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Escola Estadual André Antônio Maggi ♥Cada questão equivale a

Ensino Fundamental II – Anos Finais 0,72 décimos!


Componente Curricular: Língua Portuguesa
Docente: Rogélia Gragel
Estudante:
Série / Ano: 8 ano B
Simulado Avaliativo 1]
Quando chovia, no meu quarto de menino, a indo e vindo or ali, junt à margem, pensando uma
casa virava um festival de goteiras. Eram pingos do forma qualquer de ajudar as outras a atravessar.
teto ensopando o soalho de todas as salas e quartos.      Resolvi colaborar, apelando para os meus
Seguia-se um corre-corre dos diabos, todo mundo conhecimentos de engenharia. Em poucos instantes 
levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o construi uma ponte com um pedaço de bambu aberto
que mais houvesse para aparar a água que caía e para ao meio, e procurei orientar para ela, com um
que os vazamentos não se transformarem em numa pauzinho, a fila de formigas.
inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu      Estava empenhado nisso, quando senti que havia
não entendia a razão: aquilo era uma distração das alguém em pé atrás de mim. Uma voz de homem, que
mais excitantes. soou familiar aos meus ouvidos, perguntou:
     E me divertia a valer quando uma nova goteira      - Que é que você está fazendo?
aparecia, o pessoal correndo para lá e para cá, e      Sem me voltar, tão entretido estava com as
esvaziando as vasilhas que transbordavam. Os formigas, expliquei o que se passava. Logo consegui
diferentes ruídos das gotas d'água retinindo no restabelecer o tráfego delas, recompondo a fila através
vasilhame, acompanhados do som oco dos passos em da ponte. O homem se agachou a meu lado, dizendo
atropelo nas tábuas largas do chão, formavam uma que várias formigas seguiam por um caminho, uma na
alegre melodia, às vezes enriquecida pelas sonoras frente de duas, uma atrás de duas, uma no meio de
pancadas do relógio de parede dando horas. duas. E perguntou:
     Passado o temporal, meu pai subia ao forro da      - Quantas formigas eram?
casa pelo alçapão,o mesmo que usávamos como      Pensei um pouco fazendo cálculos. Naquele tempo
entrada para a reunião da nossa sociedade secreta. eu achava que er bom em aritmética: uma na frente de
Depois de examinar o telhado, descia, aborrecido. Não duas faziam três; uma atrás de duas eram mais três;
conseguia descobrir sequer uma telha quebrada, por uma no meio de duas, mais três.
onde pudesse penetrar tanta água da chuva, como      - Nove! Exclamei, triunfante.
invariavelmente acontecia. Um mistério a mais,      Ele começou a rir e sacudiu a cabeça, dizendo
naquela casa cheia de mistérios. que não: eram apenas três, pois formiga só anda em
Naquele dia, assim que a chuva passou, fui fila uma atrás da outra. 
como sempre brincar no quintal. Descalço, pouco me      Então perguntei a ele o que é que cai em pé e
incomodando com a lama em que meus pés se corre deitado.
afundavam, gostava de abrir regos para as poças      - Cobra? - ele arriscou, enrugando a testa,
d'água,como pequeninos lagos, escorregassem pelo intrigado. 
declive do terreiro, formando o que para mim era um      Foi a minha vez de achar graça:
caudaloso rio. E me distraia fazendo descer por ele      - Que cobra que nada! É a chuva - e comecei a rir
barquinhos de papel, que eram grandes caravelas de também.
piratas.      - Você sabe o que é que caindo no chão não quebra
Desta vez, o que me distraiu a atenção foi uma e caindo n'água quebra?
fila de formigas a caminho do formigueiro, lá perto do      - Sei: papel.
bambuzal, e que o rio aberto por mim havia      Gostei daquele homem: ela sabia uma porção
interrompido. A formiguinhas iam até a margem e, de coisas que eu também sabia. Ficamos conversando
atarantadas, ficavam por ali procurando um jeito de um tempão, sentados na beirada da caixa de areia,
atravessar. Encostavam a cabeça umas nas outras, como dois amigos, embora ele fosse cinqüenta anos
trocando ideias, iam e vinham, sem saber o que fazer. mais velho do que eu, segundo me disse. Não parecia.
Algumas acabavam tão desorientadas com o Eu também lhe contei uma porção de coisas. Falei na
imprevisto obstáculo à sua frente que recuavam minha galinha Fernanda, nos milagres que um dia
caminho, atropelando as que vinham atrás e andei fazendo, e de como aprendi a voar como os
estabelecendo na fila a maior confusão. pássaros, e a minha ventura de escoteiro perdido na
Do outro lado, entre as que já haviam passado, selva, as espionagens e investigações da sociedade
reinava também certa confusão. Enquanto as que iam secreta Olho de Gato, o sósia que retirei do espelho, o
mais à frente prosseguiam a caminhada até o Birica, valentão da minha escola, o dia em que me
formigueiro, sem perceber o que acontecia à sagrei campeão de futebol, o meu primeiro amor, o
retaguarda, as mais próximas do rio ficavam indecisas, capitão Patifaria, a passarinhada que Mariana e eu
soltamos. Pena que minha amiga não estivesse ali, para
que ele a conhecesse. Levei-o a ver o Godofredo em      O segredo se resumia em três palavras, que ele
seu poleiro: pronunciou com intensidade, mãos nos meus ombros e
- Fernando! - berrou o papagaio, imitando mamãe: - olhos nos meus olhos:
Vem pra dentro, menino! Olha o serena!      - Pense nos outros.
     - Hindemburgo apareceu correndo, a agitar o rabo.      Na hora achei esse segredo meio sem graça. Só
Para surpresa minha, nem o homem ficou com medo bem mais tarde vim a entender o conselho que tantas
do cachorrão, nem este o estranhou; parecia feliz, até vezes na vida deixei de cumprir. Masque sempre deu
lambeu-lhe a mão. Depois mostrei-lhe o Pastoff no certo quando me lembrei de segui-lo, fazendo-me feliz
fundo do quintal, mas o coelho não queria saber de como um menino.
nós, ocupado em roer uma folha de couve      O homem se curvou para me beijar na testa, se
     O homem me disse que tinha de ir embora - despedindo:
antes queria me ensinar uma coisa muito importante:      - Quem é você? - perguntei ainda
     - Você quer conhecer o segredo de ser um menino      Ele se limitou a sorrir, depois, disse adeus com um
feliz para o resto de sua vida? aceno e foi-se embora para sempre. 
     - Quero - respondi.
In: SABINO,Fernando, O Menino No Espelho Ed.Especial MPM
Propaganda 1992,Ilustrações: Carlos Scliar, p.13-18
1. Nesse prólogo, o autor conta fatos:
a. De sua infância. c. Da sua vida inteira.
b. De sua adolescência. d. De sua infância e adolescência ao mesmo tempo.
2. O tema do texto é:
a. O encontro marcante do menino e o homem desconhecido com o qual ele conversa e que lhe ensina um segredo.
b. O fato do menino sempre andar sozinho.
c. As formigas que cruzaram o caminho percorrido pelo menino.
d. A chegada da chuva.7
3. Pode-se inferir que o prólogo é:
a. É um texto narrativo que conta histórias fantásticas.
b. É um texto que antecedem outros textos.
c. É um texto que possuem uma estrutura narrativa: apresentação inicial, conflito, clímax e enredo.
d. É um texto que informa algo do dia a dia.
4. A única característica que pertence aos prólogos é:
a. Apresentar uma escrita preliminar de um texto. d. Mostrar personagens fictícios do mundo da
b. Narrar fatos do dia a dia. imaginação.
c. Informar sobre o cotidiano.

Leia o texto abaixo, um fragmento do livro "A culpa é das estrelas", de John Green:
- Augustus, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
- Meus medos?

- Eu tenho medo de ser esquecido - disse de sem querer um momento de pausa. (...)
Olhei na direção do Augustus Waters, que me devolveu o olhar. Quase dava para ver através dos olhos dele, de tão
azuis que eram.
- Vai chegar um dia - eu disse - (...) vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar
que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo.
Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos,
construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui - fiz um gesto abrangente - vai
ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo
sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. (...) E se a inevitabilidade do esquecimento humano
preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá. (...)
Assim que terminei fez-se um longo silêncio, e eu pude ver um sorriso se abrindo de um canto ao outro no rosto do
Augusto – não o tipo de sorriso (...) do garoto tentando (...) me encarar, mas um sorriso sincero, quase maior que a
cara dele.
- Caramba – disse ele baixinho – Não é que você é mesmo demais?
5. De acordo com esse texto, o medo de Augustus era:
a. o fim da espécie humana c. ser esquecido
b. o silêncio d. sobreviver à explosão do Sol
6. Na expressão "- Caramba!", o ponto de exclamação reforça a ideia de:
a. admiração c. crítica
b. constrangimento d. desconfiança
7. De acordo com esse texto, era possível ver através dos olhos de Augustus porque:
a. encaravam a narradora c. eram muito azuis
b. eram maiores que o rosto d. pareciam sinceros
8. A que gênero textual pertence a obra "A culpa é das estrelas"?
a) conto b) fábula c) romance d) crônica

UMA HISTÓRIA DE VAMPIRO


Peça em um ato de: PAULO SACALDASSY

VAMPIRILDO PÕE-SE A CHORAR. VAMPIRILDO: - Agora eu estou me lembrando!...Eu


ENTRA FRANK, UM PEQUENO FRANK- estava com o Frank... Cadê o Frank?
STEIN USANDO UM ÓCULOS DE GRAU MUMESKA: - Eu não vi o Frank hoje! Então
FUNDO DE GARRAFA. Vampirildo, o que você achou da minha peruca nova?
FRANK: - Que foi Vamp? Outra crise existencial? VAMPIRILDO: - É legal!
VAMPIRILDO: - Não enche! MUMESKA: - Então Vamp, já está preparado para
FRANK: - Deixa disso, vai! Vamos brincar!!! enfrentar Toraz?
VAMPIRILDO: - Eu não quero, me deixa em paz! VAMPIRILDO: - Eu não aguento mais aquele
FRANK: - Vamos, vai! Venha me ajudar com a minha assistente de mago metido!
nova experiência. MUMESKA: - Mas, está chegando a hora em que o
VAMPIRILDO: - Por que eu nasci vampiro? Eu não mestre Gorzan vai querer testar nossos conhecimentos
gosto de sangue!! horripilantes!
AO FALAR A PALAVRA “SANGUE”, VAMPIRILDO: - Se preocupe com você. Vê se me
VAMPIRILDO DESMAIA. FRANK SAI deixa em paz!
DESESPERADO A PROCURA DE AJUDA. DO MUMESKA: - Que mal humor, Vamp. Pra cima,
OUTRO LADO ENTRA UMA PEQUENA MÚMIA, menino! Você precisa ver o modelito fashion que estou
USANDO UMA PERUCA E COLARES NO preparando pra festa desse ano! Vou deixar até o
PESCOÇO, COMO SE ESTIVESSE DESFILANDO. mestre Gorzan de queixo caído! Pra cima, Vampirildo!
MUMESKA: - Subiu na passarela! Desfilando! Pisa na VAMPIRILDO: - Desculpe, Mumeska, hoje eu não
barata! Parou! Voltou!... sou uma boa companhia!
TROPEÇA EM VAMPIRILDO. MUMESKA: - O que te aconteceu?
MUMESKA: - Pô, Vamp! Sai do caminho, atrapalhou VAMPIRILDO: - Sabe o que é? Eu não quero ser
meu desfile! Vamp? Ei, Vamp, acorda! vampiro, eu não gosto da noite...
VAMPIRILDO: - (ACORDANDO) O que foi? Onde MUMESKA: - Ah, Vamp, dá licença! Ninguém mais
eu estou? aguenta essas suas crises existenciais. Você precisa
MUMESKA: - Você já estava deitado aí no entender de uma vez por todas, você é um vampiro!
chão quando eu entrei.
9. O auto acima tem como finalidade principal:
a. mostrar todas as ações que acontecerão numa cena. c. contar uma história através de uma sequência de ações
b. revelar como o narrador deve agir numa história reais.
contada. d. promover uma reflexão a respeito de um assunto narrado.
10.O gênero textual auto possui características peculiares e se distancia de outros gêneros textuais pela principal
função que lhe é atribuída:
a. a narração. c. a linguagem.
b. a encenação. d. o discurso.
11. No texto, Vampirildo confessa que tem medo de:
a. altura e monstros. c. altura e escuro.
b. escuro e pessoas. d. escuro e banho.
12. A utilização de vários pontos de exclamação nas falas de Vampirildo reforça a ideia que ele está
a. sonolento. b. exaltado. c. feliz. d. apaixonado.
13.É possível perceber que Vampirildo está:
a. tolerante. b. cansado.
c. renitente. d. conformado.
14.Das lições estudadas no Material Aprova Brasil, podemos assinalar que apenas a lição e apresentam textos
narrativos:
a. Lição 1 e 2 b. Lição 3 e 4. c. Lição 3 e 5. d. Lição 4 e 5.

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