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ESCOLA TEOLÓGICA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS NO BRASIL

“Procura apresentar-te a Deus, aprovado como obreiro, que não tem de que se envergonhar
e que maneja bem a Palavra da Verdade”. II Tm 2.15

BAHIA/NÚCLEO ITAPOÃ

DISCIPLINA: EVANGELISMO

PROFESSOR: Robespierre Machado


MISSÕES URBANAS
— uma estratégia para as cidades

I. INTRODUÇÃO
A criação da primeira cidade data de cerca de seis mil anos. O seu registro está na Bíblia
(Gn 4.17), Caim foi o seu fundador, tendo dado a ela o nome de seu filho Enoque.
A cidade, com suas estruturas sociais, econômicas e políticas, é o palco onde a evangelização
urbana acontece, sendo esta urdida e executada pelos múltiplos ministérios organizados nas
denominações presentes em cada metrópole. Assim, a mensagem de CRISTO é levada aos
homens desafiando-os, no presente, a uma tomada de decisão quanto ao seu destino eterno.
Nesse contexto a cidade tornou-se uma atual e desafiadora fronteira missionária urbana
demandando para sua conquista espiritual e conseqüente colheita de vidas uma emergente e
plena compreensão, pela igreja, de suas realidades sociais e espirituais.

II. CONCEITO
Não há padrão uniforme, global, que defina uma cidade. O conceito pode variar de um país
para outro. Não obstante esta complexidade a cidade pode ser definida como: concentração de
pessoas vivendo muito próximas e interagindo umas com as outras sob alguma forma de governo.

III. A GRANDE COMISSÃO


Homens de quaisquer classe social, condição econômica, etnia ou cor política, necessitam
saber que Deus os ama e que em Cristo lhes oferece o caminho de regresso para Si mesmo.
Ricos e pobres, capitalistas e proletários, civis, militares e políticos necessitam ouvir a chamada
ao arrependimento e a fé.
O anúncio destas boas novas por meio da pregação, testemunho pessoal, literatura,
distribuição da Bíblia, etc., é algo que incumbe, no tempo presente, a todo crente. Aquele que
evangeliza tem uma vida diferente. É alguém que aprendeu a servir, é carta viva que mostra a
aplicabilidade da mensagem que anuncia.
Não podemos separar a proclamação do Evangelho da “demonstração” desse Evangelho. São
diferentes, mas ambas são indispensáveis.
O serviço cristão não é optativo, não é algo que podemos fazer se quisermos. É a marca da
nova vida. “Pelos seus frutos os conhecereis”. “Se me amais, guardareis meus mandamentos.”
George B. Duncan disse a esse respeito, em Berlim: “...três canais de comunicação estão
abertos ao evangelho: ‘o que temos ouvido’, sugere a comunicação audível, ‘o que temos visto’,
sugere a comunicação visível; ‘o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com
respeito ao Verbo da vida’, sugere o que poderíamos chamar de comunicação tangível do
Evangelho.”
No Novo Testamento a evangelização não parece haver sido jamais uma questão discutida.
Quer dizer, não se encontram os apóstolos instando, exortando, repreendendo, planejando e
organizando programas evangelísticos.
Na igreja apostólica a evangelização era algo que se considerava ponto pacífico, e funcionava
sem técnicas nem programas especiais. Simplesmente acontecia... Surgindo sem esforço da
comunidade dos crentes, como a luz surge do sol, era automática, espontânea, contínua,
contagiosa. Paulo não exortava repetidamente as suas igrejas a unirem esforços para a
propagação da fé, e como deveriam praticá-la e guardá-la.
Salta aos olhos a artificialidade de ensinar técnicas de comunicação da mensagem
desvinculadas dessa ênfase primeiramente na vida do crente e no testemunho total da
comunidade cristã. Não se dá no ar, dá-se no mundo, em bairros concretos, de cidades
concretas, de sociedades concretas. Dá-se, não a homens abstratos, e sim a homens de carne
e osso, que vivem dentro de determinadas estruturas sociais, que sofrem, gozam, iludem-se e
se desiludem, lutam e esperam.

IV. TEOLOGIA DE MISSÕES URBANAS


As necessidades do homem urbano moderno tornam imperativo o estudo de uma teologia e
práxis de evangelização compatíveis com os princípios e modelos bíblicos aplicáveis à
realidade atual.
Os problemas relacionados com a missão evangelizadora da Igreja na cidade exigem uma
práxis missiológica urbana.
O fenômeno da urbanização das cidades em todo mundo é conseqüência da acelerada
migração de indivíduos das áreas rurais para os centros urbanos em proporção nunca antes
experimentada na história da civilização humana. As conseqüências para a vida humana são
inevitáveis: violência, desagregação da família, extrema pobreza, drogas, déficit habitacional,
ineficiente sistema de saúde e educação etc.

DADOS COMPARADOS: ANO/POPULAÇÃO URBANA


1800....................... ...................................3% 1978...........................................................40%
1900...........................................................15% 2000...........................................................78-87%
1950...........................................................21%

O século XX começou com 15% da população mundial vivendo nas cidades e terminou com
15 % vivendo fora das cidades.
O estudo da teologia da evangelização urbana objetiva entre outros fatores o seguinte:
• Tomar consciência da realidade das cidades e seus desafios
• Considerar os fatos bíblicos e os princípios relacionados com missões urbanas
• Apreciar os métodos evangelísticos urbanos hoje adotados
• Elaborar projetos objetivando a evangelização das cidades

Fatores determinantes da urbanização


• A industrialização: O processo de industrialização provocou o crescimento, fazendo surgir megacidades;
• O crescimento natural da população
• Desejo de melhores condições de vida: escola para os filhos, melhores salários, assistência médica;
• Atração pelos grandes centros: A penetração das imagens de TV que iludem com expectativa de vida
melhor;
• Mecanização da agricultura e conseqüente desemprego.

V. A COMPLEXIDADE DO HOMEM URBANO


I. Psico-sociais
a) Anonimato c) Isolamento

b) Alienação d) Despersonalização

II. Morais e Religiosas


a) Tendência a ser um cristão nominal
b) Relaxamento dos padrões morais
c) Inclinação à auto-suficiência
III. Cívicas e Políticas
a) Consciência política mais acentuada
b) Tendência a ser influenciado por grupos de pressão

IV. Problemas do homem moderno


a) Econômicos
d) Crises na família
b) Violência urbana
e) Psicológicos
c) Questões sociais/Educacionais
f) Espirituais e morais
VI. OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO DAS IGREJAS URBANAS
a) Ausência de credibilidade da igreja e) A insegurança urbana
enquanto comunidade
f) O ativismo
b) A perda da linguagem comum
g) Medo
c) Isolamento
h) Inabilitação para testemunhar
d) Separação
VII. ESTRATÉGIAS DE EVANGELIZAÇÃO URBANA
a) Equipes de oração b) Testemunho pessoal
c) Pequenos grupos d) Equipe de visitação: lares/escolas/hospitais/presídios
e) Distribuição de literatura f) Motivação/Integração
g) Utilização de recursos de mídia: Tv, rádio, imprensa, internet, celular, etc.

COMPROMISSO
Nada se pode executar no âmbito do evangelismo e missões através dos muitos e variados
métodos possíveis sem que haja um efetivo e profundo compromisso de oração de todos
envolvidos. A oração é fundamental para o sucesso de qualquer projeto. O compromisso
pessoal deverá ser a marca definitiva daqueles que são chamados à realização da obra do
Senhor.
Definitivamente “quem lança mão do arado não pode olhar para trás” ( Lc 9:62 ). Compromisso
e fidelidade ao Senhor Jesus deverão nortear toda vida e serviço cristão cristã.
CONCLUSÃO
• Não haverá evangelização sem testemunho pessoal – a prática vivencial;
• A família ocupa papel fundamental na evangelização local – vizinho evangeliza vizinho;
• Técnicas, cursos, seminários de nada adiantarão se não experimentarmos a plenitude
do poder do Espírito Santo em nossa vida pessoal e comunitária;
• Os dons espirituais como ferramentas capacitadoras, o batismo no Espírito Santo, a
vida de santificação são imprescindíveis à uma efetiva e produtiva evangelização;
• Vida devocional pautada na meditação diária da Bíblia, a Palavra de Deus, oração
pessoal e particular e compromisso discipular com os propósitos evangelizadores do
Senhor Jesus nos farão ganhadores de almas, pescadores de homens.
• Soli Deo Glori ( do Latim: Glória somente a Deus )

Robespierre Machado
é capelão evangélico, radialista, professor de história da igreja, missiologia e evangelismo.
robespierremachado@gmail.com
ANEXO I
ESTRATÉGIAS E MÉTODOS

Método. Os dicionários definem como: Ciência para condução das ações; ordem adotada na
realização de um objetivo; técnica; maneira de proceder.
O principal método observado pela igreja do primeiro século, conforme relatos do livro de Atos,
eram os cultos nos lares. O evangelismo praticado nesse tempo era muito mais que reuniões –
era um estilo de vida.
Estratégia: Organização e planejamento das operação de guerra; tática. A estratégia de uso
geral no igreja do período apostólico era a rede de relacionamentos.
Esperava-se que cada crente gerasse novos convertidos no curso normal dos encontro diários
na família, círculo de amigos, no trabalho, onde quer que estivesse.
MÉTODOS
Métodos são ferramentas, nada mais que isto, através das quais a igreja realiza sua tarefa
evangelística e missionária no mundo.
Nenhum método é absoluto, completo em si mesmo. Os métodos não possuem vida e unção
próprios.
Somente o Espírito Santo é capaz de tomar ferramentas sem vida, inanimadas, e usá-las para
cumprir o objetivo fim do evangelho – a salvação de almas.
Dentre a imensa a lista de métodos utilizados pela igreja ao longo dos séculos relacionemos as
seguintes:
a) Testemunho pessoal. Todo leitor da Bíblia concordará que este foi o método
predominante nos dias de Jesus e posteriormente nos dias apostólicos. Confira atentamente o
episódio do endemoninhado gadareno após sua libertação ( Mc 5:18-20 ). Veja também em
Jo 4:6-26 a mulher samaritana, evangelizada por Jesus.
b) Evangelismo pessoal. O evangelismo pessoal difere do testemunho por sua
característica expositiva de mensagem. Enquanto o testemunho pessoal transmite ao
evangelizado a prova da mudança de vida daquele que evangeliza o evangelismo pessoal
acontece a partir do encontro, acidental ou não, de duas pessoas para discussão do plano de
salvação e das verdades bíblicas ( At 8:26-39; 16:12-15 ).
c) Evangelismo nos lares. “Cada Lar Uma Igreja” é sem dúvida mais que um lema. É
uma estratégia evangelística que adequadamente utilizada proporcionará uma grande colheita
de almas. Pode ser adotada uma escala semanal. Equipes de 10 a 15 pessoas ficam
responsáveis pelos cultos nos lares cadastrados. Os cultos evangelísticos nos lares podem
acontecer inclusive nos domingos à noite. Todos os lares da igreja devem estar envolvidos no
projeto ( Rm 16:3-5 ).
d) Folhetos. A importância da literatura no evangelismo mundial sempre foi notada.
Incontáveis são os testemunhos de irmãos e irmãs que foram alcançados pelo folheto
evangélico. É necessário que cada crente, independente das campanhas realizadas pela igreja,
tenha sempre à mão folhetos para evangelismo pessoal ( Lc 1:1-4; At 1:1 ).
e) Pedidos de Oração. Na Argentina esta estratégia foi largamente utilizada com muito
sucesso. A prática consiste no seguinte: Antes dos cultos, na congregação e nos lares, equipes
de duas ou três pessoas saem visitando as residências próximas coletando pedidos de oração
pelas famílias da comunidade.
f) Vídeo Evangelismo. Vivemos na era dos sentidos, todas as casas possuem
aparelhos de Tv e vídeo. Uma grande oportunidade para evangelismo. Através de filmes como
Inferno em Chamas, A Cruz e o Punhal, O Arrebatamento da Igreja e o Filme Jesus centenas
de vidas podem ser alcançadas nos seus próprios lares ou de vizinhos cristãos.
ANEXO II
DISCIPULADO: UM MÉTODO ESPECIAL
O ministério de discipulado tem suas raízes na palavra de Deus. Não é algo que começou a dar
certo recentemente em uma igreja bem sucedida. O ministério de discipulado é tão antigo
quanto o início do evangelho.
O discipulado foi o método/estratégia designado por Jesus, à igreja, para fazer discípulos de
todas as nações ( Mt 28:19 ). Todo o mundo está na perspectiva de Deus
( Jo 3:16; 11:52 ).
O discipulado bíblico é uma necessidade a qualquer programa de evangelismo. Evangelizar
sem discipular é correr o risco de perder os frutos colhidos no evangelismo.
O DISCIPULADO NO MINISTÉRIO DE JESUS
Jesus convidou homens para serem seus discípulos ( Mt 16:24 ). O Senhor também
estabeleceu o preço de segui-lo, como seu discípulo: renúncia, abnegação e obediência são as
marcas do autentico discípulo.
O discipulado exige convivência. O Senhor Jesus por três anos conviveu com seus discípulos
dia e noite. Durante seu ministério terreno dedicou-se a treiná-los dispensando tempo e
atenção a cada um deles eles, individual e coletivamente.
O Senhor preparou seus discípulos para fazerem outros discípulos. Ele escolheu, designou e
enviou os doze, posteriormente enviou os setenta para pregar e ensinar o evangelho, e para
isso conferiu-lhes autoridade e poder espiritual ( Mc 3:13-19 ).
O DISCIPULADO NA IGREJA PRIMITIVA
O discipulado forma a base da igreja. Através do discipulado os novos convertidos são
instruídos nas doutrinas e práticas da igreja, adquirindo maturidade espiritual.
O discipulado, também, treina e capacita crentes mais antigos para as tarefas da obra. Efésios
4:11,12, exemplifica de forma categórica esse princípio.
A igreja primitiva fez do ministério de discipulado um plano permanente de evangelização
( At 5:42 ). A evangelização era parte do estilo de vida dos crentes. A igreja não tinha outro
método, outra estratégia, outro programa. Através do discipulado evangelizavam diariamente.
O DISCIPULADO EM AÇÃO
Leia atentamente II Tm 2:2. Esse versículo exemplifica de forma clara e objetiva o princípio do
discipulado. Observe a seqüência abaixo comparando-a com o texto citado.
a) Os apóstolos discipularam Barnabé ( At 4:36,37 )
b) Barnabé discipulou Paulo ( At 9:26-29; 11:25,26 )
c) Paulo discipulou Timóteo ( I Tm 1:1,2 )
d) Timóteo discipulou homens que iriam discipular outros ( II Tm 2:2 )
O ministério de discipulado é um mandamento bíblico de comprovada eficácia, exercitado pelo
Senhor Jesus, experimentado pela igreja e praticado pelos apóstolos.
O Senhor espera que cada discípulo se multiplique em muitos outros, utilizando o discipulado
como uma ponte extraordinária para conduzir homens e mulheres a Ele.
QUEM DEVE DISCIPULAR
Todo crente em Jesus pode, e deve, ser um discipulador. Há pessoas espiritualmente famintas
à nossa volta. Para onde quer que nos movamos ali encontraremos alguém com sede de Deus.
Há milhares de pessoas desejando conhecer Deus.
Com o passar do tempo o discipulado vai ficando melhor, mais frutífero. Seu conhecimento e
experiências vão aumentando. A experiência traz a maturidade espiritual.
O importante é começar. Comece a compartilhar com alguém tudo que o Senhor tem lhe
ensinado. O Espírito Santo é um excelente professor. Peça-lhe ajuda para ser um discipulador
comprometido com a seara. Um ganhador de almas.
O MÉTODO EXELENTE
A igreja no primeiro século cresceu muito depressa porque os crentes, cheios do Espírito Santo,
evangelizavam sem cessar, diariamente ( At 4:31; 5:42; 8:4 ). O resultado foi o tremendo
crescimento registrado no livro de Atos dos Apóstolos. A igreja que tiver um número regular de
ganhadores de almas experimentará o mesmo crescimento.
A semeadura da Palavra de Deus promove o crescimento e a edificação da igreja. Há situações
em que somente o evangelismo pessoal alcança o pecador. Muitas pessoas jamais irão a uma
igreja ( mas, poderão ir a uma reunião doméstica ) antes de tomar a decisão de seguir a Cristo.
Nos dois mil anos de história da igreja nenhum método conseguiu superar o evangelismo
pessoal. A prática do evangelismo pessoal dispensa os templos, as organizações, os corais
enfim, todos os elementos envolvido na litúrgia do culto regular.
Todos os métodos são recomendáveis e úteis à prática evangelística, mas nenhum dispensa a
participação do evangelismo pessoal. Em todas as atividades evangelísticas e missionárias da
igreja ele se faz presente.
Há marcantes e significativas características do ministério de evangelismo do Senhor Jesus
que se reproduzidas pela igreja atual produzirão abundantes colheitas de almas.
Vejamos:
i) Espírito de sacrifício – Ele estava cansado e com fome mas não perdeu a
oportunidade de evangelizar a mulher sem esperança;

ii) Paciência – assentou-se, diz o texto. Assim fez, esperando pelo pecador;

iii) Ir ao encontro do pecador – no poço de Jacó, o Senhor encontrou e evangelizou a


mulher samaritana.

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