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3ª EDIÇÃO

Autor:
JOSÉ GAMEIRO
(José Rodrigues Gameiro)
SALVATERRA DE MAGOS
VILA HISTÓRICA NO CORAÇÃO DO RIBATEJO

3ª EDIÇÃO
(revista e aumentada)

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Ano: 2011
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Autor: Gameiro, José

Editor: Gameiro, José


Rodrigues Gameiro

Edição: online -
sistema PDF

http//:www.historiadesalvaterra.blogs.sapo.pt

1ª Edição (Gráfica Tipotejo) – Ano 1985


2ª Edição (Gráfica EPSM) - Ano 1992

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NOTA DO AUTOR

Foi no ano de 1985, que este livro viu pela


primeira vez a luz do dia, a sua leitura teve grande
procura. Estando esgotada a edição, sete anos
depois solicitou-me o executivo da câmara
municipal de Salvaterra de Magos, a anuência para
uma segunda edição, o que veio a acontecer já
revista e aumentada, em 1992.
Nos dois trabalhos, saíram dois mil exemplares.
O tempo passou, algumas alterações se
verificaram no concelho, especialmente no campo
da criação de novas freguesias. A área
sociocultural, também, sofreu algumas fraturas, a
economia do concelho continuando a ser
predominante à base da exploração agrícola e agro-
pecuária, a pequena indústria, comércio e serviços,
passaram a ombrear na riqueza da vida económica
das populações que preenchem as actuais 6
freguesias do concelho; Salvaterra de Magos,
Muge, Marinhais, Glória do Ribatejo, Foros de
Salvaterra e Granho. Constatando o autor, a
continuada procura deste livro, “Salvaterra de
Magos – vila histórica no coração do Ribatejo”,
aptou por fazer uma edição online e publicá-la no
seu blogue:
“http//:www.historiadesalvaterra@sapo.pt

Ano de: 2011


JOSE GAMEIRO
(José Rodrigues Gameiro)

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INTRODUÇÃO

A cerca de 50 Kms de Lisboa e de 30 de


Santarém, situa-se harmoniosamente, entre os rios
Tejo e Sorraia o concelho de Salvaterra de Magos,
mesmo no coração da Província do Ribatejo, que
dispõe das freguesias: Muge, Salvaterra de Magos,
Marinhais, Glória do Ribatejo, Granho e Foros de
Salvaterra.
Salvaterra de Magos, sede do concelho aparece-
nos ainda hoje fiel às suas tradições, mais
genuínas, sem deixar de acompanhar o progresso.
No campo cultural, cada povoação, tenta preservar
o seu património, nos agrupamentos folclóricos. É
precisamente no ritmo desta mentalização, que
vamos encontrar as terras férteis da Lezíria
ribatejana, onde o turismo, ávido de originalidades,
tem presente os festejos populares cheios de
riqueza folclórica, onde as cantigas e músicas, são
cheias de alegria, através dos viras e do fandango.
Para isso, muito contribui a sua forma fidalga de
receber os visitantes, as suas belezas naturais, onde
sobressaem as verdejantes sombras dos salgueirais
e areias do rio Tejo, que dão lugar à já famosa e
concorrida “Praia Doce”, bem como a vasta zona
do Pinhal do Escaroupim, com o seu Parque de
Campismo, um cartaz dos que procuram a frescura
e o sossego da beira do rio.
A pitoresca Aldeia dos Pescadores “Avieiros”,
também são um local de grande procura.

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A “Barragem de Magos”, grande bacia de água,
agora pertença da Freguesia- Foros de Salvaterra,
local privilegiado para o repouso, onde o visitante
encontra a beleza de grandes manchas de pinhal.
Longe vai o tempo, em que El-Rei D. Dinis, no
ano de 1295, fez doação a Salvaterra de Magos do
seu Foral, e que tinha os mesmos privilégios aos de
Santarém. Daí em diante e durante séculos muitos
acontecimentos aqui ocorridos, passaram a fazer
parte da sua história.
Os Campos deixaram de ter grandes manchas de
gado, onde o campino era o garboso guardador e,
que em dias de festa, mostrava o seu vestuário
colorido, com barrete verde e orla vermelha, o
colete com lindas ramagens nas costas, no peito
vaidosamente ostentava o ferro da casa agrícola,
onde trabalhava.
Muito pouco resta dos seus Monumentos, uns
desapareceram, devido às calamidades naturais,
como os terramotos de 1755, 1858 e 1909, aos
incêndios no palácio real, outros ainda devido à
incúria dos seus filhos, que um dia tiveram nas
mãos a grandeza de gerir os destinos municipais da
vila de Salvaterra de Magos.

José Gameiro

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A VILA DE SALVATERRA DE MAGOS

A Huma legoa ao Nordeste da Villa de


Benavente, & dez ao Nascente de Lisboa, junto do
celebrado Tejo, em vistoso plano sobre uma areia
fina, nem de aluvião, nem de charneca, tem seu
assento esta nobre vila, a qual mandou povoar El-
Rei D. Dinis no ano de 1295, e no ano de 1296, se
enobreceo com a Igreja Parochial da invocação de
S. Paulo. Vigayraria, que o Bispo de Lisboa D.
João Martins de Soalhães mandou levantar com
licença Del-Rey, que lhe fez mercê della para seus
sucessores. El-Rey D. Manuel lhe deu foral em
Lisboa 20 de Agosto de 1517. Tem trezentos
vizinhos, Casa da Misericórdia, Hospital & estas
Ermidas; S. Sebastião, Santo António & a C apela
Real do Bom Jesus com Hum Prior que apresentam
os Condes da Atalaya, que forão antigamente
senhores desta terra, pela qual lhe deo em troca o
InfanteD. Luis a Villa da Assenceyra & outros
lugares. Para além de alguns olhos de água que
brotam em várias partes da povoação, tem duas
fontes grandes; a do Concelho, & a de S. António
junto ao Paço, & huma grande coutada, aonde os
Reys se vão divertir (estância deleytosa nos meses
de Inverno) com sumptuoso Palácio, que fundou o
dito Infante D. Luis, & acrescentou de novo com
mais casas, & jardim El-Rey D. Pedro, o segundo.
Tem mais um grande paul, que chamão de
Magos, de que se apelida a Villa, o acabou por
abrir o Serenissimo Rey D. João, o quarto.

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O seu termo é abundante de pão, legumes, caça,
gado $ peyxe, & contém os montes seguintes, o
Bilrete, o das Figueyras, o da Misericórdia, o
Colmieyro, & o dos Coelhos. Há nesta Villa huma
boa casa de campo, que mandou fazer Gracia de
Mello, Monteyro-Mor do Reyno. Nestas terras

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A água da chamada Fonte do Concelho, era
aplicada com eficácia na queixa da obstrução,
mas também fazia engordar as pessoas que
vinham para Salvaterra. Em vários locais da vila,
existiam nascentes de água. Fora da povoação;
no Vale de Bunheiros, e junto ao Paul de Magos,
existiam olhos de água que por ser tão leve,
abria o apetite.

Neste último olho de água, e em algumas


sesmarias, pertença de D. Pedro, tio de E-Rei
D.
José, nascia uma erva chamada de “Bruco” da
qual as raízes e as folhas são diuréticas. Em
Moinhos de

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Magos, brotava uma nascente, que tem no seu
regato uma planta que o povo intitulava de
“Divina”, pela virtude de curar a hidropisia.
Também na Coutadinha Pequena, num
pequeno olho de água, nascia uma erva, que os
boticários consideram excitadora de vómitos. A
erva de São Roberto, também era fértil nestes
campos.

A Fonte de Santo António, construída em


forma de meia-lua, tem nas suas paredes,
mármore de cor rosa, recebe água de uma mãe-
de-água, que vem de longe, um terreno da
família Costa Freire, junto à rua do Calvário.

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Corografia Portuguez * P. António Carvalho da Costa
Tomo Terceyro – Pág. 191 – Cap. VIII
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Nota do Autor: Ao longo dos tempos, especialmente desde o
início do séc. XX, a população passou a transmitir o mito, que

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os subterrâneos que transportavam água para os fontanários,
serviram para os reis fugiram de algum ataque ao palácio real
****
Quando da construção dos prédios, e foi instalada a Caixa
de Crédito Agrícola Mútuo, o autor esteve lá e fotografou a
corrente de água, que alimentou a fonte de S. António.

INFANTE D. LUIS

O Infante, nasceu em Abrantes, a 3 de Março de


1506, foi Duque de Beja, Condestável do Reino,
Senhor de Serpa, Moura, Covilhã, Almada, Beja e
Salvaterra de Magos.
Administrador do Priorado do Crato, e discípulo
de Pedro Nunes, deu provas de valor na conquista
de Tunes, contra Barbarroxa.
Do seu amor ilícito, com Violante Gomes (a
Pelicana), donzela humilde, mas de rara beleza,
nasceu D. António, que viria ser Prior de Crato e
mais tarde rei de Portugal, aclamado em Santarém.

Não se sabe ao certo o ano em que foi mandado


construir e reedificar o belo Paço Real de
Salvaterra, pelo Infante D. Luís (4º filho de D.
Manuel I), que gastou mais de 50 mil cruzados,
sem ver as obras acabadas.
Em 1542, o Infante D. Luís, mandou edificar um
pequeno Convento, em terrenos junto ao Palácio da
Falcoaria. A construção por estar em terrenos
baixios, era periodicamente invadido pelas águas
das cheias.
D. Luís, vivia pobremente num espaço exíguo, com
uma ou duas divisões naquele convento, tinha com

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oração predilecta, a que manifestava à relíquia de
S. Baco.
Mais tarde, em 1626, foi substituído por um
outro em terras altas, junto ao Casal de Jericó, ou
Jenicó, entre Salvaterra e Benavente.
Este espaço de recolhimento, foi novamente
doado aos Frades Arrábidos, sendo o terceiro destes
religiosos, no país.
Em 27 de Novembro de 1555, morreu em
Marvila, o Infante D. Luís, enfermo de uma
“terçã”, com a idade de 49 anos e 9 meses.

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D. JOÃO MARTINS DE SOALHÃES

Bispo de Lisboa (1294-1313)


Arcebispo de Braga (1313-1325)

Por laços de sangue, descendia da família dos


Portocarreiro, então poderosíssima em Portugal,
sendo filho de Lourenço Martins e de D. Fruela
Viegas, filha de D. Egas Henriques Portocarreiro,
"o bravo" (1146 -?) e de D. Teresa Gonçalves de
Curveira.

Alçado ao governo da diocese em começos de


1294, fundava pouco depois o Convento de Santa
Clara de Lisboa, em 1295, isentava o Mosteiro de
Odivelas, como parte do padroado régio, da
jurisdição da diocese de Lisboa. Por seu turno,
conseguiu de D. Dinis diversos privilégios para a
sua Sé, tendo acompanhado o monarca numa
viagem que este realizou a Aragão em 1304.

Nesse mesmo ano instituiu o morgado de


Soalhães em favor de um filho ilegítimo que tivera,
Vasco Anes de Soalhães (1450 -?) casado com
Leonor Rodrigues Ribeiro, filha de Rodrigo Afonso
Ribeiro e de Maria Pires de Tavares (1200 -?).

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TOPONOMIA DA VILA DE SALVATERRA

Descrição no Séc. XVIII

Situada sobre a areia, a dez léguas ao nascente de


Lisboa, a vila contava de início com sete ruas
principais, que partiam do norte para sul, expecto a
última e, juntas umas às outras.
Da parte nascente, ficava a rua de Santo António,
que ia ter à capela real, onde na fachada um
frontão, ostenta uma imagem em pedra do
taumaturgo. A rua de S. Paulo, dá pelo lado direito
daquela para a Igreja Matriz. A outra via tivera um
pinheiro, e por se chamou rua do Pinheiro. Seguia-
se a Rua d`Água, que assim se chamava, devido às
muitas águas das chuvas que ali se depositavam.
A Rua do Calvário, grande de extensão, ostenta
no seu lado sul uma cruz de pedra, que serve de
passo, quando dos festejos da paixão de Cristo e,
por último, parte do Poente a Rua do Arneiro,
assim chamada por desembocar em um arneiro,
onde uma fonte tem lugar.
De início existia no termo da vila, seis aldeias;
Colmeeiro, com 9 habitantes; Misericórdia, com 1;
Coelhos, com 5; Cabides, com 2; Figueiras, com 6;
Bilrete de Cima, com 9; e Escaroupim, com 1.

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Um total de 33 “vizinhos” designação que vem
de trás. O número de pessoas existentes na vila e
nas aldeias, é o seguinte: maiores, 1399; e menores
173. Não são incluídos porém, aqueles menores
aquém a Igreja ainda não obriga ao preceito, “por
ser inumerável a sua multidão”.
A vila é servida por dois grupos de correio: o que
vem de Benavente chega a Salvaterra aos domingos
e do de Santarém, às segundas-feiras e outras vezes
às terças-feiras. Não existem rios, se não a chamada
Sangria, ou vala real, com légua e meia de
comprimento, que em tempos idos se fizera para
dar vazão à grande quantidade de água que o sítio
da Ameixoeira recolhia. Partindo do nascente para
o poente, passa pelos terrenos de Magos, costeando
a vila pela parte do norte, entrando no Tejo em
terras do Campo dos Freires, defronte da Casa
Branca, da povoação da Azambuja.

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A VALA REAL EM 1758

O porto com a sangria, mesmo em frente à


capela de Santo António, doada à Misericórdia
local, foi iniciado a sua abertura por ordem de D.
Dinis, e acabado no reinado de D. João IV. Tinha
espaço para fundearem 60 barcos de vila latina, e
nas suas águas pesca-se todo o ano à tarrafa e à
cana. Ao longo da sua distância, tem duas pontes
de cantaria, uma ao pé da vila e uma outra no
Casal, ficando de permeio as portas, ou sarilhos.
Houve em tempos, uma outra ponte de tijolo, em
Paul de Magos, no sitio chamado do Governalho,
até onde as águas eram navegáveis. Dois moinhos
de água, tem trabalho todo o ano, num dos valados
da sangria, estando um junto à ponte da vila.

A MISERICÓRDIA

Do arquivo da Irmandade da Misericórdia, não


consta o seu princípio, nem sequer se aquela
Santa Casa, possuía títulos das rendas que
cobrava, na importância de 37$450 réis, e seis
moios e vinte alqueires de trigo por ano e dois
moios e quarenta alqueires de milho grosso.
Cobrava mais, de renda certa, doze alqueires de
trigo, seis canadas de azeite, um porco e uma
marrã (1)

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(1)- Subsídios para o Estudo da Santa Casa da
Misericórdia de Salvaterra de Magos- Dr. José Asseiceira
Cardador
ALBERGARIAS

Tinha a povoação de Salvaterra de Magos,


duas casas em sítios diferentes, com o nome de
Albergaria. Uma no Largo de S. Sebastião, e uma
outra anexa à capela de Santo António, que
tinha o seu acesso pela Rua Direita. Ambas
conservadas ao terramoto de 1755, a primeira
apenas com algumas brechas. Não resistiram,
ao terramoto de 1909.
As paredes das fachadas, daquela última,
passaram a ter uma aparência de muros. A da
frente foi removida no início da década de 60,
tendo o lavrador, João Oliveira e Sousa,

mandado ajardinar

o espaço, sendo o letreio em pedra, que se


encontrava colocado na parede da frente, sido

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colocado a encimar a porta, no muro, que foi
bloqueada, com uma construção em ferro.

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A IGREJA MATRIZ

A Igreja Matriz, com S. Paulo como orago, está


situada no centro da vila, foi construída em
1296, de início tinha duas naves e cinco altares.
O primeiro, do lado da Epistola, era da Senhora
de Santana, o segundo de S. Miguel e o terceiro
de S. João Batista; e do lado do Evangelho; da
Senhora do Rosário, e o da Senhora da
Assunção. A Paróquia, tinha a Irmandade do
Santíssimo e a das Almas.
O senhor morto, está bem conservado numa
pequena capela, no interior. Na Capela-mor, o
altar de boa talha dourada, decorado com uma
grande tela do séc. XVI, na boa da tribuna. O
orago da paróquia, S. Paulo, está acompanhado
de vários anjos, decorando o teto. Existem ainda,
dois silhares de azulejos azuis e brancos da
mesma centúria, com cenas decorrentes da
bíblia. A pia baptismal, de traça vulgar é do séc.
XVI.
Nos seus princípios, o vigário, apresentado
pela Mitra, cobrava 63$200 réis de renda e mais
um moio de trigo, que pagava o lavrador pela
courela que pertencia à igreja.

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Se não tinha beneficiados nem rendas para
eles, a igreja figurava ente as de vinte mil
cruzados, como consta do códice 739, fls. 42-v
dos manuscritos do Fundo Geral da Biblioteca
Nacional de Lisboa. O edifício, sofreu danos com
o terramoto de 1755, e consta que três anos
depois ainda não tinham sido reparados.
Ao longo dos anos da sua existência a Igreja
Matriz, recebeu obras de conservação. As mais
referenciadas, são do séc. XIX. Em 1858,
quando do sismo, a torre foi muito danificada,
tendo na época sido coberta, por azulejos de cor
azul.
Mais tarde foi ali colocado um relógio
mecânico, com três mostradores, obtido numa
empresa de Almada. Com o terramoto de 1909,
para receber obras esteve fechada ao culto,
sendo as celebrações realizadas, na capela real.
Por volta de 1958, o então padre, José Diogo,
nas obras ali efectuadas, alterou o seu interior,
reparando o teto, com nova pintura do S. Paulo
e, o adro do lado norte, foi aproveitado para a
construção de várias salas. Em 1875, o Padre,
Agostinho de Sousa, orientou novas obras, no
telhado e no interior. Na torre da igreja, o velho
relógio com mostrador em numeração árabe, foi
substituído por um moderno. Um computador,
programado faz agora os sinos tocarem os sons
das várias cerimónias religiosas.

A CAPELA DA MISERICÓRDIA

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Construída num Botaréu, entre a Rua Direita e
a antiga Rua de Santo António, logo recebeu o
nome deste último santo. O altar, bem
desenhado e pintado a oiro escuro, suporta a
imagem da virgem – Nossa Senhora da
Conceição. O seu teto forrado com riquíssimos
retábulos, tinha nele imagens originais
desenhadas em tela. As paredes, estão forradas,
de cenas de azulejos com motivos religiosos da
vida de Cristo e da Virgem e datam do séc. XVIII
Um púlpito, bem decorado assenta numa das
paredes, para além de um pequeno espaço à
entrada da rua, acima do nível do chão, um
pequeno andar em madeira serve para o coro.
Era ali que a família real, rezava, antes e
depois de qualquer viagem em Bergantim, de e
para Lisboa. Sabe-se, que teve uma Albergaria,
que foi destruída com o terramoto de 1909. Em
Fevereiro, de 1979, um forte temporal,
procedido de uma cheia que durava há vários
dias, destruiu a parede-lado norte, e o telhado
do edifício. As telas (retábulos), passados 30
anos, não mais foram reparados, nem é público,
onde a Misericórdia de Salvaterra, os tem
guardados.

CAPELA REAL

Edifício maneirista, construído no séc. XVI


estava incluído nas vastas construções que
faziam parte do Paço Real de Salvaterra de
Magos.

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O seu interior, divide-se em duas partes
distintas. Uma delas é constituída pelo corpo
do templo de configuração quadrada, onde
sobressaem três pequenas naves, de pequenas
colunas clássicas adossadas às paredes. Na
outra parte, pode-se admirar o altar-mor, com
dois corredores laterais, cuja abóboda de berço
surge de um entablamento longitudinal apoiado
em colunas toscanas.
A abóboda central e a cúpula, irrompem de
fortes entablamentos, um pouco desfigurados
pela saliência, que apresentam no apoio dos
arcos-testas, possivelmente de um exerto
posterior.
Resistiu ao fogo, que destruiu o Paço (daquele
tempo, apenas restam; A Capela, o edifício da
Falcoaria, algumas chaminés do que foram as
cozinhas do palácio, e o edifício municipal, que
foi doado, pela rainha D. Maria II) .
A Imagem de Nossa Senhora da Piedade,
beleza em lipocromia, tem resistido ao passar
dos anos.
O seu terreno
anexo, já foi
Picadeiro Real
(1775), cemitério e
mais recentemente,
ali foi construído um
pequeno espaço de
cultura – que
infelizmente só foi
usado no dia da sua
inauguração. Com o

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terramoto de 1755, caiu o zimbório de estuque.
Muitos estragos, foram supridos por suas
majestades reais, que tinham afetos a
Salvaterra. Em Portugal, existem mais duas
construções da mesma época; uma em Tomar e
uma outra em Évora (a capela dos ossos).
As poucas instalações da Capela, que não
caíram nas mãos de privados, com a venda da
casa real, têm servido para uso de serviços
administrativos municipais. No final do séc. XIX,
com obras a decorrerem na Igreja Matriz, ali se
realizaram atos religiosos. No interior da capela,
periodicamente ali têm lugar, entre outras
formas de divulgar a cultura, a realização de
exposições.

O REAL TEATRO DA ÓPERA

Tendo Salvaterra palácio real, onde a família


real passava longas temporadas, especialmente
a seguir às festividades do Ano Novo. As viagens
pelo rio Tejo, em Bergantim, eram
acompanhadas ao som de músicos, que assim
entretinham a comitiva. Havia épocas, que o
séquito real, se deslocava a cavalo, até
Salvaterra, pelos caminhos da margem sul de
Lisboa, atravessando a campina de Alcochete.
Para colmatar a falta de outros divertimentos
em Salvaterra, pois a caça de montaria e
falcoaria era
uma sorte quase diária. Existindo em Lisboa, os
teatros de Queluz e Ajuda, foi construída uma
Casa da Ópera, nesta vila. O Real Teatro de

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Salvaterra de Magos, foi inaugurado em 21 de
Janeiro de 1753, com a Ópera “Didone
Abandonata” (composição de David Perez),
sendo representada também, em época de
Carnaval desse ano e talvez no mesmo dia,
“Intermezzos”.
Quanto à informação sobre a feitura do
projecto, da sua lotação e arquitectura interior,
socorremo-nos das págs.69 e 70, do livro “O
Paço Real de Salvaterra de Magos”, da autoria
de Joaquim Manuel S. Correia e Natália Brito
Correia Guedes.
“A sala de espectáculos de Salvaterra tem uma
lotação de 500 pessoas; tem três filas de
camarotes de primeira (três camarotes de cada
lado); ao fundo um anfiteatro com uma galaria
que prolonga de cada lado os primeiros
camarotes.
Este anfiteatro está coberto com um reposteiro
franjado, apoiado em pilares como uma tenda;
neste se situa o lugar do Rei que se senta num
cadeirão, ao meio, tendo à sua direita o Infante
D. Pedro, seu irmão e
seu genro e à sua
esquerda a Rainha, a
Princesa do Brasil e as
três outras princesas e
ao longo da galeria , à
esquerda as damas de
honor. O outro lado, à
direita da galeria, fica
vazio; há oito segundos
e oito terceiros

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camarotes que são ocupados por portugueses
aos quais se oferecem bilhetes.

Os Ministros do Rei estão sentados na plateia


com os fidalgos sem distinção de categoria. A
orquestra tem cerca de 25 a 30 instrumentos. O
teatro é bastante grande, ocupando todo o
comprimento da sala; o espectáculo começa
logo que que o Rei entra……”

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“O projecto para o teatro régio de Salvaterra, é
atribuído a Giovani Carlo Bibiena, por Cirilo
Volkmar Machado…”

Em 1980, quando eu, pretendia encontrar o


local onde poderia ter existido o Teatro Régio de
Salvaterra, contatei 4 pessoas, que viveram em
dois séculos, duas delas; Joaquina Mendes e
Francisco Costa, informaram-se que as paredes,
nos primeiros anos do séc. XX, foram
“rebentadas a fogo”, sendo as suas pedras
aproveitadas para outros fins, inclusive, na
construção de uma grande adega que ocupou o
seu espaço, pertença de António Jorge de
Carvalho.

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A NORTE DA VALA REAL VIA-SE O ESCAROUPIM

No descampado por toda a redondeza, se


podia avistar a vila de Salvaterra de Magos. A
uma légua de lonjura, estava o Escaroupim,
com as recentes

habitações construídas em madeira dos


Pescadores Avieiros. Durante largos anos, estes
“ciganos do rio”, assim lhes chamavam as
gentes rurais, viviam e pescavam nos seus
estreitos barcos, que mais pareciam aqueles
varinos, usados lá para as bandas de Aveiro. No
entanto, estes nómadas do Tejo, tinham origem
de Vieira de Leiria.
Também a norte, um pouco para lá dos
mouchões do Tejo, via-se as Virtudes, Azambuja,
Cartaxo e Valada, esta última estava a uma
légua de distância. Uma passagem de barca,
tinha lugar, num pequeno porto, na Palhota,

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dava passagem pelas águas do rio, para aquelas
povoações.

O PALÁCIO DA FALCOARIA

Salvaterra de Magos, teve Coutada Real. Esta


ocupava todos os terrenos a sul da vila, indo até
às margens do Sorraia, na zona de Bilrete, até às
terras de Coruche e de Almeirim.
A sua charneca, muito fértil em animais de
pelo, também tinha no Vale do Grou, estas
grandes aves, patos e cisnes. O javali, a lebre e
veados, tinham espaço próprio, mais para os
lados do Paul de Magos. A Caça de altanaria, foi
hobby da realeza, que na vila passava os meses
de inverno, até aos dias de Carnaval. O edifício,
muito destruído com o sismo de 1858, foi
vendido em haste pública, quando da venda da
casa real, tinha vários espaços anexos, onde
vivam os Falcoeiros e suas famílias, muitos deles
oriundos da Valkansuaard (Holanda), tendo até
alguns deles vindo a casar com gente da terra.
Um pombal, de construção redonda, tem no
seu interior cerca de 310 nichos, espaço onde
os pombos criavam, servindo para o treino e
alimentação dos Falcões, Açores e até Águias,
usados nesta forma de caçar. O edifício é o
único exemplar existente na Península Ibérica.
Com o declínio das visitas reais a Salvaterra,
com maior acuidade, quando da fuga da família
real para o Brasil., a vila perdeu o seu esplendor
de muitos séculos. O palácio da falcoaria,
sobreviveu, foi largos anos propriedade privada,

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até que em 1980, o então presidente da câmara
municipal; António Moreira da Silva, negociou a
compra daquele espaço, com Jorge de Melo e
Faro (Conde Monte Real).
A Falcoaria, estava de volta a Salvaterra, um
projecto, onde os autarcas; Joaquim Mário Antão
e Gameiro dos Santos, já presidente da câmara,
deram grande impulso à iniciativa.
Contatos houve, e uma amizade se
estabeleceu, com o povo de Valkansuaard. Os
festejos realizados nas duas terras, selaram a
cerimónia.
Alguns anos foram precisos para que a
Falcoaria, volta-se a funcionar em Salvaterra de
Magos. O Edifício foi recuperado, servindo agora
de divulgação e atração turista da vila.

CONSTRUÇÕES PALACIANAS

Em 1710, havia na vila uma boa casa de campo,


que mandara construir Garcia de Melo, Monteiro-
Mor do Reyno. Na vila, as melhores construções
pertenciam à casa real, e outras eram de alguns
abastados fidalgos, que vivendo à volta do
rebuliço da corte, aqui tinham as suas
explorações de campo. Vinham amiúdas vezes
por ano, a Salvaterra, especialmente quando a
família real aqui se instalava nos meses de
Janeiro e Fevereiro.
Nos últimos anos do séc. XVIII, quando a
rainha D. Maria I, concedeu regalias ao Conde de
Almada, já muito se falava desta família, porque
tinha aqui um vistoso palacete.

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Era nesse período, que os seus caseiros,
prestavam-lhes contas da campanha agrícola, e
dos negócios do gado, especialmente dos
garranos e burros, que vendiam a ciganos de
passagem.
Muitos destes senhorios, pagavam as jornas
aos seus “quinteiros”, em moios de trigo e milho,
que estes depois trocavam por farinha nos
moinhos da vila. As pequenas criações de
galináceos, coelhos e porcos eram
transaccionados na feira que se realizava
anualmente junto ao Convento.
É também no séc. XVIII, que o Monteiro-Mor,
Francisco de Melo, se instalou numa grande
casa, no largo da Igreja de Santo Paulo.

**************
***********

31
UMA CAÇADA DE ALTENARIA
Séc. XVIII

Manuel Carlos d` Andrade, descreveu uma


caçada às lebres, na Coutada de Salvaterra de
Magos.

“Modo por que Sua Majestade


saía sempre à caça das lebres”

“Fazia o Senhor Rei D. José I, sempre esta função


também com aparato verdadeiramente magnífico, e
no domingo seguinte se fez esta caçada como passo
a referir”
Às oito horas da manhã e depois de ouvirem
missa, entraram a concorrer para a Praça contigua
ao Palácio muitos criados de Sua Majestade, donde
se principiaram a por em ordem pela maneira
seguinte;
Saiu o Monteiro-Mor, do seu Palácio, a cavalo,
acompanhado de muitos fidalgos e nobreza, do Juiz
do Crime da Corte, e de trinta e sete couteiros,
vinte e oito moços do Monte e dezanove
emprazadores, com os quais marchou para o alto,
ou lugar da caçada.
Passada a ponte, chamada do campo, ao lado
esquerdo, havia um magnifico degrau para Suas
Majestades e Altezas se apearem dos cavalos da
picaria e tornarem a montar nos cavalos de campo,

32
ou corredores, como adiante se dirá. Neste sítio se
achavam muitos homens a pé, além dos oitocentos
batedores que costumavam servir no mato, aos
quais o Monteiro-Mor, e D. Luís da Cunha,
Ministro e Secretário de Estado, mandaram formar
duas bem dispostas alas. A da direita, era
comandada por D. Luís da Cunha, e a da esquerda
pelo Monteiro-Mor. Pouco depois se formavam na
Praça quatro coros de timbaleiros, a saber; seis
clarins em cada coro, um timbaleiro e um clarim-
mor, todos vestidos de veludo carmesim ricamente
agaloados de ouro. Junto de cada par de timbales
havia dois moços de cavalariça, que os conduziam
a pé dli até ao campo.
Pouco distante dos timbaleiros havia duas fileiras
de falcoeiros vestidos de escarlate, agaloados de
prata, montados a cavalo, e entre seis uma de três
gaiolas de falcões, em cada uma das quais iam seis
açores presos com cadeias douradas e monteiras
bordadas de ouro; as gaiolas eram de nove palmos
de altura, com largura proporcionada, eram todas
forradas de veludo carmesim agaloadas de ouro e
também conduzidas por quatro moços da cavalariça
cada uma. Este luzido aparato e os coros de clarins,
tocando alternadamente, faziam assim ordenados,
aos ouvidos e aos olhos, a mais deliciosa harmonia.
Depois desta comitiva se por em marcha, junto ao
Palácio montaram Suas Majestades, a cavalo, pela
maneira seguinte….”
“Descreve-nos agora o autor as personalidades que
ajudaram Suas Majestades a montarem nos seus
corcéis, para seguidamente se alongar na descrição

33
de todos aqueles que pelo seu nascimento e
posição, obedecendo à etiqueta a que a corte
obrigava, deveriam tomar lugar especial no cortejo
e no decorrer da caçada”
“Assim, organizado aquele, levando à frente o rei,
rainha, altezas e pessoal da real privança, seguia-se
uma considerável quantidade de marqueses,
condes, viscondes, fidalgos e oficiais militares,
como também alguns picadores e outros criados
particulares de Suas Majestades, e após estas
muitas pessoas que costumavam concorrer de
várias partes a ver este belo espectáculo”.

Seguiam-se ainda e a par, dezanove moços de


estrebaria ricamente vestidos, levando alguns deles
os cavalos de que Suas Majestades e Altezas se
haviam de servir no campo. E, finalmente, mais
sessenta moços de cavalaria com librés agaloados,
conduzindo outros tantos cavalos destinados a
todas as pessoas a quem el-rei quisesse obsequiar.

34
Voltemos porém ao que nos diz Manuel
d`Andrade: “Tendo caminhado com esta boa ordem
até passarem a ponte do campo, chegando Suas
Majestades ao degrau, se apearem dos cavalos de
picaria e montarem nos cavalos corredores de
campo e da mesma sorte os mais fidalgos e
cavaleiros. A este tempo chegaram Suas Altezas ao
campo. Primeiramente em uma magnífica berlinda,
tirada por 6 cavalos vinham quatro veadores ou
braceiros de Suas Altezas; logo se seguia outra
berlinda muito mais rica, em que vinham a
Sereníssima Princesa do Brasil, hoje reinante, as
Sereníssimas Senhoras Infantas D. Mariana, D.
Bárbara e D. Maria Benedita.
Após Suas Altezas, ia um belo coche do Estado e
logo outro, em que se conduzia a camareira-mor, a
quem seguiam dois coches com sete damas, quatro
de Suas Altezas e três de Suas Majestades, e um de
açafatas e outro de criadas, e muitas carruagens
magníficas, tanto de Suas Majestades e Altezas,
como de muitas personalidades que assistiram
àquele acto.
Suas Altezas, a camareira-mor, as damas do paço,
as açafatas e criadas, na frente do lado direito, sem
saírem das berlindas, assistiram a toda a função, a
quem deu principio a Rainha pelo modo seguinte:
Tendo montado a cavalo, o seu guia e um
emprazador a conduziram, seguindo-a o Conde
reinante de Lallipe, o senhor D. João da Bemposta
e o Príncipe de Mequelemburgo, até que Sua
Majestade, com um punção dourado, picou na
cama a primeira lebre que saiu.

35
Após isto, os moços das trelas soltaram quatro
galgos que correram a lebre velozmente, mas como
ela se ia adiantando muito, o Monteiro-Mor
mandou aos falcoeiros lhe soltassem um açor, o
qual estando já solto da prisão do pé, tanto que se
tirou a monteira da cabeça, saiu do braço do
falcoeiro com uma velocidade indizível e depois de
subir alto, desceu sobre a lebre como um
relâmpago, dando-lhe duas pancadas, por cujo
motivo os galgos a apanharam.
Depois El-rei fez levantar outra, que da mesma
sorte surpreendida; o mesmo que Sua Alteza, o
senhor Infante D. Pedro, e tendo saído muitas
lebres, Sua Majestade mandou correr outras por
alguns picadores e cavaleiros, que faziam sobre a
viçosa relva matizada de muitas flores um
perspectiva a mais brilhante que eu vi em meus
dias. Havia no campo, além da comitiva da casa
real, uma grande quantidade de fidalgos e nobres
cavaleiros a quem seguiam imensos criados seus,
formando com as vistosas librés, bem ajaezados
cavalos e grande cópia de carruagens um matiz
delicioso.
O estrondo dos timbales, o eco dos clarins, os
relinchos dos cavalos, a variedade dos vestidos, a
multidão das librés , a quantidade dos cavaleiros, o
bem assentado da planície, fazia este belo anfiteatro
plausível aos nacionais e estrangeiros.
A isto se seguiu a vistosa briga de um milhafre com
um açor, que durou largo tempo. Enquanto
contenderam subia o açor a mais alta altura que o
milhafre; este, enquanto o açor subia, fazia

36
diligência por fugir, mas quando o açor descia
sobre ele, o milhafre no ar se voltava com as
farpantes unhas para cima e assim pugnavam: um
por se defender e o outro pelo apresar, até que da
quarta vez o açor caiu com ele em terra, aonde o
falcoeiro o apanhou e ao milhafre bem ferido.
Por último se combateram os açores com alguns
pombos, pegas, rolas, e outros voláteis com suma
satisfação dos espectadores, até que Febo se
alongou tanto daquele vistoso sitio, que parecia que
além dos horizontes mergulhava os cavalos do seu
carro nas cristalinas águas do deleitoso Tejo.
Por outro lado a bela Anfitrite principiava a
mostrar aos Delfins as brilhantes estrelas, de sorte
que transpondo-se o luminoso planeta, por feito o
seu giro, a todos parecia que havia sido este dia
mais que os outros abreviado; e Suas Majestades e
Altezas se recolheram aos Paços Reais de
Salvaterra, com a mesma ordem com que haviam
saído para o campo e cada um dos mais
espectadores aos seus aposentos, em que se
ouviram recontar com duplicado gosto os prazeres
daquela tarde, da qual eu faço esta breve lembrança
para mostrar o gosto que Suas Majestades, e os
principais cavaleiros de Portugal, a seu exemplo,
prezavam a Nobre Arte da Cavalaria, que sem
dúvida floresceu no tempo do Senhor Rei D. José I,
com muita vantagem a outras nações, porque Suas
Majestades a protegiam e porque os portugueses
são muito próprios para cavaleiros”

37
SALVATERRENSES ILUSTRES

Quanto a homens de valor, sobressai a razão de


se enaltecer alguns salvaterrianos, tais como:
*Dr, Francisco Seabra de
Freitas;Desembargador
*António da Costa Freire, “em que o subtil
engenho depositou uma das suas grandes
partes”. Este ilustre, foi fidalgo da casa real,
procurador e conselheiro de Fazenda, recebera o
Grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, em Maio
de 1748 (consta folhas 75-v do livro n. 235 da
Chancelaria daquela Ordem e da Genealogia de
Queiroz, folhas 187, manuscritos da Torre do
Tombo).
* José Lopes Temudo, que deixando a sua pátria
para tomar o cargo de comissário “do exército
grande de cavalaria”, o que passou com Carlos
III, à batalha da Catalunha, em que fez alarde do
seu maior valor, obrando ali tão esforçadamente
como em outras empresas que se lhe
ofereceram, merecendo por isso a honra de
Coronel de Cavalaria.
* Manuel de S. Tomás, filho de Francisco Gomes
e de Maria Tinouca, professou no Convento do
Varatojo, no ano de 1661. Foi leitor jubilado,
confessor das Maltesas de Estremoz e do
Mosteiro da Madre de Deus, guardião do
Convento de Xabregas e Ministro Provincial

38
eleito em 1715, onde faleceu em a 11 de
Janeiro de 1729. De idade muito proveta. Teve
grande génio para a poesia latina e deixou duas
composições manuscritas em latim. (deste autor
salvaterrense, fala Frei Jerónimo de Belém, em
Crónicas Seráfica, a pág. 263 da introdução,
publicada em 1750).
* António Manuel Valadares, requereu a El-Rei,
em 22 de Abril de 1589, o lugar vago de tabelião
e escrivão do Almoxarifado desta vila, alegando
que havia servido Sua Magestade, em Itália,
como soldado; e no ano transacto, na esquadra
que fora a Inglaterra, ou seja na Armada
Invencível, no Galeão de António Pereira, em que
serviu de Sargento da Companhia do dito
Pereira.
* Dois séculos depois, “ O Fungão”, de alcunha,
que foi para a guerra com a Rússia e que voltou
à terra natal, segundo foi tradição dizer-se nesta
vila.
*Vicente Roberto da Fonseca, filho de António
Roberto da Fonseca e de Maria Gertrudes da
Fonseca, nasceu em 1836 e faleceu em 1 de
Junho de 1896
*Roberto da Fonseca, foi com seu irmão grandes
e afamados nomes no mundo da tauromaquia
(1).
* Dr. Gregório Fernandes, nasceu no dia 4 de
Janeiro de 1849, tendo falecido na sua casa de
Lisboa, em 24 de Junho de 1906. Licenciou-se
em 1873, com 24 anos de idade, aluno
estudioso e

39
inteligente, mais tarde grande profissional na
área da medicina. Apresentou trabalhos sobre
”Patogenia

**********
(1)-No livro: Subsídios para a História das Tauromaquia em
Salvaterra de Magos – séc. XIX, XX e XXI, são dedicadas
algumas páginas a estas duas figuras da tauromaquia.

”Patogenia da Febre Traumática”, “Glaucoma e


Reserção do Joelho” este último trabalho,
relatando uma intervenção cirúrgica, que foi
altamente apreciada, pois foi o primeiro cirurgião
a realizá-la em Portugal.
No entanto o seu maior êxito foi alcançado em
1862, com uma extracção Utero-ovariana, que
nunca até ali se tinha feito. Operação, que lhe
valeu os maiores louvores, tanto dos colegas de
Portugal, com do estrangeiro.
Semelhante intervenções já se tinham efectuado
em Viena, Paris e Londres, não lograram tão
bons resultados. Este filho de Salvaterra, foi
incontestavelmente um grande sábio e luminar
da cirurgia portuguesa, dizia-se à época.
Com espírito empreendedor, tomou conta da
construção de um hospital, na Parede, zona de
Lisboa, para a assistência às doenças dos ossos,
satisfazendo um pedido de uma sua doente, que
suportou os custos da obra.

40
Quando nos seus dias de folga, das actividades
hospitalares, vinha uma vez por mês a
Salvaterra, fazer gratuitamente consultas
médicas a conterrâneos mais necessitados.

*Gaspar da Costa Ramalho, nasceu a 20 de


Outubro de 1868, lavrador e proprietário,
homem de uma alma filantrópica, deu à sua
terra, muito da sua fortuna. Ajudava, os mais
carenciados, esteve na fundação da Casa do
Povo, uma necessidade do povo rural.
Construiu em 1939, um Edifício/Quartel
moderno para a época, oferendo-o aos
Bombeiros. Também construiu uma casa de
cinema/ teatro, oferendo-a a esta corporação
humanitária.
Em 1913, Construiu, um edifício hospitalar,
oferecendo-o à Santa Casa da Misericórdia.
Esteve presente, com donativos na recuperação
da Praça de Toiros, em 1942, depois dos
grandes estragos causados pelo Ciclone.
Quando do terramoto de
1909, marcou presença e
teve trabalho meritório, na
solução de graves
situações causadas por
este sismo.
A Misericórdia local,
sempre contou com ele, em
tempos de grandes
dificuldades financeiras,
especialmente quando da realização de cortejos
de ofendas, que realizavam anualmente, depois

41
das colheitas. Além de por à disposição carros e
animais, comprava os produtos nos leilões e,
depois voltava a oferecê-los para uma maior
receita.

Gaspar Ramalho, nunca esteve presente em


atos cerimoniais, em que participava
monetariamente, pois a sua modéstia, a isso o
obrigava.
Morreu aos 94 anos de idade. Anos depois, o
autor destas linhas, verificando que este
“Homem-Bom” estava, no esquecimento dos
poderes instituídos, a nível oficial da terra,
tomou em “mãos a luta por uma homenagem”.
Uma rua com o seu nome seria a reparação de
tal injustiça. Quer em locais de reunião
municipal, quer através de textos, na imprensa
local, insistiu que terra lhe devia uma prova de
gratidão. Encontrou sempre, alheamento e
indiferença. Um dia aconteceu, foi dado o seu
nome a uma artéria, que vai até instalações
“Centro de Dia/Lar – Santa Casa da Misericórdia
de Salvaterra de Magos”. Foi tarde, mas fez-se
justiça!....

* Henrique Xavier Baeta, nasceu em Salvaterra


de Magos, em 22 de Fevereiro de 1776 – filho de:
José Dias Baeta e Ana Rosa Joaquina. Frequentou a
Faculdade de Filosofia de Lisboa, tendo concluído
o Bacharel em 1795.
Em 10 de Julho de 1797, receoso da perseguição
que se fazia sentir em Coimbra, aos estudantes,
acusados de partilharem as doutrinas da Revolução

42
Francesa, emigrou para Inglaterra, tendo-se
doutorado em medicina pela Universidade de
Edimburgo, em 1800. Nesse mesmo ano regressou
a Lisboa onde exerceu a sua profissão.
Na sessão de 12 de Outubro de 1821, foi
apresentado como Deputado por Santarém, às
Cortes Gerais e Constituintes, num grupo onde se
encontrava também, Luiz Rebello da Silva (1821-
1822). Contava entre os seus amigos, com;
Francisco Xavier Monteiro de Barros, Cosmógrafo-
Mor, da Comarca de Santarém, que lhe dedicou
uma poesia “ Hino ao Sol ”
Entre os seus trabalhos, registaram merecimento,
em 1806, duas obras médicas sobre a
sintomatologia e tratamento da febre, uma sobre
medicina o “Resumo do Sistema de Medicina”, e
uma dedicada ao “Belo Sexo Português”. Escreveu
“Uma Memória”, sobre o desenvolvimento de uma
Febre Contagiosa em Lisboa, que ocorreu entre o
fim de 1810 e Agosto de 1811: indicou as razões
para a combater – Pelágica.
Por ser Liberal, foi preso em 1831 e solto em 1833,
voltou a ser eleito Deputado às Cortes, em 1834, e
nomeado “Recebedor da Fazenda Pública”, cargo
que exercer até 1836. Faleceu em 21 de Novembro
de 1854

***************
**********

43
Ex-voto * Quadro (Pintura), do Milagre da Horta del - rei

PASSADO HISTÓRICO
DE SALVATERRA DE MAGOS
Séc. XIII – Séc. XIX
Pequena Resenha:

*1295 – 1 de Junho, D. Dinis concedeu a


Salvaterra de Magos, Foral mandando-a povoar,
ficando seus
moradores obrigados a abrir um Paul, no sitio de
Magos, dentro de 4 anos.
(Este monarca, concedeu a vila, à Ordem de
Santiago, e a sua Igreja Paroquial à Ordem do
Hospital).
*1296 – Ano da construção da Igreja Matriz,
mandada construir pelo Bispo de Lisboa, D. João
Martins de Soalhães, aquém D. Dinis fez doação.
*1331 – 4 de Janeiro, D. Afonso IV, encontrava-
se em Salvaterra no “exercício” das caçadas.

44
*1383 – 2 de Abril, no Paço real de Salvaterra,
foi assinado o contrato de casamento da Infanta D.
Brites, formosa filha de D. Fernando, com D. João
I de Castela.
*1429 – 20 de Agosto, D. João I, doou a seu D.
Fernando (o Infante Santo), a vila de Salvaterra de
Magos.
*1517 – 20 de Agosto, El-rei D. Manuel I, deu
novo Foral a Salvaterra, com novos privilégios, e
verificando-se que o Paul de Magos, ainda não
tinha sido totalmente aberto, conforme determinou
o seu antecessor D. Dinis.
*1577 – Novembro, D. Sebastião, encontrava-se
em Salvaterra a caçar em momento de lazer,
preparava-se para a grande jornada bélica, que o
levaria a ser derrotada, no norte de África.
*1626 -18 de Junho, junto à Coutadinha da
Rainha, se lançou a primeira pedra, por ordem de
D. João IV, de um novo Convento, que albergaria
12 Frades (1).
*1660 – Neste ano, segundo documentos oficias
existentes na Santa Casa da Misericórdia de
Salvaterra de Magos, foi a data da sua fundação.
*1676 –27 de Março, foi mandado refazer o
letreiro esculpido na pedra: “Hospital e Albergaria
para Pobres – é da Coroa”. A Albergaria e Capela
anexa, na rua Direita da vila. Estes edifícios que
vinham de tempos antes, tinham sido concedidos
por D. Afonso V, a Aparício de Cordovelos, com
carta e provisão..
*1679 – D. Pedro II, mandou fazer obras em
muitos edifícios da vila. Uma inscrição esculpida

45
ainda é visível num portal exterior da Igreja Matriz,
lado norte.
*1685 – A princesa D. Isabel, de 16 anos, filha
de D. Pedro II, numa caçada abateu a tiro um javali
– tendo o caso sido muito comentado na corte.
*1690 – O rei D. Pedro II, custeou a feitura de
bonitos Jardins e a ampliação do palácio (ficando o
velho e o novo interligados, ficando este conhecido
pelo paço das damas.

*******
(1)- A festa do convento dos Arrábidos, realizava-se no dia 7 de
Outubro, e nele se encontrava a cabeça do mártir S. Baco, que tendo
sido soldado romano, e convertido à devoção cristã, sucumbiu aos
açoites ordenados pelo feroz Imperador Maximiliano.

*1739 a 1768 - Nos livros da Paróquia, nestes


anos consta a folhas 105, 110 e 116, que foram
registados três casamentos, na Igreja Matriz, de três
holandeses com mulheres portuguesas.
(No primeiro consórcio, foram padrinhos o Conde
de Óbidos e Monteiro-Mor do reino de D.
Francisco de Melo; e, no segundo, também D.
Francisco de Melo e João Pedro de Melo Teles).
*1745 – 24 de Junho, chegaram a Lisboa,
Falcões com destino à Falcoaria de Salvaterra,
vindos da Ilha de Malta. 10 anos depois, regista-se
a chegada de mais 60 da Dinamarca; 2 brancos e 58
de cor parda.
*1753 a 1792 – No Teatro da Ópera de
Salvaterra, foram cantadas 35 óperas, incluindo a
Artexeres, do maestro David Perez.
46
(Este sumptuoso edifício foi inaugurado pelo D.
José, não se sabendo a data certa).
*1759 – 13 de Janeiro, quando de a execução
horrorosa da família dos Távora, que foi a um
sábado, o rei D. José, encontrava-se em Salvaterra,
a gozar as delicias do exercício da caça, pois tinha
partido de Lisboa a 11, entre festejos, por ter
escapado ao atentado em 1758.
*1761 – 28 de Fevereiro, foi em Salvaterra, que
o rei D. José assinou a ordem de confiscar os bens
dos Jesuítas.
*1777 – Em Março, encontrava-se a gozar as
delícias do ameno clima de Salvaterra, achando
pior das chagas profundas, que lhe apoquentavam
as pernas, ordenou a todos os médicos, se
juntassem na sua presença, afim de os ouvir sobre
tão grave moléstia, e qual os remédios que teria de
usar, não tendo ficado satisfeito com as opiniões ali
proferidas. Em Fevereiro do ano seguinte morria.
*1778 – 22 de Fevereiro, já elevada a rainha D.
Maria I, esteve com toda a corte, em Salvaterra,
numa jornada de caça.
*1784 - Em 12 de Fevereiro, com o tempo de
Primavera, D. Maria I, estava em Salvaterra, aqui
assinou o alvará que providenciava de modo que as
enjeitadas não fossem parar a casas suspeitas e
desonestas e mandou que se prendessem os
aliciadores dessas donzelas.
*1788 – 29 de Janeiro, casaram na Capela do
Paço Real de Salvaterra, o Duque de Lafões e D.
Henriqueta de Menezes, filha do Marquês de
Marialva. Celebrou o ato, o Cardeal Patriarca de

47
Lisboa e foram seus padrinhos, a rainha D. Maria e
o príncipe D. José, que viria falecer a 13 de
Setembro desse ano.
*1800 – Agosto, a Câmara, a Nobreza e o Povo
de Salvaterra de Magos, pediram a D. João, que
socorresse os habitantes da vila, que estavam
atacados de febres intermitentes, que por ali
grassava. O rei, por intermédio de Pina Manique,
mandou que para Salvaterra, fossem médicos,
remédios, alimentos e roupas. Num outro
carregamento, foram remetidas 500 garrafas de
água de Inglaterra, e uma arroba de quina, para os
enfermos.
*1818 – Na noite de 27 para 28 de Setembro,
cerca das duas horas da madrugada, o povo de
Salvaterra, acordou aos gritos de fogo!... Fogo no
Palácio!... Quase sufocada com o fumo, deu pelo
sinistro uma pobre família que ocupava o quarto
debaixo, correspondente à sala dos archeiros. Não
obstante o pronto empenho das gentes da vila,
apenas se pode salvar a Capela e a Casa da Ópera.
*1819 – 5 de Janeiro, João Santos, havia pedido
licença para se retirar de Salvaterra, segundo ele,
por ser sitio apoquentado por surtos de sezões
devido às águas dos pauis e, rogava para Lisboa
que se ordena-se aquém devia de entregar as chaves
de todo o edifício, e lembrava os nomes de Dr.
Francisco Ricardo da Fonseca e, do seu irmão
António Nunes da Fonseca, Capitão-mor, “muito
capazes da boa conservação e respeito daquele
Paço”.

48
*1823 - No fim do ano, D. João VI e D. Miguel,
estavam em Salvaterra. Dali, quis a rainha D.
Carlota Joaquina que D. Miguel fosse incógnito a
Lisboa para ser aclamara Co-Regente do Reino
com o filho (1).
*1824 a 1831 – A Comenda de Salvaterra, esteve
na posse da Condessa da Ribeira Grande, que a
Administrava em nome de seu filho, o Conde do
mesmo nome. Durante esse tempo, pagou 4$888

*******
(1) – Segundo João Batista Gouveia, em “Policia Secreta”,
nos tempos de D, João VI.

réis de contribuição por cada ano. Dos Príncipes


mais amados do povo, depois de D. Sebastião, foi
D. Miguel, tão popular que, encarnava o ribatejano
destemido, toureiro e cavaleiro audaz.
Este Infante, que frequentava o Paço real de
Salvaterra, amiúdas vezes durante o ano, batendo a
charneca caçando animais de pelo, como lebres,
veados e javalis. Sua popularidade levou-o a que o
seu tipo brincalhão, na cerimónia do beija-mão ao
Rei D. João VI e à Rainha Carlota Joaquina,
manda-se soltar um touro no Paço, espalhando na
sala a confusão e o terror, rindo D. Miguel e os
outros jovens fidalgos a “bandeiras despregadas”
com esta traquinice.
*1824 - Noite de 28 para 29 de Fevereiro,
havendo um ensaio no Teatro do Paço de
Salvaterra, o Marquês de Loulé, que assistiu e
retirou-se mais cedo, apareceu morto, dizendo-se
49
que a sua causa foi política, ou por amor, pois foi
próximo das instalações dos quartos das Donzelas.
Os adversários de D. Miguel propalaram que foi
morte política, o que a família do Marquês não
aceitou. Nesta zona existia, a Quinta da Murteira,
com uma praça de touros, e nela tinha residência,
D. Miguel. Com a guerra civil dos Liberais e
Absolutistas (D. Miguel e seu irmão D. Pedro), daí
a conotação da morte do Marquês de Loulé, que
havia de entrar nela, como morte política.
Tal agitação que sacudia o País, desde a
revolução de 1820, também o declínio de
Salvaterra de Magos, era um fato emergente, dado
o apoio que a população sempre deu a D. Miguel.
*1833 – 30 de Janeiro, o Almoxarife do Palácio
participou ao Conde de Basto, que só faltavam os
reparos dos telhados das enfermarias dos cavalos,
e umas escadas no Quartel da Cavalaria, e algumas
obras no Palácio da Falcoaria. Por fim, pedia o
conserto dos telhados do Teatro da Ópera, que se
achava em ruínas. A Galaria das Damas, era ligado
ao Palácio por um corredor em arco; e as nove
cozinhas, estavam reduzidas a algumas chaminés.
*1858 – 11 de Novembro, com o terramoto,
desmoronou-se o paredão da fachada do Palácio,
que caiu aos pedaços até meia altura.
*1862 – As ruínas foram arrematadas em haste
pública. Demoliram-se então os grandes paredões e
aproveitou-se a pedra e a caliça para as ruas e
estradas do concelho.
* 1897, Estando em obras a Igreja Matriz, estava
aberta ao culto a Capela Real. “Por nascer, dois

50
meses depois de seu pai ter morrido – um menino,
muito debilitado de saúde, recebeu o nome daquele;
João Lopes Rodrigues, sendo baptizado, naquela
Capela, foi seu padrinho, o campino; Joaquim
Ramalho, que ostentou as insígnias religiosas de
Nossa Senhora da Piedade. O menino; em 1944,
era avô materno do autor destas linhas – José
Rodrigues Gameiro.

************
********
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DATAS HISTÓRICAS DO SÉC. XX

*1909 – 23 de Abril, o terramoto aqui ocorrido,


cujo maiores estragos se sentiram na vizinha,
Benavente, tendo Samora Correia, também sofrido
alguns danos, causado duas mortes. Muitas
habitações, sofreram graves fracturas, tendo
algumas delas de serem demolidas. Os prejuízos
foram avaliados em 92. 647$000 réis.
*1912 – Sob a iniciativa do benemérito e
lavrador; Gaspar da Costa Ramalho, foi inaugurado
o edifício do Hospital da Misericórdia de Salvaterra
de Magos.
*1912 – 15 de Junho, neste dia foi concedido o
Alvará de Sindicato – Associação de Classe dos
Trabalhadores Rurais de Salvaterra de Magos.

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*1916 – 1 de Setembro, neste dia foi concedido o
Alvará de Sindicato – Associação de Classe dos
Marítimos de Salvaterra de Magos.
*1920 -1 de Agosto, é inaugurada a Praça de
Toiros de Salvaterra de Magos (construída por uma
comissão de homens de boa vontade, que a
ofereceram à Misericórdia local).
*1934 – Neste ano, ficou concluída a obra da
Barragem de Magos “Obra de Melhoramento
Hidroagrícola do Paul de Magos”, sendo a primeira
do género do país. Tem uma altura de 15 metros e
cujo desenvolvimento de crista é de 700 metros.
*1935 – 6 de Outubro, é criada a Casa do Povo
de Salvaterra, sendo a sua primeira sede instalada
na rua Cândido dos Reis (antiga rua S. António),
numa casa cedida por Gaspar da Costa Ramalho, já
em 1942, foi transferida para edifício próprio,
construída em terreno cedido pelo município, na
atual Avª. Dr. Roberto Ferreira da Fonseca.
*1937 – 24 de Novembro, é fundada a Associação
Humanitária dos Bombeiros Voluntários de
Salvaterra de Magos, tendo a sua primeira
instalação na Avª. José Luís Brito Seabra.
*1938 – No dia de reis, foi fundado o Grémio
Artístico Salvaterrense, teve a sua sede na Trav. do
Forno de Vidro, e em 1947 deu origem ao atual
Clube Desportivo Salvaterrense.
*1939 – No dia 39 de Outubro, ficou oficializada
a existência da Banda de Música, nos Bombeiros
Voluntários de Salvaterra. A sua origem vem na
sequência de um grupo de rapazes, quatro anos

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antes, em Agosto, terem formado um conjunto,
para saírem a tocar no 1º de Dezembro.
*1941 – Neste ano foi feita a reconstrução (devido
ao ciclone), da Praça de Toiros, pela família do
Conde Monte Real (Jorge de Melo e Faro e sua
esposa D. Tereza Castro Pereira Guimarães de
Monte Real). Na corrida comemorativa do
acontecimento, dignou-se assistir o Presidente da
República, General Óscar Fragoso Carmona.
*1948 – No dia 28 de Novembro, foi inaugurada
a rede de distribuição de luz eléctrica a Salvaterra
de Magos.
*1951 – No dia 24 de Junho, é inaugurada a rede
domiciliária de abastecimento de água, com estação
elevatória, à vila de Salvaterra de Magos.
*1952 – No dia 9 de Outubro, é criada
oficialmente a Sociedade Columbófila
Salvaterrense, que deixou de pertencer, como
Secção do Clube Desportivo Salvaterrense
(10/12/1948), tendo este hobby por sua vez vindo
da Delegação de Salvaterra, da Sociedade
Columbófila do C. Centro de Portugal (Lisboa), em
13 de Maio de 1932.
*1956 – Em 1 de Junho, é inaugurado
provisoriamente o edifício do Mercado Municipal,
no local denominado “Canto da Ferrugenta”, o que
existia era a céu aberto em frente aos Paços do
Concelho, e já vinha do último quartel do séc. XIX.
*1960 – No dia 4 de Outubro, foi inaugurado a
Estação dos C.T.T., nesta vila ( no local, existiam
casas térreas, onde estava um oficina de ferrador).

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*1975 – No dia 20 de Julho, é inaugurado o
Parque Infantil, sendo a sua construção obra de um
grupo (homens e mulheres) de entusiastas, onde a
população local aderiu, especialmente contribuído
com donativos (1).
*1978 – Em Julho, no dia 21 é inaugurado
oficialmente a Chesal – (Cooperativa de Habitação
Económica de Salvaterra de Magos- SCARL).
* 1979 – No dia 12 de Fevereiro, uma forte
ventania, com cerca de 100/kms hora, destruiu a
parede lado norte, tendo caído o teto, da Capela da
Misericórdia, nesse dia ainda persistia uma cheia,
que durava há dias. Tempos depois, com as obras
local, foi levantada a cota da estrada, alindado o
espaço, tendo parte do “Botaréu” desaparecido.

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(1)– Apontamentos Nº 19 da Colecção “Recordar, Também é
Reconstrui” - Autor
*1979 – Em 8 de Setembro, teve lugar a
cerimónia da inauguração do Parque de Campismo
do Escaroupim.
*1980 –No dia 10 de Junho, inaugura-se o
edifício, que viria a servir de Posto da Guarda
Nacional Republicana – Salvaterra de Magos.
*1986 - No dia 20 de Julho, foi inaugurada a rua
Profª Natércia Rita Assunção.
*1991 - O dia 28 de Maio, foi escolhido para
comemorar o centenário da “Farmácia Carvalho”.
A família proprietária, celebrou o acontecimento
com um almoço, onde estiveram, também
empregados, e alguns amigos íntimos.

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*1994 – É inaugurada a rua Cap. Salgueiro Maia
(Urb. Pinhal da Vila), na cerimónia, esteve presente
a viúva do homenageado.
*2001 – No dia 7 de Abril, foram inauguradas as
Piscinas Municipais, as obras custaram meio
milhão de contos – mais do dobro do valor
inicialmente previsto.
*2006 - 4 de Novembro, foi inaugurado, um novo
edifício, para “Mercado Diário” da vila.

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BIBLIOGRAFIA

Livros e publicações consultadas para a presente


brochura:
*Anais de Salvaterra de Magos …………. 1959
(Transcrição)
*Jornal Aurora do Ribatejo (Benavente)
*Jornal Vida Ribatejana (Vila F. Xira)
*Revista “A Hora”…… edição de 1939 e 1966
*Revista “Branco e Preto”…………….. 1897
*Boletim da Junta Geral do Distrito de
Santarém – Nº 48 ……………………. 1936
*Boletim da Junta da Província
do Ribatejo ………………………….. 1940
55
*Subsídios para o Estudo da Santa Casa
da Misericórdia e Salvaterra de Magos 1970
*O Paço Real de Salvaterra de Magos
(A Corte * A Ópera * A Falcoaria) …... 1989
*Subsídios para a História da Falcoaria
em Portugal, da Separata do Boletim
da Sociedade de Geografia de Lisboa,
C.M. / Baeta Neves ……. ……………. 1983
* A Propósito de Caça: Dr. João Maria Bravo
* Textos, escritos pelo autor e publicados em
diversas publicações como: Jornal Vale do Tejo

FOTOS USADAS:
* Fonte do Arneiro – foto do autor - Planta
de olhos de água, vila de Salvaterra, 1788 - Pág. 7
*Largo dos Combatentes – 1958 foto autor Pág 10
*Planta Salvaterra de Magos - 1788 Pág.13
*Pedra “Albergaria da Misericórdia” …… Pág.15
(encontrava-se na parede Rua Direita) foto 1985
*Altar da Capela Real ………………….. Pág.19
(do livro “Salvaterra de Magos e o Paço real)
* Francisco Costa, indicando o local
da Casa da Ópera – foto 2001 - autor Pág.21
*Desenho da fachada do Palácio, e da
Capela Real – extraído do painel do

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Milagre da Horta Del-rei…………… Pág. 22
(do Livro: ”Salvaterra de Magos e o Paço Real)
* Frente da Capela Real – foto 1955 ….. Pág. 22
* Interior da Capela Real - colunas
Pág. 22
(do livro: Salvaterra de Magos e o Paço Real) ….
*Palacete do Barão de Salvaterra, séc. XIX Pág. 23
(Família Roquette)
*Palacete do Conde Almada – Brasão … Pág.23
*Palacete da Família Conde Monte Real .. Pág 23
* Quadro (Painel Azulejos) morte do Conde
de Arcos * Legenda ……………….. Pág 24
*Pombal existente no edifício
da Falcoaria – foto de 1985 – autor …… Pág 25
* Palácio da Falcoaria, depois das obras Pág 25
* Cenário da Peça, que inaugurou o Real
Teatro de Salvaterra ……….. Pág 26
(do livro: Salvaterra de Magos e o Paço real)

* Casa de madeira - Pescadores Escaroupim Pág 27


(Livro: Os Avieiros – Nos finais da década de
Cinquenta – Maria Adelaide Neto Salvado)
* Casa do Monteiro-Mor – foto 1945 ….. Pág 30
*Coche da Infanta Benedita – séc. XVIII – Pág. 33
(Museu Nacional dos Coches – Internet)
*Edifício da Câmara Municipal – 1995 ….. Pág 57

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