Você está na página 1de 7

c c

c
 c



Ao longo do tempo a produção de petróleo em um reservatório vai diminuindo, não só


pela redução do volume de óleo no reservatório e queda de pressão, mas também pela
mudança gradual das propriedades físico-químicas do óleo, por exemplo, viscosidade e
densidade. Esta mudança dificulta o escoamento do óleo através do reservatório até o poço e
sua produção se torna cada vez mais difícil e de alto custo. Por isto, em alguns casos, o
reservatório pode até ser considerado inviável, mesmo contendo ainda 70 % do óleo original.
A partir deste problema é que surge a necessidade do desenvolvimento de tecnologias
que permitam melhorar o escoamento e reduzir os custos de operação para assim viabilizar a
produção de óleo no reservatório.
Dentre os métodos existentes de recuperação avançada, pode-se sugerir a injeção de
tensoativos, pois os mesmos possuem características que propiciam uma atuação direta nas
propriedades interfaciais do óleo, provocando um aumento da recuperação no reservatório.

 !

Ao se injetar um fluido em um reservatório com a finalidade única de deslocar o óleo


para fora dos poros da rocha, isto é, buscando-se um comportamento puramente mecânico,
tem-se um processo classificado como método convencional de recuperação. Esse
comportamento mecânico, sem qualquer interação de natureza química ou termodinâmica
entre os fluidos ou entre os fluidos e a rocha, é o que se espera obter ao se injetar água ou ao
se submeter o reservatório a um processo não miscível de injeção de gás. Em outras palavras,
não se espera que os fluidos se misturem entre si ou interfiram na rocha-reservatório. O fluido
injetado, que também recebe o nome de fluido deslocante, deve empurrar o óleo, chamado de
fluido deslocado, para fora dos poros da rocha e ao mesmo tempo ir ocupando o espaço
deixado à medida que este vai sendo expulso. Mesmo na porção do reservatório invadida pelo
fluido deslocante (água, por exemplo), nem todo o óleo lá contido é deslocado. O óleo retido
nos poros da zona invadida pela água, denominado óleo residual, é conseqüência do efeito da
capilaridade.
 
"# !#

Pode-se dizer que um método especial de recuperação é empregado para atuar nos
pontos onde o processo convencional falhou, ou falharia caso fosse empregado.
As baixas recuperações resultantes de um processo convencional de injeção de fluidos
podem ser creditadas basicamente a dois aspectos principais: alta viscosidade do óleo do
reservatório e elevadas tensões interfaciais entre o fluido injetado e o óleo.
Quando a viscosidade do fluido injetado é muito menor que a do fluido a ser
deslocado, o primeiro se move muito mais facilmente no meio poroso, encontrando caminhos
preferenciais e se dirigindo rapidamente para os poços de produção. O óleo fica retido porque
o fluido injetado não se propaga adequadamente no reservatório, ficando grandes volumes de
rocha no qual o deslocamento não se processou.
No caso de altas tensões interfaciais, a capacidade do fluido injetado de desalojar o
óleo do reservatório para fora dos poros é bastante reduzida, deixando saturações residuais
elevadas de óleo nas regiões já contatadas pelo fluido injetado.

 # $  Ao se adicionar uma substância tensoativa à água de injeção, na


verdade está se fazendo um deslocamento miscível com água. O tensoativo, também chamado
de surfactante, tem a finalidade de reduzir as tensões interfaciais entre a água e o óleo,
ampliando a eficiência de deslocamento.

% 

Êurfactantes ou agentes tensoativos são substâncias cujas moléculas possuem regiões
estruturais hidrofílicas e hidrofóbicas, e se acumulam em superfícies de líquidos favorecendo a
expansão da mesma, diminuindo, portanto, a tensão superficial.
Quando o surfactante é muito pouco solúvel ele se concentra na superfície formando
uma monocamada orientada bidimensional, e até mesmo um filme insolúvel, caso extremo da
adsorção em superfícies líquidas. Quanto maior for a concentração superficial maior será a
tendência das moléculas na monocamada a se disporem segundo um arranjo simples.
De uma maneira geral os métodos miscíveis são pobres em relação a eficiências de
varrido. Isto acontece porque essas soluções normalmente têm viscosidades bem menores
que a do óleo, deixando a maior parte do reservatório sem ser varrida. No entanto, existem
substancias tensoativas que propiciam altas recuperações com boas eficiências de varrido.
A injeção de microemulsão, também chamada de solução micelar, é uma tentativa de
se obter um deslocamento miscível com boas eficiências de varrido. É uma mistura com a qual
se tem a preocupação com a miscibilidade e com o controle da viscosidade. Produzir tensões
interfaciais ultra-baixas é um dos mecanismos mais importantes em se tratando de
recuperação de petróleo com tensoativos. A injeção de tensoativos visa produzir o óleo
residual remanescente após a recuperação secundária com injeção de água ou de gás. Para o
deslocamento do óleo dos poros e nos capilares do reservatório de petróleo é necessário
reduzir a tensão interfacial entre o óleo e a fase aquosa a valores muito baixos. Tal tensão
interfacial muito baixa pode ser obtida com a adsorção de tensoativo na interface óleo-água
conduzindo a deslocamentos em números capilares de diversas ordens maiores do que
aquelas obtidas com influxo da água.

##

Com isso, fez-se aqui o acompanhamento de um estudo realizado no Rio Grande do Norte
[ÊELEÇÃO DE TENÊOATIVOÊ NÃO IÔNICOÊ PARA UÊO NA RECUPERAÇÃO AVANÇADA DE
PETRÓLEO], que tinha como objetivo estudar e selecionar tensoativos derivados da indústria
de petróleo, capazes de diminuir as interações interfaciais entre os fluidos, para assim
proporcionar um melhoramento do escoamento do óleo no reservatório, aumentando a
produção de petróleo.

&'? "(")

Determinar a c.m.c é de fundamental importância para quaisquer processos envolvendo


tensoativos, pois o efeito desses compostos é maior quando uma quantidade significante de
micelas encontra-se presente. Além disso, a perda por adsorção na rocha-reservatório é menor
em concentrações acima da c.m.c. As concentrações micelares críticas foram determinadas
com e sem salinidade. Os valores obtidos com a presença do sal (solução KCl 2 %) serão
utilizados para os ensaios de recuperação e adsorção. Os valores obtidos com água destilada
servirão para o cálculo da área da cabeça do tensoativo, parte polar, que será utilizada no
estudo de perdas por adsorção.

Ë? c##*# +#'

As Figuras 5.1 a 5.5 mostram os resultados de c.m.c para os tensoativos não iônicos
dos tensoativos com anel aromático e etoxilados.
A partir das Figuras 5.1 a 5.5, observa-se que o aumento do grau de etoxilação reduz o
valor da c.m.c. Percebe-se ainda que o aumento da solubilidade diminui a c.m.c destes
tensoativos. Diante disto, pode-se observar a presença de dois fenômenos: um diz respeito ao
tamanho da molécula, que sendo aumentada provoca uma maior possibilidade de interação
entre as mesmas, viabilizando uma c.m.c em concentrações mais baixas; o segundo ponto é a
presença do sal, que diminui as interações da parte etoxilada do tensoativo com a água, o que
provoca uma possível redução do tamanho aparente da molécula, diminuindo suas interações
e evidenciando num aumento da c.m.c. Pode-se ainda deduzir que a presença do sal propicia
uma variação da curvatura da molécula, acelerando o processo de formação de micelas e
conseqüentemente o aumento da c.m.c.

Ë? c##*$,'

|  
            

Para os tensoativos de cadeia linear pode-se concluir também que o aumento da
molécula diminui a c.m.c pelo mesmo fato que corre com os tensoativos com anel aromático.
No caso do efeito do sal percebe-se que, ao contrário do que ocorre com os tensoativos com
anel aromático, a presença dos íons diminui a c.m.c, que pode ser provocada pela ausência do
anel na cadeia destes tensoativos sofrendo menor influencia na curvatura da micela. Neste
caso, o sal provoca uma redução na temperatura de turbidez, como observado na Tabela 5.3.
O abaixamento da temperatura de turbidez provoca a redução da c.m.c devido à diminuição
da interação da parte etoxilada do tensoativo com o meio aquoso. ‘    
iônicos, aqueles com BHL inferior a 15, por apresentarem hidrofilicidade menor, obtiveram
valores mais altos de c.m.c. Por outro lado, os de BHL superior a 15, apresentaram valores
mais baixos de c.m.c devido sua melhor solubilidade.

'? c c$

A determinação da temperatura de turbidez se faz necessária para o estudo em questão,
uma vez que a temperatura de reservatório pode chegar a 70 ºC. Acima do ponto de turbidez
há a formação de duas fases, uma com alta concentração de tensoativo, chamada de
coacervato, e outra com baixa concentração de tensoativo, chamada diluída.
Quando a solução de tensoativo turva-se, o coacervato pode se depositar na rocha,
dificultando o escoamento. Devido a este processo de adsorção há uma redução do número de
micelas, podendo este valor ficar abaixo da c.m.c e conseqüentemente ocasionar uma perca
de eficiência na redução da tensão interfacial. A Tabela 5.3 mostra a temperatura de turbidez
dos tensoativos não iônicos assim como o Balanço Hidrófilo-Lipófilo (BHL).
De acordo com os dados exibidos na Tabela 5.3, dentre os tensoativos de cadeia linear
e etoxilados, apenas aquele com maior grau de etoxilação, T12, apresenta ponto de turbidez
acima da temperatura de reservatório.             
aumenta o ponto de turbidez dos tensoativos não iônicos. Porém, a cadeia apolar do
tensoativo também pode influenciar no ponto de turbidez.
De acordo com os resultados apresentados com os ensaios de turbidez, os tensoativos T6, T7,
T8 e T9 não são indicados para o processo de recuperação de petróleo com tensoativos, pois
apresentam baixo ponto de turbidez.

]'? c#%

As medidas de tensão interfacial entre as fases aquosa, solução tensoativa (KCl) 30 %


acima da c.m.c, e fase oleosa, querosene, foram realizadas em um Tensiômetro modelo K100C,
marca Krüss. A Tabela 5.5 mostra os dados de tensão interfacial entre as fases oleosa e aquosa
das amostras utilizadas.

Como pode ser observado na Tabela 5.5, todos os tensoativos testados apresentaram
redução na tensão interfacial entre as fases oleosa e aquosa. Além disso, percebe-se que a
tensão interfacial aumenta com o aumento da cadeia polietoxilada. Desta maneira, os
tensoativos com grau de etoxilação menores obtiveram valores mais significativos na redução
da tensão interfacial quando comparados aos tensoativos com grau deetoxilação maiores.
O fato do aumento da etoxilação aumentar a tensão interfacial se dá devido a este aumento
diminuir a afinidade do tensoativo pela fase orgânica, e este parâmetro é imprescindível na
atuação do tensoativo na redução da tensão interfacial. É esperado que tensoativos com
forças de afinidades entre óleo e água similares apresentem baixíssimas tensões interfaciais.
Pelos resultados apresentados, este equilíbrio deve ser obtido utilizando tensoativos com
menores graus de etoxilação.

"" -

Dentre os parâmetros observados neste trabalho, pode-se concluir que a etoxilação é


um fator imprescindível neste estudo, pois seu aumento proporciona baixíssimos valores de
c.m.c, garantindo economia no custo do fluido de injeção. Em contrapartida a redução da
etoxilação diminui a tensão interfacial, fato bastante interessante no processo de recuperação
avançada, pois tensões interfaciais próximas de zero garantem um rompimento quase total
das forças resistivas do escoamento do petróleo no meio poroso. Diante disto, faz-se
necessário o uso de tensoativos com graus de etoxilação intermediários no processo de
recuperação avançada de petróleo.

Você também pode gostar