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REVI
RE STA
EVI TA Nº11
Nº1
11 · 2010
201
10
10
COMUNICARE - Portugal
J&D - Consultores em Comunicação, Lda.
NPC: 508 336 783 | Capital Social: 5.000€
Rua do Senhor, 592 - 1º Frente
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Delegação Angola’in
Representante: Lisete Pote
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Mutamba - Luanda - Angola
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in loco
O FUTURO HOJE!
revista bimestral nº11 - 2010
http://angolain.blogspot.com · http://twitter.com/angolain
Nesta edição, a Angola’in presenteia os seus uma nova interpretação ao conceito de co-
leitores com uma visão vanguardista das déca- mércio internacional.
Direcção Executiva
Daniel Mota Gomes · João Braga Tavares das que se aproximam. Imagine-se em 2050.
Direcção Editorial Como será a sua vida nessa altura? O futuro Economia representa mais do que a sua de-
Manuela Bártolo - mbartolo@comunicare.pt
Redacção e dia-a-dia que vê nos filmes de ficção cientí- finição no sentido lato. Analisando o pano-
Patrícia Alves Tavares - ptavares@comunicare.pt fica estão mais próximos da realidade actual rama da poupança social, a nossa publicação
André Sibi - asibi@comunicare.pt
Micael Vieira - mvieira@comunicare.pt do que imagina. Habitue-se à ideia de condu- ensina-o a “jogar” na Bolsa de Valores Social.
Colaboradores zir carros híbridos, de mudar a sua alimenta- O projecto existe em apenas dois países e An-
Inglês Pinto · Miguel Matos Torres · João Carlos Costa
Pétio Juarez Penelas de Barros · Gracinha Viterbo ção ou simplesmente de conviver com as mais gola pode ser a próxima a acolher um plano,
Luís Duarte · Wilson Aguiar
diversas máquinas, que prometem simplificar que tem como finalidade o financiamento de
Design Gráfico
Bruno Tavares · Patrícia Ferreira os hábitos de cada indivíduo. Estamos cons- programas de luta contra a pobreza.
design@comunicare.pt
cientes de que o universo está em constante
Fotografia
Ana Rita Rodrigues (freelancer) · Shutterstock mutação. A evolução tecnológica dos últimos Aliás, os projectos não param de nascer. Exem-
Midan Campal - midan@comunicare.pt
anos é exemplo da predisposição humana pa- plo disso é a recente parceria estabelecida en-
Serviços Administrativos e Agenda
Maria Sá - agenda@comunicare.pt ra a inovação. A Angola’in apresenta-lhe em tre a AIP-CE e a FIL de Luanda, que deverá
Revisão primeira mão alguns dos projectos mais ousa- dinamizar o mercado e a produção nacional,
Marta Gomes
dos, antevendo o perfil e o quotidiano do ser catapultando-a no estrangeiro. A Angola’in en-
Direcção de Marketing
Pedro Posser Brandão humano nas próximas décadas. trevistou o presidente da Associação Industrial
Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369
E-mail - pbrandao@comunicare.pt
de Portugal (AIP) e revela em exclusivo quais
Futuro é expressão recorrente nos últimos os intentos da confederação para o país.
Publicidade
Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369 tempos. A palavra está na ordem do dia no
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que toca à agenda política nacional. A 21 de No plano cultural, damos voz a um jovem
Departamento Financeiro Janeiro, a Nova Constituição foi aprovada por talento, que dispõe de todas as armas para
Sílvia Coelho
Departamento Jurídico unanimidade. O momento marca uma mu- triunfar no mundo do cinema, dentro e fora de
Nicolau Vieira dança em diversos sectores da sociedade. portas. Mário Bastos prepara-se para estrear
Impressão
PERES-SOCTIP, Indústrias Gráficas, SA Nesta edição, descubra as mudanças que a mais uma curta-metragem. Desta vez, Angola
Distribuição Carta Magna vai implementar e quais as prin- surge como pano de fundo da acção e a pro-
MN Distribuidora
cipais novidades do documento. dução é inteiramente nacional. Descubra os
Tiragem
7.500 exemplares bastidores de uma história que promete emo-
—
ISSN 1647-3574 A secção de Economia confere-lhe acesso aos cionar o país. O realizador angolano é o rosto
DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09 ensinamentos de Paul Krugman. O Prémio do sucesso das novas gerações. Os seus êxi-
—
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, Nobel da Economia de 2008 tem procurado tos auguram um futuro atractivo e, à seme-
fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer
fins, inclusive comerciais
explicar os efeitos práticos da globalização e lhança do passado, recheado de importantes
das economias de escala. A Angola’in dá a co- conquistas.
nhecer as teorias daquele que estudou o im-
ASSI NE ANGOLA ’IN pacto da transformação do New Trade e deu A Direcção
36 EUROS
4200 KWANZAS / 45 USD /
1 ANO
—
assinaturas@comunicare.pt
nova constituição
A Carta Magna já entrou em vigor. Aprovado
em Janeiro, o documento, que reuniu o
consenso dos deputados, marca um novo
ciclo governamental que culminará com
as eleições gerais, marcadas para 2012. O
cargo de Primeiro-Ministro foi extinto e o
Presidente da República passa a ser eleito
directamente. O combate à corrupção, a
protecção do consumidor e a clarificação dos
direitos e deveres dos cidadãos constituem as
principais mudanças. A Angola’in revela-lhe
todos os pormenores
112 76
CULTURA & LAZER DESPORTO
império dos sentidos velocidade em alta
Nesta edição, encontra tudo o que precisa saber acer- Os motores estão em destaque na secção de Desporto.
ca da evolução da moda nacional. Conversamos com Ao longo de seis páginas, compreenda a filosofia de
a estilista Lisete Pote e traçamos os principais desa- uma modalidade que reúne um número crescente de
fios que o sector enfrenta. A dinamização da activi- adeptos. As dificuldades são o principal entrave à evo-
dade é evidente. Porém, a criação de uma indústria lução destas actividades. Ricardo Teixeira, José Car-
têxtil competitiva e eficaz é urgente. Já, o talento dos los Madaleno e Sandro Carvalho contam à Angola’in
jovens profissionais é a principal ‘arma’ para singrar como conseguiram alcançar vitórias nos palcos in-
no mercado. Conheça os rostos do sucesso ternacionais. A receita para o triunfo é simples
ANGOLA IN PRESENTE
03 IN LOCO 12 INSIDE 20 IN FOCO 68 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO 88 ESTILOS
10 EDITORIAL 16 MUNDO 52 FOTOREPORTAGEM 80 LUXOS 94 LIVING
6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO
ECONOMIA & NEGÓCIOS
20 mercados em potência
Não perca os ensinamentos do Prémio Nobel da Economia. Paul
Krugman procurou explicar os efeitos práticos da globalização,
estabelecendo uma nova interpretação do comércio internacio-
nal. O especialista estudou o impacto da transformação do con-
ceito do New Trade na actividade económica e defende que os 46
mercados nem sempre funcionam. Porém, o seu fracasso está GRANDE ENTREVISTA
relacionado com a falta de economia de escala. Descubra como
pode aplicar estas teorias para dinamizar o seu negócio investimento prioritário
Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, é o novo
SOCIEDADE parceiro da Feira Internacional de Luanda.
34 as duas faces da moeda Após a assinatura do protocolo de cooperação,
o responsável da Associação das Indústrias
Já pensou em ‘investir’ na Bolsa? Na hora de decidir, escolha
Portuguesas revelou os projectos que tem
também a de valores sociais. O modo de funcionamento é
idêntico ao modelo tradicional. Neste caso, as acções são doa- em curso em Angola e quais as vantagens
ções para empresas com projectos sociais à escolha. O lucro é de trabalhar conjuntamente com a FIL. Em
para a comunidade. O conceito inédito existe em dois países e entrevista exclusiva, o empresário luso promete
pode ser aplicado em Angola. Compreenda as vantagens deste novidades para 2010 e faz um balanço positivo
projecto e como pode ‘jogar’ a favor da sociedade da economia nacional
SUMÁRIO · ANGOLA’IN |7
editorial
o insurgente
O homem que estudou e procurou explicar os efeitos ter encorajado mais este Governo, que excedeu larga-
práticos da globalização e das economias de esca- mente as expectativas e efectivamente mostrou ao
la inspirou um dos temas de destaque desta edição. mundo o caminho a seguir”, escreveu Paul Krugman,
mbartolo@comunicare.pt Paul Krugman é norte-americano, crítico feroz da po- em 2008. Natural de um país onde os cuidados de
lítica ministrada na era de George W. Bush e vencedor saúde são (ainda) uma benesse de quem tem segu-
do Prémio Nobel de Economia. No momento de cri- ros, o economista defende o sistema de segurança so-
se financeira que afecta a economia globalizada, não cial. Este é um dos pontos que o também colunista do
podia estar mais certo ao defender que os mercados “New York Times”, criticava ferozmente na governa-
nem sempre funcionam, mas o fracasso dos mesmos ção Bush. Apesar das opiniões políticas consideradas
prende-se, muitas vezes, com a falta de economia de de “esquerda”, o Nobel foi conselheiro para os assun-
escala. As suas conclusões revolucionaram a teoria do tos económicos de Ronald Reagan, na década de 80,
comércio internacional que vigorava na década de 70 em plena guerra fria. Actualmente, lecciona Economia
e que se baseava na máxima de que os mercados fun- e Assuntos Internacionais e o seu trabalho de pesqui-
cionavam bem de forma independente. O professor sa tem-se centrado nas crises económica e monetá-
da Universidade de Princeton foi escolhido pela Real ria. Carismático, explica que ganhou o honroso prémio
Academia Sueca das Ciências por ter relacionado geo- porque, quando criança, lia romances de ficção cien-
grafia económica e comércio internacional, explicando tífica. “Nos primeiros romances de Asimov, os cien-
que alguns produtos e serviços podem ser produzi- tistas sociais salvavam civilizações”, refere. “Gostava
dos mais baratos em série, o conceito de economia de disso e queria fazer o mesmo. Obviamente constatei
escala. A teoria do “New Trade”, explica porque é que que a salvação muitas vezes não funciona tão bem na
progressivamente se foi substituindo a produção de prática quanto nos romances”, salienta. Um IN FOCO
pequena escala em economias locais, pelas produções muito especial para ler, pensar e adaptar às reais ne-
em escala, dominadas por grandes empresas globa- cessidades da nossa economia, sem esquecer o cres-
lizadas. Krugman estudou o impacto desta transfor- cimento das novas redes sociais que agora irrompem
mação nos padrões de comércio e na localização da um pouco por todo o território. De salientar que para o
actividade económica e deu um nova interpretação ao sucesso pretendido importa não esquecer premissas
comércio internacional. Segundo a sua opinião sobre como a distância, os custos de transporte, a “dimen-
a solução para a crise financeira actual, o Governo bri- são espacial” de qualquer actividade económica e os
tânico está certo. A nacionalização parcial das entida- retornos crescentes para justificar a desigual distri-
des bancárias é apoiada pelo economista que elogia, buição, nacional e global da actividade económica. As-
também, os países da Zona Euro (UE). “Parece que os pectos a que Angola se deve familiarizar quando der
governos da Zona Euro deram conta do recado, adop- início a verdadeiros clusters (aglomerados) económi-
tando mais ou menos o plano britânico (...). Deveria cos em sectores-chave para o país.
10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL
EDITORIAL · ANGOLA’IN | 11
INSIDE | patrícia alves tavares
PROCURAR
INVESTIMENTOS RESERVAS EM RISCO
Angola participará na Expo Xangai 2010 (Chi-
na) com um propósito claro: atrair investimen- A Empresa Nacional de Diamantes de Angola ao descontrolo da actividade, o Estado per-
tos estrangeiros. Quem o diz é a comissária (ENDIAMA) manifestou-se preocupada com de anualmente cerca de USD 300 milhões. O
para a exposição, Albina Assis, que destaca o o facto de as reservas de diamantes começa- problema já conduziu o Governo a desenvol-
facto de o evento constituir uma oportunida- rem a escassear. A situação tem-se agravado ver acções para evitar a ocupação anárquica
de para o país reafirmar o seu posicionamen- no país ao longo dos últimos anos, nomea- das reservas do Estado, através do contro-
to regional e internacional, revelando todo o damente devido à intensa actividade regis- lo do uso dos recursos, criação de emprego
desenvolvimento dos últimos anos. A respon- tada nas regiões tradicionais de exploração e protecção dos recursos naturais. Aliás, o
sável defendeu que a Grande Exposição se diamantíferas, praticada na maioria dos ca- Executivo aprovou no primeiro semestre de
apresenta como o cenário ideal para discus- sos por cidadãos da República Democrática 2009 o regulamento de exploração para sal-
sões de políticas e acções à volta do tema da do Congo. A situação já levou o presiden- vaguardar esses recursos, conferindo aos ci-
sustentabilidade das grandes capitais mun- te da ENDIAMA, António Carlos Sumbula, a dadãos nacionais exclusividade no que toca
diais. “O nosso objectivo é mostrar as nossas apelar às autoridades angolanas e congole- à actividade artesanal de extracção de dia-
potencialidades, apoiando-se no maior e mais sas para que resolvam o problema. A provín- mantes, durante um período mínimo de dez
importante recurso que é a diversidade do ca- cia da Lunda Norte é a região com o maior anos. As primeiras licenças serão emitidas no
pital humano que possuímos”, reiterou. Ango- índice de garimpo e imigração ilegal. Devido primeiro trimestre deste ano.
la participa na feira com um pavilhão de 1000
m2, que vai representar os antepassados em
contraposição com os núcleos modernos ur-
banos. A Expo Xangai decorre entre 1 de Maio
e 31 de Outubro e tem como slogan “Melhor
Cidade, Vida Melhor”.
12 | ANGOLA’IN · INSIDE
UNITEL AUMENTA COBERTURA DE REDE
A maior empresa de telecomunicações móveis em Angola expandiu a sua cober-
tura a mais onze municípios do país, através da instalação de novas estações de
rede em diferentes províncias. “Os municípios de Cuvango, Chipindo e Quilengues
(província de Huíla), Ebo e Quilenda (Kwanza Sul), Ekunha, Tchinjenje e Longonjo
(Huambo), Chongoroi (Benguela), Bungo e Mucaba (Uíge) dispõem agora das in-
UNICER TERÁ FÁBRICA fra-estruturas necessárias para que os clientes da Unitel tenham acesso ao sinal
O projecto remonta a 2003, mas só agora de rede”, anunciou a operadora. Com liderança consolidada no mercado das te-
foram assinados os contratos com os três lecomunicações móveis nacionais, a empresa alcançou recentemente os 5,5 mi-
parceiros nacionais. A empresa portuguesa lhões de clientes. Em Angola existem duas redes, a estatal Angola Telecom e a
Unicer pode arrancar com a construção da privada Unitel, que iniciou as suas operações em 2001 e tem actualmente uma
fábrica de cerveja, que está orçada em 120 quota de mercado superior a 60 por cento.
milhões de dólares. A entidade assume a de-
signação de Única e será detida em 49 por
cento pela Unicer. Os restantes 51 por cento
serão repartidos pela Giasope, Emprominas e
Imosil. A fábrica, que já tem a autorização do
Governo, ficará a cerca de 30 quilómetros de
Luanda e vai criar mais de mil postos de tra-
balho directos e 10 mil indirectos. A sociedade
vai dar início à procura de terrenos e concreti-
zação física do projecto. A unidade deverá es-
tar a funcionar em 2012.
LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA
As associações de defesa de consumidores defendem a criação de um
laboratório de referência que garanta uma maior segurança alimen-
tar. Domingos da Conceição, secretário-geral da Federação das Asso-
ciações de Defesa dos Consumidores de Angola (FAAC), sugere que
o Governo desenvolva urgentemente organismos que correspondam
aos padrões internacionais, de modo a garantir a qualidade dos pro-
dutos que chegam ao território nacional. Em declarações ao jornal ‘O
País’, o responsável alega que parte dos alimentos possui os requisitos
necessários para consumo quando importados, mas perdem a qua-
lidade devido à má conservação e transportação. “O país está numa
fase de crescimento acentuado, sendo que o consumo aumenta em
paralelo diariamente, no qual são precisos instrumentos técnicos pa-
ra auferir a qualidade dos alimentos que consumimos”, esclarece. Na
opinião do representante da FAAC, os laboratórios de referência são
extremamente importantes, pois reforçam a capacidade de actuação
das associações, que encaram este aspecto como uma das medidas
para que todos tenham acesso a uma alimentação segura, suficiente
e nutritiva.
INSIDE · ANGOLA’IN | 13
INSIDE
ELEIÇÕES EM 2012
José Eduardo dos Santos confirmou que as
eleições gerais vão decorrer em 2012, coinci-
dindo com o término da actual legislatura.
Após a recente aprovação e entrada em vigor
da Constituição, o Presidente da República
explicou que “o Estado deverá criar as condi-
ções para a realização” do sufrágio, agendado
para a data em “que finda o mandato resul-
tante das legislativas de Setembro de 2008”.
O responsável afirmou ainda, em resposta HOLANDESES APOSTAM NA AGRICULTURA
às críticas da Unita, “é fruto de um prolon- O grupo Tahal, controlado pela empresa holandesa Kardan NV, pretende desenvolver um sistema
gado debate aberto, livre e democrático com de abastecimento e recolha de águas residuais e de irrigação para o colonato rural de Quiminha.
todas as forças vivas da Nação”. Recorde-se O contrato de 143 milhões de euros foi rubricado pelo Ministério das Obras Públicas e permitirá
que com as alterações impostas pelo Tribu- criar um projecto integrado de desenvolvimento agrícola e regional. O espaço que vai albergar o
nal Constitucional, o presidente da República mecanismo conta com 310 explorações agrícolas e está a 70 quilómetros a sudeste da capital. O
é eleito como cabeça-de-lista do partido ou da futuro sistema tem como objectivo o aproveitamento dos terrenos férteis, de forma a aumentar
coligação mais votada, sendo feita a sua iden- a produção local de produtos agrícolas. O projecto deverá arrancar durante o primeiro semestre
tificação no boletim de voto, ao contrário do de 2010 e ficará concluída num prazo de três anos. O grupo Tahal é uma organização mundial, se-
inicialmente previsto. Já o cargo de primeiro- deada em Amesterdão, especializada em sistemas de abastecimento de água, recolha de águas
ministro deixa de existir. residuais, energia hidroeléctrica, gestão de resíduos sólidos, entre outros.
E-GOVERNO APROVADO
SONANGOL PARCEIRO DE FIRMA INDIANA O Executivo de José Eduardo dos Santos apro-
vou o projecto da rede privada “e-Governo”. A
A companhia indiana de Petróleo e Gás assinou um
decisão foi divulgada pelo presidente da As-
memorando de entendimento com a Sonangol. O
sembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias
documento tem como finalidade o desenvolvimento
dos Santos e visa aperfeiçoar a transparência
de actividades de exploração de petróleo, baseado
governativa. O responsável argumentou que
numa actuação conjunta, reforçando assim a coo-
o sistema de governo electrónico é um meio
peração bilateral entre as duas entidades. O acordo
que permitirá estreitar a relação do Estado
foi alcançado durante a visita a Luanda do ministro
com os órgãos dependentes, com a população
indiano dos Petróleos e Gás Natural, Murli Deora. A
e com os diversos sectores privados. O dirigen-
agência Bloomberg noticia que o presidente da Oil &
te aproveitou a ocasião para recordar que está
Natural Corporation of Índia, R. S. Sharma, declarou
em curso a criação do primeiro Centro de Da-
que o memorando “abre oportunidades para as duas
dos Certificados de nível três, que foi lançado
empresas trabalharem juntas em todas as áreas do
no último ano e vai salvaguardar o domínio Top
negócio do petróleo”.
da Internet no país, bem como possibilitar a
centralização das bases de dados do Governo.
14 | ANGOLA’IN · INSIDE
MUNDO | patrícia alves tavares
cop15
Europa quer energia verde
Nove países europeus estudam a criação de uma rede de abas-
tecimento ultramoderna com recurso exclusivo a energias re-
nováveis. O projecto está orçado em 30 mil milhões de euros e
surge como resposta ao fracasso da Cimeira de Copenhaga. O jor-
nal alemão Sueddetusche Zeitung avançou a notícia, adiantando
que a ideia se destina a equilibrar o abastecimento com energia
eólica, hídrica e solar. O plano inclui uma rede que agrupará 65
centrais energéticas da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França,
Holanda, Irlanda, Luxemburgo, Noruega e Reino Unido. Para con-
cretizar o projecto, serão desenvolvidos nos próximos dez anos
milhares de quilómetros de cabos submarinos de alta tensão
diante das costas alemã e britânica, para transmitir a energia re-
colhida nestes países. Os custos ficam ao encargo de empresas
privadas. Segundo o Ministério da Economia alemão, a iniciativa
arranca em Janeiro, estando agendado para o primeiro trimestre
uma reunião de representantes ao mais alto nível. O projecto da
nova rede energético-ambiental surgiu em Dezembro, após uma
reunião na Irlanda entre as nações participantes. Até Outubro, os
dubai respectivos governantes pretendem ainda assinar uma declara-
Maior torre do mundo ção de intenções e um calendário de implementação do projecto.
Tem mais de 800 metros de altura e 200 an-
dares. O arranha-céus Burj Dubai foi inaugu-
rado no início do ano e é o edifício mais alto do
mundo. A torre simboliza a ambição do Du- peru
bai, que pretende tornar-se numa das maio-
res potências económicas mundiais, apesar 25 anos para Fujimori
da crise que o país enfrentou recentemente. O Supremo Tribunal do Peru confirmou por
A obra arrancou em 2004 e custou cerca de unanimidade a condenação a 25 anos de pri-
1,5 mil milhões de dólares. A sua construção são de Alberto Fulimori. O ex-presidente foi
levou 22 milhões de horas e ficou ao encargo punido pelos crimes de violação dos direitos do
da companhia imobiliária Emaar. O empreen- Homem. A decisão surge na sequência de um
dimento pesa 500 mil toneladas e ultrapassa recurso interposto pelo antigo chefe de Esta-
os 500 metros da torre Taipei 101, em Taiwan do peruano, que já tinha sido condenado em
(até então a mais alta do planeta). No 124º Abril pela responsabilidade em massacres de
andar existe um posto de observação, que civis em 1991 e 1992, durante a repressão das
possibilita a visualização de todo o emira- guerrilhas de extrema-esquerda. Fujimori foi
do de Dubai. No entanto, segundo a agência ainda condenado em 2007 e 2009 – em proces-
Reuters, das duas centenas de pisos apenas sos distintos – com penas de seis a nove anos
35 poderão ser habitados, pelo que a maioria pelos crimes de corrupção e abusos de poder.
dos espaços de luxo já se encontra vendida. Como no Peru as sentenças não acumulam, o
Com 57 elevadores e três mil vagas de esta- ex-presidente deverá cumprir a mais longa (25
cionamento, a nova torre acolhe o requintado anos), o que para os seus apoiantes significa
hotel da Armani. “uma condenação à morte”.
cuba
Eleições parciais em Abril
O Conselho de Estado cubano convocou eleições parciais, que se destinam à escolha dos delegados das assembleias municipais (vereadores)
do Poder Popular. A ida às urnas está agendada para 25 de Abril e caso nenhum dos candidatos obtenha mais de 50 por cento dos votos, terão
que ir à segunda volta, marcada para 2 de Maio. Recorde-se que as eleições municipais decorrem a cada dois anos, pelo que os cubanos com
mais de 16 anos votaram pela última vez em Outubro de 2007, quando elegeram mais de 15 mil representantes dos 169 municípios do país,
escolhendo os 614 deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento) e os delegados das Assembleias Provinciais. As eleições
antecederam as de Janeiro de 2008.
16 | ANGOLA’IN · MUNDO
ciência
Cinco planetas fora do sistema solar
A Sociedade americana de Astronomia, em Washington (EUA),
revelou que o telescópio espacial Kepler (enviado para o espaço
a 6 de Março de 2009) encontrou os primeiros cinco planetas
fora do sistema solar. Estes juntam-se aos 415 exo-planetas
detectados desde 1995, com recurso a outros telescópios. As
novas descobertas apresentam dimensões que variam entre
o tamanho de Neptuno e um maior que Júpiter. Após cerca de
seis semanas de recolha de dados, os cientistas concluíram que
os planetas, chamados Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b, são dema-
siado quentes para albergar vida, já que as temperaturas osci-
lam entre os 1200 e os 1648 graus Célsius. “Estas observações
ajudam-nos a compreender melhor como se formam e evoluem
os sistemas planetários”, sustentou William Borucki, do centro
de investigações Ames da NASA e responsável principal pela
equipa científica do Kepler. O investigador acredita que o teles-
cópio norte-americano poderá encontrar planetas mais peque-
nos com órbitas mais longas, “aproximando-se da descoberta
do primeiro planeta análogo à Terra”. eua
Segurança apertada gera polémica
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou novas me-
didas de segurança nos aeroportos com vista a evitar novos ataques
terroristas. Assim, as 550 mil pessoas que constam da ‘watch list’
de suspeitos encontram-se proibidas de voar para os EUA. Por outro
lado, as regras nas vistorias dos passageiros foram apertadas. A par-
tir de Janeiro, todos os indivíduos oriundos de uma lista de 14 países
– cujos nomes não foram divulgados – e que tenham como destino
cidades americanas são obrigados a passar por revistas corporais. O
mesmo se aplica a todas as pessoas que façam escala nas referidas
regiões, verificando-se ainda um acréscimo dos controlos aleatórios
de todos os viajantes. A questão das revistas corporais está a gerar
alguma polémica, uma vez que se levantam preocupações em rela-
ção à privacidade dos indivíduos, já que as imagens mostram detalhes
médicos como próteses ou implantes. Apesar da lista de países inter-
ditos não ter sido revelada, os jornais americanos revelam tratar-se
de Cuba, Irão, Sudão, Síria, Afeganistão, Argélia, Iraque, Líbano, Líbia,
Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Somália e Iémen. Entretanto, na
Europa, o Reino Unido anunciou que vai adoptar esta tecnologia “logo
que possível” e a Alemanha admite testá-la em breve.
clima
Austrália vive década mais quente
O Instituto de Meteorologia australiano divulgou que o país viveu a década mais quente da
história, devido às alterações climáticas, que originaram vagas de calor, secas, tempestades
de areia e incêndios. No último ano, a temperatura média subiu cerca de um grau, tendo sido
a mais quente desde 1910. Dean Collins, climatólogo, destaca que nos termómetros se regis-
taram 22,3ºC, ou seja, 0,48ºC acima dos valores observados entre 1961 e 1990, pelo que alerta
para este tipo de fenómeno que “não surge por acaso”. “Reflecte o que se passa à escala mun-
dial”, alerta o especialista. Em 2009, a Austrália foi atingida por três vagas de calor históricas,
situação que leva Dean Collins a prever condições semelhantes para os primeiros três meses do
novo ano, durante o Verão Austral.
MUNDO · ANGOLA’IN | 17
MUNDO
economia
EUA em baixa
As previsões para o crescimento do Produto
Interno Bruto nos Estados Unidos, em 2010,
é de 1,5 por cento, enquanto o desenvolvi-
mento esperado para o produto global é de
3,7 por cento. Desta forma, os especialistas
acreditam que as locomotivas do crescimen-
to global são e serão cada vez mais os países
emergentes, cujo crescimento previsto para
este novo ano é de 5,5 por cento.
irão
Autoridades proíbem cooperação com 60 países
Uma lista de 60 organizações internacionais foi divulgada pelas autoridades iranianas, que proi-
biram os seus cidadãos de cooperar com as referidas instituições. Entre elas encontram-se várias
ONG, grupos defensores dos direitos humanos, sites ligados à oposição e meios de comunicação
social internacionais. Em causa está a acusação, por parte do ministério da Informação, de estes
organismos terem estado envolvidos em manifestações antigovernamentais, que se seguiram à
reeleição, em Junho, do presidente Mahmoud Ahmadinejad. A “lista negra” inclui entidades como
a Human Rights Watch, as fundações Ford e Rockfeller e órgãos de informação como a BBC e a
Voice of America. O vice-ministro da Informação apelou ainda aos iranianos para que não tenham
somália “contactos fora do normal com cidadãos estrangeiros, embaixadas e organizações que lhes este-
jam ligadas”. Já o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ramin Mehmanpa-
Pior do mundo em 2010
rast, afirmou em conferência de imprensa que serão igualmente tomadas medidas contra aqueles
Os analistas do Economist Intelligence Unit
que se encontram detidos, caso se descubra que lideram o que chamou de “guerra psicológica”
(EIU) prevêem um ano de grandes dificulda-
contra o Governo. Os responsáveis iranianos anunciaram ainda o adiamento da visita de um grupo
des para a Somália, que se vê afectado pela
de eurodeputados, que planeava encontrar-se com membros do Parlamento e da oposição, que
guerra civil, pobreza opressiva e pirataria, em
estava marcada para o início de Janeiro.
que as instituições políticas não funcionam e
o Estado tem pouca influência fora da capi-
tal, Mogadíscio. A maioria do território é con- frança
trolado por dois grupos armados, o que leva
os especialistas a afirmar que “o mais preo- Sarkozy quer taxar carbono
cupante é a situação dos jovens somalis que O presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu a criação
aderem ao ideal radical, havendo pouca espe- de um imposto ecológico para reduzir as emissões de car-
rança na estabilização da situação política”. bono. O país francófono prepara-se para aplicar a medida
Ainda de acordo com o EIU, as agências in- a nível interno no segundo semestre de 2010. No entan-
ternacionais prometem ajudas, mas não pos- to, o responsável afirma estar disposto a lutar “para que
suem as condições de segurança necessárias a Europa adopte um imposto sobre o carbono”, situação
para as canalizar, pelo que as forças de paz a que colocaria em pé de igualdade as empresas europeias.
trabalhar no terreno são bastante reduzidas. O chefe de Estado anunciou que o ministro da Ecologia,
Com o agravamento das condições sociais, os Jean-Louis Borloo vai apresentar um novo projecto sobre
analistas acreditam que o país pode tornar-se o imposto do carbono que ultrapasse os obstáculos apon-
num grande problema para o mundo. A EIU tados inicialmente pelo Conselho Constitucional. Sarko-
admite que a nação apenas chega à imprensa zy revelou que “Copenhaga é muito melhor que Quioto”,
internacional devido à pirataria. Já segundo o comparando o acordo conseguido nas duas cimeiras, re-
World Food Programme da ONE, mais de 40 lembrando que em 1997 apenas 35 países rectificaram o
por cento da população precisa de ajuda ali- Protocolo de Quioto, quando na capital dinamarquesa o
mentar para sobreviver e uma em cada cinco documento final foi assinado por 192 Estados.
crianças é gravemente desnutrida.
18 | ANGOLA’IN · MUNDO
MUNDO · ANGOLA’IN | 19
IN FOCO | manuela bártolo
Um renovado interesse
na geografia económi-
nova mias reais, se percebe
que os acontecimentos
ca está a nascer. A revo-
lução que assentou nos
rendimentos crescen-
tes/concorrência im-
geografia históricos desempenha-
ram um papel decisivo
na sua concretização. A
sua posição sobre a in-
perfeita - fundamento
dos modelos de cresci-
mento endógeno, que
transformaram a teo-
ria económica das duas
económica fluência dos aconteci-
mentos ou “acidentes”
históricos na concentra-
ção de empresas, tem
como antecedente o
últimas décadas - vive hoje novos desafios. económicos da década de 80 oferecem uma “facto histórico fortuito” de Myrdal, indica-
Findos as três primeiras fases desta revo- visão mundial da economia bastante distin- do por este autor como a origem do poder de
lução, marcada, primeiro, pela nova organi- ta da que derivava do corpo teórico antece- atracção de um centro económico.
zação industrial que criou um conjunto de dente: concorrência perfeita, crescimento Os rendimentos crescentes, conforme Krug-
modelos de concorrência imperfeitos, segun- equilibrado e convergência da produtividade man, afectam a geografia económica em
do, pela nova teoria comercial, que utilizou tal entre países. “Rendimentos crescentes de vários âmbitos. No nível mais reduzido, a loca-
conjunto para construir modelos de comércio escala que se mantêm de forma permanente lização de sectores específicos reflecte algu-
internacional na presença de rendimentos e concorrência imperfeita; equilíbrios múlti- mas vantagens transitórias; num nível maior,
crescentes e, por último, pela teoria do cres- plos em todas as partes, e um papel cada vez a própria existência de cidades constitui um
cimento que aplicou todo este instrumental mais decisivo para a história, os ‘acidentes’ fenómeno visível da existência de rendimen-
à mudança tecnológica e ao desenvolvimento [...]: essas são as ideias que se estão a tornar tos crescentes de escala; no nível superior, o
económico, é tempo de entender a geografia populares [...]”, referia Krugman já em 1992. desenvolvimento desigual entre regiões po-
económica, segundo Paul Krugman, Prémio A clara dependência da história, que carac- de ser consequência de processos cumulati-
Nobel de Economia (2008). Para o mesmo, teriza a localização da produção em todas as vos enraizados nos rendimentos crescentes.
este termo entende a localização da produ- partes do mundo, é, para o Prémio Nobel, a No modelo de Krugman, a interacção entre a
ção no espaço, ou seja, é o ramo da econo- prova de que a economia está mais próxima procura, os rendimentos crescentes e os cus-
mia que se preocupa com “onde” ocorrem de um mundo dinâmico guiado por processos tos de transporte são a força motriz desses
os negócios e se localizam as empresas. No acumulativos, do que do modelo típico de processos cumulativos que acentuam as de-
sentido adoptado por Krugman, a maior par- rendimentos constantes de escala. Krugman sigualdades regionais. No início do século XX,
te da economia regional e algumas questões tem procurado incessantemente demonstrar explica, os geógrafos deram-se conta de qua
da economia urbana constituem a geografia duas coisas: que os rendimentos crescentes a maior parte da indústria dos Estados Uni-
económica. A teoria do comércio internacio- têm, de facto, uma influência permanente dos estava concentrada numa parte relativa-
nal, segundo ele, é um caso especial da ge- na economia e que, quando se estuda a dis- mente pequena da região Noroeste e da parte
ografia económica, onde as fronteiras e as tribuição geográfica da produção nas econo- central do Meio Oeste, que se tornou conhe-
acções dos governos desempenham um rele-
vante papel na determinação da localização
e distribuição espacial das actividades pro- “A concentração geográfica nasce, basicamente,
dutivas. Este investigador considera que as da interacção entre os rendimentos crescentes,
teorias do comércio, o crescimento e os ciclos os custos de transporte e a procura”
20 | ANGOLA’IN · IN FOCO
cida como “Cinturão Industrial”, termo que, utiliza este facto para contrapor os argumen- de alguns sectores, mas nem por isso há que
segundo Krugman, parece ter sido usado pela tos de que as economias externas e os pro- se supor que esta seja a razão principal – nem
primeira vez por DeGeer (The american manu- cessos cumulativos tenham assumido maior mesmo para a própria indústria de alta tecno-
facturing belt, 1927). Durante a fase de apogeu relevância nas décadas recentes por força da logia [...]”. Levantando um outro importante
do Cinturão, a maior parte da indústria que se crescente importância da tecnologia. A con- ponto do seu modelo teórico, Krugman dife-
concentrava no seu exterior, conforme explica, centração geográfica da indústria nos Estados rencia região de país, sugerindo a conveniência
correspondia ao processamento de matérias- Unidos, pontua Krugman, existiu muito antes de eliminar as nações da descrição do comércio
-primas ou à produção destinada ao merca- do advento da era da informação. Com isso, inter-regional, entre países, no âmbito inter-
do local. Isto é, o Cinturão Industrial continha ele conclui que não só não é certo que a eco- nacional. Para ele uma nação não é uma região
praticamente todas as indústrias “soltas”, ou nomia na actualidade não se ajuste ao mode- ou uma localização. No caso das grandes ten-
seja, que não estavam ligadas a uma determi- lo convencional dos rendimentos constantes dências de aglomeração que aparecem no mo-
nada localização nem pela necessidade de es- de escala, mas também que nunca cumpriu delo centro-periferia, Krugman afirma que a
tar muito próximas do consumidor final, nem tal função. Reportando-se especificamente natureza das externalidades provêm dos efei-
pela necessidade de utilizar os recursos na- à análise económica da localização industrial, tos do tamanho do mercado frente aos custos
turais situando-se muito perto da sua fonte. enumera três razões que identifica como favo- de transporte, ou seja, da existência de elos
Este facto tornava ainda mais expressiva a di- ráveis à concentração de uma actividade num para frente e para trás, que estimulam os pro-
mensão da concentração de empresas dentro determinado local. dutores a concentrarem-se nas proximidades
e no entorno do Cinturão, salienta. Em mea- Graças à concentração de um elevado núme- dos grandes mercados, além de propiciarem
dos do século XX, a maior parte das matérias- ro de empresas de um ramo no mesmo local, aos mercados importantes que estes se con-
primas utilizadas pelas indústrias situadas na um centro industrial cria um mercado conjunto centrem junto dos produtores, não existindo
área do Cinturão era importada de outras re- para trabalhadores qualificados, que beneficia nenhuma razão para se pensar que as frontei-
giões. Krugman questiona-se sobre o porquê tanto os trabalhadores, como as empresas; ras nacionais irão definir as regiões relevantes.
de, mesmo diante dessa situação, uma parte Um centro industrial permite a provisão, em As transacções no espaço exigem alguns cus-
tão considerável da indústria dos Estados Uni- maior variedade e a um menor custo, de fac- tos; existem economias de escala na produção.
dos ter permanecido localizada nesta peque- tores concretos necessários ao sector, que não Os empresários têm um incentivo à concentra-
na área de território do país. A resposta, para são objecto de comércio. ção da produção de cada bem ou serviço num
ele óbvia, era devido às vantagens proporcio- Devido ao facto da informação fluir com mais número limitado de lugares, isto porque a re-
nadas por se estar próximo das demais fábri- facilidade num âmbito mais restrito, que ao alização de transacções no espaço comporta
cas instaladas no Cinturão, ou seja, uma vez longo de grandes distâncias, um centro indus- alguns custos. Os lugares preferidos por ca-
estabelecido o Cinturão, nenhum fabricante trial gera o que se pode chamar, nas palavras da empresa individual são aqueles nos quais
individual teria interesse em se distanciar do de Krugman, de osmose tecnológica (techno- a procura é grande ou a oferta de factores é
mesmo. O economista atribui a uma questão logical spillovers). particularmente conveniente, o que, em geral,
central referenciada aos detalhes da história, No que se refere à disponibilidade de factores são os lugares que outras empresas também
a razão de se ter originado uma concentração e serviços específicos de uma indústria, Krug- irão eleger. Por este motivo, a concentração da
geográfica dessa natureza. Nota-se na análi- man levanta duas questões referentes aos indústria, uma vez criada, tende a autosusten-
se efectuada, fortes traços de similaridade à factores intermediários, a primeira é que a sua tar-se; esta realidade cumpre-se tanto no que
análise sobre a origem e existência dos clus- oferta dependerá da existência de economias se refere à concentração de sectores individu-
ters nos Estados Unidos e em outros países. de escala, pois, apenas a presença de rendi- ais, como no que cria aglomerações de [gran-
Segundo este, as forças que incitam os empre- mentos crescentes permitirá a um grande de] magnitude”, salienta.
sários industriais a se agruparem residem nas centro de produção dispor de fornecedores
externalidades da procura. No seu modelo, “a mais eficientes e mais diversificados, do
concentração geográfica nasce, basicamente, que um centro pequeno. A segunda é que
da interacção entre os rendimentos crescen- essa oferta não dependerá de nenhuma as-
tes, os custos de transporte e a procura [...]”. simetria dos custos de transporte entre os
Se as economias de escala são suficientemen- bens intermediários e os bens finais. Tra-
te grandes, cada fabricante prefere abastecer tando dos efeitos externos mais ou menos
o mercado nacional a partir de um único local. puros que se produzem como resultado da
Para minimizar os custos de transporte, elege osmose de conhecimentos entre empresas
uma posição espacial que permita contar com próximas, o especialista ressalta que o ên-
uma procura local grande. Mas a procura lo- fase dado à alta tecnologia em grande par-
cal será grande, precisamente na área onde a te das discussões políticas contribuiu para
maioria dos fabricantes elege situar-se. Deste converter as externalidades tecnológicas
modo, existe um argumento circular que ten- nos determinantes mais óbvios da con-
de a manter a existência do Cinturão Industrial centração. Declara-se, por is-
[ou do cluster], uma vez que este tenha sido so, “seguro de que verdadeiros
criado, explica. Krugman considera importante processos de osmose tecnoló-
salientar que o aparecimento do Cinturão In- gica desempenham um impor-
dustrial remonta a meados do século XIX. Ele tante papel na concentração
IN FOCO · ANGOLA’IN | 21
IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO
mercados
em potência
A entrada de empresas estrangeiras numa fornecimento de matérias-primas, no recruta- mais baixo, isto é um diferencial maior entre
economia está associada a um aumento de mento de mão-de-obra adequada, entre outros, volume de saída e de entrada do investimento,
bem-estar nas populações devido, por exem- e suportados num conjunto de determinantes o GDP (Produto Interno Bruto) e GDP per capita
plo, ao aumento de empregos em quantida- que se subdivide em 3 grupos: determinantes (PIB per capita), que é um indicador da qualida-
de e qualidade, isto é, normalmente melhor do país de destino ou forças centrífugas, do pa- de de vida, começa a subir de forma consisten-
remunerados pelas multinacionais estran- ís de origem ou forças centrípetas e da própria te, isto é, quando as populações começam a ver
geiras, que pelas empresas locais. Por outro empresa ou forças internas. aumentada a sua qualidade de vida.
lado, o investimento directo no estrangeiro
de empresas nacionais, quando não de subs- A economia angolana após um período em que Como o envolvimento internacional de uma eco-
tituição dos investimentos existentes “intra- precisou de atrair investimento para se desen- nomia é feito, cada vez mais, nos ombros das
muros”, fortalecem o tecido empresarial, por volver, entrou numa fase em que para além de empresas que a compõem, sendo em econo-
exemplo, pela experiência e crescimento a atrair investimento também tem empresas mias modernas a intervenção estatal cada vez
que normalmente estão associadas. nacionais a realizar investimentos no estran- mais reduzida. Contudo, agora que se está no
geiro, nomeadamente por aquisição e parce- caminho do desenvolvimento sustentado, cum-
O investimento das empresas estrangeiras con- ria. Esta nova fase é conhecida como segunda pre ao governo assumir a responsabilidade de
segue-se atrair quando se revelam um conjunto fase do Investment Development Path (IDP). criar políticas que fomentem o apoio às empre-
de determinantes na economia onde se realiza A terceira fase surgirá quando o valor do Net sas estrangeiras em território angolano e apoiar
o investimento, nomeadamente: a dimensão Outward Investment (NOI) for positivo, isto é, as empresas nacionais que decidem realizar in-
(ou crescimento) e oportunidades comerciais do quando as saídas de investimento superarem vestimentos no estrangeiro de modo a criar uma
mercado, a redução de barreiras alfandegárias, as entradas. dinâmica cada vez maior dentro da economia.
o acesso a capital, a política agressiva na atrac-
ção de investimento estrangeiro, etc. Recorrendo à análise gráfica, é interessante ve- miguel matos torres
prof. da universidade de aveiro (degei), portugal
rificar que quando o NOI começa a ter um valor
Angola vive a fase do
Investment Development NOI GDP GDP PER CAPITA
70000
Path (IDP). A seguinte
surgirá quando o valor do 52500
Net Outward Investment
(NOI) for positivo, isto 35000
é, quando as saídas de
investimento superarem 17500
as entradas
0
Por outro lado, o investimento directo no es-
trangeiro quando realizado de raiz (deixa-se de -17500
1972
1970
1974
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
1976
24 | ANG
ANGOLA’IN
ANGOLA
OLA’IN
IN · ECO
ECONOMIA
ECONOM
NOMIA
IA & NE
NEGÓC
NEGÓCIOS
GÓ
ÓCIOS
IOS
S
muito tem um bolsa de valores activa). Estes
mercados “fronteiriços” deram, até há pou-
co tempo, aos investidores enormes retornos
em comparação com os de outros economias
emergentes.
Mas estas tendências positivas podem não
durar muito. Os maus governos de África
(muitas vezes de orientação tribal, com o
Quénia a ser um grande exemplo) há mui-
to que recompensam os amigos e que estão
envolvidos numa corrupção generalizada,
e muitas vezes no roubo de recursos nacio-
nais. Nesses regimes, os oficiais militares e
ditadores monopolizaram de forma geral a
actividade económica fornecendo poucos, ou
nenhuns, incentivos para os empreendedores
legítimos fazerem negócio. Não surpreende
assim que, sob estas circunstâncias, África se a enorme recessão actual levar a uma redu- nizar-se e a democratizar-se e, internacio-
sofra de taxas de crescimento baixas e níveis ção significativa nos fluxos de capital externo nalmente, o continente estava a abrir-se ao
altos de pobreza. As alterações políticas de e no aumento das barreiras comerciais nos Es- comércio global, forçando as suas economias
grande envergadura desde 1990 tiveram con- tados Unidos e na Europa Ocidental, então a a tornarem-se mais competitivas. Juntas, es-
tudo um papel crucial na revolução capita- nascente revolução capitalista da região pode tas alterações proporcionaram as condições
lista do continente. Com a trágica excepção chegar a uma extinção prematura. para a revolução capitalista da região.
do Zimbabué, é possível encontrar progresso
generalizado juntamente com a transforma- O FIM “AFRO-PESSIMISMO” A urbanização é uma tendência que os eco-
ção económica. Em Janeiro de 2009, o Gana Durante os anos 90, quando África estava a nomistas de desenvolvimento parecem igno-
teve uma eleição presidencial crucial que le- definir as bases para o seu crescimento ac- rar quando fazem as suas previsões. O que é
vou à segunda transição de poder pacífica tual, muitos peritos e políticos ocidentais surpreendente, porque mais de 30% de to-
numa década, um evento que foi muito cele- estavam ocupados a subestimar o futuro dos os africanos vivem agora em cidades (em
brado no continente. Até nos locais onde as do continente. Mas a falha geral para pre- 1965 a percentagem era de 15%), um número
democracias permanecem frágeis, como no ver a revolução capitalista africana não de- que deve chegar quase aos 50% da popula-
Quénia, os líderes compreendem que man- veria ser uma surpresa para ninguém. O final ção nos próximos 20 a 30 anos (uma percen-
ter as antigas atitudes patrimoniais de fazer da Guerra Fria significou que África deixara tagem comparável com a da Ásia, uma região
negócio é algo que se está a tornar mais dis- de ser um ponto importante para a guerra que a maioria das pessoas considera excep-
pendioso. As comissões anti-corrupção com EUA/URSS e o continente perdeu a impor- cionalmente urbanizada). A mudança da vida
vários graus de eficácia estão a surgir em tância estratégica que tivera anteriormente. rural para a urbana é crucial para estimular o
vários países, com os Camarões a serem um O preço do petróleo estava baixo e as econo- desenvolvimento económico porque as cida-
exemplo. Os cidadãos também estão a exi- mias da região pareciam não ter esperança. des juntam pessoas com bens e ideais com as
gir líderes mais competentes, que sejam ca- Estavam dependentes das matérias-primas que têm capital. Esta interacção é a fundação
pazes de governar as sociedades modernas e da ajuda externa numa altura em que as de uma economia de mercado. Mas o cami-
integradas numa economia global. Por exem- receitas dessas fontes estavam em queda e nho para o mercado exige um passo adicional
plo, após ter sido democraticamente eleito ficaram enterrados em milhares de milhões para lá das meras redes. O comércio também
em 2006, o presidente do Benin, Thomas de euros de dívidas aos governos ocidentais exige algo incrivelmente arriscado: o envol-
Yayi Boni, enfatizou que o seu gabinete con- e aos bancos. A comunidade de ajuda exter- vimento em trocas com pessoas que não
sistiria em “tecnocratas”, recrutados de uni- na foi a única que se preocupou com África. sejam membros da famílias ou amigos pes-
versidades e de bancos de desenvolvimento. Os doadores e as organizações humanitárias, soais. Nos mercados, as pessoas concordam
E na Libéria, uma antiga representante do impulsionadas em parte pelo desejo de as- em fazer comércio com quem não conhecem,
Banco Mundial, Ellen Johnson-Sirleaf, tornou- segurar um fluxo contínuo de ajuda externa, o que exige uma enorme fé. Em África, uma
se presidente em 2006. Mas tendo em conta pintaram uma imagem implacavelmente ne- das grandes virtudes da urbanização é que
os muitos problemas crónicos do continen- gra de uma região assolada pela fome, pelas forçou membros de diferentes tribos a inte-
te, estas alterações não são necessariamen- doenças, pelos violentos conflitos civis, pelas ragirem regularmente de formas que perma-
te duráveis e podem facilmente ser invertidas enormes dívidas e por governos corruptos e necem pouco habituais em ambientes mais
pela crise actual e pelo aumento do proteccio- disfuncionais. Mas por detrás desta fachada, rurais. Estas interacções contínuas, quer se-
nismo no Ocidente. Se África não fizer algo o potencial económico africano estava em jam em lojas pequenas, em autocarros ou no
mais para encorajar o empreendedorismo, e movimento. Em casa, África estava a urba- local de trabalho, são absolutamente cruciais
UM NOME,
UMA MARCA
Nem só de estratégias de promoção vive lizados, uma vez que sugestões estão ao
uma marca. Um dos primeiros passos na alcance de qualquer pessoa, mas somente A perspectiva da marca
estruturação da identidade de um produto, quem tem conhecimento da área é capaz de
como pessoa sugere uma
serviço ou mesmo da essência de uma mar- entender um acto aparentemente tão sim-
ca é definir o seu nome. O que não é tarefa ples. Os bons profissionais têm familiarida-
identidade mais rica e
fácil! Razão pela qual, normalmente se con- de com questões de identidade e também interessante do que aquela
trata especialistas em naming, uma área sabem lidar com a transposição do verbar baseada nos atributos do
que abrange o processo criativo assente para o não-verbal, visto que um bom nome produto
na necessidade de encontrar um nome que precisa de ser sonoro e ao mesmo tempo vi-
atenda às estratégias da marca, sem esque- sualmente apelativo. O especialista desta
cer questões importantes como a sonorida- area deve ser multidisciplinar. Conhecimen- NOMES DE SUCESSO
de e a disponibilidade jurídica. “A marca é tos em linguística, semiótica, antropologia e O melhor caminho para alcançar um bom
uma palavra que o consumidor vai lembrar até aspectos técnicos e jurídicos podem es- resultado é entender qual é a essência da
quando pensar em algo”, referem os peritos, tar envolvidos no marketing. Um processo marca, o seu núcleo de significado e a sua es-
sendo por isso importante não esquecer o de naming não acontece sozinho. Na maio- tratégia de futuro. Já imaginou se o seu nome
lado prático da mesma, alcançado sobretu- ria das vezes é seguido pelo design. As téc- fosse uma marca? A pergunta surge com na-
do através do nome, que é a sua expressão nicas podem ser muitas, mas geralmente turalidade, pois é comum observarmos mar-
mais concreta. O planeamento estratégico depende da estratégia dos negócios. O co- cas no mercado com o nome ou sobrenome
do nome é um dos grandes diferenciais no nhecimento da língua é essencial, apesar do dos seus proprietários. Exemplo disso a que
mercado, pelo que, antes de tudo, é fulcral nome ideal não estar preso a uma única lín- lhe apresentamos esta edição: Giorgio Arma-
pensar no que a criação significa dentro do gua. Em inglês, por exemplo, palavras com ni. Personalidade e reputação são essenciais
todo para depois passar ao brainstorming, i não costumam ser utilizadas, pois a vogal para definir um nome e ele detectou-o cedo.
análise jurídica e apresentação das opções pode ter diferentes sons dependendo da pa- Antes de expressar o nome de uma marca
ao cliente. Imagine: se as pessoas já se pre- lavra. Uma das técnicas utilizadas é o sense, para a sua empresa é fundamental descobrir
ocupam com os nomes que dão aos filhos, ou seja, as pessoas são convidades a pensar o que o mercado irá pensar da assinatura. A
as grandes empresas dedicam ainda mais na história do objecto nomeado, nas pesso- perspectiva da marca como pessoa sugere
tempo e dinheiro na procura dessa solução. as que o usariam, situações que elas passa- uma identidade mais rica e interessante do
O naming é, por isso, uma especialização em riam e até coisas de que falariam. A partir que aquela baseada nos atributos do produ-
branding e carece de profissionais especia- daí surgem inúmeras questões. to. Tal como uma pessoa, uma marca pode
GIORGIO ARMANI identidade verbal – trata dos elementos de expressão verbais da marca, como o seu nome,
Fatos bem cortados, simples e versáteis, o seu sistema de nomenclatura (no caso de marcas que trabalham com extensões de linha);
em que a camisa, algumas vezes, é opcio- o seu tom de voz, o seu slogan, etc. A identidade de uma marca é a combinação de diversos
nal. Alfaiataria de alta qualidade, confortável elementos de expressão, o seu logotipo/símbolo e elementos gráficos padronizados, como a
e elegante, tanto para homens, como para cor, o formato, o site, a sua abordagem de atendimento, a arquitectura da sede e dos pontos
mulheres. Cores básicas como preto, cinza, de venda, ou seja toda e qualquer experiência de contacto dos públicos que interagem com a
bege, branco e variações de tons off-white. empresa. Assim sendo, o seu nome é uma das fontes mais fortes de construção de identidade.
Vestidos de noite cheios de glamour, que Tanto que quando temos algum problema sério associado à imagem da marca é comum a
abusam da silhueta “sereia” e do brilho. necessidade de mudança do nome
o valor
Segundo a consultoria
britânica Interbrand,
somente a marca
Giorgio Armani
está avaliada em
US$ 3.303 biliões,
ocupando a posição de
número 89 no ranking
das marcas mais
valiosas do mundo
Clientes famosos que desfilam as suas cria- vos. Em 1978, foi lançada a marca GIORGIO
ções não somente nas invejadas passagens ARMANI LE COLLEZIONI, composta por rou-
da moda, como nos ecrãs de cinema de ver- pas femininas e masculinas para o mercado
dadeiros sucessos de Hollywood. Esta é uma americano e canadense. Era o começo da ex-
breve descrição da marca Giorgio Armani, co- pansão internacional da marca. Rapidamente,
mandada com maestria pelo estilista italia- o estilista se transformou num dos designers
no com o mesmo nome. Conhecido como o mais influentes dos anos 80, começando com
Imperador de Milão, a sua paixão pela moda a inauguração da sua primeira loja na cidade
não se manifestou cedo e o jovem italiano de Milão. Ainda nesta década a marca come-
chegou a frequentar dois anos de medici- çou a sua expansão com o lançamento das su-
na, antes de aceitar o trabalho de vitrinista as primeiras fragrâncias, acessórios, roupas
na renomada loja de departamentos La Ri- íntimas, roupas para crianças, além da inau-
nascente, em Milão, aos 20 anos. A sua irmã guração da sua loja âncora na cidade de Nova
mais nova, Rosanna Armani, que trabalhava Iorque e a entrada no mercado japonês. Des-
como modelo, foi que o introduziu no restrito de 2002, a Ásia tem sido foco de uma estra- O GÉNIO POR DETRÁS DA MARCA
círculo da moda italiana da época e, a partir tégia de expansão do grupo Armani, iniciada Giorgio Armani é conhecido por ser um vicia-
daí, o seu currículo ganhou conteúdo gra- com a inauguração de uma loja de mais de 3 do em trabalho e várias vezes arrogante ou
ças aos trabalhos como assistente, por nove mil metros quadrados em Hong Kong – o in- rude em situações delicadas. Os seus con-
anos, de Nino Cerruti. Em 1970, iniciou a sua vestimento reflecte-se nos números de hoje, flitos com outros estilistas italianos são, por
carreira como free-lancer no mundo da mo- já que a região é um dos grandes mercados de isso, bastante conhecidos.. O estilista sabe o
da, encorajado pelo seu grande amigo Ser- prosperidade da marca. No início de 2009, a valor da auto-indulgência que os seus produ-
gio Galeotti, desenhando e costurando para marca italiana inaugurou uma mega loja, com tos de luxo proporcionam, mas nem por isso
inúmeras grifes, inclusive Emanuel UNGARO. quase 4 mil metros quadrados, que abrigam goza apenas aos prazeres da vida. Ele é, aliás,
Alguns anos se passaram até que o estilis- três colecções, um restaurante e uma loja de conhecido pelo seu compromisso com inúme-
ta lançasse a sua própria marca. Em Julho de chocolates, na esquina da Quinta Avenida com ras causas humanitárias, incluindo até uma
1975, a sua primeira colecção era lançada com a Rua 56 (Nova Iorque). A loja fica perto de ou- recente parceria com o vocalista da banda ir-
roupas femininas e masculinas e o seu esti- tras casas de moda como Gucci, Prada, Versa- landesa U2, Bono. Entre os seus projectos de
lo logo se tornou símbolo de elegância, com ce, Fendi e Bottega Veneta. A ideia foi levar maior reconhecimento, estão a Casa Armani,
uma alfaiataria de excelência, altas doses de um pouco do caos de Nova Iorque para den- um lar de reabilitação infantil na Tailândia,
androgenia, vestidos de noite cheios de gla- tro da loja, que possui uma fachada de vidro criado em 1999 e, mais recentemente, uma
mour, sobriedade nas cores e nenhuma influ- e uma escada escultural no seu interior. A no- campanha de Natal para financiar uma fun-
ência das tendências da época, constituindo va loja representa a interpretação de Armani dação de apoio a portadores de Síndrome de
roupas e acessórios atemporais. Ficou conhe- sobre a tendência actual de misturar estilos e Down – iniciativa que teve como inspiração a
cido como “The King of Jackets” depois de lan- sobrepor produtos com preços variados. A loja pequena Antonella, com a qual o estilista po-
çar a sua colecção masculina, onde apresentou não utiliza divisão de espaços para evitar que sou para um calendário.
fatos e blazers com cortes sóbrios e exclusi- barreiras psicológicas sejam criadas.
Fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes,
Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (infor-
mações devidamente verificadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
As duas faces
da moeda
O conceito é inédito e visa financiar projectos de luta contra a pobreza. esse investimento na forma de lucro social. A
Apesar de existir em apenas dois países, a Bolsa de Valores Sociais é fórmula do sucesso é simples: a entidade ga-
rante que os cidadãos/ empresas encontrem
um caso de sucesso, nomeadamente no Brasil, onde tem ajudado a a transparência e profissionalismo por parte
colmatar inúmeras situações de carência social. É um método inovador das organizações não governamentais e ins-
e rentável para quem se preocupa com a responsabilidade social do tituições sem fins lucrativos, ou seja, quan-
seu negócio. Angola pode ser a próxima a acolher este organismo. A do apoiam boas causas sabem à partida qual
Angola’in apresenta ao longo das próximas páginas as vantagens do o impacto que a sua doação terá na comuni-
sistema e os seus benefícios para as economias africanas. dade e qual o seu efeito. Ao estabelecer par-
ceria com este organismo adquire o selo de
“Investidora Social na BVS”, que pode ser exi-
Desengane-se quem associa este projecto programa que decidiu auxiliar. A Bolsa de Va- bido nos materiais de divulgação da empre-
a caridade ou filantropia. A filosofia diverge lores Sociais (BVS) é a alternativa eficaz para sa. Por outro lado, terá assessoria garantida
do conceito, definindo-se, no entanto, co- empresas de todas as dimensões e sectores nas campanhas especiais de mobilização in-
mo um modelo de solidariedade. Neste ca- que pretendam aplicar com a máxima segu- terna, de voluntariado, de marketing social e
so, existe uma grande diferença: o doador rança as verbas de Responsabilidade Social de todas as áreas que pretenda explorar para
conhece o destino do seu dinheiro antes de e de apoio solidário em Organizações da So- sensibilizar os colaboradores. Os particulares
o disponibilizar e acompanha a evolução do ciedade Civil, que sejam capazes de devolver também podem ‘jogar’ nesta bolsa.
32 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
‘A única diferença [em
relação à Bolsa de Valores]
está no retorno: ao invés
do financeiro, o lucro é
para a comunidade’
PROPOSTA ATRAENTE
A ideia de desenvolver um projecto em tudo
idêntico ao de uma Bolsa de Valores tradi-
à lupa
cional surgiu da necessidade de tornar a so-
ciedade mais justa e promissora, através da A BVS nasceu no Brasil e foi recentemente introduzida em Portugal, que se transfor-
criação de um modelo de troca e encontro en- mou no primeiro país europeu a acolher a iniciativa.
tre as organizações com programas concretos O seu funcionamento é bastante simples:
e relevantes para o desenvolvimento de de- › Os projectos são criteriosamente escolhidos, tendo em conta os problemas sociais
terminado segmento da sociedade e os do- mais urgentes e a sua capacidade em obter resultados concretos;
adores, que na maioria das vezes se sentem › Identificam e apoiam programas que interrompam um ciclo de pobreza e elimi-
perdidos na hora de legar os seus fundos, aca- nem uma situação de vulnerabilidade social;
bando inevitavelmente por perder o ‘rasto’ da › O investimento é integralmente transferido para o plano seleccionado;
iniciativa que apoiaram. O objectivo da BVS › O doador tem a possibilidade de acompanhar os relatórios de impacto social do
ultrapassa largamente a finalidade da carida- programa onde está a investir
de, visto que nestes casos os investimentos,
tal como acontece nas Bolsas de Valores, ge-
ram lucros. Aliás, a filosofia é idêntica. Aqui PIONEIRA E INOVADORA máticas. Recentemente, a entidade formou
circulam acções, há lugar para investidores e A primeira BVS nasceu no Brasil. O programa o segundo espaço do género e o primeiro na
apostas. A única diferença está no retorno: ao foi criado pela Bovespa ( www.bovespa.com. Europa. Portugal foi o país escolhido para al-
invés do financeiro, o lucro é para a comunida- br), em 2003. Desde a sua fundação até Feve- bergar a iniciativa.
de. O conceito pode e deve ser adaptado pelo reiro de 2009, as correctoras arrecadaram R$
países mais pobres, nomeadamente aqueles 4,7 milhões, possibilitando a implementação “Não é possível gerar
que estão em desenvolvimento. Actualmen- de 36 programas educacionais de ONGs bra-
sileiras, que actuavam ao nível das condições
apenas capital financeiro,
te, a Campanha do Milénio para erradicar a
pobreza até 2015 tem desenvolvido uma série sociais de crianças, adolescentes e jovens é necessário cuidar do
de actividades nas diversas áreas criticas da adultos das várias regiões. As organizações capital social”
sociedade, pelo que este mecanismo pode ser da sociedade civil que pretendem ser cota-
um importante instrumento de auxilio à im- das na bolsa devem apresentar um projecto, O CASO PORTUGUÊS
plementação de projectos. Afinal, o continen- que posteriormente será analisado, de acor- Inaugurada em Novembro de 2009, a Bolsa de
te africano dispõe de um incalculável número do com a sua viabilidade, capacidade de ino- Valores Sociais de Portugal negociou em ape-
de organizações não governamentais a actu- vação e impacto na sociedade. O organismo nas um mês cerca de 17 mil euros em acções,
ar no terreno, que necessitam urgentemen- brasileiro conta com o apoio oficial da Orga- valores considerados “positivos” pelos seus
te de investidores interessados em apoiar e nização das Nações Unidas para a Educação, responsáveis. No final do ano, a entidade lu-
acompanhar as propostas sociais. A Angola’in a Ciência e a Cultura (Unesco), tendo inclusi- sa contava com 210 investidores sociais (en-
apresenta-lhe uma iniciativa com futuro, que ve sido reconhecido pela ONU, em 2005, co- tretanto juntaram-se mais três instituições),
possui todos os ingredientes para ‘vingar’ no mo ‘case study’ (caso de estudo) e modelo a que contribuíram com um milhão de euros
contexto africano. No final de contas, todos ser aplicado por outras bolsas de valores. Em para financiar dez novos projectos, atingindo
ganham com um investimento seguro. 2006, serviu de inspiração para a formação os 57 mil euros de acções no final do primei-
da South African Social Investment Exchan- ro trimestre de actividade. No balanço de Ja-
‘A transparência e a ge (Bolsa de Investimentos Sociais da Áfri- neiro, a BVS divulgou ainda que dispunha de
ca do Sul), que contou com o auxilio da Bolsa 72 candidaturas em análise que deram lugar
prestação de valores são
de Johannesburgo. Em 2007, a BSV brasileira à dezena de projectos cotados. A meta é ter
os princípios de conduta do passou a incluir projectos na área ambiental, 24. A BSV lusa é a primeira na Europa e conta
mecanismo’ dadas as preocupações com as alterações cli- com o apoio da Euronext Lisboa e das Fun-
SOCIEDADE · ANGOLA’IN | 33
SOCIEDADE
34 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
dos, dispostos a ajudar a gerar este novo tipo
de capital – o capital social – e, com isso, di-
minuir a distância entre pobres e ricos”. Ali-
ás, o responsável aponta a exterminação da
miséria como o único caminho a seguir pa-
ra acabar com esse fosso. Angola pode ser o
próximo destino, visto que partilha a heran-
ça cultural de solidariedade, característica in-
trínseca das antigas colónias portuguesas.
“É natural que os países africanos de língua
oficial portuguesa sejam os próximos e, nes-
se sentido, vejo Angola como um potencial
mercado, inclusive pelo seu desenvolvimento
económico”, assegura Celso Grecco. Questio-
nado pela Angola’in quanto aos benefícios da
inclusão da BSV na nação angolana, o cérebro
deste organismo lembra que o país “enfrenta
tremendos desafios sociais”, pelo que “uma
Bolsa de Valores Sociais pode ser parte da
resposta”, já que “a grande pátria luso-bra-
sileira-africana tem o espaço e as condições
para a sua criação”. “A mais-valia da BVS pa-
ra Angola seria ajudar o país a perceber que
Organizações Sociais fazem um trabalho que
realmente promove o desenvolvimento eco-
nómico das comunidades pobres, comba- celso grecco, director da bsv em entrevista à angola’in
tendo a pobreza e criando mecanismos de Como surgiu a ideia de criar uma Bolsa de Valores Sociais?
educação que efectivamente promovam a in- Em 2003, a Bovespa (Bolsa de Valores do Brasil) pediu-me que recomendasse um programa de
clusão social”, sustenta. Contudo, uma ques- Responsabilidade Social à altura da importância daquela que era a mais importante Bolsa de
tão sobressai quando se fala do contexto Valores da América Latina. A inspiração de criar a BVS veio da mesma lógica do mecanismo
nacional. O país está preparado para acolher de financiamento da actividade de uma empresa, através da Bolsa de Valores. Se uma entidade
este projecto? Celso Grecco acredita que sim. precisa de capital para expandir as suas actividades ou financiar novos projectos, pode deslo-
“Os Governos, muitas vezes por falta de pes- car-se a um banco, vender parte do capital a um novo sócio ou recorrer ao mercado de capitais.
soas de visão estratégica, preocupam-se em E, em qualquer lugar do mundo, as Bolsas de Valores são o ambiente que promove o encontro
gerar riquezas para depois dividi-las. O foco entre estas Empresas e os seus accionistas – pequenos sócios –, estabelecendo as regras e zelan-
está na atracção de capital internacional e na do pela relação entre eles. Claro que as organizações sociais não podem pedir empréstimos a
estabilidade dos mercados financeiros”, refe- juros nos bancos, nem vão encontrar sócios/investidores para o seu “negócio”. Mas as organi-
re. Mas como aplicar essa lógica no contexto zações sociais são por natureza entidades públicas que para operar assumiram compromissos
das necessidades das comunidades? Para o de transparência e, tal como as empresas, também precisam de capital para expandir ou forta-
responsável são temas indissociáveis. “Não é lecer as suas actividades.
possível gerar apenas capital financeiro, é ne-
cessário cuidar do capital social”, argumenta. Qual o balanço da actividade em Portugal?
“Este último é aquele que é gerado pelas or- Muito positivo. Portugal é o segundo país do mundo e o primeiro da Europa a ter uma Bolsa de
ganizações sociais, pelas cooperativas, pelas Valores Sociais. E tal como no caso do Brasil, esta BVS funciona dentro da Euronext Lisbon (a
pequenas empresas sociais e micro-empre- Bolsa de Valores de Portugal). O país acolheu com muita expectativa a entidade e nos primeiros
endedores”, reitera, defendendo que o di- 90 dias foram transaccionados quase 100 mil euros em acções sociais das organizações sociais
nheiro pode ser simultaneamente promotor cotadas. Confesso que sinto no ar o sentimento de urgência e uma vontade enorme de mudan-
de riqueza e de bem-estar para a sociedade. ça. Isso é notável num país que é, por natureza, muito solidário. Muito mais que o brasileiro!
Celso Grecco acredita que este é o caminho Estou confiante que a BVS tem uma enorme missão pela frente e que temos que estar à altura
para o desenvolvimento sustentável das so- dessa expectativa e dessa missão.
ciedades. O mercado africano está por explo-
rar. No entanto, o sucesso da BVS no Brasil e De que forma a BVS pode contribuir para o crescimento das sociedades, em
em Portugal é um auguro da viabilidade des- particular do continente africano?
te projecto ao nível das comunidades mais Costumo dizer que “não se traçam novas rotas em cima de velhos mapas”. A Bolsa de Valores So-
desprotegidas. Para o responsável brasileiro, ciais não é apenas uma nova rota, mas sim um novo mapa em direcção a novas formas de finan-
estão reunidas todas as condições para a sua ciamento do Empreendedorismo Social em África. O continente não pode nem quer depender
implementação. Resta aguardar pelas inicia- mais da caridade alheia. Tenho a certeza de que o povo africano quer investimento – e não cari-
tivas das organizações civis e estatais. dade. A caridade envergonha, escraviza, vicia. O investimento social educa, promove e liberta.
SOCIEDADE · ANGOLA’IN | 35
36 | ANGOLA’IN ·
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SOCIEDADE | patrícia alves tavares
Êxodo
das mentes
brilhantes
“Temos
mos que encontr
encontrar uma maneira de reduzir a fuga de cérebros.
Essa é uma ferida aberta que está a infectar toda a nação”
Abdelaziz Bouteflika, presidente da Argélia
A emigração de jovens com habilitações aca- ficados nacionais para progredir. A Angola’in
ola’in
démicas acima da média para nações, onde apresenta-lhe nesta edição os rostos da emi-
dispõem de saídas profissionais ou da pos- gração do século XXI.
sibilidade de prosseguir as suas especiali-
zações, está a afectar crescentemente uma GANA, O MAIOR EXPORTADOR
série de países da União Europeia, tendência O Banco Mundial divulga que a taxa de migra-
igra-
agravada pela crise económica. O continen- ção qualificada excede frequentementee em
te africano debate-se com o fenómeno há 50 por cento a desqualificada. O Gana possui
ossui
vários anos. Devastada pela guerra e pelas 47 por cento dos seus quadros diplomados Iweala e do ministro das Finanças do Malawi,
dificuldades económico-sociais, África assis- a trabalhar no exterior. No que toca a países Goodal Gondwe, que abdicaram das suas fun-
te há algumas décadas à chamada ‘fuga de com mais de cinco milhões de habitantes, os ções no Banco Mundial. Todavia, as acções de-
cérebros’. O custo é superior a quatro bilhões moçambicanos assumem a segunda posição senvolvidas pelos Estados africanos também
de dólares, quantia que teria de ser gasta com 45 por cento. Angola e Somália surgem começam a ter efeitos positivos. O recente co-
para possibilitar o regresso dos 300 mil tra- em quarto lugar com 33 por cento. O PNUD projecto Unesco/ HP, o ‘Brain Gain Iniciative’
balhadores expatriados. Segundo a Unesco, (Programa das Nações Unidas para o Desen- desenvolveu uma mega rede electrónica que
estima-se que todos os anos cerca de 20 mil volvimento) indica ainda que a “Etiópia per- permite que a população que saiu de África e
profissionais qualificados abandonam o con- deu 75 por cento da sua mão-de-obra entre do Médio Oriente à procura de melhores saí-
tinente à procura de melhores condições de 1980 e 1991”, dificultando a capacidade de de- das profissionais possa partilhar conhecimen-
trabalho nos Estados Unidos, Europa e Aus- senvolvimento do país. tos e investigações científicas com quem está
trália. O êxodo académico dispara quando se no país de origem. Tal possibilita o regresso
fala de indivíduos habilitados, cientistas ou BRAIN GAIN INICIATIVE “virtual” dos cérebros. O programa está a ser
investigadores. A situação assume contornos Parte dos quadros qualificados regressa ao implementado no triénio 2009-2011 e abran-
preocupantes. Os mercados não são capazes respectivo continente. São indivíduos bem ge 15 universidades (as melhores) de Burki-
de competir com os atraentes salários e com sucedidos no Ocidente que abandonam car- na Faso, Camarões, Costa do Marfim, Etiópia,
o leque de oportunidades dos países ricos, gos de destaque para trabalhar directamente Quénia, Kuwait, Líbano, Marrocos, Senegal,
não deixando, por outro lado, de depender em nos governos dos seus países. É o caso do mi- Tunísia e Uganda. O BGI foi implementado na
grande escala de cientistas e técnicos quali- nistro das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo- Europa, em 2003, com a intenção de retrair a
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Parecer do Comité Económico e Social Europeu sobre “Política comu-
nitária de imigração e cooperação com os países de origem a fim de fa-
vorecer o desenvolvimento” (2008/C 44/21)
na Etiópia, Sudão, Angola e Zaire são a princi- so de reconstrução nacional”, referiu na oca-
pal causa do fenómeno nestes países. Espe- sião Domingos Silva Neto, director nacional.
cialistas alertam que o chamado ‘brain drain’ O ministério pretende combater o processo
(fuga de cérebros) impede a criação de uma de ‘fuga de cérebros’ angolanos, financiando
classe média (suporte do desenvolvimento as suas criações. O projecto é intersectorial,
sustentado) formada por médicos, engenhei- contando com a colaboração da Secretaria de
fuga de cérebr
cérebros que sofreu um incremento a
ros e outros profissionais, conduzindo a uma Estado para o Ensino Superior, a Universidade
partir da década
décad de 90, através da disponibi-
morte lenta do continente. “O crescimen- Agostinho Neto e o Ministério da Agricultu-
fontes financeiras e tecnológicas
lização de fon
to constrói-se com base no conhecimento”. ra. O programa Chevening é igualmente um
para que os jovens
jov cientistas se mantivessem
Quem o diz é o nigeriano formado em com- óptimo exemplo das medidas de retenção de
na região. O projecto,
p que conta com a cola-
putação Philip Emeagwali (conhecido por ‘Bill quadros. Conta já com 25 anos de existência e
boração das N Nações Unidas, é uma extensão
Gates de áfrica’), em entrevista recente ao atribui bolsas de estudo aos jovens que dese-
apresentado em 2006 pelas mesmas
do plano apres
‘Jornal de África’. jem desenvolver a sua formação no exterior. O
“Piloting Solutions for Reversing
entidades “Pil
programa cria conexões interculturais, permi-
Brain Gain for África, 2006-2009”,
Brain into Brai
MCT ATENTO tindo aos futuros profissionais adquirir uma
que incidiu na Argélia, Gana, Nigéria, Senegal
Preocupado com o impacto económico e so- visão cultural abrangente, de modo a que re-
e Zimbabué. NumN período em que se estima
cial, o Governo nacional está a desenvolver gressem ao seu país com as competências
que em 2001 a população mundial atinja os
políticas que colmatem a migração dos qua- necessárias para ingressar no mundo laboral.
sete biliões e que
q 97 por cento dos nascimen-
dros, lançando medidas de incentivo para que O protocolo com instituições inglesas contri-
tos ocorram nonos países em desenvolvimento,
os profissionais qualificados regressem ou buiu para que estes frequentem as melhores
a Unesco e a HP querem alargar o projecto até
se mantenham no país. A implementação da universidades do Reino Unido. A experiência
100 universidades em 20 países das regiões
paz tem sido um factor positivo no desenca- tem contribuído para o desenvolvimento de
que integram o BGI.
dear do processo. O Ministério da Ciência e programas de “academic coaching” (partilha
Tecnologia (MCT) é um dos organismos mais de experiências dos Chevenings com os es-
ANGOLA SOFRE COM ‘BRAIN DRAIN’
intervenientes. Em Agosto de 2009, a enti- tudantes angolanos) e para a cooperação de
As estatísticas do Banco Mundial apontam
dade criou um mecanismo de coordenação instituições académicas e da sociedade civil,
Cabo Verde, Moçambique e Angola como
entre as instituições de investigação cientí- ao nível de pesquisas, feiras e workshops.
países onde a maior parte dos seus quadros
fica, que se destina a reforçar o sistema de
estão a trabalhar fora. A organização alerta
educação e formação profissional. O projecto
para a falta de políticas que incentivem os
tem como objectivo desenvolver um sistema
profissionais qualificados a permanecerem
de investigação científica e inovação integra-
no seu país. Verifica-se uma ausência de vi-
da, dinâmico e de qualidade. Por outro lado,
são acerca do aproveitamento do potencial
permite desenvolver um mecanismo de dis-
humano. Em muitos casos, além dos baixos
seminação do conhecimento. “Neste âmbito,
rendimentos, os detentores de formação su-
para dar maior valor à actividade científica vai
perior deparam-se com um sistema pesado,
desenvolver-se a capacidade inovadora, tra-
onde não há espaço para a criação e inovação,
çando sinergias e elaborando um plano de
sendo colocados em funções diferentes da
coordenação para poder aproveitar o proces-
sua especialização e experiência. As guerras
SOCIEDADE · ANGOLA’IN | 39
SOCIEDADE ARTIGO DE OPINIÃO
Fuga
de
cérebros
Este é um assunto que daria milhares de escolas, com boas condições. Depois de mui- crescimento mundial é liderado pelo conheci-
páginas, mas simplesmente irei fazer uma to tempo fora, a família torna-se numa das mento. Quando se fala de pobreza, ninguém
abordagem resumida à “ fuga de cérebros causas principais pelas quais um bom profis- melhor que as pessoas com conhecimento
generalizada”. Para tudo na nossa existên- sional não deixa uma vida estável e de quali- e talentos para colmatar esse problema. Os
cia subsiste uma razão e é bom sabermos a dade para regressar a uma nação que poucas profissionais que migram são os que têm ex-
origem de determinadas realidades, assim garantias lhe dá. periência técnica com inclinações empreen-
sendo vamos entrar na essência, até às pro- dedoras e de gestão. Esta ausência aumenta
fundezas, daquelas que são as verdadeiras O crescimento mundial é a decomposição estrutural de um país e tor-
causas da saída dos jovens angolanos licen- na-se mais fácil lutar para destruir um gover-
ciados do país. Começo por dizer que a ins-
liderado pelo conhecimento no democrático.
tabilidade social contribui em muito para a
evidência dos defeitos e as suas consequên- SOCIALMENTE COMO FAZER UM PROFISSIONAL
cias. Com condições socioeconómicas e polí- A “fuga de cérebros” torna difícil criar uma REGRESSAR A CASA
ticas instáveis, é difícil a integração social e classe média composta por gestores, médi- Proporcionar incentivos para recrutamento,
conjuntural (realização pessoal e estrutural), o cos, engenheiros e outros profissionais, razão tais como, cobrir os custos de mudança de re-
que causa um grande abalo na máquina dina- pela qual cresce a subclasse maciça que é na sidência de um país para outro, propor plano
mizadora de um país. A procura de melhores sua maioria composta por desempregados e de financiamento habitacional no país de ori-
condições sociais, nomeadamente remune- pessoas necessitadas. Só para se ter noção, gem ou facilitar complementos salariais para
rações equitativas e prestação de serviços quando uma larga percentagem da comu- os primeiros anos. Uma solução mais perma-
de qualidade na área do conhecimento, que nidade médica emigra, um grande número nente seria pagar salários mais competitivos.
possam proporcionar um maior crescimento populacional mais carenciado tende obriga- Assim sendo, muitos profissionais poderão
humano e estrutural, são algumas das razões toriamente a procurar tratamento médico ponderar o seu regresso a casa. Penso que
que originam o subterfúgio dos jovens para alternativo, enquanto outras pessoas com podemos contornar a “fuga de cérebros ”
outros países. Caso essas condições sociais maior poder económico procuram médicos no com maior investimento na educação, apoio
sejam satisfeitas e objectivadas no exterior, exterior do país. O problema é que, mais do à mulher e ao desenvolvimento da juventu-
as hipóteses de regresso ao país de origem que perder estes profissionais, está-se a de- de. É importante proporcionar um trabalho
tornam-se ínfimas. Aliada a essa satisfação, bilitar o próprio sistema nacional de saúde. A à medida das aspirações pessoais de cada
acresce a adaptação a outra cultura. Embora meu ver, um país que adopta a proibição de um, sem os visados terem que mudar de ca-
muito difícil em vários aspectos no início, com consultas médicas externas ao seu território, sa, localidade e inclusive de país, tornando as
o tempo a tendência é para a conciliação. Os obriga à recontratação dos médicos que emi- oportunidades acessíveis a todos aqueles que
jovens estão mais sujeitos a criar dependên- graram para a Europa e outros estados. detêm formação superior. Os investigadores
cias, uma vez que têm a necessidade de for- têm a vida mais complicada, visto todos sa-
mar uma família, por vezes com uma mulher ECONOMICAMENTE berem que os Estados Unidos da América são
estrangeira, com uma carreira profissional es- Os melhores e mais brilhantes emigram. Res- um oásis para aqueles que sonham desenvol-
tável, o que inevitavelmente proporciona um tam, os recursos humanos mais fragilizados, ver actividade na área da investigação, quer
novo patamar de acesso a nível pessoal, em o que pode representar uma morte lenta do básica ou aplicada.
que poderão surgir os filhos e, por conseguin- dinamismo do país. Não se alcança um cres-
te, a necessidade de um meio social e eco- cimento económico a longo prazo com a ex-
pétio juarez penela de barros
nómico, nomeadamente no que concerne às portação de recursos naturais. Hoje em dia, o
40 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
SOCIEDADE ARTIGO DE OPINIÃO
Angola
e os Jovens
Quadros
Angola é conhecida por ser um dos países mais de desenvolvimento bem mais elevados. Du- nos e medidas de apoio para o regresso e in-
ricos do continente africano e do mundo, so- rante décadas, os jovens angolanos escolhe- serção no mercado de trabalho, o que é a meu
bretudo pela sua diversidade, abundância e ram ou foram obrigados a estudar no exterior, ver de louvar. Como todos os países emer-
qualidade ao nível dos recursos naturais. Com devido à situação de conflito existente no pa- gentes, Angola tem uma enorme escassez
uma economia em franco desenvolvimento, o ís. Calcula-se que milhares de jovens todos os de quadros. A maioria das grandes empresas
país tem, segundo o Banco Mundial, a retoma anos escolhem países como Portugal, Inglater- socorrem-se de “expatriados “ para colmatar
económica garantida para este ano, o que re- ra, Bélgica, Estados Unidos, Cuba ou mesmo a este déficite de mão-de-obra especializada e
presenta um crescimento na ordem dos 7,5 Rússia para ingressarem nas universidades. com formação superior. Contudo, os expatria-
por cento. Esta previsão surge após um ano Em muitos dos casos permanecendo após o dos têm uma “validade” até 3 anos, pelo que
de forte abrandamento, que colocou o cresci- curso no exterior, optando por não regressar a solução é recrutar quadros jovens nacionais
mento em menos de um por cento em 2009. por falta de condições. Após o ano 2002, exis- para serem formados e colocados em funções
De acordo com a mesma instituição, o mau tiu um crescimento do número de jovens qua- chave da economia, a médio prazo. Nos últi-
desempenho da economia angolana no ano dros a regressar Angola para desenvolver a sua mos anos surgiram várias universidades e cen-
passado deveu-se à queda brusca do preço do carreira e ajudar na reconstrução do país. Du- tros de formação por todas as províncias de
barril de petróleo, o que “provocou a perda de rante mais de vinte anos a percentagem de Angola, o que tem contribuído para o apare-
30 por cento das reservas monetárias e uma licenciados era muito baixa, só se vindo a al- cimento de uma bolsa de jovens quadros for-
desvalorização do kwanza de 25 por cento em terar esta tendência apartir dos anos 90. Hoje, mados nacionalmente. Estas escolas irão ser o
relação ao dólar”. No entanto, o país dispu- os jovens quadros angolanos querem voltar ao embrião de uma elite de quadros intermédios
ta com a Nigéria o primeiro lugar de produtor seu país, por vocação, pela falta de oportuni- e superiores, que serão os quadros de referên-
de petróleo em África e é o principal fornece- dades ou pela crise que está a abalar o mundo. cia no futuro do país. O recrutamento de nacio-
dor dos EUA e da China, o que faz com que os O Governo de Angola tem vindo a promover o nais, jovens quadros angolanos, tem inúmeras
seus quadros sejam, de entre todas as suas ri- regresso ao país desses recém-licenciados es- vantagens a médio e longo prazos, por ques-
quezas, o bem mais precioso de que dispõe; o palhados pelo mundo, procedendo à denomi- tões culturais, económicas e políticas. Desta
capital mais importante e determinante para nada “angolonização dos quadros”, composta forma iremos cimentar com fundações sólidas
um verdadeiro progresso económico e social, essencialmente por jovens, em que a maioria o mercado empresarial e social angolano.
susceptível de colocar Angola a par ou supe- deles possui formação das melhores escolas. joão carlos costa
rar países do continente africano com índices O poder político encarregou-se de elaborar pla- partner da jobfair global search & associates, portugal
SOCIEDADE · ANGOLA’IN | 41
SOCIEDADE | patrícia alves tavares
CARTA
MAGNA
A 21 de Janeiro virou-se uma página importante na política nacional.
A homologação da nova Constituição marca o início de um novo ciclo
governamental. A extinção do Primeiro-Ministro e a eleição directa do
Presidente da República são algumas das mudanças
A Lei Magna põe um ponto final ao período do documento final que “as políticas públicas damente em relação à eleição do PR, que a
transitório que o país vivia desde 1991. Foi e os instrumentos a adoptar para a sua viabi- partir de agora surge identificado no boletim
ratificada na Assembleia Nacional com 186 lização devem proporcionar a toda a socieda- de voto. O TC definiu que o vice-presidente é
votos a favor (do MPLA, do PRS e da Nova de estabilidade política” e “macroeconómica”, eleito na condição de segundo nome no bole-
Democracia), duas abstenções (da FNLA) e bem como “as infra-estruturas básicas de tim de voto. José Eduardo dos Santos assu-
nenhum voto contra. A ausência do maior apoio”, o “respeito e protecção da proprieda- me funções de Chefe de Estado, de titular do
partido da oposição - a UNITA - fez correr de privada”, o “reconhecimento da titularida- poder executivo e de Comandante em Chefe
muita tinta. Os 16 deputados não compare- de da terra” e a “celeridade da justiça”, entre das Forças Armadas. Acaba a diferença entre
ceram por considerarem que o novo texto foi outras questões. a presidência e o Governo. O actual líder es-
aprovado de forma ilegal, devido às condicio- tá à frente dos destinos nacionais desde Se-
nantes existentes na anterior Lei Fundamen- SUFRÁGIO EM 2012 tembro de 1979.
tal. Em resposta, o Chefe de Estado defendeu “O Estado deverá criar as condições para que
que o documento “é fruto de um prolongado sejam realizadas as eleições gerais em 2012, EM DESTAQUE
debate aberto, livre e democrático com to- ano em que finda o mandato resultante das À semelhança do que ocorre na maioria das
das as forças vivas da Nação”. De facto, este eleições legislativas de Setembro de 2008”, nações, a recente Constituição proíbe a pe-
foi elaborado após um longo período de con- anunciou José Eduardo dos Santos. O novo na de morte, assim como a tortura e os tra-
versas e incluiu propostas extraídas dos três documento, composto por 244 artigos, re- tamentos degradantes. Além das garantias
projectos constitucionais: presidencialista força os poderes do presidente, determinan- dos Direitos e Liberdades Fundamentais bá-
(A), semi-presidencialista (B) e presidencia- do que o Chefe de Estado é o cabeça de lista sicas, o texto decreta que todos os cidadãos
lista-parlamentar (C). Para o Presidente da do partido que vencer as legislativas. A Carta (em condições de igualdade e liberdade) po-
República, José Eduardo dos Santos, a Cons- Fundamental da República estabelece ainda dem aceder aos cargos públicos. Estas são
tituição constitui a base de todo o trabalho, como órgãos de soberania a Assembleia Na- algumas das garantias que a Lei Mãe define
acompanhando os políticos na promoção das cional (AN), os tribunais e o Presidente da Re- oficialmente. Os direitos e liberdades fun-
“reformas na administração central e local pública (PR). A AN e o PR são escolhidos por damentais consagrados são definidos como
do Estado, na administração do sistema de sufrágio universal, secreto, directo e periódi- invioláveis. José Eduardo dos Santos revelou
justiça fiscal, como meios para reforçar a ca- co. As eleições gerais são convocadas até 90 que o texto oficial deve “consolidar o quadro
pacidade institucional do país”. A pensar no dias antes do fim do mandato e decorrem 30 jurídico e institucional, que permita a urba-
desenvolvimento sustentado da economia dias antes do seu término. O processo legisla- nização das reservas fundiárias do Estado,
nacional, onde prevaleça o “equilíbrio regional tivo é organizado por entidades independen- onde, de forma segura, tanto famílias organi-
e a integração internacional”, o chefe de Esta- tes. O Tribunal Constitucional (TC) exigiu, na zadas para a auto-construção, como socieda-
do destacou no seu discurso de promulgação altura, rectificações ao documento, nomea- des de construção, cooperativas de habitação
42 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
pontos quentes:
fonte: constituição
SOCIEDADE · ANGOLA’IN | 43
SOCIEDADE | ARTIGO DEtavares
patrícia alves OPINIÃO
Vitória
da cidadania
Um dos aspectos que mais me satisfaz nas Porém, há que fazer advertências. É evidente mecanismos para garantir a efectivação do
Constituições é o da igualdade perante a lei. que quanto à Organização do Poder de Esta- princípio da separação de poderes e para evi-
A Lei Magna angolana corresponde às mi- do (Título IV) emergiram pontos de vista diver- tar e/ou sancionar os excessos, bem como a
nhas expectativas, pelo menos no cômputo gentes, em função dos interesses políticos - no actuação contrária a lei e a ética dos titulares
geral. O documento final pauta-se pela qua- meu entender legítimos, imediatos ou estra- do cargos públicos. A opinião pública, as or-
lidade técnica, onde evidencio com agrado a tégicos -, o que é perfeitamente natural e salu- ganizações sócio-profissionais e os meios de
clara e abrangente consagração dos Direitos, tar. Considero que este processo contribui para comunicação jogaram e ainda jogam um pa-
Liberdades e garantias Fundamentais. De re- a maturidade democrática e idoneidade cívica pel importante, até mesmo determinante. De
ferir ainda a organização económica, financei- dos actores políticos e dos técnicos. Obvia- modo convincente, há que esclarecer a inova-
ra e fiscal, que no meu ponto de vista, vai de mente, não existem Constituições perfeitas! ção - um direito do cidadão eleitor! Se bem
encontro às necessidades das sociedades ac- Uma ou outra imprecisão serão encontradas fundamentada, com base na legítima protec-
tuais. Aliás, acredito piamente que uma estru- no processo da sua efectivação. É previsível. ção dos mais altos interesses da Nação, po-
tura social, baseada num Estado Democrático Mas acredito que se procederá a ajustamentos derei ou deverei mudar de opinião, pois já lá
de Direito (Artigo 2º), de jure e de facto, é o ca- no domínio da legislação ordinária. vão os tempos em que, nestas lides, tinha po-
minho para erguer uma sociedade livre. Todos sições sectárias e dogmáticas. Louvo os que
nós, cidadãos angolanos, merecemos a reali- ‘A efectivação da Lei Supre- directa ou indirectamente estiveram envolvi-
zação plena, após os longos anos de agruras. dos no processo, desde o início. Para quem viu
ma depende, em última ins- as legítimas expectativas goradas, nomeada-
tância, do cidadão’ mente no que concerne às Garantias e Contro-
lo da Constitucionalidade, lembro que podem
Quando folheei a Lei Mãe, admito que fiquei ser “atenuadas” dentro do próprio quadro
surpreendido com a originalidade do sistema. constitucional. O essencial é que a organiza-
A minha escolha recai invariavelmente no ar- ção social (sobretudo o Poder do Estado) cum-
tigo 109º, respeitante à eleição para o cargo pra estritamente a sua função, assegurando
de Presidente da República. O assunto tem os interesses dos destinatários. A efectivação
suscitado debates políticos, académicos e na da Lei Suprema depende, em última instância,
sociedade em geral. Humildemente reconhe- do cidadão. Se existem ganhos significativos
ço as minhas limitações para, de forma se- para a vida do angolano no novo documento,
gura, opinar sobre esta forma de eleição do é indubitavelmente no domínio dos Direitos,
PR. No entanto, impõe-se-me o dever/direi- Liberdades e Garantias. A Lei anterior consa-
to de sugerir a continuação da discussão/cla- grava-os de forma sintética. Houve uma evo-
rificação do seu “modus faciendi” e as suas lução, uma maior abrangência. É de aplaudir.
implicações no plano dos procedimentos ju- Mas… na prática, temos muito a trabalhar, em
rídico-eleitorais. Por uma questão de princí- termos de eficácia! Há que mudar atitudes,
pio, reitero que neste ponto continuo a nutrir aperfeiçoar mecanismos, corrigir erros, criar
simpatias com o sistema anterior e, no limi- pedagogias e sanções eficazes.
te, não me repugnaria a consagração de um
processo de eleição do PR pelos deputa- Nota final: a justiça, a advocacia, o cidadão
dos eleitos – forma indirecta, que não como destinatário final ganharam no plano
é seguramente antidemocrático. jurídico-constitucional. Estou certo de que
Recordo que nos países, onde venceu a Nação.
o tal sistema funciona,
inglês pinto bastonário da ordem dos advogados de angola
existem múltiplos
44 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
VIDRO... É FVK
FÁBRICA DE VIDRO DO KIKOLO
“ANGOLA É UM
INVESTIMENTO
PRIORITÁRIO”
Jorge Rocha de Matos é presidente da Associação Industrial Portuguesa – Confederação
Empresarial (AIP-CE). Nasceu em Lisboa, em 1943, e ocupa o cargo desde 1981. Com uma
série de acções consolidadas em Portugal, o grupo tem as atenções voltadas para Angola,
o principal mercado africano dos lusos. A 23 de Fevereiro, a AIP-CE assinou um protocolo
de cooperação com a Feira Internacional de Luanda (FIL), tendo em vista a organização de
quatro feiras conjuntas. O empresário fala à Angola’in deste acordo e dos objectivos referentes
à dinamização da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em entrevista
exclusiva à nossa publicação, o empresário levanta o véu das actividades para 2010.
AIP EM ANGOLA esforços internos e boas parcerias internacio- de facilitação da vida empresarial. A AIP-CE
Quais os desafios que a economia nais. Penso que Angola está a dar passos mui- tem no quadro bilateral e no contexto da Con-
angolana enfrenta? to significativos neste sentido. federação Empresarial da CPLP relações privi-
Actualmente, confronta-se com o importan- legiadas quer com a Associação Industrial de
te desafio de criar uma base económica sóli- Os ministérios mostram-se disponí- Angola, quer com a Câmara de Comércio de
da e sustentada e de reforçar a sua inserção veis para colaborar com as empre- Angola. Por outro lado, é de realçar o estupen-
na economia internacional. Indica que Angola, sas lusas? do entendimento entre os governos, o que fa-
para além de dispor de uma dotação de fac- As empresas portuguesas têm, de uma forma cilita o relacionamento empresarial. Existem
tores naturais muito significativa, designa- geral, uma boa relação com os ministérios e também alguns instrumentos financeiros da
damente relacionados com matérias-primas, instituições angolanas. Naturalmente que po- parte do Estado português, nomeadamente
onde o petróleo tem uma importância capital, derão existir dificuldades pontuais em deter- linhas de crédito que dão expressão a essa re-
tem necessidade de reforçar, alargar e enri- minadas circunstâncias, como aliás é próprio lação.
quecer a sua base económica com produtos da vida empresarial. Mas, a forte proximidade
e serviços de valor acrescentado, o que obriga cultural e linguística existente entre os dois Quais os planos que a AIP-CE pre-
também a diversificar a sua base produtiva. países permite ultrapassá-las. Existe à parti- tende implementar durante este
Há todo um caminho que o país está a trilhar da uma boa base colaborativa. ano?
que obriga necessariamente a um investi- O plano de acção da AIP-CE para 2010 coloca
mento expressivo nas infra-estruturas de su- Possuem acordos com o Governo e Angola no topo das suas prioridades em rela-
porte, físicas e digitais, de forma a valorizar com as entidades privadas? ção aos investimentos e mercados externos.
competitivamente o território e, consequen- Há um bom clima relacional entre os Gover- Saliento a realização de quatro missões em-
temente, reforçar a atractividade num con- nos português e angolano, bem como entre presariais de âmbito multisectorial a Luanda,
junto de indústrias e serviços para satisfazer instituições e associações empresariais dos Benguela, Huíla e Cabinda. Paralelamente,
o mercado interno e a procura internacional. dois países, de que a AIP-CE é um pilar impor- destaco também a concretização de quatro
Isso exige uma mobilização de energias e de tante e que constituem importantes veículos estudos de mercado sobre as quatro provín-
PORTUGAL – ANGOLA
Qual o peso de Angola nas exporta-
“Em Julho, Angola assume a presidência ções lusas?
rotativa da CPLP e, como tal, cabe-lhe Actualmente, ocupa o primeiro lugar nas ex-
neste contexto dinamizar um conjunto portações portuguesas para fora da Europa, o
que é um bom testemunho deste relaciona-
de iniciativas em relação à afirmação
mento bilateral.
desta Confederação”
Qual o volume de trocas comerciais,
em 2009?
Os dados estatísticos fornecidos pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE) revelam que en-
tre Janeiro e Setembro de 2009 as exportações
olhar
clínico
Mais de vinte angolanos entre empresários e porque este apresenta múltiplas vantagens, ção, deslocações hotel-feira, feira-hotel) não é
jornalistas participaram recentemente na Fei- que vão desde a facilidade de leitura do rótu- tarefa fácil. Só se traduz num verdadeiro olhar
ra Internacional de Bebidas e Agro-alimenta- lo, à originalidade dos produtos e à facilidade clínico sobre o mundo dos negócios, onde não
res SISAB 2010, em Lisboa, Portugal. O evento de receber a partir das suas representantes lo- é qualquer um que consegue visualizar facil-
que vai na XV edição reuniu cerca de 430 em- cais, para além dos laços fraternais que unem mente os benefícios deste investimento e dos
presas portuguesas do sector alimentar e be- os dois países há décadas”. “Durante os três resultados que poderá proporcionar a médio e
bidas, colocando sobre o mesmo tecto homens dias da feira, foi possível comprar vários pro- longo prazos. O mundo dos negócios exige dos
e mulheres de negócios de vários estratos so- dutos e estabelecer parcerias comerciais que investidores esta visão sobre o futuro, o que
ciais provenientes de diferentes continentes. me irão ajudar a importar maior volume de consequentemente se traduz numa aposta de
Segundo a organização, cada empresário fez- produtos portugueses para abastecer a minha marketing para “formatar a marca na consci-
se acompanhar de um cheque avaliado em unidade comercial na Huíla”. ência do consumidor”. Se partimos do pressu-
mais de USD 50 mil, tendo como principais posto de que o mundo se tornou uma aldeia
objectivos fazer compras e estabelecer novas Precisamos de gestores- global e que a concorrência é cada vez mais
parcerias de negócio para importação de pro- estrategas capazes de evidente, então precisamos de gestores-es-
dutos portugueses. Esta oportunidade permi- trategas capazes de mobilizar os investidores
tiu aos empresários angolanos traçarem, por
mobilizar os investidores de outros países e promover as nossas mar-
exemplo, novos rumos no mundo dos negó- de outros países e cas além-fronteiras. De salientar, que todos os
cios, designadamente ao nível do sector agro- promover as nossas empresários que participaram neste evento,
alimentar e bebidas de origem portuguesa, marcas além-fronteiras antes e durante os primeiros dias de importa-
numa altura em que as importações angola- ção de qualquer produto para a sua empresa,
nas neste mercado somam cifras avaliadas Para além das trocas comerciais entre an- pensa em primeiro lugar no mercado portu-
em 23 por cento das importações com destino golanos e portugueses, a bolsa de produtos guês, o que se traduz numa mais-valia para o
a Angola, referiu o Secretário de Estado da Flo- alimentares e bebidas permitiu estabelecer país. Neste negócio, ganha a organização do
restas e Desenvolvimento Rural, Rui Barreiro. novas parcerias com empresários oriundos evento, os produtores locais através do au-
Este volume de exportações lusas para o mer- de vários pontos do mundo, como é caso de mento das exportações, o que se traduz num
cado nacional, representa um indicador ani- Cabo-Verde, São Tomé, Guiné Bissau, Brasil, aumento de postos de trabalho para os nacio-
mador se tivermos em conta que Angola está Espanha, Estados Unidos da América, Rússia nais. Uma acção que permite ao país arreca-
a trilhar novos caminhos nas relações econó- e China, no total de 80 países que levaram a dar mais rendimentos resultantes das receitas
micas com vários países, cuja meta está ainda Portugal cerca de 1200 empresários. Segun- aduaneiras das exportações destes produtos.
longe destes números. De acordo com Carlos do as declarações feitas pelos participantes, Em suma, todos ganham. Isso só é possível,
Morais, director da SISAB, os produtores por- pode-se concluir que esta iniciativa do sector se as organizações, país, iniciativas privadas,
tugueses ali representados, produzem e fabri- privado português é uma verdadeira mola im- público-privadas, associações juvenis e tantos
cam alguns dos melhores produtos, com uma pulsionadora da expansão dos seus produtos outros aglomerados humanos tiverem pesso-
longa tradição na produção de agro-alimen- no estrangeiro. Numa altura em que o mundo as inovadoras, com um olhar clínico voltado
tares e bebidas em Portugal. Em declarações está a acordar de uma devastadora crise eco- para o mundo dos negócios e bem-estar de
à Angola’in Ana Maria, empresária angolana nómica, cujos efeitos não pouparam as maio- todos sem secar a fonte.
proveniente da província da Huíla, uma das res economias, investir perto de USD 4 milhões
participantes no evento, disse que “os angola- para trazer homens de negócios a um evento a
andré sibi
nos preferem importar no mercado português custo zero, (transporte, alojamento, alimenta-
DE HOMENS
PARA HOMENS
Ritual de circuncisão masculina
carimbos
obrigatórios
no passaporte
Ano novo significa novos países e recantos a explorar ao longo dos próximos doze meses. A Angola’in revela-lhe, em
exclusivo, quais as 25 cidades que não pode deixar de visitar. Deixe-se levar pela diversidade de culturas e planeie as
suas férias inspirando-se na fusão de climas, tradições e interesses. Opções não faltam, mesmo que não tenha hipótese
de viajar para todas as sugestões! Os locais escolhidos destacam-se especialmente pelos eventos que vão acolher no
ano de viragem da década, que ficará marcado pelos acontecimentos mais diversos e que prometem fazer ‘história’
américa do norte
NOVA IORQUE, A ‘BIG APPLE’ LAS VEGAS, ‘THE ENTERTAINMENT CAPITAL OF THE WORLD’
Berço de muitos movimentos culturais, Nova Iorque é a área mais po- A cidade do jogo tem um novo atractivo para descobrir neste novo ano:
pulosa dos EUA, sendo considerada uma cidade global alfa ++. O cen- o City Center. Inaugurado a tempo da passagem de ano 2009/ 2010, é
tro da moda, cultura e entretenimento é imperdível em qualquer altura o novo local para descobrir em Las Vegas, enquanto aprecia e desfruta
do ano. Lar do Empire State Building e da famosa Estátua da Liberda- do melhor que a vida tem para oferecer nos diversos hotéis desenha-
de, Nova Iorque é a mais densamente povoada, com mais de 8,3 mi- dos pelos melhores arquitectos, como Daniel Libeskind. Diversão é coi-
lhões de habitantes (estimativa de 2007). Local muito procurado para sa que não falta aqui, ou não fosse conhecida pela capital mundial do
compras, as suas paisagens são habitualmente publicitadas nos filmes entretenimento. A região, conhecida pelos imponentes casinos e hotéis
americanos, que recorrem inúmeras vezes ao Central Park para gravar temáticos, atrai mais de 30 milhões de visitantes por ano, facto que
alguma cena. Os shows da Broadway são igualmente ponto obrigatório. levou a que alguns dos maiores resorts dos Estados Unidos se instalas-
No entanto, o que torna este destino imperdível em 2010 são as come- sem na principal avenida de Las Vegas, Strip. Esses empreendimentos
morações do ano de Picasso, que se assinala em Manhattan, com duas albergam os maiores casinos do mundo.
grandes exposições: no MoMa (28 de Março a 6 de Setembro) e no Me- Site sugerido: www.citycenter.com
tropolitan (27 de Abril a 1 de Agosto).
Site sugerido: www.moma.org
58 | ANGOLA’IN · TURISMO
américa do sul africa
TURISMO · ANGOLA’IN | 59
TURISMO
europa
60 | ANGOLA’IN · TURISMO
so programa artístico, a reabertura do mítico Hotel Pera Palas ( www.
perapalas.com) e até o maior concerto da digressão mundial dos U2 (6
de Setembro). São motivos mais que suficientes para visitar Istambul,
que tem a particularidade de ser dividida por um estreito (Bósforos)
que separa o lado asiático do europeu.
Site sugerido: www.istambul2010.org
asia
HANÓI, MULTIPLICIDADE ÉTNICA
A capital do Vietname celebra, em 2010, os seus mil anos e inaugura
um parque, com 1500 hectares, para homenagear os 54 grupos étni-
cos do país. Aliás, Hanói conserva toda a sua riqueza e arquitectura
colonial, bem presente em locais como o Mausoléu de Ho Chi Minh e a
prisão de Hoa Lo. Os lagos, parques, boulevards sombrios e os mais de
600 templos conferem um toque de charme a esta cidade.
Site sugerido: www.hanoi2010.org
62 | ANGOLA’IN · TURISMO
ANGOLA’IN SUGERE
Nesta edição, a nossa equipa aconselha os nos-
sos leitores a visitar um dos locais mais requin-
tados da cidade portuense. Recomendamos
um espaço a não perder e o sítio eleito pela
Angola’in para pernoitar durante a sua esta-
dia na Invicta ou para simplesmente degustar
uma refeição divinal. A sua revista volta a ino-
var e excepcionalmente recomenda um ponto
importante do Porto. O Hotel Infante Sagres é ‘Outra particularidade quee
a sugestão para este mês. A inauguração ofi- conquista os turistas
cial do Hotel Infante Sagres, em 1951, marcou é o SPA do Hotel Infante Sagres,
a história da cidade, que passou a albergar a
primeira unidade de luxo, construída de raiz em que é o mais pequeno do mundo’
Portugal, no século XX. A gerência orgulha-se
de já ter acolhido a família real inglesa e a es- únicas e viciantes pelo prazer e bem-estar que Quando passear pela Invicta, é provável que
panhola. Paulo Teixeira de Carvalho, gerente do proporcionam”, assegura o responsável. Para encontre algumas novidades. O Hotel Infante
hotel, confidenciou à Angola’in que o edifício quem visita o Porto a negócios encontra neste Sagres pretende inaugurar um restaurante de
emblemático “continua a ser uma referência local o “ambiente mais adequado ao trabalho “qualidade, mas despretensioso com porta para
icónica da cidade do Porto e até mesmo do em causa”, num ambiente “elegante e inunda- a rua”, numa iniciativa que visa abrir o espaço à
próprio país”. “A carga histórica que encerra, o do de luz natural”. cidade. “Para além do projecto do restaurante
seu acervo em obras de arte contemporâneas que se encontra sempre sob a vigilância do Chef
ou antigas, móveis, lustres, espalhados aqui e ‘O seu produto mais Albano Lourenço (uma estrela Michelin) prevê-
além de forma quase displicente, a sua localiza- se a instalação de uma esplanada, em plena
ção, a patine que o tempo traz e que não pode típico, o vinho do Praça D. Filipa de Lencastre [entrada principal
ser reproduzida senão pelo passar dos anos, Porto, atrai turistas do hotel]”, esclarece. Para 2010, o hotel tem na
torna esta unidade hoteleira uma referência do mundo inteiro’ calha a organização de múltiplos eventos de ca-
única e incontornável”, afirma o responsável, riz social e acções relacionadas com o SPA An-
assegurando que quem visitar este hotel vai ELEITO PELOS VIP’S gkor Wat (concertos Meditativos e actividades
viver uma experiência única e não terá motivos “São uma miríade de pequenos pormenores de de carácter holístico e ligadas ao sobrenatural).
para se arrepender. A unidade foi recentemente bom gosto e de uma época em que tudo era O Porto é a segunda maior cidade de Portugal,
renovada, numa mistura do “estilo neo-barroco possível comprar e que nos acolhem e espan- com uma vida cultural e nocturna tão badalada
com os elementos da decoração dos anos 50 e tam em cada recanto”, descreve Paulo Teixeira quanto a de HYPERLINK “http://dreamguides.
total abertura à cidade”. Aliás, segundo Paulo de Carvalho, enquanto explica que os clientes edreams.pt/portugal/lisboa” \o “Lisboa” Lis-
Teixeira de Carvalho “a conjugação de todos es- ficam deslumbrados com o ambiente familiar, boa. O cartão postal da região é a Ponte Maria
tes factores cria uma referência incontornável acolhedor e discreto. Os VIP’s são presença as- Pia, projectada por Gustavo Eiffel, com os barcos
e que torna a simples visita ou estadia numa sídua, pois são “tratados como tal”, em que o rabelos ao fundo, típicos da região. O seu produ-
experiência inolvidável”. “serviço é cuidado, caloroso, personalizado ao to mais típico, o vinho do Porto, atrai turistas do
limite, sem ser opressivo ou inconveniente”. A mundo inteiro. O clima temperado e húmido faz
‘O Hotel Infante filosofia dos responsáveis pelo espaço é abran- da Invicta um bom sítio para visitar na altura do
gente. “O VIP pode ser um simples aniversa- Verão, ao contrário do que acontece no Inverno,
Sagres é a primeira quando as temperaturas podem atingir valores
riante ou um ilustre desconhecido que quer algo
unidade de luxo, particular”..
em particular negativos.
g
construída de raiz em
Portugal, no século XX’
Sem desvalorizar o património histórico e tra-
dicional do espaço, o recinto está perfeitamen-
te adaptado às exigências do século XXI. A In-
ternet wireless em todas as áreas, os colchões
ultra-modernos e outras adaptações conferem
um conforto acima da média. Outra particula-
ridade que conquista os turistas é o SPA do
Hotel Infante Sagres, que é o mais pequeno do
mundo. “O Angkor Wat é uma quase exigên-
cia do mundo em que vivemos, mas apoiada
numa filosofia e ciência milenares que tornam
as experiências neste espaço reservadíssimo
TURISMO · ANGOLA’IN | 63
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO | patrícia alves tavares
Imaginação
sem
limites
qualidade
es – Maior
Sabia que... or es C id a d
elh e
mo tema “M ços urbanos
0 vai ter co de dos espa
A Expo 201 à sust en ta b il id a
bem-e st a r d os
ma alusão ológicas ao
de vida”, nu as inov a çõ es te cn
de de aliar
à necessida
habitantes
do da guerra. Contudo, a Kasa do Futuro tem está a promover a “Casa de Sonho”, projecto reciclabilidade dos materiais e maximização
todos os ingredientes para ser aplicada às que aproveita as potencialidades naturais do do uso sustentável dos recursos naturais. As
construções angolanas. Após a conclusão das país e adapta os edifícios ao meio ambien- suas funcionalidades e equipamentos são dis-
redes de saneamento, reabilitação das vias te, tornando-os mais sustentáveis e eficien- pendiosos, mas a sua eficiência permite uma
de comunicação e das infra-estruturas, o país tes energeticamente. Tendo em conta a meta poupança a médio e longo prazo. Tal como a
dispõe de recursos naturais, como as energias governamental de criar residências condignas Angola’in noticiou anteriormente, o protóti-
renováveis, que podem e devem ser incluídas para todos e a evolução do sector, esta tipo- po de apresentação foi montado especifica-
nas habitações, de forma a reduzir o impacto logia de pré-fabricados pode estar ao dispor mente para a Constrói, num espaço de 800
ambiental e a fomentar a sustentabilidade e a da maioria das famílias a curto prazo. Painéis m2. Interessados em adquirir os modelos do
poupança (económica e energética). solares, espaços reservados para combustão, futuro não faltaram. Quatro suites, cinco ca-
reciclagem e elec- sas de banho, duas salas de estar e uma de
‘‘A mais recente tecnologia domótica trodomésticos jantar, piscina, “jacuzzi” e jardim foram os
que economizam argumentos que conquistaram o público na-
tem tudo para vingar no mercado, energia estão já cional, que está cada vez mais sensibilizado
visto que este sistema contribui para ao alcance dos para as vantagens das tecnologias de ponta
uma redução do consumo energético angolanos. Eco- e para o quanto podem economizar se insta-
eficiente e auto- larem equipamentos de poupança energética.
na ordem dos 30%, sem descuidar o sustentável, a Construídas em madeira de pinho e com dura-
conforto’ “Casa de Sonho” ção ilimitada, estas tipologias vanguardistas
é parcialmente são ainda uma solução de luxo. Os protótipos
montada em Por- apresentados no certame oscilam entre os 45
SONHO ANGOLANO tugal, por especialistas que têm o cuidado de mil dólares (T3 com 54 metros) e os 150 mil
A AIMMP - Associação de Indústrias de Ma- reduzir o impacto ambiental, através da uti- dólares (T4 de luxo). Os próximos anos prome-
deira e Imobiliário (Portugal) apresentou no fi- lização de materiais naturais e recicláveis. A tem mais novidades tecnológicas que, conju-
nal do último ano na sétima edição da Constrói arquitectura contemporânea visa o incremen- gadas com as novas técnicas arquitectónicas,
Angola o protótipo das habitações do futuro. to da durabilidade dos produtos, por via da re- vão revolucionar o mercado habitacional, que
Acompanhando as tendências do mercado dução da intensidade energética dos serviços se espera que fique mais humanizado, confor-
internacional, a construtora Modular System e bens, na diminuição da dispersão tóxica, na tável, seguro e amigo do ambiente.
explorar os sentidos
As mais recentes tecnologias de ponta aliadas às construções contemporâneas transformam
as habitações em verdadeiros centros interactivos. Eis algumas das últimas inovações:
Painéis de comando que integram tecnologias de várias empresas, como a HP,
Microsoft e QUiiQ, que controlam e monitorizam todo o espaço;
Mordomo virtual bastante eficiente, capaz de ditar receitas de acordo com os
produtos que existem na dispensa, enviar a lista de compras para o telemóvel
ou tirar um café (activação por comando de voz);
Paredes RGB, controladas directamente pelo sistema iDom,
que dão a possibilidade de escolha do ambiente mais ajustado ao momento.
Possuem uma resolução de 30 bits de cor;
Iluminação, abertura/ cobertura automática da piscina e a
ondulação da água pode ser controlada pelo sistema iDom;
Sistema de regra pode possuir até 27 diferentes zonas, controladas com base na
informação da central meteorológica;
Possibilidade de aceder à casa através do telemóvel a partir de qualquer lugar ou
hora, controlando à distância funções como a iluminação ou a abertura do portão da garagem
INOVAÇÕES
QUE VÃO MUDAR
O MUNDO
2010 é portador de novas esperanças para a TRANSPORTE ECOLÓGICO ser a que oferece maior autonomia, logo me-
área de Inovação & Desenvolvimento (I&D). A Veículos eléctricos. Esta é a grande aposta do lhor perfomance, também sabemos que para
legião de novos sectores dignos de progresso sector automóvel. Uma tendência confirma- que este tipo de veículos se imponha como
que serão alvo de transformações é, cada vez da pelas grandes marcas. A PSA Peugeot-Ci- uma boa escolha de compra, estas devem ser
mais, extensa. Dir-se-á cruciais, se represen- troen irá lançar, ainda este ano, o seu iOn; a práticas, de fácil carregamento e maior dura-
tam a base da luta contra as doenças, a me- BMW deverá seguir-lhe o exemplo e testar o ção. Actualmente, as mesmas custam entre
lhoria dos transportes e a gestão eficiente da seu Mini E em França, enquanto a Renault já 12 mil e 15 mil euros, o que faz aumentar e
energia; lúdicos e culturais caso ampliem os anunciou o lançamento de quatro novos mo- elevar consideravelmente o preço de um sim-
nossos objectos de lazer e incrementem as no- delos entre 2011 e 2012. Informações que des- ples automóvel ligeiro, equiparando-o mui-
vas tecnologias. A Angola’in seleccionou para poletaram o interesse do mercado por este tas vezes ao nível dos melhores veículos de
si as descobertas que vão marcar os próximos tipo de viaturas, considerado até ao momen- marca a gasolina. No Japão, por exemplo, o i-
anos, isto porque a tecnologia faz parte da to como incerto, pelo menos a médio prazo. Miev da Mitsubishi é vendido a 30 mil euros!
nossa vida e vai mudando as nossas necessi- Apesar da previsão de forte investimento, No entanto, vários construtores europeus
dades à medida que também vai evoluindo. A crê-se que os carros eléctricos não ultrapas- garantem que será vendidos a preços mais
lista das inovações com potencial de mudan- sem os 3 a 5% no total de vendas a nível baixos. Espera-se que os primeiros modelos
ça sobre a forma como as pessoas trabalharão mundial até 2020-2025. Carlos Ghosn, CEO saiam para o mercado já em Abril. Resta ou-
e viverão e jogarão é hoje inimaginável. Para da Renault, mostra-se mais confiante, acre- tra pergunta pertinente, os carros eléctricos
começar, as tecnologias de poupança de ener- ditando que estas viaturas poderão represen- irão possibilitar uma utilização mais barata?
gia solar serão utilizadas no asfalto, nas tintas tar 10% da escolha de compra relativa a novos Sim, respondem as marcas, pois enquanto o
e até nas janelas. No próximos cinco anos, a veículos nos próximos dez anos. Indiscutivel- preço do barril de petróleo aumenta, o das ba-
energia solar será uma opção acessível para si mente, o motor eléctrico permite um melhor terias baixa. As estimativas são, por isso, op-
e para os seus vizinhos, de acordo com o ter- rendimento energético e não emite nenhum timistas. Calcula-se que, até 2020, o custo de
ceiro relatório anual «IBM Next Five in Five». gás poluente. Mas subsistem muitas dúvi- utilização de um veículo eléctrico seja 24% in-
Actualmente, os materiais e os processos para das quanto à sua autonomia, uma vez que ferior ao de um automóvel normal. Mais uma
produzir células solares conversíveis em ener- as existentes são insuficientes e, igualmen- vez, se coloca a questão de poder recarregar
gia solar são demasiado caros e não permitem te importante, demoram muito tempo a car- mais e melhor a bateria. Uma das alternativas
uma adopção generalizada. Com a criação de regar, não existindo ainda infra-estruturas mais viáveis para combater este problema é
células solares «thin-film» a situação vai in- adaptadas para o recarregamento necessá- possibilitar a troca de baterias nas estações
verter-se, na medida em que estas células são rio. Nesse sentido, é evidente que o problema de serviço das auto-estradas. Está previsto o
cem vezes mais finas que as células de silicone reside na duração da bateria. Se todos con- aumento de locais onde o utente poderá re-
e podem ser produzidas a preços mais baixos. cordamos com o facto da bateria tipo lítio-ião carregar e trocar as mesmas, com facilidade
utopia ou realidade?
Eric de Riedmatten é o autor de um exercício arriscado: a previsão científica. Poderia
muito bem ter escrito um romance de ficção científica, inventar ideias esquisitas ou até
mesmo imaginar um mundo virtual. Mas não: estas invenções têm forte probabilidade de
se concretizarem um dia, num futuro mais ou menos distante. Soube, por isso, cercar-se
de cientistas eminentes, que corroboram a maioria dos seus capítulos, entre eles Etienne-
Emile Baulieu e Axel Kahn na área da saúde e medicina, Hubert Reeves ao nível do espaço…
De qualquer maneira, Eric de Riedmatten sabe do que fala, uma vez que é o actual director
de comunicação da Siemens França, a empresa que apresenta a maioria das patentes por
ano neste país. Razão pela qual, encontramos, naturalmente, no seu livro um bom pacote de
ideais retiradas directamente do departamento de investigação da Siemens. Ao longo do livro
podemos perceber que, obviamente, quanto mais avançamos no tempo mais as invenções
se tornam rebuscadas e complexas. Dessa forma, em 2084, segundo o autor, todos seremos
vegetarianos. As escadas rolantes podem na prática substituir os carros nas cidades. Ao
passo que a partir de 2094, as senhoras poderão apreciar um ramo de rosas vindo directa e
especialmente de uma base em Marte, enquanto o seu marido se fascina com o Campeonato de
Fórmula 1 virtual. De facto, o principal mérito deste livro é apresentar-nos um futuro de forma
positiva, cheio de pequenas e grandes descobertas que irão mudar as nossas vidas. Embora,
muitas vezes, a tendência seja para falar de futuras catástrofes globais (aquecimento climático,
guerras nucleares, doenças emergentes), neste caso o objectivo é mesmo aumentar-nos a moral.
Velocidade
em alta
O desporto motorizado esteve adormecido por muito cimento tardio do desporto e terminou com
tempo. Porém, nos últimos anos, com a implementação o último GPA, em 1965. Após esse período,
surgiu a emancipação das cidades provinciais,
da paz, as diversas modalidades têm conquistado
que organizavam circuitos e lançaram os pri-
múltiplos adeptos, assistindo-se ao aparecimento meiros pilotos. Posteriormente a 1969, apare-
de uma geração de jovens talentos que, apesar das ceram a BMW e a Alfa Romeo, cujos atletas
dificuldades, começam a destacar-se nas competições António Peixinho e Nicha Cabral se torna-
internacionais. O automobilismo e motociclismo são as ram nas grandes figuras, contribuindo para
áreas que atraem pequenos e graúdos, cujo interesse a afirmação das seis horas Internacionais de
Huambo. A quarta etapa ficou marcada pela
desperta a cada triunfo europeu.
criação dos dois autódromos e pela afirmação
As motas, uma das paixões dos angolanos, tica desportiva, organizando várias provas em de uma nova geração de pilotos. A última fa-
têm vindo a conquistar terreno para os des- Benguela, Huambo, Namibe e Cunene, com o se, que dura até hoje, assume-se como a da
portos tradicionais. No país, existe um grupo intuito de promover a massificação do des- resistência da modalidade, graças ao esforço
composto por cerca de 30 atletas, sendo que porto nas províncias, como é o caso do Gran- de alguns atletas que vão lutando para que
alguns têm vindo a assumir-se como adver-
de Prémio em Karting. O automobilismo é o o automobilismo não caia no esquecimento,
sários temíveis nos principais circuitos eu-
símbolo do desporto motorizado. A Fórmu- tentando recuperar as tradições. Nomes co-
ropeus. Recorde-se que o motociclismo de
la 1 tem contribuído em larga medida para a mo José Carlos Madaleno, Luís Sá Silva e Ri-
competição nasceu em Inglaterra, numa pro-
va intitulada ‘Motorcycle Scrambles’, em 1987. divulgação desta área, que se subdivide nu- cardo Teixeira são casos de sucesso, que têm
A vertente que reúne maior número de afi- ma série de modalidades menos conhecidas, conduzido a bandeira de Angola às principais
cionados é sem dúvida o motocross, desporto como o GP2, o Nascar e as provas de Dakar. pistas internacionais. Todos concordam que a
que recorre a máquinas com geometria e sus- Os pilotos são em número reduzido mas, de- modalidade está a evoluir, que o número de
pensões especiais para resistir às imperfei- vido a uma série de iniciativas que serão im- adeptos e atletas tem tendência para crescer
ções do terreno. As provas de Enduro são as plementadas no terreno, espera-se que haja e que é urgente reabilitar as infra-estruturas.
mais procuradas. O Karting é outra categoria, uma proliferação de provas e de equipas. José Madaleno, em declarações à Angola’in,
que se apresenta como rampa de lançamento
acredita que o sector “está em total desenvol-
para muitos pilotos profissionais. A base do
AUTOMOBILISMO RENASCE vimento, quer em termos de máquinas, quer
automobilismo ganha destaque por atrair os
Quando se fala da modalidade em Angola, em termos de modalidades”. “O desporto au-
amantes da modalidade, contando com cerca
de vinte praticantes, oriundos das províncias
todos são unânimes: esta necessita ainda de tomóvel está ainda muito embrionário, como
de Luanda, Benguela, Namibe, Huambo e Hu- percorrer um longo caminho. O automobilismo estava em Inglaterra há 30 anos”, corrobora
íla. A Associação dos Desportos Motorizados nacional divide-se em cinco fases. A primeira, Ricardo Teixeira. O jovem promissor, que cons-
(ADM) tem sido a impulsionadora desta prá- a dos Grandes Prémios, é marcada pelo nas- ta entre os 300 melhores da FIA (Federação
74 | ANGOLA’IN · DESPORTO
dicionário
o:
automobilism ais popular
a 1 é a modalidade m
A Fórmul nda segmento
s
a, que inclui ai
desta categori car.
Rallys e o Nas
como o GP2, os
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Conjunt curso a motos
.
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equipa, pois ca
nha a melhor
Nesta prova ga lotos em al te rn ado.
ida por três pi
moto é conduz
motocross:
categorias de
Divide-se nas
Internacional de Automobilismo), conseguiu ial e Enduro.
Arenacross, Tr
elevar o nome de Angola para a 40ª posição
ro:
no ranking de países. Em entrevista exclusiva provas de endu valorizada
à Angola’in, refere que há uma “vontade mui- a m ai s co nh ecida, onde é
Pr ov piloto.
habilidade do
to grande” de evoluir, pois “todos gostam do a velocidade e
desporto automóvel”. “Há corridas de 15 em
15 dias, apesar de ainda não existirem muitas
condições”, lembra. O experiente José Madale-
no acredita que a modalidade está a renascer. ca no plano material. “A criação da Federação FORMAR É ESSENCIAL
Afinal, em 2009 foi possível ter “nos Turismos é muito importante pois, apesar do desporto HRicardo Teixeira defende que o próximo pas-
grelhas de partida de 22 carros”. “Para quem motorizado ser muito acarinhado pelo público, so que se impõe é a aposta na formação, já
em 2005 chegou a correr com cinco carros em não o é pelas empresas e a falta de patrocínios que “eles estão interessados”. “Só precisam
pista, a diferença é enorme”, reitera. Questio- é crucial. Mais apoio por parte Estatal não fa- de uma ajudinha, por isso a ideia da Williams
nado pela Angola’in, admite que há melhorias, zia mal a ninguém. É preciso olhar para os car- é a criação de uma entidade que desenvol-
mas ainda “muito longe de estarmos bem”. ros e para as motas, como se olha para uma va uma federação, que aposte na segurança,
Como exemplo aponta o autódromo de Luan- bola de futebol”, prossegue, evocando que é porque a vontade das pessoas está lá”, reite-
da, que “está uma miséria e que é o único ain- urgente relembrar o passado, pois “quem vi- ra. José Carlos Madaleno partilha a opinião. A
da a funcionar”. veu esses anos, sabe que Angola era a melhor formação nas diversas áreas é o segredo para
escola de pilotos”. Ricardo Teixeira argumenta o sucesso das equipas, em que a performance
FEDERAÇÃO É URGENTE que “vontade está lá”, mas é “preciso uma fe- do atleta é apenas uma parte em todo o pro-
A luta pela criação de uma federação, que de- deração internacional, que esteja na FIA”. cesso de desenvolvimento de um grupo cam-
senvolva e represente a modalidade, é antiga peão. Porém, o piloto está seguro de “que a
e tem vindo a ganhar terreno à medida que formação também já começou”, pois existe
o desporto renasce e surgem atletas que re- “Sempre que “uma escola de Karting em Luanda”, algo que
presentam as cores angolanas nas pistas in- representamos o nosso permanecia apenas na Huíla. O automobilista
ternacionais. “A grande falha é a ausência da país, estamos a fazê-lo com conta a sua experiência, relatando que criou
Federação, pois não existindo uma entidade Licenças Desportivas de “uma estrutura de equipa, composta por três
reguladora, tudo se torna mais difícil. Sempre carros e duas motas, onde estavam envolvi-
que representamos o nosso país, estamos a
Portugal, França, Macau, das cerca de 20 pessoas extra pilotos, com um
fazê-lo com Licenças Desportivas de Portugal, nunca com a de Angola e camião de assistência e material, como nunca
França, Macau, nunca com a de Angola e isso isso entristece-me muito”, tinha existido em Angola, pelo menos após a
entristece-me muito”, atira. O mesmo se apli- José Carlos Madaleno independência”.
DESPORTO · ANGOLA’IN | 75
DESPORTO | patrícia alves tavares
76 | ANGOLA’IN · DESPORTO
guir chegar à GP2”. “Queremos mostrar aos jo-
vens que têm outras oportunidades, desde a
engenharia ao marketing, psicologia, nutricio-
nismo…há muitas oportunidades de carreira”.
Este será o primeiro passo para a criação de
uma equipa completa em território nacional.
Em termos internacionais, o representante da
Williams admite que existe apenas um atleta
“que correu na China e vai começar a correr na
Europa, está a dar os primeiros passos e acre-
dito que vai conseguir”. Apesar de lamentar o
facto de existirem poucos pilotos promisso-
res, que se evidenciem nas provas internacio-
nais, José Madaleno adverte que o país está
a partir do “zero”, devido à guerra que asso- Piloto de desenvolvimento da Williams
lou o território, pelo que desafia os mais no- Ricardo Teixeira, em entrevista à Angola’in
vos a lutarem pelos seus sonhos. “Os jovens
que têm aparecido neste mundo têm provado Como descreveria o seu percurso no mundo da alta competição?
que, apesar de não terem escola nem infra- Foi com bastantes obstáculos, pois em termos financeiros nunca tive muito apoio no início. Passei
estruturas, conseguem alcançar resultados por vários campeonatos. Fui bastante novo para Itália para fazer uma corrida de Karts, mas depois
brilhantes”, reconhece. tive de parar. Quando fui viver para Inglaterra, como não tinha dinheiro para correr, fui contactar
várias equipas e houve uma que me deixou ficar. Trabalhava nas oficinas e eles deixavam-me fa-
zer algumas corridas. Tive bons resultados, fiz quatro pódios em seis corridas e foi o que me abriu
‘A Associação Provincial as portas. Depois de um ano sem correr, surgiu a Sonangol e deu-me uma ajuda para continuar.
DESPORTO · ANGOLA’IN | 77
DESPORTO | patrícia alves tavares
Um caminho
de resistência
Aprendizagem, vontade de vencer e evolução constante são os adjectivos que melhor descrevem o percurso profissio-
nal de Sandro Carvalho. O piloto, que sonha subir ao topo da competição internacional, brilha dentro e fora das pistas
nacionais. Após uma temporada exigente, em que alcançou resultados promissores nas provas portuguesas, o mo-
tociclista levantou a ponta do véu dos seus projectos para 2010, em entrevista exclusiva à Angola’in. Em Portugal, ao
lado do companheiro de equipa, o luso Luís Carreira, o atleta nacional elevou o nome de Angola ao conquistar duas
pole position. Apaixonado pelas motos desde tenra idade, Sandro Carvalho promete progredir ainda mais e já sonha
com o Campeonato do Mundo de Resistência.
O PILOTO
Como e quando iniciou a sua paixão pe- potência. A dupla com o Luís Carreira tem uma de 1000cc com 180 cavalos. Além de tu-
las motos? sido gratificante para si? É para continuar? do isto, existem bastantes diferenças.
Tudo começou por influência dos meus pri- Sim. Tem sido bom, pois o Luís é um pilo-
mos. Eles andavam de mota e como era o to muito experiente. Tenho aprendido muito As competições internacionais são mais
mais novo também fiquei fascinado. Aos oi- com ele, que é o actual campeão português de rigorosas? Há uma maior aprendizagem
to anos ensinaram-me a conduzi-la. velocidade e participa nas Stocksport 1000. A em cada etapa?
parceria é para continuar, até porque somos Sim, essas provas são mais exigentes, o que
De que forma surgiu a oportunidade de pilotos da Benimoto Racing. nos obriga a inovar constantemente no as-
ingressar na competição de motos? Tem pecto da condução, da afinação da mota, do
sido um percurso complicado? “A falta de apoios dificulta funcionamento da equipa, entre outros as-
Essa oportunidade surgiu em 2001 com o sem dúvida a evolução pectos. O que nos faz estar a actualizar sem-
troféu ‘Honda cbr600’. Tem sido um percurso pre a nossa abordagem nas provas.
difícil, pois os patrocínios não são fáceis de
tanto da equipa, como do
obter e as empresas em Angola só há pouco piloto” Como é que se prepara para as provas de
tempo começaram a dar importância à publi- Resistência? Tem uma preparação física
cidade. O desporto motorizado tem custos. Co- especial?
mo é que a TeamAngola tem sobrevivido, Sim, faço corrida a pé, bicicleta e natação,
Compete sozinho e em parceria com o conseguindo inclusive entrar nos circui- actividades que complemento com algumas
Luís Carreira. Onde se sente mais à von- tos internacionais? A falta de apoios tem idas ao ginásio. A alimentação também tem
tade? sido um obstáculo à evolução profissio- de ser cuidada.
Quando estou sozinho, porque a afinação da nal dos pilotos?
mota é feita para o meu tipo de condução. Este primeiro ano foi para ganhar experi-
Nas provas de resistência temos a pressão ência. Tivemos poucos patrocínios, por isso “Estamos próximos do
de não falhar, pois podemos comprometer a não fizemos o campeonato todo. A falta de objectivo que é participar
prova para o nosso colega e para a equipa. apoios dificulta sem dúvida a evolução tanto numa prova do Mundial de
da equipa, como do piloto porque se não ti- Resistência”
Tem-se centrado apenas nas provas de vermos ajudas que nos permitam treinar nos
Resistência. Pensa experimentar outras circuitos dificilmente evoluímos. Recentemente referiu que este ano signi-
categorias? fica o arranque de uma nova etapa. O que
Tenho participado em provas de sprint no Participa com frequência nas provas por- significa esse novo ciclo?
‘Troféu Promomoto1000’. Em 2010, quero tuguesas. Há muitas diferenças entre o Representa estar integrado numa equipa que
voltar a participar nessa categoria, gostava campeonato português e o angolano? está a evoluir bastante e que quer vencer. Em
de passar para as Stocksport1000 e de parti- Sem dúvida! Podemos começar pelas pistas, conjunto, ganhámos experiência e estamos
cipar numa prova do Campeonato do Mundo já que em Angola são sobretudo circuitos ci- prontos para os desafios que estão para vir.
de Resistência. tadinos e em Portugal existem dois circuitos
de nível internacional. As motas no campe- Quais são as suas metas para a tempora-
Em Portugal, tem-se evidenciado nas cate- onato angolano são de 600cc com cerca de da de 2010?
gorias de Promo de 1000cc e 180 cavalos de 130 cavalos, enquanto em Portugal corro com Vencer algumas provas no ‘Troféu Promomo-
78 | ANGOLA’IN · DESPORTO
“Ainda não existe formação de pilotos.
Esse é um dos meus objectivos.”
to’ e, se possível, vencer o campeonato e os A modalidade tem tido os apoios necessá- “As actuais infra-
‘500km Vodafone’. rios para crescer? estruturas estão bastante
Não, porque não há o envolvimento das mar-
degradadas, temos dois
Um dos seus sonhos consiste em parti- cas, nem existe ainda uma federação.
autódromos: o de Benguela
cipar em todas as provas do Mundial de
O que pode ser desenvolvido e melhora- está desactivado e o de
Resistência ou de Superbikes. Considera
que ainda tem um longo caminho para do nesse âmbito? Luanda precisa de uma
alcançar esse desejo? A nossa associação provincial pode fazer um intervenção urgente”
Estamos próximos do objectivo que é partici- trabalho no sentido de mostrar que o motoci-
par numa prova do Mundial de Resistência. A clismo é um desporto que atrai as massas. O
equipa tem competência para isso, pois já es- seu público são sobretudo pessoas jovens. O lapela recheada de ‘medalhas’
motociclismo tem tradição no nosso país, ten-
teve presente em algumas competições inter-
do condições para ser um excelente veículo de
2004
nacionais, inclusive numa prova do mundial
comunicação na publicidade. › Após ter vivido alguns anos em
de Superbikes no autódromo de Portimão.
Eu tenho treinado bastante para estar pron- Portugal, Sandro Carvalho instala
to, caso exista um patrocínio que nos ajude a Em termos de formação, as organizações -se definitivamente em Luanda para
atingir esse objectivo. Quanto às Superbikes têm desenvolvido um bom trabalho ao participar no “G.P. da Polícia”
é mais difícil, pois os valores envolvidos são nível da aprendizagem dos atletas que 2006
maiores, mas continuamos a sonhar. estão a iniciar-se na competição? Há téc-
nicos especializados e infra-estruturas › Foi campeão nacional do troféu angolano
DESPORTO · ANGOLA’IN | 79
LUXOS | patrícia alves tavares
80 | ANGOLA’IN
NGOLA’IN · LUXOS
É a versão mais pond
erosa do novo Mustang
novo modelo possui ma . Equipado com um mo
is 40 cavalos que o GT tor V8 de apenas 547
500 anterior. Perfeito cavalos, o
O design com contorn para os am an tes
os mais agressivos e o da velocidade.
serpente na frente do emblema da Shelby Au
carro) são as principais tomobiles (desenho de
novidades da mais rec um
ente novidade da marca
.
LUXOS · ANGOLA’IN | 81
LUXOS | patrícia alves tavares
-
EFFICIENCY e Blue
rio r rem odelado e tecnologias Blue e
inte es, revestido a pele
s na carroçaria, um volante multifunçõ
GL surg e co m novos elemento uipa da s com
O renovado Cl asse rsões sã o eq ado à frente
ciência do s m otores. Todas as ve se nh ada protecção inferior em crom
am a efi de
TEC, que melhorar pára-choques, a re
crash ac tivo NECK PRO. Os novos
ça de
com apoios de cabe s novidades.
s e a traseira em LED são algumas da
e atrá
82 | ANGOLA’IN · LUXOS
Y D AV I D S O N
HARLE S P E CIAL
NIGH T R O A D
desportiva
Faz parte da linha
-se pelo
da marca e destaca
rtes
facto de todas as pa
tarem pinta das de
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mpenho
preto. Força e dese
des
são alguns dos gran
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atributos
um motor
se apresenta com
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V2 e 292 kg de peso
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É o preferido lentes
el, apresenta exce
Único e incomparáv
e segurança.
níveis de conforto
LUXOS | patrícia alves tavares
Apple iPad
Internet, email, fotografias e vídeo. Todas as aplicações
foram criadas especificamente para tirar partido do ecrã
Multi-Touch de grandes dimensões, que funciona em
qualquer orientação.
Mythos XTR-50
Colunas de parede ultra-finas (polegada e meia),
ideais para LCD. Tem altifalantes dinâmicos.
Bla
Blackberry
B
Bold 9700
O ecrã d
de alta resolução com mais
de 665.000 cores potencia uma
experiência única, em que terá
expe
acesso a todas as funcionalidades
de um smartphone.
Philips
living colors
Candeeiro com roda de cor intuitiva e
sensível ao toque na lâmpada, permitindo
criar os ambientes que desejar.
Lacie
Lacie by
by Stark
Stark
A inovadora linha de discos rígidos “Toaster” resulta
da colaboração entre a LaCie e o designer Philippe
Starck. Eficiente, a superfície é sensível ao toque.
84 | ANGOLA’IN · LUXOS
Withings
wifi
Esta balança é uma autêntica
novidade tecnológica. Ela
envia um sinal via Wi-Fi para
a Internet e pode consultar
os resultados através do
computador ou do iPhone.
Edifier
IF500
Design inovador e arrojado, este
dock é o equipamento ideal para
usar com o iPod/ iPhone.
Cristal cable
arabesque
Casio Estas colunas destacam-se pelo seu aspecto, uma vez que
são construídas em vidro e é possível ver o seu interior.
exilim
EX G1
A nova câmara
fotográfica da Casio é
resistente ao choque e
à prova de água. Com
12,1 megapixels é ideal
para os amantes de
desportos radicais.
Ultrasone edition 8
A qualidade do som nestes headphones merece destaque, bem
como o seu design. Os auriculares são banhados em Rutênio e são
revestidos a pele de carneiro etíope.
LUXOS · ANGOLA’IN | 85
LUXOS | patrícia alves tavares
FRANCK
MULLER
Chronograph,
Perpetual
Calendar
CHOPARD
MILLE MIGLIA
GT XL
A pulseira de borracha tem o desenho de um pneu
de corrida da Dunlop da década de 60. O relógio é
revestido por um material chamado DLC (Diamond
Like Carbon), que resiste a riscos, choques e outros
danos. Ideal para desportistas.
86 | ANGOLA’IN · LUXOS
ESTILOS | lisete pote · midan campal (fotografia)
JOVENS
CHEIOS DE
ESTILO!
Ginga Neto, de nacionalidade angolana,
é filha de estilista e como já diz o ditado
filha de peixe sabe nadar! Exercendo a
profissão como hooby há sete anos, de-
cidiu criar a sua própria marca e abrir
uma loja na rua Rainha Ginga denomi-
nada “Mahinda – Prestige”.
88 | ANGOLA’IN · ESTILOS
ESTILOS · ANGOLA’IN | 89
ESTILOS
90 | ANGOLA’IN · ESTILOS
A mensagem que Ginga Neto preten-
de transmitir com esta colecção é de
união entre os jovens, alertando para
a importância do fomento da criati-
vidade e da valorização pelas raízes
culturais angolanas.
ESTILOS · ANGOLA’IN | 91
ESTILOS | patrícia alves tavares
dior
Eau Sauvage
as suas essências raras
fazem desta fragrância um
produto formidável que
deixa o aroma por onde
passa. com notas de limão,
vetiver, alecrim, âmbar e
almíscar, é o perfume ideal
para homens elegantes, com giorgio Armani
estilo próprio. Acqua di Gio
desenvolvido a pensar no homem livre,
sexy e poderoso, o acqua di gio possui notas
de jasmim, âmbar, sândalo e almíscar. a
inconfundível fragrância atrai elogios de
todas as mulheres.
92 | ANGOLA’IN · ESTILOS
SOLITSE
LUXOS · ANGOLA’IN | 93
LIVING | gracinha viterbo
Conceito Duplex
em Lisboa
Para que uma casa, que tem de ser totalmente renovada, se adapte ao estilo
de vida da família que lá vive, todo o processo de criação tem de ser meticu-
losamente gerido. Desde as horas a que a casa é mais vivida, à rotina diária
aí institucionalizada, tudo faz parte da resposta a que, como profissionais, 1
temos que dar aos clientes junto com a resposta criativa. Aqui, o projecto te-
ve de ser abordado de forma a que a chegada a casa fosse todos os dias uma
experiência diferente. Numa casa vivida sobretudo ao fim do dia e fim-de-
-semana e para uma família cidadã do mundo, houve uma escolha de cor
neutra de base - Taupe - que vai contrastar-se com cores fortes e ser a linha
condutora de todo o projecto. As várias texturas trazem conforto e comple-
tam os espaços. Ao abordar este projecto foi claro desde início que esta casa,
para se moldar ao estilo de vida dos seus novos habitantes, teria de ser to-
talmente repensada. Uma família de profissionais ocupados e exigentes, que
gosta de ter em casa o conforto, a qualidade , e o luxo do detalhe - esta foi a
base para este conceito. Pormenores como peças únicas, revestimentos mu-
rais luxuosos como a chinoiserie em seda pintada na sala de jantar ou uma ou
outra antiguidade, deram ao espaço a singularidade intransmissível da iden-
tidade dos seus habitantes. Com a preocupação de que os espaços se interli-
gassem para que o projecto fosse fluído, organizaram-se as diferentes zonas
de maneira a que mobiliário pudesse variar para não se tornar repetitivo e se
pudessem integrar algumas das peças já existentes, sendo que ao ser recolo-
cadas se valorizassem. Um look clássico/contemporâneo e sobretudo actual.
Onde um projecto de Arquitectura de Interiores e Decoração veio organizar os
espaços de forma a optimizar o estilo de vida dos nossos clientes.
Gracinha Viterbo
94 | ANGOLA’IN · LIVING
1
O vermelhão que no resto da casa se
encontra como apontamentos de cor, no
escritório culmina com toda a sua força.
Secretária e maple art déco encontrados
de propósito para este escritório. Madeira
de pavimento inglês envelhecido.
Escritório lacado com tinta Barbot
assinada Graça Viterbo. Baú asiático com
seda bordada à mão.
2
Quarto da filha monocromático com
apontamentos dourados e verdes.
Candeeiros Fambuena e Axolight.
3
Casa de banho fresca e contemporânea.
Lavatório em resina. Revestimentos
Silestone brancos, mosaico veneziano
trend.
2 3
LIVING · ANGOLA’IN | 95
LIVING
5 6
4
Hall de entrada principal onde o impacto transparece no
jogo entre o branco e o dourado. Reaproveitamento de peças
existentes que foram pintadas a folha de ouro e folha de prata.
Vaso com incrustações de madre pérola. Papel de parede
dourado vinilico com impressões de amendoeiras brancas.
5
Lavabo visitas clássico/ contemporâneo. Pedra beije
serpengrante e painéis de pele bordada Taupe. Espelho com
moldura a folha de ouro, lavatório Reggia e torneira Zuchetti.
6
Nas circulações as texturas dão vida ao Taupe. Painéis
ondulados lacados e nas paredes Stucco italiano, intercalado
com painéis ondulados. Uma zona de estar nas circulações
prolonga a sala de estar. Guarda de escada personalizada com
gradeamento que toma novas proporções noutras zonas da
casa. Candeeiro Verpan e antiguidade francesa do séc. XIX.
7
Na cozinha um recanto para um café. Pavimento mosaico
cerâmico Copper da Revigrés. Cadeiras tipo bérgères
francesas e mesa forrada a pele marroquina.
7 LIVING · ANGOLA’IN | 97
VINHOS & CA. | patrícia alves tavares
TAPADA DE
COELHEIROS
O aroma a frutos vermelhos, pimentão verde,
baunilha e compota conferem a este produto uma
cor rubi intenso. De boa estrutura e equilibrado,
o Tapada de Coelheiros tem um final frutado e
persistente, acompanhando preferencialmente
carnes assadas ou grelhadas e queijos.
Vina
Maipo-Devoción
Fresco e com boa acidez, este
produto de cor vermelha (quase
roxa) possui uma excelente
estrutura. Intenso e brilhante, o
Vina Maipo-Dovoción proporciona
um final longo e agradável.
Quinta
do Vale Meão
Este vinho apresenta-se perfeitamente equilibrado
e afinado. É óptimo para guardar na garrafeira, pois
quanto mais velho, melhor. Rico e complexo, é um
néctar poderoso, mas sem excessos na prova de
boca. A frescura dos seus frutos possui um toque
floral e fumados elegantes.
Porca de Murça
Por
Este vvinho de cor violeta acompanha
pastas italianas (com molhos de tomate)
carnes brancas. Servido entre os 16ºC
e carn
18ºC, apresenta-se muito macio, com
e 18ºC
aromas de especiarias e frutos maduros.
aroma
Gatão
Fresco e frutado,
F f t d este t vinho verde
límpido é macio e delicado no
sabor. Serve-se entre os 6ºC e
8ºC e é uma boa sugestão para
refeições de peixe ou marisco e
para aperitivos ligeiros.
Culemborg
FASHION
FA
A O intenso aroma de
especiarias e amora
madura faz deste néctar a
Suave,
Suave e fresco e límpido, este
opção ideal para pratos de
espum m
espumante distingue-se dos
carne, massas e queijos.
demai
demais is pelo requinte da sua
Encorpado e envolvente,
doçura
doçura.a. Serve-se gelado (entre
possui um final agradável
os 6ºC e 8ºC) e é uma boa
e atractivo.
sugest
sugestãotã para acompanhar
sobrem m
sobremesas. Pode ser servido
como aperitivo.
a É considerado
pelos especialistas
e como um
Spar rk
Sparkling de eleição para
brin
n
brindar a momentos únicos
e em
m ocasiões muito
espp
especiais.
GATO NEGRO
Ideal para refeições de carne
condimentadas. Servido entre os
15ºC e 17ºC, este vinho intenso de
cor vermelha tem um aroma de
frutos vermelhos maduros, com
notas de violeta, conjugadas com
baunilha, fumado e café.
PINOT
Di Pinot Rosé
Espumante Rosé com bolha fina, suave e
persistente. Límpido, este produto aromático
com frutas frescas e flores de acácia serve-se
entre os 8ºC e 10ºC. Um aperitivo imperdível
para acompanhar entradas, refeições leves e
iguarias da cozinha mediterrânica.
reconhecimento mundial
Les Grandes Tables du Monde 2009
Wine Spectator – Award of Excellence 2009
Miele Guide – Nº 6 Asia’s Finest Restaurants 2009/ 2010
The San Pellegrino World’s 50 Best Restaurants 2009
Hapa nº1 Most Innovative Western Cuisine Restaurant
anote
Morada: Jl. Raya Sanggingan, Ubud,
Gianyar – Bali 80571 – Indonésia
Contacto: +62 361 975768
Site: www.mozaic-bali.com
É o único restaurante no Sudeste Asiático que conseguiu al- Email: info@mozaic-bali.com
cançar a prestigiante lista do ‘Le Grande Tables du Monde’. reservations@mozaic-bali.com
O Mozaic oferece o que a Indonésia tem de melhor. O jardim
catering@mozaic-bali.com
tropical, imagem idílica daquele país, recria um ambiente si-
multaneamente elegante e casual, em que o visitante se dei- workshop@mozaic-bali.com
xa envolver pela harmoniosa paisagem enquanto desfruta de Reservas: Entre as 17.45h e as 21.45h (hora local),
uma refeição de qualidade suprema. O interior divide-se en- via online ou para reservations@mozaic-bali.com
tre a sala de degustação e a sala de refeições, cuja decoração
Horários: Terça-feira a Domingo, a partir das 18h
é inspirada no charme asiático. Os menus são autênticas mis-
turas de sabores oriundos da França, Ásia e da comida asiá-
tica. As criações resultam de várias horas de trabalho de uma menus
equipa de cozinheiros liderada pelo chef Chris Salons. Um O Mozaic Restaurant oferece uma autêntica experiência
jantar no luxuoso Mozaic constitui uma autêntica aventura degustativa, dispondo de seis menus ecléticos: Menu
degustativa e uma experiência única. No Bali, não há rival que
Descoberta, Menu Surpresa, A escolha do Chef,
consiga aproximar-se da sinfonia das refeições, cujo colorido
dos menus se enquadra na perfeição no cenário envolvente. Menu Vegetariano e os famosos Menus de Tapas e
Aqui espere sempre pelo imprevisível! o Lounge Menu, ideal para um final de tarde
No ano em que comemora dez anos de exis- e assistir ao pôr-do-sol após uma longa jorna-
tência, o Café del Mar prova que é um dos lo- da de trabalho. O serviço personalizado é uma
cais mais apetecíveis para uma refeição leve mais-valia. Contudo, é aos Domingos que o Ca-
ou uma saída à noite. Pertencente ao mes- fé del Mar tem maior afluência. Entre as 10h e
mo proprietário do Coconuts, é o bar indicado as 13h, o serviço de Brunch Buffet atrai muitos
para os apreciadores de sandwiches ligerias e clientes que procuram um relaxante almoço à
pequenos-almoços junto à praia. Este Snack- beira-mar. À Terça-Feira à noite apresenta Ja-
Bar/ Lounge beneficia da magnífica vista pa- zz ao vivo.
ra o mar, convidando o cliente a desfrutar de
um excelente jantar enquanto escuta o bater
das ondas da ilha do Cabo (Luanda). O ambien-
informações úteis
te é jovem e informal, onde a música Chill Out
(sempre num volume aceitável) permite viver Morada: Av. Murtala Mohamed – Ilha do Cabo
momentos descontraídos. O seu público habi- Te
elefone: 912205777
tual, com idades compreendidas entre os 25 Em
mail: coconutsluanda@netcabo.co.ao | coconutsluanda@hotmail.com
e 40 anos, procura as especialidades da casa, Ho
orário: Segunda a Quinta-Feira das 17h às 24h, Sexta-Feira
como as Tapas, os Hamburgers, as Pizzas e as
até às 2h, Sábado das 10h às 2h e Domingo das 10h às 24h
Sandwich. O espaço é marcado pela elegância
da decoração e de quem o visita (clientes de es- Re
eservas: Não é necessário efectuar reserva
trato social elevado), pelo que é muito procu- Mais inform
mações: Possui área reservada para fumadores.
rado ao final do dia para apreciar um cocktail O espaço dispõe de multicaixa e aceita pagamentos com cartão Visa
Tesouro do Vinho
do Porto
A Enoteca Histórica do Instituto dos Vinhos
do Douro e Porto (IVDP), no Peso da Régua,
Portugal, guarda um verdadeiro tesouro, de
valor inestimável. São cerca de 1500 garra-
fas de vinhos do Porto, com várias décadas
Produção interna em 2014
e, na maioria dos casos, exemplares únicos. O centro e sul do país podem dar início à pro- lusos, com vista a analisar o índice de acidez
Estas autênticas ‘jóias’ vínicas podem ser dução de vinhos dentro de quatro anos. A dos solos e a alteração das temperaturas.
apreciadas na Enoteca Histórica, um es- opinião é do enólogo português Mário Lou- Mário Louro destaca as províncias do centro
paço que surgiu há cinco anos e agrega os ro que acredita que estão reunidas todas as e sul, nomeadamente a do Huambo, como as
principais exemplares do ex-líbris da região condições para o cultivo das uvas, uma vez que reúnem melhores condições para cultivo
duriense. Ponto de visita obrigatório pa- que o solo e o clima são propícios. O especia- das vinhas. Sugere igualmente a produção
ra gourmets e apreciadores do néctar do lista defende que a partir de 2014 será possí- de vinhos brancos, visto que se trata de um
Porto, o mostruário apresenta, segundo vel arrancar com o fabrico que se destinará a país quente, existindo uma forte tendência
os gestores do equipamento, “os melhores abastecer o mercado interno com um produto para a criação de produtos tendencialmente
exemplares num espaço nobre que as pes- nacional, gerando novos postos de trabalho frescos. “Os vinhos brancos como os rosés,
soas podem visitar”. Os néctares, alguns e competindo com as marcas internacionais. por serem essencialmente mais suaves, dó-
com mais de 70 anos, podem já não estar O especialista está convicto de que as inicia- ceis e com pouco álcool são adequados para
em condições de serem consumidos. Contu- tivas das empresas público-privadas ao nível iniciantes no consumo de vinho e são mui-
do, esse não é o objectivo. O acervo histórico do desenvolvimento da cadeia do vinho e da to bons para acompanhar comidas africanas,
é riquíssimo, incluindo rótulos que “marca- disponibilidade de Portugal para apoiar os chinesas e italianas”, esclareceu, salientando
ram uma época e já não existem”. investidores poderão culminar na assinatura que a produção pode abrir o mercado a novos
de protocolos entre os agentes nacionais e consumidores.
Sabores
da horta
Olá meus amigos!
Para esta edição inspirei-me nos sabores italianos e preparei uma deliciosa receita rica em
baixas calorias. O risoto de salsichas de soja, tortulho e beringela é óptimo para os dias
quentes, assumindo-se como uma boa sugestão para uma refeição leve e rápida. O meu
conselho é para que sirvam este fantástico preparado com salada de rúcula, tomate cher-
ry, cenoura ralada e queijo feta. Dá um toque de requinte e confere ao prato o colori-
do das verduras, essenciais para uma alimentação saudável e equilibrada.
Para os apaixonados dos sabores nacionais, deixo uma dica importante: o
tortulho é idêntico aos cogumelos angolanos. Não se esqueça que para
prepará-los deve ferve-los em água e trocar a água no mínimo três ve-
zes consecutivas. Quando estiverem bem cozidos, pode reservá-los e
utilizá-los na preparação de qualquer refeição. Se preferir, pode tro-
car o tortulho pelos cogumelos e caso não seja apreciador das be-
ringelas pode substitui-las por brócolos. A minha indicação é que
experimentem das duas formas, criando assim duas refeições
semelhantes, mas com sabores distintos.
Contem-me como correu e qual o preparado que preferem.
Bom Apetite!
Wilsron risoto de
Aguia re: salsichas
suge
de soja,
tortulho e
INGREDIENTE
Arroz italiano ar
S
bóreo
beringela
q.b.
Tortulho fresco fu
de salsicha de to
1a embalagem
s picado
1/2 alho francê erir). De seguid
a,
bo la m éd ia picada CONFECÇÃO a va po r (o u em água se pref
1/2 ce r a beringel a
Comece por coze s. Assim que
Molho de soja m a ce bo la e o alho francê
gado co menos
q. b. de ve rá fazer um refo ul ho , o m ol ho de soja (mais ou
Beringela to rt
úcidos, junte o r. Quando estes
e estiverem transl ), ta pe o ta ch o e deixe estufa
Azeit colheres de sopa as
três ou quatro salsichas partid
en ta br an ca m an ho , de ve acrescentar as
Pi m metade do ta r.
reduzirem para dade que deseja
(moída no mom
ento)
ai s m ol ho de soja, na quanti
icionar m
em rodelas e ad e.
menta e reserv
Tempere com pi
e o risoto. Deixe
ou re a ce bo la em azeite e junt
ma panela, al ua aos poucos at
é
Entretanto, nu e vá ac rescentando ág
e dois m in ut os ao
cozinhar durant r cozido, junte
m sa l. Q ua nd o o arroz estive
pere co .
este cozer. Tem tudo muito bem
a be ri ng el a co zida e misture
rior
preparado ante
VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | 107
CULTURA & LAZER | patrícia alves tavares
moda
Império dos
Sentidos
A promoção de eventos de moda indica que cresce o número de
interessados em criar uma indústria competitiva. Contudo, nem tudo vai
bem neste universo que desperta para os palcos africanos. Lisete Pote
aponta a ausência de uma indústria têxtil e de um instituto de moda
como as razões da fraca projecção de Angola no panorama internacional
“O talento é
estimulado,
não inato”
fotografias de produção massalo araújo
PROGRESSO
Que análise faz do cinema angolano? Quais as prioridades e desafios que cinema, para daqui a alguns anos começarmos
O cinema angolano, como a maior parte do ci- a área enfrenta? a recolher os frutos desse investimento. O FIC
nema africano no início, era muito ligado à lu- Acredito que as prioridades devem ser a lei do Luanda de momento só ganha no aspecto de
ta de libertação do seu país. Depois passou por cinema e do mecenato. Se isto for criado po- incentivar as pessoas a irem ao cinema duran-
uma fase onde a guerra civil era uma persona- derá abrir portas e ajudar a colmatar um dos te o período em que decorre o festival e para
gem principal ou secundária como em filmes maiores problemas do cinema em Angola - a isso não há necessidade de haver um festival.
“O Herói” e “Na Cidade Vazia”. Actualmente, falta de investimento. Precisa-se investimento
numa sociedade onde não existe investimen- não só para os filmes, mas principalmente pa- Ao nível dos produtores, realizado-
to na área do cinema e onde os factores so- ra a formação de quadros e meios para realiza- res, actores e argumentistas existem
ciais urbanos começam a ser tema principal, ção de produções. A sociedade precisa perceber talentos e indivíduos com qualidade
vemos jovens a fazerem produções de vídeo que o cinema é uma indústria que pode trazer para dinamizar esta actividade?
amador que, apesar da sua baixa qualidade grandes avanços socioeconómicos. Aproveito, Talentos com qualidade para dinamizar es-
técnica, enchem as poucas salas de cinema por isso, a oportunidade para agradecer o apoio ta actividade existem, mas à maioria faltam
do país. Este crescimento do vídeo amador é do Banco Africano de Investimentos (BAI), pa- noções básicas do sector. Nós temos muitos
muitas vezes comparado com o cinema nige- trocinador oficial do filme. Este banco tem vin- actores de teatro com uma boa formação e
riano, que tem a terceira maior indústria de do a fazer fortes investimentos na cultura do que dariam excelentes actores para o cine-
cinema do mundo - Nollywood. Devemos ter país e abriu as suas portas à sétima arte pe- ma e televisão. Ao nível de produtores, acre-
muito cuidado com este fenómeno porque, la primeira vez, com o nosso filme, Alamba- dito que podemos encontrar mais facilmente
apesar de ser uma indústria grande, o cinema mento. Olhem para o Brasil e a Petrobras. A quadros de outras áreas das artes, que não
nigeriano é essencialmente consumido pela Petrobras apostou fortemente na cultura e no teriam dificuldades em transitar para o ci-
Nigéria, com cerca de 150 milhões de habitan- cinema no Brasil, hoje o cinema brasileiro não nema. A nossa maior carência está ao nível
tes. É um cinema que não tem espaço no cir- só tem forte presença a nível do seu país, como dos realizadores. Para esta posição é preciso
cuito internacional. Como realizador angolano, ajudou a projectar a imagem do mesmo a nível ter conhecimentos de tudo um pouco dentro
quero que os meus filmes e o nosso cinema internacional. das mais diversas áreas do ramo.
cresça não só cá dentro, mas também lá fora.
O FIC Luanda é um bom exemplo do Quanto à formação, existem espaços
caminho a seguir para impulsionar suficientes e com as infra-estrutu-
As prioridades devem
a produção cinematográfica? ras necessárias para a aprendiza-
ser a lei do cinema e do O FIC Luanda é sem dúvida uma boa iniciativa, gem dos jovens?
mecenato, pois é uma contudo acaba por ser meio inconsequente se Espaços existem, agora têm que ser cria-
indústria que pode não estiver alicerçado em outras actividades. É das as infra-estruturas necessárias. Temos
trazer grandes avanços importante que se comece a investir primeiro poucas formações, a maioria em formato de
socioeconómicos na formação dos tantos jovens com vontade e workshops dada principalmente por estran-
talento de se entregarem de corpo e alma ao geiros e de forma pouco sequencial. Esta si-
antónio ole
Criador de
inspiração
inesgotável
nema na UCLA (Universidade da Califórnia). A
paixão pela aprendizagem é uma constante na
“O meu trabalho (no fundo, eu próprio) resulta do evolução profissional do artista, que conquis-
encontro de duas culturas - a cultura africana e a tou diversas bolsas: em 1983/84 foi bolseiro da
cultura europeia. Isso é uma evidência de que não Gulf Foundation nos EUA, em 1995/96 esteve
posso, de maneira alguma, abstrair-me e que não posso no Centro Nacional de Cultura em Lisboa (Por-
tugal) e frequentou ainda a DAAD (Berlin) e o
negar. Não, eu sou produto desse encontro de culturas”, Prince Claus Fund (The Hague). Aliás, a sua pri-
António Ole meira apresentação internacional aconteceu
em 1984, no Museum of African Art, em Los
Artista plástico, fotógrafo e realizador ango- TALENTO MULTIDISCIPLINAR Angeles. Desde então, Ole nunca mais parou e
lano, António Ole é reconhecido internacio- O percurso de António Ole é marcado, desde o já mostrou o seu trabalho nos espaços de arte
nalmente pela criatividade e versatilidade das início, pela sua apetência para diversas artes. mais importantes do mundo.
suas produções. Descendente de família por- Este ícone nacional possui trabalhos de dese-
tuguesa e angolana, o pintor nasceu em Luan- nho, pintura, escultura, colagem, fotografia, Esteve recentemente em Portugal, onde inau-
da, em 1951. Detentor de uma obra complexa, vídeo e cinema. Por outro lado, o artista des- gurou uma exposição que circulou por vários
em que à panóplia diversificada de meios se taca-se pela abordagem de diferentes con- continentes e cidades e que completa um ciclo
junta o cruzamento de diversas influências, é textos culturais, que vão desde as referências de trabalho iniciado na década de setenta. A
uma das principais figuras da arte contempo- ocidentais à visão da terra natal (Angola con- mostra, intitulada ‘Na pele da Cidade’, e que es-
rânea africana. temporânea e as tradições africanas). A sua teve em exibição até finais de Janeiro, foi visio-
inesgotável inspiração conduziu-o à equipa do nada por mais de dois milhões de visitantes em
É em Luanda, cidade onde vive e trabalha, que “Contrato Popular”, um programa radiofónico todo o mundo. Além das fotografias sobre as
António Ole encontra os estímulos para o seu de 1974, tendo participado na cobertura das ce- construções dos musseques, aquele que é con-
processo criativo, embora a vertente cosmopo- lebrações do 11 de Novembro, em 1975, na Te- siderado o artista plástico da actualidade expôs
lita seja uma constante na sua produção. Sen- levisão Popular de Angola. O criador conduziu uma das obras da série ‘Township Walls’, que foi
do na pintura que o artista mais se evidencia. ainda vários documentários e vídeos, como foi desenvolvida em Dusseldorf (Alemanha), em
Com mais de quatro décadas de carreira, ex- o caso de “Os Ferroviários”, “Aprender”, “Car- Julho de 2004. Durante o certame, Ole apresen-
pôs pela primeira vez em 1967. Possui no seu naval da Vitória” e do filme “Ngola Ritmos”, tou ainda outro projecto multidisciplinar, desig-
espólio inúmeras exposições individuais e tem produzido nos anos 50, mas apenas exibido 11 nado ‘Margem da Zona Limite’, que se baseia
integrado ao longo do seu percurso uma série anos depois. em fotografias das ruínas das zonas marginais
de importantes mostras internacionais, como de Luanda e que estiveram na origem das su-
‘Afrika Remix’, ‘Transferts’, ‘The Short Century’, As influências da sua obra são igualmente as colagens de cascas de paredes, (re)trabalha-
‘Mens Momentanea’, ‘Die Anderen Modernen’, resultado do percurso académico. Diploma- das pelo criativo. Esta exposição representou o
‘Rencontres de la Photographie Africaine de do pelo Center for Advanced Film Studies do fim de um ciclo criativo, pelo que os admirado-
Bamako’, bem como as bienais de Dakar, Joa- American Film Institute (Los Angeles), Antó- res da vasta obra deste angolano multifacetado
nesburgo, Havana e Veneza. nio Ole estudou cultura afro-americana e ci- aguardam mais novidades para este ano.
REVI
RE STA
EVI TA Nº11
Nº1
11 · 2010
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