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Ário acreditava em Jesus Cristo como o Salvador, mas subordinava o Filho ao Pai. Enfim, negava a
divindade de Jesus Cristo, pois afirmava que ele não era igual ao Pai. Desde os tempos apostólicos a Igreja
combatia os que pregavam divindades subordinadas a Deus, derivadas das seitas agnósticas. Tudo isso era
contra o mistério da Redenção, pois a Redenção, como há tempo fundamentara o diácono Atanásio, não
teria sentido se Deus mesmo não tivesse se encarnado, se Jesus Cristo não fosse verdadeiro Deus e
verdadeiro homem.
Como ficou na história, o Concílio foi um acontecimento impressionante, um dos grandes marcos da
vida da Igreja. Acorreram Bispos da Ásia Menor, Palestina, Egito, Síria, e até Bispos de fora do Império
Romano, ou seja, de todos os lugares onde a Cristandade tinha se estabelecido com vigor, como a
longínqua Índia e a Mesopotâmia, além de delegados da África do Norte. O Papa Silvestre, Bispo de Roma
que já estava ancião e impossibilitado de comparecer pessoalmente, mandara dois presbíteros como seus
delegados. Estiveram presentes ao Concílio 320 Bispos, mais grande número de presbíteros, diáconos e
leigos. Por maioria quase absoluta (apenas dois Bispos não quiseram firmar a resolução final) foi redigido o
Credo de Nicéia que confirmava a verdade em que a Cristandade unida, à exceção dos seguidores de Ário,
sempre acreditara: Jesus Cristo, Deus Encarnado, é ponto fundamental do Cristianismo. O próprio Credo, a
seguir, estabeleceria o conteúdo da fé da Igreja.
Destaque-se que Eusébio de Cesaréia e alguns outros pensaram em resolver a questão com uma
pequena mudança de grafia na palavra essencial da definição dogmática. Em vez de declarar "homousios"
(da mesma substância - consubstancial), propunham usar "homoiusios" (de substância semelhante). Mas
este artifício fazia diferença essencial e a Igreja não vacilou.
Igualmente, o Credo de Nicéia em nada mudou a fé já confessada pelo Símbolo dos Apóstolos,
tradição da Igreja Primitiva (esse Credo que rezamos, normalmente, nas missas de cada dia). O que está
no Credo que apresentamos nesta área são apenas definições que resolveram o problema então debatido.
Nele foram omitidas aquelas verdades enunciadas pelo Símbolo dos Apóstolos. Posteriormente, no Concílio
de Constantinopla (ano de 381), foi redigido um Credo completo adicionando ao Símbolo dos Apóstolos as
definições teológicas do Credo de Nicéia. É o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, usado nas missas
oficiais e/ou cantadas em Latim.
É lamentável que o gosto pelas discussões tenha continuado perturbando a Igreja por muitos anos
após o Concílio de Nicéia. Por outro lado, é comovedor constatar - como demonstra a História - como
compareceram ao Concílio, em defesa do Deus Humanado, gerações de cristãos que tinham por Ele sofrido
perseguições, muitos deles com as marcas das violências sofridas.
Além desse grave cisma, havia entre a Igreja do Ocidente e a Igreja do Oriente uma divergência de
menos importância: a data em que cada uma celebrava a Páscoa. O assunto será resolvido também por
este Concílio, que estabelecerá 20 cânones, os quais darão seqüência ao Credo primeiramente
apresentado.
O Credo de Nicéia
(Encontrado nas atas dos Concílios Ecumênicos de Éfeso e Calcedônia; na Carta de Eusébio de
Cesaréia à sua própria igreja; na Carta de Santo Atanásio ao Imperador Joviniano; nas Histórias
Eclesiásticas de Teodoreto e Sócrates e algum outro lugar. As variações no texto são absolutamente sem
importância.)