder seduz, quando surge
uma oportunidade na vida em que podes deter o poder há sempre uma parte de ti que te diz “vá lá,
agarra-o. Porque é que vais perder a oportunidade? Que mal tem?... Vamos ser poderosos.” Mas
também há outra parte que te diz “Sabes mesmo aquilo que vais ter que deixar para trás? Aquilo a
que vais ter que renunciar para teres este poder?”. Quando leio as notícias e vejo a vida dos
políticos que sacrificam as suas vidas privadas, os seus fins-de-semana, a sua própria identidade
como pessoas em prol de uma imagem pública não consigo deixar de perguntar-me se isso valerá a
pena. No meu caso, penso que por muito que o quisesse, recusaria o poder. O poder acaba por te
dominar, por tomar conta de ti. Mas já estás a adiantar-te ao terceiro livro… (risos)
Não posso terminar este documento sem agradecer à Maite pela simpatia e pela
cumplicidade que criou comigo, pelo à vontade… Enfim, foi um verdadeiro prazer.
Não podia estrear-me melhor nestas coisas das entrevistas.
Agradeço também à Ed. Presença pela confiança e pela oportunidade que não
esquecerei.
Obrigada.

Alice

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