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Contos tradicionais

1. «Quem conta um conto, acrescenta um ponto», diz um provérbio popular.

1.1 Realiza a actividade seguinte com os teus colegas e conclui se é verdade ou não o que diz
o provérbio.

a) O professor pede que saiam todos os alunos da sala e que se mantenham junto
à porta desta, à excepção de dois.

b) Um dos alunos que ficou na sala lê a história abaixo apresentada, de forma len-
ta e pausada. Não pode repetir a leitura nem responder a perguntas. O outro alu-
no (que também ficou na sala) escutá-la-á atentamente e fixá-la-á o melhor possí-
vel, para a contar a outro colega e assim sucessivamente (os alunos entram um
por um na sala; cada aluno que entra ouve a história e reconta-a ao colega seguin-
te).

c) No final, todos lêem a versão inicial e reflectem sobre a distorção da mensagem


recebida.
As Bocas do Mundo

Era uma vez um homem muito velho que tinha


na sua companhia um neto, filho de uma sua filha já
falecida, como falecido era o marido desta. Teve o velho
de ir a uma feira vender um jumento C como o neto era
um rapazola muito turbulento, não o quis deixar sozi-
nho em casa, e levou-o consigo. O jumento era já adian-
tado em anos e o velho para não o estropiar resolveu
levá-lo adiante, caminhando a pé avô e neto. Passaram n s um lugar onde estava muita gen-
te a brincar na estrada.
- Olha aqueles brutos! Vão a pé atrás do burro que se não dá da tolice dos donos.
O velho disse ao neto que se pusesse em cima do burro.
Mais adiante passaram próximo doutros sujeitos que se puseram a dizer:
- O mariola do garoto montado, e o velho a pé; o que um tem de esperto tem o outro
de bruto.
O velho então mandou apear o neto e ele montou-se no burro. Mais adiante começa-
ram a gritar:
- Olhem o velho se é manhoso! A pobre da criança a pé e ele repimpado no burro.
- Salta para cima do burro - ordenou o avô ao neto.
O garoto não esperou que o avô repetisse a ordem e lá foram os dois sobre o jumen-
to. Andaram assim alguns passos e logo viram muita gente sair-lhes á estrada, cheia de
indignação e gritando ameaçadora:
- Infames! Criminosos! Canalhas! Matar o animalzinho com o peso de dois alarves,
podendo ir a pé.
O velho e a criança foram obrigados a descer do burro.
Então disse o avô ao neto:
É para que saibas o que são as línguas do mundo: preso por ter cão e preso por não o
ter.

José Gomes Ferreira, Contos Tradicionais Portugueses, Iniciativa Editora

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