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de
Sexualidade
Humana
Trabalhos de Pesquisa
Estudo de Caso
Nelson Vitiello
Trabalhos
de
Atualização
e
Opinativos
O que é normal
em sexualidade
1
Nelson Vitiello*
pensa, ou ainda atos que não sejam danosos a saúde de quem os pratica ou
de quem os sofre. Dessa maneira a masturbação, por exemplo, seria normal
na fase de adolescência e juventude, desde que praticada com moderação.
Quando praticada com freqüência “exagerada” por adolescentes (embora
ninguém defina bem o que é esse exagero) ou por adultos e idosos, entre-
tanto, é vista como algo de doentio, pois existe uma noção - aliás falsa - de
que essa prática seja física e mentalmente perniciosa.
Quanto ao sexo praticado a dois, vejamos o que se considera nor-
mal em termos de constituição de casais. Assim, seria “normal” o casal
heterossexual, em que o homem é um pouco mais velho e mais alto do que
a mulher, sendo ambos aproximadamente do mesmo extrato sócio-
econômico. Tolera-se, ainda que isso seja por vezes alvo de pilhérias, algu-
mas variantes. Nesse sentido, um homem até cerca de dez anos mais velho
que a mulher é ainda considerado normal; casais onde a idade do homem
excede em vinte ou mais anos a da mulher são vistos com certa curisiosi-
dade, sendo sempre levantada a suspeita de que existem interesses pecu-
niários em jogo, mas ainda assim não são visto como pares “anormais”.
Houve épocas e culturas, porém, onde as famílias julgavam perfeitamente
normal e até mesmo desejável que suas filhas se casassem com homens
bem mais velhos.
É no entanto absolutamente inadmissível, do ponto de vista social,
a constituição de casais onde a mulher tenha diferença de idade sobre seu
parceiro.
O mesmo se diga para casamentos inter-raciais. Há cem anos seria
visto como algo completamente fora da norma, por exemplo, a união entre
um homem branco com parceira mulata ou negra, que hoje vem sendo
encarados com mais naturalidade. Embora tenham havido historicamente
inúmeros exemplos dessas uniões, sempre foram elas levadas na clandes-
tinidade e entendidas como algo de errado.
Mesmo em se considerando que em outros períodos históricos isso
não tenha sido assim, podemos dizer que em nossa cultura cristã ocidental
até bem poucos anos o homoerotismo foi visto como uma perversão e até
mesmo como uma doença. Ainda que entre os círculos mais cultos tal visão
não mais seja vigente, não se pode negar que a sociedade como um todo
mesmo hoje vê nele muito de sujo, de indigno ou, em outras palavras,
“anormal”.
O inverso também é verdadeiro, pois comportamentos que hoje
consideramos desvios patológicos do exercício da sexualidade já foram
vistos como absolutamente “normais. É o caso de praticas homoeróticas
envolvendo adultos e crianças ou adolescentes (pederastia), que era aceita
e considerada normal por muitos dos filósofos gregos que cultuamos.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
SUMMARY
INTRODUÇÃO
PRÉ-REFLEXIVO
METODOLOGIA
Sujeitos
Instrumentos utilizados
Jocasta, 18 anos.
“Minha mãe no começo não acreditava muito, achava que tinha que
casar, que o pai tinha que assumir (...) meu pai não aceita muito (...)
Ishtar...
“(...) a reação da minha sogra foi tão violenta que não sobrou cora-
gem para contar para minha própria mãe (...) ela... a sogra... sempre me cul-
pando muito...”
Tamires, 16 anos.
“(...) a nível de orientação eu nunca tive em casa, nunca ninguém
chegava pra mim, meu pai, minha mãe e falavam ‘olha isso aqui você não
pode fazer’... em casa ninguém me explicava nada”.
Jocasta, 18 anos.
“(...) nunca tive orientação dos meus pais”.
Pamina, 17 anos,
“(...) minha mãe sabia que eu fazia... sexo.... eu também nem sabia
o que eu ia fazer, na hora... da relação... eu nem pensei”.
Tamires...
“(...) mais pra frente, talvez, quando o bebê ficar grande, aí pode ser
que eu venha a fazer algum curso (...) aí eu volto a trabalhar, dou um tempo
nos estudos, aí depois eu volto se tiver condições (...)”.
Perséfone...
“Eu pensava em estudar, fazer Direito (...) agora mudou, não ga-
ranto mais fazer Direito, perdi a vontade ......
Jocasta...
“(...) sinto muita tristeza de saber que muitas coisas vão ser dife-
rentes, não vou mais poder sair, passear, posso até sair, mas não vai ser a
mesma coisa, tenho o filho pra cuidar (...)”.
Caio...
“(...) a grande maioria da minha família de chocou diante da notí-
cia”.
Creonte...
“(...) as famílias... aceitaram super bem”.
Laio...
“Sofremos muita pressão psicológica no início da gravidez, pois
não éramos casados e a gravidez surgiu”.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
DOS DISCURSOS
HORIZONTES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
SUMMARY
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Sujeitos da pesquisa
Material e procedimento
Optei por uma única entrevista, contendo apenas uma pergunta ori-
entadora, que foi: Para você o que é relação sexual? Esta pergunta foi
inspirada pelos seguintes motivos: a. no prefácio que Joel Martins escreve
no livro de MEIRA (1986), sugerindo que se pergunte o que são os fenô-
menos da vida diária; b. tentei ser original, pois não encontrei estudos
sobre sexualidade que partissem desta pergunta; c. por acreditar que este
tipo de pergunta, não sendo comum, pode provocar um impacto fazendo
com que o sujeito produza uma fala autêntica (AMATUZZI, 1989), falan-
do sem pensar previamente; d. e, porque, a partir de um estudo piloto, a
pergunta se mostrou eficiente.
Aos sujeitos da pesquisa falei que pretendia realizar um estudo
sobre sexualidade. Expliquei a importância da entrevista ser gravada para
que fosse transcríta o mais fielmente possível. Todas as entrevistas foram
realizadas no consultório do pesquisador como fizeram GOMES, RECK e
GANZO (1988). O encontro com os sujeitos teve a duração de, apro-
ximadamente, 15 minutos.
Entrevista 11
um prazer individual, porque cada um vai sentir o seu prazer, é junto, então
interage um com o prazer do outro, então há uma troca, uma interação que
é física e que é de sentimentos também.
2. É um ato entre duas pessoas que se dão bem, e que devem ser le-
vados em consideração apenas o sexo e o prazer. Esta relação não implica
amor, paixão, cobrança, expectativas ou planos para o futuro. Na medida
em que a pessoa vai amadurecendo, dá-se conta que as expectativas e
planos para o futuro impedem o indivíduo de aproveitar a R.S. em si.
194 R.B.S.H. 7(2):1996
10. É algo que vai além do ato genital de penetração. É uma relação
que envolve contato físico, gestos, interesses, desejos, troca de idéias, sen-
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12. É uma relação com o sexo oposto, entre 2 pessoas que se co-
nhecem, que têm afinidade e se atraem. É uma relação que ocorre natural-
mente.
relação de amor (8); algo de pessoas que convivem juntas (9); vai além do
ato genital (10); expressão de carinho, amor e desejo (1 1); relação com
sexo oposto (12); todo o contato físico (13); algo que dá prazer e alívio de
tensão (14). (Os números entre parênteses se referem ao número da síntese
de onde foi retirada a frase ou segmento de frase).
gostam. É importante, vital para uma vida saúdavel, significa mais que
uma necessidade básica. Significa vida (5). É essencial, não o fator mais
importante, mas um dos mais importantes para que o relacionamento
dure (6).
não é só contato de pênis e vagina, mas de corpos, que tem pele, olhos,
ouvidos e cheiros.
As pessoas pesquisadas revelam que a medida em que vão se envol-
vendo afetivamente e fortalecendo seus vínculos, é que ocorre a R.S.
KOCH (1988) realizou um estudo com adolescentes e verificou que o vín-
culo entre eles aumentava na medida que iam tendo R.S., relando que a
R.S. pode fortalecer vínculos afetivos.
A comunicação, a troca de idéias, a boa relação afetiva e o se dar
bem são fatores relatados como importantes e fundamentais na R.S. SIL-
VEIRA (1985) pesquisando fatores que interferem na R.S. descobriu que a
comunicação inapropriada e a instabilidade afetiva são fatores que preju-
dicam a R.S. Outro dado da pesquisa de Silveira é que a R.S. facilita a
interação do casal nos demais aspectos da vida em comum, assim como o
relacionamento em outras áreas interferem na R.S. COSTA (1991) diz que
ela tem um papel realimentador no casamento. A minha pesquisa mostra
que a R.S. vem a complementar a relação de duas pessoas.
Esta pesquisa reúne pessoas de diferentes níveis de educação. Há
advogado, funcionário público, médico, empresário, zelador, psicólogo,
etc. O fato das pessoas apresentarem diferenças no tipo de educação não
interferiu no enfoque do estudo. Assim como não interferiu no enfoque da
pesquisa de SAMSON e col. (1991), embora os enfoques sejam diferentes;
o de Samson e col. é a freqüência do coito entre os casais, o meu é o con-
ceito de R.S.
MULLIGAN e PALGUTA (1991) pesquisaram o interesse, a ati-
vidade e a satisfação sexual entre homens. A maioria tinha interesse sexu-
al, preferiam sexo vaginal e satisfaziam-se. No meu estudo a maioria dos
homens como as mulheres, preferem ter R.S com pessoas que conhecem,
valorizam o afeto e o prazer na relação. Na pesquisa de DARLING,
DAVIDSON e COX (1991), que é realizada com mulheres, revela que
muitas não se satisfazem na R.S. com seus parceiros e preferem ter orgas-
mos sozinhas. Minha pesquisa não evidenciou esta questão. Apenas
aparece numa resposta de uma mulher que a R.S. só ficou boa quando con-
seguiu ver a satisfação em si e no parceiro. A pesquisa de SILVEIRA
(1985) mostra que o desempenho do parceiro interfere na R.S., e parece
que é a isso que as mulheres pesquisadas por DARLING, DAVIDSON e
COX (1991) se refererrn. Quanto ao que ocorreu com a pessoa da minha
pesquisa. é dito por ela que era em função de dúvidas e inseguranças pes-
soais. Referente a isso, COSTA (1991) diz que no início das relações se-
xuais é comum a inibição e que o exercício de dar e receber faz parte do
processo de amadurecimento pessoal.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
15. KOCH, P. B. (1988). The relationship of first intercourse to later sexual fun-
tioning concerns of adolescents. Journal of adolescent research. 3(3-4),
345-362.
16. LUNA, S. V. de (1989). O falso conflito entre tendências metodológicas. In:
FAZENDA, I. Metodologia da pesguisa educacional. São Paulo, 2ª ed., Cortez.
17. MARQUES, J. C. (1989). Abordagem fenomenológica em pesquisa os signi-
ficados das experiências e concepções. Psico. 17(1), 31-42.
18. MEIRA, I. (1986). Gagueira: do fato para o fenômeno. São Paulo, Cortez.
l9. MERLEAU-PONTY, M. (1945). Fenomenologia da percepção. Rio de Janei-
ro, Freitas Bastos, 1971.
20. MULLIGAN, T. e PALGUTA, R. F.Jr. (1991). Sexual interest, activity and sat-
isfaction among male nursing home residents. Arch sex behavior. 20(2),
199-204.
21. SAMSON. J. M. e col. (1991). Coitus frequency among married or cohabiting
heterosexual adults. Australian Journal of marriage & family. 12(2). 103-109.
22. SILVEIRA, R. M. C. da (1988). Estudo exploratório sobre o relacionamento
sexual de um grupo de mulheres: descrição a análise dos jatores que interfe-
rem. São Paulo, USP, 160 p. (dissertação de mestrado).
23. SOUSA, F. A. de (s/d). Novo dicionário latino-português. Porto. Lella &
Irmão.
24. TORRINHA, F. (1937). Dicionário latino-português. Porto, 2ª ed., Reunidas
Ida, 1942.
25. VARGAS, M. C. (1993). Manual do orgarsmo. Rio de Janeiro, 5ª ed., Civili-
zação Brasileira.
Os sentimentos das
adolescentes em relação
à imagem corporal
The feelings of adolescent girls
concerned their body image
3
Eleonor Moretti*
Ivânia M. Rovani**
RESUMO
* Enfermeira obstetra.
** Acadêmica de Enfermagem. Trabalho realizado na Universidade de Passo Fundo,
Instituto de Ciências Biológicas, Curso de Enfermagem e Obstetrícia. Apoio: CNPq.
Recebido em 07.12.95 Aprovado em 12.12.95
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SUMMARY
INTRODUÇÃO
REVISÃO LITERÁRIA
Conceito de Adolescência
Maturação Sexual
Conceito
OBJETIVOS
Gerais
Específicos
Hipóteses
METODOLOGIA
População
População estudada
Amostra
Instrumento
Cada uma das três áreas tem cinco (05) itens, cada item possui qua-
tro alternativas, formuladas de diferentes maneiras para cada item, obe-
dece, no entanto, ao mesmo princípio de gradação, desde muito freqüente
até ausência do comportamento que é analisado.
R.B.S.H. 7(2):1996 215
A área relativa ao aspecto físico é composta pelos itens 01, 02, 03,
04, e 05; os itens 01, 02, 03, e 05 tem nas duas primeiras alternativas, sen-
tido positivo; e o item 04 tem sentido positivo nas duas últimas alternati-
vas.
A área psicossocial é composta pelos itens 06, 07, 08, e 10. Os itens
06, 07, 08, e 09 têm, nas duas primeiras alternativas, sentido positivo; e o
item 10 têm sentindo positivo nas duas últimas alternativas.
A área de aspecto circunstanciais da sexualidade é composta pelos
itens 11, 12, 13, 14 e 15 têm, nas duas primeiras alternativas de sentido
positivo, e os itens 13 e 14 têm sentido positivo nas duas últimas alter-
nativas.
Escala e pontos
Validade e fidedignidade
Treinamento de entrevistadoras
Plano piloto
Procedimentos
CONCLUSÃO
- Idade;
- Grau de instrução;
- Ocupação;
- Freqüência de atividade sexual;
- Idade da menarca.
218 R.B.S.H. 7(2):1996
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
11. SÁ, P. Elementos de estatística. 2. ed. Porto Alegre, Globo, 1968. 182 p.
12. SCHOENFELD, W.A. El cuerpo y la imagem corporal en los adolescentes. In:
CAPLAN, G. (comp. El desarrollo del adolesecent. Buenos Aires, Paidós,
1968, p. 27-41.
13. SCHILDER, P. A imagem do corpo. São Paulo, Martins Fontes, 1980.
14. SCHILDER, P. Imagem y aparecia del cuerpo humano. Buenos Aires, Paidós,
1958, 301 p.
15. TAGART, M. Body image-looking beyond the Mirror. Part sing 27(7): 32-5, jul.
1977.
16. TAKIUTI, A. A adolescente está ligeiramente grávida. E agora? São Paulo,
Iglu, (s.d).
17. TAPAJÓS, L. Desencana que a vida engana. São Paulo, Globo, 1995.
18. TIBA, I. Puberdade e adolescência, desenvolvimento biopsicossocial.
Esquema corporal. 3 ed., São Paulo, Ágora, 1986.
19. VAYER, P. O equilibrio corporal: uma abordagem dinâmica dos problemas da
atitude e do comportamento Porto Alegre, Artes Médicas, 1984.
20. VITIELLO, N. O exercício da sexualidade na adolescência e aspectos biopsi-
cossociais. R.B.S.H. 1(2), 1990.
21. VITIELLO, N. et al. Adolescência hoje. São Paulo, Rocca, 1988.
220 R.B.S.H. 7(2):1996
R.B.S.H. 7(2):1996 221
222 R.B.S.H. 7(2):1996
R.B.S.H. 7(2):1996 223
224 R.B.S.H. 7(2):1996
ANEXO 2
Sr.(a) Professor(a)
ANEXO 3
Prezada adolescente!
RESUMO
INTRODUÇÃO
HISTÓRICO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CONSTANTINE, L.; MARTINSON, J. (1984). Sexualidade infantil - novos
conceitos/novas perspectivas. São Paulo, Roca.
2. FORWARD, S.; CRAIG, B. (1989). A traição da inocêncialo incesto e sua de-
vastação. Rio de Janeiro.
3. FURNISS, T. (1993). Abuso da criança. Porto Alegre, Artes Médicas.
4. LANGLEY, R.; LEVY R. (1980). Mulheres espancadas. São Paulo, Hucitec.
5. RENSHAW, D. (1984). Incesto/compreensão e tratamento, São Paulo, Roca.
6. VELHO, G.; FIGUEIRA S. (1985). Família, psicologia e sociedade. Rio de
Janeiro, Campus.