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Art0005 Analise Superinteressante
Art0005 Analise Superinteressante
1. O primado de Pedro.
“Está ai em resumo, a tese do “Primado de Roma”, segundo a qual os bispos romanos são
representantes legítimos de Jesus. Mas os fatos que sustentam esse dogma nunca foram unanimidade.
Não há provas da passagem de Pedro por Roma. A Bíblia não diz nada a respeito – lendas sobre sua
viagem e martírio foram coletadas por um propagandista da Igreja, Eusébio de Casaréia”
(Superinteressante Ed. 239/2007. p,60)
“Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João; serás chamado
Kephas”. (cf. Jo 1,42)
Neste primeiro encontro de Pedro com Jesus, ele ainda não compreendeu
por que seria chamado Kephas, noutro momento, após Pedro exprimir sua fé e
revelar que Cristo é o Filho de Deus vivo (cf. Mt 16,15-16), Jesus então faz a
solene declaração: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as
portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares
na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (cf. Mt 16,18-19).
Após sua morte e ressurreição, aparecendo a Pedro, Jesus confirma-lhe a
missão de apascentar as ovelhas: “Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão,
filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe
Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-
lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe pela
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Pedagogo/UESB, 3º ano do Curso de Teologia para Leigos (Vicariato S.João) e Cursista de História da
Igreja pela Escola Mater Ecclesiae (RJ).E-mail:lmartinsj@yahoo.com.br
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“Na Bíblia, quando Deus muda o nome de alguém, é porque está dando a essa pessoa uma missão. Para
o judeu o nome da pessoa tinha algo a ver com a sua identidade e missão. Assim, por exemplo o Anjo
disse a José: "Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus [= Deus salva], porque ele salvará o
seu povo de seus pecados" (Mt 1,21). Veja que o nome dado ao Messias de Deus é Jesus, designando a
sua identidade divina e a sua missão salvífica (Deus salva = Jesus).Um exemplo marcante de mudança de
nome foi o que ocorreu com Abraão. Ele se chamava Abrão, que quer dizer "pai elevado" e Deus muda
seu nome para Abraão, que significa "pai de uma multidão", porque Deus o escolhera para a grandiosa
tarefa de pai do seu Povo.”(cf. Gen 17,18) (cf. AQUINO,Felipe. A Minha Igreja. Lorena-SP:
Cléofas,2000).
terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez:
Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as
minhas ovelhas.” (cf. Jo 21,15-17)
Os Padres da Igreja vêem nesta tríplice confirmação de Pedro como que o
apagar da tríplice negação do apóstolo, em que chorara amargamente (cf. Mt
26,69-75).
Não obstante à prova teológica haurida da sadia exegese bíblica
apresentada acima, ainda temos o testemunho das primeiras gerações cristãs,
dos quais apresentaremos alguns, à guisa de informação.
Santo Irineu de Lyão († 200) em sua obra Adversus Haereses (Contra os
Hereges) nos traz a lista dos doze primeiros Papas da Igreja, à partir de Pedro:
“Depois de ter fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados apóstolos transmitiram a Lino o cargo do
episcopado... Anacleto o sucedeu. Depois, em terceiro lugar a partir dos apóstolos, é a Clemente que cabe o
episcopado. Ele tinha visto os próprios apóstolos, estivera em relação com eles; sua pregação ressoava-lhe
aos ouvidos; sua tradição estava presente ainda aos seus olhos. Aliás ele não estava só, havia em sua época
muitos homens instruídos pelos apóstolos... A Clemente sucede Evaristo; a Evaristo, Alexandre; em
seguida... Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aníceto, Sotero...
Eleutério em 12º lugar a partir dos Apóstolos.. É nesta ordem e sucessão que a tradição dada à Igreja
desde os apóstolos, e a pregação da verdade, chegaram até nós. E está aí uma prova muito completa de que
é única e sempre a mesma, a fé vivificadora que, na Igreja desde os Apóstolos, se conservou até o dia de
hoje e foi transmitida na verdade´ (Adversus Haereses III, 2,2).
2. Pedro em Roma.
“Não há provas da passagem de Pedro por Roma” (Superinteressante Ed. 239/2007. p,60)
“Discute-se se Pedro fez uma ou duas entradas em Roma: a mais certa é a de 63-64. Eusébio e
São Jerônimo dão sua morte no ano 67, mas Eusébio a coloca na época da perseguição de Nero, não sem
incoerência” (cf. LAURENTIN, René. Pedro o primeiro Papa: traços marcantes de sua personalidade.
São Paulo: Paulinas, 2003, p.163, nota 1.)
“Na década de 1930, por exemplo, escavações financiadas pelo Vaticano encontraram um antigo
túmulo sob o altar da na Basílica de São Pedro - que, de acordo com a tradição, foi erguida sobre a
sepultura do apóstolo. Junto aos ossos os arqueólogos acharam símbolos cristãos, como peixes e cruzes. A
descoberta não convenceu todos os especialistas. “Havia cemitérios no vaticano muito antes de Cristo. O
tumulo na basílica talvez nem seja cristã – os romanos pagãos costumavam usar símbolos de todas as
religiões”, diz o historiador André Chevitarese, da UFRJ, um dos maiores especialistas brasileiros no
assunto.” (Superinteressante Ed. 239/2007. p, 60)
“Como a maioria de seus companheiros, Chevitarese também duvida que Pedro fosse um líder
absoluto.“O cristianismo antigo não tinha hierarquia rígida. Havia bispos independentes, com opiniões
diversas sobre doutrina e fé”. Essa fase “democrática” chegou ao fim em 312, quando o imperador
Constantino se converteu – e a religião perseguida passou a ser a favorita do Estado. Foi a partir daí que a
Igreja se tornou hierárquica.” (Superinteressante Ed. 239/2007. p, 60)
Diante do exposto, cai por terra a tese que a Igreja só constitui hierarquia
após 312, quando “Constantino se converteu”, o que aliás, é outra falácia, pois
Constantino só se batizou no leito de morte por volta do ano de 337. Em 313
Constantino instituiu o Edito de Milão, dando apenas liberdade de culto aos
cristãos, apenas em 380 com o Imperador Teodósio é que o cristianismo passa a
ser a “Religião oficial do Império Romano”.
5. Celibato.
“Doações feitas pelos imperadores a enriqueceram - a instituição do celibato foi feita nesta época,
para impedir que a fortuna evaporasse entre herdeiros” (Superinteressante Ed. 239/2007. p,60)
“Julgo, pois, em razão das dificuldades presentes, ser conveniente ao homem ficar assim como é.
Estás casado? Não procures desligar-te. Não estás casado? Não procures mulher. (...) Quisera ver-vos
livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor e procura agradar o Senhor. O
casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa”. (cf. I Cor 7,26-27.32-33)
“Na penumbra da sala, um homem escreve sua obra prima. Ele usa uma pena, tinta preta e folhas
de papiro ou pergaminho. Não há certeza quanto à data, algo em torno de 750. Um endereço provável é o
palácio de Latrão. O autor seria um certo Cristófurus, secretário do Papa Estêvão 2º. Certeza mesmo só
em relação à obra: é a Doação de Constantino, a fraude mais bem sucedida da história (...) O autor da
Doação de Constantino provavelmente pertencia a uma classe especial de clérigos eruditos: as equipes de
falsários que, entre os séculos 6 e 9, trabalhavam nos escritórios papais alterando e inventando
documentos para fortalecer a posição de bispos romanos” (Superinteressante Ed. 239/2007. p,60-63)
“Na época, a segurança do Estado Pontifício era mantida por tropas do Sacro Império Romano –
fundado pr Carlos Magno, filho de Pepino. Em troca da proteção, os imperadores exerciam uma pesada
influencia sobre a Igreja. Na prática o líder da cristandade era um pau – mandado. Em 1073, surgiu um
papa disposto a virar o jogo. (...) Gregório 7º tinha um temperamento tinhoso que lhe rendeu o apelido de
Santo Satanás (...) Em decreto famoso, determinou que os pontífices não só tinham o direito de legitimar
soberanos como também podiam depô-los. E declarou que o Papa não era só o líder da Igreja, mas “senhor
do mundo”. Isso enfureceu Henrique 4º, soberano do Sacro Império Romano. Sem pestanejar, Gregório o
excomungou (...) Com o implacável Gregório, o papado passou da defensiva para o ataque. Se antes
precisava de proteção, agora se impunha com ameaças de excomunhão (Superinteressante Ed. 239/2007.
p.63)
8. As Cruzadas.
“A maior prova de poder e ambição veio em 1095, quando Urbano 2º ordenou que os reis cristãos
marchassem contra o Oriente Médio para “libertar” Jerusalém, governada por muçulmanos desde o
século 7. Cerca de 25.000 peregrinos e guerreiros cristãos começaram a escrever uma das páginas mais
brutais da história: as Cruzadas” (Superinteressante Ed. 239/2007. p,63-64)
“A fé e o amor dos cristãos, na Idade Média, recorreram às armas para se exprimir concretamente...
Hoje muitos cristãos hesitariam diante de tal expressão; seriam até propensos a condena-la. Atualmente os
homens têm meios de confrontar suas divergências mediante reuniões, assembléias, concordatas; por isto
rejeitam (ao menos em teoria...) as soluções violentas (na prática, porém, não faltam as guerras também
em nossos dias, suscitadas pelos mais diversos motivos). Contudo na Idade Média as distâncias
geográficas, culturais, filosóficas constituíam barreiras quase intransponíveis, que dificultavam aos
homens a aproximação física e a superação de suas divergências; julgavam em muitos casos ter que
recorrer às armas para preservar seus valores e garantir o bem comum. Assumir as armas em tais
circunstâncias era tido como louvável; fugir delas mereceria censura” (cf.
BETTENCOURT,Estevão.Curso de História da Igreja. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae. ,p.123)
9. Inquisição.
“Em 1209, convocou uma guerra santa contra a “seita maldita”: aldeias foram queimadas
multidões chacinadas. Para aniquilar o que sobrou do catarismo, Gregório 9º, sucessor de Inocêncio, criou
em 1233 a Santa Inquisição, tribunal de clérigos com o poder de acusar, julgar e condenar os inimigos da
Igreja. Com o tempo, o Santo Ofício se espalhou por outros países e passou a perseguir e queimar não só
cátaros, mas todos que discordassem dos dogmas católicos – judeus, cientistas, gays. As sociedades cristãs
se tornaram perseguidoras e teocráticas” (Superinteressante Ed. 239/2007. p.64)
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De 1309 a 1323, em 636 processos inquisitoriais realizados em Toulouse -- principal centrou herético medieval -- só
em um deles se aplicou a tortura. Em um só. (Cfr. Rino Cammilieri , La Vera Storia dell´Inquisizione, Piemme,
Casale Monferrato, 2001, p.48 Apud FEDELI, Orlando in: Dúvidas preconceituosas sobre a Inquisição
(http://montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20050821193706&lang=bra em 05/05/2007).
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“O povo com a sua espontaneidade e a autoridade Civil, se encarregavam de os reprimir [os hereges cátaros] com
violência: não raro o poder régio da França, por iniciativa própria e a contra-gosto dos bispos, condenou a morte
pregadores albigenses, visto que solapavam os fundamentos da ordem constituída ” (cf. (cf.
BETTENCOURT,Estevão.Curso de História da Igreja. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae. p,126).
Diante do exposto, a Inquisição Medieval foi o reflexo da mentalidade do
povo medieval, na aplicação de Leis contra heresias que atacavam além da alma
das pessoas, as instituições visíveis e materiais da sociedade, assim com o
passar do tempo a Igreja foi “obrigada” a juntando-se ao poder civil (que
muitas vezes extrapolava seus direitos) combater os hereges. Notemos a
fraqueza humana de inquisitores e colaboradores atuando de forma arbitrária,
contrariando a suprema autoridade da Igreja (ajudado pela dificuldade de
comunicação da época); e a injustiça praticada por monarcas “donos” do poder
civil. Em síntese, os medievais agiram com boa fé de consciência defendendo o
valor da alma e dos bens espirituais, porém, às vezes essa boa fé foi suplantada
por interesses mesquinhos contrários às normas da Igreja.
“A carreira eclesiástica virou ímã para oportunistas interessados na fortuna da Igreja. Exemplo
máximo foi Rodrigo Borgia (ou Alexandre 6º), eleito papa em 1492 graças à pesada propina distribuída a
eleitores” (Superinteressante Ed. 239/2007. p,64)
“Foi justamente a admirável extravagância de Júlio que detonou na pior crise na história da Igreja.
Em 1505, o papa começou a construção da Basílica de São Pedro, no Vaticano, que estava em ruínas. Para
financiar as obras, autorizou todas as igrejas da Europa a vender “indulgências” – documentos que
davam obsolvição total dos pecados em troca de dinheiro. Isso enfureceu o monge alemão Martinho
Lutero, que em 1517 publicou 95 teses denunciando a corrupção da Igreja. Começava a Reforma
Protestante.” (Superinteressante Ed. 239/2007. p,64-67)
“Pensadores iluministas (...) defendiam que todos os homens nascem iguais e têm o direito de
escolher a própria religião”( Superinteressante Ed. 239/2007. p, 67)
“Mesmo após o inicio da 2ª Guerra Mundial, Pio 12, um papa eloqüente (...) jamais denunciou os
crimes nazistas” (Superinteressante Ed. 239/2007. p, 67)
Mais uma grande ofensa à verdade, é afirmar que Pio XII e a Igreja não se
posicionaram contra o nazismo. É preciso compreender a complexidade que o
mundo passava naquele momento, e o que concretamente um simples discurso
ou encíclica papal teria de efeito sobre o nazismo.
“De fato, Pio XII temia que uma intervenção pública de sua parte desencadeasse represálias
maciças contra os cristãos (...) Ninguém pode julgar Pio XII. As responsabilidades que pesavam sobre
seus ombros eram esmagadoras, e é verdade que não havia uma boa solução” (cf. SUFFERT, Georges. Tu
és Pedro: A história dos 20 séculos da Igreja fundada por Jesus Cristo, Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
p,451-52)
Por outro lado, não se pode deixar de assinalar numerosos atos de Pio XII
e da Igreja, que culminaram com a salvação de inúmeros judeus: “O escritor norte
americano Ralph Mcinerny publicou declarações de judeus que louvam e agradecem o empenho de Pio XII
e da Igreja em favor dos judeus perseguidos” (cf. BETTENCOURT, Estevão. Pergunte e Responderemos.
Rio de Janeiro. Lúmen Christi, nº 521/2005,p.509)
“Só a Igreja Católica protestou contra o assalto hitlerista à liberdade” (Albert Einstein apud
BETTENCOURT, Estevão. Pergunte e Responderemos. Rio de Janeiro. Lúmen Christi,
nº521/2006,p.509)
“Rafaele Canoti do Comitê judaico de Bem – Estar Social da Itália afirmou: “A Igreja Católica e o
papado deram prova de que salvaram tantos judeus quantos puderam” (cf. BETTENCOURT, Estevão.
Pergunte e Responderemos. Rio de Janeiro. Lúmen Christi, nº521/2006,p.511).
“Paulo 6º permitiu-se dominar pela ala conservadora e barrou a mais importante de todas
propostas: uma revisão do “primado de Roma”, a tese que sustenta a autoridade suprema dos papas (...) A
luta pela alma da Igreja Católica continua (...) As perspectivas para uma futura reforma do papado são
nebulosas “ (Superinteressante Ed. 239/2007. p,67)
“A história da Igreja não pode ser equiparada à de outra sociedade. Com efeito
sabemos que a Igreja não é apenas a soma de seus membros, mas é o Corpo de Cristo
prolongado através dos séculos (I Cor 12,12-21; Cl 1,24); é a continuação do mistério da
Encarnação, pelo qual Deus quis revelar-se e também ocultar-se mediante nossa
fragilidade, a fim de comunicar sua santidade aos homens. Conseqüentemente na
história da Igreja vamos encontrar façanhas de enorme brilho (como a evangelização dos
bárbaros, a preservação e a transmissão da cultura antiga, os gestos dos mártires, dos
missionários, dos heróis da fé) como também nos defrontamos com momentos difíceis,
como foram os séculos X e XVI(...) Nos períodos mais dolorosos de sua história, a Igreja
encontrou o vigor da renovação em seu próprio bojo (...) foram os santos que, suscitados
oportunamente por Deus, restauraram o fulgor da Santa Mão Igreja”. (cf.
BETTENCOURT,Estevão.Curso de História da Igreja. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae.
p,i).
In caritate Christi,