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«Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia»


O que foi o Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia?
No ano de 324 Constantino era o único Senhor do Império Romano. A Igreja estava livre, enfim, das
perseguições. Mas foi exatamente então que começaram a surgir problemas dentro da própria Igreja. Em
Alexandria, um dos mais notáveis centros da Cristandade, explodira uma disputa teológica entre um padre
chamado Ário e seu Bispo. Diz-se até que a disputa foi derivada da mania de discussões teológicas que
existia na época... O Bispo Alexandre teria feito uma afirmação e Ário, para chamá-lo à uma discussão, a
teria contradito. Daí nasceu um grave impasse teológico pois, em seu desenvolvimento, Ário passara a
afirmar que o Logos Encarnado era inferior a Deus Pai e que se o Pai gerou o Filho, então houve uma
época em que o Filho não existia.

Ário acreditava em Jesus Cristo como o Salvador, mas subordinava o Filho ao Pai. Enfim, negava a
divindade de Jesus Cristo, pois afirmava que ele não era igual ao Pai. Desde os tempos apostólicos a Igreja
combatia os que pregavam divindades subordinadas a Deus, derivadas das seitas agnósticas. Tudo isso era
contra o mistério da Redenção, pois a Redenção, como há tempo fundamentara o diácono Atanásio, não
teria sentido se Deus mesmo não tivesse se encarnado, se Jesus Cristo não fosse verdadeiro Deus e
verdadeiro homem.

Tomando Constantino conhecimento dessa discussão herética e do perigo iminente de cisão na


Igreja, promoveu a convocação de um Concílio que se realizou na cidade de Nicéia da Bitínia, próxima de
Constantinopla, em 325.

Como ficou na história, o Concílio foi um acontecimento impressionante, um dos grandes marcos da
vida da Igreja. Acorreram Bispos da Ásia Menor, Palestina, Egito, Síria, e até Bispos de fora do Império
Romano, ou seja, de todos os lugares onde a Cristandade tinha se estabelecido com vigor, como a
longínqua Índia e a Mesopotâmia, além de delegados da África do Norte. O Papa Silvestre, Bispo de Roma
que já estava ancião e impossibilitado de comparecer pessoalmente, mandara dois presbíteros como seus
delegados. Estiveram presentes ao Concílio 320 Bispos, mais grande número de presbíteros, diáconos e
leigos. Por maioria quase absoluta (apenas dois Bispos não quiseram firmar a resolução final) foi redigido o
Credo de Nicéia que confirmava a verdade em que a Cristandade unida, à exceção dos seguidores de Ário,
sempre acreditara: Jesus Cristo, Deus Encarnado, é ponto fundamental do Cristianismo. O próprio Credo, a
seguir, estabeleceria o conteúdo da fé da Igreja.

Destaque-se que Eusébio de Cesaréia e alguns outros pensaram em resolver a questão com uma
pequena mudança de grafia na palavra essencial da definição dogmática. Em vez de declarar "homousios"
(da mesma substância - consubstancial), propunham usar "homoiusios" (de substância semelhante). Mas
este artifício fazia diferença essencial e a Igreja não vacilou.

Igualmente, o Credo de Nicéia em nada mudou a fé já confessada pelo Símbolo dos Apóstolos,
tradição da Igreja Primitiva (esse Credo que rezamos, normalmente, nas missas de cada dia). O que está
no Credo que apresentamos nesta área são apenas definições que resolveram o problema então debatido.
Nele foram omitidas aquelas verdades enunciadas pelo Símbolo dos Apóstolos. Posteriormente, no Concílio
de Constantinopla (ano de 381), foi redigido um Credo completo adicionando ao Símbolo dos Apóstolos as
definições teológicas do Credo de Nicéia. É o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, usado nas missas
oficiais e/ou cantadas em Latim.

É lamentável que o gosto pelas discussões tenha continuado perturbando a Igreja por muitos anos
após o Concílio de Nicéia. Por outro lado, é comovedor constatar - como demonstra a História - como
compareceram ao Concílio, em defesa do Deus Humanado, gerações de cristãos que tinham por Ele sofrido
perseguições, muitos deles com as marcas das violências sofridas.

- Oh Igreja Santa e Pecadora!


Em Ti nossa alegria supera, incomparavelmente, nossos lamentos,
por graça de tua Cabeça, Jesus Cristo!

Além desse grave cisma, havia entre a Igreja do Ocidente e a Igreja do Oriente uma divergência de
menos importância: a data em que cada uma celebrava a Páscoa. O assunto será resolvido também por
este Concílio, que estabelecerá 20 cânones, os quais darão seqüência ao Credo primeiramente
apresentado.

O Credo de Nicéia
(Encontrado nas atas dos Concílios Ecumênicos de Éfeso e Calcedônia; na Carta de Eusébio de
Cesaréia à sua própria igreja; na Carta de Santo Atanásio ao Imperador Joviniano; nas Histórias
Eclesiásticas de Teodoreto e Sócrates e algum outro lugar. As variações no texto são absolutamente sem
importância.)

O Sínodo de Nicéia firmou este Credo:

"Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso,


criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor Jesus Cristo,
o Filho de Deus,
unigênito do Pai,
da substância do Pai;
Deus de Deus,
Luz de Luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado, não criado,
consubstancial ao Pai;
por quem foram criadas todas as coisas que estão no céu ou na terra.
O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu (do céu),
se encarnou e se fez homem.
Padeceu e ao terceiro dia ressuscitou e subiu ao céu.
Ele virá novamente para julgar os vivos e os mortos.
E (cremos) no Espírito Santo.
E quem quer que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia,
ou que antes que fosse gerado ele não existia,
ou que ele foi criado daquilo que não existia,
ou que ele é de uma substância ou essência diferente (do Pai),
ou que ele é uma criatura,
ou sujeito à mudança ou transformação,
todos os que falem assim,
são anatematizados pela Igreja Católica e Apostólica."

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