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1 – INTRODUÇÃO..........................................................................................2
1.1 – OBJETIVOS............................................................................................2
6– BIBLIOGRAFIA........................................................................................20
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – OBJETIVOS
Até ao início do século XX, tanto em Portugal como no Brasil, seguia-se uma ortografia
que, por regra, se baseava nos étimos latino ou grego para escrever cada palavra (ex.:
pharmacia, lyrio, orthographia, phleugma, diccionario, caravella, estylo, prompto, etc.).
Em 1911, no seguimento da implantação da república em Portugal, foi levada a cabo
uma profunda reforma ortográfica que modificou completamente o aspecto da língua
escrita, aproximando-o muito do actual. No entanto, esta reforma foi feita sem qualquer
acordo com o Brasil, ficando os dois países com duas ortografias completamente
diferentes: Portugal com uma ortografia reformada, o Brasil com a ortografia tradicional
(dita pseudo-etimológica).
Ao longo dos anos, a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de
Letras foram protagonizando sucessivas tentativas de estabelecimento de uma grafia
comum a ambos os países. Em 1931 foi feito um primeiro acordo, no entanto, como os
vocabulários que se publicaram, em 1940 (em Portugal) e 1943 (no Brasil),
continuavam a conter algumas divergências, realizou-se um novo encontro que deu
origem ao Acordo Ortográfico de 1945. Este acordo tornou-se lei em Portugal, mas no
Brasil não foi ratificado pelo Congresso Nacional, continuando os brasileiros a regular-
se pela ortografia do Formulário Ortográfico de 1943.
Novo entendimento entre Portugal e o Brasil — efectivo em 1971 no Brasil e em 1973
em Portugal — aproximou um pouco mais a ortografia dos dois países, suprimindo-se
os acentos gráficos responsáveis por 70% das divergências entre as duas ortografias
oficiais e aqueles que marcavam a sílaba subtónica nos vocábulos derivados com o
sufixo -mente ou iniciados por -z- (ex.: sòmente, sòzinho). Novas tentativas de acordo
saíram goradas em 1975 — em parte devido ao período de convulsão política que se
vivia em Portugal, o PREC — e em 1986 — devido à reacção que se levantou em
ambos os países, principalmente a propósito da supressão da acentuação gráfica nas
palavras esdrúxulas (ou proparoxítonas).
No entanto, como, segundo os proponentes da unificação, a persistência de duas
ortografias oficiais da língua portuguesa — a luso-africana e a brasileira — impede a
unidade intercontinental do português e diminui o seu prestígio no mundo, foi elaborado
um "Anteprojecto de Bases da Ortografia Unificada da Língua Portuguesa"em 1988,
atendendo às críticas feitas à proposta de 1986, que conduziu ao novo Acordo
Ortográfico em 1990.
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da Gama Kury, Austregésilo de Athayde, Celso Cunha, Eduardo Mattos Portella,
Francisco de Assis Balthar Peixoto de Vasconcellos e José Olympio Rache de Almeida
(Brasil); Corsino Fortes (Cabo Verde); Paulo Pereira (Guiné-Bissau); Luís Filipe Pereira
(Moçambique); Maria de Lourdes Belchior Pontes e Mário Quarin Graça (Portugal).
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com vista a partilhar metodologias para a sua aplicação prática". Na declaração final da
reunião dos ministros da Cultura e Educação havida em Lisboa em 15 de novembro de
2008 apelou-se "aos Estados Membros que ainda o não fizeram para que ratifiquem os
protocolos modificativos e implementem o Acordo Ortográfico e aos que já ratificaram
os protocolos modificativos para que estabeleçam no mais curto espaço de tempo uma
data comum para implementar a sua utilização nos documentos e publicações oficiais.
Paralelamente, o ministro português José António Pinto Ribeiro afirmou que "assim que
tivermos o Acordo ratificado por todos os membros da CPLP, temos o instrumento
necessário para avançar na ONU e fazer com que o Português seja uma das línguas
de trabalho".
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Base IV - Das sequências consonânticas: É nesta base que é definida a
supressão das chamadas consoantes mudas, ainda em uso em Portugal, e os casos
de dupla grafia. Aborda o uso do c, com valor de oclusiva velar, das sequências
interiores cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct, e o p das sequências interiores
pc (c com valor de sibilante), pç e pt, que ora se conservam, ora se eliminam. Define,
também, a facultatividade do uso, quando há oscilação entre a prolação e o
emudecimento, do b da sequência bd; (em súbdito); do b da sequência bt (em subtil e
seus derivados); do g da sequência gd (em amígdala, amigdalite, etc.); do m da
sequência mn (em amnistia, indemnizar, omnipotente, omnisciente, etc.); do t da
sequência tm (em aritmética e aritmético).
Base V - Das vogais átonas: Regula o emprego do e e do i e do o e do u, em
sílaba átona, estabelecidos fundamentalmente por razões etimológicas e histórico-
fonéticas.
Base VI - Das vogais nasais: Aborda a representação das vogais nasais, se
representam por til, por m ou por n.
Base VII - Dos ditongos: Define os ditongos orais, tónicos ou átonos, distribuídos
por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é
representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou; ditongos representados por
vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante
nasal m.
Base VIII - Da acentuação gráfica das palavras oxítonas: Regula-se o uso do
acento agudo e do acento circunflexo, bem como os casos em que se prescinde de
acento gráfico para distinguir palavras oxítonas homógrafas, mas heterofónicas, e as
exceções. Definem-se, também, os casos de dupla acentuação, atendendo às
diferenças de pronúncia entre o português europeu e o português brasileiro, já que o
sistema de acentuação gráfica do português não se limita, em geral, a assinalar
apenas a tonicidade das vogais sobre as quais recaem os acentos gráficos, mas
distingue também o timbre destas.
Base IX - Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas: Definem-se as
palavras que recebem acento agudo e circunflexo; bem como as que não são
acentuadas graficamente. Também aqui se prevêem algumas facultatividades e casos
de dupla acentuação.
Base X - Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras
oxítonas e paroxítonas: Abordam-se os casos em que levam acentuação gráfica as
vogais tónicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas e os casos em que
ela não se aplica.
Base XI - Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas: Definem-se os
casos em que nas palavras proparoxítonas, reais ou aparentes se aplica o acento
agudo; os casos em que se aplica o acento circunflexo; e os casos em que tanto
podem levar acento agudo como acento circunflexo, dependendo do timbre,
respetivamente, aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua das vogais tónicas
e ou o em final de sílaba, quando seguidas de consoantes nasais grafadas com m ou
n.
Base XII - Do emprego do acento grave: Aborda os casos em que o acento grave
deve ser utilizado.
Base XIII - Da supressão dos acentos em palavras derivadas: Refere-se
especificamente aos casos dos advérbios em -mente, derivados de adjetivos com
acento agudo ou circunflexo e às palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por z
e cujas formas de base apresentam vogal tónica com acento agudo ou circunflexo.
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Esta supressão já era prática no Brasil desde 1971 e nos restantes países lusófonos
desde 1973.
Base XIV - Do trema: Estipula a supressão completa do trema, sinal de diérese,
em palavras portuguesas ou aportuguesadas, excetuando-se em palavras derivadas de
nomes próprios estrangeiros (por exemplo: mülleriano, de Müller).
Base XV - Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares:
Define o emprego do hífen nas palavras compostas por justaposição; nos topónimos
compostos; nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas;
nos compostos com os advérbios bem, mal, além, aquém, recém e sem; nas locuções
de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais,
prepositivas ou conjuncionais; na ligação de duas ou mais palavras que
ocasionalmente se combinam, formando encadeamentos vocabulares ou combinações
históricas ou ocasionais de topónimos.
Base XVI - Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação:
Especifica os casos em que se emprega o hífen nas formações com prefixos e em
formações por recomposição; os casos em que inequivocamente se não emprega; e o
seu uso nos vocábulos de origem tupi-guarani.
Base XVII - Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver: Aborda o
emprego do hífen na ênclise e na tmese; o seu não uso nas ligações da preposição de
às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver.
Base XVIII - Do apóstrofo: Estipula os casos em que o apóstrofo é indicado e os
casos em que ele não é admissível.
Base XIX - Das minúsculas e maiúsculas: Define os casos em que as letras
maiúscula e minúscula iniciais devem ser usadas. É ressalvada a possibilidade de que
obras especializadas possam observar outras regras, provindas de códigos ou
normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica,
botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras
reconhecidas internacionalmente.
Base XX - Da divisão silábica: Aborda a divisão silábica, designadamente os
casos em que as sucessões de duas consoantes podem ou não ser divididas; a divisão
de vogais; e dos digramas.
Base XXI - Das assinaturas e firmas: Assegura a possibilidade de indivíduos,
firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos com registo público possam
manter a escrita presentemente adotada.
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5. Sistema de acentuação gráfica (bases VIII a XIII)
6. Emprego do hífen (bases XV a XVII)
7. Outras alterações de conteúdo: inserção do alfabeto (base I) e abolição do
trema (base XIV)
8. Estrutura do novo texto.
2.6 - Objetivo do Acordo Ortográfico
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-ôo, como em assembléia e enjôo, passando a escrever-se assembleia e enjoo,
respectivamente.
Outra regra consiste na completa eliminação da diérese (mais conhecida por trema) em
palavras formadas por qü e gü em que o u é pronunciado, como em freqüência e
lingüiça, passando a escrever-se frequência e linguiça respectivamente.
2.7.1 - Alfabeto
2.7.2 - Trema
Não se usa mais o trema, sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser
pronunciada nos gruposgue, gui, que, qui.
Ex: Agüentar – agüentar, Argüir - argüir, Bilíngüe - bilíngüe Cinqüenta - cinqüenta.
2.7.3 - Acento
Ditongos
Não se usa mais acento dos ditongos o abertos éi e ói das palavras paroxítonas
(palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
Ex: Alcalóide – alcalóide, Alcatéia – alcatéia, Andróide – andróide, apóia (verbo apoiar)
– apóia.
Paroxítonas
Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem
depois de um ditongo.
Ex:Baiúca – baiúca, Bocaiúva – bocaiúva, Cauíla – cauila, Feiúra – feiúra.
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Ex: Abençôo – abençôo, crêem (verbo crer) – crêem, dêem (verbo dar) – dêem dôo
(verbo doar) – dôo.
Pôr/por
Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é prepo sição. Exemplo:
Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
Singular do plura
Permanecem os acentos que diferenciam singular do plural dos verbos ter e vir, assim
como de seus derivados manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros, Ele vem de Sorocaba. / Eles
vêm de Sorocaba., Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles)
arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como
aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos
admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente
do subjuntivo e também do imperativo.
(u) tônico.
Essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é,
deve ser pronunciada mais fortemente que as outras): enxag • uo, enxaguas, enxagua,
enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
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2.7.5 - Hífen
Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata
ainda de matéria controvertida em muitos aspectos. As observações a seguir referem-
se ao uso do hífen em palavras formadasb por prefixos ou por elementos que podem
funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum,
co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini,
Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h . Exemplos: anti-
herói, anti-higiênico, anti-histórico, macro-história, mini-hotel, proto-história.
Vogal diferente
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se
inicia o segundo elemento. Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem,
antiaéreo, antieducativo,autoaprendizagem.
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
por consoante diferente de r ou s. Exemplos: anteprojeto, antipedagógico, autopeça,
autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador, pseudoprofessor.
Prefixo vice
Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc. Não
se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r
ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos: antirrábico, antirracismo,
antirreligioso, antirrugas, antissocial, biorritmo.
Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar
pela mesma vogal. Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-
inflamatório, auto-observação, contra-almirante, contra-atacar.
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Prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró
Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.
Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-
prefeito, ex-presidente, pós-graduação, pré-história.
Origem tupi-guarani
Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu. Deve-se usar o hífen para ligar duas
ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente
vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-
São Paulo.
Exemplo:
Acção – ação, acto – ato, óptimo – ótimo, intersecção – interseção, recepção –
receção, respectivo – respetivo.
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Na situação atual, há um enorme custo económico e financeiro na produção de edições
diferentes de dicionários, livros didáticos e literários para o Brasil e para Portugal. Tal
deve-se às diferenças entre as duas variantes do Português no que concerne ao
vocabulário, à sintaxe e aos diversos usos e preferências linguísticos, mas também se
deve, salientam os defensores do Acordo, às divergências ortográficas. A demora na
edição de obras lexicográficas comuns contribui, alegam, para que o português se
insira no conjunto de línguas de pouca difusão, pouco conhecimento e pequena
repercussão no universo da comunicação multilingue, apesar de ser uma das mais
faladas do mundo, quer em número de falantes quer em número de países.
O Acordo Ortográfico prevê a preparação de um vocabulário técnico-científico comum,
ainda não concretizado, que seria de grande utilidade para a difusão bibliográfica e de
novas tecnologias que recorrem a terminologia científica e técnica, beneficiando os
educandos e os utilizadores da língua em geral.
Com a adoção por todos do Acordo Ortográfico, Brasil e Portugal poderão somar
esforços na cooperação com os PALOP e Timor-Leste, em ações de difusão e
fortalecimento da língua portuguesa. Os livros e outros materiais educativos, os
programas de educação à distância e outros materiais didáticos adoptados em
qualquer país lusófono poderão ser mais facilmente reproduzidos noutro país. Os
programas de formação e aperfeiçoamento para professores de português como
segunda língua, por exemplo, poderão passar a ser comuns, em vez de Portugal e
Brasil desenvolverem separadamente as suas iniciativas.
Com o Acordo Ortográfico em vigor, fica aberto o caminho para um entendimento entre
Portugal e o Brasil sobre a certificação comum de proficiência em língua portuguesa
para estrangeiros, pois o Brasil emite hoje o certificado CELPE-Bras, enquanto que em
Portugal o único diploma válido é o emitido pelo Instituto Camões.
Além da expansão e do fortalecimento da cooperação educacional em língua
portuguesa, a aprovação do Acordo Ortográfico é condição essencial, alegam os seus
defensores, para a definição de uma política linguística de bases comuns na CPLP e,
portanto, para o bom funcionamento do Instituto Internacional da Língua Portuguesa,
entidade criada em 1989 e sediada em Cabo Verde.
Acordo Ortográfico de 1990 tem sido alvo de crítica e enfrenta a oposição de diversos
escritores, linguistas, políticos, deputados e profissionais da língua.
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anteriores, como mostra este trecho de Alexandre Fontes, escrito nas vésperas da
reforma ortográfica de 1911:
"Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase. Não nos parece uma palavra,
parece-nos um esqueleto (...) Affligimo-nos extraordinariamente, quando pensamos
que haveriamos de ser obrigados a escrever assim!" (respeitando-se a escrita original
do autor).
E Teixeira de Pascoaes: "Na palavra lagryma, (...) a forma da y é lacrymal; estabelece
(...) a harmonia entre a sua expressão gráfica ou plástica e a sua expressão
psicológica; substituindo-lhe o y pelo i é ofender as regras da Estética. Na palavra
abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério... Escrevê-la com
i latino é fechar a boca do abysmo, é transformá-lo numa superfície banal."
Parte dos críticos acredita que a proposta, em sua encarnação atual, é insuficiente
para atingir seus propósitos, uma vez que muitas palavras continuarão apresentando
possíveis variantes ortográficas. O professor de português Pasquale Cipro Neto afirma
que "é uma reforma meia-sola, que não unifica a escrita de fato", enquanto que o
escritor João Ubaldo Ribeiro afirma que "é uma reforma tímida, que não faz grandes
inovações".
Muitos críticos acreditam que a proposta está tentando resolver um não-problema, uma
vez que, apesar das diferenças ortográficas, as variantes escritas da língua portuguesa
são perfeita e confortavelmente inteligíveis pelos seus leitores. O sucesso de vendas
dos escritores portugueses José Saramago e Miguel Sousa Tavares, entre outros, no
Brasil, cujos livros usam a grafia lusitana do português por exigência dos autores, é
apontado como uma evidência de que não é por falta do Acordo que não há mais
intercâmbio literário dentro do espaço lusófono. Esses críticos apontam que as
dificuldades de compreensão escrita, quando ocorrem, são devidas às diferenças de
vocabulário ou gramaticais, as quais não são possíveis de se eliminar por imposição
duma ortografia comum. Além disso, as dificuldades de compreensão são mais
relevantes na língua oral, sobre as quais o Acordo não pretende ter influência. Miguel
Sousa Tavares afirma ter conseguido vender no Brasil 50 mil exemplares de um livro
seu, mantendo a ortografia original (do português europeu), apesar dos "agoiros de
desastres e da teimosia" do autor. Salienta também "o orgulho em ter feito bem mais
pela nossa língua no Brasil do que todos esses [os promotores do Acordo] que se
dispõem a vendê-la como coisa velha e descartável."
Outros críticos apontam para os custos da unificação, que incluem:
• Adaptação do corpo literário já existente pelas editoras. O custo médio de
preparação e revisão de um único livro é, no Brasil, de cinco mil reais.
• Súbita obsolescência de dicionários, gramáticas e livros escolares, que terão
que ser substituídos.
• Reaprendizagem ortográfica por parte de uma grande massa de pessoas,
incluindo crianças.
Pasquale Cipro Neto alerta que "vamos enterrar dinheiro em uma mudança que não
trará efeitos positivos", enquanto que o professor Cláudio Moreno sustenta a opinião de
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que "essa idéia messiânica, utópica de que a unificação vai transformar o português
em uma língua de relações internacionais é uma tolice"].
Em Portugal, alguns editores e livreiros têm sido particularmente cépticos quanto ao
Acordo Ortográfico, salientando os elevados custos para a adaptação de dicionários e
outros livros às novas regras.
Muita gente aponta que é falsa a idéia de que a união ortográfica fortalecerá a língua
portuguesa no cenário internacional, uma vez que a projecção duma língua depende
de muitos factores, o menor dos quais será a existência de divergências ortográficas.
Por exemplo, o inglês não tem ortografia oficial e apresenta variadas divergências quer
gráficas quer não-gráficas entre os países onde é falado e tal não impede que seja a
língua internacional por excelência. Aliás, pode alegar-se que o facto de não haver uma
academia regulando a língua constitui um factor de dinamismo, facilitando desse modo
a inclusão de milhares de novas palavras no léxico inglês anualmente.
Os editores e livreiros têm afirmado que o acordo é "um facilitismo para as editoras
brasileiras entrarem nos países africanos", ameaçando os importantes interesses das
editoras portuguesas nesses países. Algumas chegaram mesmo a afirmar que não irão
adoptar nos seus livros as alterações previstas. Na mesma linha, alguns linguistas
portugueses afirmaram que a adopção deste tratado acarretará um "abrasileiramento"
da escrita da variante lusitana da língua.
O comentador político e escritor Miguel Sousa Tavares critica o acordo como sendo
apenas uma "ameaça por parte dos políticos e dos membros das Academias" cujo
objectivo é "pôr-nos [os portugueses] a escrever como os brasileiros, assim lhes
facilitando a sua penetração e influência nos países de expressão portuguesa" que, ao
concordar com Vasco Graça Moura, trata-se de "'diktat' neo-colonial, em que o mais
forte (o Brasil) determina a sua vontade ao mais fraco (Portugal)" deixando a dúvida se
"Alguém imagina os Estados Unidos a ditarem à Inglaterra as regras ortográficas da
língua inglesa? Ou o Canadá a ditar as do francês à França ou a Venezuela as do
espanhol a Espanha?"
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casos duvidosos, a pretexto de que pode haver diferenças entre a pronúncia
portuguesa e brasileira, abrindo inaceitavelmente a porta a todas as diferenças de
grafia e mesmo, no limite, à opção individual por determinada maneira de escrever (...)
chegando ao ponto da lei do menor esforço e do facilitismo"].
Na mesma linha segue a Associação Portuguesa de Linguística, em parecer de 2005
solicitado pelo Instituto Camões e elaborado por Inês Duarte, professora catedrática de
Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: "os negociadores do
Acordo autorizam duplas ou múltiplas grafias no interior de cada país, com base num
critério da pronúncia, que em nenhuma língua pode ser tomado como propriedade
identificadora dum sistema linguístico e da(s) sua(s) respectiva(s) norma(s) nacionais,
mas sempre e apenas de uma sua variedade dialectal ou social". João Andrade Peres,
também professor catedrático de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa, num parecer de 2008 sobre as facultatividades, escreveu: "O Acordo em
análise admite grafias facultativas para a língua portuguesa em toda a sua extensão,
sem quaisquer restrições além da existência (onde quer que seja) de uma pronúncia
culta que as sancione. Segundo a sua letra (...), dois alunos portugueses, em Portugal
(ou brasileiros, no Brasil, etc.), sentados lado a lado, ou dois professores em salas
contíguas seriam livres de usar a seu bel-prazer as grafias alternativas. Em última
análise, é deixada ao livre arbítrio de cada cidadão a escolha da grafia, pondo-se em
causa a função da língua escrita como factor de coesão social".
Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura do governo português, professora
catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e deputada do Partido
Socialista, apontou como uma das principais fragilidades do Acordo Ortográfico "o facto
de acabar por nem sequer se revelar uma versão fraca de unificação ortográfica, como
se pretendia, mas antes uma versão permissiva, erigindo o princípio da facultatividade
excessiva, o qual vai contra o próprio conceito normativo de ortografia, originando
nomeadamente a possibilidade do uso de duplas grafias dentro do mesmo país, isto é,
abrindo a porta à heterografia"[50]. António Emiliano, professor de Linguística da
Universidade Nova de Lisboa, acentuando a linha de argumentação de Pires de Lima,
afirmou que "o estabelecimento generalizado da grafia dupla nos domínios da
acentuação, das consoantes mudas e da maiusculização, minará a estabilidade do
ensino da Língua Portuguesa (ferramenta que abre a porta a todas as outras
disciplinas) e porá em causa a integridade do uso e da difusão internacional da língua
portuguesa, valores que a Constituição consagra (Art.º 9.º. al. f). A possibilidade de se
escrever de forma alternativa uma quantidade enorme de palavras e de expressões
complexas deixa ao arbítrio de cada utilizador individual a estrutura da 'sua' ortografia
pessoal — imagine-se o que seria cada um de nós poder pôr em vigor a sua versão
personalizada do Código de Processo Penal ou do Código da Estrada!".
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quais está o domínio do mercado editorial da CPLP, que até agora Portugal detém,
liderar o processo acompanhado daqueles dois países".
O euro-deputado Vasco Graça Moura afirma que a ideia do Acordo partiu do presidente
brasileiro José Sarney, tendo na altura enviado um emissário aos PALOP com esta
finalidade, e salienta que "para o Brasil, mais realista e mais pragmático, tudo era,
desde o início, uma pura questão de mercado". Na assembleia da República, o euro-
deputado afirmou que, apesar das intenções do Acordo Ortográfico, "o tratado serve
interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses
inalienáveis dos demais falantes de português no mundo", em especial de Portugal, e
representa "uma lesão inaceitável de um capital simbólico acumulado e de projecção
planetária".
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5 – CONCLUSÃO
O português, segundo estudos, é a quinta língua mais falada no mundo – cerca de 210
milhões de pessoas – e tem duas grafias oficiais, o que dificulta o estabelecimento da
língua como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) . A
ortografia-padrão facilitará o intercâmbio cultural entre os países que falam português.
Livros, inclusive os científicos, e materiais didáticos poderão circular livremente entre
os países, sem necessidade de revisão, como já acontece em países que falam
espanhol. Além disso, haverá padronização do ensino de português ao redor do
mundo.
Uma vez unificado, o português auxiliará a inserção dos países que falam a língua na
comunidade das nações desenvolvidas, pois algumas publicações deixam de circular
internacionalmente porque dependem de "versão". Um dos principais problemas que as
novas regras vão acarretar, no entanto, será o custo da reimpressão de livros.
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6– Bibliografia
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