Você está na página 1de 7

Inaugurações

em Portugal
(1959)

1
INFORMAÇÃO IMPORTANTE

O texto que se segue é uma reprodução escrita,


com pequenas adaptações e esclarecimentos, do
programa exibido pela Rádio e Televisão de
Portugal, “1959 – Inaugurações em Portugal”,
integrado na série “50 Anos 50 Notícias”, de 2007.
Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a
informação constante deste documento foi
apresentada pela citada estação de televisão
portuguesa, aquando da exibição do documentário
referido.
Resta-me recordar, em último lugar, que no ano
de 2007 a Rádio e Televisão de Portugal celebrou o
seu quinquagésimo aniversário.

2
INAUGURAÇÕES EM PORTUGAL
(1959)

O regime escolhera incidir-se, sobretudo, através


das inaugurações para mostrar o espírito
empreendedor. Quer fosse uma obra de grande
dimensão, um fontanário, uma estátua ou uma
lápide, é inaugurada com um cerimonial onde se
exibiam os vários poderes do regime: o político e o
religioso.
Na maioria dos casos, a reportagem era realizada
por um só operador de câmara e era ele que dava
indicações aos relactores sobre o que aconteceu. As
imagens eram, normalmente, captadas sem som
ambiente. Só os discursos das mais altas
individualidades tinham direito a voz na televisão.
(Vasco Hogan Teves, jornalista RTP em 1959)
“Havia algumas figuras públicas que tinham um
certo apreço pela palavra na televisão, chamemos-
lhe assim. E é evidente que, aí, metiam-se umas
cunhas para aparecerem a falar.”
O regime deixava passar pouca informação e, por
isso, os textos das peças enumeravam,
primeiramente, as personalidades presentes nas
cerimónias. A reportagem do encontro entre Franco1
e Salazar exemplifica como se fazia um texto
grande, eloquente, barroco, a roçar a propaganda,

1
Ditador espanhol Francisco Franco.
3
escondendo que não se possuia informação quase
nenhuma:
“Salazar, agradavelmente surpreendido com a
presença dos homens da Imprensa e da Televisão,
interrogou admirado: Como souberam que nos
encontravamos em Ciudad Rodrigo2?”
Em 1959, a inauguração do Cristo-Rei foi coberta
com todos os meios pela RTP. Os repórteres
puxavam pela imaginação para cobrir com alguma
criatividade as cerimónias.
(Artur Agostinho, colaborador da RTP) “Era
complicado para os repórteres em directo,
exactamente porque tinham o assistente que
chegava ao nosso ouvido e dizia “Aguenta aí, mais
um bocado, que ainda não chegou” (a pessoa
importante, reputada). Era uma situação
complicada, que nos obrigava a improvisar muito.”
Durante a cerimónia, as câmaras da RTP não
pararam de mostrar uma pomba que não arredava
do palanque oficial.
(Vasco Hogan Teves) “Palavra que nós não
pusemos lá a pomba de propósito, nem pusemos
pez para que a pomba ficasse lá agarrada. Várias
pessoas disseram que aquilo foi encenado,
arranjaram maneira da pomba estar lá e outros
disseram que não, era milagre, qualquer coisa deste
estilo.”
Salazar construía a sua imagem ideal, sempre
distante e inalcançável, nunca entrevistado pelos
2
Munícipio de Espanha, na província de Salamanca.
4
repórteres. O regime aparecia sempre unido,
pomposo, corporativo.
Em 1959, a RTP entra, pela primeira vez, na casa
de Salazar. Vê-se o sofá, a manta, mas o ditador não
aparece. O símbolo não consentia imagens em
situações mundanas, mas nas cerimónias públicas o
governante, que sempre realçou a modéstia, ouvia,
com prazer, os elogios intermináveis que lhe
interrompiam os discursos.
A televisão procurava, também, servir outras
tarefas do regime – a Educação Nacional. Em
Dezembro de 1959, as primeiras linhas do
Metropolitano de Lisboa foram inauguradas. A
televisão foi decisiva para ajudar as pessoas a
usarem o novo meio de transporte.

5
ANEXOS

Figura 1 – A 17 de Maio de 1959, foram largadas pombas no momento da inauguração da


estátua do Cristo-Rei.

6
Figura 2 – Estação do Metropolitano em Lisboa, 1959

Programa disponível, na Internet, em:


URL:
http://www.youtube.com/watch?v=Zf6ur43MeQo

Você também pode gostar